6. Já em segundo momento, que podemos localizar a partir dos anos 1850, ganhando força principalmente nos anos 1870, os emancipacionistas aderem às soluções imigrantistas e começam a buscar no exterior o povo ideal para formar a futura nacionalidade brasileira. A força de atração destas propostas imigrantistas foi tão grande que em fins do século a antiga preocupação com destino dos ex-escravos e pobres livres foi praticamente sobrepujada pelo grande debate em torno do imigrante ideal ou do tipo racial mais adequado para purificar “a raça brasílica” e engendrar por fim uma identidade nacional. AZEVEDO, Celia Maria Marinho de. Onda Negra, Medo Branco , o negro no imaginário das elites século XIX. São Paulo: Annablume, 2004
7. Proporção de negros na população aumentou e de brancos diminuiu entre 1993 e 2007 Segundo o estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, divulgado hoje (16) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a proporção de negros cresceu de 45,1% para 49,8%, enquanto a de brancos caiu de 54,2% para 49,4%. Conforme o estudo, entre os homens, desde 2005 a população negra é maioria (51,1%), enquanto os brancos respondem por 48,1%. No caso da mulheres, ocorre o contrário. As brancas representam 50,6% da população feminina, enquanto as negras respondem por 48,5%.
8. O Ipea estima que a população negra será maior ainda em 2010. Isso vai ocorrer porque campanhas de valorização têm levado as pessoas a se auto-denominarem negras ou pardas. A taxa de fecundidade das mulheres negras também influencia.
9. PESQUISA DO IPEA APONTA QUE BRASILEIROS MAIS POBRES SÃO NEGROS O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) noticia que nos últimos dez anos, a distância social dos negros em relação aos brancos aumentou. Entre os 10% mais pobres do país, 65% são negros; entre os 10% mais ricos, 86% são brancos.
10. PARTICIPAÇÃO DO NEGRO NO MERCADO DE TRABALHO CRESCE, MAS RENDA AINDA É INFERIOR À DO BRANCO A participação dos negros no mercado de trabalho brasileiro aumentou desde a segunda metade da década de 90. No entanto, as condições de trabalho e de renda ainda continuam muito aquém das registradas pela população branca. De acordo com o Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2007-2008, elaborado pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 20,6 milhões de pessoas ingressaram no mercado de trabalho de 1995 a 2006. Desse número, apenas 7,7 milhões eram brancos. O restante, 12,6 milhões de pessoas, eram pardas e negras.
11. No entanto, ao observar o rendimento mensal real do trabalho, a desigualdade de raça e a de gênero prevalecem. O vencimento médio dos homens brancos em todo país equivalia, em 2006, a R$1.164,00, valor 53% maior do que a remuneração obtida pelas mulheres brancas, que era de R$ 744,71. O rendimento dos homens brancos era ainda 98,5% superior ao dos homens negros e pardos, que era de R$ 586,26. Era ainda 200% superior ao rendimento das mulheres negras. Os brancos correspondem a 71,7% dos empregadores. Os negros continuam ocupando os postos menos privilegiados. Entre os trabalhadores sem carteira, 55,4 são negros. Eles também são maioria no serviço doméstico: 59,1%. Na agricultura, 60,3% dos trabalhadores são negros. Na construção civil, os negros correspondem a 57,9 da mão-de-obra.
12. Existem hoje no Brasil 4,5 milhões de negros desempregados. É quase um milhão a mais do que os brancos, 3,7 milhões. Os negros ocupados correspondem a 60,4% dos que ganham até um salário mínimo e somente 21,7% dos que ganham mais de 10 salários mínimos. A população parda no Brasil é a que passa mais tempo no trabalho, em média 41 horas semanais. Na sequência, estão os negros, que trabalham em média 40,1 horas por semana. (Fonte: dados colhidos entre 1988 e 2007 pela Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios (PNAD), produzida pelo IBGE).
13. Segundo o Ipea, a carga horária média semanal dos trabalhadores brasileiros caiu 10,7%, de 44,1 para 39,4 horas. De acordo com números de 2007, os brasileiros de cor branca trabalham em média 39,7 horas semanais, enquanto os de cor amarela passam 38,5 horas por semana no trabalho. A carga horária das mulheres é 17,6% menor que a dos homens. Atualmente, mulheres trabalham 35,1 horas semanais, enquanto os homens passam em média 42,6 horas em serviço. Em 1988, as mulheres trabalhavam cerca de 39,5 horas e os homens, 47,4 horas. Negro ganhará igual ao branco só daqui a mais três décadas (IPEA – 2008).
14. Dados importantes: O grupo que mais sofre discriminação – racismo e sexismo – é o de mulheres negras. Elas demoram mais para conseguir trabalho, têm menos escolaridade e menos acesso a cuidados para a saúde, trabalham mais tempo e têm a pior remuneração. O acesso à saúde também é diferenciado. Enquanto 44,5% das mulheres negras nunca haviam realizado exame clínico de mamas em 2004, o total de brancas sem o exame era de 27%. E 20% da população negra nunca fizeram consultas odontológicas, contra 12% da população branca. O Brasil, tendo por referência os negros, ocuparia a 105ª posição no ranking de IDH entre países. Considerando só os brancos, ocuparia a 44ª.
15. Em relação à exclusão digital, 92,4% da população negra não tinham acesso a um computador em 2004, contra 76,9% da população branca. O percentual de negros que não tinha acesso à internet era de 94,7% e o de brancos, de 82,2%. (Fonte: IPEA) No maior Estado e município da Federação, São Paulo, que agrega o maior contingente de negros do país, 30% de sua população -eleitores também-, não existe sequer um negro no primeiro e segundo escalão de governo. Não há um desembargador negro entre os quase 400. Não há um procurador de Justiça, um delegado classe especial ou um coronel da Polícia Militar negro. (Fonte:Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares)
16. O Instituto Ethos informa que, nas 500 maiores empresas do país que praticam responsabilidade social, os negros representam só 3,5% dos cargos de direção -e não é diferente nas estatais e nas multinacionais. Em 1976, 5% da população branca tinham diploma de educação superior aos 30 anos. Os negros da mesma faixa etária só atingiram o mesmo percentual em 2006.
30. PRECONCEITO RACIAL NO BRASIL A cabeça do brasileiro / Alberto Carlos Almeida Pesquisa Social Brasileira Apresentação de um cartão com oito fotos de pessoas diferentes, formando uma escala de cores. Nos dois extremos, um branco e um preto, e entre eles seis fotos intermediárias
34. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Considerando-se as oito pessoas das fotos, 49% da população brasileira acreditam que os dois mais brancos são os que têm mais estudo, 42% que são os mais inteligentes e 44% que são eles que têm modos mais educados. Ser criminoso é, para a população brasileira, algo mais associado a pardos do que a pretos. Ser malandro, ter menos oportunidade e ser mais pobre são associados igualmente a pardos e pretos.
35. O preconceito pôde ser identificado na avaliação dos resultados para as profissões. Nas duas ocupações de maior prestígio os dois brancos não nordestinos foram os que apresentaram os maiores percentuais de menções. Ou seja, profissão de prestígio elevado é associada a brancos. À medida que esse prestígio diminui, pardos e pretos vão sendo mais mencionados. Outro resultado importante diz respeito ao “não-preconceito”, que pode ser depreendido das respostas “nenhum deles” e “não é possível responder olhando as fotos”. Considerando-se os quatro atributos positivos e os seis negativos , em média 4% da população afirmam que nenhuma das pessoas das fotos pode ser classificada em tais atributos e 9 % consideram que não é possível fazer tal classificação por meio das fotos.
36. A COR NÃO MUDA COM O CONTEXTO SOCIAL O tratamento dispensado a um negro muda quando muda o contexto social? Subindo alguns degraus na escala social, consegue o negro escapar ao preconceito? A percepção que se tem da cor de alguém pode variar segundo o status atribuído a sua profissão? CONCLUSÃO: o contexto não muda a forma como os brasileiros vêem a cor das pessoas. Uma pessoa será branca, independentemente de profissão, classe social, relações pessoais, ou qualquer outro elemento contextual.
37. RACISMO: É SEMPRE NOTÍCIA... HOMEM NEGRO É ESPANCADO, SUSPEITO DE ROUBAR O PRÓPRIO CARRO
40. SOLANO TRINDADE (1908 – 1974) Canta América Não o canto de mentira e falsidade que a ilusão ariana cantou para o mundo na conquista do ouro nem o canto da supremacia dos derramadores de sangue das utópicas novas ordens de napoleônicas conquistas mas o canto da liberdade dos povos e do direito do trabalhador...
41. Gravata Colorida Quando eu tiver bastante pão para meus filhos para minha amada pros meus amigos e pros meus vizinhos quando eu tiver livros para ler então eu comprarei uma gravata colorida larga bonita e darei um laço perfeito e ficarei mostrando a minha gravata colorida a todos os que gostam de gente engravatada...
42.
43. “ Não faremos lutas de raças, porém ensinaremos aos irmãos negros que não há raça superior nem inferior, e o que o faz distinguir uns dos outros é o desenvolvimento cultural. São anseios legítimos a que ninguém de boa fé poderá recusar cooperação.”
44. Estatuto da Igualdade Racial SENADO FEDERAL Senador PAULO PAIM PT/RS Dispõe sobre a instituição do Estatuto da Igualdade Racial, em defesa dos que sofrem preconceito ou discriminação em função de sua etnia, raça e/ou cor.
45.
46. Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI N o 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003. Mensagem de veto Altera a Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1 o A Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
47. "Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. § 1 o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. § 2 o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. § 3 o (VETADO)"
48. "Art. 79-A. (VETADO)" "Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’." Art. 2 o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182 o da Independência e 115 o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 10.1.2003