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TEMPO EM
CURSO


     Publicação eletrônica mensal sobre as desigualdades
           de cor ou raça e gênero no mercado de trabalho
                                   metropolitano brasileiro

                 Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011

     (Violência contra a mulher de acordo com os dados do
                              SINAN, Ministério da Saúde)

                                             ISSN 2177–3955
TEMPO EM CURSO                                1. Apresentação                                                                                                   2
Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011        2. Evolução do rendimento habitual médio do trabalho principal



Sumário
                                                                                  Na segunda parte deste número, de forma pioneira,
1. Apresentação                                                                   é apresentado um retrato das notificações de vio-
2. Evolução do rendimento habitual médio do trabalho                              lência contra mulheres segundo os grupos de cor
principal                                                                         ou raça, no somatório dos anos de 2009 e 2010. As
3. Evolução da taxa de desemprego                                                 informações foram elaboradas a partir do banco de
4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a                             dados do Sistema de Informação de Agravos de No-
partir do Sistema de Informação de Agravos de Notifi-                             tificação (SINAN) sobre “Violência doméstica, sexual
cação (SINAN, Ministério da Saúde)                                                e/ou outras violências”, disponibilizado a partir do
                                                                                  final de outubro de 2011, para consulta e tabulação,
1. Apresentação                                                                   através do programa TabNet, no seguinte endereço
                                                                                  eletrônico:
Com a presente edição o LAESER dá continuidade
à 25ª edição de seu boletim eletrônico “Tempo em                                  http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/tabnet/
Curso”. Os indicadores que formam esta publicação                                 dh?sinannet/violencia/bases/testbrnet_001.def
se baseiam nos microdados da Pesquisa Mensal de
Emprego (PME), divulgados, mensalmente, pelo Insti-                               Estes indicadores inéditos foram especialmente esco-
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seu                          lhidos para esta edição do “Tempo em Curso” devido
portal (www.ibge.gov.br), e tabulados pelo LAESER no                              ao fato que, neste ano de 2011, celebram-se os 30
banco de dados “Tempo em Curso”.                                                  anos do “Dia Internacional de Luta pela Não Violência
                                                                                  contra as Mulheres”, comemorado em 25 de novem-
O “Tempo em Curso” se dedica à análise da evolução                                bro; e os 20 anos da data dos “16 Dias de Ativismo pelo
do rendimento médio habitualmente recebido no                                     fim da Violência Contra as Mulheres”. Neste último
trabalho principal e da taxa de desemprego nas seis                               caso, estes 16 dias compreendem o intervalo de tem-
maiores Regiões Metropolitanas brasileiras. Da mais                               po transcorrido entre o dia 25 de novembro e o “Dia
ao Norte, para a mais ao Sul: Recife (PE), Salvador (BA),                         Internacional dos Direitos Humanos”, celebrado em 10
Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP)                          de dezembro.
e Porto Alegre (RS).
                                                                                  2. Evolução do rendimento habitual
A presente edição dialoga com a evolução dos indica-                              médio do trabalho principal (tabela 1)
dores de rendimento e desemprego dentro do interva-
lo de tempo compreendido entre setembro de 2010 e                                 Em setembro de 2011, o rendimento médio do traba-
setembro de 2011.                                                                 lho principal habitualmente recebido pela População



 Tabela 1. Rendimento médio habitualmente recebido pela PEA ocupada residente nas seis maiores
 RMs, Brasil, set / 10 – set / 11 (em R$ - set 11, INPC)
                                      2010                                                                 2011
                       Set        Out        Nov        Dez        Jan      Fev       Mar        Abr       Mai         Jun         Jul      Ago         Set
 Homens Brancos       2.375,61 2.362,06     2.290,96   2.321,21   2.351,16 2.351,84   2.387,46 2.305,22 2.327,45      2.316,35 2.375,31 2.375,66 2.323,92
 Mulheres
 Brancas
                      1.647,30   1.679,57   1.687,34   1.625,11 1.638,67    1.638,16 1.653,03 1.645,05     1.657,03   1.651,31   1.677,25   1.669,59 1.638,57

 Brancos             2.038,09    2.048,19 2.015,42 2.000,40 2.020,29 2.026,07         2.050,10 2.001,45    2.020,14 2.009,58 2.053,95       2.050,10 2.006,68
 Homens Pretos &
 Pardos
                      1.226,11   1.234,11 1.248,05     1.241,62 1.238,35 1.236,03 1.214,84      1.192,35   1.206,17   1.217,76   1.248,92   1.272,61 1.255,68

 Mulheres Pretas
 & Pardas
                      893,08     901,24      893,88    905,86     908,11    893,26    884,39    881,17     878,92      879,54     902,39    924,62     906,69

 Pretos & Pardos     1.078,53    1.086,35 1.091,00 1.092,40 1.092,47 1.085,27         1.067,97 1.053,93    1.061,75   1.069,58   1.096,10   1.120,93   1.102,58
 PEA Total            1.607,35   1.611,53 1.598,43 1.586,64 1.594,57        1.587,18 1.595,48   1.566,61 1.584,78 1.593,29 1.628,62         1.637,28   1.607,59
 Nota: PEA total inclui amarelos, indígenas e cor ignorada
 Fonte: IBGE, microdados PME. Tabulação LAESER (banco de dados Tempo em Curso)
TEMPO EM CURSO                           2. Evolução do rendimento habitual médio do trabalho principal                      3
Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011   3. Evolução da taxa de desemprego



Economicamente Ativa (PEA) das seis maiores RMs                         os sexos. Na comparação com agosto de 2011, ocorreu
brasileiras foi igual a R$ 1.607,59. Comparativamente a                 uma queda das assimetrias de 0,9 pontos percentuais.
agosto de 2011, aquele valor se reduziu em 1,8%. Em                     Em relação a setembro de 2010, as desigualdades de
relação a setembro de 2010, o rendimento habitual-                      cor ou raça perceberam uma queda de 7,0 pontos per-
mente recebido se manteve estável.                                      centuais.

O rendimento auferido pela PEA branca de ambos os                       Em setembro de 2011, os homens brancos obtiveram
sexos, em setembro, foi de R$ 2.006,68 em. No mesmo                     rendimentos habituais médios 85,1% superiores aos
mês, o rendimento da PEA preta & parda de ambos os                      dos homens pretos & pardos. Entre agosto e setembro
sexos foi de R$ 1.102,58.                                               de 2011, ocorreu uma diminuição das desigualdades
                                                                        de cor ou raça na ordem de 1,6 pontos percentuais.
Na comparação com o mês anterior, o rendimento da                       Em comparação com setembro do ano anterior, houve
PEA branca de ambos os sexos se reduziu em 2,1%. Já                     uma queda de 8,7 pontos percentuais.
no mesmo período, o rendimento da PEA preta & par-
da de ambos os sexos se reduziu em 1,6%.                                Em relação às mulheres, em setembro de 2011, as assi-
                                                                        metrias de rendimento entre as trabalhadoras brancas
Em relação a setembro de 2010, o rendimento da PEA                      e as trabalhadoras pretas & pardas ficaram em 80,7%.
branca de ambos os sexos se reduziu em 1,5%, en-                        Em relação a agosto de 2011, as desigualdades de cor
quanto o rendimento da PEA preta & parda de ambos                       ou raça se elevaram em 0,1 ponto percentual. Na com-
os sexos se elevou em 2,2%.                                             paração entre setembro de 2010 e de 2011, declinaram
                                                                        3,7 pontos percentuais.
Em setembro de 2011, o rendimento médio do traba-
lho principal habitualmente recebido pela PEA branca                    O rendimento médio dos trabalhadores brancos do
masculina foi igual a R$ 2.323,92. Em relação a agosto                  sexo masculino foi 156,3% maior do que o das traba-
de 2011, observou-se queda no indicador em 2,2%,                        lhadoras pretas & pardas em setembro de 2011. Já o
mesma redução observada em comparação a setem-                          rendimento médio das trabalhadoras brancas apresen-
bro do ano anterior.                                                    tou-se 30,5% superior do que o rendimento dos traba-
                                                                        lhadores pretos e pardos do sexo masculino.
O rendimento médio do trabalho principal habitualmen-
te recebido pela PEA preta & parda do sexo masculino,                   3. Evolução da taxa de desemprego
em setembro de 2011, foi de R$ 1.255,68. Este valor                     (tabela 2)
representou uma queda de 1,3% em comparação com
agosto de 2011. Já comparativamente a setembro de                       Em setembro de 2011, a taxa de desemprego da PEA
2010, o rendimento deste grupo se elevou em 2,4 %.                      residente nas seis maiores RMs foi de 6,0%, tendo
                                                                        se mantido estável em relação ao mês de agosto. Na
Em setembro de 2011, a PEA branca do sexo feminino                      comparação com setembro de 2010, ocorreu uma que-
recebia um rendimento médio habitual de R$ 1.638,57.                    da na taxa de desemprego de 0,7 ponto percentual.
Comparativamente a agosto de 2011, o indicador se
reduziu em 1,9%. Na comparação com setembro de                          Para os trabalhadores de cor ou raça branca, a taxa de
2010, o indicador se reduziu em 0,5%.                                   desemprego em setembro ficou em 5,0%. Tal percen-
                                                                        tual foi 0,1 ponto inferior ao verificado em agosto do
O rendimento médio do trabalho principal habitual-                      mesmo ano, e 0,7 ponto percentual menor que a taxa
mente recebido pela PEA preta & parda feminina, em                      de desemprego de setembro do ano anterior.
setembro de 2011, foi igual a R$ 906,69. Referencial-
mente a agosto de 2011, houve queda de 1,9%. Em                         No grupo dos trabalhadores de cor ou raça preta &
relação a setembro do ano anterior, o indicador se                      parda, a taxa de desemprego em setembro de 2011
elevou em 1,5 %.                                                        foi de 7,3%. Com isso, em relação ao mês anterior,
                                                                        ocorreu uma ligeira elevação de 0,2 ponto percentual
No mês de setembro de 2011, o rendimento médio do                       neste indicador. Comparativamente a setembro de
trabalho principal da PEA branca de ambos os sexos                      2010, houve queda de 0,8 ponto percentual no mesmo
foi 82,0% superior ao da PEA preta & parda de ambos                     indicador.
TEMPO EM CURSO                             3. Evolução da taxa de desemprego     4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise          4
Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011     a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde)



 Tabela 2. Taxa de desemprego da PEA residente nas seis maiores RMs, Brasil,
 set / 10 – set / 11 (em % da PEA)
                                           2010                                                       2011
                                Set      Out     Nov      Dez       Jan      Fev       Mar    Abr     Mai     Jun      Jul     Ago      Set
 Homens Brancos                    4,4     4,0      4,1      3,8      3,5        4,4    4,6     4,4     4,3     4,2      4,4      4,1     3,9
 Mulheres Brancas                  6,8     6,5      6,4      5,8      5,5        5,9    6,4     6,8     6,9     6,8      6,4      6,3     6,2
 Brancos                           5,6     5,2      5,2      4,7      4,4        5,1    5,4     5,5     5,5     5,4      5,3      5,1     5,0
 Homens Pretos & Pardos            6,0     5,6      5,3      4,9      4,7        5,2    5,7     5,7     5,8     5,8      5,6      5,5     5,6
 Mulheres Pretas & Pardas         10,7     9,7      9,4      9,3      8,2        9,4    9,5     9,8     9,4     9,5      9,2      9,1     9,3
 Pretos & Pardos                   8,1     7,5      7,1      6,9      6,3        7,1    7,4     7,6     7,5     7,5      7,2      7,1     7,3
 PEA Total                         6,7     6,2      6,1      5,7      5,3        6,1    6,4     6,5     6,4     6,4      6,2      6,0     6,0
 Nota: PEA total inclui amarelos, indígenas e cor ignorada
 Fonte: IBGE, microdados PME. Tabulação LAESER (banco de dados Tempo em Curso)




A taxa de desemprego dos homens brancos em se-                               As informações contidas nesta seção sobre violência
tembro de 2011 foi de 3,9%. Em relação a agosto,                             contra mulher foram elaboradas a partir do banco de
observou-se queda no indicador em 0,2 ponto percen-                          dados sobre “Violência doméstica, sexual e/ou outras
tual. Na comparação com setembro de 2010, verificou-                         violências” do Sistema de Informação de Agravos de
se uma redução de 0,5 ponto percentual.                                      Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde.

Em setembro de 2011, os trabalhadores pretos &                               Estas notificações compõem o Sistema de Vigilância
pardos do sexo masculino apresentaram taxa de de-                            Contínua de Violências e Acidentes (VIVA), que foi im-
semprego de 5,6%. Referencialmente a agosto, houve                           plantado, a partir de 2006, inicialmente em unidades
ligeira elevação de 0,1 ponto percentual. Em relação a                       de saúde Sentinela (como centros de referência para
setembro do ano anterior, ao contrário, a taxa de de-                        violência de diferentes tipos, centros de referência para
semprego dos homens pretos & pardos declinou em                              DST/AIDS, ambulatórios especializados e maternidades,
0,4 ponto percentual.                                                        etc.) e que progressivamente vieram sendo universa-
                                                                             lizados para todos os serviços de saúde do território
A taxa de desemprego das mulheres brancas, em se-                            nacional (BRASIL, 2011).
tembro de 2011, foi de 6,2%. Este indicador foi 0,1 ponto
percentual menor que a taxa do mês anterior e 0,6 ponto                      Até 2008, as notificações do VIVA eram realizadas por
percentual inferior ao verificado em setembro de 2010.                       meio de um questionário padronizado. Já a partir do
                                                                             segundo semestre de 2008, o monitoramento dos
As trabalhadoras pretas & pardas mais uma vez ex-                            casos de violências passou a ser realizado através do
perimentaram, em setembro de 2011, a maior taxa de                           Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SI-
desemprego dentre todos os grupos de cor ou raça                             NAN Net (BRASIL, 2011).
e sexo analisados: 9,3%. Tal valor representou um au-
mento de 0,2 ponto percentual na comparação com o                            Estas notificações nos serviços de saúde são de ca-
mês anterior. Contudo, quando comparado a setembro                           ráter compulsório e devem ser realizadas para todos
de 2010, observou-se queda de 1,3 ponto percentual                           os casos suspeitos ou confirmados de violência do-
no indicador.                                                                méstica, sexual e/ou outras violências, em conformi-
                                                                             dade com a legislação vigente (Estatuto da Criança
4. Violência contra a mulher no Brasil,                                      e do Adolescente – ECA, Estatuto do Idoso, Lei nº
uma análise a partir do Sistema de                                           10.778/2003, Portaria MS/GM nº 2.472/2010 e Portaria
Informação de Agravos de Notificação                                         GM/MS nº 104/2011).
(SINAN, Ministério da Saúde) (tabelas 3 e 4)
                                                                             Ou seja, além dos casos de violência doméstica, são
4.a. Considerações metodológicas sobre os da-                                de notificação obrigatória os casos de violência extra-
dos de violência doméstica, sexual e outras for-                             familiar que envolvem crianças e adolescentes, mu-
mas de violência no SINAN                                                    lheres e idosos. Por outro lado, não fazem parte desta
TEMPO EM CURSO                           4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de   5
Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011   Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde)



base de dados os atos de criminalidade e delinquência                    foram desagregados nas várias tipologias de violência:
cujas vítimas sejam adultos (20 a 59 anos) do sexo                       física, sexual, psicológica etc.
masculino.
                                                                         As tabulações ora disponibilizadas não foram prepara-
Visando um melhor entendimento dos dados que se-                         das a partir de seus microdados, mas foram obtidas a
guirão, devem ser feitas algumas ressalvas prelimina-                    partir da ferramenta TabNet, disponibilizada no portal
res de natureza metodológica acerca dos dados anali-                     do Ministério de Saúde/DATASUS.
sados na presente edição do “Tempo em Curso”.
                                                                         Não obstante os limites metodológicos apresentados
Em primeiro lugar, deve ser salientado que a base do                     acima, o SINAN tem a vantagem de constituir um ins-
SINAN contém apenas aqueles casos que chegaram                           trumento de vigilância e monitoramento de caráter
ao serviço de saúde. Como, infelizmente, nem todos os                    nacional, uniformizado e público, sobre o tema da
casos de violência daquela natureza chegam a ter aten-                   vitimização de uma importante parcela da população
dimento médico, a base de dados analisada apresenta                      residente no Brasil. Considerando as dificuldades para
apenas as informações efetivamente coletadas pelo SI-                    se obter informações desta alçada junto aos órgãos de
NAN. Com isso, inevitavelmente, os dados apresentados                    segurança pública de todo o país, de fato, mesmo com
captaram apenas parcialmente o real cenário de violência                 todas as ressalvas apontadas acima, os dados recém
contra as mulheres no Brasil. Para os interessados em                    disponibilizados pelo Ministério da Saúde cumprem
obter uma quantificação mais precisa do problema, talvez                 uma importante função no sentido de uma melhor
uma via mais adequada possa ser o acesso aos registros                   compreensão da natureza do problema da violência
das Secretarias de Defesa Social, das Secretarias de Se-                 contra a mulher e demais grupos vulneráveis (crianças,
gurança Pública, e dos Conselhos Tutelares, entre outros;                adolescentes, idosos).
aqui sem se entrar no mérito das dificuldades práticas em
se obter informações estatísticas destes órgãos.                         No que tange à variável cor ou raça, a despeito dos
                                                                         problemas já mencionados de sub-registro desta in-
Uma segunda ressalva diz respeito ao preenchimento                       formação para cerca de um de cada cinco registros
da variável cor ou raça na Ficha de notificação/inves-                   de violência contra a mulher, tal lacuna não é genera-
tigação individual de violência doméstica, sexual e/ou                   lizada. Ou seja, como poderá ser observado a seguir,
outras violências no SINAN Net. Infelizmente, dentro                     existem algumas tipologias de violências que apresen-
do período de tempo coberto, entre 2009 e 2010, um                       tam percentuais menos acentuados de sub-notificação
razoável percentual de fichas (21,4% do total de casos)                  desta variável, e que, por isso, favorecem a chegada
não disponibilizou a informação sobre a cor ou raça da                   a algumas conclusões sobre o tema, mesmo que de
vítima de violência. Desta forma, uma análise sobre a in-                forma preliminar.
cidência dos diferentes tipos de violência contra as mu-
lheres dos distintos grupos de cor ou raça deve ser lida                 4.b. Violência contra a mulher no Brasil, 2009-2010
à luz deste limite contido na base de dados utilizadas.
                                                                         Entre 2009 e 2010, no Brasil, foram registrados no SI-
Em terceiro lugar, verificar-se-á que o somatório dos                    NAN, 66.350 casos de qualquer tipo de violência contra
casos em cada categoria de violência é superior ao                       mulheres. Do total de denúncias, 27.676 tinham como
total de todos os casos notificados no SINAN. Isso se                    vítima mulheres brancas e 23.698, mulheres pretas &
deve ao fato de que cada caso investigado pode ser                       pardas. Em 14.176 denúncias registradas no SINAN não
classificado em mais de uma tipologia de violência.                      havia a declaração da cor ou raça da vítima.
Desta forma, por exemplo, um caso pode ser classi-
ficado como violência física e sexual; ou um caso de                     Em termos relativos, 41,7% do total de notificações
violência sexual pode ser classificado como assédio                      registradas provinham de mulheres brancas, enquanto
sexual e atentado violento ao pudor etc.                                 35,7% eram de mulheres pretas & pardas e 21,4% pos-
                                                                         suíam cor ou raça ignorada.
Nas tabulações realizadas, foram computados de
forma separada apenas os casos de violência autopro-                     Dentre aquele total de denúncias, 23.475 foram de
vocada. O intuito foi separar os casos de violência au-                  mulheres que já haviam sido vítimas anteriormente, ao
toinfligida dos casos de violência contra terceiros, que                 menos uma vez, de violência. Verifica-se que 11.420
TEMPO EM CURSO                           4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de   6
Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011   Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde)



delas eram brancas, 9.604 pretas & pardas e 2.146 pos-                   sido vítimas de tal forma de violência na Ficha de No-
suíam cor ou raça ignorada. Em termos relativos, 48,6%                   tificação do SINAN. Dentre elas, 676 foram feitas por
das denúncias de violência repetida foram de mulheres                    mulheres brancas, 550 por mulheres pretas & pardas,
brancas, 40,9% de mulheres pretas & pardas e 9,1% de                     e 110 por mulheres de cor ou raça ignorada. Portanto,
mulheres de cor ou raça ignorada.                                        do total de mulheres vítimas de “Violência financeira
                                                                         ou econômica”, 50,2% eram brancas, 40,8% pretas &
Segundo o “Manual Instrutivo da Ficha de Notificação/                    pardas e 8,2% possuíam cor ou raça ignorada.
Investigação Individual de Violência Doméstica, Sexual
e/ou Outras Violências”, entende-se por violência “Físi-                 O Ministério da Saúde considera como violência por
ca” atos violentos, praticados de forma intencional, ou                  “Negligência” o ato pelo qual se deixa de prover as ne-
seja, não acidental, com o objetivo expresso de ferir,                   cessidades e os cuidados da vítima, sendo o abandono
lesar ou destruir a vítima. Ou seja, a violência “Física”                a forma extrema de negligência. Os registros totais
é uma forma de violência contra as mulheres e que                        feitos por mulheres vitimadas por esta categoria de
se distingue de outras formas como, por exemplo, a                       violência somaram 5.710 casos. Destes, 2.392 eram de
psicológica ou a sexual. Desagregando as informações                     mulheres brancas e 1.912 de pretas & pardas. Já 1.361
pelo tipo de violência sofrida, nota-se que, entre 2009                  vítimas de negligência tiveram sua cor ou raça não
e 2010, foram registrados, em todo o território nacio-                   declarada. Em termos proporcionais: 41,9% das mu-
nal, 39.694 casos de violência física contra mulheres.                   lheres vítimas de negligência entre 2009 e 2010 eram
                                                                         brancas, enquanto 33,5% foram identificadas como
Destes casos, 15.886 foram registrados por mulheres                      pretas & pardas. Para esta categoria de vitimização, as
brancas, 14.047 por pretas & pardas e 9.272 por mu-                      mulheres de cor ou raça ignorada apresentaram peso
lheres de cor ou raça ignorada. Isto significa que, do                   relativo de 23,8%.
total de mulheres que registraram ter sofrido violência
física, 40,0% eram brancas e 35,4% pretas & pardas.                      A definição de violência por “Tortura” utilizada no pre-
Em 23,4% dos registros, a cor ou raça da pessoa viti-                    enchimento da Ficha de Notificação do SINAN segue a
mada não foi preenchida na ficha de notificação, o que                   formulação da Lei 9.455 da Presidência da República.
mais uma vez limita o potencial de análise que poderia                   Segundo este instrumento jurídico, tortura correspon-
ser feita acerca destas informações decompostas por                      de à ideia de submissão de alguém a intenso sofrimen-
aquela variável.                                                         to físico ou mental, através de violência ou ameaça,
                                                                         seja pela obtenção de informações ou confissões, seja
Naquele mesmo período, 20.752 mulheres fizeram                           para provocar ações criminosas, seja em função de
registro na qualidade de vítimas de violência “Psicoló-                  discriminação racial ou religiosa.
gica”. Segundo o Ministério da Saúde (2011), tal tipo de
violência é caracterizada pela rejeição, discriminação,                  Entre 2009 e 2010, foram feitos 2.063 registros de tor-
desrespeito, punições humilhantes ou cobranças exa-                      tura contra mulheres no Brasil. Destes, 828 foram rea-
geradas, sendo ações que causam danos à autoesti-                        lizados por mulheres brancas, 962 por mulheres pretas
ma, identidade ou desenvolvimento da pessoa.                             & pardas e 235 por mulheres de cor ou raça ignorada.
                                                                         Em termos relativos, 40,1% das vítimas notificadas de
De todos os registros para esse tipo de violência, 9.606                 tortura eram brancas, enquanto 46,6% pertenciam ao
foram feitos por mulheres brancas, 8.484 por mulheres                    grupo de cor ou raça preta & parda. As mulheres de
pretas & pardas e 2.434 mulheres por mulheres cuja                       cor ou raça ignorada somavam 11,4%.	
cor ou raça foi ignorada. Logo, 46,3% das mulheres que
informaram às autoridades de saúde terem sido vítimas                    Considera-se violência por “Tráfico de seres humanos”
de violência “Psicológica” pertenciam ao grupo de cor                    desde o recrutamento ao transporte, ou ainda aloja-
ou raça branca, 40,9% integravam o contingente das                       mento de pessoas, através do uso da força ou outras
pretas & pardas e 11,7% eram de cor ou raça ignorada.                    formas de coação para fins de exploração. No banco
                                                                         de dados do SINAN, entre 2009 e 2010, havia 53 notifi-
Por “Violência econômica ou financeira” entende-se                       cações por esta modalidade de violência.
aquela na qual a vítima sofre dano, perda ou retenção
de objetos, documentos, bens e valores. No Brasil,                       Daquele número total de registros, 20 foram feitas por
entre 2009 e 2010, 1.347 mulheres registraram terem                      mulheres brancas, 24 por pretas & pardas, e oito por
TEMPO EM CURSO                              4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de   7
Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011      Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde)



 Tabela 3. Notificações de violência contra mulheres de acordo com os grupos de cor ou raça da vítima
 e as tipologias de violências, Brasil, 2009-2010 (em números absolutos)
                                         Brancas                  Pretas & Pardas             Cor Ignorada                     Total
 Total de denúncias                       27.676                        23.698                    14.176                      66.350
 Violência repetida                       11.420                         9.604                     2.146                      23.475
 Violência física                         15.886                         14.047                    9.272                      39.694
 Violência psicológica                     9.606                         8.484                     2.434                      20.752
 Violência financeira/
                                            676                           550                       110                        1.347
 econômica
 Negligência                               2.392                         1.912                     1.361                       5.710
 Tortura                                    828                           962                       235                        2.063
 Tráfico de seres
                                             20                            24                        8                          53
 humanos
 Trabalho infantil                           57                            97                       40                          198
 Intervenção legal                           54                            56                       14                          124
 Lesão autoprovocada                       2.983                         2.092                     1.215                       6.382
 Violência sexual                          6.460                         7.246                     2.076                      15.994
      Assedio sexual                       1.212                         1.315                      475                        3.045
      Estupro                              3.968                         5.046                     1.220                      10.378
      Atentado violento
                                           1.658                         1.852                      606                        4.161
      ao pudor
      Pornografia infantil                  114                           168                       44                          334
      Exploração sexual                     228                           307                       47                          592
 Fonte: MS/DATASUS, TabNet, SINAN “Violência Doméstica, Sexual E/Ou Outras Violências”
 Tabulações: LAESER




mulheres de cor ou raça não declarada. Assim, 37,7%                             das mulheres que registraram terem sofrido esse tipo
do total de registros provinham de mulheres brancas,                            de violência eram brancas, 45,2% eram pretas & par-
enquanto 45,3% eram de mulheres pretas & pardas e                               das e 11,3% possuíam cor ou raça não declarada.
15,1% de cor ou raça ignorada.
                                                                                Houve ainda entre 2009 e 2010, um total de 6.382 re-
As denúncias registradas no SINAN de violência por                              gistros de mulheres que sofreram violência por “Lesão
“Trabalho infantil” de vítimas de sexo feminino soma-                           autoprovocada”. Neste caso, a própria vítima agrediu-
vam 198 casos para os anos de 2009 e 2010. Desta                                se, tentou ou conseguiu provocar suicídio. Destas
forma, naquele período, foram submetidas a tarefas re-                          mulheres, 2.303 eram pertencentes ao grupo de cor ou
muneradas ou não que impedissem de viver de forma                               raça branca, 2.092 eram pretas & pardas e 1.215 eram
plena a infância ou pré-adolescência 57 meninas bran-                           de cor ou raça ignorada. Esses números significam que
cas, 97 meninas pretas & pardas e 40 de cor ou raça                             46,7% dos registros de lesão autoprovocada provinham
não declarada. Logo, 28,8% dos registros de trabalho                            de mulheres brancas, 32,8% de mulheres pretas & par-
infantil feminino eram de meninas brancas, enquanto                             das e 19,0% de mulheres de cor ou raça ignorada.
que 49,0% eram de meninas pretas & pardas e 20,2%
de meninas de cor ou raça ignorada.                                             Dos casos totais de “Violência sexual”, havia 15.994 ca-
                                                                                sos registrados no SINAN para os anos de 2009 e 2010.
Os casos de violência por “Intervenção legal” (ou seja,                         Destes, 6.460 tiveram como vítima mulheres brancas
de uso indevido de força por parte de um agente da lei,                         e 7.246 mulheres pretas & pardas. Já 2.076 vítimas de
seja ele policial ou outros) somavam, em 2009 e 2010,                           violência sexual tinham sua cor ou raça ignorada. Logo,
124 denúncias de vítimas de sexo feminino, sendo 54                             observou-se que, entre 2009 e 2010, 40,4% das mu-
feitas por mulheres brancas e 56 por mulheres pretas                            lheres vítimas desse tipo de violência eram brancas,
& pardas. Do total de registros, 14 mulheres tiveram                            45,3% pertenciam ao grupo de cor ou raça das pretas
sua cor ou raça ignorada. Em termos relativos, 43,5%                            & pardas e 13,0% tinham cor ou raça ignorada.
TEMPO EM CURSO                               4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de      8
Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011       Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde)



 Tabela 4. Distribuição de acordo com os grupos de cor ou raça da vítima das notificações de violência
 contra mulheres por tipologia de violência, Brasil, 2009-2010 (em %)
                                                                        Brancas              Pretas & Pardas               Cor Ignorada
 Total de denúncias                                                        41,7                      35,7                        21,4
 Violência repetida                                                        48,6                      40,9                         9,1
 Violência física                                                          40,0                      35,4                        23,4
 Violência psicológica                                                     46,3                      40,9                        11,7
 Violência financeira/econômica                                            50,2                      40,8                         8,2
 Negligência                                                               41,9                      33,5                        23,8
 Tortura                                                                   40,1                      46,6                        11,4
 Tráfico de seres humanos                                                  37,7                      45,3                        15,1
 Trabalho infantil                                                         28,8                      49,0                        20,2
 Intervenção legal                                                         43,5                      45,2                        11,3
 Lesão autoprovocada                                                       46,7                      32,8                        19,0
 Violência sexual                                                          40,4                      45,3                        13,0
       Assedio sexual                                                      39,8                      43,2                        15,6
       Estupro                                                             38,2                      48,6                        11,8
       Atentado violento ao pudor                                          39,8                      44,5                        14,6
       Pornografia infantil                                                34,1                      50,3                        13,2
       Exploração sexual                                                   38,5                      51,9                         7,9
 Fonte: MS/DATASUS, TabNet, SINAN “Violência Doméstica, Sexual E/Ou Outras Violências”
 Tabulações: LAESER




                                                                               ignorada. Desta forma, de acordo com os dados do
Dentro da categoria “Violência sexual”, há ainda a                             SINAN, entre 2009 e 2010, quase metade (48,6%) das
possibilidade de distinção por tipologia de violência                          vítimas de estupro eram mulheres pretas & pardas.
sofrida, sendo estas: Assédio sexual, Estupro, Aten-                           As vítimas de sexo feminino brancas respondiam por
tado violento ao pudor, Pornografia infantil e Explo-                          38,2% do total de casos notificados e 11,8% das vítimas
ração sexual.                                                                  não tiveram sua cor ou raça declarada.

Por “Assédio sexual” entende-se a insistência, por for-                        Na base do SINAN, no período 2009-2010, foram noti-
ma de abordagem inoportuna, que visa obter algum                               ficados 4.661 casos de “Atendado violento ao pudor”.
tipo de vantagem sexual. Na base do SINAN, no perío-                           Este tipo de delito corresponde às vítimas de constran-
do 2009 e 2010, encontram-se 3.045 denúncias deste                             gimento por práticas de atos libidinosos, através de
tipo de delito.                                                                violência ou ameaça.

Do total de mulheres vítimas de “Assédio sexual”,                              Do total de registros deste tipo de violência contra
1.212 eram brancas, 1.315 eram pretas & pardas e 475                           mulheres, 1.658 haviam sido contra mulheres brancas,
tinham cor ou raça ignorada. Em termos relativos, de                           1.852 contra pretas & pardas e 606 contra mulheres
todos os casos registrados por pessoas do sexo femi-                           cuja cor ou raça era ignorada. Em termos relativos,
nino, 39,8% eram de mulheres brancas, 43,2% de mu-                             nota-se que, em 2009 e 2010, 39,8% das mulheres ví-
lheres pretas & pardas e 15,6% de mulheres de cor ou                           timas de “Atentado violento ao pudor” eram brancas,
raça não declarada.                                                            enquanto 44,5% eram pretas & pardas. Já 14,6% das
                                                                               mulheres tiveram sua cor ou raça ignorada na Ficha de
As denúncias de “Estupro” eram responsáveis por                                Notificação daquela base.
10.378 registros de violência praticada contra mu-
lheres. Dos casos totais, 3.968 foram registrados por                          Entre os casos de “Violência sexual” notificados entre
mulheres brancas, 5.046 por pretas & pardas e 1.220                            2009 e 2010, 334 corresponderam a casos de “Porno-
mulheres vítimas de estupro tiveram a cor ou raça                              grafia infantil”. Do total de casos notificados, as meni-
TEMPO EM CURSO                           4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de   9
Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011   Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde)



nas pretas & pardas vítimas de tal forma de violência                    se que em todo o país, por dia, foram gerados 54,4 re-
somavam 168 registros. Portanto, as pretas & pardas                      gistros de mulheres vítimas de violência “Física”, 28,4,
representavam mais da metade do total de (50,3%)                         por violência “Psicológica” e 7,8, por “Negligência”.
vítimas de “Pornografia infantil”. Em 114 registros as
meninas brancas foram as vítimas (34,1%), e outros 44                    Observando-se apenas os casos de “Violência sexual”,
casos de denúncias (13,2% do total) não tiveram a cor                    o número diário de mulheres que procuraram o servi-
ou raça da vítima declarada.                                             ço de saúde por terem sido lesadas por esse tipo de
                                                                         violência era de 21,9 pessoas. Cotidianamente, 14,2
Por fim, a “Exploração sexual”, que se caracteriza pela                  mulheres foram incorporadas à base de dados do SI-
utilização sexual de pessoas, objetivando lucro ou                       NAN na qualidade de vítimas de “Estupro”. Entre 2009
interesses comerciais, teve 592 casos registrados no                     e 2010, ocorreu uma média diária de 5,7 mulheres que
SINAN entre 2009 e 2010.                                                 procuraram por terem sido vítimas de “Atentado vio-
                                                                         lento ao pudor”; 4,2, por “Assédio sexual”; quase uma,
Do total de denúncias totais por “Exploração sexual”,                    por “Exploração sexual”; e uma, a cada dois dias, por
228 possuíam vítimas de sexo feminino brancas; 307                       “Pornografia infantil”.
eram mulheres pretas & pardas; e 47 mulheres de cor
ou raça ignorada. Em termos relativos, 38,5% das de-                     No que tange à composição de acordo com os grupos
núncias de exploração sexual tinham como vítimas mu-                     de cor ou raça, o já comentado expressivo percentual
lheres brancas e 51,9%, mulheres pretas & pardas. Do                     de subdeclaração desta variável nas Fichas de Notifi-
total, 7,9% das vítimas tiveram sua cor ou raça ignorada.                cação impede que se chegue a resultados conclusivos.
                                                                         Assim, por exemplo, no caso da violência “Física”, o
4.c. Considerações gerais sobre os dados ana-                            fato de que a cada quatro registros, em quase um
lisados                                                                  em não aparecia a informação sobre a cor ou raça,
                                                                         realmente tolhe uma apreciação mais efetiva sobre o
Na média dos anos de 2009 e 2010, a cada dia, prati-                     fenômeno, seja em termos do nível de intensidade que
camente 91 mulheres registraram junto às autoridades                     tal mazela incide sobre cada grupo (seja em termos ab-
de saúde terem sofrido alguma forma de violência, seja                   solutos, seja em termos relativos), seja em termos do
esta física, psicológica, sexual etc. Ou dito de outra                   peso relativo de cada contingente dentro do indicador
forma, naquele período, a cada hora, o SINAN coletou                     (ou seja, qual a proporção de mulheres brancas e pre-
registros de quase quatro mulheres vítimas de violên-                    tas & pardas no total de vítimas de “Violência física”).
cia no país.
                                                                         O mesmo tipo de ressalva poderia ser feita para os
Considerando que estas informações, na verdade,                          casos de violência por “Negligência (23,8% sem decla-
incorporam apenas os casos que chegaram até as                           ração de cor ou raça) e por “Intervenção Legal”. Neste
autoridades de saúde, pode-se mesmo entender que                         último caso, apesar dos registros sem declaração de
tais dados estão subestimados, formando quase uma                        cor ou raça ter correspondido a 11,3% dos casos (pro-
ponta do iceberg de um problema que é, muito pos-                        porcionalmente baixo), os pesos relativos das mulheres
sivelmente, ainda mais generalizado. Talvez o melhor                     brancas e pretas & pardas eram próximos (respecti-
exemplo neste sentido seja justamente os casos de                        vamente, 43,5%, e 45,2%), realmente impedindo uma
trabalho infantil, indicador para o qual existe a possi-                 análise mais nítida deste indicador.
bilidade de obter se outra fonte confiável acerca da
efetiva extensão do problema. Assim, por exemplo, a                      Contudo, apesar daqueles limites, alguns primeiros
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)                       apontamentos podem ser feitos acerca do peso dos
de 2008 revelou que o número de meninas entre dez e                      diferentes grupos de cor ou raça no interior daquele
14 anos que trabalhavam chegava a 432,3 mil pessoas,                     conjunto de indicadores sobre a violência contra as
número exponencialmente superior ao contido na base                      mulheres.
do SINAN, que, conforme visto, registrava 198 casos .
                                                                         Assim, para fins da qualidade da informação, relem-
Não obstante, mesmo considerando os limites da base                      brando o modo pelo qual os estudos acadêmicos
de dados do SINAN, quando os casos acima são de-                         vieram analisados por outras fontes do Ministério da
compostos pelos diferentes tipos de violência observa-                   Saúde como, por exemplo, o Sistema de Informação
TEMPO EM CURSO                           4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de   10
Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011   Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde)



de Mortalidade (SIM); talvez possa ser considerado                       registros por “Assédio Sexual”; 48,6%, nos “Estupros”;
como um percentual minimamente aceitável de sub-                         e 44,5%, no “Atentado violento ao pudor”. Finalmente,
notificação na ordem de no máximo 16,0% do total de                      o peso relativo das mulheres pretas & pardas era supe-
registros (aceitável, dentro de uma perspectiva de que                   rior à metade, no caso da “Pornografia infantil” (50,3%)
a fonte venha conseguir no futuro reduzir progressiva-                   e da “Exploração sexual” (51,9%).
mente esta lacuna).
                                                                         No somatório dos casos que foram registrados pelo
Por outro lado, mesmo no caso de alguns tipos de violên-                 SINAN de violência contra a mulher, entre 2009 e 2010,
cia onde a não declaração da cor ou raça assumia per-                    ocorreu uma média diária de 37,9 registros de mulhe-
centuais de algum modo elevados, o fato é que o peso                     res brancas (1,6 caso por hora), e de 32,5 registros de
relativo de um determinado grupo acabou sendo tão                        mulheres pretas & pardas (1,4 caso por hora), junto às
expressivo, que mesmo considerando as lacunas repor-                     autoridades de saúde do país.
tadas à ausência de informação da variável, ficava nítida a
desproporção de um contingente sobre os demais.                          No caso específico da violência física, aquela mesma
                                                                         média foi de 21,8 registros por dia, no caso das mulhe-
Deste modo, na base de dados sobre violência contra                      res brancas (0,9 por hora), e de 19,2, no caso das mu-
mulher do SINAN entre 2009-2010, as brancas apare-                       lheres pretas & pardas (0,8 por hora). Nos registros por
ciam com mais intensidade nas formas de violência                        “Tortura”, os casos registrados por mulheres brancas
“Psicológica” (46,3%) e “Violência financeira e econômi-                 perfizeram uma média de 1,1 caso por dia, frente a 1,3
ca” (50,2%). Este grupo aparecia com mais intensidade                    de mulheres pretas & pardas. Já na modalidade “Vio-
nos casos de repetição de violência (48,6% do total                      lência sexual”, a média diária de registros foi de quase
de registros), neste caso sugerindo, por um lado, ou                     nove casos para mulheres brancas, e de quase dez
efetiva maior probabilidade de repetição dos casos de                    notificações, para as mulheres pretas & pardas.
violência contra uma mesma pessoa quando de cor ou
raça branca; ou, por outro lado, maior probabilidade                     Este conjunto de dados pode suscitar diversas pos-
das mulheres deste contingente em acessarem o ór-                        sibilidades interpretativas, seja à luz da literatura já
gão cabível para prestar queixa por agressão por uma                     produzida sobre o tema da violência contra a mulher,
segunda ou terceira vez, seja por razões socioeconô-                     seja com o futuro aprimoramento da base de dados do
micas, seja por razões psicológicas.                                     SINAN, inclusive no que tange à qualidade da variável
                                                                         cor ou raça.
Por outro lado, no caso das mulheres pretas & pardas,
estas apareciam como a moda no caso de denúncias                         De qualquer forma, a partir das informações analisa-
de violência por “Tortura” (46,6%), “Tráfico de seres hu-                das, para além da óbvia conclusão de que a violência
manos” (45,3%), “Trabalho infantil” (49,0%) e “Violência                 contra a mulher segue sendo uma triste mazela que
sexual” (45,3%).                                                         assola o Brasil, fica a constatação de que a modalidade
                                                                         da violência “Sexual” em seu conjunto de variantes,
Naquele último caso, mesmo considerando as já insis-                     além da por “Tráfico de seres humanos” (não incomu-
tentemente comentadas lacunas por subnotificação do                      mente também vinculada ao plano da violência sexual)
registro da cor ou raça, o fato é que em todas as tipo-                  e por “Tortura”, apresentam probabilidade mais que
logias de “Violência sexual”, as mulheres pretas & par-                  proporcional, comparativamente aos demais grupos,
das formavam o grupo modal das vítimas: 43,2%, nos                       de incidência sobre as mulheres pretas & pardas.
TEMPO EM CURSO                                                                            11
Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011




Tempo em Curso

Elaboração escrita                                     Equipe LAESER / IE / UFRJ
Profº Marcelo Paixão, Irene Rossetto, Elisa Monçores
                                                       Coordenação Geral
Pesquisadora Assistente                                Profº Marcelo Paixão
Irene Rossetto Giaccherino
                                                       Pesquisadores Assistentes
Bolsista de Graduação                                  Prof° Cleber Lázaro Julião Costa
Elisa Monçores                                         Irene Rossetto Giaccherino
                                                       ProfºJosé Jairo Vieira
Revisão de texto e copy-desk                           Sandra Regina Ribeiro
Alana Barroco Vellasco Austin
                                                       Colaboradores
Editoração                                             Azoilda Loretto
Maraca Design                                          Luciano Cerqueira

Apoio                                                  Bolsistas de Graduação
Fundação Ford                                          Danielle Oliveira (PIBIC – CNPq)
                                                       Elaine Carvalho (Fundação Ford)
                                                       Elisa Monçores (Fundação Ford)
                                                       Guilherme Câmara (PIBIC – CNPq)

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  • 1. TEMPO EM CURSO Publicação eletrônica mensal sobre as desigualdades de cor ou raça e gênero no mercado de trabalho metropolitano brasileiro Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011 (Violência contra a mulher de acordo com os dados do SINAN, Ministério da Saúde) ISSN 2177–3955
  • 2. TEMPO EM CURSO 1. Apresentação 2 Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011 2. Evolução do rendimento habitual médio do trabalho principal Sumário Na segunda parte deste número, de forma pioneira, 1. Apresentação é apresentado um retrato das notificações de vio- 2. Evolução do rendimento habitual médio do trabalho lência contra mulheres segundo os grupos de cor principal ou raça, no somatório dos anos de 2009 e 2010. As 3. Evolução da taxa de desemprego informações foram elaboradas a partir do banco de 4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a dados do Sistema de Informação de Agravos de No- partir do Sistema de Informação de Agravos de Notifi- tificação (SINAN) sobre “Violência doméstica, sexual cação (SINAN, Ministério da Saúde) e/ou outras violências”, disponibilizado a partir do final de outubro de 2011, para consulta e tabulação, 1. Apresentação através do programa TabNet, no seguinte endereço eletrônico: Com a presente edição o LAESER dá continuidade à 25ª edição de seu boletim eletrônico “Tempo em http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/tabnet/ Curso”. Os indicadores que formam esta publicação dh?sinannet/violencia/bases/testbrnet_001.def se baseiam nos microdados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgados, mensalmente, pelo Insti- Estes indicadores inéditos foram especialmente esco- tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seu lhidos para esta edição do “Tempo em Curso” devido portal (www.ibge.gov.br), e tabulados pelo LAESER no ao fato que, neste ano de 2011, celebram-se os 30 banco de dados “Tempo em Curso”. anos do “Dia Internacional de Luta pela Não Violência contra as Mulheres”, comemorado em 25 de novem- O “Tempo em Curso” se dedica à análise da evolução bro; e os 20 anos da data dos “16 Dias de Ativismo pelo do rendimento médio habitualmente recebido no fim da Violência Contra as Mulheres”. Neste último trabalho principal e da taxa de desemprego nas seis caso, estes 16 dias compreendem o intervalo de tem- maiores Regiões Metropolitanas brasileiras. Da mais po transcorrido entre o dia 25 de novembro e o “Dia ao Norte, para a mais ao Sul: Recife (PE), Salvador (BA), Internacional dos Direitos Humanos”, celebrado em 10 Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) de dezembro. e Porto Alegre (RS). 2. Evolução do rendimento habitual A presente edição dialoga com a evolução dos indica- médio do trabalho principal (tabela 1) dores de rendimento e desemprego dentro do interva- lo de tempo compreendido entre setembro de 2010 e Em setembro de 2011, o rendimento médio do traba- setembro de 2011. lho principal habitualmente recebido pela População Tabela 1. Rendimento médio habitualmente recebido pela PEA ocupada residente nas seis maiores RMs, Brasil, set / 10 – set / 11 (em R$ - set 11, INPC) 2010 2011 Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Homens Brancos 2.375,61 2.362,06 2.290,96 2.321,21 2.351,16 2.351,84 2.387,46 2.305,22 2.327,45 2.316,35 2.375,31 2.375,66 2.323,92 Mulheres Brancas 1.647,30 1.679,57 1.687,34 1.625,11 1.638,67 1.638,16 1.653,03 1.645,05 1.657,03 1.651,31 1.677,25 1.669,59 1.638,57 Brancos 2.038,09 2.048,19 2.015,42 2.000,40 2.020,29 2.026,07 2.050,10 2.001,45 2.020,14 2.009,58 2.053,95 2.050,10 2.006,68 Homens Pretos & Pardos 1.226,11 1.234,11 1.248,05 1.241,62 1.238,35 1.236,03 1.214,84 1.192,35 1.206,17 1.217,76 1.248,92 1.272,61 1.255,68 Mulheres Pretas & Pardas 893,08 901,24 893,88 905,86 908,11 893,26 884,39 881,17 878,92 879,54 902,39 924,62 906,69 Pretos & Pardos 1.078,53 1.086,35 1.091,00 1.092,40 1.092,47 1.085,27 1.067,97 1.053,93 1.061,75 1.069,58 1.096,10 1.120,93 1.102,58 PEA Total 1.607,35 1.611,53 1.598,43 1.586,64 1.594,57 1.587,18 1.595,48 1.566,61 1.584,78 1.593,29 1.628,62 1.637,28 1.607,59 Nota: PEA total inclui amarelos, indígenas e cor ignorada Fonte: IBGE, microdados PME. Tabulação LAESER (banco de dados Tempo em Curso)
  • 3. TEMPO EM CURSO 2. Evolução do rendimento habitual médio do trabalho principal 3 Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011 3. Evolução da taxa de desemprego Economicamente Ativa (PEA) das seis maiores RMs os sexos. Na comparação com agosto de 2011, ocorreu brasileiras foi igual a R$ 1.607,59. Comparativamente a uma queda das assimetrias de 0,9 pontos percentuais. agosto de 2011, aquele valor se reduziu em 1,8%. Em Em relação a setembro de 2010, as desigualdades de relação a setembro de 2010, o rendimento habitual- cor ou raça perceberam uma queda de 7,0 pontos per- mente recebido se manteve estável. centuais. O rendimento auferido pela PEA branca de ambos os Em setembro de 2011, os homens brancos obtiveram sexos, em setembro, foi de R$ 2.006,68 em. No mesmo rendimentos habituais médios 85,1% superiores aos mês, o rendimento da PEA preta & parda de ambos os dos homens pretos & pardos. Entre agosto e setembro sexos foi de R$ 1.102,58. de 2011, ocorreu uma diminuição das desigualdades de cor ou raça na ordem de 1,6 pontos percentuais. Na comparação com o mês anterior, o rendimento da Em comparação com setembro do ano anterior, houve PEA branca de ambos os sexos se reduziu em 2,1%. Já uma queda de 8,7 pontos percentuais. no mesmo período, o rendimento da PEA preta & par- da de ambos os sexos se reduziu em 1,6%. Em relação às mulheres, em setembro de 2011, as assi- metrias de rendimento entre as trabalhadoras brancas Em relação a setembro de 2010, o rendimento da PEA e as trabalhadoras pretas & pardas ficaram em 80,7%. branca de ambos os sexos se reduziu em 1,5%, en- Em relação a agosto de 2011, as desigualdades de cor quanto o rendimento da PEA preta & parda de ambos ou raça se elevaram em 0,1 ponto percentual. Na com- os sexos se elevou em 2,2%. paração entre setembro de 2010 e de 2011, declinaram 3,7 pontos percentuais. Em setembro de 2011, o rendimento médio do traba- lho principal habitualmente recebido pela PEA branca O rendimento médio dos trabalhadores brancos do masculina foi igual a R$ 2.323,92. Em relação a agosto sexo masculino foi 156,3% maior do que o das traba- de 2011, observou-se queda no indicador em 2,2%, lhadoras pretas & pardas em setembro de 2011. Já o mesma redução observada em comparação a setem- rendimento médio das trabalhadoras brancas apresen- bro do ano anterior. tou-se 30,5% superior do que o rendimento dos traba- lhadores pretos e pardos do sexo masculino. O rendimento médio do trabalho principal habitualmen- te recebido pela PEA preta & parda do sexo masculino, 3. Evolução da taxa de desemprego em setembro de 2011, foi de R$ 1.255,68. Este valor (tabela 2) representou uma queda de 1,3% em comparação com agosto de 2011. Já comparativamente a setembro de Em setembro de 2011, a taxa de desemprego da PEA 2010, o rendimento deste grupo se elevou em 2,4 %. residente nas seis maiores RMs foi de 6,0%, tendo se mantido estável em relação ao mês de agosto. Na Em setembro de 2011, a PEA branca do sexo feminino comparação com setembro de 2010, ocorreu uma que- recebia um rendimento médio habitual de R$ 1.638,57. da na taxa de desemprego de 0,7 ponto percentual. Comparativamente a agosto de 2011, o indicador se reduziu em 1,9%. Na comparação com setembro de Para os trabalhadores de cor ou raça branca, a taxa de 2010, o indicador se reduziu em 0,5%. desemprego em setembro ficou em 5,0%. Tal percen- tual foi 0,1 ponto inferior ao verificado em agosto do O rendimento médio do trabalho principal habitual- mesmo ano, e 0,7 ponto percentual menor que a taxa mente recebido pela PEA preta & parda feminina, em de desemprego de setembro do ano anterior. setembro de 2011, foi igual a R$ 906,69. Referencial- mente a agosto de 2011, houve queda de 1,9%. Em No grupo dos trabalhadores de cor ou raça preta & relação a setembro do ano anterior, o indicador se parda, a taxa de desemprego em setembro de 2011 elevou em 1,5 %. foi de 7,3%. Com isso, em relação ao mês anterior, ocorreu uma ligeira elevação de 0,2 ponto percentual No mês de setembro de 2011, o rendimento médio do neste indicador. Comparativamente a setembro de trabalho principal da PEA branca de ambos os sexos 2010, houve queda de 0,8 ponto percentual no mesmo foi 82,0% superior ao da PEA preta & parda de ambos indicador.
  • 4. TEMPO EM CURSO 3. Evolução da taxa de desemprego 4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise 4 Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011 a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde) Tabela 2. Taxa de desemprego da PEA residente nas seis maiores RMs, Brasil, set / 10 – set / 11 (em % da PEA) 2010 2011 Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Homens Brancos 4,4 4,0 4,1 3,8 3,5 4,4 4,6 4,4 4,3 4,2 4,4 4,1 3,9 Mulheres Brancas 6,8 6,5 6,4 5,8 5,5 5,9 6,4 6,8 6,9 6,8 6,4 6,3 6,2 Brancos 5,6 5,2 5,2 4,7 4,4 5,1 5,4 5,5 5,5 5,4 5,3 5,1 5,0 Homens Pretos & Pardos 6,0 5,6 5,3 4,9 4,7 5,2 5,7 5,7 5,8 5,8 5,6 5,5 5,6 Mulheres Pretas & Pardas 10,7 9,7 9,4 9,3 8,2 9,4 9,5 9,8 9,4 9,5 9,2 9,1 9,3 Pretos & Pardos 8,1 7,5 7,1 6,9 6,3 7,1 7,4 7,6 7,5 7,5 7,2 7,1 7,3 PEA Total 6,7 6,2 6,1 5,7 5,3 6,1 6,4 6,5 6,4 6,4 6,2 6,0 6,0 Nota: PEA total inclui amarelos, indígenas e cor ignorada Fonte: IBGE, microdados PME. Tabulação LAESER (banco de dados Tempo em Curso) A taxa de desemprego dos homens brancos em se- As informações contidas nesta seção sobre violência tembro de 2011 foi de 3,9%. Em relação a agosto, contra mulher foram elaboradas a partir do banco de observou-se queda no indicador em 0,2 ponto percen- dados sobre “Violência doméstica, sexual e/ou outras tual. Na comparação com setembro de 2010, verificou- violências” do Sistema de Informação de Agravos de se uma redução de 0,5 ponto percentual. Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde. Em setembro de 2011, os trabalhadores pretos & Estas notificações compõem o Sistema de Vigilância pardos do sexo masculino apresentaram taxa de de- Contínua de Violências e Acidentes (VIVA), que foi im- semprego de 5,6%. Referencialmente a agosto, houve plantado, a partir de 2006, inicialmente em unidades ligeira elevação de 0,1 ponto percentual. Em relação a de saúde Sentinela (como centros de referência para setembro do ano anterior, ao contrário, a taxa de de- violência de diferentes tipos, centros de referência para semprego dos homens pretos & pardos declinou em DST/AIDS, ambulatórios especializados e maternidades, 0,4 ponto percentual. etc.) e que progressivamente vieram sendo universa- lizados para todos os serviços de saúde do território A taxa de desemprego das mulheres brancas, em se- nacional (BRASIL, 2011). tembro de 2011, foi de 6,2%. Este indicador foi 0,1 ponto percentual menor que a taxa do mês anterior e 0,6 ponto Até 2008, as notificações do VIVA eram realizadas por percentual inferior ao verificado em setembro de 2010. meio de um questionário padronizado. Já a partir do segundo semestre de 2008, o monitoramento dos As trabalhadoras pretas & pardas mais uma vez ex- casos de violências passou a ser realizado através do perimentaram, em setembro de 2011, a maior taxa de Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SI- desemprego dentre todos os grupos de cor ou raça NAN Net (BRASIL, 2011). e sexo analisados: 9,3%. Tal valor representou um au- mento de 0,2 ponto percentual na comparação com o Estas notificações nos serviços de saúde são de ca- mês anterior. Contudo, quando comparado a setembro ráter compulsório e devem ser realizadas para todos de 2010, observou-se queda de 1,3 ponto percentual os casos suspeitos ou confirmados de violência do- no indicador. méstica, sexual e/ou outras violências, em conformi- dade com a legislação vigente (Estatuto da Criança 4. Violência contra a mulher no Brasil, e do Adolescente – ECA, Estatuto do Idoso, Lei nº uma análise a partir do Sistema de 10.778/2003, Portaria MS/GM nº 2.472/2010 e Portaria Informação de Agravos de Notificação GM/MS nº 104/2011). (SINAN, Ministério da Saúde) (tabelas 3 e 4) Ou seja, além dos casos de violência doméstica, são 4.a. Considerações metodológicas sobre os da- de notificação obrigatória os casos de violência extra- dos de violência doméstica, sexual e outras for- familiar que envolvem crianças e adolescentes, mu- mas de violência no SINAN lheres e idosos. Por outro lado, não fazem parte desta
  • 5. TEMPO EM CURSO 4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de 5 Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011 Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde) base de dados os atos de criminalidade e delinquência foram desagregados nas várias tipologias de violência: cujas vítimas sejam adultos (20 a 59 anos) do sexo física, sexual, psicológica etc. masculino. As tabulações ora disponibilizadas não foram prepara- Visando um melhor entendimento dos dados que se- das a partir de seus microdados, mas foram obtidas a guirão, devem ser feitas algumas ressalvas prelimina- partir da ferramenta TabNet, disponibilizada no portal res de natureza metodológica acerca dos dados anali- do Ministério de Saúde/DATASUS. sados na presente edição do “Tempo em Curso”. Não obstante os limites metodológicos apresentados Em primeiro lugar, deve ser salientado que a base do acima, o SINAN tem a vantagem de constituir um ins- SINAN contém apenas aqueles casos que chegaram trumento de vigilância e monitoramento de caráter ao serviço de saúde. Como, infelizmente, nem todos os nacional, uniformizado e público, sobre o tema da casos de violência daquela natureza chegam a ter aten- vitimização de uma importante parcela da população dimento médico, a base de dados analisada apresenta residente no Brasil. Considerando as dificuldades para apenas as informações efetivamente coletadas pelo SI- se obter informações desta alçada junto aos órgãos de NAN. Com isso, inevitavelmente, os dados apresentados segurança pública de todo o país, de fato, mesmo com captaram apenas parcialmente o real cenário de violência todas as ressalvas apontadas acima, os dados recém contra as mulheres no Brasil. Para os interessados em disponibilizados pelo Ministério da Saúde cumprem obter uma quantificação mais precisa do problema, talvez uma importante função no sentido de uma melhor uma via mais adequada possa ser o acesso aos registros compreensão da natureza do problema da violência das Secretarias de Defesa Social, das Secretarias de Se- contra a mulher e demais grupos vulneráveis (crianças, gurança Pública, e dos Conselhos Tutelares, entre outros; adolescentes, idosos). aqui sem se entrar no mérito das dificuldades práticas em se obter informações estatísticas destes órgãos. No que tange à variável cor ou raça, a despeito dos problemas já mencionados de sub-registro desta in- Uma segunda ressalva diz respeito ao preenchimento formação para cerca de um de cada cinco registros da variável cor ou raça na Ficha de notificação/inves- de violência contra a mulher, tal lacuna não é genera- tigação individual de violência doméstica, sexual e/ou lizada. Ou seja, como poderá ser observado a seguir, outras violências no SINAN Net. Infelizmente, dentro existem algumas tipologias de violências que apresen- do período de tempo coberto, entre 2009 e 2010, um tam percentuais menos acentuados de sub-notificação razoável percentual de fichas (21,4% do total de casos) desta variável, e que, por isso, favorecem a chegada não disponibilizou a informação sobre a cor ou raça da a algumas conclusões sobre o tema, mesmo que de vítima de violência. Desta forma, uma análise sobre a in- forma preliminar. cidência dos diferentes tipos de violência contra as mu- lheres dos distintos grupos de cor ou raça deve ser lida 4.b. Violência contra a mulher no Brasil, 2009-2010 à luz deste limite contido na base de dados utilizadas. Entre 2009 e 2010, no Brasil, foram registrados no SI- Em terceiro lugar, verificar-se-á que o somatório dos NAN, 66.350 casos de qualquer tipo de violência contra casos em cada categoria de violência é superior ao mulheres. Do total de denúncias, 27.676 tinham como total de todos os casos notificados no SINAN. Isso se vítima mulheres brancas e 23.698, mulheres pretas & deve ao fato de que cada caso investigado pode ser pardas. Em 14.176 denúncias registradas no SINAN não classificado em mais de uma tipologia de violência. havia a declaração da cor ou raça da vítima. Desta forma, por exemplo, um caso pode ser classi- ficado como violência física e sexual; ou um caso de Em termos relativos, 41,7% do total de notificações violência sexual pode ser classificado como assédio registradas provinham de mulheres brancas, enquanto sexual e atentado violento ao pudor etc. 35,7% eram de mulheres pretas & pardas e 21,4% pos- suíam cor ou raça ignorada. Nas tabulações realizadas, foram computados de forma separada apenas os casos de violência autopro- Dentre aquele total de denúncias, 23.475 foram de vocada. O intuito foi separar os casos de violência au- mulheres que já haviam sido vítimas anteriormente, ao toinfligida dos casos de violência contra terceiros, que menos uma vez, de violência. Verifica-se que 11.420
  • 6. TEMPO EM CURSO 4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de 6 Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011 Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde) delas eram brancas, 9.604 pretas & pardas e 2.146 pos- sido vítimas de tal forma de violência na Ficha de No- suíam cor ou raça ignorada. Em termos relativos, 48,6% tificação do SINAN. Dentre elas, 676 foram feitas por das denúncias de violência repetida foram de mulheres mulheres brancas, 550 por mulheres pretas & pardas, brancas, 40,9% de mulheres pretas & pardas e 9,1% de e 110 por mulheres de cor ou raça ignorada. Portanto, mulheres de cor ou raça ignorada. do total de mulheres vítimas de “Violência financeira ou econômica”, 50,2% eram brancas, 40,8% pretas & Segundo o “Manual Instrutivo da Ficha de Notificação/ pardas e 8,2% possuíam cor ou raça ignorada. Investigação Individual de Violência Doméstica, Sexual e/ou Outras Violências”, entende-se por violência “Físi- O Ministério da Saúde considera como violência por ca” atos violentos, praticados de forma intencional, ou “Negligência” o ato pelo qual se deixa de prover as ne- seja, não acidental, com o objetivo expresso de ferir, cessidades e os cuidados da vítima, sendo o abandono lesar ou destruir a vítima. Ou seja, a violência “Física” a forma extrema de negligência. Os registros totais é uma forma de violência contra as mulheres e que feitos por mulheres vitimadas por esta categoria de se distingue de outras formas como, por exemplo, a violência somaram 5.710 casos. Destes, 2.392 eram de psicológica ou a sexual. Desagregando as informações mulheres brancas e 1.912 de pretas & pardas. Já 1.361 pelo tipo de violência sofrida, nota-se que, entre 2009 vítimas de negligência tiveram sua cor ou raça não e 2010, foram registrados, em todo o território nacio- declarada. Em termos proporcionais: 41,9% das mu- nal, 39.694 casos de violência física contra mulheres. lheres vítimas de negligência entre 2009 e 2010 eram brancas, enquanto 33,5% foram identificadas como Destes casos, 15.886 foram registrados por mulheres pretas & pardas. Para esta categoria de vitimização, as brancas, 14.047 por pretas & pardas e 9.272 por mu- mulheres de cor ou raça ignorada apresentaram peso lheres de cor ou raça ignorada. Isto significa que, do relativo de 23,8%. total de mulheres que registraram ter sofrido violência física, 40,0% eram brancas e 35,4% pretas & pardas. A definição de violência por “Tortura” utilizada no pre- Em 23,4% dos registros, a cor ou raça da pessoa viti- enchimento da Ficha de Notificação do SINAN segue a mada não foi preenchida na ficha de notificação, o que formulação da Lei 9.455 da Presidência da República. mais uma vez limita o potencial de análise que poderia Segundo este instrumento jurídico, tortura correspon- ser feita acerca destas informações decompostas por de à ideia de submissão de alguém a intenso sofrimen- aquela variável. to físico ou mental, através de violência ou ameaça, seja pela obtenção de informações ou confissões, seja Naquele mesmo período, 20.752 mulheres fizeram para provocar ações criminosas, seja em função de registro na qualidade de vítimas de violência “Psicoló- discriminação racial ou religiosa. gica”. Segundo o Ministério da Saúde (2011), tal tipo de violência é caracterizada pela rejeição, discriminação, Entre 2009 e 2010, foram feitos 2.063 registros de tor- desrespeito, punições humilhantes ou cobranças exa- tura contra mulheres no Brasil. Destes, 828 foram rea- geradas, sendo ações que causam danos à autoesti- lizados por mulheres brancas, 962 por mulheres pretas ma, identidade ou desenvolvimento da pessoa. & pardas e 235 por mulheres de cor ou raça ignorada. Em termos relativos, 40,1% das vítimas notificadas de De todos os registros para esse tipo de violência, 9.606 tortura eram brancas, enquanto 46,6% pertenciam ao foram feitos por mulheres brancas, 8.484 por mulheres grupo de cor ou raça preta & parda. As mulheres de pretas & pardas e 2.434 mulheres por mulheres cuja cor ou raça ignorada somavam 11,4%. cor ou raça foi ignorada. Logo, 46,3% das mulheres que informaram às autoridades de saúde terem sido vítimas Considera-se violência por “Tráfico de seres humanos” de violência “Psicológica” pertenciam ao grupo de cor desde o recrutamento ao transporte, ou ainda aloja- ou raça branca, 40,9% integravam o contingente das mento de pessoas, através do uso da força ou outras pretas & pardas e 11,7% eram de cor ou raça ignorada. formas de coação para fins de exploração. No banco de dados do SINAN, entre 2009 e 2010, havia 53 notifi- Por “Violência econômica ou financeira” entende-se cações por esta modalidade de violência. aquela na qual a vítima sofre dano, perda ou retenção de objetos, documentos, bens e valores. No Brasil, Daquele número total de registros, 20 foram feitas por entre 2009 e 2010, 1.347 mulheres registraram terem mulheres brancas, 24 por pretas & pardas, e oito por
  • 7. TEMPO EM CURSO 4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de 7 Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011 Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde) Tabela 3. Notificações de violência contra mulheres de acordo com os grupos de cor ou raça da vítima e as tipologias de violências, Brasil, 2009-2010 (em números absolutos) Brancas Pretas & Pardas Cor Ignorada Total Total de denúncias 27.676 23.698 14.176 66.350 Violência repetida 11.420 9.604 2.146 23.475 Violência física 15.886 14.047 9.272 39.694 Violência psicológica 9.606 8.484 2.434 20.752 Violência financeira/ 676 550 110 1.347 econômica Negligência 2.392 1.912 1.361 5.710 Tortura 828 962 235 2.063 Tráfico de seres 20 24 8 53 humanos Trabalho infantil 57 97 40 198 Intervenção legal 54 56 14 124 Lesão autoprovocada 2.983 2.092 1.215 6.382 Violência sexual 6.460 7.246 2.076 15.994 Assedio sexual 1.212 1.315 475 3.045 Estupro 3.968 5.046 1.220 10.378 Atentado violento 1.658 1.852 606 4.161 ao pudor Pornografia infantil 114 168 44 334 Exploração sexual 228 307 47 592 Fonte: MS/DATASUS, TabNet, SINAN “Violência Doméstica, Sexual E/Ou Outras Violências” Tabulações: LAESER mulheres de cor ou raça não declarada. Assim, 37,7% das mulheres que registraram terem sofrido esse tipo do total de registros provinham de mulheres brancas, de violência eram brancas, 45,2% eram pretas & par- enquanto 45,3% eram de mulheres pretas & pardas e das e 11,3% possuíam cor ou raça não declarada. 15,1% de cor ou raça ignorada. Houve ainda entre 2009 e 2010, um total de 6.382 re- As denúncias registradas no SINAN de violência por gistros de mulheres que sofreram violência por “Lesão “Trabalho infantil” de vítimas de sexo feminino soma- autoprovocada”. Neste caso, a própria vítima agrediu- vam 198 casos para os anos de 2009 e 2010. Desta se, tentou ou conseguiu provocar suicídio. Destas forma, naquele período, foram submetidas a tarefas re- mulheres, 2.303 eram pertencentes ao grupo de cor ou muneradas ou não que impedissem de viver de forma raça branca, 2.092 eram pretas & pardas e 1.215 eram plena a infância ou pré-adolescência 57 meninas bran- de cor ou raça ignorada. Esses números significam que cas, 97 meninas pretas & pardas e 40 de cor ou raça 46,7% dos registros de lesão autoprovocada provinham não declarada. Logo, 28,8% dos registros de trabalho de mulheres brancas, 32,8% de mulheres pretas & par- infantil feminino eram de meninas brancas, enquanto das e 19,0% de mulheres de cor ou raça ignorada. que 49,0% eram de meninas pretas & pardas e 20,2% de meninas de cor ou raça ignorada. Dos casos totais de “Violência sexual”, havia 15.994 ca- sos registrados no SINAN para os anos de 2009 e 2010. Os casos de violência por “Intervenção legal” (ou seja, Destes, 6.460 tiveram como vítima mulheres brancas de uso indevido de força por parte de um agente da lei, e 7.246 mulheres pretas & pardas. Já 2.076 vítimas de seja ele policial ou outros) somavam, em 2009 e 2010, violência sexual tinham sua cor ou raça ignorada. Logo, 124 denúncias de vítimas de sexo feminino, sendo 54 observou-se que, entre 2009 e 2010, 40,4% das mu- feitas por mulheres brancas e 56 por mulheres pretas lheres vítimas desse tipo de violência eram brancas, & pardas. Do total de registros, 14 mulheres tiveram 45,3% pertenciam ao grupo de cor ou raça das pretas sua cor ou raça ignorada. Em termos relativos, 43,5% & pardas e 13,0% tinham cor ou raça ignorada.
  • 8. TEMPO EM CURSO 4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de 8 Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011 Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde) Tabela 4. Distribuição de acordo com os grupos de cor ou raça da vítima das notificações de violência contra mulheres por tipologia de violência, Brasil, 2009-2010 (em %) Brancas Pretas & Pardas Cor Ignorada Total de denúncias 41,7 35,7 21,4 Violência repetida 48,6 40,9 9,1 Violência física 40,0 35,4 23,4 Violência psicológica 46,3 40,9 11,7 Violência financeira/econômica 50,2 40,8 8,2 Negligência 41,9 33,5 23,8 Tortura 40,1 46,6 11,4 Tráfico de seres humanos 37,7 45,3 15,1 Trabalho infantil 28,8 49,0 20,2 Intervenção legal 43,5 45,2 11,3 Lesão autoprovocada 46,7 32,8 19,0 Violência sexual 40,4 45,3 13,0 Assedio sexual 39,8 43,2 15,6 Estupro 38,2 48,6 11,8 Atentado violento ao pudor 39,8 44,5 14,6 Pornografia infantil 34,1 50,3 13,2 Exploração sexual 38,5 51,9 7,9 Fonte: MS/DATASUS, TabNet, SINAN “Violência Doméstica, Sexual E/Ou Outras Violências” Tabulações: LAESER ignorada. Desta forma, de acordo com os dados do Dentro da categoria “Violência sexual”, há ainda a SINAN, entre 2009 e 2010, quase metade (48,6%) das possibilidade de distinção por tipologia de violência vítimas de estupro eram mulheres pretas & pardas. sofrida, sendo estas: Assédio sexual, Estupro, Aten- As vítimas de sexo feminino brancas respondiam por tado violento ao pudor, Pornografia infantil e Explo- 38,2% do total de casos notificados e 11,8% das vítimas ração sexual. não tiveram sua cor ou raça declarada. Por “Assédio sexual” entende-se a insistência, por for- Na base do SINAN, no período 2009-2010, foram noti- ma de abordagem inoportuna, que visa obter algum ficados 4.661 casos de “Atendado violento ao pudor”. tipo de vantagem sexual. Na base do SINAN, no perío- Este tipo de delito corresponde às vítimas de constran- do 2009 e 2010, encontram-se 3.045 denúncias deste gimento por práticas de atos libidinosos, através de tipo de delito. violência ou ameaça. Do total de mulheres vítimas de “Assédio sexual”, Do total de registros deste tipo de violência contra 1.212 eram brancas, 1.315 eram pretas & pardas e 475 mulheres, 1.658 haviam sido contra mulheres brancas, tinham cor ou raça ignorada. Em termos relativos, de 1.852 contra pretas & pardas e 606 contra mulheres todos os casos registrados por pessoas do sexo femi- cuja cor ou raça era ignorada. Em termos relativos, nino, 39,8% eram de mulheres brancas, 43,2% de mu- nota-se que, em 2009 e 2010, 39,8% das mulheres ví- lheres pretas & pardas e 15,6% de mulheres de cor ou timas de “Atentado violento ao pudor” eram brancas, raça não declarada. enquanto 44,5% eram pretas & pardas. Já 14,6% das mulheres tiveram sua cor ou raça ignorada na Ficha de As denúncias de “Estupro” eram responsáveis por Notificação daquela base. 10.378 registros de violência praticada contra mu- lheres. Dos casos totais, 3.968 foram registrados por Entre os casos de “Violência sexual” notificados entre mulheres brancas, 5.046 por pretas & pardas e 1.220 2009 e 2010, 334 corresponderam a casos de “Porno- mulheres vítimas de estupro tiveram a cor ou raça grafia infantil”. Do total de casos notificados, as meni-
  • 9. TEMPO EM CURSO 4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de 9 Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011 Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde) nas pretas & pardas vítimas de tal forma de violência se que em todo o país, por dia, foram gerados 54,4 re- somavam 168 registros. Portanto, as pretas & pardas gistros de mulheres vítimas de violência “Física”, 28,4, representavam mais da metade do total de (50,3%) por violência “Psicológica” e 7,8, por “Negligência”. vítimas de “Pornografia infantil”. Em 114 registros as meninas brancas foram as vítimas (34,1%), e outros 44 Observando-se apenas os casos de “Violência sexual”, casos de denúncias (13,2% do total) não tiveram a cor o número diário de mulheres que procuraram o servi- ou raça da vítima declarada. ço de saúde por terem sido lesadas por esse tipo de violência era de 21,9 pessoas. Cotidianamente, 14,2 Por fim, a “Exploração sexual”, que se caracteriza pela mulheres foram incorporadas à base de dados do SI- utilização sexual de pessoas, objetivando lucro ou NAN na qualidade de vítimas de “Estupro”. Entre 2009 interesses comerciais, teve 592 casos registrados no e 2010, ocorreu uma média diária de 5,7 mulheres que SINAN entre 2009 e 2010. procuraram por terem sido vítimas de “Atentado vio- lento ao pudor”; 4,2, por “Assédio sexual”; quase uma, Do total de denúncias totais por “Exploração sexual”, por “Exploração sexual”; e uma, a cada dois dias, por 228 possuíam vítimas de sexo feminino brancas; 307 “Pornografia infantil”. eram mulheres pretas & pardas; e 47 mulheres de cor ou raça ignorada. Em termos relativos, 38,5% das de- No que tange à composição de acordo com os grupos núncias de exploração sexual tinham como vítimas mu- de cor ou raça, o já comentado expressivo percentual lheres brancas e 51,9%, mulheres pretas & pardas. Do de subdeclaração desta variável nas Fichas de Notifi- total, 7,9% das vítimas tiveram sua cor ou raça ignorada. cação impede que se chegue a resultados conclusivos. Assim, por exemplo, no caso da violência “Física”, o 4.c. Considerações gerais sobre os dados ana- fato de que a cada quatro registros, em quase um lisados em não aparecia a informação sobre a cor ou raça, realmente tolhe uma apreciação mais efetiva sobre o Na média dos anos de 2009 e 2010, a cada dia, prati- fenômeno, seja em termos do nível de intensidade que camente 91 mulheres registraram junto às autoridades tal mazela incide sobre cada grupo (seja em termos ab- de saúde terem sofrido alguma forma de violência, seja solutos, seja em termos relativos), seja em termos do esta física, psicológica, sexual etc. Ou dito de outra peso relativo de cada contingente dentro do indicador forma, naquele período, a cada hora, o SINAN coletou (ou seja, qual a proporção de mulheres brancas e pre- registros de quase quatro mulheres vítimas de violên- tas & pardas no total de vítimas de “Violência física”). cia no país. O mesmo tipo de ressalva poderia ser feita para os Considerando que estas informações, na verdade, casos de violência por “Negligência (23,8% sem decla- incorporam apenas os casos que chegaram até as ração de cor ou raça) e por “Intervenção Legal”. Neste autoridades de saúde, pode-se mesmo entender que último caso, apesar dos registros sem declaração de tais dados estão subestimados, formando quase uma cor ou raça ter correspondido a 11,3% dos casos (pro- ponta do iceberg de um problema que é, muito pos- porcionalmente baixo), os pesos relativos das mulheres sivelmente, ainda mais generalizado. Talvez o melhor brancas e pretas & pardas eram próximos (respecti- exemplo neste sentido seja justamente os casos de vamente, 43,5%, e 45,2%), realmente impedindo uma trabalho infantil, indicador para o qual existe a possi- análise mais nítida deste indicador. bilidade de obter se outra fonte confiável acerca da efetiva extensão do problema. Assim, por exemplo, a Contudo, apesar daqueles limites, alguns primeiros Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) apontamentos podem ser feitos acerca do peso dos de 2008 revelou que o número de meninas entre dez e diferentes grupos de cor ou raça no interior daquele 14 anos que trabalhavam chegava a 432,3 mil pessoas, conjunto de indicadores sobre a violência contra as número exponencialmente superior ao contido na base mulheres. do SINAN, que, conforme visto, registrava 198 casos . Assim, para fins da qualidade da informação, relem- Não obstante, mesmo considerando os limites da base brando o modo pelo qual os estudos acadêmicos de dados do SINAN, quando os casos acima são de- vieram analisados por outras fontes do Ministério da compostos pelos diferentes tipos de violência observa- Saúde como, por exemplo, o Sistema de Informação
  • 10. TEMPO EM CURSO 4. Violência contra a mulher no Brasil, uma análise a partir do Sistema de Informação de 10 Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011 Agravos de Notificação (SINAN, Ministério da Saúde) de Mortalidade (SIM); talvez possa ser considerado registros por “Assédio Sexual”; 48,6%, nos “Estupros”; como um percentual minimamente aceitável de sub- e 44,5%, no “Atentado violento ao pudor”. Finalmente, notificação na ordem de no máximo 16,0% do total de o peso relativo das mulheres pretas & pardas era supe- registros (aceitável, dentro de uma perspectiva de que rior à metade, no caso da “Pornografia infantil” (50,3%) a fonte venha conseguir no futuro reduzir progressiva- e da “Exploração sexual” (51,9%). mente esta lacuna). No somatório dos casos que foram registrados pelo Por outro lado, mesmo no caso de alguns tipos de violên- SINAN de violência contra a mulher, entre 2009 e 2010, cia onde a não declaração da cor ou raça assumia per- ocorreu uma média diária de 37,9 registros de mulhe- centuais de algum modo elevados, o fato é que o peso res brancas (1,6 caso por hora), e de 32,5 registros de relativo de um determinado grupo acabou sendo tão mulheres pretas & pardas (1,4 caso por hora), junto às expressivo, que mesmo considerando as lacunas repor- autoridades de saúde do país. tadas à ausência de informação da variável, ficava nítida a desproporção de um contingente sobre os demais. No caso específico da violência física, aquela mesma média foi de 21,8 registros por dia, no caso das mulhe- Deste modo, na base de dados sobre violência contra res brancas (0,9 por hora), e de 19,2, no caso das mu- mulher do SINAN entre 2009-2010, as brancas apare- lheres pretas & pardas (0,8 por hora). Nos registros por ciam com mais intensidade nas formas de violência “Tortura”, os casos registrados por mulheres brancas “Psicológica” (46,3%) e “Violência financeira e econômi- perfizeram uma média de 1,1 caso por dia, frente a 1,3 ca” (50,2%). Este grupo aparecia com mais intensidade de mulheres pretas & pardas. Já na modalidade “Vio- nos casos de repetição de violência (48,6% do total lência sexual”, a média diária de registros foi de quase de registros), neste caso sugerindo, por um lado, ou nove casos para mulheres brancas, e de quase dez efetiva maior probabilidade de repetição dos casos de notificações, para as mulheres pretas & pardas. violência contra uma mesma pessoa quando de cor ou raça branca; ou, por outro lado, maior probabilidade Este conjunto de dados pode suscitar diversas pos- das mulheres deste contingente em acessarem o ór- sibilidades interpretativas, seja à luz da literatura já gão cabível para prestar queixa por agressão por uma produzida sobre o tema da violência contra a mulher, segunda ou terceira vez, seja por razões socioeconô- seja com o futuro aprimoramento da base de dados do micas, seja por razões psicológicas. SINAN, inclusive no que tange à qualidade da variável cor ou raça. Por outro lado, no caso das mulheres pretas & pardas, estas apareciam como a moda no caso de denúncias De qualquer forma, a partir das informações analisa- de violência por “Tortura” (46,6%), “Tráfico de seres hu- das, para além da óbvia conclusão de que a violência manos” (45,3%), “Trabalho infantil” (49,0%) e “Violência contra a mulher segue sendo uma triste mazela que sexual” (45,3%). assola o Brasil, fica a constatação de que a modalidade da violência “Sexual” em seu conjunto de variantes, Naquele último caso, mesmo considerando as já insis- além da por “Tráfico de seres humanos” (não incomu- tentemente comentadas lacunas por subnotificação do mente também vinculada ao plano da violência sexual) registro da cor ou raça, o fato é que em todas as tipo- e por “Tortura”, apresentam probabilidade mais que logias de “Violência sexual”, as mulheres pretas & par- proporcional, comparativamente aos demais grupos, das formavam o grupo modal das vítimas: 43,2%, nos de incidência sobre as mulheres pretas & pardas.
  • 11. TEMPO EM CURSO 11 Ano III; Vol. 3; nº 11, Novembro, 2011 Tempo em Curso Elaboração escrita Equipe LAESER / IE / UFRJ Profº Marcelo Paixão, Irene Rossetto, Elisa Monçores Coordenação Geral Pesquisadora Assistente Profº Marcelo Paixão Irene Rossetto Giaccherino Pesquisadores Assistentes Bolsista de Graduação Prof° Cleber Lázaro Julião Costa Elisa Monçores Irene Rossetto Giaccherino ProfºJosé Jairo Vieira Revisão de texto e copy-desk Sandra Regina Ribeiro Alana Barroco Vellasco Austin Colaboradores Editoração Azoilda Loretto Maraca Design Luciano Cerqueira Apoio Bolsistas de Graduação Fundação Ford Danielle Oliveira (PIBIC – CNPq) Elaine Carvalho (Fundação Ford) Elisa Monçores (Fundação Ford) Guilherme Câmara (PIBIC – CNPq)