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TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. QUARTA-
FEIRA
78. VIRTUDES DA CONVIVÊNCIA
– O Senhor cultivou as virtudes normais da convivência.
– Gratidão. Amizade. Respeito mútuo.
– Amabilidade. Otimismo e alegria.
I. O EVANGELHO DA MISSA de hoje1 mostra a decepção de Jesus
com uns leprosos que, curados por Ele, não voltaram para agradecer-
lhe. Dos dez leprosos curados pela misericórdia de Jesus, apenas
regressou um samaritano. Não se encontrou quem voltasse e desse
glória a Deus a não ser este estrangeiro? Nota-se um certo
desencanto nas palavras do Senhor. O mínimo que esses homens
poderiam ter feito era agradecer um dom tão grande.
Jesus comove-se perante o reconhecimento das pessoas e dói-se
do egoísta que só sabe receber. A gratidão é sinal de nobreza e
constitui um dos pilares da convivência humana, pois são inumeráveis
os benefícios que recebemos e também os que proporcionamos aos
outros. São Beda diz que foi precisamente a gratidão que salvou o
samaritano2.
Jesus não foi indiferente aos pormenores de educação que se têm
entre os homens e que expressam a qualidade e a delicadeza interior
das pessoas. Assim o manifestou diante de Simão, o fariseu, que não
teve com Ele as atenções exigidas habitualmente pela hospitalidade.
Com a sua vida e com a sua pregação, revelou apreço pela amizade,
pela amabilidade, pela temperança, pelo amor à verdade, pela
compreensão, pela lealdade, pela laboriosidade... São numerosos os
exemplos e parábolas que refletem o grande valor que o Senhor deu a
essas virtudes. E forma os Apóstolos não só nas virtudes da fé e da
caridade, mas também na sinceridade e na nobreza3, na ponderação
do juízo4, etc. Considera tão importantes essas virtudes humanas que
chegará a dizer-lhes: Se vos tenho falado das coisas terrenas e não
me acreditais, como acreditareis se vos falar das
celestes?5 Cristo,perfeito Deus e perfeito homem6, dá-nos exemplo
desse conjunto de qualidades bem entrelaçadas que qualquer homem
deve viver nas suas relações com Deus, com os seus semelhantes e
consigo próprio. DEle pôde-se proclamar: Bene omnia fecit7, fez bem
todas as coisas; não somente os milagres por meio dos quais
manifestou a sua onipotência divina, mas também as ações que
compõem a vida corrente. O mesmo se deveria poder afirmar de cada
um de nós, que queremos segui-lo no meio do mundo.
II. SÃO PAULO, numa das leituras da Missa8, exorta-nos também a
viver as virtudes humanas: Recorda-lhes – escreve a Tito – [...] que
estejam prontos para toda a boa obra; que não falem mal de ninguém
nem sejam questionadores; que sejam afáveis e mostrem uma perfeita
mansidão para com todos os homens.
Estas virtudes tornam mais grata e fácil a vida cotidiana: família,
trabalho, relacionamento...; preparam a alma para estar mais perto de
Deus e para viver as virtudes sobrenaturais. O cristão sabe converter
os múltiplos pormenores desses hábitos humanos em outros tantos
atos da virtude da caridade, ao praticá-los também por amor a Deus. A
caridade transforma essas virtudes em hábitos firmes, situando-as
num horizonte mais elevado.
Dentre as virtudes humanas relacionadas com a convivência diária,
destaca-se a própria gratidão, que é a lembrança afetuosa de um
benefício recebido, com o desejo de retribuí-lo de alguma maneira.
Haverá ocasiões em que somente poderemos dizer obrigado ou coisa
parecida. Mas isso basta, se soubermos pôr nessa única palavra todo
o nosso sentimento e alegria.
São Tomás afirma que “a própria ordem natural requer que quem
recebeu um favor responda com gratidão a quem o beneficiou”9. Custa
muito pouco ser agradecido, e o bem que se faz é enorme: cria-se um
ambiente novo, umas relações cordiais. E à medida que aumentamos
a nossa capacidade de apreciar os favores e pequenos serviços que
recebemos, sentimos a necessidade de ser habitualmente
agradecidos: pela casa que está em ordem e limpa, por alguém ter
fechado as janelas para que não entre a chuva, o calor ou o frio, pela
roupa que está limpa e bem passada... E se vez por outra alguma
coisa não está como esperávamos, saberemos desculpar, porque são
muitos mais os aspectos que realmente funcionam bem. Não daremos
importância a esses incidentes, e, se estiver ao nosso alcance,
procuraremos suprir o esquecimento ou o pequeno desleixo sem que
ninguém nos veja, sem querer dar uma lição: ordenar o que está fora
de lugar, fechar ou abrir o que devia estar fechado ou aberto...
E agradeceremos os serviços que contratamos ou que nos são
devidos: teremos uma palavra gentil para o subordinado que nos
atende amavelmente, para o motorista de ônibus que espera uns
instantes para que possamos alcançá-lo...
Entre as virtudes da convivência que devemos ampliar
constantemente, encontra-se a nossa capacidade de amizade. Como
seria formidável se pudéssemos chamar amigos a todas as pessoas
com quem trabalhamos ou estudamos, com quem nos relacionamos,
com quem convivemos diariamente! Amigos, e não só conhecidos,
vizinhos, colegas ou companheiros... Isto implica o desenvolvimento,
por amor a Deus e por amor aos homens, de uma série de qualidades
humanas que fomentam e tornam possível a amizade: a
compreensão, o espírito de colaboração, o otimismo, a lealdade...
Amizade também dentro da própria família: entre os irmãos, com os
filhos, com os pais. A amizade, quando é verdadeira, supera bem as
diferenças de idade. E é condição, às vezes imprescindível, para a
eficácia do apostolado.
Conta-se de Alexandre Magno que, estando para morrer, os seus
mais próximos repetiam-lhe com insistência: “Alexandre, onde estão
os teus tesouros?” “Os meus tesouros?”, perguntava Alexandre. E
respondia: “No bolso dos meus amigos”. No fim da nossa vida, os
nossos amigos deveriam poder dizer que partilhamos com eles
sempre o melhor que tivemos.
III. OUTRA VIRTUDE que facilita ou torna possível a convivência é
aamabilidade, virtude oposta ao gesto destemperado, ao mau humor,
ao nervosismo e à precipitação..., que levam a atropelar os que nos
rodeiam. Às vezes, traduz-se simplesmente numa palavra afetuosa,
num pequeno elogio, num gesto animador que transmite confiança.
“Uma palavra boa diz-se rapidamente; no entanto, às vezes torna-se
difícil pronunciá-la. O cansaço detém-nos, as preocupações distraem-
nos, um sentimento de frieza ou indiferença egoísta refreia-nos. E
dessa forma passamos ao lado de pessoas para as quais, mesmo
conhecendo-as, mal olhamos, e não percebemos quanto vêm
sofrendo freqüentemente por essa sutil e esgotadora pena que
provém de se sentirem ignoradas. Bastaria uma palavra cordial, um
gesto afetuoso, para que algo brotasse nelas imediatamente: um sinal
de atenção e de cortesia pode ser uma rajada de ar fresco numa
existência fechada, oprimida pela tristeza e pelo desalento. A
saudação de Maria cumulou de alegria o coração de sua prima anciã,
Isabel (cfr. Lc 1, 44)”10. Assim devemos cumular de otimismo aqueles
que convivem conosco.
Fazem parte da amabilidade: a benignidade, que nos leva a tratar e
julgar os outros e as suas atuações de forma benigna;
a indulgênciaperante os pequenos defeitos e erros dos outros, sem
nos sentirmos na obrigação de os corrigir continuamente; a educação
e urbanidade nas palavras e modos; a simpatia, a cordialidade,
o elogio oportuno, que está longe de qualquer adulação... “O espírito
de doçura é o verdadeiro espírito de Deus [...]. Podemos admoestar,
sempre que o façamos com doçura. É preciso sentir indignação contra
o mal e estar decidido a não transigir com ele; no entanto, é preciso
conviver docemente com o próximo”11.
Um homem que viajava por estradas intermináveis parou o seu
caminhão num bar freqüentado por outros caminhoneiros. Enquanto
esperava que lhe servissem a refeição para continuar o seu caminho,
um rapaz do bar trabalhava afanosamente diante dele, curvado, do
outro lado do balcão. “Muito trabalho?”, disse-lhe sorrindo o viajante.
O rapaz levantou a cabeça e devolveu o sorriso. Quando, meses mais
tarde, o motorista passou novamente por aquele lugar, o rapaz
reconheceu-o, como se houvesse entre eles uma antiga amizade. É
que as pessoas – entre as quais nos contamos – têm uma velha sede
de sorrisos, uma grande necessidade de que alguém lhes contagie um
pouco de alegria, de estima... Todos os dias encontramos à nossa
porta uma série de pessoas com quem convivemos, trabalhamos, e
que esperam um breve gesto acolhedor.
Na convivência diária, a alegria, o otimismo, o apreço... abrem
muitas portas que estavam a ponto de fechar-se ao diálogo, à
compreensão... Não deixemos que elas se fechem: o Senhor espera
que façamos um apostolado eficaz, que comuniquemos a essas
pessoas o maior dom que possuímos: a amizade com Ele.
(1) Lc 17, 11-19; (2) cfr. São Beda, em Catena Aurea, vol. VI, pág. 278; (3) cfr. Mt 5, 37; (4) cfr.
Jo 9, 1-3; (5) Jo 3, 12; (6) Símbolo Atanasiano; (7) Mc 7, 37; (8) Tit 3, 1-7;Primeira leitura da
Missa da quarta-feira da trigésima segunda semana do Tempo Comum, ano II; (9) São Tomás
de Aquino, Suma teológica, II-II, q. 106, a. 3 c; (10) João Paulo II, Homilia, 11.02.81; (11) São
Francisco de Sales, Epistolário, frag. 110, em Obras seletas, pág. 744.

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Virtudes da convivência

  • 1. TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. QUARTA- FEIRA 78. VIRTUDES DA CONVIVÊNCIA – O Senhor cultivou as virtudes normais da convivência. – Gratidão. Amizade. Respeito mútuo. – Amabilidade. Otimismo e alegria. I. O EVANGELHO DA MISSA de hoje1 mostra a decepção de Jesus com uns leprosos que, curados por Ele, não voltaram para agradecer- lhe. Dos dez leprosos curados pela misericórdia de Jesus, apenas regressou um samaritano. Não se encontrou quem voltasse e desse glória a Deus a não ser este estrangeiro? Nota-se um certo desencanto nas palavras do Senhor. O mínimo que esses homens poderiam ter feito era agradecer um dom tão grande. Jesus comove-se perante o reconhecimento das pessoas e dói-se do egoísta que só sabe receber. A gratidão é sinal de nobreza e constitui um dos pilares da convivência humana, pois são inumeráveis os benefícios que recebemos e também os que proporcionamos aos outros. São Beda diz que foi precisamente a gratidão que salvou o samaritano2. Jesus não foi indiferente aos pormenores de educação que se têm entre os homens e que expressam a qualidade e a delicadeza interior das pessoas. Assim o manifestou diante de Simão, o fariseu, que não teve com Ele as atenções exigidas habitualmente pela hospitalidade. Com a sua vida e com a sua pregação, revelou apreço pela amizade, pela amabilidade, pela temperança, pelo amor à verdade, pela compreensão, pela lealdade, pela laboriosidade... São numerosos os exemplos e parábolas que refletem o grande valor que o Senhor deu a essas virtudes. E forma os Apóstolos não só nas virtudes da fé e da caridade, mas também na sinceridade e na nobreza3, na ponderação do juízo4, etc. Considera tão importantes essas virtudes humanas que chegará a dizer-lhes: Se vos tenho falado das coisas terrenas e não me acreditais, como acreditareis se vos falar das celestes?5 Cristo,perfeito Deus e perfeito homem6, dá-nos exemplo desse conjunto de qualidades bem entrelaçadas que qualquer homem deve viver nas suas relações com Deus, com os seus semelhantes e consigo próprio. DEle pôde-se proclamar: Bene omnia fecit7, fez bem todas as coisas; não somente os milagres por meio dos quais manifestou a sua onipotência divina, mas também as ações que
  • 2. compõem a vida corrente. O mesmo se deveria poder afirmar de cada um de nós, que queremos segui-lo no meio do mundo. II. SÃO PAULO, numa das leituras da Missa8, exorta-nos também a viver as virtudes humanas: Recorda-lhes – escreve a Tito – [...] que estejam prontos para toda a boa obra; que não falem mal de ninguém nem sejam questionadores; que sejam afáveis e mostrem uma perfeita mansidão para com todos os homens. Estas virtudes tornam mais grata e fácil a vida cotidiana: família, trabalho, relacionamento...; preparam a alma para estar mais perto de Deus e para viver as virtudes sobrenaturais. O cristão sabe converter os múltiplos pormenores desses hábitos humanos em outros tantos atos da virtude da caridade, ao praticá-los também por amor a Deus. A caridade transforma essas virtudes em hábitos firmes, situando-as num horizonte mais elevado. Dentre as virtudes humanas relacionadas com a convivência diária, destaca-se a própria gratidão, que é a lembrança afetuosa de um benefício recebido, com o desejo de retribuí-lo de alguma maneira. Haverá ocasiões em que somente poderemos dizer obrigado ou coisa parecida. Mas isso basta, se soubermos pôr nessa única palavra todo o nosso sentimento e alegria. São Tomás afirma que “a própria ordem natural requer que quem recebeu um favor responda com gratidão a quem o beneficiou”9. Custa muito pouco ser agradecido, e o bem que se faz é enorme: cria-se um ambiente novo, umas relações cordiais. E à medida que aumentamos a nossa capacidade de apreciar os favores e pequenos serviços que recebemos, sentimos a necessidade de ser habitualmente agradecidos: pela casa que está em ordem e limpa, por alguém ter fechado as janelas para que não entre a chuva, o calor ou o frio, pela roupa que está limpa e bem passada... E se vez por outra alguma coisa não está como esperávamos, saberemos desculpar, porque são muitos mais os aspectos que realmente funcionam bem. Não daremos importância a esses incidentes, e, se estiver ao nosso alcance, procuraremos suprir o esquecimento ou o pequeno desleixo sem que ninguém nos veja, sem querer dar uma lição: ordenar o que está fora de lugar, fechar ou abrir o que devia estar fechado ou aberto... E agradeceremos os serviços que contratamos ou que nos são devidos: teremos uma palavra gentil para o subordinado que nos atende amavelmente, para o motorista de ônibus que espera uns instantes para que possamos alcançá-lo...
  • 3. Entre as virtudes da convivência que devemos ampliar constantemente, encontra-se a nossa capacidade de amizade. Como seria formidável se pudéssemos chamar amigos a todas as pessoas com quem trabalhamos ou estudamos, com quem nos relacionamos, com quem convivemos diariamente! Amigos, e não só conhecidos, vizinhos, colegas ou companheiros... Isto implica o desenvolvimento, por amor a Deus e por amor aos homens, de uma série de qualidades humanas que fomentam e tornam possível a amizade: a compreensão, o espírito de colaboração, o otimismo, a lealdade... Amizade também dentro da própria família: entre os irmãos, com os filhos, com os pais. A amizade, quando é verdadeira, supera bem as diferenças de idade. E é condição, às vezes imprescindível, para a eficácia do apostolado. Conta-se de Alexandre Magno que, estando para morrer, os seus mais próximos repetiam-lhe com insistência: “Alexandre, onde estão os teus tesouros?” “Os meus tesouros?”, perguntava Alexandre. E respondia: “No bolso dos meus amigos”. No fim da nossa vida, os nossos amigos deveriam poder dizer que partilhamos com eles sempre o melhor que tivemos. III. OUTRA VIRTUDE que facilita ou torna possível a convivência é aamabilidade, virtude oposta ao gesto destemperado, ao mau humor, ao nervosismo e à precipitação..., que levam a atropelar os que nos rodeiam. Às vezes, traduz-se simplesmente numa palavra afetuosa, num pequeno elogio, num gesto animador que transmite confiança. “Uma palavra boa diz-se rapidamente; no entanto, às vezes torna-se difícil pronunciá-la. O cansaço detém-nos, as preocupações distraem- nos, um sentimento de frieza ou indiferença egoísta refreia-nos. E dessa forma passamos ao lado de pessoas para as quais, mesmo conhecendo-as, mal olhamos, e não percebemos quanto vêm sofrendo freqüentemente por essa sutil e esgotadora pena que provém de se sentirem ignoradas. Bastaria uma palavra cordial, um gesto afetuoso, para que algo brotasse nelas imediatamente: um sinal de atenção e de cortesia pode ser uma rajada de ar fresco numa existência fechada, oprimida pela tristeza e pelo desalento. A saudação de Maria cumulou de alegria o coração de sua prima anciã, Isabel (cfr. Lc 1, 44)”10. Assim devemos cumular de otimismo aqueles que convivem conosco. Fazem parte da amabilidade: a benignidade, que nos leva a tratar e julgar os outros e as suas atuações de forma benigna; a indulgênciaperante os pequenos defeitos e erros dos outros, sem nos sentirmos na obrigação de os corrigir continuamente; a educação e urbanidade nas palavras e modos; a simpatia, a cordialidade,
  • 4. o elogio oportuno, que está longe de qualquer adulação... “O espírito de doçura é o verdadeiro espírito de Deus [...]. Podemos admoestar, sempre que o façamos com doçura. É preciso sentir indignação contra o mal e estar decidido a não transigir com ele; no entanto, é preciso conviver docemente com o próximo”11. Um homem que viajava por estradas intermináveis parou o seu caminhão num bar freqüentado por outros caminhoneiros. Enquanto esperava que lhe servissem a refeição para continuar o seu caminho, um rapaz do bar trabalhava afanosamente diante dele, curvado, do outro lado do balcão. “Muito trabalho?”, disse-lhe sorrindo o viajante. O rapaz levantou a cabeça e devolveu o sorriso. Quando, meses mais tarde, o motorista passou novamente por aquele lugar, o rapaz reconheceu-o, como se houvesse entre eles uma antiga amizade. É que as pessoas – entre as quais nos contamos – têm uma velha sede de sorrisos, uma grande necessidade de que alguém lhes contagie um pouco de alegria, de estima... Todos os dias encontramos à nossa porta uma série de pessoas com quem convivemos, trabalhamos, e que esperam um breve gesto acolhedor. Na convivência diária, a alegria, o otimismo, o apreço... abrem muitas portas que estavam a ponto de fechar-se ao diálogo, à compreensão... Não deixemos que elas se fechem: o Senhor espera que façamos um apostolado eficaz, que comuniquemos a essas pessoas o maior dom que possuímos: a amizade com Ele. (1) Lc 17, 11-19; (2) cfr. São Beda, em Catena Aurea, vol. VI, pág. 278; (3) cfr. Mt 5, 37; (4) cfr. Jo 9, 1-3; (5) Jo 3, 12; (6) Símbolo Atanasiano; (7) Mc 7, 37; (8) Tit 3, 1-7;Primeira leitura da Missa da quarta-feira da trigésima segunda semana do Tempo Comum, ano II; (9) São Tomás de Aquino, Suma teológica, II-II, q. 106, a. 3 c; (10) João Paulo II, Homilia, 11.02.81; (11) São Francisco de Sales, Epistolário, frag. 110, em Obras seletas, pág. 744.