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e momento é o
   19 professores
 I prÓpria escola
 lizagem e busca
                                            o Ensino de Ciências
 Ira sou eu quem                           nas Escolas Brasileiras
 anização. Acho
 ceita pré-elabo-
                                                                            JOSÉ ERNO TAGLIEBER*
                                                    RESUMO

                                                 Os currículos de ciência. surgidos nas escolas secundárias na
 . de modo implícito.                         década imediatamente posterior ao Sputnik ( 1957). enfatizaram. de
I  en una concepción                          maneira geral. a natureza da Ciência e se propuseram a desenvol-
 ~mplir csc proyecto                          ver nos alunos a hahilidade da inquirição como um meio para
 . de un ejército de
                                              desenvolver uma cidadania funcional. Entretanto. após vinte e
lente. en su práctica
                                              cinco anos de aplicação destes curriculos. a educação científica
.jetos y con el cono-
de dependencia y de                           está em crise nos países mais desenvolvidos. O Brasil. como um
rnbajo me propongo                            país em desenvolvimento. necessita construir uma cultura tecnoló-
es con el objetiv~ de                         gica para poder desenvolver harmoniosamente todos os níveis de
; para la transforma-
                                              sua sociedade. Propomos. como um dos primeiros passos desta
es.
                                              transformação sócio-cultural. um ensino científico baseado no pro-
RIÊNCIA                                       cesso metodológico. relacionando não só o conhecimento e as
                                              aplicações tecnológicas. mas também os fenômenos sócio-cultu-
    Nueva Visión,                              rais. Nosso contato diário e constante é com a tecnologia e não com
                                              a Ciência. como afirmou Goodlad (1973). E. poder-se-ia acrescen-
~nos Aires, 1977.                             tar que as percepções destes contatos. os pensamentos e as ações
,ica. GEDISA,                                  são coordenados e orientados pelos valores sócio-culturais privile-
                                              giados pela sociedade na qual a pessoa está inserida. É. portanto.
nes, GEDISA,                                  pedagogicamente aconselhável fundamentar o ensino científico
                                              nas aplicações tecnológicas próprias da cultura da sociedade onde
                                              o aluno vive. para que possa compreender e atuar eficazmente no
ultura. D.S.E.,
                                              seu meio ambiente.

n la sociología
                                                          INTRODUÇÃO
I.Madrid, 1980.
                             Na presente monografia serão tratados a princípio, certos aspectos
México.
                        da educação científica no Brasil para uma melhor compreensão do tema.
sector docente.
                        • Professor do Centro de Ciências da Educação (Departamento de Metodologia de Ensino l
tación.     C.LE,         da UniverSIdade Federal de Santa Catarina.


3-90. JUI./Dez. 1984    Perspectiva; r. CED. Florianópolis. 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984                      91


                                                       ----------                          -------
Serão apresentados e discutidos dois pontos de vista: o primeiro que se              curricular, foi a lei 569~'71
refere aos argumentos em que foram baseados os currículos de cíências                científico na educação pré-u
desenvolvidos nos Estados Unidos e trazidos para o Brasil na década de               tido de diminuir o tempo di-
60; e o segundo que diz respeito aos argumentos baseados nas diferenças              estudo científico. Esta lei g
e semelhanças entre a Ciência e a Tecnologia e o significado, para o                 como a nível prático e. cor
ensino de ciências. da aplicação destes princípios num determinado                   filosófico, embora bem inter
contexto cultural. E. finalmente. serão discutidos os efeitos das mudan-             terísticas da população bra
ças no ensino científico nas escolas pré-universitárias brasileiras se o             "achismo" _do "generalisn
segundo ponto de vista fosse adotado. (Quando falamos em escolas pré-                lismo". A nível prático. a fa
universitárias. referimo-nos às escolas de l'? e 2'? graus).                         implementação da lei leH)(J
                                                                                     fracasso. A' nível político.
                                                                                     educacional que satisfaça ~
OS CURRÍCULOS DE CIÊNCIAS NAS ESCOLAS SECUNDÁRIAS                                    ros.
                                                                                          No presente trabalho 504
     A educação científica brasileira nas escolas secundárias não tem                     Nas poucas pesqui~ 3
uma tradição. Assuntos científicos começaram a ser introduzidos, ofi-                ção da lei 5692171. o conhe
cialmente. nas escolas secundárias a partir dos idos de 1970 (Barbosa,               eminentemente factual. tipi
1942). Mas. foi apenas na década de 30 que começou a formação-dos                    cessariamente compreendida
professores de ciências. para as escolas de primeiro e segundo graus,                 1983; e outros). Nesta dird
com a implantação das faculdades de filosofia. ciências e letras nas                 próprios processos cientificr
universidades e institutos de ensino superior. Azevedo (1954) afirma                 em vez de meios criadores 4
que a Ciência nunca foi uma tradição cultural brasileira e ainda hoje o              vezes. percebe a inutilidad
conhecimento científico não é privilegiado nos currículos das escolas de             Radhakrisma (1979) recoo1
primeiro e de segundo graus.                                                         desenvolvimento:
     Na curta história dos currículos brasileiros de ensino de ciências                                  "OpresJl
para escolas pré-universitárias. houve pelo menos duas fontes de influên-                                alienaçãl
cias; a) antes da Segunda Guerra Mundial, quando os currículos dos                                       causada
países europeus. principalmente da França e da Alemanha. foram tra-                                      escola e
duzidos e usados em nossas escolas. sob a forma de livros didáticos - e              Aqui está, provavelmenll
estes eram altamente factuais; b) após a segunda grande guerra mundial.              frustração e conseqüente t
quando os livros americanos entraram no Brasil. como também certos                         Um terceiro fator que
convênios internacionais foram celebrados e estes decisivamente influí-              cias nas escolas. princq.
ram nos conteúdos e práticas pedagógicas das aulas de ciências. No                   vestibular; testes de con.
primeiro período era enfatizado o conteúdo factual, e no segundo a                   não nos cursos superiort
ênfase estava certamente no processo científico. Neste último período                escolas secundárias adaI
vamos encontrar os currículos produzidos na década dos anos 60, tais                 conteúdos cobertos ))OI' •
como o BSCS. PSSc. o CHMS. e outros (Maybury, 1975).                                 que a eficiência desses pI
     Um outro fato importante. relacionado com o desenvolvimento                      número de alunos que I


92                Perspectiva; r. CED. Florianópolis. 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984   Perspectiva; r. CED. F;.:.:-.c:III




        -   .-   ------------
: o primeiro que se    curricular. foi a lei 5692f71 que. se de certa forma favoreceu o ensino
riculos de ciências    científico na educação pré-universitária. também o prejudicou. no sen-
lrasil na década de    tido de diminuir o tempo disponível aos professores de ciências para o
dos nas diferenças     estudo científico. Esta lei gerou controvérsias tanto a nível filosófico
,ignificado, para o    como a nível prático e. como conseqüência. a nível político. A nível
num determinado        filosófico. embora bem intencionada. parece não respeitar certas carac-
~feitos das mudan-     terísticas da população brasileira. tal como uma certa tendência ao
as brasileiras se o    "achismo". do "generalismo" e, conseqüentemente. ao "superficia-
os em escolas pré-     lismo". A nível prático. a falta de recursos materiais e humanos para a
us).                   implementação da lei levou necessariamente a educação brasileira ao
                       fracasso. A' nível político. ainda estamos por encontrar um sistema
                       educacional que satisfaça às nossas necessidades de cidadãos brasilei-
;SECUNDÁRIAS           ros.
                            No presente trabalho será analisada apenas a educação científica.
:undárias não tem           Nas poucas pesquisas avaliativas. feitas no Brasil. após a aprova-
. introduzidos. ofi-   ção da lei 5692f71. o conhecimento científico dos alunos mostrou ser
de 1970 (Barbosa.      eminentemente factual. tipicamente conteúdos memorizados. não ne-
)u a formação' dos     cessariamente compreendidos (Schiefelbein e Simmons. 1980; Taglieber.
, e segundo graus.     1983; e outros). Nesta dinâmica. pode-se incluir a memorização dos
:ncias e letras nas    próprios processos científicos. tomando-os meras rotinas de verificação
redo (1954) afirma     em vez de meios criadores de novos conhecimentos. O aluno, não raras
eira e ainda hoje o    vezes, percebe a inutilidade dos conteúdos ensinados. Este problema
ulos das escolas de    Radhakrisma (1979) reconheceu como comum a todos os países em
                       desenvolvimento:
ensino de ciências                         "O presente sistema de educação científica levou à
s fontes de influên-                       alienação dos problemas e objetivos nacionais. por
 os currículos dos                         causa da falta de vínculos - entre o que é ensinado na
manha. foram tra-                          escola e o que é vivido no dia a dia". (p. 143)
vros didáticos - e     Aqui está. provavelmente. uma das maiores causas do desânimo e
de guerra mundial.     frustração e conseqüente abandono da escola. pelos alunos.
mo também certos            Um terceiro fator que possivelmente influiu nos currículos de ciên-
cisivamente influí-    cias nas escolas. principalmente nas de segundo grau, é o concurso
LS de ciências. No     vestibular; testes de conteúdos que servem para decidir quem entra ou
I. e no segundo a      não nos cursos superiores. Uma grande maioria dos professores de
ste último período     escolas secundárias adapta seus programas para refletir as áreas de
1 dos anos 60. tais    conteúdos cobertos por vestibulares de anos anteriores. E isso faz com
  1975).               que a eficiência desses professores ou da escola seja inferida a partir do
, desenvolvimento      número de alunos que consegue entrar nos cursos superiores. Um


H-lU. Jul.jDez. 1984   Perspectiva; r. CED, Florianópolis. 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984       93
rápido exame dos itens propostos nestes testes mostra que o conheci-                  já foi questionada por (
                         mento exigido é. em geral. factual e que facilmente pode ser memori-                  outros. Mesmo sem lU
                         zado. Mas. o problema maior não é o teste em si, e sim o pequeno                      Brasil, sabe-se que os I
                         número de alunos que efetivamente atinge os cursos superiores. De                     Pelos fins de 1956 e com
                         acordo com dados do IBGE. apenas 40 por cento nas cidades maiores e                   Associação Americana I
                         menos de 10 por cento nas cidades interioranas (1980). Conseqüen-                     nal de Professores de C
                         temente. os alunos das escolas secundárias estudam currículos visando                 básicas concernentes ali:
                         cursos superiores. entretanto a grande maioria não chega ao limiar dessas              nos Estados Unidos: qII
                         escolas.                                                                                    a) OscurrÍculosdc
                              Um exame dos documentos oficiais-leis. pareceres resoluções ou                            tiam os pontos d
                         programas estaduais mostra que os objetivos do ensino de ciências aí                           que era ensinad
                         sugeridos podem ser resumidos desta forma:                                                     mento científia
                              a) "conhecer e compreender conceitos científicos básicos e fenô-                          nado. também I
                                 menos naturais:                                                                        ciência assim eI
                              b) conhecer e aplicar o método científico;                                                pensamento pn
                              c) compreender as relações entre ciência pura e aplicada;                                 duos que soube
                              d) compreender a contribuição da Ciência para o bem-estar do                              (Wolf, 1959).
                                  Homem e a importância da Ciência para o de~envolvimento                            b) A unidade da C
                                 econômico-social" (Parecer 853;71; Resolução 08;71; SE/SC                               cundárias desaI
                                  1976; e outros).                                                                       nectados entre
                              Destes objetivos gerais cada sistema escolar ou escola individual.                         1959). Por caus
                         professor. ou mesmo cada disciplina científica deverá desenvolverobje-                          rio não poderi
                         tivos específicos para o ensino de ciências. Embora, à primeira vista. os                       Ciência realmcl
                         objetivos pareçam de fundamental importância para o Desenvolvimento                         c) É impossível et
                         de um ensino eficaz. a realidade prática é bem outra.                                          tido nos livros I
                                                                                                                         claramente sob
                                      PRINCÍPIOS NORTEADORES DOS CURRÍCULOS                                              com idéias sea
                                                 ATUAIS DE CIÊNCIAS                                                      associadas a ..
                                                                                                                         zação e se esq
                              Uma vez que os currículos de ciências aplicados no Brasil, como foi                        mentos.
                         visto anteriormente. tiveram origem em currículos norte-americanos.                         d) Os conceitos d
                         produzidos na década de 60. seria interessante saber os pontos de vista                         tões tecnoJógíl
                         que levaram os professores e educadores daquele país a produzir tais                            novosconceiUI
                         currículos. Quais seriam os argumentos teórico-praticos que fundamen-                           às salas de auII
                         taram por exemplo o PSSC, o CHMS, o BSCS e tantos outros, tradu-                                de organizaçãl
                         zidos ou adaptados para serem utilizados em escolas brasileiras?                                maior gama de'
                              Não será discutida, aqui, a validade dos currículos de ciências que                        novos priocípi
                         enfatizam um conteúdo factuaL uma vez que a eficácia destes currículos                          necessário SOl


                         94                 Perspectiva; r. CED, Florianópolis, 1(3), 91-111. JUl./Dez, 1984
                                                                                                               Perspectiva; r. CED.   F:~




'<-=...   _.   --   --   --   -   -    _._------------
ue o conheci-     já foi questionada por Conant (1947), Schwab (1962), Klopfer (1971) e
: ser memori-      outros. Mesmo sem uma avaliação objetiva deste tipo de ensino no
m o pequeno        BrasiL sabe-se que os resultados são desastrosos em termos efetivos.
!periores. De      Pelos fins de 1956 e começos de 1957, o Instituto Americano de Física. a
des maiores e      Associação Americana de Professores de Física. e a Associação Nacio-
. Conseqüen-       nal de Professores de Ciências reunidos chegaram a quatro conclusões
cuIas visando      básicas concernentes aos currículos de ciências das escolas secundárias
) limiar dessas    nos Estados Unidos; que são:
                        a) Os currículos de ciências das escolas secundárias não mais refle-
resoluções ou              tiam os pontos de vista da comunidade científica (Little, 1959). O
de ciências aí             que era ensinado nas escolas não era exatamente um conheci-
                           mento científico. Portanto. se não era ciências o que era ensi-
ásicos e fenô-             nado, também não poderia haver grande esperança de que a
                           ciência assim ensinada pudesse atrair pessoas capazes de um
                           pensamento profundo e abstrato, muito menos formar indiví-
Icada;                     duos que soubessem lidar com situações complexas e abstratas
bem-estar do               (Wolf, 1959).
envolvimento            b) A unidade da Ciência dos currículos ensinados nas escolas se-
)Sal; SE/SC                cundárias desapareceu numa variedade de conteúdos, desco-
                            nectados entre si. que foram aos poucos introduzidos (Little.
lIa individual,             1959). Por causa da mistura destes conteúdos. o aluno secundá-
:nvolver obje-              rio não poderia desenvolver uma percepção clara do que a
neira vista, os            Ciência realmente é.
envolvimento            c) É impossível ensinar razoavelmente bem tudo o que estava con-
                           tido nos livros textos para cada ano letivo (LittIe. 1959). Havia
                           claramente sobrecarga de conteúdos nos programas de ciências
JLOS                       com idéias secundárias e periféricas de aplicações tecnológicas
                           associadas a uma metodologia de ensino que induzia à memori-
                           zação e se esquecia da compreensão e aplicação dos conheci-
'aSil, como foi            mentos.
:-americanos,           d) Os conceitos científicos eram minimizados em relação às ques-
)ntos de vista             tões tecnológicas e sociais (Little. 1959). o que impedia que
 produzir tais             novos conceitos de fronteira da pesquisa científica adentrassem
ue fundamen-               às salas de aula do secundário. "A produção de novas maneiras
mtros, tradu-              de organização dos conhecimentos tem provavelmente uma
.ileiras?                  maior gama de valores que a produção de benefícios materiais ou
: ciências que             novos princípios" (Little, 1959). Em outras palavras, não é
tes currículos             necessário somente ensinar os conceitos científicos. mas. prin-


. JUl./Dez. 1984   Perspectiva; r. CED, Florianópolis. 1(3), 91-111. Jul./Dez. 1984      95
forma homogênea. Na I
             cipalmente. como estes conceitos e princípios foram descober-                  ilhas num oceano. Pou
             tos - o processo científico de inquirição, a natureza do conhe-                tradição no ensino ciemi
             cimento científico.                                                            gresso e o desenvolyirnt
        Um outro argumento. em favor da renovação dos currículos de eiên-                   de pessoas.
     cias na década dos anos 60. foi levantado por Easeley (1959): a duração
     do tempo para ensinar ciências. Diz ele:                                                            AS BASES D
              "Assim como os valores metodológicos e científicos necessi-
              tam ser usados repetidamente. a fim de serem assimilados
              pelos alunos. assim também os conceitos e princípios físicos                       A fim de compreel
              (científicos) necessitam ser ordenados de forma cuidadosa                     importados e os curricu
              para prover um ensino eficaz e isto absorve muito tempo".                     dades reais de cada com
                                                                                            de influência curricular
           Tal método de ensino toma larga escala de tempo se realmente se                  meio; b) a prontidão do i
     quer enfatizar a natureza do conhecimento científico. o processo da in-                d) a natureza do conteÍKl
     quirição e ainda dominar os conceitos e princípios científicos chaves. E,              do ponto de vista.
     portanto. aplicações tecnológicas e questões periféricas teriam que ser                     Hurd (1976) já pre"l
     eliminadas dos currículos de ciências das escolas pré-universitárias a                 ciências e caracterizou •
     fim de se atingir a meta de formar indivíduos capazes de lidar com si-                 char a lacuna entre o q
     tuações complexas e abstratas.                                                         deveria significar em llQ
           Todos os currículos trazidos para o Brasil tiveram estas caracterís-             sados já estavam consei
     ticas. isto é. ênfase no processo e na natureza do conhecimento cien-                  suas universidades: .. ~
     tífico. Estas características são as que, no Brasil. identificam a escola              significar que o ensino d
     novista. embora deva ser mencionado que estes currículos não foram                     foi feita para o indivídul
     introduzidos em toda sua integridade. Em outras palavras. na maioria                   dia-a-dia.
     das vezes. estes currículos foram trazidos apenas em parte: ou só os                        Examinando de na
     livros textos ou cadernos de atividades de laboratório. deixando-se· fora              culos de ciências para,
     da tradução brasileira ou audiovisuais. filmes. e partes importantes dos               legisladores estão de ao
     laboratórios.                                                                          são e aplicação dos 00Il
           Concluindo. pode-se dizer que os currículos da década de 60 obje-                promover o processo !l
     tivavam a formação de um cientista em cada cidadão. Ou melhor.
     preconizavam o método científico cOVlO método de vida. As conse-
     qüências. 25 anos depois de sua introdução. são bem conhecidas através
     do Projeto Síntese de Harms e Yaager (1981). Como estes mesmos                              Para o Brasil. 031
     autores concluem. a educação científica norte-americana está em pro-                   vencer as dificuldades.
     funda crise. E embora possa haver causas as mais variadas. estes                       no desenvolvimento lCl
     currículos certamente contribuíram para o "status quo".                                humana. Mas. desen..
           Em relação à educação científica brasileira pode-se dizer e reco-                trabalhos que exigem,
     nhecer que houve progressos em certas regiões do país. mas não de
                                                                                            Perspectiva; r. CED. F:.==-.
     96                Pe:'specti'a; r. CED. Florianópolls. 1(3), 91-111. Jul./Dez. 1984


I
l.
forma homogênea. Na realidade, estas regiões representam pequenas
foram descober-         ilhas num oceano. Poucas lideranças se desenvolveram e nenhuma
tureza do conhe-        tradição no ensino científico ainda se fixou, pois, provavelmente, o pro-
                        gresso e o desenvolvimento ainda estão ligados a um reduzido número
llrrículos de <i:iên-   de pessoas.
(1959): a duração
                                       AS BASES DOS CURRÍCULOS DE CIÊNCIAS
~ntíficos necessi-
                                                  PARA O FUTURO
:rem assimilados
princípios físicos           A fim de compreender melhor as diferenças entre os currículos
orrna cuidadosa         importados e os currículos de ciências que devem nascer das necessi-
e muito tempo".         dades reais de cada comunidade. a análise basear-se-á nas quatro áreas
                        de influência curricular sugeridas por Schwab (1962): a) a pressão do
~  se realmente se      meio; b) a prontidão do aluno; c) as condições do processo de ensino: e
 o processo da in-      d) a natureza do conteúdo programático. Esta análise constitui o segun-
tíficos chaves. E,      do ponto de vista.
:as teriam que ser           Hurd (1976) já previu a necessidade de mudança nos currículos de
é-universitárias a      ciências e caracterizou o currículo ideal como aquele que deveria "fe-
5 de lidar com si-      char a lacuna entre o que é ensinado nos cursos de ciências e o que
                        deveria significar em nossas vidas". Esta idéia não é nova. Os antepas-
1 estas caracterís-     sados já estavam conscientes disto e já o escreveram no frontispício de
nhecimento cien-        suas universidades: "Non scholae. sed vitae discimus", o que quer
~ntificam a escola      significar que o ensino deveria ter como meta a vida quotidiana. A escola
ículos não foram        foi feita para o indivíduo se preparar para uma existência eficaz no seu
livras, na maioria      dia-a-dia.
n parte: ou só os            Examinando de novo os objetivos gerais sugeridos para os currí-
 deixando-se fora       culos de ciências para as escolas brasileiras, pode-se perceber que os
5 importantes dos       legisladores estão de acordo com o segundo ponto de vista: a compreen-
                        são e aplicação dos conhecimentos científicos na vida quotidiana para
écada de 60 obje-       promover o processo social.
dão. Ou melhor,
  vida. As conse-                                           A PRESSÃO DO MEIO
lnhecidas através
10 estes mesmos              Para o BrasiL nas condições atuais. existe um único meio para
:ana está em pro-       vencer as dificuldades quanto ao progresso social: investi r maciçamente
5 variadas, estes       no desenvolvimento tecnológico nacional em todas as áreas da atividade
o".                     humana. Mas. desenvolvimento tecnológico implica em mais e mais
=-se dizer e reco-      trabalhos que exigem conhecimentos científicos aprofundados. Entre-
país, mas não de
                        Perspectiva;   I'.   CED, Florianópolis, 1(3), 91-111. Jul.jDez. 1984   97
1-111. Jul./Dez. 1984
tanto de onde virão os operários especializados? Evidentemente, das                      que foi ~
     escolas do primeiro e segundo graus. Mas de acordo com Jones (1971):                     cias de'-cj
                "Uma das maiores fraquezas - falando de países em desen-                      tifico ~
                volvimento - é a ineficiente educação científica oferecida nas                tecnologij
                escolas secundárias ... para a grande maioria da população a
                educação secundária precisa ser replanejada como um ponto
                terminal ... com ênfase em novos conhecimentos científicos,
                habilidades e atitudes mais apropriadas às necessidades do                         Oahl
                emprego e da vida".                                                         nhecimenl
           Por outras razões. o mesmo consenso foi sentido por alguns educa-               foreducad
     dores norte-americanos nos Estados Unidos (Harms e Yager, 1981).                      acompref!
     Watson et al. (1978). num relatório em que identificaram algumas prio-                próxima d
     hdades para a educação científica nos Estados Unidos, afirmam:                         fl657)já <I
                " ... conhecer e compreender não é suficiente, é essencial                 já conhece
                labutar com habilidades para uma bem sucedida aplicação de                      Se ad
                conhecimentos que justifiquem decisões e ações relativas a                 será deter1ll
                toda uma gama de problemas que os indivíduos serão obriga-                 ficados por
                dos a enfrentar agora e no futuro"                                         conhece0"
           No Brasil. um país em desenvolvimento. não se pode fazer as                    a tecnoJogi
     mesmas pressuposições como as que foram feitas na década de 60. A                     relevante a
     tecnologia ou a ciência aplicada não está isertta dos traços culturais do            ciências pa
     país onde foi produzida. nem mesmo os currículos de ciências (Azeke,                 as crianças
      1980): portanto aquelas aplicações do conhecimento científico deveriam              agradá'eis I
                                                                                          _ 0In0'5 d
     endereçar )robema~'legi.cma''''' cama o~stein (WB») recomendou. Mo-
      ravcsik (1976) um estudioso da educação científica em países em desen-              ~erdc
      volvimento. concluiu:                                                               ~           lDO'.i
                 "Um primeiro e principal esforço deve ser dirigido para a                     SoBn
                 construção de um sistema de educação científica substancial e            c..-sdc
                 de alta qualidade. bem ajustado às condições locais".                    ""7'OAs Iléa
           Quando condições locais devem ser consideradas, está claro que o               ,_. ias 1eC
      que importa. em última análise. são as aplicações da ciência, não neces-            •      "t .wb
                                                                                          iICi _ _ lO.. li:
      sariamente a ciência em si. Portanto. a pressão. do meio exige muito
      mais a tecnologia do que a ciência que a produziu. Mas. é preciso                   * A:'S CJ!
      esclarecer que se de um lado o meio exige a tecnologia. por outro lado a            ~~dl
      tecnologia. necessariamente. deve partir do conhecimento científico. O              1Iicas em .::a
      que se pode concluir é que o ensino de ciências. nas escolas pré-univer-                  lO !I! OCII
      sitárias. deve fazer necessária ligação entre a tecnologia do dia-a-dia e o         ---.,~~
      conhecimento científico a ser aprendido na escola. Contrariamente ao                =-rh~ .l



     98                 Perspectiva; r. CED. Floríanópolls, 1(3). 91-111. JUL/Dez. 1984




L.
entemente, das      que foi pensado para os currículos dos anos 60, os professores de ciên-
m Jones (1971):     cias devem, de certa forma, partir das aplicações do conhecimento cien-
líses em desen-     tífico para a explicação das ciências puras e voltar novamente para a
:a oferecida nas    tecnologia por uma exigência do meio.
da população a
:omo um ponto                                A PRONTIDÃO DO ALUNO
Itos científicos,
ecessidades do           O aluno vive em um mundo de tecnologia. não num mundo de co-
                    nhecimentos científicos. pelo menos ele não perceberá a ciência se não
Ir alguns educa-    for educado para isto (Goodlad. 1973). Certamente é mais fácil ao aluno
~ Yager, 1981).     a compreensão da realidade que conhece melhor. aquela que está mais
11 algumas prio-    próxima dele. e que é certamente tecnológica por natureza. Comênio
 afirmam:            (1657)já dizia: "Deve-se começar a ensinar a partir daquilo que o aluno
Ite. é essencial    já conhece".
la aplicação de          Se a ciência é determinada pela pergunta "por que". a tecnologia
ões relativas a     será determinada pela pergunta "como", colocadas em termos simpli-
s serão obriga-     ficados por Goodlad (1973). É fácil concluir que existe mais gente que
                    conhece o "como" do que conhece o "por que". Isto parece indicar que
 pode fazer as      a tecnologia ou a ciência aplicada torna o ensino das ciências mais
~da     de 60. A    relevante aos alunos. Booth (19801. escrevendo sobre currículos de
os culturais do     ciências para escolas britânicas. intitulados Technologia. afirmou que
ências (Azeke,      as crianças acharam as atividades baseadas em ciências aplicadas mais
lífico deveriam     agradáveis e diyertidas". Hofstein (19801. por sua vez. é de opinião que
omendou. Mo-        os cursos de ciências. com orientação tecnológica. são mais motiva-
líses em desen-     dores e relevantes para os estudantes. e que algumas avaliações destes
                    cursos mostraram que eles aumentaram seu número de matrículas.
lirigido para a          No Brasi1. a matrícula nas escolas técnicas secundárias aumentou
a substancial e     em mais de 400 por cento entre 1970 e 1976 (MI. 1976). Mesmo que as
leais" .            escolas técnicas secundárias não sejam a mesma coisa que cursos de
stá claro que o     ciências tecnologicamente orientados. parece mostrar o que os alunos
~ia, não neces-     de segundo grau gostam de estudar. É evidente que. ao nível pré-uni-
io exige muito      versitário. existe pouca possibilidade de que se produzam novos conhe-
las, é preciso      cimentos em ciências ou em tecnologia: mas isto não significa que seja
or outro lado a     impossível melhorar o entendimento e desenvolver as habilidades bá-
o científico. O     sicas em cada uma destas áreas a este nível.
las pré-univer-          Um outro aspecto que necessariamente deve ser abordado são as
lo dia-a-dia e o    condições psicológicas do aluno que devem ser respeitadas. E nestas
 rariamente ao      condições a tecnologia aparentemente desempenha um papel muito


1. JuL/Dez. 1984
                    Pe:spectiva; r. CED, Florianópolis,· 1(3), 91-111. JuL/Dez. 1984     99
mais importante que a ciência. Pelo motivo citado acima. a tecnologia
estú mais próxima do aluno. psicologicamente. do que a ciência. Pode-                              ficos el1l
se. então. inferir que o conhecimento prévio das coisas em torno do                               ção tn  ....
aluno é um passo muito importante na sua aprendizagem. Piaget (1978)
afirma que o conhecimento se gera na ação do indivíduo sobre o objeto.               .icada  lantellu'lflC
                                                                                               e abonI
                                                                                     . 'metodologia cieI
isto é. na interação do indivíduo com o meio e se isto for a realidade.
então. a ciência aplicada deverá necessariamente ser o ponto de partida              .:la   e a tecnokJ,gi:l
para o ensino das ciências.                                                          duas destruiria a i
      O nível de desenvolvimento mental determina quão longe cada                    frisamos apena" 4
aluno pode se afastar dos fatos concretos. A educação científica tem por             sítárias. urna '°ez
ohjetivo não a pura informação. mas principalmente dar oportunidade                  ~fk:iente para e'I

aos alunos para desenvolverem suas habilidades e potencialidades.                    noIogia. para e'l
Advém. daí. a necessidade do professor de ciências de acompanhar o                   t'nlCe S50 e n" i",-"l-i
aluno nas suas atividades e constantemente avaliar seu estado de pron-               grande.
tidão em relação ao domínio de conhecimentos em diferentes níveis:                          Se de um laI
concreto. pré-operatório. operativo ou estágio formal. De certa forma.               'ez mais importai
toda atividade pedagógica deveria iniciar-se pelas coisas concretas por              .:t."lf1hecimento-. é
três motivos: primeiro. por causa da prontidão psicol6gica do aluno:                 00 conhecimentJ
                                                                                     t 19fP- I. falando di
segundo. por causa da natureza da ciência: e. terceiro. por causa do
ohjetivo do ensino das ciências - formar um espírito observador. ana-                -n.am que "ele.. 1(1
lítico e crítico da realidade concreta que cerca cada indivíduo.                     der algumas das I
      Resumindo. pode-se então concluir que as condições psicológicas                oiê.:ulos pela hUfll
do aluno deverão ser conhecidas e consideradas quando da formulação                  rora adquirir e •
de novos currículos de educação científica. As implicações deste crité-              .:t."lfT1unicar sol~
rio vão provavelmente exigir uma maior individualização do ensino e                  asbabilidadesqul
re}líonalizaçüo dos currículos.                                                      "lSigação. Em G
                                                                                     deve. de cena foi!
           AS CONDIÇÕES DO PROCESSO DE ENSINO                                        IDa.. os coobecioI
                                                                                     -.dogmas de ensiII
     Bunge (197h) afirma categoricamente que"' A tecnologia comparti-                retrata a naturen
lha com a ciência um rico conjunto de proposições epistemológicas"; e.                     : dinã.mi-=a I
                                                                                     ~     percepção dll
ainda mais. afirma que: "Metodologicamente. a pesquisa tecnológica
                                                                                     ~'oluti'a de .:onI
não é diferente da pesquisa científica". A investigação científica e a
tecnológica iniciam com fatos e objetivos diferentes e têm necessaria-               ~"'irão se desen".
mente produtos finais diferentes. mas a metodologia da busca dos co-                 je  gerar ( conhl
nhecimentos é a mesma. Estas idéias são compartilhadas também por                    'Detodologia de C
Rapp (1974) e Mantel1 (1969). Rapp dizia:                                            .iades. tais como 4
         "'no momento em que o conhecimento e metodologia cientí-                    .:amente na liten
                                                                                     nquírição I ~-h"1

100              Perspectiva; r. CED, Florianópolis, 1 (3), 91-111. Jul./Dez. 1984
:ima. a tecnologia
                                   ficos entram na tecnologia. elas se transformam em investiga-
e a ciência. Pode-
                                    ção tecnológica".
lisas em tomo do
~em. Piaget (1978)
                               Mantell concorda que. em sentido amplo. pesquisa básica. pesquisa
uo sobre o objeto.       aplicada e abordagem sistêmica, cabem, na verdade. no conceito de
:0 for a realidade.      "metodologia científica" comumente aceita. Em outras palavras, a ciên-
o ponto de partida       cia e a tecnologia estão tão entrelaçadas que a separaçâo artificial das
                         duas destruiria a imagem real de ambas. Se isto for assim. por que então
  quão longe cada        frisamos apenas os conhecimentos científicos. nas escolas pré-univer-
I científica tem por     sitárias, uma vez que estudantes deste nível ainda não estão maduros o
  dar oportunidade       suficiente para entender as vantagens da separação da ciência da tec-
: potencialidades.       nologia. para explicar o meio ambiente onde vivem? Em termos de
 de acompanhar o         processo ensino-aprendizagem. parece ser uma falha curricular muito
~u estado de pron-
                         grande.
 diferentes níveis:           Se de um lado os conhecimentos científico-tecnológicos são cada
11. De certa forma.      vez mais importantes na vida das pessoas, o processo de criação destes
,isas concretas por      conhecimentos é igualmente importante porque é o processo da busca
:016gica do aluno:       do conhecimento que desenvolve a atitude científica. Lunetta e Novik
~iro. por causa do
                         (]982). falando da responsabilidade dos professores de ciências. afir-
) observador. ana-       mam que "eles (os professores) devem ajudar os alunos não só a apren-
indivíduo.               der algumas das mais importantes descobertas, acumuladas ao longo dos
lições psicológicas      séculos pela humanidade. mas principalmente desenvolver habilidades
ndo da formulação        para adquirir e descobrir novas informações. resolver problemas e
cações deste crité-      comunicar soluções" (p. 195). Ora. estas habilidades acima citadas são
zação do ensino e        as habilidades que os cientistas e engenheiros usam nas atividades de in-
                         vestigação. Em outras palavras, a metodologia do ensino das ciências
                         deve, de certa forma, ensinar a ciência como um processo. De outra for-
NSINO                    ma, os conhecimentos científicos e tecnológicos se transformariam em
                         "dogmas de ensino", verdades prontas, acabadas, o que certamente não
~nologia comparti-
                         retrata a natureza do conhecimento científico.
 istemológicas": e.            A dinâmica usada no ensino de ciências deve possibilitar ao aluno
squisa tecnológica       uma percepção das limitações da abrangência e de certa forma a história
lção científica e a      evolutiva de conhecimentos científico-tecnológicos. Estas percepções
, e têm necessaria-      só irão se desenvolver se houver uma participação concreta no processo
l da busca dos co-
                         de gerar o conhecimento. aplicando as habilidades necessárias. A
l1adas também por        metodologia de ensino que proporciona o desenvolvimento de habili-
                         dades. tais como observar. coletar dados. analisar. pensar lógica e criti-
Iletodologia cientí-     camente na literatura científica é em geral denominada de método de
                         inquirição (Schwab. 1962: Novak, 1964: Bingham. 1969: e outrosl. Re-

91-111. Jul./Dez. 1984
                         Pelspectiva; r. CED, Florianópolis, 1(3), 91-111. JuJ./Dez. 1984     101


                                                     -----------------_                               .• _ - -   ---
sumindo - a metodologia do ensino de ciências deverá focalizar três                  habilidade e experiélll
    aspectos: o conteúdo a ser trabalhado. que deve ter aplicações regio-                de um sistema tecf1l~
    nais: o processo da produção do conhecimento científico. que é impor-                mento metodológ.ico.~
    tante para a compreensão da natureza da ciência: e as habilidades ou                 logia é também uma
    potencialidades dos alunos necessárias para agirem eficazmente no seu                conhecimento. o hom
    meic amhiente. Ohservados estes três aspectos. seria. então. possível                mais eficientes para 31
    cohrir todos os objetivos contidos na lei e os desejáveis para o desen-                    Uma outra caracl
    volvimento individual.                                                               é que a primeira ~ ~si
          Um fato deve ser ressaltado aqui. Juntar as aplicações tecnológicas            nentemente sintetizan
    aos conte':idos e processos científicos. no sentido de ciência. não                  fico universal é a anãI
    sil!nifica. necessariamente. uma mudança na metodologia proposta. Ao                 única maneira que as fl
    contrúrio. amplia e emiquece esta metodologia com novas possibili-                   de quebrar os complell
    dades.                                                                               propriedades e interrci
          Por fim. o professor de ciências. como em qualquer método de                   fica é generalizável a li
    ensino. desempenha uma função crucial: a eficiência dos currículos de                lado. Markov, citado.
    ensino. qualquer que seja ela. depende da preparação. motivação e atua-               sempre dependente dIl
    ção do professor. Portanto. a adequada preparação do professor de                    das pelo Homem com
    ciências. para desenvolver um currículo com as características mencio-                tados planejados". fj
    nadas aqui sugerida.                                                                 análise é encontrada n
                                                                                               Deve ficar clam qI
            A NATCREZA DO CONTEÚDO PROGRAMATICO                                          cimento científico. BLI
                         DE CIÊNCIAS                                                     áreas da atividade hUI
                                                                                          das quais deve-se dn1
         Se no passado o conhecimento tecnológico. em geral. precedeu o                   cularmente visí'el no I
    conhecimento científico. nos dias de hoje. aciência está definitivamente              lógica. Contrariamenll
    mais avançada. Entretanto. para o desenvolvimento de ambas. na atua-                  ficos e de aplicação li.
    lidade. deve existir uma forte interdependência (Conant. 1974). A idéia                    Em relação ao e~
    de cOlllplementariedade entre a ciência e a tecnologia foi enfatizada por             questão fundamental ~
    Bun.l!e (1972. 1974. 1977). Fiebleman (1972). e outros; mas. as metas são             conteúdos tecnológk.....
    certamente diferentes. Skolimowski (1972) afirma:                                     escolas brasileiras'? HI
              .. A ciência tem como meta a ampliação do nosso conheci-                    tizado em diverso" n
              mento atravé" do desenvolvimento de teorias cada vez melho-                 científicas. ou congre'
              res: a tecnologia. ao invés. cria novos artefatos com a finali-                        1. "A ciên.:i;
              dade de au mentar a eficáci:t" .                                                      ') Os no~
         No entanto. a tecnologia não produz simplesmente novos artefatos                               rápido e el
    ,- artefatos S~to. na verdade. um produto da tecnologia. não a tecnologia                           de vida e I
    em si - que é, da mesma forma como a ciência. um conhecimento.                                  3. Mais pe<;q
    Como diz Black (1977). a tecnologia produz "know-how". técnica.                                     mas con.:

    102
,                     Perspectiva; r. CED. Florianópolis. 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984   ?::~-spectiva;   _.   CED   ~:,:-::




L
everá focalizar três        habilidade e experiência. Ele afirma ainda: "o conhecimento relevante
~r aplicações regio-        de um sistema tecnológico bem sucedido é. em essência. um conheci-
ltitico. que é impor-       mento metodológico. de procedimento". A questão aqui é que a tecno-
e as habilidades ou         logia é também uma forma de conhecimento e. desenvolvendo este
eficazmente no seu          conhecimento. o homem se torna capaz de produzir artefatos cada vez
ria. então. possível        mais eficientes para as finalidades que foram planejadas.
ãveis para o desen-               Uma outra característica distinta entre a Ciência e a Tecnologia
                            é que a primeira é basicamente analítica. enquanto que a segunda é emi-
:ações tecnológicas         nentemente sintetízante. Noüy (1969) sustenta que: "O método cientí-
[) de ciência. não          fico universal é a análise". Moles (1971). por sua vez. acha que: "A
)Iagia proposta. Ao         única maneira que as ciências têm de produzir novos conhecimentos é a
~m novas possibili-
                            de quebrar os complexos fenômenos em partes mínimas e estudar as suas
                            propriedades e interrelações", Assim o produto da investigação cientí-
lIalquer método de          fica é generalizável a todos os fenômenos da mesma natureza. Por outro
a dos currículos de         lado. Markov. citado por Tond! (1974). diz claramente: .. A tecnologia é
). motivação e atua-        sempre dependente de uma certa síntese de redes causais. implementa-
io do professor de          das pelo Homem com o propósito de atingir certos desejos. ou resul-
cterísticas mencio-         tados planejados". Entretanto. a síntese pressupõe a análise. e esta
                            análise é encontrada no empreendimento científico.
                                 Deve ficar claro que a tecnologia não é apenU,;:l aplicação do conhe-
1ATICO                    cimento científico. Bunge (1977) afirma que a tecnologia envolve muitas
                            áreas da atividade humana que nela deixam os seus traços profundos.
                            das quais deve-se destacar o componente de criatividade. que é parti-
Igeral. precedeu o          cularmente visível no planejamento da política e da investigação tecno-
.tá definitivamente         lógica. Contrariamente à ciência. os produtos da tecnologia são especí-
de ambas. na atua-          ficos e de aplicação limitada.
ant. 1974). A idéia              Em relação ao ensino de ciências. nas escolas pré-universitárias. a
.foi enfatizada por         questão fundamental é saber até que ponto os currículos que incorporam
 mas. as metas são          conteúdos tecnológicos são mais relevantes que os tradicionais nas
                            escolas brasileiras? Hurd (1976) sumarizando o que estava sendo enfa-
    lo nosso conheci-       tizado em diversos relatórios. encontros. seminários de associações
    s cada vez melho-       científicas. ou congressos nos USA. conclui:
    atos com a finali-                 I. "A ciência e a Tecnologia são básicas para o futuro ...
                                      ") Os novos conhecimentos deveriam ser utilizadus o mais
    te novos artefatos                    rápido e eficientemente possível para promover a qualidade
    l. não a tecnologia
                                          de vida e o progresso social.
    n conhecimento.                   3. Mais pesquisas científicas deveriam ser feitas sobre proble-
    ,'-how". técnica.                     mas concernentes à população em geral. tais como. o

    l-111. Jul./Dez. 1984   Pe,'spectiva; r, CED. Florianópolis. 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984    103
do que a tecOl.~
              aumento do consumo de alimentos e energia. a melhoria de
                                                                                        seus produh.~ c:
              saúde. e assim por diante".                                               tecnologia. panI
     Se isto é considerado de importância para currículos de ciências de
                                                                                        metodok~a"dei
escolas pré-universitárias. em um país desenvolvido. certamente será
                                                                                        da.. me"ma" haIl
muito mais fundamental para escolas de países em desenvolvimento.                            Contra todI
onde ainda existe a necessidade de construir uma cultura científico-tec-                :usubel. 1968: I
no]()gica. Mas allora a questão é: quanto pode-se esperar de um tal                     da década de 6Q
curriculo de ciê~cias integrando ciência e tecnologia? De certa forma                   muito longe da li
somos ohrillados a concordar com Hurd (IQ76) que é de opinião que:
                                                                                        grafia dá ênfase I
,     '''Tipicamente. os ohjetivos das escolas pré-universitárias não
                                                                                        e de outras áre3I
          enlllobam. no seu ensino de ciências. idéias sobre o aproveita-
                                                                                        rias. como lD11 cI
          m;nto racional do conhecimento científico para o bem-estar                    da realidade írsi
          individual e social".
                                                                                              Noprimeinl
     Mas. por outro lado. tamhém é verdade que a escola tem como fun-
                                                                                        conhecimemo e
ção principal preparar o aluno para viver e funcionar eficientemente na
                                                                                        ajudaI" o aluno 3
sociedade. Daí a necessidade da .escola. de um lado. trabalhar e dar
                                                                                        universitárias til
oportunidade aos alunos para desenvolverem suas potencialidades.
                                                                                        cidadania funcill
habilidades e conhecimentos. demandados pela sociedaçie. e por outro
                                                                                        50 ciência-tecna
lado. focalizar e enfatizar aqueles conhecimentos relevantes para o in-
                                                                                        nologia que ,,-ai 1
divíduo e a sociedade. fomentando a avaliação crítica das mudanças que
                                                                                        onde a ciência c:
estes conhecimentos porventura exigirem. na vida particular e na
                                                                                        não muito pera
própria sociedade. Isto a escola possivelmente só conseguirá com a
                                                                                              Como já foi
prática diária. no seu ensino.
                                                                                        o primeiro ponII
     Concluindo. pode-se então dizer que a desvinculação do conheci-
                                                                                        tipicamente 001
mento científico do tecnológico. ao nível de escola pré-universitária.
                                                                                        Soviética - a ti
forma uma visão distorcida da realidade do mundo atual. Somos obri-
                                                                                        população brasi
gados a concordar com Whitehead (1974) que diz: "conheciménto
                                                                                        diferentes. : ".
;'naplicado é um conhecimento despojado de seu sentido". Portanto. o
                                                                                        r.lT nossos probI
ensino de ciências nas escolas pré-universitárias sem o vínculo de sua
                                                                                        se pode negar 11
possível aplicação. como a prática diária já tem demonstrado. tem o
                                                                                        noIógico. maS •
perigo de se tornar um ensino desvinculado da realidade dos prohlemas
                                                                                        .:o(lta destes C1Il
que cada sociedade eOu indivíduos enfrentam.
                                                                                        prestado mais Jl
                                                                                        delas planejado
                   DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
                                                                                              O segundo
                                                                                        ciência. tecnokl
   Como foi visto na análise dos dois pontos de vista, os conteúdos do
                                                                                        deste conhecirn
conhecimento científico e tecnológico são por natureza diferentes -
                                                                                        1<'fl13J" a edUC3I!i
huscam ohjetivos diferentes. Entretanto são complementares no senti-

104               Pc:'spectiya;   r. CED. Florianópolis, 1(3), 91-111. Jul./Dez. 1984
do que a tecnologia usa os conhecimentos científicos para aperfeiçoar
tergia. a melhoria de
                          seus produtos e a Ciência depende de instrumentos. produzidos pela
                          tecnologia. para penetrar cada vez mais nos fenômenos naturais. As
iculos de ciências de
                          metodologias de investigaçào lisam processos semelhantes e dependem
do. certamente será
                          das mesmas hahilidades rrúticas e intelectuais.
n desenvolvimento.
                               Contra todas as recomendações pedagógicas (Comênio. (1657:
ultura científico-tec-
                          Ausubel, 1968; e outros) o ponto de vista dos currículos de ciências.
~ esperar de um tal
                          da década de 60, tenta ensinar aos alunos o que está psicologicamente
~a? De certa forma
                          muito longe da realidade deles. O ponto de vista defendido nesta mono-
te é de opinião que:
                          grafia dá ênfase à vinculação do conhecimento científico ao tecnológico
"é-universitárias não
                          e de outras áreas de conhecimento ao nível das escolas pré-universitá-
LS sobre o aproveita-
                          rias, como um dos meios para tomar o ensino relevante e mais próximo
:0 para o bem-estar
                          da realidade física e psicológica do aluno.
                               No primeiro ponto de vista pode-se questionar a suposição de que o
scola tem como fun-
                          conhecimento e a metodologia científica são por si só suficientes para
u eficientemente na
                          ajudar o aluno a atuar com eficiência na vida real. Se as escolas pré-
Ido. trabalhar e dar
                          universitárias têm como função básica preparar os alunos para uma
iaS potencialidades.
                          cidadania funcional e eficiente. então a aprendizagem global do proces-
:iedage. e por outro
                          so ciência-tecnologia é essencial no ensino de ciências. porque é a tec-
elevantes para o in-
                          nologia que vai trazer o estudante para a realidade concreta. campo de
:a das mudanças que
                          onde a ciência extrai apenas as suas idéias e problemas. muitas vezes.
ida particu lar e na
                          não muito perceptíveis a estes mesmos alunos.
) conseguirá com a
                               Como já foi discutido. anteriormente. os currículos que apresentam
                          o primeiro ponto de vista foram construídos para resolver um problema
:ulação do conheci-
                          tipicamente norte-americano: a concorrência científica com a União
la pré-universitária.
                          Soviética - a formação do cientista - coisa que nada tem a ver com a
I atual. Somos obri-
                          população brasileira. cujos problemas e necessidades são totalmente
liz: "conhecimento
                          diferentes. A pura e simples introdução destes currículos sem conside-
 ntido··. Portanto. o
                          rar nossos problemas e necessidadesjá se constituiu um erro em si. Não
:m o vínculo de sua
                          se pode negar que neste período houve um progresso científico e tec-
emonstrado. tem o
                          nológico, mas não se está nada certo de que isto tenha ocorrido por
 jade dos problemas
                          conta destes currículos. Possivelmente. teria sido diferente se se tivesse
                          prestado mais atenção para as condições e culturas brasileiras e a partir
                          delas planejado currículos de ensino de ciências.
                               O segundo ponto de vista privilegia o conhecimento integrado da
                          ciência, tecnologia e sociedade. como também o processo da produção
:a., os conteúdos do
                          deste conhecimento. O ensino do processo e do conhecimento tende a
ureza diferentes -
                          tornar a educação científica mais relevante e significativa ao nível da
~mentares no senti-


                          Perspectiva; r. CED, Florianópolis, 1(3). 91-111. JUl,/Dez, 1984     105
,91-111. Jul./Dez. 1984
escola de primeiro e segundo graus. pois. parece ir ao encontro do que                      a ciência e a tecnologia não
foi recomendado já pelo pai da didática. Comênio. no século XVII. e                        todas as outras disciplinaç,~
depois por uma plêiade de psicólogos e estudiosos da educação que                          filosofia. É. provavelmente
sempre frisaram a importância da realidade da criança como ponto de                        teorias científicas as sua" rc!
partida para a aprendizagem. Como foi dito anteriormente. a tecnologia                     também com as teoria.. fikJ!
é a realidade imediata. E como diz Bunge (1973). antes que existisse o                     ,ionam e orientam as ati ilI
Homo Sapiens. existiu o Homo Faber. isto é. antes do homem sentir a                        imento cultural. Apre"'ên1~
necessidade de conhecer, sentiu a necessidade de fazer. A suposição de                     .::os sem a sua história e 011
que os alunos normalmente transferem para a vida real o que aprende-                       dade contra a ignorância e ai
ram na sala de aula é questionável. uma vez que fica faltando uma                           movimentos de um animal.'
enormidade de elos entre a abstração da teoria e a solução prática de                       idéias çientífico-tecnológjo
problemas. A descoberta destes elos deve ser objeto de estudo nos                           quanto conhecer a teoria lU
currículos de ciências nas escolas de primeiro e segundo graus.                             dos se'-es vivos e os fell.'ltI
      Os dois pontos de vista enfatizam o processo científico, mas com                      Iünge quando afirma: Para cl
objetivos diferentes: no primeiro. a idéia era fazer de cada cidadão um                     que junto ao estudo dos Cal
cientista em potencial. o que é naturalmente um absurdo; no segundo. o                      também seus aspectos sóóCl
objetivo principal será desenvolver as potencialidades do indivíduo.                        então. dizer que um currial
principalmente no que tange ao espírito crítico. pensamento lógico.                         rico-filosóficos inserido"" d
capacidade de análise e síntese. rigor nas observações e na coleta de                       provavelmente não seria d
informações. além de de'>envolver atitudes sociais. e de relacionamento                     .lluno. Na verdade. uma"
 e de respeito pelas idéias e atitudes de outras pessoas, tudo isto em nm-                   C!'ados nas escolas secundj
ção da vida plena das pessoas.                                                               deles faz qualquer referéoo
      Ora. isto só será conseguido através da prática. o aluno fazendo. o                    'j'ta de datas e/ou nome". ,
aluno constmindo sua própria educação cientítica. A questão é. então.                               Os objetivos educaciül
saber como implementar um currículo de ciências com estas caracte-                           -:urrículo de ciências que et
rísticas. A literatura científica referente à metodologia do ensino cientí-                  -:ientíficos e tecnológicC".
fico indica que o método provavelmente mais adequado para se atingir                         ...ócio-culturais. são. alé~ I
metas acima colocadas é o ensino da ciência como processo, também                            olvimento de habilidade--.
conhecido com a inquirição pedagógica. enfatizada por Schwab (1962).                         -:ientemente dos anseio"" e
Novak (1964). Bingham (1969). Hurd (1964). Morine e Monine (1973),                           qüência atingir uma pJeõ'lil
Rowe (1978). Lunetta e Novick (1982). e outros. Esta metodologia pri-                         naturalmente'os mesmo... d
v ilegia todo um processo de investigação científica. uma grande varie-                      ['ios curriculares. di..cutld
dade de formas que muitas vezes tomam nomes específicos. tais como                            rouco mais próximos da r
método de redescoberta. descoberta. resolução de problemas, ensino                            ","-x:ial e de cada indivídu(ll
 para a investigação e outros. mas que. em última análise. enfatizam o                               Resumindo. pode-~ ..
 processo da busca pelo aluno do conhecimento teórico e a sua aplicação                       que ensinar ciências int~
prática.                                                                                    ","--X:io-histórico-filosóficl.~
     Um outro aspecto enfatizado, neste segundo ponto de vista, é o de que                                     I. torna os cur--"

106                Perspectlva;   1".   CED. Florianópolis, 1(3), 91-111. Jul./Dez. 1984    :   ~:õPecti va;    r, CED. Flor.a=-Cç>:>
reee ir ao encontro do que         a ciência e a tecnologia não existem isoladas. elas estão interligadas com
menio. no século XVII, e          todas as outras disciplinas. principalmente com a história cultural e a
tudiosos da educação que
                                  filosofia. É. provavelmente. muito importante para a compreensão das
tia criança como ponto de         teorias científicas as suas relações com a história sociai e política. como
IJterionnente, a tecnologia       também com as teorias filosóficas subjacentes que por sua vez dimen-
rol. antes que existisse o        sionam e orientam as atividades científicas a cada passo do desenvol-
. antes do homem sentir a         vimento cultural. Apresentar os conhecimentos científicos e tecnológi-
ie de fazer. A suposição de
                                  cos sem a sua história evolutiva. que mostra toda uma luta da humani-
il vida real o que aprende-
                                  dade contra a ignorância e o feiticismo. é como diz Conant ( 1970) tirar os
~z que fica faltando uma
                                  movimentos de um animal. Conhecer a dinâmica da transformação das
ria e a solução prática de
                                  idéias çientífico-tecnológicas. ao longo dos tempos. é tão importante
ser objeto de estudo nos          quanto conhecer a teoria da evoluçáo para a compreensão da variedade
) e segundo graus.
                                  dos seres vivos e os fenômenos ecológicos. Conant (1947) vai mais
:esso científico. mas com         longe quando afirma: Para desenvolver o espírito científico é necessário
lazer de cada cidadão um          que junto ao estudo dos conteúdos e metodologia científicos se estude
m absurdo; no segundo. o          também seus aspectos sócio-histórico-filosóficos. Concluindo. pode-se.
lICialidades do indivíduo.        então. dizer que um currículo de ciências sem os aspectos Sócio-histó-
rico. pensamento lógico,          rico-filosóficos inseridos em seu corpo. seria um corpo morto. e que
~rvações e na coleta de
                                  provavelmente não seria cap3Z de atrair a atenção e a motivação do
ciais. e de relacionamento
                                  aluno. Na verdade. uma na análise se superficial dos livros e textos
pessoas, tudo isto em fun-
                                  usados nas escolas secundárias irá mostrar que. praticamente. nenhum
                                  deles faz qualquer referência histórica. a não ser certa apresentação de
rátiea. o aluno fazendo. o        lista de datas e/ou nomes. sem abordar aspectos sócio-culturais.
ifica. A questão é, então.
                                        Os objetivos educacionais. que se pretende atingir através de um
ncias com estas caracte-          currículo de ciências que englobe. ao mesmo tempo. os conhecimentos
xIologia do ensino cientí-
                                  científicos e tecnológicos. contextos históricos. bases filosóficas e
 adequado para se atingir
                                  sócio-culturais. são. além de uma formação científica sólida. o desen-
 como processo, também
                                  volvimento de habilidades necessárias para um cidadão participar efi-
izada por Schwab (1962).          cientemente dos anseios e trabalhos de sua comunidade e em conse-
~orine e Mon-ine (1973).
                                  qüência atingir uma plenituàe de vida pessoal. Estes objetivos são
>5. Esta metodologia pri-
                                  naturalmente'os mesmos de tantos outros currículos. apenas os princí-
rmea. uma grande varie-           pios curriculares. discutidos nesta monografia. pretendem estar um
es específicos, tais como         pouco mais próximos da realidade e das necessidades de cada gmpo
;ão de problemas. ensino          social e de cada indivíduo em particular.
irna análise. enfatizam o               Resumindo. pode-se supor. com uma certa margem de segurança.
I teórico e a sua aplicação
                                  que ensinar ciências integrando as aplicações tecnológicas e questões
                                  sócio-históri co-filosófi cos:
I   ponto de vista, é o de que
                                             I. torna os currículos de ciências das escolas pré-universitá-

.. 1,3,. 91-111. Jul./Dez. 1984
                                  P1>:-specti'a; r. CED, Florianópolis, 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984   107
rias mais significativos e por isso mesmo mais relevantes;                                        REI
          ") torna o processo ensino-aprendizagem mais eficiente e re-
              lacionado com a vida diária:                                                  AUSUBEL. D P.
          ). permite. mesmo assim. o uso do método de inquirição                                New York. Gil!
              pedagógica nas suas diversas formas:                                          AZEKE. Thomas (
          4. contribui para construir uma cultura científico-tecnológica                       Scíence EduC311
             desde as suas bases:                                                              Paper).
          5. ajuda a ampliar a compreensão da natureza da ciência e                         AZEVEDO. Femall
              da tecnologia pela oportunidade de contrastá-Ias;                                tos. 1954.
          ó. permite relacionar o conhecimento científico com as suas                       BARBOSA. Rui. OI
              aplicações tecnológicas:                                                         cação fi Saúde_'
          7. estú em pleno acordo com os objetivos educacionais tra-
              çados e explicitados em documentos oficiais.
     Analisando-se os currículos de ciências sob o prisma das quatro
                                                                                            BERKHEIMER. G
                                                                                               Education.
                                                                                            BINGHAM. R. M .•
                                                                                                                  t.
úreas de influência. de acordo com Schwab (19ó2). foi possível detectar                        Kansas Ciry. I
certas características que deveriam permear todo o processo de ensino-                         1969.
aprendizagem. Mas. a implementação de um currículo com estas carac-                         BIRSH. Charles.
terísticas vai certamente criar um certo número de problemas quahto                            Science Teach
ús úreas de formaçào adequada aos professores. aos livros textos que                        BLACK, Max. A.rI!
mio existem. ú integraçào do ensino de ciências no currículo global. ao                        technolog}. In:
material didático-pedagógico. etc. Dentre eles. o mais importante e o                       BOOTH. Norman.
mais urgente a ser resolvido é o da formação e profissionalização do                           integrated scid
professor de ciências. Com a solução deste problema. os outros serão                        BRASIL. Minisleri
parcialmente resolvidos. O tipo de currículo sugerido. aqui. exige uma                         mento. Porto ~
preparaçào um tanto diferente dos programas usuais de formação de                           BRUNER. JER0'
professores de ciências. Sabe-se que nos programas usuais a ênfase está                            lrvard Cni"c
no puro conhecimento factual. enquanto que o tipo de currículo suge-                        BL·":E. Mario. 1
rido necessita de um professor que saiba identificar e interpretar os in-                        :'::-76. Easl I.....Ul
dicadores de cada uma das quatro úreas de influência. Esta não é uma                            - . Te~ .~
tarefa fúcil de executar.                                                                       ;-ibutions to ~
      Muitos outros problemas certamente irão ocorrer com a transfor-                              19-39.
maçao curricular. mas se realmente alguma coisa deve ser feita para                              - . Toard:
melhorar o ensino de ciências nas escolas pré-universitá.rias. para torná-                      ~chnology. LA
lo mais sij.mificativo aos alunos. para construir uma cultura científica e                  CH. :IAS. Walnir.
desenvólvimento-tecnológico. entào. certamente. um dos primeiros                            CO~ ENIVS. JOOIl
pa'iSOS terú que ser um ensino que conecte o conhecimento científico às                        louste Gulbenl
aplicaçõe'i tecnológicas. ú história. à filosofia e às características sócio-               CONANT. Jamn
culturais de cada comunidade.                                                                  Press. 19·C

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                     Science Education Center. University ofIowa. 1980. (Oraft Copy).
~.     1984
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Ensino de Ciências nas Escolas Brasileiras

  • 1. e momento é o 19 professores I prÓpria escola lizagem e busca o Ensino de Ciências Ira sou eu quem nas Escolas Brasileiras anização. Acho ceita pré-elabo- JOSÉ ERNO TAGLIEBER* RESUMO Os currículos de ciência. surgidos nas escolas secundárias na . de modo implícito. década imediatamente posterior ao Sputnik ( 1957). enfatizaram. de I en una concepción maneira geral. a natureza da Ciência e se propuseram a desenvol- ~mplir csc proyecto ver nos alunos a hahilidade da inquirição como um meio para . de un ejército de desenvolver uma cidadania funcional. Entretanto. após vinte e lente. en su práctica cinco anos de aplicação destes curriculos. a educação científica .jetos y con el cono- de dependencia y de está em crise nos países mais desenvolvidos. O Brasil. como um rnbajo me propongo país em desenvolvimento. necessita construir uma cultura tecnoló- es con el objetiv~ de gica para poder desenvolver harmoniosamente todos os níveis de ; para la transforma- sua sociedade. Propomos. como um dos primeiros passos desta es. transformação sócio-cultural. um ensino científico baseado no pro- RIÊNCIA cesso metodológico. relacionando não só o conhecimento e as aplicações tecnológicas. mas também os fenômenos sócio-cultu- Nueva Visión, rais. Nosso contato diário e constante é com a tecnologia e não com a Ciência. como afirmou Goodlad (1973). E. poder-se-ia acrescen- ~nos Aires, 1977. tar que as percepções destes contatos. os pensamentos e as ações ,ica. GEDISA, são coordenados e orientados pelos valores sócio-culturais privile- giados pela sociedade na qual a pessoa está inserida. É. portanto. nes, GEDISA, pedagogicamente aconselhável fundamentar o ensino científico nas aplicações tecnológicas próprias da cultura da sociedade onde o aluno vive. para que possa compreender e atuar eficazmente no ultura. D.S.E., seu meio ambiente. n la sociología INTRODUÇÃO I.Madrid, 1980. Na presente monografia serão tratados a princípio, certos aspectos México. da educação científica no Brasil para uma melhor compreensão do tema. sector docente. • Professor do Centro de Ciências da Educação (Departamento de Metodologia de Ensino l tación. C.LE, da UniverSIdade Federal de Santa Catarina. 3-90. JUI./Dez. 1984 Perspectiva; r. CED. Florianópolis. 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984 91 ---------- -------
  • 2. Serão apresentados e discutidos dois pontos de vista: o primeiro que se curricular, foi a lei 569~'71 refere aos argumentos em que foram baseados os currículos de cíências científico na educação pré-u desenvolvidos nos Estados Unidos e trazidos para o Brasil na década de tido de diminuir o tempo di- 60; e o segundo que diz respeito aos argumentos baseados nas diferenças estudo científico. Esta lei g e semelhanças entre a Ciência e a Tecnologia e o significado, para o como a nível prático e. cor ensino de ciências. da aplicação destes princípios num determinado filosófico, embora bem inter contexto cultural. E. finalmente. serão discutidos os efeitos das mudan- terísticas da população bra ças no ensino científico nas escolas pré-universitárias brasileiras se o "achismo" _do "generalisn segundo ponto de vista fosse adotado. (Quando falamos em escolas pré- lismo". A nível prático. a fa universitárias. referimo-nos às escolas de l'? e 2'? graus). implementação da lei leH)(J fracasso. A' nível político. educacional que satisfaça ~ OS CURRÍCULOS DE CIÊNCIAS NAS ESCOLAS SECUNDÁRIAS ros. No presente trabalho 504 A educação científica brasileira nas escolas secundárias não tem Nas poucas pesqui~ 3 uma tradição. Assuntos científicos começaram a ser introduzidos, ofi- ção da lei 5692171. o conhe cialmente. nas escolas secundárias a partir dos idos de 1970 (Barbosa, eminentemente factual. tipi 1942). Mas. foi apenas na década de 30 que começou a formação-dos cessariamente compreendida professores de ciências. para as escolas de primeiro e segundo graus, 1983; e outros). Nesta dird com a implantação das faculdades de filosofia. ciências e letras nas próprios processos cientificr universidades e institutos de ensino superior. Azevedo (1954) afirma em vez de meios criadores 4 que a Ciência nunca foi uma tradição cultural brasileira e ainda hoje o vezes. percebe a inutilidad conhecimento científico não é privilegiado nos currículos das escolas de Radhakrisma (1979) recoo1 primeiro e de segundo graus. desenvolvimento: Na curta história dos currículos brasileiros de ensino de ciências "OpresJl para escolas pré-universitárias. houve pelo menos duas fontes de influên- alienaçãl cias; a) antes da Segunda Guerra Mundial, quando os currículos dos causada países europeus. principalmente da França e da Alemanha. foram tra- escola e duzidos e usados em nossas escolas. sob a forma de livros didáticos - e Aqui está, provavelmenll estes eram altamente factuais; b) após a segunda grande guerra mundial. frustração e conseqüente t quando os livros americanos entraram no Brasil. como também certos Um terceiro fator que convênios internacionais foram celebrados e estes decisivamente influí- cias nas escolas. princq. ram nos conteúdos e práticas pedagógicas das aulas de ciências. No vestibular; testes de con. primeiro período era enfatizado o conteúdo factual, e no segundo a não nos cursos superiort ênfase estava certamente no processo científico. Neste último período escolas secundárias adaI vamos encontrar os currículos produzidos na década dos anos 60, tais conteúdos cobertos ))OI' • como o BSCS. PSSc. o CHMS. e outros (Maybury, 1975). que a eficiência desses pI Um outro fato importante. relacionado com o desenvolvimento número de alunos que I 92 Perspectiva; r. CED. Florianópolis. 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984 Perspectiva; r. CED. F;.:.:-.c:III - .- ------------
  • 3. : o primeiro que se curricular. foi a lei 5692f71 que. se de certa forma favoreceu o ensino riculos de ciências científico na educação pré-universitária. também o prejudicou. no sen- lrasil na década de tido de diminuir o tempo disponível aos professores de ciências para o dos nas diferenças estudo científico. Esta lei gerou controvérsias tanto a nível filosófico ,ignificado, para o como a nível prático e. como conseqüência. a nível político. A nível num determinado filosófico. embora bem intencionada. parece não respeitar certas carac- ~feitos das mudan- terísticas da população brasileira. tal como uma certa tendência ao as brasileiras se o "achismo". do "generalismo" e, conseqüentemente. ao "superficia- os em escolas pré- lismo". A nível prático. a falta de recursos materiais e humanos para a us). implementação da lei levou necessariamente a educação brasileira ao fracasso. A' nível político. ainda estamos por encontrar um sistema educacional que satisfaça às nossas necessidades de cidadãos brasilei- ;SECUNDÁRIAS ros. No presente trabalho será analisada apenas a educação científica. :undárias não tem Nas poucas pesquisas avaliativas. feitas no Brasil. após a aprova- . introduzidos. ofi- ção da lei 5692f71. o conhecimento científico dos alunos mostrou ser de 1970 (Barbosa. eminentemente factual. tipicamente conteúdos memorizados. não ne- )u a formação' dos cessariamente compreendidos (Schiefelbein e Simmons. 1980; Taglieber. , e segundo graus. 1983; e outros). Nesta dinâmica. pode-se incluir a memorização dos :ncias e letras nas próprios processos científicos. tomando-os meras rotinas de verificação redo (1954) afirma em vez de meios criadores de novos conhecimentos. O aluno, não raras eira e ainda hoje o vezes, percebe a inutilidade dos conteúdos ensinados. Este problema ulos das escolas de Radhakrisma (1979) reconheceu como comum a todos os países em desenvolvimento: ensino de ciências "O presente sistema de educação científica levou à s fontes de influên- alienação dos problemas e objetivos nacionais. por os currículos dos causa da falta de vínculos - entre o que é ensinado na manha. foram tra- escola e o que é vivido no dia a dia". (p. 143) vros didáticos - e Aqui está. provavelmente. uma das maiores causas do desânimo e de guerra mundial. frustração e conseqüente abandono da escola. pelos alunos. mo também certos Um terceiro fator que possivelmente influiu nos currículos de ciên- cisivamente influí- cias nas escolas. principalmente nas de segundo grau, é o concurso LS de ciências. No vestibular; testes de conteúdos que servem para decidir quem entra ou I. e no segundo a não nos cursos superiores. Uma grande maioria dos professores de ste último período escolas secundárias adapta seus programas para refletir as áreas de 1 dos anos 60. tais conteúdos cobertos por vestibulares de anos anteriores. E isso faz com 1975). que a eficiência desses professores ou da escola seja inferida a partir do , desenvolvimento número de alunos que consegue entrar nos cursos superiores. Um H-lU. Jul.jDez. 1984 Perspectiva; r. CED, Florianópolis. 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984 93
  • 4. rápido exame dos itens propostos nestes testes mostra que o conheci- já foi questionada por ( mento exigido é. em geral. factual e que facilmente pode ser memori- outros. Mesmo sem lU zado. Mas. o problema maior não é o teste em si, e sim o pequeno Brasil, sabe-se que os I número de alunos que efetivamente atinge os cursos superiores. De Pelos fins de 1956 e com acordo com dados do IBGE. apenas 40 por cento nas cidades maiores e Associação Americana I menos de 10 por cento nas cidades interioranas (1980). Conseqüen- nal de Professores de C temente. os alunos das escolas secundárias estudam currículos visando básicas concernentes ali: cursos superiores. entretanto a grande maioria não chega ao limiar dessas nos Estados Unidos: qII escolas. a) OscurrÍculosdc Um exame dos documentos oficiais-leis. pareceres resoluções ou tiam os pontos d programas estaduais mostra que os objetivos do ensino de ciências aí que era ensinad sugeridos podem ser resumidos desta forma: mento científia a) "conhecer e compreender conceitos científicos básicos e fenô- nado. também I menos naturais: ciência assim eI b) conhecer e aplicar o método científico; pensamento pn c) compreender as relações entre ciência pura e aplicada; duos que soube d) compreender a contribuição da Ciência para o bem-estar do (Wolf, 1959). Homem e a importância da Ciência para o de~envolvimento b) A unidade da C econômico-social" (Parecer 853;71; Resolução 08;71; SE/SC cundárias desaI 1976; e outros). nectados entre Destes objetivos gerais cada sistema escolar ou escola individual. 1959). Por caus professor. ou mesmo cada disciplina científica deverá desenvolverobje- rio não poderi tivos específicos para o ensino de ciências. Embora, à primeira vista. os Ciência realmcl objetivos pareçam de fundamental importância para o Desenvolvimento c) É impossível et de um ensino eficaz. a realidade prática é bem outra. tido nos livros I claramente sob PRINCÍPIOS NORTEADORES DOS CURRÍCULOS com idéias sea ATUAIS DE CIÊNCIAS associadas a .. zação e se esq Uma vez que os currículos de ciências aplicados no Brasil, como foi mentos. visto anteriormente. tiveram origem em currículos norte-americanos. d) Os conceitos d produzidos na década de 60. seria interessante saber os pontos de vista tões tecnoJógíl que levaram os professores e educadores daquele país a produzir tais novosconceiUI currículos. Quais seriam os argumentos teórico-praticos que fundamen- às salas de auII taram por exemplo o PSSC, o CHMS, o BSCS e tantos outros, tradu- de organizaçãl zidos ou adaptados para serem utilizados em escolas brasileiras? maior gama de' Não será discutida, aqui, a validade dos currículos de ciências que novos priocípi enfatizam um conteúdo factuaL uma vez que a eficácia destes currículos necessário SOl 94 Perspectiva; r. CED, Florianópolis, 1(3), 91-111. JUl./Dez, 1984 Perspectiva; r. CED. F:~ '<-=... _. -- -- -- - - _._------------
  • 5. ue o conheci- já foi questionada por Conant (1947), Schwab (1962), Klopfer (1971) e : ser memori- outros. Mesmo sem uma avaliação objetiva deste tipo de ensino no m o pequeno BrasiL sabe-se que os resultados são desastrosos em termos efetivos. !periores. De Pelos fins de 1956 e começos de 1957, o Instituto Americano de Física. a des maiores e Associação Americana de Professores de Física. e a Associação Nacio- . Conseqüen- nal de Professores de Ciências reunidos chegaram a quatro conclusões cuIas visando básicas concernentes aos currículos de ciências das escolas secundárias ) limiar dessas nos Estados Unidos; que são: a) Os currículos de ciências das escolas secundárias não mais refle- resoluções ou tiam os pontos de vista da comunidade científica (Little, 1959). O de ciências aí que era ensinado nas escolas não era exatamente um conheci- mento científico. Portanto. se não era ciências o que era ensi- ásicos e fenô- nado, também não poderia haver grande esperança de que a ciência assim ensinada pudesse atrair pessoas capazes de um pensamento profundo e abstrato, muito menos formar indiví- Icada; duos que soubessem lidar com situações complexas e abstratas bem-estar do (Wolf, 1959). envolvimento b) A unidade da Ciência dos currículos ensinados nas escolas se- )Sal; SE/SC cundárias desapareceu numa variedade de conteúdos, desco- nectados entre si. que foram aos poucos introduzidos (Little. lIa individual, 1959). Por causa da mistura destes conteúdos. o aluno secundá- :nvolver obje- rio não poderia desenvolver uma percepção clara do que a neira vista, os Ciência realmente é. envolvimento c) É impossível ensinar razoavelmente bem tudo o que estava con- tido nos livros textos para cada ano letivo (LittIe. 1959). Havia claramente sobrecarga de conteúdos nos programas de ciências JLOS com idéias secundárias e periféricas de aplicações tecnológicas associadas a uma metodologia de ensino que induzia à memori- zação e se esquecia da compreensão e aplicação dos conheci- 'aSil, como foi mentos. :-americanos, d) Os conceitos científicos eram minimizados em relação às ques- )ntos de vista tões tecnológicas e sociais (Little. 1959). o que impedia que produzir tais novos conceitos de fronteira da pesquisa científica adentrassem ue fundamen- às salas de aula do secundário. "A produção de novas maneiras mtros, tradu- de organização dos conhecimentos tem provavelmente uma .ileiras? maior gama de valores que a produção de benefícios materiais ou : ciências que novos princípios" (Little, 1959). Em outras palavras, não é tes currículos necessário somente ensinar os conceitos científicos. mas. prin- . JUl./Dez. 1984 Perspectiva; r. CED, Florianópolis. 1(3), 91-111. Jul./Dez. 1984 95
  • 6. forma homogênea. Na I cipalmente. como estes conceitos e princípios foram descober- ilhas num oceano. Pou tos - o processo científico de inquirição, a natureza do conhe- tradição no ensino ciemi cimento científico. gresso e o desenvolyirnt Um outro argumento. em favor da renovação dos currículos de eiên- de pessoas. cias na década dos anos 60. foi levantado por Easeley (1959): a duração do tempo para ensinar ciências. Diz ele: AS BASES D "Assim como os valores metodológicos e científicos necessi- tam ser usados repetidamente. a fim de serem assimilados pelos alunos. assim também os conceitos e princípios físicos A fim de compreel (científicos) necessitam ser ordenados de forma cuidadosa importados e os curricu para prover um ensino eficaz e isto absorve muito tempo". dades reais de cada com de influência curricular Tal método de ensino toma larga escala de tempo se realmente se meio; b) a prontidão do i quer enfatizar a natureza do conhecimento científico. o processo da in- d) a natureza do conteÍKl quirição e ainda dominar os conceitos e princípios científicos chaves. E, do ponto de vista. portanto. aplicações tecnológicas e questões periféricas teriam que ser Hurd (1976) já pre"l eliminadas dos currículos de ciências das escolas pré-universitárias a ciências e caracterizou • fim de se atingir a meta de formar indivíduos capazes de lidar com si- char a lacuna entre o q tuações complexas e abstratas. deveria significar em llQ Todos os currículos trazidos para o Brasil tiveram estas caracterís- sados já estavam consei ticas. isto é. ênfase no processo e na natureza do conhecimento cien- suas universidades: .. ~ tífico. Estas características são as que, no Brasil. identificam a escola significar que o ensino d novista. embora deva ser mencionado que estes currículos não foram foi feita para o indivídul introduzidos em toda sua integridade. Em outras palavras. na maioria dia-a-dia. das vezes. estes currículos foram trazidos apenas em parte: ou só os Examinando de na livros textos ou cadernos de atividades de laboratório. deixando-se· fora culos de ciências para, da tradução brasileira ou audiovisuais. filmes. e partes importantes dos legisladores estão de ao laboratórios. são e aplicação dos 00Il Concluindo. pode-se dizer que os currículos da década de 60 obje- promover o processo !l tivavam a formação de um cientista em cada cidadão. Ou melhor. preconizavam o método científico cOVlO método de vida. As conse- qüências. 25 anos depois de sua introdução. são bem conhecidas através do Projeto Síntese de Harms e Yaager (1981). Como estes mesmos Para o Brasil. 031 autores concluem. a educação científica norte-americana está em pro- vencer as dificuldades. funda crise. E embora possa haver causas as mais variadas. estes no desenvolvimento lCl currículos certamente contribuíram para o "status quo". humana. Mas. desen.. Em relação à educação científica brasileira pode-se dizer e reco- trabalhos que exigem, nhecer que houve progressos em certas regiões do país. mas não de Perspectiva; r. CED. F:.==-. 96 Pe:'specti'a; r. CED. Florianópolls. 1(3), 91-111. Jul./Dez. 1984 I l.
  • 7. forma homogênea. Na realidade, estas regiões representam pequenas foram descober- ilhas num oceano. Poucas lideranças se desenvolveram e nenhuma tureza do conhe- tradição no ensino científico ainda se fixou, pois, provavelmente, o pro- gresso e o desenvolvimento ainda estão ligados a um reduzido número llrrículos de <i:iên- de pessoas. (1959): a duração AS BASES DOS CURRÍCULOS DE CIÊNCIAS ~ntíficos necessi- PARA O FUTURO :rem assimilados princípios físicos A fim de compreender melhor as diferenças entre os currículos orrna cuidadosa importados e os currículos de ciências que devem nascer das necessi- e muito tempo". dades reais de cada comunidade. a análise basear-se-á nas quatro áreas de influência curricular sugeridas por Schwab (1962): a) a pressão do ~ se realmente se meio; b) a prontidão do aluno; c) as condições do processo de ensino: e o processo da in- d) a natureza do conteúdo programático. Esta análise constitui o segun- tíficos chaves. E, do ponto de vista. :as teriam que ser Hurd (1976) já previu a necessidade de mudança nos currículos de é-universitárias a ciências e caracterizou o currículo ideal como aquele que deveria "fe- 5 de lidar com si- char a lacuna entre o que é ensinado nos cursos de ciências e o que deveria significar em nossas vidas". Esta idéia não é nova. Os antepas- 1 estas caracterís- sados já estavam conscientes disto e já o escreveram no frontispício de nhecimento cien- suas universidades: "Non scholae. sed vitae discimus", o que quer ~ntificam a escola significar que o ensino deveria ter como meta a vida quotidiana. A escola ículos não foram foi feita para o indivíduo se preparar para uma existência eficaz no seu livras, na maioria dia-a-dia. n parte: ou só os Examinando de novo os objetivos gerais sugeridos para os currí- deixando-se fora culos de ciências para as escolas brasileiras, pode-se perceber que os 5 importantes dos legisladores estão de acordo com o segundo ponto de vista: a compreen- são e aplicação dos conhecimentos científicos na vida quotidiana para écada de 60 obje- promover o processo social. dão. Ou melhor, vida. As conse- A PRESSÃO DO MEIO lnhecidas através 10 estes mesmos Para o BrasiL nas condições atuais. existe um único meio para :ana está em pro- vencer as dificuldades quanto ao progresso social: investi r maciçamente 5 variadas, estes no desenvolvimento tecnológico nacional em todas as áreas da atividade o". humana. Mas. desenvolvimento tecnológico implica em mais e mais =-se dizer e reco- trabalhos que exigem conhecimentos científicos aprofundados. Entre- país, mas não de Perspectiva; I'. CED, Florianópolis, 1(3), 91-111. Jul.jDez. 1984 97 1-111. Jul./Dez. 1984
  • 8. tanto de onde virão os operários especializados? Evidentemente, das que foi ~ escolas do primeiro e segundo graus. Mas de acordo com Jones (1971): cias de'-cj "Uma das maiores fraquezas - falando de países em desen- tifico ~ volvimento - é a ineficiente educação científica oferecida nas tecnologij escolas secundárias ... para a grande maioria da população a educação secundária precisa ser replanejada como um ponto terminal ... com ênfase em novos conhecimentos científicos, habilidades e atitudes mais apropriadas às necessidades do Oahl emprego e da vida". nhecimenl Por outras razões. o mesmo consenso foi sentido por alguns educa- foreducad dores norte-americanos nos Estados Unidos (Harms e Yager, 1981). acompref! Watson et al. (1978). num relatório em que identificaram algumas prio- próxima d hdades para a educação científica nos Estados Unidos, afirmam: fl657)já <I " ... conhecer e compreender não é suficiente, é essencial já conhece labutar com habilidades para uma bem sucedida aplicação de Se ad conhecimentos que justifiquem decisões e ações relativas a será deter1ll toda uma gama de problemas que os indivíduos serão obriga- ficados por dos a enfrentar agora e no futuro" conhece0" No Brasil. um país em desenvolvimento. não se pode fazer as a tecnoJogi mesmas pressuposições como as que foram feitas na década de 60. A relevante a tecnologia ou a ciência aplicada não está isertta dos traços culturais do ciências pa país onde foi produzida. nem mesmo os currículos de ciências (Azeke, as crianças 1980): portanto aquelas aplicações do conhecimento científico deveriam agradá'eis I _ 0In0'5 d endereçar )robema~'legi.cma''''' cama o~stein (WB») recomendou. Mo- ravcsik (1976) um estudioso da educação científica em países em desen- ~erdc volvimento. concluiu: ~ lDO'.i "Um primeiro e principal esforço deve ser dirigido para a SoBn construção de um sistema de educação científica substancial e c..-sdc de alta qualidade. bem ajustado às condições locais". ""7'OAs Iléa Quando condições locais devem ser consideradas, está claro que o ,_. ias 1eC que importa. em última análise. são as aplicações da ciência, não neces- • "t .wb iICi _ _ lO.. li: sariamente a ciência em si. Portanto. a pressão. do meio exige muito mais a tecnologia do que a ciência que a produziu. Mas. é preciso * A:'S CJ! esclarecer que se de um lado o meio exige a tecnologia. por outro lado a ~~dl tecnologia. necessariamente. deve partir do conhecimento científico. O 1Iicas em .::a que se pode concluir é que o ensino de ciências. nas escolas pré-univer- lO !I! OCII sitárias. deve fazer necessária ligação entre a tecnologia do dia-a-dia e o ---.,~~ conhecimento científico a ser aprendido na escola. Contrariamente ao =-rh~ .l 98 Perspectiva; r. CED. Floríanópolls, 1(3). 91-111. JUL/Dez. 1984 L.
  • 9. entemente, das que foi pensado para os currículos dos anos 60, os professores de ciên- m Jones (1971): cias devem, de certa forma, partir das aplicações do conhecimento cien- líses em desen- tífico para a explicação das ciências puras e voltar novamente para a :a oferecida nas tecnologia por uma exigência do meio. da população a :omo um ponto A PRONTIDÃO DO ALUNO Itos científicos, ecessidades do O aluno vive em um mundo de tecnologia. não num mundo de co- nhecimentos científicos. pelo menos ele não perceberá a ciência se não Ir alguns educa- for educado para isto (Goodlad. 1973). Certamente é mais fácil ao aluno ~ Yager, 1981). a compreensão da realidade que conhece melhor. aquela que está mais 11 algumas prio- próxima dele. e que é certamente tecnológica por natureza. Comênio afirmam: (1657)já dizia: "Deve-se começar a ensinar a partir daquilo que o aluno Ite. é essencial já conhece". la aplicação de Se a ciência é determinada pela pergunta "por que". a tecnologia ões relativas a será determinada pela pergunta "como", colocadas em termos simpli- s serão obriga- ficados por Goodlad (1973). É fácil concluir que existe mais gente que conhece o "como" do que conhece o "por que". Isto parece indicar que pode fazer as a tecnologia ou a ciência aplicada torna o ensino das ciências mais ~da de 60. A relevante aos alunos. Booth (19801. escrevendo sobre currículos de os culturais do ciências para escolas britânicas. intitulados Technologia. afirmou que ências (Azeke, as crianças acharam as atividades baseadas em ciências aplicadas mais lífico deveriam agradáveis e diyertidas". Hofstein (19801. por sua vez. é de opinião que omendou. Mo- os cursos de ciências. com orientação tecnológica. são mais motiva- líses em desen- dores e relevantes para os estudantes. e que algumas avaliações destes cursos mostraram que eles aumentaram seu número de matrículas. lirigido para a No Brasi1. a matrícula nas escolas técnicas secundárias aumentou a substancial e em mais de 400 por cento entre 1970 e 1976 (MI. 1976). Mesmo que as leais" . escolas técnicas secundárias não sejam a mesma coisa que cursos de stá claro que o ciências tecnologicamente orientados. parece mostrar o que os alunos ~ia, não neces- de segundo grau gostam de estudar. É evidente que. ao nível pré-uni- io exige muito versitário. existe pouca possibilidade de que se produzam novos conhe- las, é preciso cimentos em ciências ou em tecnologia: mas isto não significa que seja or outro lado a impossível melhorar o entendimento e desenvolver as habilidades bá- o científico. O sicas em cada uma destas áreas a este nível. las pré-univer- Um outro aspecto que necessariamente deve ser abordado são as lo dia-a-dia e o condições psicológicas do aluno que devem ser respeitadas. E nestas rariamente ao condições a tecnologia aparentemente desempenha um papel muito 1. JuL/Dez. 1984 Pe:spectiva; r. CED, Florianópolis,· 1(3), 91-111. JuL/Dez. 1984 99
  • 10. mais importante que a ciência. Pelo motivo citado acima. a tecnologia estú mais próxima do aluno. psicologicamente. do que a ciência. Pode- ficos el1l se. então. inferir que o conhecimento prévio das coisas em torno do ção tn .... aluno é um passo muito importante na sua aprendizagem. Piaget (1978) afirma que o conhecimento se gera na ação do indivíduo sobre o objeto. .icada lantellu'lflC e abonI . 'metodologia cieI isto é. na interação do indivíduo com o meio e se isto for a realidade. então. a ciência aplicada deverá necessariamente ser o ponto de partida .:la e a tecnokJ,gi:l para o ensino das ciências. duas destruiria a i O nível de desenvolvimento mental determina quão longe cada frisamos apena" 4 aluno pode se afastar dos fatos concretos. A educação científica tem por sítárias. urna '°ez ohjetivo não a pura informação. mas principalmente dar oportunidade ~fk:iente para e'I aos alunos para desenvolverem suas habilidades e potencialidades. noIogia. para e'l Advém. daí. a necessidade do professor de ciências de acompanhar o t'nlCe S50 e n" i",-"l-i aluno nas suas atividades e constantemente avaliar seu estado de pron- grande. tidão em relação ao domínio de conhecimentos em diferentes níveis: Se de um laI concreto. pré-operatório. operativo ou estágio formal. De certa forma. 'ez mais importai toda atividade pedagógica deveria iniciar-se pelas coisas concretas por .:t."lf1hecimento-. é três motivos: primeiro. por causa da prontidão psicol6gica do aluno: 00 conhecimentJ t 19fP- I. falando di segundo. por causa da natureza da ciência: e. terceiro. por causa do ohjetivo do ensino das ciências - formar um espírito observador. ana- -n.am que "ele.. 1(1 lítico e crítico da realidade concreta que cerca cada indivíduo. der algumas das I Resumindo. pode-se então concluir que as condições psicológicas oiê.:ulos pela hUfll do aluno deverão ser conhecidas e consideradas quando da formulação rora adquirir e • de novos currículos de educação científica. As implicações deste crité- .:t."lfT1unicar sol~ rio vão provavelmente exigir uma maior individualização do ensino e asbabilidadesqul re}líonalizaçüo dos currículos. "lSigação. Em G deve. de cena foi! AS CONDIÇÕES DO PROCESSO DE ENSINO IDa.. os coobecioI -.dogmas de ensiII Bunge (197h) afirma categoricamente que"' A tecnologia comparti- retrata a naturen lha com a ciência um rico conjunto de proposições epistemológicas"; e. : dinã.mi-=a I ~ percepção dll ainda mais. afirma que: "Metodologicamente. a pesquisa tecnológica ~'oluti'a de .:onI não é diferente da pesquisa científica". A investigação científica e a tecnológica iniciam com fatos e objetivos diferentes e têm necessaria- ~"'irão se desen". mente produtos finais diferentes. mas a metodologia da busca dos co- je gerar ( conhl nhecimentos é a mesma. Estas idéias são compartilhadas também por 'Detodologia de C Rapp (1974) e Mantel1 (1969). Rapp dizia: .iades. tais como 4 "'no momento em que o conhecimento e metodologia cientí- .:amente na liten nquírição I ~-h"1 100 Perspectiva; r. CED, Florianópolis, 1 (3), 91-111. Jul./Dez. 1984
  • 11. :ima. a tecnologia ficos entram na tecnologia. elas se transformam em investiga- e a ciência. Pode- ção tecnológica". lisas em tomo do ~em. Piaget (1978) Mantell concorda que. em sentido amplo. pesquisa básica. pesquisa uo sobre o objeto. aplicada e abordagem sistêmica, cabem, na verdade. no conceito de :0 for a realidade. "metodologia científica" comumente aceita. Em outras palavras, a ciên- o ponto de partida cia e a tecnologia estão tão entrelaçadas que a separaçâo artificial das duas destruiria a imagem real de ambas. Se isto for assim. por que então quão longe cada frisamos apenas os conhecimentos científicos. nas escolas pré-univer- I científica tem por sitárias, uma vez que estudantes deste nível ainda não estão maduros o dar oportunidade suficiente para entender as vantagens da separação da ciência da tec- : potencialidades. nologia. para explicar o meio ambiente onde vivem? Em termos de de acompanhar o processo ensino-aprendizagem. parece ser uma falha curricular muito ~u estado de pron- grande. diferentes níveis: Se de um lado os conhecimentos científico-tecnológicos são cada 11. De certa forma. vez mais importantes na vida das pessoas, o processo de criação destes ,isas concretas por conhecimentos é igualmente importante porque é o processo da busca :016gica do aluno: do conhecimento que desenvolve a atitude científica. Lunetta e Novik ~iro. por causa do (]982). falando da responsabilidade dos professores de ciências. afir- ) observador. ana- mam que "eles (os professores) devem ajudar os alunos não só a apren- indivíduo. der algumas das mais importantes descobertas, acumuladas ao longo dos lições psicológicas séculos pela humanidade. mas principalmente desenvolver habilidades ndo da formulação para adquirir e descobrir novas informações. resolver problemas e cações deste crité- comunicar soluções" (p. 195). Ora. estas habilidades acima citadas são zação do ensino e as habilidades que os cientistas e engenheiros usam nas atividades de in- vestigação. Em outras palavras, a metodologia do ensino das ciências deve, de certa forma, ensinar a ciência como um processo. De outra for- NSINO ma, os conhecimentos científicos e tecnológicos se transformariam em "dogmas de ensino", verdades prontas, acabadas, o que certamente não ~nologia comparti- retrata a natureza do conhecimento científico. istemológicas": e. A dinâmica usada no ensino de ciências deve possibilitar ao aluno squisa tecnológica uma percepção das limitações da abrangência e de certa forma a história lção científica e a evolutiva de conhecimentos científico-tecnológicos. Estas percepções , e têm necessaria- só irão se desenvolver se houver uma participação concreta no processo l da busca dos co- de gerar o conhecimento. aplicando as habilidades necessárias. A l1adas também por metodologia de ensino que proporciona o desenvolvimento de habili- dades. tais como observar. coletar dados. analisar. pensar lógica e criti- Iletodologia cientí- camente na literatura científica é em geral denominada de método de inquirição (Schwab. 1962: Novak, 1964: Bingham. 1969: e outrosl. Re- 91-111. Jul./Dez. 1984 Pelspectiva; r. CED, Florianópolis, 1(3), 91-111. JuJ./Dez. 1984 101 -----------------_ .• _ - - ---
  • 12. sumindo - a metodologia do ensino de ciências deverá focalizar três habilidade e experiélll aspectos: o conteúdo a ser trabalhado. que deve ter aplicações regio- de um sistema tecf1l~ nais: o processo da produção do conhecimento científico. que é impor- mento metodológ.ico.~ tante para a compreensão da natureza da ciência: e as habilidades ou logia é também uma potencialidades dos alunos necessárias para agirem eficazmente no seu conhecimento. o hom meic amhiente. Ohservados estes três aspectos. seria. então. possível mais eficientes para 31 cohrir todos os objetivos contidos na lei e os desejáveis para o desen- Uma outra caracl volvimento individual. é que a primeira ~ ~si Um fato deve ser ressaltado aqui. Juntar as aplicações tecnológicas nentemente sintetizan aos conte':idos e processos científicos. no sentido de ciência. não fico universal é a anãI sil!nifica. necessariamente. uma mudança na metodologia proposta. Ao única maneira que as fl contrúrio. amplia e emiquece esta metodologia com novas possibili- de quebrar os complell dades. propriedades e interrci Por fim. o professor de ciências. como em qualquer método de fica é generalizável a li ensino. desempenha uma função crucial: a eficiência dos currículos de lado. Markov, citado. ensino. qualquer que seja ela. depende da preparação. motivação e atua- sempre dependente dIl ção do professor. Portanto. a adequada preparação do professor de das pelo Homem com ciências. para desenvolver um currículo com as características mencio- tados planejados". fj nadas aqui sugerida. análise é encontrada n Deve ficar clam qI A NATCREZA DO CONTEÚDO PROGRAMATICO cimento científico. BLI DE CIÊNCIAS áreas da atividade hUI das quais deve-se dn1 Se no passado o conhecimento tecnológico. em geral. precedeu o cularmente visí'el no I conhecimento científico. nos dias de hoje. aciência está definitivamente lógica. Contrariamenll mais avançada. Entretanto. para o desenvolvimento de ambas. na atua- ficos e de aplicação li. lidade. deve existir uma forte interdependência (Conant. 1974). A idéia Em relação ao e~ de cOlllplementariedade entre a ciência e a tecnologia foi enfatizada por questão fundamental ~ Bun.l!e (1972. 1974. 1977). Fiebleman (1972). e outros; mas. as metas são conteúdos tecnológk..... certamente diferentes. Skolimowski (1972) afirma: escolas brasileiras'? HI .. A ciência tem como meta a ampliação do nosso conheci- tizado em diverso" n mento atravé" do desenvolvimento de teorias cada vez melho- científicas. ou congre' res: a tecnologia. ao invés. cria novos artefatos com a finali- 1. "A ciên.:i; dade de au mentar a eficáci:t" . ') Os no~ No entanto. a tecnologia não produz simplesmente novos artefatos rápido e el ,- artefatos S~to. na verdade. um produto da tecnologia. não a tecnologia de vida e I em si - que é, da mesma forma como a ciência. um conhecimento. 3. Mais pe<;q Como diz Black (1977). a tecnologia produz "know-how". técnica. mas con.: 102 , Perspectiva; r. CED. Florianópolis. 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984 ?::~-spectiva; _. CED ~:,:-:: L
  • 13. everá focalizar três habilidade e experiência. Ele afirma ainda: "o conhecimento relevante ~r aplicações regio- de um sistema tecnológico bem sucedido é. em essência. um conheci- ltitico. que é impor- mento metodológico. de procedimento". A questão aqui é que a tecno- e as habilidades ou logia é também uma forma de conhecimento e. desenvolvendo este eficazmente no seu conhecimento. o homem se torna capaz de produzir artefatos cada vez ria. então. possível mais eficientes para as finalidades que foram planejadas. ãveis para o desen- Uma outra característica distinta entre a Ciência e a Tecnologia é que a primeira é basicamente analítica. enquanto que a segunda é emi- :ações tecnológicas nentemente sintetízante. Noüy (1969) sustenta que: "O método cientí- [) de ciência. não fico universal é a análise". Moles (1971). por sua vez. acha que: "A )Iagia proposta. Ao única maneira que as ciências têm de produzir novos conhecimentos é a ~m novas possibili- de quebrar os complexos fenômenos em partes mínimas e estudar as suas propriedades e interrelações", Assim o produto da investigação cientí- lIalquer método de fica é generalizável a todos os fenômenos da mesma natureza. Por outro a dos currículos de lado. Markov. citado por Tond! (1974). diz claramente: .. A tecnologia é ). motivação e atua- sempre dependente de uma certa síntese de redes causais. implementa- io do professor de das pelo Homem com o propósito de atingir certos desejos. ou resul- cterísticas mencio- tados planejados". Entretanto. a síntese pressupõe a análise. e esta análise é encontrada no empreendimento científico. Deve ficar claro que a tecnologia não é apenU,;:l aplicação do conhe- 1ATICO cimento científico. Bunge (1977) afirma que a tecnologia envolve muitas áreas da atividade humana que nela deixam os seus traços profundos. das quais deve-se destacar o componente de criatividade. que é parti- Igeral. precedeu o cularmente visível no planejamento da política e da investigação tecno- .tá definitivamente lógica. Contrariamente à ciência. os produtos da tecnologia são especí- de ambas. na atua- ficos e de aplicação limitada. ant. 1974). A idéia Em relação ao ensino de ciências. nas escolas pré-universitárias. a .foi enfatizada por questão fundamental é saber até que ponto os currículos que incorporam mas. as metas são conteúdos tecnológicos são mais relevantes que os tradicionais nas escolas brasileiras? Hurd (1976) sumarizando o que estava sendo enfa- lo nosso conheci- tizado em diversos relatórios. encontros. seminários de associações s cada vez melho- científicas. ou congressos nos USA. conclui: atos com a finali- I. "A ciência e a Tecnologia são básicas para o futuro ... ") Os novos conhecimentos deveriam ser utilizadus o mais te novos artefatos rápido e eficientemente possível para promover a qualidade l. não a tecnologia de vida e o progresso social. n conhecimento. 3. Mais pesquisas científicas deveriam ser feitas sobre proble- ,'-how". técnica. mas concernentes à população em geral. tais como. o l-111. Jul./Dez. 1984 Pe,'spectiva; r, CED. Florianópolis. 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984 103
  • 14. do que a tecOl.~ aumento do consumo de alimentos e energia. a melhoria de seus produh.~ c: saúde. e assim por diante". tecnologia. panI Se isto é considerado de importância para currículos de ciências de metodok~a"dei escolas pré-universitárias. em um país desenvolvido. certamente será da.. me"ma" haIl muito mais fundamental para escolas de países em desenvolvimento. Contra todI onde ainda existe a necessidade de construir uma cultura científico-tec- :usubel. 1968: I no]()gica. Mas allora a questão é: quanto pode-se esperar de um tal da década de 6Q curriculo de ciê~cias integrando ciência e tecnologia? De certa forma muito longe da li somos ohrillados a concordar com Hurd (IQ76) que é de opinião que: grafia dá ênfase I , '''Tipicamente. os ohjetivos das escolas pré-universitárias não e de outras áre3I enlllobam. no seu ensino de ciências. idéias sobre o aproveita- rias. como lD11 cI m;nto racional do conhecimento científico para o bem-estar da realidade írsi individual e social". Noprimeinl Mas. por outro lado. tamhém é verdade que a escola tem como fun- conhecimemo e ção principal preparar o aluno para viver e funcionar eficientemente na ajudaI" o aluno 3 sociedade. Daí a necessidade da .escola. de um lado. trabalhar e dar universitárias til oportunidade aos alunos para desenvolverem suas potencialidades. cidadania funcill habilidades e conhecimentos. demandados pela sociedaçie. e por outro 50 ciência-tecna lado. focalizar e enfatizar aqueles conhecimentos relevantes para o in- nologia que ,,-ai 1 divíduo e a sociedade. fomentando a avaliação crítica das mudanças que onde a ciência c: estes conhecimentos porventura exigirem. na vida particular e na não muito pera própria sociedade. Isto a escola possivelmente só conseguirá com a Como já foi prática diária. no seu ensino. o primeiro ponII Concluindo. pode-se então dizer que a desvinculação do conheci- tipicamente 001 mento científico do tecnológico. ao nível de escola pré-universitária. Soviética - a ti forma uma visão distorcida da realidade do mundo atual. Somos obri- população brasi gados a concordar com Whitehead (1974) que diz: "conheciménto diferentes. : ". ;'naplicado é um conhecimento despojado de seu sentido". Portanto. o r.lT nossos probI ensino de ciências nas escolas pré-universitárias sem o vínculo de sua se pode negar 11 possível aplicação. como a prática diária já tem demonstrado. tem o noIógico. maS • perigo de se tornar um ensino desvinculado da realidade dos prohlemas .:o(lta destes C1Il que cada sociedade eOu indivíduos enfrentam. prestado mais Jl delas planejado DISCUSSÃO E CONCLUSÕES O segundo ciência. tecnokl Como foi visto na análise dos dois pontos de vista, os conteúdos do deste conhecirn conhecimento científico e tecnológico são por natureza diferentes - 1<'fl13J" a edUC3I!i huscam ohjetivos diferentes. Entretanto são complementares no senti- 104 Pc:'spectiya; r. CED. Florianópolis, 1(3), 91-111. Jul./Dez. 1984
  • 15. do que a tecnologia usa os conhecimentos científicos para aperfeiçoar tergia. a melhoria de seus produtos e a Ciência depende de instrumentos. produzidos pela tecnologia. para penetrar cada vez mais nos fenômenos naturais. As iculos de ciências de metodologias de investigaçào lisam processos semelhantes e dependem do. certamente será das mesmas hahilidades rrúticas e intelectuais. n desenvolvimento. Contra todas as recomendações pedagógicas (Comênio. (1657: ultura científico-tec- Ausubel, 1968; e outros) o ponto de vista dos currículos de ciências. ~ esperar de um tal da década de 60, tenta ensinar aos alunos o que está psicologicamente ~a? De certa forma muito longe da realidade deles. O ponto de vista defendido nesta mono- te é de opinião que: grafia dá ênfase à vinculação do conhecimento científico ao tecnológico "é-universitárias não e de outras áreas de conhecimento ao nível das escolas pré-universitá- LS sobre o aproveita- rias, como um dos meios para tomar o ensino relevante e mais próximo :0 para o bem-estar da realidade física e psicológica do aluno. No primeiro ponto de vista pode-se questionar a suposição de que o scola tem como fun- conhecimento e a metodologia científica são por si só suficientes para u eficientemente na ajudar o aluno a atuar com eficiência na vida real. Se as escolas pré- Ido. trabalhar e dar universitárias têm como função básica preparar os alunos para uma iaS potencialidades. cidadania funcional e eficiente. então a aprendizagem global do proces- :iedage. e por outro so ciência-tecnologia é essencial no ensino de ciências. porque é a tec- elevantes para o in- nologia que vai trazer o estudante para a realidade concreta. campo de :a das mudanças que onde a ciência extrai apenas as suas idéias e problemas. muitas vezes. ida particu lar e na não muito perceptíveis a estes mesmos alunos. ) conseguirá com a Como já foi discutido. anteriormente. os currículos que apresentam o primeiro ponto de vista foram construídos para resolver um problema :ulação do conheci- tipicamente norte-americano: a concorrência científica com a União la pré-universitária. Soviética - a formação do cientista - coisa que nada tem a ver com a I atual. Somos obri- população brasileira. cujos problemas e necessidades são totalmente liz: "conhecimento diferentes. A pura e simples introdução destes currículos sem conside- ntido··. Portanto. o rar nossos problemas e necessidadesjá se constituiu um erro em si. Não :m o vínculo de sua se pode negar que neste período houve um progresso científico e tec- emonstrado. tem o nológico, mas não se está nada certo de que isto tenha ocorrido por jade dos problemas conta destes currículos. Possivelmente. teria sido diferente se se tivesse prestado mais atenção para as condições e culturas brasileiras e a partir delas planejado currículos de ensino de ciências. O segundo ponto de vista privilegia o conhecimento integrado da ciência, tecnologia e sociedade. como também o processo da produção :a., os conteúdos do deste conhecimento. O ensino do processo e do conhecimento tende a ureza diferentes - tornar a educação científica mais relevante e significativa ao nível da ~mentares no senti- Perspectiva; r. CED, Florianópolis, 1(3). 91-111. JUl,/Dez, 1984 105 ,91-111. Jul./Dez. 1984
  • 16. escola de primeiro e segundo graus. pois. parece ir ao encontro do que a ciência e a tecnologia não foi recomendado já pelo pai da didática. Comênio. no século XVII. e todas as outras disciplinaç,~ depois por uma plêiade de psicólogos e estudiosos da educação que filosofia. É. provavelmente sempre frisaram a importância da realidade da criança como ponto de teorias científicas as sua" rc! partida para a aprendizagem. Como foi dito anteriormente. a tecnologia também com as teoria.. fikJ! é a realidade imediata. E como diz Bunge (1973). antes que existisse o ,ionam e orientam as ati ilI Homo Sapiens. existiu o Homo Faber. isto é. antes do homem sentir a imento cultural. Apre"'ên1~ necessidade de conhecer, sentiu a necessidade de fazer. A suposição de .::os sem a sua história e 011 que os alunos normalmente transferem para a vida real o que aprende- dade contra a ignorância e ai ram na sala de aula é questionável. uma vez que fica faltando uma movimentos de um animal.' enormidade de elos entre a abstração da teoria e a solução prática de idéias çientífico-tecnológjo problemas. A descoberta destes elos deve ser objeto de estudo nos quanto conhecer a teoria lU currículos de ciências nas escolas de primeiro e segundo graus. dos se'-es vivos e os fell.'ltI Os dois pontos de vista enfatizam o processo científico, mas com Iünge quando afirma: Para cl objetivos diferentes: no primeiro. a idéia era fazer de cada cidadão um que junto ao estudo dos Cal cientista em potencial. o que é naturalmente um absurdo; no segundo. o também seus aspectos sóóCl objetivo principal será desenvolver as potencialidades do indivíduo. então. dizer que um currial principalmente no que tange ao espírito crítico. pensamento lógico. rico-filosóficos inserido"" d capacidade de análise e síntese. rigor nas observações e na coleta de provavelmente não seria d informações. além de de'>envolver atitudes sociais. e de relacionamento .lluno. Na verdade. uma" e de respeito pelas idéias e atitudes de outras pessoas, tudo isto em nm- C!'ados nas escolas secundj ção da vida plena das pessoas. deles faz qualquer referéoo Ora. isto só será conseguido através da prática. o aluno fazendo. o 'j'ta de datas e/ou nome". , aluno constmindo sua própria educação cientítica. A questão é. então. Os objetivos educaciül saber como implementar um currículo de ciências com estas caracte- -:urrículo de ciências que et rísticas. A literatura científica referente à metodologia do ensino cientí- -:ientíficos e tecnológicC". fico indica que o método provavelmente mais adequado para se atingir ...ócio-culturais. são. alé~ I metas acima colocadas é o ensino da ciência como processo, também olvimento de habilidade--. conhecido com a inquirição pedagógica. enfatizada por Schwab (1962). -:ientemente dos anseio"" e Novak (1964). Bingham (1969). Hurd (1964). Morine e Monine (1973), qüência atingir uma pJeõ'lil Rowe (1978). Lunetta e Novick (1982). e outros. Esta metodologia pri- naturalmente'os mesmo... d v ilegia todo um processo de investigação científica. uma grande varie- ['ios curriculares. di..cutld dade de formas que muitas vezes tomam nomes específicos. tais como rouco mais próximos da r método de redescoberta. descoberta. resolução de problemas, ensino ","-x:ial e de cada indivídu(ll para a investigação e outros. mas que. em última análise. enfatizam o Resumindo. pode-~ .. processo da busca pelo aluno do conhecimento teórico e a sua aplicação que ensinar ciências int~ prática. ","--X:io-histórico-filosóficl.~ Um outro aspecto enfatizado, neste segundo ponto de vista, é o de que I. torna os cur--" 106 Perspectlva; 1". CED. Florianópolis, 1(3), 91-111. Jul./Dez. 1984 : ~:õPecti va; r, CED. Flor.a=-Cç>:>
  • 17. reee ir ao encontro do que a ciência e a tecnologia não existem isoladas. elas estão interligadas com menio. no século XVII, e todas as outras disciplinas. principalmente com a história cultural e a tudiosos da educação que filosofia. É. provavelmente. muito importante para a compreensão das tia criança como ponto de teorias científicas as suas relações com a história sociai e política. como IJterionnente, a tecnologia também com as teorias filosóficas subjacentes que por sua vez dimen- rol. antes que existisse o sionam e orientam as atividades científicas a cada passo do desenvol- . antes do homem sentir a vimento cultural. Apresentar os conhecimentos científicos e tecnológi- ie de fazer. A suposição de cos sem a sua história evolutiva. que mostra toda uma luta da humani- il vida real o que aprende- dade contra a ignorância e o feiticismo. é como diz Conant ( 1970) tirar os ~z que fica faltando uma movimentos de um animal. Conhecer a dinâmica da transformação das ria e a solução prática de idéias çientífico-tecnológicas. ao longo dos tempos. é tão importante ser objeto de estudo nos quanto conhecer a teoria da evoluçáo para a compreensão da variedade ) e segundo graus. dos seres vivos e os fenômenos ecológicos. Conant (1947) vai mais :esso científico. mas com longe quando afirma: Para desenvolver o espírito científico é necessário lazer de cada cidadão um que junto ao estudo dos conteúdos e metodologia científicos se estude m absurdo; no segundo. o também seus aspectos sócio-histórico-filosóficos. Concluindo. pode-se. lICialidades do indivíduo. então. dizer que um currículo de ciências sem os aspectos Sócio-histó- rico. pensamento lógico, rico-filosóficos inseridos em seu corpo. seria um corpo morto. e que ~rvações e na coleta de provavelmente não seria cap3Z de atrair a atenção e a motivação do ciais. e de relacionamento aluno. Na verdade. uma na análise se superficial dos livros e textos pessoas, tudo isto em fun- usados nas escolas secundárias irá mostrar que. praticamente. nenhum deles faz qualquer referência histórica. a não ser certa apresentação de rátiea. o aluno fazendo. o lista de datas e/ou nomes. sem abordar aspectos sócio-culturais. ifica. A questão é, então. Os objetivos educacionais. que se pretende atingir através de um ncias com estas caracte- currículo de ciências que englobe. ao mesmo tempo. os conhecimentos xIologia do ensino cientí- científicos e tecnológicos. contextos históricos. bases filosóficas e adequado para se atingir sócio-culturais. são. além de uma formação científica sólida. o desen- como processo, também volvimento de habilidades necessárias para um cidadão participar efi- izada por Schwab (1962). cientemente dos anseios e trabalhos de sua comunidade e em conse- ~orine e Mon-ine (1973). qüência atingir uma plenituàe de vida pessoal. Estes objetivos são >5. Esta metodologia pri- naturalmente'os mesmos de tantos outros currículos. apenas os princí- rmea. uma grande varie- pios curriculares. discutidos nesta monografia. pretendem estar um es específicos, tais como pouco mais próximos da realidade e das necessidades de cada gmpo ;ão de problemas. ensino social e de cada indivíduo em particular. irna análise. enfatizam o Resumindo. pode-se supor. com uma certa margem de segurança. I teórico e a sua aplicação que ensinar ciências integrando as aplicações tecnológicas e questões sócio-históri co-filosófi cos: I ponto de vista, é o de que I. torna os currículos de ciências das escolas pré-universitá- .. 1,3,. 91-111. Jul./Dez. 1984 P1>:-specti'a; r. CED, Florianópolis, 1(3). 91-111. Jul./Dez. 1984 107
  • 18. rias mais significativos e por isso mesmo mais relevantes; REI ") torna o processo ensino-aprendizagem mais eficiente e re- lacionado com a vida diária: AUSUBEL. D P. ). permite. mesmo assim. o uso do método de inquirição New York. Gil! pedagógica nas suas diversas formas: AZEKE. Thomas ( 4. contribui para construir uma cultura científico-tecnológica Scíence EduC311 desde as suas bases: Paper). 5. ajuda a ampliar a compreensão da natureza da ciência e AZEVEDO. Femall da tecnologia pela oportunidade de contrastá-Ias; tos. 1954. ó. permite relacionar o conhecimento científico com as suas BARBOSA. Rui. OI aplicações tecnológicas: cação fi Saúde_' 7. estú em pleno acordo com os objetivos educacionais tra- çados e explicitados em documentos oficiais. Analisando-se os currículos de ciências sob o prisma das quatro BERKHEIMER. G Education. BINGHAM. R. M .• t. úreas de influência. de acordo com Schwab (19ó2). foi possível detectar Kansas Ciry. I certas características que deveriam permear todo o processo de ensino- 1969. aprendizagem. Mas. a implementação de um currículo com estas carac- BIRSH. Charles. terísticas vai certamente criar um certo número de problemas quahto Science Teach ús úreas de formaçào adequada aos professores. aos livros textos que BLACK, Max. A.rI! mio existem. ú integraçào do ensino de ciências no currículo global. ao technolog}. In: material didático-pedagógico. etc. Dentre eles. o mais importante e o BOOTH. Norman. mais urgente a ser resolvido é o da formação e profissionalização do integrated scid professor de ciências. Com a solução deste problema. os outros serão BRASIL. Minisleri parcialmente resolvidos. O tipo de currículo sugerido. aqui. exige uma mento. Porto ~ preparaçào um tanto diferente dos programas usuais de formação de BRUNER. JER0' professores de ciências. Sabe-se que nos programas usuais a ênfase está lrvard Cni"c no puro conhecimento factual. enquanto que o tipo de currículo suge- BL·":E. Mario. 1 rido necessita de um professor que saiba identificar e interpretar os in- :'::-76. Easl I.....Ul dicadores de cada uma das quatro úreas de influência. Esta não é uma - . Te~ .~ tarefa fúcil de executar. ;-ibutions to ~ Muitos outros problemas certamente irão ocorrer com a transfor- 19-39. maçao curricular. mas se realmente alguma coisa deve ser feita para - . Toard: melhorar o ensino de ciências nas escolas pré-universitá.rias. para torná- ~chnology. LA lo mais sij.mificativo aos alunos. para construir uma cultura científica e CH. :IAS. Walnir. desenvólvimento-tecnológico. entào. certamente. um dos primeiros CO~ ENIVS. JOOIl pa'iSOS terú que ser um ensino que conecte o conhecimento científico às louste Gulbenl aplicaçõe'i tecnológicas. ú história. à filosofia e às características sócio- CONANT. Jamn culturais de cada comunidade. Press. 19·C 108 Perspectiva; 1". CED, Florianópolis. 1(3). 91-111. Jul.7D,ez. 1984
  • 19. lais relevantes; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS r eficiente e re- AUSUBEL. D. P. The psychology of meaningfúl verbal learning. . de inquirição New York. Green Stratton. 1963. AZEKE. Thomas O. Biolagy educatian in Nigeria for the 19805. co-tecnológica Science Education Center. University of Iowa. 1910. IPosition Paper}. r da ciência e AZEVEDO. Fernando de. Cultura brasileira. São Paulo. Melhoramen- r-Ias; tos. 1954. 10 co~ as. suas BARBOSA. Rui. Obras completas. Rio de Janeiro. Ministério da Edu- cação e Saúde. 1942. V. 9 e 11. lucaclonals tra- BERKHEIMER. Glenn O. The rational for and objectives of Science l~a das quatro Educatian. Michigan State University. 1979. <Oraft Copy). BINGHAM. R. M.. ed. lnqlliry abjecti~'es in the teaching ofBiology. ~ssível detectar Kansas City, Mid Continental Regional Educational Laboratory. lesso de ensino- 1969. om estas carac- BIRSH. Charles. Social responsability in science. The Allstralian ~blemas quahto Science Teacher joumal. 78(1). Mar. 1972. ~TOS textos que BLACK. Max. Are there any interesting philosophical questions in lí~ulo global. ao technology. In: PSA 1976. East Lansing. 1977. p. IR5-193. Importante e o BOOTH. Norman. The role of science educations. In: NEW trends in )ionalização do integrated science teaching. Paris. UNESCO. 1980. v. I. os outros serão BRASIL. Ministério do Interior. II Plano Nacional de DesenFolvi- lqui. exige uma menta. Porto Alegre. SUOESUL. 1976. le formação de BRUNER. JEROME. S. The process of education. Cambridge. tis a ênfase está .irvard University Press. 1960. currículo suge- Bl"r'E. Mario. The philosophical richness af technalogy. In: PSA terpretar os in- 1~;76. East Lansing. 1977. p. 153-172. ::sta não é uma - . Tel lology as pallied science. In: RAPP. Friedrich. Con- .ributions to a philosophy of techno logy. 80ston. Riede1. 1974. :om a transfor- . 19-39. : ser feita para '-. Toward a phiJosophy oftechnology. In: PHILOSOPHY and ias. para torná- ~chnology. London. The Free Press. 19n. p. 62-7(,. um científica e CH, -:IAS. Walnir. O ensino. São Paulo. Melhoramentos. l'17(,. ias primeiros COi.t:NIUS. Johnus Amos. Didactica magna. Lisboa. Fundaçiio Ca- to científico às louste Gulbenkian. s.d. ~rísticas sócio- CONANT. James B. On understanding of science. Vale University Press. 1947. 11. JuI.7D.ez. 1984 Perspectiva; r. CED. Florianópolis. 1(31. 91-111. Ju!./Dez. 1984 109
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