1. A vida com as interfaces da era pós biológica: o animal e o humano
Diana Domingues
A cibercultura propõe uma forte questão antropológica, repensar a dimensão do
corpo. Ciberarte é a arte comportamental, marcada pelos avanços das tecnologias da
informática, que envolve o corpo em ação.
A base desse tipo de produção artística gera um evento comunicacional a partir
de um sistema interativo, para o qual artistas programam uma obra que desencadeia uma
simbiose entre o sistema biológico e o artificial, oferecendo rituais antropológicos
mediados por tecnologias que expandem a comunicação humana.
A relação humano/tecnologias interativas provoca uma revolução antropológica
para a comunicação e oferece um ambiente social, onde atingimos o reenquadramento
da consciência mediante respostas do corpo conectado a tecnologias. Na arte interativa,
o desenvolvimento tecnológico interessa os artistas na medida em que suas descobertas
alteram o campo de percepção;
O ritual está relacionado ao desejo humano de assentir a um mundo espiritual,
modificando a condição humana. Durante os rituais, para alcançar estados diferentes de
consciência, o corpo é chamado a agir, o que pode ser observado em vários rituais. A
interatividade demanda o envolvimento do corpo, podendo ser relacionada aos rituais
performáticos nos quais determinam comportamentos e incorporam identidades através
de imagens e sons.
Para o artista, o que interessa é provocar os limites de um sistema, programando
o que vai acontecer na “zona de intervalo” e que não poderia existir sem a presença e a
ação do corpo e das tecnologias com as quais se está interagindo. A criação demanda o
desenvolvimento do software, interfaces computacionais e hardwares para os sistemas
interativos.
No evento “Growing Things: The Cultures of Nano Tech, Bio Tech, and Eco
Tech Meat Art” realizado em junho de 2000, artistas e cientistas geraram ambientes que
mesclavam a vida animal e humana e ambientes artificiais.
A autora, em sua obra, pretende pensar o animal, o humano e o tecnológico,
propondo o diálogo dos sistemas naturais e artificiais.