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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS
            UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO




                CRISTIANO FARIAS MARTINS




ROTINAS PRODUTIVAS EM CANAIS DEDICADOS AO TELEJORNALISMO




                      SÃO LEOPOLDO
                           2010
Cristiano Farias Martins




ROTINAS PRODUTIVAS EM CANAIS DEDICADOS AO TELEJORNALISMO




                                         Trabalho   de   Conclusão   de
                                   Curso apresentado como requisito
                                   parcial para a obtenção do título de
                                   Bacharel em Comunicação Social,
                                   Habilitação em Jornalismo, pelo Curso
                                   de     Comunicação       Social   da
                                   Universidade do Vale do Rio dos
                                   Sinos – UNISINOS
                                         Orientador: Prof.ª Dra. Luiza
                                   Maria Cezar Carravetta




                        São Leopoldo
                            2010
À Luiza Carravetta, eterna mestra e orientadora,
           pelos conselhos, pela sabedoria e pela paciência;

  À Greice, companheira e assistente até o último parágrafo,
pelo carinho, incentivo e dedicação nos momentos decisivos.
AGRADECIMENTOS


      A orientadora deste Trabalho de Conclusão de Curso, Professora Luiza Maria
Cezar Carravetta, por todo o aprendizado destes cinco anos de UNISINOS, em uma
convivência onde sempre se fizeram presentes a tranquilidade e a paz de espírito.


      A Greice Nichele, esposa e companheira, pela paciência, carinho e apoio,
cruciais para que este Trabalho fosse produzido e concluído a tempo de ser
entregue.


      A todos os colegas de curso, representados aqui por Alessandra Riete, Rafael
“Palmares” Martins e Pedro Bicca, pela parceria, força e dedicação com que
trabalharam nos projetos de telejornalismo, produzidos em equipe, e também a
Schanna Rodrigues, Tárlis Schneider e Tatiane Marques de Lima, pela amizade
cultivada nestes cinco anos.


      A meus pais, Marcos Rogério Martins e Cristina Farias Martins, irmão, avós,
bisavó, entre outros, assim como os pais e familiares de minha esposa, pelo apoio,
carinho e força empenhados para que este Trabalho se concretizasse.


      A Humberto Candil, diretor responsável do canal de notícias Band News TV,
por ter respondido aos questionamentos e auxiliado no esclarecimento de dúvidas
sobre a rotina produtiva daquele canal.


      A Cláudio Lessa, ex-apresentador do canal CBS Telenotícias Brasil, por ter
disponibilizado ao público os vídeos que permitiram analisar aquele canal dez anos
após sua extinção.


      A Ticiana Giehl, amizade que teve papel importante para que os rumos a
serem seguidos fossem outros, resultando neste momento.


      Aos colegas de trabalho, coordenadores de operações, jornalistas, e a todos
os profissionais da RBSTV e TVCOM Porto Alegre, que contribuíram para meu
aprendizado profissional nestes quatro anos de convívio.
RESUMO


Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como principal objetivo apresentar ao
leitor as características de três canais dedicados ao telejornalismo, sendo um extinto
– CBS Telenotícias Brasil – e dois em operação – Band News e Record News.
As características e momentos históricos do telejornalismo e da televisão por
assinatura – onde os canais 24 horas de notícia têm espaço privilegiado – são
apresentados, assim como os meandros da produção de um telejornal tradicional,
inserido na programação de emissoras tradicionais de televisão. A rotina dos
profissionais de telejornalismo é apresentada em detalhes, assim como os prazos
que precisam ser vencidos, e as formas de apresentação da notícia empregadas nos
telejornais. Um resgate da trajetória dos três canais é traçado, e sete edições de
telejornais são analisadas e descritas com o objetivo de esmiuçar ao máximo a
rotina produtiva de um canal dedicado à transmissão de informações, sinalizar as
características que compartilham e diferenciam estes telejornais, assim como as
inovações que podem ocorrer em um período de uma semana, em dois dos três
canais analisados. A inovação estética, em detrimento da inovação no formato e no
conteúdo é o resultado deste estudo, que revela a preocupação em superar
inovações impostas pelos vanguardistas, desdenhando a elaboração de novos
formatos apresentáveis ao telespectador. O objetivo principal deste Trabalho é levar
ao leitor um perfil atualizado destes veículos de comunicação, pouco estudados no
meio acadêmico, de modo a apresentar sua história, suas características e
inovações no decorrer dos últimos dez anos.


      Palavras-chave: Televisão. Telejornalismo. Notícia. Formato. Rotina
SUMÁRIO


1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 15
2.1 Definição de Telejornalismo ............................................................................... 15
2.2 Características do Telejornalismo ...................................................................... 16
2.3 Resgate Histórico no Brasil ................................................................................ 17
2.4 Histórico da Televisão por Assinatura ................................................................ 35
2.5 Histórico do Telejornalismo Dedicado ................................................................ 38
3 ROTINAS PRODUTIVAS NO TELEJORNALISMO ............................................... 41
3.1 Rotinas Produtivas em Canais Dedicados ao Telejornalismo ............................. 52
4 CANAIS DEDICADOS AO TELEJORNALISMO .................................................... 58
4.1 CBS Telenotícias Brasil ...................................................................................... 58
4.2 Band News ......................................................................................................... 61
4.3 Record News ..................................................................................................... 64
5 ANÁLISE ............................................................................................................... 67
5.1 Formas de Apresentação da Notícia .................................................................. 69
5.2 Informações Recorrentes ................................................................................... 71
5.3 Origem das Informações .................................................................................... 73
5.4 Tempo Total x Tempo de Produção ................................................................... 76
5.5 Hoje x Dez anos atrás ........................................................................................ 76
5.6 Inovações de uma semana para a outra ............................................................ 78
6 CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS .................................................................... 83
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 86
ANEXO – ENTREVISTA À HUMBERTO CANDIL .................................................... 90
QUADRO I – ESPELHO DO TELEJORNAL CBS .................................................... 91
QUADRO II – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 1 .............................................. 93
QUADRO III – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 2 ............................................. 95
QUADRO IV – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 3 ............................................ 97
QUADRO V – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 1 ................................................ 99
QUADRO VI – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 2 ............................................. 101
QUADRO VII – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 3 ............................................ 103
7




1 INTRODUÇÃO


       Este Trabalho de Conclusão, involuntariamente, tem início quando este autor
ainda era estudante do ensino médio e residia no interior de Viamão, região
metropolitana de Porto Alegre. Todos os dias, para chegar à escola – distante quase
20 quilômetros da minha residência – era preciso pegar o ônibus pelas 6h30min da
manhã. Acordava todos os dias pelas 5h45min, sozinho, e, enquanto preparava o
café, assistia televisão.
       Grande parte dos programas que eram transmitidos naquele horário, ou eram
educativos – caso do Telecurso – ou eram vinculados a alguma igreja, quando não
se tratavam de reprises de filmes e séries antigos. Mas um dia uma exceção à regra
me chamou a atenção: eram boletins noticiosos, transmitidos a cada trinta minutos,
chamados de CBS Telenotícias, que eram exibidos pelo SBT. A qualidade técnica, a
trilha sonora, a postura dos apresentadores, e o fato de ser um telejornal em um
horário nada convencional conquistaram um telespectador.
       Por diversas manhãs, durante o café, se tornara uma obrigação minha sair de
casa informado, após assistir ao último telejornal da madrugada, transmitido pelo
SBT, já que a partir das seis da manhã iniciava-se a programação de desenhos. A
rotina se seguiu até que, em um dia qualquer, o telejornal não fora apresentado. E
no dia seguinte, e no outro, também não fora ao ar.
       Concluí o ensino médio no final de 2000. O canal CBS Telenotícias Brasil
encerrara suas atividades no meio deste ano, por dificuldades financeiras. Mas não
se encerrara o meu interesse pela informação. Precocemente, passei a ouvir
emissoras de rádio informativas, como a Bandeirantes e a Gaúcha. As informações
do trânsito, as notícias divulgadas instantaneamente, ao vivo, com a dinâmica
imposta pelo rádio me cativavam.
       Em um outro dia qualquer, resolvi conhecer como funcionava uma emissora
de rádio. O programa escolhido, já extinto, era o Estúdio Band, apresentado por
Daniela Sallet e Renato Martins na Rádio Bandeirantes, das duas às quatro da
tarde. A forma descontraída de informar o ouvinte durante duas horas eram minha
distração enquanto trabalhava em um escritório contábil de uma amiga. Perguntei se
podia assistir ao programa ao vivo, e me foi aberta uma exceção, pois não era uma
prática do programa e da emissora permitir a visita de ouvintes.
8




       Durante o programa, assisti atentamente a comunicação e a sincronia entre o
apresentador Renato Martins e o operador de áudio Luciano Vargas. O apresentador
levantava a placa com a trilha que desejava, e lá vinha a trilha em um clique de
mouse do operador de áudio, que tinha em suas mãos um computador e uma mesa
de som parecida com um fogareiro de seis bocas, mas sem os queimadores. Ao
lado do operador, a produção freneticamente fechava ligações com os repórteres,
que entravam ao vivo por telefone com as últimas notícias. Mesmo em meio a toda
aquela tensão, aquele estresse, o operador parecia tranquilo, dava risadas e
esbanjava sorrisos na sua atividade, sempre atento ao que estava no ar.
       Foi naquele dia que veio a decisão de querer trabalhar em rádio. Sabia que o
salário não era dos melhores, mas sempre preferi me satisfazer em algo que valesse
a pena. Isso era em meados de 2001. Com a rescisão de um emprego, em 2002
paguei a vista o curso técnico profissionalizante de Radialista – Operador de Áudio,
na Fundação Padre Landell de Moura, a FEPLAM. Em quatro meses, o registro
profissional estava pronto – MTb 9404 – mas faltava-me a experiência, que veio na
própria FEPLAM, por duas oportunidades, auxiliando o professor Augusto Silveira
nos finais de semana, nas aulas que os alunos de locução precisavam cumprir para
finalizar o curso.
       E foi convivendo com os alunos que me bateu o interesse em fazer também o
curso de locução. Não me via como locutor, apesar do tom de voz formal. Mas com
o incentivo de um ou outro colega, lá fui eu para a sala de aula novamente. Por
trabalhar na FEPLAM, ganhei de presente o curso, ministrado pelo professor Sérgio
Reis, um dos pioneiros da televisão no estado. Formado locutor, saí da FEPLAM por
questões pessoais, e fui trabalhar em um cemitério, como porteiro.
       O diretor do cemitério era o Pastor Adilson Stephani, da Igreja Evangélica
Luterana, e todas as semanas gravava comigo seu programa de rádio, que ía ao ar
em emissoras do interior do Rio Grande do Sul. Certo dia, Pastor Adílson, com seu
jeito tranquilo de falar, me perguntou se eu não conhecia ninguém que queria
trabalhar como porteiro do cemitério. Com curiosidade, perguntei o que precisava. O
primeiro requisito era não ter medo de cemitério, o que não era meu caso. E depois,
ter paciência para trabalhar aos finais de semana e feriados, algo que todo radialista
ou jornalista deve se acostumar.
       E lá fui eu, por quatro meses, trabalhar como porteiro no Cemitério Evangélico
de Porto Alegre, acompanhando velórios, fazendo rondas noturnas, com chuva ou
9




com lua cheia. Mas me dei por conta de que aquela não era uma vida a ser seguida,
que não levava a um futuro, ou seja, a lugar algum. Era preciso dar um passo a
frente. Com o apoio fundamental de Ticiana Giehl, na época estagiária da Rádio
Gaúcha, aluna da FEPLAM na época em que trabalhei lá, e que se tornou uma
grande amiga desde então, eu fui alimentando a ideia de prestar vestibular, algo que
não me passava pela cabeça desde que havia terminado o ensino médio.
      Enferrujado, distante dos cadernos, aos poucos fui me preparando para
encarar as provas que seriam no final do ano de 2005. Por não ter condições
financeiras para pagar um curso pré-vestibular, a preparação foi com livros
comprados em sebos, especialmente naquelas matérias em que a dificuldade era
maior – matemática, física e química. Mas por que raios um futuro jornalista precisa
saber de matemática para passar no vestibular? Pois precisa não só para o
vestibular, mas para a vida toda... Ticiana também me emprestou anotações, feitas
por ela de algumas matérias, e um livro de literatura brasileira.
      O primeiro teste foi o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Era a
segunda vez que o Exame poderia ser utilizado para a concessão de bolsas
integrais em universidades particulares, por meio do Programa Universidade para
Todos – ProUni. Muitos não acreditavam nesta oportunidade, mas eu preferi colocar
as fichas e ver no que dava.
      Nem eu, muito menos meus pais – um policial militar a caminho da
aposentadoria, e uma dona de casa – ou meu irmão, que estava no ensino médio,
tínhamos condições de pagar faculdade particular. E como estudei a vida toda em
escolas públicas, enxergava no ProUni uma oportunidade de ingressar no ensino
superior sem prejudicar o orçamento da família, e sem levar em consideração
questões político-partidárias que se revelam nestas ocasiões.
      Fiz as provas do ENEM, mas o resultado seria divulgado somente no final do
ano. Pela estimativa que fiz, foram 42 acertos em 63 questões, dois terços exatos da
prova. Nada mal para quem ficara cinco anos longe dos cadernos... Pois o tempo
passava e era preciso ingressar na universidade, a decisão já estava tomada.
O primeiro vestibular foi o da Feevale, onde passei e cheguei a me matricular em
três disciplinas. Um segundo vestibular, desta vez no IPA, onde também fui
aprovado.
      No IPA, eu poderia, por ser filho de policial militar, conseguir uma bolsa
integral, mediante o cumprimento de atividades voluntárias. Disto eu entendia bem:
10




durante quatro meses, enquanto trabalhei no cemitério, participei de uma rádio
comunitária, localizada em Viamão. A Aracoupama FM tinha como diretor Roberto
Gross, que foi candidato a senador nas últimas eleições. Um cara sério, que fazia de
tudo para que a rádio fosse cem por centro dentro da lei – transmissores,
programação, apoios culturais...
       Eu, locutor e operador de áudio caçando experiência, procurei a rádio, e me
ofereci para trabalhar como locutor, redator, operador de áudio, criador de vinhetas,
e o que fosse preciso... exceto vender, pois eu sempre pensei que essa atividade
não compete ao radialista. Roberto aceitou e eu trabalhei durante quatro meses na
rádio, melhorando a plástica da emissora, desenvolvendo vinhetas, programas, e
informatizando a rádio, que até então era posta no ar por cinco rádios portáteis com
CD, sem remuneração fixa – o pagamento, na maioria, era em erva-mate,
permutada por espaço publicitário de um anunciante da rádio. Era o combustível
para começar bem todas as manhãs. De vez em quando aparecia um ou outro
dinheiro, mas era muito pouco.
       Pedi desligamento da rádio por não conseguir compatibilizar os horários com
o emprego no cemitério – caminhar quatro quilômetros até o estúdio da rádio todas
as manhãs passou a se tornar uma atividade cansativa. Outro motivo que me levou
a sair da rádio foi a intenção do diretor da emissora em querer concorrer com
emissoras de rádio comerciais, fazendo a programação musical semelhante a estas,
por mais que eu insistisse que o diferencial da rádio comunitária deveria ser o
contrário, de explorar todos os espaços que as rádios comerciais faziam questão de
não atingir.
       Consegui a tal bolsa integral do IPA, e cancelei a matrícula na Feevale. Tudo
acertado para começar o semestre em março, até que chega o resultado do ENEM:
nota 95 na redação, e 42 acertos, média de 79,23 e o oitavo lugar para jornalismo no
estado. Estava dentro, e pela nota, podia me dar ao luxo de escolher onde estudar.
       A UNISINOS foi a escolha natural, pelo ambiente acolhedor, pela vasta área
verde e espaço de sobra, por dispor dos melhores laboratórios para a prática das
atividades, pelo nível de excelência e de respeito reconhecido por todos que ali
passaram, incluindo meu avô, que se formou em Direito... e também por ter o menor
gasto de passagens de Viamão até lá – afinal de contas eu estava desempregado, e
acredite, era mais caro ir a Porto Alegre em 30 minutos do que ir a São Leopoldo em
quase duas horas..
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      Eu havia feito a inscrição no vestibular da UFRGS, mas sabia que não estava
preparado para passar naquele tão concorrido vestibular. E realmente não passei,
mas fiz a prova para não desperdiçar os 100 reais que saíram da rescisão do
contrato com o cemitério.
      Assim que iniciei as aulas na UNISINOS, fui convidado por um amigo para
auxiliar o cunhado deste no supermercado da família, em Ipanema, zona sul de
Porto Alegre. Pensei se tratar de um bico de informática, daqueles que rendem um
dinheiro fácil em uma tarde, Mas não, o dono do mercado precisava de alguém de
confiança para administrar o sistema de gerenciamento do mercado. Estava
empregado, mas tinha o desafio de todo santo dia sair de Viamão para São
Leopoldo, de lá para Ipanema, e de Ipanema para Viamão. De segunda a sábado.
      Foi assim durante oito meses – cinco disciplinas, um curso de extensão por
semestre, e virei cliente assíduo do Trensurb e das empresas de ônibus. Até que
nos classificados de empregos, abre uma vaga para operador de áudio em televisão.
E justamente no Grupo RBS, que dificilmente abria este tipo de vaga – normalmente
as contratações eram por indicação. De escondido do patrão, participei das
primeiras duas entrevistas. Quando tive a convicção de que seria contratado, avisei
ao Claudio, dono do mercado, para que procurasse um substituto – não queria
deixa-lo na mão, e eu saía para trabalhar na área para a qual havia estudado. Ele
compreendeu, e em um mês eu saí do supermercado e passei para a mesa de som
da TVCOM, canal 36 de Porto Alegre.
      Mas não sem antes ficar com a dúvida: escolho a estabilidade de um
emprego com carteira assinada, abrindo mão do estágio? Ou coloco em primeiro
plano a possível futura carreira e vou em busca de um estágio? Primeira opção.
      20 de novembro de 2006. Até então, eu conhecia a operação de uma
emissora de rádio, nunca havia entrado em uma emissora de televisão, muito menos
num switcher. Nem as instalações da TV Unisinos eu conhecia ainda. Mas fomos lá,
algumas semanas de treinamento na prática e já era quase um veterano em operar
áudio na televisão.
      A convivência com os jornalistas que pôem no ar os telejornais da emissora
me fizeram trocar em parte o fascínio do meio rádio pelo meio televisão. O jogo de
câmeras, o trabalho em equipe, a expressão oral e facial, a coordenação das
transmissões, e a participação direta no sucesso do produto que ia ao ar me levaram
para o caminho do aperfeiçoamento em televisão.
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       Por ter o domínio técnico, as disciplinas de telejornalismo passaram a ser as
atividades onde considerava obrigatório desempenhar o melhor e o máximo
possível. Com o grupo de colegas que se consolidou nas turmas iniciais da
professora Luiza Carravetta, esse aprendizado foi levado adiante. Nunca me vi em
frente às câmeras, sempre me senti mais a vontade nos bastidores, na construção e
na idealização dos trabalhos. E assim foi com todos os trabalhos produzidos nas
disciplinas de telejornalismo – sempre trabalhando nos bastidores para o êxito dos
trabalhos, e por consequência, dos colegas. Em um ou outro trabalho apareci em
frente às câmeras – ou como repórter piadista, ou como apresentador formal de
bancada. Não me convenci em nenhuma das duas funções...
       A prática das externas, as gravações em estúdio, as edições das reportagens,
sempre eram feitas aplicando aquilo que estava na minha rotina de trabalho, no meu
ganha-pão. E ao mesmo tempo, transmitindo parte do meu conhecimento para
aqueles que estavam comigo – não era nem nunca foi querer se vangloriar do
emprego que conquistei, mas sim repassar aquele conhecimento que adquiri na
prática, na rotina, no cotidiano.
       São quase quatro anos trabalhando em televisão. Todos os dias, uma rotina
diferente, às vezes monótona, às vezes excitante – mesmo em situações de tragédia
como a da queda do voo JJ3054 no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Eu
estava no ar, operando a mesa de som no momento da queda, e participei da
transmissão da cobertura do acidente desde os primeiros momentos – a jornada
naquela noite se estendeu até às três da manhã, e recomeçou no dia seguinte, das
quatro da tarde até a meia-noite. Com pesar, mas eletrificado por fazer parte de uma
cobertura jornalística intensa, permanente.
       Veio o final do curso, e com ele a necessidade de se desenvolver o temido e
preocupante Trabalho de Conclusão de Curso. A opção pela televisão como tema
era quase que uma regra, mas não tinha o interesse de fazer sobre o meu cotidiano,
a emissora em que trabalhava. Seria muito prático. Por que não voltar às origens,
aos dias que amanheciam em Águas Claras, acompanhando o telejornal que me
permitia sair de casa bem informado, e que deu início a essa história toda?
       Esta foi a escolha – abordar, de alguma forma, o canal CBS Telenotícias
Brasil. Mas era preciso enquadrar, arredondar e polir o tema em um padrão
acadêmico e científico, que a ocasião exige. Sempre me chamaram a atenção os
13




canais de notícia 24 horas, e não era diferente com os canais Band News e Record
News, mais recentes, e antes ainda com o Globo News, pioneiro no Brasil.
      Ajustando os detalhes com a sempre professora e, agora, orientadora e
incansável Luiza Carravetta, comprei, com certa relutância inicial, a ideia de
desenvolver meu Trabalho de Conclusão de Curso sobre Rotinas Produtivas nos
Canais Dedicados ao Telejornalismo. De certo modo, domino bem os conceitos de
rotina produtiva, pois ao trabalhar em uma emissora de televisão, se torna
constante, permanente, automática a rotina de produção, entranhando-se na rotina
pessoal de quem nela trabalha. A leitura técnica de um telejornal, o conhecimento do
espelho e da exibição do telejornal no ar, se caracteriza em uma bagagem e tanto.
      O desejo inicial de abordar o caso CBS Telenotícias Brasil deu espaço à
problematização: relacionar o produto de dez anos atrás com os produtos televisivos
dos dias atuais, especialmente os canais Band News e Record News.
      Não era nem nunca foi intenção abordar o canal pioneiro Globo News, mas
sim os projetos que iam de encontro a ele – iniciativas inovadoras, que procuravam
se diferenciar daquele que fora o primeiro, e que era o único no ar há quinze anos.
      Inicialmente, definimos, conceituamos e apresentamos o telejornalismo, assim
como retratamos suas ações pioneiras no Brasil. Também apresentamos a televisão
por assinatura, suas iniciativas pioneiras, e a ocupação de um espaço privilegiado
aos canais dedicados ao telejornalismo.
      Para que se possa entender como um canal de notícias funciona, é
necessário conhecer as características do telejornalismo tradicional, suas formas de
apresentação e peculiaridades em relação aos outros meios de comunicação.
      Também se faz necessário o conhecimento do histórico dos canais que serão
estudados neste Trabalho: quais são, quem os criou, com que intenções eles
surgiram. Especial atenção dedico ao canal CBS Telenotícias Brasil, pouco
conhecido do público geral, que teve curta duração, mas que tem uma história que
não foi levada ao conhecimento da maioria – cabe-nos contá-la.
      Com base em sete telejornais selecionados criteriosamente, buscamos
analisar de modo qualitativo o conteúdo apresentado nos três canais aqui
estudados. Com exceção do exibido pelo canal CBS Telenotícias Brasil, que foi
obtido na internet, graças a iniciativa de um ex-apresentador do canal, Cláudio
Lessa, que disponibilizou os vídeos para livre acesso no YouTube e autorizou a
análise destes – foram gravados na noite do dia 3, e na manhã e tarde do dia 4 de
14




novembro de 2010 as quatro primeiras edições analisadas, sendo duas do canal
Band News e outras duas do canal Record News.
      Em 8 de novembro, ambos os canais optam por promover modificações em
suas grades de programação – o Record News opta por divulgar tais mudanças de
modo ostensivo, inclusive dentro dos telejornais, com as mesmas características de
uma notícia, enquanto que o Band News o faz de modo quase despercebido.
      Mais duas edições são analisadas, na manhã do dia 10 de novembro, no caso
do Band News, e na noite do dia 12 de novembro, no caso do Record News, com o
intuito.de avaliar quais as modificações que foram efetuadas nos dois canais,
tomando como base as formas de apresentação da notícia.
      Tomou-se o cuidado de obter as edições dos telejornais o mais próximo de
uma rotina normal possível, sem fatos que pudessem contaminar a linha editorial ou
alterar o cotidiano das redações, como o segundo turno das eleições presidenciais,
que teve seu desfecho nas urnas em 31 de outubro, e que ocupou espaço amplo
nos telejornais por pelo menos mais três dias.
      Por algumas ocasiões, as análises tiveram de ser adiadas, ou por eventos
extraordinários que substituíram os telejornais, ou por horários da programação fora
da normalidade. Tais precauções foram adotadas visando uma análise descritiva fiel
ao que ocorre nas rotinas dos canais dedicados ao telejornalismo.
      O objetivo deste trabalho é apresentar um perfil deste tipo de canal de
televisão que é pouco explorado e assistido por acadêmicos, que habitualmente
buscam os telejornais tradicionais, inseridos em grades de programação das
emissoras de televisão aberta.
      Pessoal e profissionalmente, este trabalho tem a ambição de ser o registro do
aprendizado acadêmico, científico e técnico adquirido ao largo de uma caminhada
de cinco anos, iniciada de forma ingênua dez anos atrás, que não se dará por
encerrada neste trabalho e que, a exemplo de outras ocasiões relatadas nesta
introdução, se inicia em um amanhecer, com o chimarrão e a esposa como
companheiros.
15




2 REFERENCIAL TEÓRICO


2.1 Definição de Telejornalismo


       Souza (2004), em estudo sobre os gêneros e formatos da televisão brasileira,
define que o telejornalismo pode ser considerado um gênero inserido na categoria
informativo, a partir da observação de algumas redes de televisão comerciais.
Porém, o gênero passa a ser visto como formato em televisões educativas ou com
objetivos publicitários.
       Por este motivo, Souza (2004, p.149) classifica o telejornal “como um
programa que apresenta características próprias e evidentes, com apresentador em
estúdio chamando matérias e reportagens sobre os fatos mais recentes”. Ainda de
acordo com Souza (2004, p.149), “as emissoras classificam de telejornalismo os
noticiários, informativos segmentados ou não, em diversos formatos”.
       Souza (2004) diz que o conceito de rede de televisão, independente de outros
gêneros televisivos que sejam apresentados, sempre terão presentes espaço e
visibilidade para o telejornalismo, tanto que o investimento no gênero telejornalismo
é sempre superior aos de outros gêneros nas redes de televisão.
       Pereira Júnior (2000, p.6) considera que “para a maioria das pessoas, os
telejornais são a primeira informação que elas recebem do mundo que as cerca”,
tendo espaço significativo na vida das pessoas. Conforme Pereira Júnior (2000), os
noticiários televisivos têm papel relevante na imagem que as pessoas idealizam da
realidade.
       Carravetta (2009, p.20) afirma que “no telejornalismo basicamente temos
pessoas passando informações a outras pessoas”. Estão envolvidos neste processo
“quatro ou cinco sujeitos falantes: os apresentadores, os repórteres, os entrevistados
e as testemunhas do fato”.
       De acordo com Carravetta (2009, p.19), “a televisão é o veículo que mais
dramatiza a realidade e a torna real em função da imagem”. Deste modo,


                       o telejornal exerce o efeito de mediação entre os apresentadores e o
                       telespectador. Os fatos acontecem, os eventos surgem mediados
                       pela equipe de jornalismo, que é testemunha ocular para construir as
                       versões dos acontecimentos.
16




      Squirra (2002, p.1-2) define o telejornalismo do seguinte modo:


                     um gênero jornalístico que representa uma prática de difusão de
                     informações [...] sabe-se que o telejornalismo é veiculado no suporte
                     midiático televisão. Esta mídia tem como atributos centrais a imagem
                     cinética e o áudio, que trazem formas complementares de expressão
                     com o uso de elementos intencionalmente facilitadores, tais como
                     gráficos, animações e a edição.


      Ainda de acordo com Squirra (2002, p.1-2),


                     a TV usa cenários, vestimentas, efeitos luminosos e visuais,
                     movimentos de câmera, além da atuação dos atores em cena. Por
                     seu lado, a edição “recorta” os eventos originais, dando nova ordem
                     e intensidade e, portanto, nova significação aos segmentos captados,
                     numa alteração intencional do real que se poderia considerar
                     originalmente como “puro”, apresentando à audiência o real
                     “elaborado” pelas estruturas de comunicação.


      Squirra (2002, p.1-2) conclui que


                     a televisão é entendida como um “veículo de difusão aberta”, quer
                     dizer, chega indistintamente à casa de todas as pessoas, bastando
                     ter a posse de um aparelho. É necessário pontuar que o programa
                     televisivo pode ser transmitido em sistema “fechado”, como é o caso
                     da TV por cabos.


2.2 Características do Telejornalismo


      Souza (2004) conta que o formato pioneiro do telejornal é o noticiário. Como
características primárias, o apresentador do noticiário lê textos para a câmera, sem
outras imagens nem ilustrações. Este formato foi aperfeiçoado com o passar dos
tempos, mas sem perder os traços primários. Souza (2004, p.175) caracteriza o
formato telejornal: “um apresentador chama reportagens ao vivo ou pré-gravadas e
editadas e até faz entrevistas em estúdio. Pode ter um ou dois apresentadores e
contar com comentaristas”.
      A transmissão dos telejornais é feita ao vivo, de forma a demonstrar
atualidade ao telespectador, e também a permitir a participação de entrevistados nos
mais diversos pontos do Brasil e do mundo. Com raras exceções, os telejornais são
gravados para exibição posterior.
17




      Tourinho (2009) diz que o gênero telejornalismo tem como característica a
frequência de mudanças e atualizações no formato telejornal. A linguagem, os
recursos tecnológicos e outras configurações estéticas e de conteúdo estão entre
estas mudanças. De acordo com Tourinho (2009, p.21), no telejornalismo “recorre-
se a outros gêneros da própria televisão para absorver formas de surpreender e
„segurar‟ o telespectador”.
      Segundo Souza (2004), a reportagem é um formato utilizado no gênero
telejornalismo, geralmente de curta duração, e que tem como principal função
colocar o repórter em evidência, narrando um assunto e conduzindo entrevistas.
Carravetta (2009, p.19) diz que “a construção da notícia é feita desde a seleção de
pauta, da captação de imagem, passando pela criação do texto e pelo processo de
edição”.
      Barbeiro e Lima (2002, p.16) dizem que “o telejornal é composto de uma
mistura de fontes de imagens, sons, gravações, filmes, fotos, arquivos, gráficos,
mapas, textos, ruídos, músicas, locuções, etc.” Barbeiro e Lima (2002, p.16)
consideram que o telejornal “se estrutura de forma semelhante em todos os lugares
do mundo enfocando tomadas em primeiro plano de pessoas que falam diretamente
para a câmera, sejam repórteres ou entrevistados”.
      Carravetta (2009, p.19) também ressalta que


                      no telejornalismo, usam-se os planos mais fechados com o objetivo
                      de proporcionar uma distância íntima entre o repórter e o
                      telespectador. O close mostra uma distância interpessoal, o plano
                      americano uma distância pessoal e o plano médio a distância
                      pública.


      Uma das características do telejornalismo apresentadas por Carravetta (2009)
é o uso do primeiro plano, de modo a enfocar aqueles que falam para o público,
sejam eles jornalistas ou protagonistas. Aos personagens somam-se imagens, sons,
ilustrações animadas ou não, locuções, música, ruídos e silêncio, formando o
conjunto de informações apresentadas em uma notícia.


2.3 Resgate Histórico no Brasil


      O ponto de partida do telejornalismo no mundo, de acordo com Squirra (1990)
e com Tourinho (2009), seria a coroação do Rei Jorge VI, da Grã-Bretanha,
18




transmitida pela British Broadcasting Corporation (BBC) por meio de três câmeras
eletrônicas para poucos receptores instalados em Londres. Seria a primeira
transmissão de um evento ao vivo com fins informativos – até então, as experiências
que haviam sido feitas diziam respeito à transmissão de peças teatrais, ou
simplesmente demonstrações públicas do funcionamento da televisão. Squirra
(1990) diz que a coroação ocorre em 1936, enquanto que Tourinho (2009) diz que a
coroação teria ocorrido em 1938. Mas o pioneirismo da BBC já havia ocorrido, pois,
segundo Squirra (1990), o primeiro programa de televisão foi transmitido também
por ela em 31 de março de 1930.
        Grande parte daqueles que abordam a história da televisão no Brasil conclui
que o início do telejornalismo brasileiro se dá em conjunto com o início das
transmissões no país – o sétimo no mundo a colocar em funcionamento uma
emissora de televisão. De acordo com Rezende (2000), o primeiro telejornal
brasileiro, Imagens do Dia, tem início em 20 de setembro de 1950, dois dias após a
primeira emissora de televisão brasileira ter sido inaugurada, a TV Tupi de São
Paulo, em 18 de setembro. Já Klöckner (2008) relata que Imagens do Dia teria ido
ao ar um dia após a inauguração da TV Tupi, em 19 de setembro.
        Este telejornal, de acordo com Rezende (2000), tinha em sua equipe um
redator-apresentador, e três cinegrafistas. A primeira reportagem filmada e exibida
neste telejornal foi o desfile cívico-militar de São Paulo. Tourinho (2009) relata que o
telejornal Imagens do Dia não dispunha de um horário fixo. O telejornal podia entrar
no ar às nove e meia da noite, como também meia hora depois – a instabilidade da
programação e as dificuldades operacionais impediam a pontualidade.
        Tourinho (2009), assim como Rezende (2000), relatam que, em janeiro de
1952, Imagens do Dia foi substituído por outro telejornal, o Telenotícias Panair,
produzido para ser transmitido diariamente às 21 horas. Tourinho (2009) diz que, ao
contrário do seu antecessor, o Telenotícias Panair tinha como características melhor
estrutura de equipe e horário fixo. Mas não houve êxito, e o telejornal permaneceu
no ar por menos de um ano.
        A característica predominante dos telejornais da década de 1950 era a
migração do formato radiofônico para a televisão, incluídos os profissionais, o estilo
de locução e a dependência dos patrocinadores e agências de publicidade. E foi
justamente esta fórmula que deu origem ao primeiro telejornal de repercussão no
país.
19




      Não há uma concordância no que diz respeito ao início das transmissões do
Repórter Esso na televisão. Rezende (2000) diz que a TV Tupi do Rio de Janeiro,
em 1952, foi a primeira a transmitir O seu Repórter Esso para a televisão, com a
apresentação de Gontijo Teodoro, e que, no ano seguinte, o mesmo programa
estrearia na TV Tupi de São Paulo.
      Tourinho (2009), por sua vez, diz que O Repórter Esso chegou à televisão
primeiramente por São Paulo, através da TV Tupi, em 17 de junho de 1953, com
apresentação de Kalil Filho, em substituição ao Telenotícias Panair, e que viria a
estrear após no Rio de Janeiro.
      Para corroborar Rezende, Klöckner (2008) diz que O seu Repórter Esso foi ao
ar pela primeira vez na televisão em 4 de maio de 1952, pela TV Tupi do Rio de
Janeiro, permanecendo no ar até 31 de dezembro de 1970. Rezende (2000) afirma
que, por dezoito anos, Gontijo Teodoro foi o único apresentador do Repórter Esso
no Rio de Janeiro.
      Fora a questão de pioneirismo, o formato do Repórter Esso era totalmente
herdado do rádio, transmitido naquele meio desde 28 de agosto de 1941. Mas o
formato do programa não era uma exclusividade dos brasileiros, pois, de acordo
com Klöckner (2008), O Repórter Esso era transmitido desde 1935 nos Estados
Unidos, nos mesmos moldes.
      Tourinho (2009) constata que o formato dos programas de televisão era muito
similar aos feitos no rádio, devido ao fato de que grande parte dos técnicos,
locutores e artistas são oriundos daquele meio. O sucesso do Repórter Esso, em
parte, se deve a este fator.
      Em 27 de setembro de 1953, às oito da noite, entrava no ar pela primeira vez
a TV Record de São Paulo, de propriedade de Paulo Machado de Carvalho. De
acordo    com     a   emissora    (HISTÓRIA     Rede    Record.    Disponível    em:
<http://rederecord.r7.com/historia.html>. Acesso em: 14 out. 2010.), inicialmente as
produções musicais eram o carro-chefe do canal, mas o pioneirismo se deu nas
transmissões esportivas – a Record foi a primeira a transmitir, ao vivo, o Grande
Prêmio de Turfe do Rio de Janeiro, em 1956, além de cobrir os mais diversos
esportes, como o pugilismo.
      Tourinho (2009, p.59) diz que “para muitos, a história da TV brasileira pode
ser dividida em duas fases: antes e depois do videoteipe. [...] Durante os anos 1950,
a televisão brasileira era quase toda produzida ao vivo, mas não por opção.” O
20




videotape viria a ser criado em 1956, nos Estados Unidos e, no Brasil, somente seria
empregado nas emissoras de televisão em 1960. A primeira experiência de adoção
do videotape na televisão brasileira se deu em 21 de abril de 1960. De acordo com
Tourinho (2009), foi por encomenda da TV Tupi de São Paulo para a gravação da
festa de inauguração de Brasília.
      Rezende (2000) relata a defasagem nas informações transmitidas pelas
emissoras de televisão da década de 1950. Os poucos telejornais que existiam
penavam com o demorado processo de revelação e montagem dos filmes, o que
provocava atrasos de até doze horas entre o acontecimento e a sua divulgação.
Essa situação somente se modificou, de acordo com Rezende (2000, p.107), com o
início do Repórter Esso,


                     em que o apoio de um anunciante de grande porte e o acordo com a
                     agência de notícias norte-americana United Press International (UPI)
                     proporcionou a libertação da narração exclusivamente oral e o uso
                     mais frequente de matérias ilustradas.


      Rezende (2000) considera que o primeiro telejornal a inovar na concepção e
na forma de apresentação é o Jornal de Vanguarda, dirigido por Fernando Barbosa
Lima na TV Excelsior do Rio de Janeiro, a partir de 1962. Contando com a
experiência de profissionais vindos do meio impresso, seus diferenciais são a
participação de jornalistas na produção e a presença de cronistas especializados
para comentar as notícias, transformando o telejornal em referência de qualidade
visual, de estrutura e de originalidade na forma de apresentação. Mas o sucesso
deste formato inovador duraria não mais que dois anos – o início do período de
exceção no governo brasileiro acabou com qualquer tentativa de inovação que o
telejornalismo esboçasse.
      A inovação tecnológica da televisão era constante, como relata Rezende
(2000). A chegada do videotape, ou a substituição da torre de lentes pela lente
zoom, não foram suficientes para promover significativas mudanças no formato dos
telejornais. O Jornal de Vanguarda, pioneiro até então, teve seu fim decretado a
partir da edição do Ato Institucional n° 5 por parte do governo militar – a opção pelo
fim do telejornal era da própria equipe, que, conforme dito por Barbosa Lima (1985,
apud REZENDE, 2000, p.107), evitaria que ele “morresse pouco a pouco, a cada
dia, numa torturante agonia”.
21




      A partir da década de 1960, a implantação da rede de micro-ondas por parte
da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel) dá início a uma nova era do
telejornalismo brasileiro, mesmo sob a mordaça do regime militar. De acordo com
Tourinho (2009, p.61)


                     entre 1967 e 1969 a Embratel começou a instalar o seu primeiro
                     sistema, com a inauguração do tronco sul, interligando as cidades de
                     Curitiba e Porto Alegre. Em 1972, o projeto foi concluído, o que
                     permitiu a transmissão de imagens em rede para todo o Brasil.


      Este sistema de transmissão seria fundamental para o sucesso do telejornal
de maior prestígio da televisão brasileira até os dias atuais: o Jornal Nacional. A TV
Globo Rio de Janeiro, canal 4, é inaugurada em 26 de abril de 1965. De acordo com
Tourinho (2009), Hilton Gomes apresentou o primeiro telejornal da emissora, o Tele
Globo, que foi ao ar no dia de inauguração da emissora.
      Desde janeiro de 1969, segundo Rezende (2000), estavam estruturadas as
transmissões via satélite e via micro-ondas no Brasil, o que viabilizava a formação
de redes de televisões. Até então, cada emissora transmitia sua programação de
forma isolada, e no máximo, os programas de entretenimento, como novelas e
shows produzidos pelas emissoras de Rio de Janeiro e São Paulo eram gravados e
enviados para cidades como Porto Alegre, sendo reproduzidos até mesmo uma
semana depois.
      Tourinho (2009) diz que a decisão das Organizações Globo de implantar uma
rede de televisões, com uma programação unificada e voltada a todo o mercado, se
dá a partir das inovações tecnológicas surgidas – redes de micro-ondas e videotape
– e da inauguração de outras emissoras próprias – São Paulo, em 1966; Belo
Horizonte, em 1968; Brasília, em 1971, e; Recife, em 1972 – somadas às emissoras
afiliadas pelo país, como a TV Gaúcha, em Porto Alegre.
      Com isso, de acordo com Rezende (2000), em 1° de setembro de 1969, a TV
Globo do Rio de Janeiro, transmitindo simultaneamente ao vivo para São Paulo,
Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Brasília, põe no ar a primeira edição do
Jornal Nacional. Além da vanguarda tecnológica que o JN carregava consigo, o ideal
da TV Globo era fazer frente à TV Tupi e ao Repórter Esso, respectivamente
emissora e telejornal que dominavam a audiência da época.
22




      Não foi muito difícil para a TV Globo alcançar este objetivo. A crise dos
Diários Associados, empresa proprietária da TV Tupi, acrescida da forte investida
dos censores nas redações das rádios e televisões foram definitivas para que a
multinacional do petróleo Esso retirasse inicialmente o patrocínio do programa de
rádio, e posteriormente do telejornal. Segundo Klöckner (2008), o programa
radiofônico Repórter Esso foi ao ar pela última vez em 31 de dezembro de 1968,
apresentado por Roberto Figueiredo na Rádio Globo do Rio de Janeiro.
      Hetmanek dos Santos (1994 apud KLÖCKNER, 2008, p. 55), diz que chegou
a ser discutida a viabilidade do Repórter Esso ser transmitido em rede nacional de
televisão para dez capitais, o que era de interesse dos Diários Associados para fazer
frente ao Jornal Nacional da TV Globo. Porém, o custo de se patrocinar
integralmente um telejornal em rede nacional era muito elevado e, de acordo com
dirigentes da multinacional, não colocaria o nome da Esso tão em evidência como se
desejava. O comitê executivo da Esso, em 2 de outubro de 1970, decide pela
extinção do Repórter Esso na televisão. Coube à Gontijo Teodoro, em 31 de
dezembro de 1970, na TV Tupi do Rio de Janeiro, se despedir de seus
telespectadores.
      Klöckner (2008) entrevistou Fabbio Perez, locutor do radiofônico Repórter
Esso em São Paulo. Perez (2006 apud KLÖCKNER, 2008, p. 80-81) diz que o
noticiário do programa radiofônico, a exemplo do televisivo, era produzido pela
agência de notícias UPI, e que sofria a interferência direta dos censores do regime
militar, que atuavam previamente, comunicando os redatores do que não deveria ser
noticiado, como também se fazendo presente com oficiais no momento da
apresentação dos noticiários.
      Pois foi esta também a principal barreira que o Jornal Nacional enfrentou
desde a sua criação – a intervenção exercida pelo regime militar na linha editorial.
Rezende (2000) relata que, justo no dia em que o Jornal Nacional vai ao ar pela
primeira vez, o comando do país era passado para os três ministros militares, em
decorrência da doença do presidente da República, general Costa e Silva. Nas
palavras de Rezende (2000, p.110)


                     o acaso evidenciava o que para muitos significava mais do que uma
                     simples coincidência. A integração nacional pela notícia, via Jornal
                     Nacional, e o endurecimento da ação do governo militar começavam
                     no mesmo dia.
23




      Rezende (2000) diz que a principal característica da televisão dos anos 1970
é o desenvolvimento técnico, e a Rede Globo foi a principal emissora a se aproveitar
disso. Vem desta época o Padrão Globo de Qualidade, série de normas e preceitos
que são seguidos até hoje por todos os colaboradores, com o objetivo de uniformizar
e concentrar a audiência na programação da emissora.
      A contratação criteriosa de locutores, a interação destes com o cenário dos
telejornais e a qualificação da edição das imagens que iam ao ar tornaram o
telejornalismo da Rede Globo um referencial técnico e de conteúdo a ser superado –
ou imitado – por outras emissoras. Porém, o conteúdo do telejornal era limitado
pelas amarras da censura.
      Em 1973, a Rede Globo inova mais uma vez no formato de apresentação da
notícia, em especial nas noites de domingo, espaço pouco explorado das
programações à época vigentes. Rezende (2000) relata a criação do Fantástico,
fruto da criatividade de José Bonifácio de Oliveira, o Boni, e de Mauro Borja Lopes, o
Borjalo, apresentando notícias do domingo mescladas com entretenimento, mantém-
se a mesma temática do programa em vigor até os dias atuais.
      Uma das tentativas de se buscar o diferencial no telejornalismo da época
partiu da TV Tupi, ainda sentindo os efeitos da extinção do Repórter Esso. Em 1970,
vai ao ar o telejornal Rede Tupi de Notícias. Segundo Rezende (2000, p.112),
“transmitido ao vivo para várias capitais do país, o telejornal procurava, a partir do
cenário, revelar sua identidade: os locutores apareciam em primeiro plano e uma
sala de redação compunha o ambiente de fundo”.
      A Rede Bandeirantes, inaugurada em 13 de maio de 1967, em São Paulo por
João Saad, também foi em busca de alternativas, e no meio da década de 1970, em
projeto dirigido por Gabriel Romeiro, renovou seu primeiro telejornal Os Titulares da
Notícia, no ar desde a inauguração da TV Bandeirantes, em 1967. De acordo com
Rezende (2000), Os Titulares da Notícia passava a dar valor tanto ao depoimento
popular como ao trabalho do repórter, deixando a cargo deste o papel de apresentar
os acontecimentos – o objetivo era mostrar ao telespectador que o repórter estava
presente ao acontecimento, e desse modo, dar maior credibilidade ao noticiário.
      A TV Cultura de São Paulo, uma emissora pública, também tinha em seu
quadro, profissionais com pensamentos diferenciados para os padrões vigentes em
1970. Rezende (2000) conta que o telejornal A Hora da Notícia tinha como
prioridade o depoimento popular e os problemas que atingiam a comunidade,
24




fórmula que deu retorno em forma de audiência e repercussão. Porém, a abertura de
espaço para os anseios da população entrava em conflito com os interesses do
governo em vigor – tanto que as chefias de jornalismo foram substituídas, e o ápice
da intolerância se deu com a morte do jornalista Wladimir Herzog, diretor de
jornalismo da TV Cultura, por torturadores do regime militar.
      Tanto Tourinho (2009) como Rezende (2000) consideram que uma alternativa
encontrada pela Rede Globo para minimizar os efeitos da censura militar no
noticiário nacional, pelo início da década de 1970, era o investimento no noticiário
internacional. Se as notícias que se passavam no Brasil não podiam ser divulgadas,
abria-se espaço para os acontecimentos que vinham do exterior. Conforme Tourinho
(2009), a partir de 1973 a Rede Globo passou a fazer uso de correspondentes
internacionais.
      Hélio Costa, repórter e correspondente internacional da Rede Globo, em
declaração a Mello e Souza (1984, apud TOURINHO, 2009, p. 63), reforça esta
ideia: Era fundamental que as informações fossem repassadas por jornalistas
brasileiros, e não mais por estrangeiros, que levavam consigo pontos de vista que
interessavam a seus países, independente da qualidade do profissional. As
condições tecnológicas favoreciam este tipo de iniciativa, em decorrência do
barateamento das transmissões via satélite, e despertavam no telespectador a
sensação de grandeza, pois profissionais brasileiros se faziam presentes nas mais
diversas localidades do mundo. Rezende (2000, p.116) enfatiza que o recurso da
ampliação do noticiário internacional nos telejornais tinha a intenção sutil de “alertar
a consciência do público para assuntos polêmicos”.
      A primeira reportagem internacional via satélite transmitida para o Brasil, de
acordo com Tourinho (2009), se deu em 28 de fevereiro de 1969 – Hilton Gomes
ancorou da capital italiana uma transmissão em cadeia para todas as emissoras
brasileiras, supervisionada pela Embratel. Ao longo da década de 1970, além de
utilizar a rede da Embratel, a Rede Globo também desenvolveu redes próprias de
micro-ondas, interligando suas emissoras localizadas nos grandes centros com
retransmissoras espalhadas pelo interior.
      De acordo com Squirra (1990), até o início dos anos 1970, a imagem
transmitida pelas emissoras de televisão brasileiras era em preto e branco, baseado
25




no sistema norte-americano NTSC1. Estudos do regime militar da época definiram
pela adoção do sistema PAL2, desenvolvido pela empresa alemã Telefunken, por ter
maior qualidade em relação ao sistema de cores norte-americano. Porém, o sistema
alemão não era compatível com o sistema preto e branco em vigor.
          Mello e Souza (1984, p.122) registra:


                           para que fosse estabelecida a necessária compatibilização, seria
                           preciso adaptá-lo à realidade brasileira. A adaptação foi feita, e em
                           função dela, à sigla PAL foi acrescentada uma outra letra maiúscula,
                           o M, que indicava ser o sistema brasileiro igual ao alemão somente
                           em termos de cor; em preto e branco ele continuava a obedecer ao
                           padrão americano.


          De acordo com o Grupo Bandeirantes de Comunicação (HISTÓRIA Grupo
Bandeirantes de Comunicação. Disponível em: <http://www.band.com.br/grupo/
historia.asp>. Acesso em: 14 out. 2010.), a primeira transmissão em cores regular da
televisão brasileira se deu em 19 de fevereiro de 1972, com a cobertura da 12ª Festa
da Uva de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e com a exibição do filme O
Cardeal, de Otto Preminger. De acordo com Tourinho (2009), a transmissão do
evento foi gerada pela TV Difusora de Porto Alegre para um pool de emissoras de
todo o país através das redes de micro-ondas da Embratel.
          Antes desta transmissão, segundo o Grupo Bandeirantes (Ibid), pelo menos
dois anos de preparativos antecederam o acontecimento. Tourinho (2009) relata que
outras transmissões experimentais em cores já haviam ocorrido, como a transmissão
de boletins diários da Copa do Mundo de 1970, no México. A TV Bandeirantes, de
acordo com seu histórico, (Ibid) foi a primeira emissora a produzir e transmitir sua
programação integralmente em cores, a partir de 1972, com a compra de
equipamentos Bosch oriundos da Alemanha.
          Em dezembro de 1975, a TV Bandeirantes de São Paulo passa a inaugurar
emissoras em outras localidades brasileiras – inicialmente em Belo Horizonte, com a
aquisição da TV Vila Rica. Após, às 7 horas da noite de 7 de julho de 1977, o
primeiro sinal de teste da TV Bandeirantes Rio de Janeiro vai ao ar pelo canal 7. Em
setembro do mesmo ano é a vez da TV Guanabara, com alcance para a Baixada
Fluminense. Em 1980, já eram 24 emissoras integrando a Rede Bandeirantes.

1
    Abreviatura de National Television System Committe, em inglês.
2
    Abreviatura de Phase Alternating Line, em inglês.
26




        Porém, um entrave tecnológico impedia uma expansão maior. Tupi e Globo
ocupavam os dois canais disponibilizados pela Embratel, para transmitir a
programação para os estados com menor densidade populacional. A TV Record,
segundo seu histórico (HISTÓRIA Rede Record. Disponível em: <http://rederecord.
r7.com/historia.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) somente deu início ao processo de
expansão da programação para o interior de São Paulo no começo da década de
1980.
        A solução encontrada pela Bandeirantes foi buscar suporte tecnológico com a
Intelsat para que transmitisse nas 24 horas do dia via satélite. Em 1982, a Rede
Bandeirantes foi a pioneira nas Américas a transmitir integralmente sua
programação via satélite. Segundo Tourinho (2009), o uso do satélite pelas
emissoras de televisão do Brasil se popularizou a partir de 1985, quando o satélite
BrasilSat – o primeiro doméstico brasileiro – passou a operar.
        Uma das principais inovações a partir da utilização do satélite pelas
emissoras de televisão estava no formato e na linguagem das informações da
meteorologia, que passaram a contar com as imagens fornecidas pelo satélite. De
acordo com o projeto Memória Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo. Disponível
em: <http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-239077,00.
html>. Acesso em: 14 out. 2010.), Sandra Annenberg, em 1991, passou a apresentar
o até então inédito quadro da previsão do tempo no Jornal Nacional.
        Tourinho (2009) considera que, após a implementação no Brasil da TV em
cores, a última inovação tecnológica somente aportou no país 35 anos depois. A TV
de alta definição, ou TV digital – HDTV3, foi inaugurada oficialmente em 2 de
dezembro de 2007, após quase dez anos de estudos e testes sobre o modelo a ser
implementado.
        O Brasil, a exemplo do que ocorreu na adoção do padrão de cores, e com
base em negociações governamentais, comerciais e tecnológicas, optou por um
sistema híbrido, o SBTVD4, baseado no sistema japonês ISDB-T5. De acordo com
Tourinho (2009, p.68), o SBTVD proporciona, sem qualquer tarifação, inovações
como “alta definição, portabilidade e mobilidade”. A transmissão da TV digital é feita


3
  Sigla em inglês de High Definition TV.
4
  Abreviatura do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, SBTVD, tecnicamente chamado de ISDB-TB
(Tourinho, 2009, p.68).
5
  Abreviatura de Integrated Service Digital Broadcasting, em inglês. (Tourinho, 2009, p.68).
27




por meio dos canais UHF 6, diferentemente da televisão analógica convencional,
transmitida em VHF 7.
       A primeira transmissão em HDTV no Brasil se deu nos dias 6 e 7 de junho de
1998, com a TV Record gerando sinal totalmente digital de uma festa no Memorial
da América Latina, sinal este recebido pelos presentes no evento em circuito
fechado. No dia seguinte, a Rede Globo fez a primeira transmissão intercontinental
ao vivo e em circuito aberto do sinal em HDTV, a partir da França, com a
apresentação do programa Fantástico, exibindo preparativos para a Copa do Mundo
de 1998, realizada naquele país.
       A TV digital está sendo implantada gradualmente em todo o país, e uma
estimativa do governo federal prevê que até 2013 todas as emissoras de televisão
tenham migrado para o sistema digital.
       A inovação tecnológica mais recente da televisão no mundo é a captação e
reprodução do sinal em três dimensões, conhecida com TV3D. O Brasil, por
iniciativa da emissora RedeTV!, tornou-se pioneiro na transmissão de um programa
de televisão aberta em três dimensões, ao vivo, em 23 de maio de 2010. O sinal foi
disponibilizado em circuito fechado para convidados, e podia ser recebido por quem
dispunha do equipamento e sintonizava a emissora em São Paulo. Porém, a TV3D
trata-se de uma tecnologia incipiente, não difundida em grande escala.
       Até aqui, deu-se destaque à linha temporal das inovações tecnológicas da
televisão, com o objetivo de reforçar depoimento de Ramón Salaverría, professor e
diretor do Laboratório de Comunicação Multimídia, vinculado à Faculdade de
Comunicação da Universidade de Navarro, na Espanha. Perguntado “por que se
deve inovar?”, o professor Ramón responde a Tourinho (2009, p.286):


                        La respuesta me parece obvia: porque si no innova, el medio queda
                        anciado en el pasado. Y sólo sobreviven los médios que saben
                        atender las demandas de la sociedad de su tiempo.


       Regressando à década de 1970, e consciente dos avanços tecnológicos que
se sucedem, percebe-se que a pioneira TV Tupi não resistiria ao sucesso do Padrão
Globo de Qualidade, seguidor dos avanços tecnológicos constantes, e ao processo

6
  Sigla em inglês de Ultra High Frequency, Frequência Ultra Alta, comum para propagações de sinais
de televisão nos canais 14 a 83.
7
  Sigla em inglês de Very High Frequency, Frequência Muito Alta, comum para propagações de sinais
de televisão nos canais 2 a 13.
28




de abertura política pela qual o Brasil ingressara do final dos anos 1970 para o início
dos anos 1980. Conforme Rezende (2000), a crise de seus proprietários, os Diários
Associados, e a minguada audiência – o Jornal Nacional, em 1979, tinha audiência
de 79,9% no país (ÁVILA, 1982 apud REZENDE, 2000, p.117) – fizeram com que a
Tupi encerrasse suas atividades decretando falência em agosto de 1980.
      Outra dificuldade atinge as emissoras de televisão na década de 1970, dessa
vez naquelas que se afiliaram às redes nacionais. Por questões de mercado e
financeiras, de acordo com Rezende (2000), muitas delas abriram mão das
programações locais,     passando     a retransmitir   quase que na íntegra as
programações das cabeças de rede, no máximo se limitando a cumprir o mínimo
exigido de programação regional através dos noticiários. Desta forma, o anseio do
regime militar, da burguesia e de investidores estrangeiros, de uniformizar a cultura
nacional, acabava se concretizando, de modo a sufocar manifestações regionais.
      Rezende (2000) constata que a Rede Globo não possuía à época,
preocupação alguma em fazer um jornalismo crítico, denso, de opinião. O conteúdo
jornalístico apresentado nos telejornais da Rede Globo, em especial no Jornal
Nacional, é extremamente superficial, pois se baseia na apresentação das notícias
em forma de manchetes, inseridas em um espaço de tempo curto, algo que até hoje
se mantém.
      Como em toda regra há exceções, a Rede Globo, ainda na década de 1970,
cria pelo menos três programas jornalísticos diferenciados do formato tradicional de
noticiário. Dois deles permanecem no ar até os dias atuais – Globo Repórter, que,
de acordo com Rezende (2000), faz uso da linguagem de documentário para tratar
de temas com maior profundidade, e; Globo Rural, especializado em informar
agricultores e pecuaristas. O programa, durante um longo tempo, foi exibido
somente aos domingos e, recentemente passou a ser exibido também nos dias de
semana, sempre pela manhã. O terceiro é TV Mulher, já extinto, mas cujo formato
até hoje é explorado pelas emissoras de televisão, onde sexualidade, direitos e
saúde da mulher, assim como a repercussão das telenovelas, sempre fazem parte
da pauta.
      Com o abrandamento do regime militar, as emissoras passaram a ampliar o
espaço em suas programações para o telejornalismo. A Rede Globo, de acordo com
Secchin (2007), abre três novas opções de noticiários em sua programação, com o
objetivo de fortalecer os departamentos de jornalismo e comercial, a saber: Jornal
29




Hoje, no início da tarde; Bom Dia São Paulo, no início da manhã, servindo de
embrião para o Bom Dia Brasil, e; Jornal da Globo, no final da noite. Os programas
de entrevista também surgem por essa época, caso do Canal Livre, da TV
Bandeirantes, e do Vox Populi, na TV Cultura.
      Este período também serviu para que os jornalistas voltassem a aparecer
como personagens de destaque nos noticiários, papel que até então era dos
locutores, leitores de notícias que, conforme declaração de Boni a Mello e Souza
(1984 apud REZENDE, 2000, p. 114), deveriam possuir “boa aparência, voz firme e
timbre bonito”, características que serviam como elo para prender o público feminino
entre uma novela e outra.
      Os anos 1980 começam com a concorrência pública dos canais de televisão
que restaram da falência da TV Tupi. Conforme Rezende (2000), deste processo
duas novas cadeias de televisão se formaram: a primeira é a TV Studios do Rio de
Janeiro (TVS), do empresário Sílvio Santos – que até então apresentava seu
programa na TV Record, emissora da qual era proprietário de cinquenta por cento. A
inauguração da TVS ocorreu em 19 de agosto de 1981, e deu origem mais tarde ao
Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), sediada em São Paulo.
      De acordo com o discurso de inauguração da TVS São Paulo (SANTOS,
Sílvio. Sílvio Santos na Concessão do SBT 1981. 2008. 1 post (8min. 16s.).
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=IpvpX0nnqkc>. Acesso em: 14
out. 2010.), junto com a TV Studios, sucessora da TV Tupi, passaram a integrar o
Grupo Silvio Santos e distribuir o sinal da TVS as emissoras TV Marajoara, de Belém
do Pará; TV Piratini, de Porto Alegre, e; TV Continental, do Rio de Janeiro. De
acordo com o site Última Hora, (UHTV. História da TV Sistema Brasileiro de
Televisão – 1º Parte [post]. 3 jul. 2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.
com/2009/07/historia-da-tv-sistema-brasileiro-de.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) a
TV Studios do Rio de Janeiro passou a retransmitir a programação da TV Record no
Rio de Janeiro.
      A segunda é a TV Manchete, do grupo Bloch, com sede no Rio de Janeiro,
inaugurada em 5 de junho de 1983, e que deu origem à rede de mesmo nome.
Segundo o site Última Hora, (UHTV. História da TV Rede TV [post]. 25 jun. 2009.
Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/historia-da-tv-redetv.html>.
Acesso em: 14 out. 2010.) as concessões da TV Manchete eram herdadas da TV
Tupi, no caso de Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza e Belo Horizonte, e da TV
30




Excelsior de São Paulo. Além disso, também de acordo com o site Última Hora
(UHTV. História da TV Rede Manvhete (sic) 1º Parte [post]. 12 jun. 2009. Disponível
em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/historia-da-tv-rede-manvhete-1-parte.
html>. Acesso em: 14 out. 2010.), a primeira afiliada da Rede Manchete era a TV
Pampa de Porto Alegre e suas emissoras pelo interior do estado.
        Adolpho Bloch, no discurso de inauguração (BLOCH, Adolpho. O Discurso
de Adolpho Bloch na Inauguração da Rede Manchete (05-06-1983). 2009. 1 post
(4min. 02s.). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=BuwMEpM9Fwc&
feature=related>. Acesso em: 14 out. 2010.), reforça que o ideal da Rede Manchete
é o de proporcionar uma programação de primeira linha, moderna para os padrões
da época. E é justamente a Rede Manchete quem procura inovar no telejornalismo
praticado até então.
        Enquanto   a emissora    de   Sílvio Santos   opta   pelos   programas   de
entretenimento, a emissora de Adolpho Bloch, com base em experiências oriundas
de países europeus e dos Estados Unidos, investe em um jornalismo no qual o
comentário e o noticiário político são valorizados, assim como o maior espaço para a
apresentação das reportagens – o Jornal da Manchete, em seus primeiros anos,
tinha duração de duas horas.
        Até 1988, o padrão de apresentação dos jornais permanecia exatamente o
mesmo – o locutor apresentando as notícias, e a participação dos comentaristas
especializados. A partir deste ano, e de onde menos se fazia ideia, ganha destaque
o papel do âncora no telejornalismo brasileiro. Boris Casoy, entrevistado por
Rezende (2000), diz que, em 1984, a Bandeirantes era quem havia feito as primeiras
experiências no formato de apresentação das notícias com o âncora, espécie de
apresentador e comentarista, na pessoa de Joelmir Beting, no Jornal da
Bandeirantes.
        Bonner (2009) tem o mesmo pensamento de Casoy, porém, ressalta que
Beting não foi considerado um âncora inovador por não ser editor-chefe do Jornal da
Bandeirantes à época, por não ser o único apresentador do telejornal – Beting era
acompanhado na bancada por Ferreira Martins, locutor de notícias – e pelo fato de
seus comentários, na maior parte das vezes divertidos e bem escritos, estarem
concentrados na economia, levando em consideração a crise econômica e a inflação
alta.
31




      Boris Casoy é quem recebe o reconhecimento de ser o primeiro âncora
inovador do telejornalismo brasileiro, à frente do Telejornal Brasil no SBT, a partir de
28 de setembro de 1988. O SBT sempre foi conhecido por relegar o telejornalismo a
um segundo plano, com noticiários primitivos, sem qualidade, beirando, como diz
Squirra (1993 apud REZENDE, 2000, p. 127) a “pieguice”. De acordo com Rezende
(2000, p.126),


                      para uma emissora cujo dono gostava de aclamar os governantes de
                      plantão com suas companheiras de trabalho (as espectadoras do
                      programa de auditório), além de manter um quadro com o resumo da
                      semana do presidente, era previsível o fracasso no telejornalismo.


      Com a contratação dos jornalistas Marcos Wilson, Luiz Fernando Emediato e
Boris Casoy, Sílvio Santos contrariou todos os pensamentos que pairavam sobre
sua emissora, e colocou o telejornalismo do SBT – e do país – em vanguarda.
Casoy, que alcançara o posto máximo de editor-chefe do jornal Folha de S. Paulo,
tinha a missão de ancorar o TJ Brasil, semelhante aos seus pares norte-americanos.
Mas Casoy aplicou com sucesso uma fórmula singular, em que, além de ser editor-
chefe e apresentador do telejornal, conduzia entrevistas e opinava nas reportagens
que iam ao ar. Bonner (2009) enfatiza a forma com que Casoy emitia suas opiniões,
de forma curta, simples, mas direta, fazendo uso de bordões que condenavam ou
clamavam por renovação.
      Rezende (2000) diz que críticos e outros profissionais consideravam o
trabalho de Boris uma deturpação da função do âncora. A resposta de Boris a Vieira
(1991 apud REZENDE, 2000, p. 127) foi sucinta: “a audiência brasileira de televisão
é muito mais carente desse tipo de informação, da entrevista e do comentário, do
que a opinião pública norte-americana”. Mas a melhor resposta veio em forma de
audiência e de suporte publicitário, colocando o TJ Brasil na segunda posição em
número de anúncios do SBT, perdendo apenas para o Programa Sílvio Santos.
      Outra iniciativa jornalística diferenciada estrearia no SBT em 20 de maio de
1991 – o jornalismo popular, através do programa Aqui Agora que, segundo
Rezende (2000), era uma versão do programa argentino Nuevediario, em que o
jornalismo de rádio voltado para as classes populares ganhava espaço na televisão.
Com o uso frequente do plano-sequência para o relato das histórias, o Aqui Agora
colocava na televisão experientes repórteres de rádio, como Gil Gomes, Celso
32




Russomano e Jacinto Figueira Júnior, o lendário Homem do Sapato Branco. O
retorno de audiência foi instantâneo, mas restrito somente ao público de São Paulo.
      Rezende (2000) revela que, pouco depois da experiência do SBT, e com a
transferência de Joelmir Beting para a Globo, a Bandeirantes colocara Marília
Gabriela, apresentadora do programa de entrevistas Cara a Cara na função de
âncora do Jornal da Bandeirantes, também com a companhia de Ferreira Martins na
bancada. Sem ter a verve opinativa que Boris Casoy manifestava no TJ Brasil,
Marília se destacou na função pelo desempenho das mais diversas funções, como
repórter, apresentadora, editora e entrevistadora.
      Porém, o Jornal Nacional era ainda o líder de audiência dos telejornais, e
mantinha quase a mesma postura inflexível, herdada dos anos de regime militar. A
mudança mais significativa que o JN tivera nos anos 1980 era a introdução de
comentaristas, como Joelmir Beting e Paulo Francis. A apresentação permanecia
sendo feita por dois locutores – Cid Moreira e Sérgio Chapelin, com exceções dos
finais de semana, onde jornalistas como Eliakim Araújo e Fernando Vanucci, entre
outros, apresentavam o JN. Somente na metade dos anos 1990 é que o Jornal
Nacional passaria por transformações que modificariam sua linguagem, mas não
sua liderança.
      A entrada da década de 1990 é determinante para os rumos de duas redes de
televisão, a Rede Record e a Rede Manchete. A TV Record, de acordo com o site
Última Hora, (UHTV. História da TV Rede Record Parte 1 [post]. 31 jul. 2009.
Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/07/historia-da-tv-rede-record-
parte-1.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) era relegada ao posto de retransmissora
de parte da programação da TVS, enfrentava as mais diversas adversidades
financeiras e, em estado quase falimentar, é adquirida do Grupo Sílvio Santos pelo
bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus. A partir da compra, a
Rede Record passa por um processo de expansão de sua estrutura, principalmente
a partir dos anos 2000, com a meta de se tornar a líder em audiência no Brasil.
      Já a TV Manchete passara por duas grandes crises financeiras – segundo o
site Última Hora (UHTV. História da TV Rede Manvhete (sic) 1º Parte [post]. 12 jun.
2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/historia-da-tv-rede-
manvhete-1-parte.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) a primeira, em 1992, foi em
decorrência do fracasso de audiência da novela Amazônia. O Grupo IBF, empresa
do ramo de bilhetes de loteria, inicia as tratativas com Adolpho Bloch para assumir o
33




controle da Rede Manchete. O negócio chega a se concretizar, porém, Bloch retoma
na justiça o controle da TV Manchete sob a alegação de que o Grupo IBF não havia
honrado todos os compromissos financeiros.
      A segunda crise data de 1998, e foi decisiva para o fim da TV Manchete.
Conforme o site Última Hora (UHTV. História da TV Rede Manvhete (sic) 2º Parte
[post]. 13 jun. 2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/
historia-da-tv-rede-manvhete-2-parte.html>. Acesso em: 14 out. 2010.), os juros
cada vez maiores da dívida da Manchete superavam o valor do patrimônio,
ocasionando os primeiros atrasos dos pagamentos dos funcionários. A emissora,
segundo a legislação, deveria encerrar as atividades, mas pelas boas relações que o
fundador Adolpho Bloch criou com o governo federal, a emissora seguiu operando.
Bloch faleceu em 19 de novembro de 1995, e os negócios foram herdados por Pedro
Jack Kapeller. Aos poucos, dificuldades como atrasos de salários, pedidos de
demissão em massa, emissoras afiliadas migrando para outras redes e falta de
pagamento de taxas aos órgãos de telecomunicações impediram que a
programação da Rede Manchete permanecesse no ar. O capítulo final se deu com o
repasse das concessões a Amilcare Dallevo, que arrendava espaços aos domingos
na programação da TV Manchete.
      Em uma manobra política – já que a TV Manchete estava impedida de ser
negociada desde a crise de 1993, e várias ações trabalhistas estavam em vigor,
impedindo qualquer venda de patrimônio – o Ministério das Comunicações repassou
a Dallevo, mediante o pagamento das renovações vencidas há quase dez anos, as
concessões que a Rede Manchete tinha em seu poder. Dallevo, em sociedade com
Marcelo de Carvalho, em 9 de maio de 1999, através da empresa TV Ômega, dá
início a uma corrida de três meses para colocar no ar a TV!, inicialmente sediada em
Barueri.
      Em 10 de março de 1999, a programação entra no ar em caráter provisório,
com grande parte da grade de programação arrendada e somente um telejornal, o
Primeira Edição, que herdava as características do Jornal da Manchete. Em 15 de
novembro de 1999, vai ao ar definitivamente a RedeTV!, a mais nova rede de
emissoras de televisão do Brasil, que tem como característica principal as inovações
tecnológicas, como apresentado anteriormente neste capítulo.
      No que diz respeito ao telejornalismo da RedeTV!, o principal telejornal da
emissora, o RedeTV! News, tem como destaque a bancada giratória instalada dentro
34




da redação, inaugurada em 13 de novembro de 1999. Conforme o artigo de Silvia
Corrêa, publicado no jornal Folha de S. Paulo, edição de 8 de novembro de 2009
(CORRÊA, Silvia. Telejornal Giratório. Folha de São Paulo, São Paulo, domingo, 8
nov. 2009. Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?
cod=563ASP002>. Acesso em: 14 out. 2010.), dois estúdios onde ocorrem
gravações, além da redação, formam o cenário do telejornal, instalado no Centro de
Transmissão Digital (CTD), inaugurado durante as comemorações dos dez anos da
emissora.
       Ao iniciar o telejornal, a bancada é elevada em torno de um metro, e passa a
girar, sendo que a cada dez minutos se completam os 360 graus do giro. Outra
curiosidade do telejornal ancorado por Augusto Xavier e Rita Lisauskas é o fato de
não possuir operadores de câmeras no estúdio – três câmeras estão afixadas à
bancada, enquanto uma quarta está posicionada no alto do estúdio.
       Conforme Rezende (2000), a partir de 1° de abril de 1996, o Jornal Nacional
passa a ser apresentado por jornalistas – inicialmente, William Bonner e Lilian Witte
Fibe, depois Fátima Bernardes, a partir de fevereiro de 1998. A saída de Lilian se dá
por discordâncias da linha editorial que o JN possuía à época, mais amena, e
também pela falta de empatia dela com o público – tanto que o casal de
apresentadores William e Fátima foi escolhido a partir do resultado de pesquisas de
audiência do Instituto Brasileiro de Opinião Pesquisa e Estatística (IBOPE).
       Rezende (2000) destaca que, a partir desta época, o Jornal Nacional passou
a abordar de modo mais abrangente assuntos do cotidiano de celebridades, dando
menor espaço a notícias internacionais que, em outros tempos, teriam maior
repercussão. Outras inovações no formato de apresentação das notícias também
passaram a fazer parte da rotina do Jornal Nacional, de acordo com o site Memória
Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo. Disponível em: <http://memoriaglobo.
globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-239077,00.html>. Acesso em: 14 out.
2010.): a reconstituição de fatos e o uso de vídeocharges8, desenhadas por Chico
Caruso.

8
  De acordo com o site Memória Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo. Disponível em:
<http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-239077,00.html>. Acesso em 14
out. 2010.), as vídeocharges eram as tradicionais charges de jornal transportadas para o vídeo. “Com
30 segundos de duração, em média, as charges satirizavam os fatos políticos de maior relevância do
noticiário. O desenho, também publicado no jornal O Globo, era levado à TV Globo no Jardim
Botânico pelo próprio Caruso, que gravava a voz nos estúdios da emissora. A equipe do
departamento de arte ficava, então, responsável por decompor o desenho e produzir a sequência que
35




       Ainda conforme o Memória Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo.
Disponível em: <http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-
239077,00.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) a partir de setembro de 1999, William
Bonner passa a acumular as funções de apresentador e editor-chefe, funções que
ele já acumulara anteriormente no Jornal Hoje, e de modo semelhante ao que
ocorreu com Boris Casoy.
       Porém, Bonner (2009) faz questão de diferenciar sua atividade da de Casoy –
enquanto no TJ Brasil, Casoy, como âncora, emitia opiniões abertamente, no Jornal
Nacional adotou-se o modo americano de ancoragem, onde o objetivo é informar o
telespectador, para que ele formule sua opinião e, caso haja a necessidade de a
emissora se posicionar, a opinião deve ser expressa e identificada em editorial.
       Em 26 de abril de 2000, ocorre a mudança de cenário do Jornal Nacional,
deixando de lado a bancada com fundo infinito e passando a utilizar como pano de
fundo a redação do Departamento de Jornalismo da Rede Globo. Segundo Bonner
(2009), o mezanino onde foi instalado o cenário do Jornal Nacional está instalado,
assim como toda a redação de Jornalismo da Globo Rio, em um estúdio de
gravações de novelas, desativado com a inauguração da Central Globo de
Produções, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro (ProJac).
       No novo cenário, o único no mundo nestes padrões, de acordo com o site
Memória Globo (Ibid), é possível a sobreposição de ilustrações gráficas obtidas por
meio do chromakey9, cobrindo o ambiente da redação e posicionando selos de
identificação de temas atrás dos apresentadores.


2.4 Histórico da Televisão por Assinatura


       A TV por assinatura constituiu-se, inicialmente, numa alternativa para que
pequenas comunidades tivessem acesso às programações da televisão aberta com
qualidade de sinal, nos Estados Unidos da década de 1940. As pessoas
associavam-se e adquiriam uma antena coletiva de alta sensibilidade, para que
pudessem receber os sinais. Posteriormente, utilizando cabos, o sinal era distribuído

ia ao ar. No dia seguinte, os desenhos eram colocados no computador e a sequência ia para a mesa
da animação. Finalmente, o material era editado e sonorizado”.
9
  De acordo com Carravetta (2010, p.100), o chromakey “é conhecido como sobreposição por
separação de cores, constituindo-se num tipo de tesoura eletrônica que recorta as partes desejadas
de uma imagem selecionada, colocada num fundo azul, sobrepondo-a num cenário, oriundo de uma
outra imagem”.
36




para as residências. O sistema ficou conhecido como CATV10, e até hoje é sinônimo
de TV a cabo. O sistema evoluiu, a partir do momento em que nesta rede de cabos
programações diferenciadas passaram a ser oferecidas aos assinantes, resultando
naquilo que se conhece por TV por assinatura nos dias atuais.
          “Fazer com que o sinal das emissoras de televisão, localizadas na cidade do
Rio de Janeiro, chegasse às cidades de Petrópolis, Teresópolis, Friburgo, entre
outras, situadas na Serra do Mar, com boa qualidade de som e de imagem” (ABTA
Associação         Brasileira     de    Televisão      por     Assinatura.   Disponível   em:
<http://tvporassinatura.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17&It
emid=34>. Acesso em: 14 out. 2010.) era o desafio inicial da televisão por assinatura
em terras brasileiras.
          No país, as primeiras iniciativas de se oferecer a TV por assinatura ocorreram
há pelo menos quarenta anos, e também foram no intuito da superação de
dificuldades técnicas. Uma rede de cabos coaxiais transportavam os sinais até as
residências, depois de recebidos por antenas instaladas no alto da serra. Aqueles
que desejassem o serviço pagavam uma taxa mensal, de modo muito semelhante
aos moldes da televisão por assinatura dos dias atuais.
          Com base em informações da Associação Brasileira de Televisão por
Assinatura (ABTA), e das programadoras de televisão por assinatura Globosat e
TVA, constata-se que o início da televisão por assinatura no Brasil foi muito precário,
vindo a evoluir consideravelmente nos anos 1990 e 2000. Nos anos 1980 iam ao ar
as primeiras transmissões efetivas de TV por assinatura, com as programações da
Cable News Network (CNN) e da Music Television (MTV) norte-americana, em
canais fechados, codificados e transmitidos em UHF.
          O serviço de televisão por assinatura foi regulamentado inicialmente pelo
presidente José Sarney, em 1988, sendo que um ano depois foi regulamentada
precariamente a TV por cabo, cuja legislação definitiva viria a ser aprovada somente
em 6 de janeiro de 1995, através da Lei n° 8977, chamada de Lei do Cabo.
          Em outubro de 1990, o Grupo Abril, por meio da TVA, fecha parceria com a
norte-americana Viacom, e passa a transmitir em sinal aberto UHF a programação
da primeira televisão segmentada do país, a MTV Brasil. Um ano depois, o Grupo
Abril, em parceria com a Mathias Machline, dá origem a TVA Programadora, com


10
     Abreviatura de Community Antenna Television, em inglês.
37




cinco canais: Showtime e ESPN International em UHF, e CNN, TNT e Superstation
em MMDS11. Em 1994, a TVA torna-se a primeira a distribuir televisão por assinatura
via satélite, por meio da TVA DigiSat, que posteriormente adota o nome da
multinacional DirecTV (TVA. Disponível em: <http://www.tva.com.br/Institucional/>.
Acesso em: 14 out. 2010.).
       Em 1991, as Organizações Globo, em parceria com suas afiliadas em
televisão aberta, como a Rede Brasil Sul (RBS), criam a Globosat, operadora 12 de
TV paga via satélite na Banda C, que distribuía o sinal por meio de cabos. A
Globosat também foi a primeira programadora13 de TV por assinatura no Brasil, ao
criar em 1991 os canais Telecine (filmes), Top Sport (esportes), GNT (informativo) e
Multishow (entretenimento).
       Até então, as Organizações Globo, através da Globosat, produziam conteúdo
por meio das programadoras e distribuíam os canais através das operadoras de TV
a cabo. Em 1993 ocorre a cisão da Globosat em duas empresas: a Net Brasil, que
ficou incumbida das atividades de venda, distribuição e prestação de serviços de
televisão por assinatura, e a Canais Globosat, dedicada exclusivamente à produção
de conteúdo.
       Com o objetivo de aumentar a quantidade de canais produzidos no Brasil,
deixando de ser dependente de conteúdos estrangeiros, a partir de 1995 a Globosat
amplia consideravelmente o número de canais produzidos. O primeiro canal de
notícias 24 horas brasileiro, o Globo News, surge neste período, assim como o
ShopTime, canal de vendas de produtos. O canal Telecine é desmembrado em
cinco canais, cada um com um gênero diferenciado de programação, e na mesma
época é criado o Canal Brasil, dedicado às produções de filmes e séries brasileiros.
       O canal Top Sport é rebatizado como SporTV, passando a dedicar sua grade
de programação aos esportes coletivos (especialmente futebol) e aos esportes
radicais. Com o início das atividades em pay-per-view14, o futebol tornou-se principal


11
   Da sigla em inglês, Multipoint Multichannel Distribution System. Sistema de distribuição de canais
de TV por micro-ondas terrestres. Uma das formas de transmissão de TV por assinatura (ABTA,
2010).
12
   Empresa que distribui sinais de televisão por assinatura, seja por cabo, MMDS ou satélite (ABTA,
2010).
13
   Programadoras são empresas que fornecem conteúdo (canais) para TV paga. Podem produzir
programação própria, representar canais estrangeiros no país ou comprar programas e reformatá-los
em canais para o público local (ABTA, 2010).
14 Do inglês, pague para ver. Serviço de TV por assinatura em que se paga apenas o que se quer
assistir (filmes, shows, cursos), quando se desejar, e dentro da oferta existente (ABTA, 2010).
38




atração dos canais Premiere e, anos depois, seria o primeiro canal de esportes
voltado para brasileiros no exterior, o PFC. A partir de 1996, os canais Globosat
passam a ser distribuídos pela operadora de televisão via satélite SKY, ampliando
consideravelmente o alcance no território brasileiro (HISTORIA DA TV POR
ASSINATURA Canais Globosat. Disponível em: <http://canaisglobosat.globo.com/
index.php/tv_por_assinatura/historia>. Acesso em: 14 out. 2010.).
      Até o início dos anos 2000, a TV por assinatura no Brasil era um benefício
restrito a poucos consumidores, devido às altas mensalidades e ao pequeno número
de cidades atendidas, o que tornava a TV por assinatura um privilégio de poucos.
Em 1994 eram em torno de 400 mil assinantes de TV paga, número que se elevou
para 3,4 milhões de assinantes no ano 2000 – um crescimento de 750% em seis
anos – e que no segundo trimestre de 2010, alcançou a marca de 8,42 milhões de
assinantes, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).
56,95%, cerca de quatro milhões e seiscentos mil assinantes, estão concentrados
nas operadoras de TV por cabo, enquanto que 39,92%, algo como três milhões e
meio de assinantes, recebem o sinal via satélite, e 3,05%, cerca de trezentos mil
assinantes, recebem o sinal por meio de micro-ondas (MMDS) (ABTA. Resultados
Setoriais TV Por Assinatura – Operadoras: 2010. São Paulo, 2010.).


2.5 Histórico do Telejornalismo Dedicado


      O início do telejornalismo em canais dedicados se dá com a criação da Cable
News Network (CNN), em 1º de junho de 1980 (HISTORY.COM. Disponível em:
<www.history.com/this-day-in-history/cnn-launches>. Acesso em: 14 out. 2010.). A
história de seu fundador, Robert “Ted” Turner, tem início quando ele assume uma
empresa de anúncios para a revista Billboard, após o suicídio do pai, em 1963. Ted
expande os negócios, e sete anos depois, ele adquire uma estação de TV em
Atlanta, que reprisava filmes antigos. Em poucos anos, a emissora se transforma na
estação denominada The SuperStation, transmitida via satélite diretamente para as
casas dos assinantes. Anos depois, com os lucros de seus empreendimentos,
Turner torna-se dono das equipes de basquete e de beisebol de Atlanta e as
partidas destas equipes passam a ser transmitidas por outro canal, criado por Ted, o
TBS (Turner Broadcasting System, nome que deu origem ao grupo de empresas em
que a CNN está incluída).
39




       Mas a ousadia maior de Ted Turner foi a de fazer frente às três grandes redes
de televisão norte-americanas – ABC, CBS e NBC, que, à época, produziam em
média 30 minutos diários de notícias, em telejornais que íam ao ar geralmente à
noite. A CNN, com suas primeiras instalações em uma casa velha transformada em
newsroom15, repleta de antenas parabólicas no pátio, consideradas por Ted Turner
sua plantação de repolhos, surgia com o objetivo de alterar a noção de que as
notícias somente poderiam ser relatadas em horários fixos, passando a apresentá-
las durante as 24 horas do dia, a partir dos mais diversos locais do mundo, em
canais dedicados exclusivamente à informação, aproveitando-se do vasto espaço
que as operadoras de televisão por assinatura tinham a oferecer. Daí a expressão
telejornalismo dedicado.
       A repercussão mundial e a consolidação do trabalho da CNN se deram com o
início da Guerra do Golfo, no Iraque, em 1991. A cobertura ao vivo do início dos
bombardeios norte-americanos à capital iraquiana, Bagdá, foram transmitidos via
satélite para todo o mundo, colocando a CNN como principal fonte de informações
internacionais por televisão.
       Nos dias atuais, o Grupo de Notícias CNN alcança, através das mais diversas
plataformas, cerca de 700 milhões de pessoas. São seis redes de televisão por cabo
ou satélite: CNN – transmitida somente para o território norte-americano; CNN
International – transmitida para o mundo em quatro programações diferentes:
América Latina, Europa, Ásia e Pacífico, e Estados Unidos; CNN en Español – no ar
desde 1997, tem sua programação totalmente produzida em espanhol para os
países da América Latina; Money – antigo CNNfn, especializado em notícias do
mercado financeiro e de negócios; SI – antigo CNN/SI, é o primeiro canal resultante
da fusão dos grupos empresariais Time Warner e Turner, transmite notícias
esportivas, produzidas pela equipe da revista Sports Illustrated e pela CNN, e; HLN
– antigo CNN Headline News, canal que apresenta informações atualizadas a cada
trinta minutos, como as notícias do dia e os últimos acontecimentos, os destaques
esportivos, de negócios e espetáculos.
       Além destes produtos, existem as redes de rádio – disponíveis em inglês e
em espanhol; os websites; as emissoras de televisão que são licenciadas para

15
   Do inglês, redação. Um escritório em que a notícia é processada por uma agência de notícia de
jornal, ou televisão, ou estação de rádio. (PRINCETON UNIVERSITY. Disponível em:
<http://wordnetweb.princeton.edu/perl/webwn?s=newsroom>. Acesso em: 14 out. 2010, tradução
nossa). Ambiente em que o estúdio de apresentação dos telejornais está integrado á redação.
40




utilizar a marca CNN, como o canal CNN Chile, produzido inteiramente no país
latino-americano; e a CNN Airport Network – que transmite diversos programas das
seis redes CNN via satélite para os aeroportos norte-americanos.
      A CNN também serve como uma agência de notícias para outras emissoras
de televisão: O CNN News Source, além do acompanhamento ao vivo de fatos
relevantes, transmite, a mais de 400 assinantes espalhados pelo mundo, doze
informações noticiosas nos dias úteis e dez em cada dia do fim de semana. Estas
sínteses contêm informações locais, nacionais, internacionais e do tempo, como
também notícias de esportes, medicina, negócios e espetáculos (CNN EM
PORTUGUÊS.        Disponível   em:    <http://web.archive.org/web/19990218052820/
cnnemportugues.com/grupo/index.html>. Acesso em: 14 out. 2010.).
      No Brasil, a primeira experiência de um canal de notícias vai ao ar em 15 de
outubro de 1996 – o Globo News, canal exclusivo de notícias das Organizações
Globo. Conforme Rezende (2000, p.137), o Globo News era uma alternativa à
limitação da grade de programação da TV Globo, e procurava satisfazer seu
telespectador “combinando agilidade com aprofundamento da informação”.
      Carlos Henrique Schroder, em depoimento a Paternostro (2006, p.83), relata
que “a ideia era ter um noticiário forte na primeira meia hora e depois debates e
discussões profundas para ajudar o telespectador a entender melhor determinado
assunto e tomar posição”.
      Segundo Rezende (2000), mal havia completado um mês de atividade e o
Globo News já enfrentaria grandes coberturas jornalísticas, como o acidente com o
Fokker 100 da TAM, deixando quase cem mortos em uma área residencial próxima
ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo. De acordo com Paternostro (2006), foi a
primeira vez em que a programação prevista foi deixada de lado e substituída pela
transmissão contínua das informações relacionadas ao acidente, onde prevalecem o
improviso e a narração ao vivo dos fatos que estão sendo acompanhados.
      Após contextualizarmos historicamente a televisão brasileira, seja ela aberta
ou por assinatura, enfatizando o telejornalismo, e de modo a viabilizar a análise dos
telejornais, faz-se necessário o estudo das rotinas produtivas dos telejornais, o que
será abordado no próximo capítulo.
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Rotinas de telejornais 24h

  • 1. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO CRISTIANO FARIAS MARTINS ROTINAS PRODUTIVAS EM CANAIS DEDICADOS AO TELEJORNALISMO SÃO LEOPOLDO 2010
  • 2. Cristiano Farias Martins ROTINAS PRODUTIVAS EM CANAIS DEDICADOS AO TELEJORNALISMO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo, pelo Curso de Comunicação Social da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS Orientador: Prof.ª Dra. Luiza Maria Cezar Carravetta São Leopoldo 2010
  • 3. À Luiza Carravetta, eterna mestra e orientadora, pelos conselhos, pela sabedoria e pela paciência; À Greice, companheira e assistente até o último parágrafo, pelo carinho, incentivo e dedicação nos momentos decisivos.
  • 4. AGRADECIMENTOS A orientadora deste Trabalho de Conclusão de Curso, Professora Luiza Maria Cezar Carravetta, por todo o aprendizado destes cinco anos de UNISINOS, em uma convivência onde sempre se fizeram presentes a tranquilidade e a paz de espírito. A Greice Nichele, esposa e companheira, pela paciência, carinho e apoio, cruciais para que este Trabalho fosse produzido e concluído a tempo de ser entregue. A todos os colegas de curso, representados aqui por Alessandra Riete, Rafael “Palmares” Martins e Pedro Bicca, pela parceria, força e dedicação com que trabalharam nos projetos de telejornalismo, produzidos em equipe, e também a Schanna Rodrigues, Tárlis Schneider e Tatiane Marques de Lima, pela amizade cultivada nestes cinco anos. A meus pais, Marcos Rogério Martins e Cristina Farias Martins, irmão, avós, bisavó, entre outros, assim como os pais e familiares de minha esposa, pelo apoio, carinho e força empenhados para que este Trabalho se concretizasse. A Humberto Candil, diretor responsável do canal de notícias Band News TV, por ter respondido aos questionamentos e auxiliado no esclarecimento de dúvidas sobre a rotina produtiva daquele canal. A Cláudio Lessa, ex-apresentador do canal CBS Telenotícias Brasil, por ter disponibilizado ao público os vídeos que permitiram analisar aquele canal dez anos após sua extinção. A Ticiana Giehl, amizade que teve papel importante para que os rumos a serem seguidos fossem outros, resultando neste momento. Aos colegas de trabalho, coordenadores de operações, jornalistas, e a todos os profissionais da RBSTV e TVCOM Porto Alegre, que contribuíram para meu aprendizado profissional nestes quatro anos de convívio.
  • 5. RESUMO Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como principal objetivo apresentar ao leitor as características de três canais dedicados ao telejornalismo, sendo um extinto – CBS Telenotícias Brasil – e dois em operação – Band News e Record News. As características e momentos históricos do telejornalismo e da televisão por assinatura – onde os canais 24 horas de notícia têm espaço privilegiado – são apresentados, assim como os meandros da produção de um telejornal tradicional, inserido na programação de emissoras tradicionais de televisão. A rotina dos profissionais de telejornalismo é apresentada em detalhes, assim como os prazos que precisam ser vencidos, e as formas de apresentação da notícia empregadas nos telejornais. Um resgate da trajetória dos três canais é traçado, e sete edições de telejornais são analisadas e descritas com o objetivo de esmiuçar ao máximo a rotina produtiva de um canal dedicado à transmissão de informações, sinalizar as características que compartilham e diferenciam estes telejornais, assim como as inovações que podem ocorrer em um período de uma semana, em dois dos três canais analisados. A inovação estética, em detrimento da inovação no formato e no conteúdo é o resultado deste estudo, que revela a preocupação em superar inovações impostas pelos vanguardistas, desdenhando a elaboração de novos formatos apresentáveis ao telespectador. O objetivo principal deste Trabalho é levar ao leitor um perfil atualizado destes veículos de comunicação, pouco estudados no meio acadêmico, de modo a apresentar sua história, suas características e inovações no decorrer dos últimos dez anos. Palavras-chave: Televisão. Telejornalismo. Notícia. Formato. Rotina
  • 6. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7 2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 15 2.1 Definição de Telejornalismo ............................................................................... 15 2.2 Características do Telejornalismo ...................................................................... 16 2.3 Resgate Histórico no Brasil ................................................................................ 17 2.4 Histórico da Televisão por Assinatura ................................................................ 35 2.5 Histórico do Telejornalismo Dedicado ................................................................ 38 3 ROTINAS PRODUTIVAS NO TELEJORNALISMO ............................................... 41 3.1 Rotinas Produtivas em Canais Dedicados ao Telejornalismo ............................. 52 4 CANAIS DEDICADOS AO TELEJORNALISMO .................................................... 58 4.1 CBS Telenotícias Brasil ...................................................................................... 58 4.2 Band News ......................................................................................................... 61 4.3 Record News ..................................................................................................... 64 5 ANÁLISE ............................................................................................................... 67 5.1 Formas de Apresentação da Notícia .................................................................. 69 5.2 Informações Recorrentes ................................................................................... 71 5.3 Origem das Informações .................................................................................... 73 5.4 Tempo Total x Tempo de Produção ................................................................... 76 5.5 Hoje x Dez anos atrás ........................................................................................ 76 5.6 Inovações de uma semana para a outra ............................................................ 78 6 CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS .................................................................... 83 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 86 ANEXO – ENTREVISTA À HUMBERTO CANDIL .................................................... 90 QUADRO I – ESPELHO DO TELEJORNAL CBS .................................................... 91 QUADRO II – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 1 .............................................. 93 QUADRO III – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 2 ............................................. 95 QUADRO IV – ESPELHO DO TELEJORNAL BAND 3 ............................................ 97 QUADRO V – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 1 ................................................ 99 QUADRO VI – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 2 ............................................. 101 QUADRO VII – ESPELHO DO TELEJORNAL REC 3 ............................................ 103
  • 7. 7 1 INTRODUÇÃO Este Trabalho de Conclusão, involuntariamente, tem início quando este autor ainda era estudante do ensino médio e residia no interior de Viamão, região metropolitana de Porto Alegre. Todos os dias, para chegar à escola – distante quase 20 quilômetros da minha residência – era preciso pegar o ônibus pelas 6h30min da manhã. Acordava todos os dias pelas 5h45min, sozinho, e, enquanto preparava o café, assistia televisão. Grande parte dos programas que eram transmitidos naquele horário, ou eram educativos – caso do Telecurso – ou eram vinculados a alguma igreja, quando não se tratavam de reprises de filmes e séries antigos. Mas um dia uma exceção à regra me chamou a atenção: eram boletins noticiosos, transmitidos a cada trinta minutos, chamados de CBS Telenotícias, que eram exibidos pelo SBT. A qualidade técnica, a trilha sonora, a postura dos apresentadores, e o fato de ser um telejornal em um horário nada convencional conquistaram um telespectador. Por diversas manhãs, durante o café, se tornara uma obrigação minha sair de casa informado, após assistir ao último telejornal da madrugada, transmitido pelo SBT, já que a partir das seis da manhã iniciava-se a programação de desenhos. A rotina se seguiu até que, em um dia qualquer, o telejornal não fora apresentado. E no dia seguinte, e no outro, também não fora ao ar. Concluí o ensino médio no final de 2000. O canal CBS Telenotícias Brasil encerrara suas atividades no meio deste ano, por dificuldades financeiras. Mas não se encerrara o meu interesse pela informação. Precocemente, passei a ouvir emissoras de rádio informativas, como a Bandeirantes e a Gaúcha. As informações do trânsito, as notícias divulgadas instantaneamente, ao vivo, com a dinâmica imposta pelo rádio me cativavam. Em um outro dia qualquer, resolvi conhecer como funcionava uma emissora de rádio. O programa escolhido, já extinto, era o Estúdio Band, apresentado por Daniela Sallet e Renato Martins na Rádio Bandeirantes, das duas às quatro da tarde. A forma descontraída de informar o ouvinte durante duas horas eram minha distração enquanto trabalhava em um escritório contábil de uma amiga. Perguntei se podia assistir ao programa ao vivo, e me foi aberta uma exceção, pois não era uma prática do programa e da emissora permitir a visita de ouvintes.
  • 8. 8 Durante o programa, assisti atentamente a comunicação e a sincronia entre o apresentador Renato Martins e o operador de áudio Luciano Vargas. O apresentador levantava a placa com a trilha que desejava, e lá vinha a trilha em um clique de mouse do operador de áudio, que tinha em suas mãos um computador e uma mesa de som parecida com um fogareiro de seis bocas, mas sem os queimadores. Ao lado do operador, a produção freneticamente fechava ligações com os repórteres, que entravam ao vivo por telefone com as últimas notícias. Mesmo em meio a toda aquela tensão, aquele estresse, o operador parecia tranquilo, dava risadas e esbanjava sorrisos na sua atividade, sempre atento ao que estava no ar. Foi naquele dia que veio a decisão de querer trabalhar em rádio. Sabia que o salário não era dos melhores, mas sempre preferi me satisfazer em algo que valesse a pena. Isso era em meados de 2001. Com a rescisão de um emprego, em 2002 paguei a vista o curso técnico profissionalizante de Radialista – Operador de Áudio, na Fundação Padre Landell de Moura, a FEPLAM. Em quatro meses, o registro profissional estava pronto – MTb 9404 – mas faltava-me a experiência, que veio na própria FEPLAM, por duas oportunidades, auxiliando o professor Augusto Silveira nos finais de semana, nas aulas que os alunos de locução precisavam cumprir para finalizar o curso. E foi convivendo com os alunos que me bateu o interesse em fazer também o curso de locução. Não me via como locutor, apesar do tom de voz formal. Mas com o incentivo de um ou outro colega, lá fui eu para a sala de aula novamente. Por trabalhar na FEPLAM, ganhei de presente o curso, ministrado pelo professor Sérgio Reis, um dos pioneiros da televisão no estado. Formado locutor, saí da FEPLAM por questões pessoais, e fui trabalhar em um cemitério, como porteiro. O diretor do cemitério era o Pastor Adilson Stephani, da Igreja Evangélica Luterana, e todas as semanas gravava comigo seu programa de rádio, que ía ao ar em emissoras do interior do Rio Grande do Sul. Certo dia, Pastor Adílson, com seu jeito tranquilo de falar, me perguntou se eu não conhecia ninguém que queria trabalhar como porteiro do cemitério. Com curiosidade, perguntei o que precisava. O primeiro requisito era não ter medo de cemitério, o que não era meu caso. E depois, ter paciência para trabalhar aos finais de semana e feriados, algo que todo radialista ou jornalista deve se acostumar. E lá fui eu, por quatro meses, trabalhar como porteiro no Cemitério Evangélico de Porto Alegre, acompanhando velórios, fazendo rondas noturnas, com chuva ou
  • 9. 9 com lua cheia. Mas me dei por conta de que aquela não era uma vida a ser seguida, que não levava a um futuro, ou seja, a lugar algum. Era preciso dar um passo a frente. Com o apoio fundamental de Ticiana Giehl, na época estagiária da Rádio Gaúcha, aluna da FEPLAM na época em que trabalhei lá, e que se tornou uma grande amiga desde então, eu fui alimentando a ideia de prestar vestibular, algo que não me passava pela cabeça desde que havia terminado o ensino médio. Enferrujado, distante dos cadernos, aos poucos fui me preparando para encarar as provas que seriam no final do ano de 2005. Por não ter condições financeiras para pagar um curso pré-vestibular, a preparação foi com livros comprados em sebos, especialmente naquelas matérias em que a dificuldade era maior – matemática, física e química. Mas por que raios um futuro jornalista precisa saber de matemática para passar no vestibular? Pois precisa não só para o vestibular, mas para a vida toda... Ticiana também me emprestou anotações, feitas por ela de algumas matérias, e um livro de literatura brasileira. O primeiro teste foi o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Era a segunda vez que o Exame poderia ser utilizado para a concessão de bolsas integrais em universidades particulares, por meio do Programa Universidade para Todos – ProUni. Muitos não acreditavam nesta oportunidade, mas eu preferi colocar as fichas e ver no que dava. Nem eu, muito menos meus pais – um policial militar a caminho da aposentadoria, e uma dona de casa – ou meu irmão, que estava no ensino médio, tínhamos condições de pagar faculdade particular. E como estudei a vida toda em escolas públicas, enxergava no ProUni uma oportunidade de ingressar no ensino superior sem prejudicar o orçamento da família, e sem levar em consideração questões político-partidárias que se revelam nestas ocasiões. Fiz as provas do ENEM, mas o resultado seria divulgado somente no final do ano. Pela estimativa que fiz, foram 42 acertos em 63 questões, dois terços exatos da prova. Nada mal para quem ficara cinco anos longe dos cadernos... Pois o tempo passava e era preciso ingressar na universidade, a decisão já estava tomada. O primeiro vestibular foi o da Feevale, onde passei e cheguei a me matricular em três disciplinas. Um segundo vestibular, desta vez no IPA, onde também fui aprovado. No IPA, eu poderia, por ser filho de policial militar, conseguir uma bolsa integral, mediante o cumprimento de atividades voluntárias. Disto eu entendia bem:
  • 10. 10 durante quatro meses, enquanto trabalhei no cemitério, participei de uma rádio comunitária, localizada em Viamão. A Aracoupama FM tinha como diretor Roberto Gross, que foi candidato a senador nas últimas eleições. Um cara sério, que fazia de tudo para que a rádio fosse cem por centro dentro da lei – transmissores, programação, apoios culturais... Eu, locutor e operador de áudio caçando experiência, procurei a rádio, e me ofereci para trabalhar como locutor, redator, operador de áudio, criador de vinhetas, e o que fosse preciso... exceto vender, pois eu sempre pensei que essa atividade não compete ao radialista. Roberto aceitou e eu trabalhei durante quatro meses na rádio, melhorando a plástica da emissora, desenvolvendo vinhetas, programas, e informatizando a rádio, que até então era posta no ar por cinco rádios portáteis com CD, sem remuneração fixa – o pagamento, na maioria, era em erva-mate, permutada por espaço publicitário de um anunciante da rádio. Era o combustível para começar bem todas as manhãs. De vez em quando aparecia um ou outro dinheiro, mas era muito pouco. Pedi desligamento da rádio por não conseguir compatibilizar os horários com o emprego no cemitério – caminhar quatro quilômetros até o estúdio da rádio todas as manhãs passou a se tornar uma atividade cansativa. Outro motivo que me levou a sair da rádio foi a intenção do diretor da emissora em querer concorrer com emissoras de rádio comerciais, fazendo a programação musical semelhante a estas, por mais que eu insistisse que o diferencial da rádio comunitária deveria ser o contrário, de explorar todos os espaços que as rádios comerciais faziam questão de não atingir. Consegui a tal bolsa integral do IPA, e cancelei a matrícula na Feevale. Tudo acertado para começar o semestre em março, até que chega o resultado do ENEM: nota 95 na redação, e 42 acertos, média de 79,23 e o oitavo lugar para jornalismo no estado. Estava dentro, e pela nota, podia me dar ao luxo de escolher onde estudar. A UNISINOS foi a escolha natural, pelo ambiente acolhedor, pela vasta área verde e espaço de sobra, por dispor dos melhores laboratórios para a prática das atividades, pelo nível de excelência e de respeito reconhecido por todos que ali passaram, incluindo meu avô, que se formou em Direito... e também por ter o menor gasto de passagens de Viamão até lá – afinal de contas eu estava desempregado, e acredite, era mais caro ir a Porto Alegre em 30 minutos do que ir a São Leopoldo em quase duas horas..
  • 11. 11 Eu havia feito a inscrição no vestibular da UFRGS, mas sabia que não estava preparado para passar naquele tão concorrido vestibular. E realmente não passei, mas fiz a prova para não desperdiçar os 100 reais que saíram da rescisão do contrato com o cemitério. Assim que iniciei as aulas na UNISINOS, fui convidado por um amigo para auxiliar o cunhado deste no supermercado da família, em Ipanema, zona sul de Porto Alegre. Pensei se tratar de um bico de informática, daqueles que rendem um dinheiro fácil em uma tarde, Mas não, o dono do mercado precisava de alguém de confiança para administrar o sistema de gerenciamento do mercado. Estava empregado, mas tinha o desafio de todo santo dia sair de Viamão para São Leopoldo, de lá para Ipanema, e de Ipanema para Viamão. De segunda a sábado. Foi assim durante oito meses – cinco disciplinas, um curso de extensão por semestre, e virei cliente assíduo do Trensurb e das empresas de ônibus. Até que nos classificados de empregos, abre uma vaga para operador de áudio em televisão. E justamente no Grupo RBS, que dificilmente abria este tipo de vaga – normalmente as contratações eram por indicação. De escondido do patrão, participei das primeiras duas entrevistas. Quando tive a convicção de que seria contratado, avisei ao Claudio, dono do mercado, para que procurasse um substituto – não queria deixa-lo na mão, e eu saía para trabalhar na área para a qual havia estudado. Ele compreendeu, e em um mês eu saí do supermercado e passei para a mesa de som da TVCOM, canal 36 de Porto Alegre. Mas não sem antes ficar com a dúvida: escolho a estabilidade de um emprego com carteira assinada, abrindo mão do estágio? Ou coloco em primeiro plano a possível futura carreira e vou em busca de um estágio? Primeira opção. 20 de novembro de 2006. Até então, eu conhecia a operação de uma emissora de rádio, nunca havia entrado em uma emissora de televisão, muito menos num switcher. Nem as instalações da TV Unisinos eu conhecia ainda. Mas fomos lá, algumas semanas de treinamento na prática e já era quase um veterano em operar áudio na televisão. A convivência com os jornalistas que pôem no ar os telejornais da emissora me fizeram trocar em parte o fascínio do meio rádio pelo meio televisão. O jogo de câmeras, o trabalho em equipe, a expressão oral e facial, a coordenação das transmissões, e a participação direta no sucesso do produto que ia ao ar me levaram para o caminho do aperfeiçoamento em televisão.
  • 12. 12 Por ter o domínio técnico, as disciplinas de telejornalismo passaram a ser as atividades onde considerava obrigatório desempenhar o melhor e o máximo possível. Com o grupo de colegas que se consolidou nas turmas iniciais da professora Luiza Carravetta, esse aprendizado foi levado adiante. Nunca me vi em frente às câmeras, sempre me senti mais a vontade nos bastidores, na construção e na idealização dos trabalhos. E assim foi com todos os trabalhos produzidos nas disciplinas de telejornalismo – sempre trabalhando nos bastidores para o êxito dos trabalhos, e por consequência, dos colegas. Em um ou outro trabalho apareci em frente às câmeras – ou como repórter piadista, ou como apresentador formal de bancada. Não me convenci em nenhuma das duas funções... A prática das externas, as gravações em estúdio, as edições das reportagens, sempre eram feitas aplicando aquilo que estava na minha rotina de trabalho, no meu ganha-pão. E ao mesmo tempo, transmitindo parte do meu conhecimento para aqueles que estavam comigo – não era nem nunca foi querer se vangloriar do emprego que conquistei, mas sim repassar aquele conhecimento que adquiri na prática, na rotina, no cotidiano. São quase quatro anos trabalhando em televisão. Todos os dias, uma rotina diferente, às vezes monótona, às vezes excitante – mesmo em situações de tragédia como a da queda do voo JJ3054 no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Eu estava no ar, operando a mesa de som no momento da queda, e participei da transmissão da cobertura do acidente desde os primeiros momentos – a jornada naquela noite se estendeu até às três da manhã, e recomeçou no dia seguinte, das quatro da tarde até a meia-noite. Com pesar, mas eletrificado por fazer parte de uma cobertura jornalística intensa, permanente. Veio o final do curso, e com ele a necessidade de se desenvolver o temido e preocupante Trabalho de Conclusão de Curso. A opção pela televisão como tema era quase que uma regra, mas não tinha o interesse de fazer sobre o meu cotidiano, a emissora em que trabalhava. Seria muito prático. Por que não voltar às origens, aos dias que amanheciam em Águas Claras, acompanhando o telejornal que me permitia sair de casa bem informado, e que deu início a essa história toda? Esta foi a escolha – abordar, de alguma forma, o canal CBS Telenotícias Brasil. Mas era preciso enquadrar, arredondar e polir o tema em um padrão acadêmico e científico, que a ocasião exige. Sempre me chamaram a atenção os
  • 13. 13 canais de notícia 24 horas, e não era diferente com os canais Band News e Record News, mais recentes, e antes ainda com o Globo News, pioneiro no Brasil. Ajustando os detalhes com a sempre professora e, agora, orientadora e incansável Luiza Carravetta, comprei, com certa relutância inicial, a ideia de desenvolver meu Trabalho de Conclusão de Curso sobre Rotinas Produtivas nos Canais Dedicados ao Telejornalismo. De certo modo, domino bem os conceitos de rotina produtiva, pois ao trabalhar em uma emissora de televisão, se torna constante, permanente, automática a rotina de produção, entranhando-se na rotina pessoal de quem nela trabalha. A leitura técnica de um telejornal, o conhecimento do espelho e da exibição do telejornal no ar, se caracteriza em uma bagagem e tanto. O desejo inicial de abordar o caso CBS Telenotícias Brasil deu espaço à problematização: relacionar o produto de dez anos atrás com os produtos televisivos dos dias atuais, especialmente os canais Band News e Record News. Não era nem nunca foi intenção abordar o canal pioneiro Globo News, mas sim os projetos que iam de encontro a ele – iniciativas inovadoras, que procuravam se diferenciar daquele que fora o primeiro, e que era o único no ar há quinze anos. Inicialmente, definimos, conceituamos e apresentamos o telejornalismo, assim como retratamos suas ações pioneiras no Brasil. Também apresentamos a televisão por assinatura, suas iniciativas pioneiras, e a ocupação de um espaço privilegiado aos canais dedicados ao telejornalismo. Para que se possa entender como um canal de notícias funciona, é necessário conhecer as características do telejornalismo tradicional, suas formas de apresentação e peculiaridades em relação aos outros meios de comunicação. Também se faz necessário o conhecimento do histórico dos canais que serão estudados neste Trabalho: quais são, quem os criou, com que intenções eles surgiram. Especial atenção dedico ao canal CBS Telenotícias Brasil, pouco conhecido do público geral, que teve curta duração, mas que tem uma história que não foi levada ao conhecimento da maioria – cabe-nos contá-la. Com base em sete telejornais selecionados criteriosamente, buscamos analisar de modo qualitativo o conteúdo apresentado nos três canais aqui estudados. Com exceção do exibido pelo canal CBS Telenotícias Brasil, que foi obtido na internet, graças a iniciativa de um ex-apresentador do canal, Cláudio Lessa, que disponibilizou os vídeos para livre acesso no YouTube e autorizou a análise destes – foram gravados na noite do dia 3, e na manhã e tarde do dia 4 de
  • 14. 14 novembro de 2010 as quatro primeiras edições analisadas, sendo duas do canal Band News e outras duas do canal Record News. Em 8 de novembro, ambos os canais optam por promover modificações em suas grades de programação – o Record News opta por divulgar tais mudanças de modo ostensivo, inclusive dentro dos telejornais, com as mesmas características de uma notícia, enquanto que o Band News o faz de modo quase despercebido. Mais duas edições são analisadas, na manhã do dia 10 de novembro, no caso do Band News, e na noite do dia 12 de novembro, no caso do Record News, com o intuito.de avaliar quais as modificações que foram efetuadas nos dois canais, tomando como base as formas de apresentação da notícia. Tomou-se o cuidado de obter as edições dos telejornais o mais próximo de uma rotina normal possível, sem fatos que pudessem contaminar a linha editorial ou alterar o cotidiano das redações, como o segundo turno das eleições presidenciais, que teve seu desfecho nas urnas em 31 de outubro, e que ocupou espaço amplo nos telejornais por pelo menos mais três dias. Por algumas ocasiões, as análises tiveram de ser adiadas, ou por eventos extraordinários que substituíram os telejornais, ou por horários da programação fora da normalidade. Tais precauções foram adotadas visando uma análise descritiva fiel ao que ocorre nas rotinas dos canais dedicados ao telejornalismo. O objetivo deste trabalho é apresentar um perfil deste tipo de canal de televisão que é pouco explorado e assistido por acadêmicos, que habitualmente buscam os telejornais tradicionais, inseridos em grades de programação das emissoras de televisão aberta. Pessoal e profissionalmente, este trabalho tem a ambição de ser o registro do aprendizado acadêmico, científico e técnico adquirido ao largo de uma caminhada de cinco anos, iniciada de forma ingênua dez anos atrás, que não se dará por encerrada neste trabalho e que, a exemplo de outras ocasiões relatadas nesta introdução, se inicia em um amanhecer, com o chimarrão e a esposa como companheiros.
  • 15. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Definição de Telejornalismo Souza (2004), em estudo sobre os gêneros e formatos da televisão brasileira, define que o telejornalismo pode ser considerado um gênero inserido na categoria informativo, a partir da observação de algumas redes de televisão comerciais. Porém, o gênero passa a ser visto como formato em televisões educativas ou com objetivos publicitários. Por este motivo, Souza (2004, p.149) classifica o telejornal “como um programa que apresenta características próprias e evidentes, com apresentador em estúdio chamando matérias e reportagens sobre os fatos mais recentes”. Ainda de acordo com Souza (2004, p.149), “as emissoras classificam de telejornalismo os noticiários, informativos segmentados ou não, em diversos formatos”. Souza (2004) diz que o conceito de rede de televisão, independente de outros gêneros televisivos que sejam apresentados, sempre terão presentes espaço e visibilidade para o telejornalismo, tanto que o investimento no gênero telejornalismo é sempre superior aos de outros gêneros nas redes de televisão. Pereira Júnior (2000, p.6) considera que “para a maioria das pessoas, os telejornais são a primeira informação que elas recebem do mundo que as cerca”, tendo espaço significativo na vida das pessoas. Conforme Pereira Júnior (2000), os noticiários televisivos têm papel relevante na imagem que as pessoas idealizam da realidade. Carravetta (2009, p.20) afirma que “no telejornalismo basicamente temos pessoas passando informações a outras pessoas”. Estão envolvidos neste processo “quatro ou cinco sujeitos falantes: os apresentadores, os repórteres, os entrevistados e as testemunhas do fato”. De acordo com Carravetta (2009, p.19), “a televisão é o veículo que mais dramatiza a realidade e a torna real em função da imagem”. Deste modo, o telejornal exerce o efeito de mediação entre os apresentadores e o telespectador. Os fatos acontecem, os eventos surgem mediados pela equipe de jornalismo, que é testemunha ocular para construir as versões dos acontecimentos.
  • 16. 16 Squirra (2002, p.1-2) define o telejornalismo do seguinte modo: um gênero jornalístico que representa uma prática de difusão de informações [...] sabe-se que o telejornalismo é veiculado no suporte midiático televisão. Esta mídia tem como atributos centrais a imagem cinética e o áudio, que trazem formas complementares de expressão com o uso de elementos intencionalmente facilitadores, tais como gráficos, animações e a edição. Ainda de acordo com Squirra (2002, p.1-2), a TV usa cenários, vestimentas, efeitos luminosos e visuais, movimentos de câmera, além da atuação dos atores em cena. Por seu lado, a edição “recorta” os eventos originais, dando nova ordem e intensidade e, portanto, nova significação aos segmentos captados, numa alteração intencional do real que se poderia considerar originalmente como “puro”, apresentando à audiência o real “elaborado” pelas estruturas de comunicação. Squirra (2002, p.1-2) conclui que a televisão é entendida como um “veículo de difusão aberta”, quer dizer, chega indistintamente à casa de todas as pessoas, bastando ter a posse de um aparelho. É necessário pontuar que o programa televisivo pode ser transmitido em sistema “fechado”, como é o caso da TV por cabos. 2.2 Características do Telejornalismo Souza (2004) conta que o formato pioneiro do telejornal é o noticiário. Como características primárias, o apresentador do noticiário lê textos para a câmera, sem outras imagens nem ilustrações. Este formato foi aperfeiçoado com o passar dos tempos, mas sem perder os traços primários. Souza (2004, p.175) caracteriza o formato telejornal: “um apresentador chama reportagens ao vivo ou pré-gravadas e editadas e até faz entrevistas em estúdio. Pode ter um ou dois apresentadores e contar com comentaristas”. A transmissão dos telejornais é feita ao vivo, de forma a demonstrar atualidade ao telespectador, e também a permitir a participação de entrevistados nos mais diversos pontos do Brasil e do mundo. Com raras exceções, os telejornais são gravados para exibição posterior.
  • 17. 17 Tourinho (2009) diz que o gênero telejornalismo tem como característica a frequência de mudanças e atualizações no formato telejornal. A linguagem, os recursos tecnológicos e outras configurações estéticas e de conteúdo estão entre estas mudanças. De acordo com Tourinho (2009, p.21), no telejornalismo “recorre- se a outros gêneros da própria televisão para absorver formas de surpreender e „segurar‟ o telespectador”. Segundo Souza (2004), a reportagem é um formato utilizado no gênero telejornalismo, geralmente de curta duração, e que tem como principal função colocar o repórter em evidência, narrando um assunto e conduzindo entrevistas. Carravetta (2009, p.19) diz que “a construção da notícia é feita desde a seleção de pauta, da captação de imagem, passando pela criação do texto e pelo processo de edição”. Barbeiro e Lima (2002, p.16) dizem que “o telejornal é composto de uma mistura de fontes de imagens, sons, gravações, filmes, fotos, arquivos, gráficos, mapas, textos, ruídos, músicas, locuções, etc.” Barbeiro e Lima (2002, p.16) consideram que o telejornal “se estrutura de forma semelhante em todos os lugares do mundo enfocando tomadas em primeiro plano de pessoas que falam diretamente para a câmera, sejam repórteres ou entrevistados”. Carravetta (2009, p.19) também ressalta que no telejornalismo, usam-se os planos mais fechados com o objetivo de proporcionar uma distância íntima entre o repórter e o telespectador. O close mostra uma distância interpessoal, o plano americano uma distância pessoal e o plano médio a distância pública. Uma das características do telejornalismo apresentadas por Carravetta (2009) é o uso do primeiro plano, de modo a enfocar aqueles que falam para o público, sejam eles jornalistas ou protagonistas. Aos personagens somam-se imagens, sons, ilustrações animadas ou não, locuções, música, ruídos e silêncio, formando o conjunto de informações apresentadas em uma notícia. 2.3 Resgate Histórico no Brasil O ponto de partida do telejornalismo no mundo, de acordo com Squirra (1990) e com Tourinho (2009), seria a coroação do Rei Jorge VI, da Grã-Bretanha,
  • 18. 18 transmitida pela British Broadcasting Corporation (BBC) por meio de três câmeras eletrônicas para poucos receptores instalados em Londres. Seria a primeira transmissão de um evento ao vivo com fins informativos – até então, as experiências que haviam sido feitas diziam respeito à transmissão de peças teatrais, ou simplesmente demonstrações públicas do funcionamento da televisão. Squirra (1990) diz que a coroação ocorre em 1936, enquanto que Tourinho (2009) diz que a coroação teria ocorrido em 1938. Mas o pioneirismo da BBC já havia ocorrido, pois, segundo Squirra (1990), o primeiro programa de televisão foi transmitido também por ela em 31 de março de 1930. Grande parte daqueles que abordam a história da televisão no Brasil conclui que o início do telejornalismo brasileiro se dá em conjunto com o início das transmissões no país – o sétimo no mundo a colocar em funcionamento uma emissora de televisão. De acordo com Rezende (2000), o primeiro telejornal brasileiro, Imagens do Dia, tem início em 20 de setembro de 1950, dois dias após a primeira emissora de televisão brasileira ter sido inaugurada, a TV Tupi de São Paulo, em 18 de setembro. Já Klöckner (2008) relata que Imagens do Dia teria ido ao ar um dia após a inauguração da TV Tupi, em 19 de setembro. Este telejornal, de acordo com Rezende (2000), tinha em sua equipe um redator-apresentador, e três cinegrafistas. A primeira reportagem filmada e exibida neste telejornal foi o desfile cívico-militar de São Paulo. Tourinho (2009) relata que o telejornal Imagens do Dia não dispunha de um horário fixo. O telejornal podia entrar no ar às nove e meia da noite, como também meia hora depois – a instabilidade da programação e as dificuldades operacionais impediam a pontualidade. Tourinho (2009), assim como Rezende (2000), relatam que, em janeiro de 1952, Imagens do Dia foi substituído por outro telejornal, o Telenotícias Panair, produzido para ser transmitido diariamente às 21 horas. Tourinho (2009) diz que, ao contrário do seu antecessor, o Telenotícias Panair tinha como características melhor estrutura de equipe e horário fixo. Mas não houve êxito, e o telejornal permaneceu no ar por menos de um ano. A característica predominante dos telejornais da década de 1950 era a migração do formato radiofônico para a televisão, incluídos os profissionais, o estilo de locução e a dependência dos patrocinadores e agências de publicidade. E foi justamente esta fórmula que deu origem ao primeiro telejornal de repercussão no país.
  • 19. 19 Não há uma concordância no que diz respeito ao início das transmissões do Repórter Esso na televisão. Rezende (2000) diz que a TV Tupi do Rio de Janeiro, em 1952, foi a primeira a transmitir O seu Repórter Esso para a televisão, com a apresentação de Gontijo Teodoro, e que, no ano seguinte, o mesmo programa estrearia na TV Tupi de São Paulo. Tourinho (2009), por sua vez, diz que O Repórter Esso chegou à televisão primeiramente por São Paulo, através da TV Tupi, em 17 de junho de 1953, com apresentação de Kalil Filho, em substituição ao Telenotícias Panair, e que viria a estrear após no Rio de Janeiro. Para corroborar Rezende, Klöckner (2008) diz que O seu Repórter Esso foi ao ar pela primeira vez na televisão em 4 de maio de 1952, pela TV Tupi do Rio de Janeiro, permanecendo no ar até 31 de dezembro de 1970. Rezende (2000) afirma que, por dezoito anos, Gontijo Teodoro foi o único apresentador do Repórter Esso no Rio de Janeiro. Fora a questão de pioneirismo, o formato do Repórter Esso era totalmente herdado do rádio, transmitido naquele meio desde 28 de agosto de 1941. Mas o formato do programa não era uma exclusividade dos brasileiros, pois, de acordo com Klöckner (2008), O Repórter Esso era transmitido desde 1935 nos Estados Unidos, nos mesmos moldes. Tourinho (2009) constata que o formato dos programas de televisão era muito similar aos feitos no rádio, devido ao fato de que grande parte dos técnicos, locutores e artistas são oriundos daquele meio. O sucesso do Repórter Esso, em parte, se deve a este fator. Em 27 de setembro de 1953, às oito da noite, entrava no ar pela primeira vez a TV Record de São Paulo, de propriedade de Paulo Machado de Carvalho. De acordo com a emissora (HISTÓRIA Rede Record. Disponível em: <http://rederecord.r7.com/historia.html>. Acesso em: 14 out. 2010.), inicialmente as produções musicais eram o carro-chefe do canal, mas o pioneirismo se deu nas transmissões esportivas – a Record foi a primeira a transmitir, ao vivo, o Grande Prêmio de Turfe do Rio de Janeiro, em 1956, além de cobrir os mais diversos esportes, como o pugilismo. Tourinho (2009, p.59) diz que “para muitos, a história da TV brasileira pode ser dividida em duas fases: antes e depois do videoteipe. [...] Durante os anos 1950, a televisão brasileira era quase toda produzida ao vivo, mas não por opção.” O
  • 20. 20 videotape viria a ser criado em 1956, nos Estados Unidos e, no Brasil, somente seria empregado nas emissoras de televisão em 1960. A primeira experiência de adoção do videotape na televisão brasileira se deu em 21 de abril de 1960. De acordo com Tourinho (2009), foi por encomenda da TV Tupi de São Paulo para a gravação da festa de inauguração de Brasília. Rezende (2000) relata a defasagem nas informações transmitidas pelas emissoras de televisão da década de 1950. Os poucos telejornais que existiam penavam com o demorado processo de revelação e montagem dos filmes, o que provocava atrasos de até doze horas entre o acontecimento e a sua divulgação. Essa situação somente se modificou, de acordo com Rezende (2000, p.107), com o início do Repórter Esso, em que o apoio de um anunciante de grande porte e o acordo com a agência de notícias norte-americana United Press International (UPI) proporcionou a libertação da narração exclusivamente oral e o uso mais frequente de matérias ilustradas. Rezende (2000) considera que o primeiro telejornal a inovar na concepção e na forma de apresentação é o Jornal de Vanguarda, dirigido por Fernando Barbosa Lima na TV Excelsior do Rio de Janeiro, a partir de 1962. Contando com a experiência de profissionais vindos do meio impresso, seus diferenciais são a participação de jornalistas na produção e a presença de cronistas especializados para comentar as notícias, transformando o telejornal em referência de qualidade visual, de estrutura e de originalidade na forma de apresentação. Mas o sucesso deste formato inovador duraria não mais que dois anos – o início do período de exceção no governo brasileiro acabou com qualquer tentativa de inovação que o telejornalismo esboçasse. A inovação tecnológica da televisão era constante, como relata Rezende (2000). A chegada do videotape, ou a substituição da torre de lentes pela lente zoom, não foram suficientes para promover significativas mudanças no formato dos telejornais. O Jornal de Vanguarda, pioneiro até então, teve seu fim decretado a partir da edição do Ato Institucional n° 5 por parte do governo militar – a opção pelo fim do telejornal era da própria equipe, que, conforme dito por Barbosa Lima (1985, apud REZENDE, 2000, p.107), evitaria que ele “morresse pouco a pouco, a cada dia, numa torturante agonia”.
  • 21. 21 A partir da década de 1960, a implantação da rede de micro-ondas por parte da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel) dá início a uma nova era do telejornalismo brasileiro, mesmo sob a mordaça do regime militar. De acordo com Tourinho (2009, p.61) entre 1967 e 1969 a Embratel começou a instalar o seu primeiro sistema, com a inauguração do tronco sul, interligando as cidades de Curitiba e Porto Alegre. Em 1972, o projeto foi concluído, o que permitiu a transmissão de imagens em rede para todo o Brasil. Este sistema de transmissão seria fundamental para o sucesso do telejornal de maior prestígio da televisão brasileira até os dias atuais: o Jornal Nacional. A TV Globo Rio de Janeiro, canal 4, é inaugurada em 26 de abril de 1965. De acordo com Tourinho (2009), Hilton Gomes apresentou o primeiro telejornal da emissora, o Tele Globo, que foi ao ar no dia de inauguração da emissora. Desde janeiro de 1969, segundo Rezende (2000), estavam estruturadas as transmissões via satélite e via micro-ondas no Brasil, o que viabilizava a formação de redes de televisões. Até então, cada emissora transmitia sua programação de forma isolada, e no máximo, os programas de entretenimento, como novelas e shows produzidos pelas emissoras de Rio de Janeiro e São Paulo eram gravados e enviados para cidades como Porto Alegre, sendo reproduzidos até mesmo uma semana depois. Tourinho (2009) diz que a decisão das Organizações Globo de implantar uma rede de televisões, com uma programação unificada e voltada a todo o mercado, se dá a partir das inovações tecnológicas surgidas – redes de micro-ondas e videotape – e da inauguração de outras emissoras próprias – São Paulo, em 1966; Belo Horizonte, em 1968; Brasília, em 1971, e; Recife, em 1972 – somadas às emissoras afiliadas pelo país, como a TV Gaúcha, em Porto Alegre. Com isso, de acordo com Rezende (2000), em 1° de setembro de 1969, a TV Globo do Rio de Janeiro, transmitindo simultaneamente ao vivo para São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Brasília, põe no ar a primeira edição do Jornal Nacional. Além da vanguarda tecnológica que o JN carregava consigo, o ideal da TV Globo era fazer frente à TV Tupi e ao Repórter Esso, respectivamente emissora e telejornal que dominavam a audiência da época.
  • 22. 22 Não foi muito difícil para a TV Globo alcançar este objetivo. A crise dos Diários Associados, empresa proprietária da TV Tupi, acrescida da forte investida dos censores nas redações das rádios e televisões foram definitivas para que a multinacional do petróleo Esso retirasse inicialmente o patrocínio do programa de rádio, e posteriormente do telejornal. Segundo Klöckner (2008), o programa radiofônico Repórter Esso foi ao ar pela última vez em 31 de dezembro de 1968, apresentado por Roberto Figueiredo na Rádio Globo do Rio de Janeiro. Hetmanek dos Santos (1994 apud KLÖCKNER, 2008, p. 55), diz que chegou a ser discutida a viabilidade do Repórter Esso ser transmitido em rede nacional de televisão para dez capitais, o que era de interesse dos Diários Associados para fazer frente ao Jornal Nacional da TV Globo. Porém, o custo de se patrocinar integralmente um telejornal em rede nacional era muito elevado e, de acordo com dirigentes da multinacional, não colocaria o nome da Esso tão em evidência como se desejava. O comitê executivo da Esso, em 2 de outubro de 1970, decide pela extinção do Repórter Esso na televisão. Coube à Gontijo Teodoro, em 31 de dezembro de 1970, na TV Tupi do Rio de Janeiro, se despedir de seus telespectadores. Klöckner (2008) entrevistou Fabbio Perez, locutor do radiofônico Repórter Esso em São Paulo. Perez (2006 apud KLÖCKNER, 2008, p. 80-81) diz que o noticiário do programa radiofônico, a exemplo do televisivo, era produzido pela agência de notícias UPI, e que sofria a interferência direta dos censores do regime militar, que atuavam previamente, comunicando os redatores do que não deveria ser noticiado, como também se fazendo presente com oficiais no momento da apresentação dos noticiários. Pois foi esta também a principal barreira que o Jornal Nacional enfrentou desde a sua criação – a intervenção exercida pelo regime militar na linha editorial. Rezende (2000) relata que, justo no dia em que o Jornal Nacional vai ao ar pela primeira vez, o comando do país era passado para os três ministros militares, em decorrência da doença do presidente da República, general Costa e Silva. Nas palavras de Rezende (2000, p.110) o acaso evidenciava o que para muitos significava mais do que uma simples coincidência. A integração nacional pela notícia, via Jornal Nacional, e o endurecimento da ação do governo militar começavam no mesmo dia.
  • 23. 23 Rezende (2000) diz que a principal característica da televisão dos anos 1970 é o desenvolvimento técnico, e a Rede Globo foi a principal emissora a se aproveitar disso. Vem desta época o Padrão Globo de Qualidade, série de normas e preceitos que são seguidos até hoje por todos os colaboradores, com o objetivo de uniformizar e concentrar a audiência na programação da emissora. A contratação criteriosa de locutores, a interação destes com o cenário dos telejornais e a qualificação da edição das imagens que iam ao ar tornaram o telejornalismo da Rede Globo um referencial técnico e de conteúdo a ser superado – ou imitado – por outras emissoras. Porém, o conteúdo do telejornal era limitado pelas amarras da censura. Em 1973, a Rede Globo inova mais uma vez no formato de apresentação da notícia, em especial nas noites de domingo, espaço pouco explorado das programações à época vigentes. Rezende (2000) relata a criação do Fantástico, fruto da criatividade de José Bonifácio de Oliveira, o Boni, e de Mauro Borja Lopes, o Borjalo, apresentando notícias do domingo mescladas com entretenimento, mantém- se a mesma temática do programa em vigor até os dias atuais. Uma das tentativas de se buscar o diferencial no telejornalismo da época partiu da TV Tupi, ainda sentindo os efeitos da extinção do Repórter Esso. Em 1970, vai ao ar o telejornal Rede Tupi de Notícias. Segundo Rezende (2000, p.112), “transmitido ao vivo para várias capitais do país, o telejornal procurava, a partir do cenário, revelar sua identidade: os locutores apareciam em primeiro plano e uma sala de redação compunha o ambiente de fundo”. A Rede Bandeirantes, inaugurada em 13 de maio de 1967, em São Paulo por João Saad, também foi em busca de alternativas, e no meio da década de 1970, em projeto dirigido por Gabriel Romeiro, renovou seu primeiro telejornal Os Titulares da Notícia, no ar desde a inauguração da TV Bandeirantes, em 1967. De acordo com Rezende (2000), Os Titulares da Notícia passava a dar valor tanto ao depoimento popular como ao trabalho do repórter, deixando a cargo deste o papel de apresentar os acontecimentos – o objetivo era mostrar ao telespectador que o repórter estava presente ao acontecimento, e desse modo, dar maior credibilidade ao noticiário. A TV Cultura de São Paulo, uma emissora pública, também tinha em seu quadro, profissionais com pensamentos diferenciados para os padrões vigentes em 1970. Rezende (2000) conta que o telejornal A Hora da Notícia tinha como prioridade o depoimento popular e os problemas que atingiam a comunidade,
  • 24. 24 fórmula que deu retorno em forma de audiência e repercussão. Porém, a abertura de espaço para os anseios da população entrava em conflito com os interesses do governo em vigor – tanto que as chefias de jornalismo foram substituídas, e o ápice da intolerância se deu com a morte do jornalista Wladimir Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura, por torturadores do regime militar. Tanto Tourinho (2009) como Rezende (2000) consideram que uma alternativa encontrada pela Rede Globo para minimizar os efeitos da censura militar no noticiário nacional, pelo início da década de 1970, era o investimento no noticiário internacional. Se as notícias que se passavam no Brasil não podiam ser divulgadas, abria-se espaço para os acontecimentos que vinham do exterior. Conforme Tourinho (2009), a partir de 1973 a Rede Globo passou a fazer uso de correspondentes internacionais. Hélio Costa, repórter e correspondente internacional da Rede Globo, em declaração a Mello e Souza (1984, apud TOURINHO, 2009, p. 63), reforça esta ideia: Era fundamental que as informações fossem repassadas por jornalistas brasileiros, e não mais por estrangeiros, que levavam consigo pontos de vista que interessavam a seus países, independente da qualidade do profissional. As condições tecnológicas favoreciam este tipo de iniciativa, em decorrência do barateamento das transmissões via satélite, e despertavam no telespectador a sensação de grandeza, pois profissionais brasileiros se faziam presentes nas mais diversas localidades do mundo. Rezende (2000, p.116) enfatiza que o recurso da ampliação do noticiário internacional nos telejornais tinha a intenção sutil de “alertar a consciência do público para assuntos polêmicos”. A primeira reportagem internacional via satélite transmitida para o Brasil, de acordo com Tourinho (2009), se deu em 28 de fevereiro de 1969 – Hilton Gomes ancorou da capital italiana uma transmissão em cadeia para todas as emissoras brasileiras, supervisionada pela Embratel. Ao longo da década de 1970, além de utilizar a rede da Embratel, a Rede Globo também desenvolveu redes próprias de micro-ondas, interligando suas emissoras localizadas nos grandes centros com retransmissoras espalhadas pelo interior. De acordo com Squirra (1990), até o início dos anos 1970, a imagem transmitida pelas emissoras de televisão brasileiras era em preto e branco, baseado
  • 25. 25 no sistema norte-americano NTSC1. Estudos do regime militar da época definiram pela adoção do sistema PAL2, desenvolvido pela empresa alemã Telefunken, por ter maior qualidade em relação ao sistema de cores norte-americano. Porém, o sistema alemão não era compatível com o sistema preto e branco em vigor. Mello e Souza (1984, p.122) registra: para que fosse estabelecida a necessária compatibilização, seria preciso adaptá-lo à realidade brasileira. A adaptação foi feita, e em função dela, à sigla PAL foi acrescentada uma outra letra maiúscula, o M, que indicava ser o sistema brasileiro igual ao alemão somente em termos de cor; em preto e branco ele continuava a obedecer ao padrão americano. De acordo com o Grupo Bandeirantes de Comunicação (HISTÓRIA Grupo Bandeirantes de Comunicação. Disponível em: <http://www.band.com.br/grupo/ historia.asp>. Acesso em: 14 out. 2010.), a primeira transmissão em cores regular da televisão brasileira se deu em 19 de fevereiro de 1972, com a cobertura da 12ª Festa da Uva de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e com a exibição do filme O Cardeal, de Otto Preminger. De acordo com Tourinho (2009), a transmissão do evento foi gerada pela TV Difusora de Porto Alegre para um pool de emissoras de todo o país através das redes de micro-ondas da Embratel. Antes desta transmissão, segundo o Grupo Bandeirantes (Ibid), pelo menos dois anos de preparativos antecederam o acontecimento. Tourinho (2009) relata que outras transmissões experimentais em cores já haviam ocorrido, como a transmissão de boletins diários da Copa do Mundo de 1970, no México. A TV Bandeirantes, de acordo com seu histórico, (Ibid) foi a primeira emissora a produzir e transmitir sua programação integralmente em cores, a partir de 1972, com a compra de equipamentos Bosch oriundos da Alemanha. Em dezembro de 1975, a TV Bandeirantes de São Paulo passa a inaugurar emissoras em outras localidades brasileiras – inicialmente em Belo Horizonte, com a aquisição da TV Vila Rica. Após, às 7 horas da noite de 7 de julho de 1977, o primeiro sinal de teste da TV Bandeirantes Rio de Janeiro vai ao ar pelo canal 7. Em setembro do mesmo ano é a vez da TV Guanabara, com alcance para a Baixada Fluminense. Em 1980, já eram 24 emissoras integrando a Rede Bandeirantes. 1 Abreviatura de National Television System Committe, em inglês. 2 Abreviatura de Phase Alternating Line, em inglês.
  • 26. 26 Porém, um entrave tecnológico impedia uma expansão maior. Tupi e Globo ocupavam os dois canais disponibilizados pela Embratel, para transmitir a programação para os estados com menor densidade populacional. A TV Record, segundo seu histórico (HISTÓRIA Rede Record. Disponível em: <http://rederecord. r7.com/historia.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) somente deu início ao processo de expansão da programação para o interior de São Paulo no começo da década de 1980. A solução encontrada pela Bandeirantes foi buscar suporte tecnológico com a Intelsat para que transmitisse nas 24 horas do dia via satélite. Em 1982, a Rede Bandeirantes foi a pioneira nas Américas a transmitir integralmente sua programação via satélite. Segundo Tourinho (2009), o uso do satélite pelas emissoras de televisão do Brasil se popularizou a partir de 1985, quando o satélite BrasilSat – o primeiro doméstico brasileiro – passou a operar. Uma das principais inovações a partir da utilização do satélite pelas emissoras de televisão estava no formato e na linguagem das informações da meteorologia, que passaram a contar com as imagens fornecidas pelo satélite. De acordo com o projeto Memória Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo. Disponível em: <http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-239077,00. html>. Acesso em: 14 out. 2010.), Sandra Annenberg, em 1991, passou a apresentar o até então inédito quadro da previsão do tempo no Jornal Nacional. Tourinho (2009) considera que, após a implementação no Brasil da TV em cores, a última inovação tecnológica somente aportou no país 35 anos depois. A TV de alta definição, ou TV digital – HDTV3, foi inaugurada oficialmente em 2 de dezembro de 2007, após quase dez anos de estudos e testes sobre o modelo a ser implementado. O Brasil, a exemplo do que ocorreu na adoção do padrão de cores, e com base em negociações governamentais, comerciais e tecnológicas, optou por um sistema híbrido, o SBTVD4, baseado no sistema japonês ISDB-T5. De acordo com Tourinho (2009, p.68), o SBTVD proporciona, sem qualquer tarifação, inovações como “alta definição, portabilidade e mobilidade”. A transmissão da TV digital é feita 3 Sigla em inglês de High Definition TV. 4 Abreviatura do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, SBTVD, tecnicamente chamado de ISDB-TB (Tourinho, 2009, p.68). 5 Abreviatura de Integrated Service Digital Broadcasting, em inglês. (Tourinho, 2009, p.68).
  • 27. 27 por meio dos canais UHF 6, diferentemente da televisão analógica convencional, transmitida em VHF 7. A primeira transmissão em HDTV no Brasil se deu nos dias 6 e 7 de junho de 1998, com a TV Record gerando sinal totalmente digital de uma festa no Memorial da América Latina, sinal este recebido pelos presentes no evento em circuito fechado. No dia seguinte, a Rede Globo fez a primeira transmissão intercontinental ao vivo e em circuito aberto do sinal em HDTV, a partir da França, com a apresentação do programa Fantástico, exibindo preparativos para a Copa do Mundo de 1998, realizada naquele país. A TV digital está sendo implantada gradualmente em todo o país, e uma estimativa do governo federal prevê que até 2013 todas as emissoras de televisão tenham migrado para o sistema digital. A inovação tecnológica mais recente da televisão no mundo é a captação e reprodução do sinal em três dimensões, conhecida com TV3D. O Brasil, por iniciativa da emissora RedeTV!, tornou-se pioneiro na transmissão de um programa de televisão aberta em três dimensões, ao vivo, em 23 de maio de 2010. O sinal foi disponibilizado em circuito fechado para convidados, e podia ser recebido por quem dispunha do equipamento e sintonizava a emissora em São Paulo. Porém, a TV3D trata-se de uma tecnologia incipiente, não difundida em grande escala. Até aqui, deu-se destaque à linha temporal das inovações tecnológicas da televisão, com o objetivo de reforçar depoimento de Ramón Salaverría, professor e diretor do Laboratório de Comunicação Multimídia, vinculado à Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarro, na Espanha. Perguntado “por que se deve inovar?”, o professor Ramón responde a Tourinho (2009, p.286): La respuesta me parece obvia: porque si no innova, el medio queda anciado en el pasado. Y sólo sobreviven los médios que saben atender las demandas de la sociedad de su tiempo. Regressando à década de 1970, e consciente dos avanços tecnológicos que se sucedem, percebe-se que a pioneira TV Tupi não resistiria ao sucesso do Padrão Globo de Qualidade, seguidor dos avanços tecnológicos constantes, e ao processo 6 Sigla em inglês de Ultra High Frequency, Frequência Ultra Alta, comum para propagações de sinais de televisão nos canais 14 a 83. 7 Sigla em inglês de Very High Frequency, Frequência Muito Alta, comum para propagações de sinais de televisão nos canais 2 a 13.
  • 28. 28 de abertura política pela qual o Brasil ingressara do final dos anos 1970 para o início dos anos 1980. Conforme Rezende (2000), a crise de seus proprietários, os Diários Associados, e a minguada audiência – o Jornal Nacional, em 1979, tinha audiência de 79,9% no país (ÁVILA, 1982 apud REZENDE, 2000, p.117) – fizeram com que a Tupi encerrasse suas atividades decretando falência em agosto de 1980. Outra dificuldade atinge as emissoras de televisão na década de 1970, dessa vez naquelas que se afiliaram às redes nacionais. Por questões de mercado e financeiras, de acordo com Rezende (2000), muitas delas abriram mão das programações locais, passando a retransmitir quase que na íntegra as programações das cabeças de rede, no máximo se limitando a cumprir o mínimo exigido de programação regional através dos noticiários. Desta forma, o anseio do regime militar, da burguesia e de investidores estrangeiros, de uniformizar a cultura nacional, acabava se concretizando, de modo a sufocar manifestações regionais. Rezende (2000) constata que a Rede Globo não possuía à época, preocupação alguma em fazer um jornalismo crítico, denso, de opinião. O conteúdo jornalístico apresentado nos telejornais da Rede Globo, em especial no Jornal Nacional, é extremamente superficial, pois se baseia na apresentação das notícias em forma de manchetes, inseridas em um espaço de tempo curto, algo que até hoje se mantém. Como em toda regra há exceções, a Rede Globo, ainda na década de 1970, cria pelo menos três programas jornalísticos diferenciados do formato tradicional de noticiário. Dois deles permanecem no ar até os dias atuais – Globo Repórter, que, de acordo com Rezende (2000), faz uso da linguagem de documentário para tratar de temas com maior profundidade, e; Globo Rural, especializado em informar agricultores e pecuaristas. O programa, durante um longo tempo, foi exibido somente aos domingos e, recentemente passou a ser exibido também nos dias de semana, sempre pela manhã. O terceiro é TV Mulher, já extinto, mas cujo formato até hoje é explorado pelas emissoras de televisão, onde sexualidade, direitos e saúde da mulher, assim como a repercussão das telenovelas, sempre fazem parte da pauta. Com o abrandamento do regime militar, as emissoras passaram a ampliar o espaço em suas programações para o telejornalismo. A Rede Globo, de acordo com Secchin (2007), abre três novas opções de noticiários em sua programação, com o objetivo de fortalecer os departamentos de jornalismo e comercial, a saber: Jornal
  • 29. 29 Hoje, no início da tarde; Bom Dia São Paulo, no início da manhã, servindo de embrião para o Bom Dia Brasil, e; Jornal da Globo, no final da noite. Os programas de entrevista também surgem por essa época, caso do Canal Livre, da TV Bandeirantes, e do Vox Populi, na TV Cultura. Este período também serviu para que os jornalistas voltassem a aparecer como personagens de destaque nos noticiários, papel que até então era dos locutores, leitores de notícias que, conforme declaração de Boni a Mello e Souza (1984 apud REZENDE, 2000, p. 114), deveriam possuir “boa aparência, voz firme e timbre bonito”, características que serviam como elo para prender o público feminino entre uma novela e outra. Os anos 1980 começam com a concorrência pública dos canais de televisão que restaram da falência da TV Tupi. Conforme Rezende (2000), deste processo duas novas cadeias de televisão se formaram: a primeira é a TV Studios do Rio de Janeiro (TVS), do empresário Sílvio Santos – que até então apresentava seu programa na TV Record, emissora da qual era proprietário de cinquenta por cento. A inauguração da TVS ocorreu em 19 de agosto de 1981, e deu origem mais tarde ao Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), sediada em São Paulo. De acordo com o discurso de inauguração da TVS São Paulo (SANTOS, Sílvio. Sílvio Santos na Concessão do SBT 1981. 2008. 1 post (8min. 16s.). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=IpvpX0nnqkc>. Acesso em: 14 out. 2010.), junto com a TV Studios, sucessora da TV Tupi, passaram a integrar o Grupo Silvio Santos e distribuir o sinal da TVS as emissoras TV Marajoara, de Belém do Pará; TV Piratini, de Porto Alegre, e; TV Continental, do Rio de Janeiro. De acordo com o site Última Hora, (UHTV. História da TV Sistema Brasileiro de Televisão – 1º Parte [post]. 3 jul. 2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot. com/2009/07/historia-da-tv-sistema-brasileiro-de.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) a TV Studios do Rio de Janeiro passou a retransmitir a programação da TV Record no Rio de Janeiro. A segunda é a TV Manchete, do grupo Bloch, com sede no Rio de Janeiro, inaugurada em 5 de junho de 1983, e que deu origem à rede de mesmo nome. Segundo o site Última Hora, (UHTV. História da TV Rede TV [post]. 25 jun. 2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/historia-da-tv-redetv.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) as concessões da TV Manchete eram herdadas da TV Tupi, no caso de Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza e Belo Horizonte, e da TV
  • 30. 30 Excelsior de São Paulo. Além disso, também de acordo com o site Última Hora (UHTV. História da TV Rede Manvhete (sic) 1º Parte [post]. 12 jun. 2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/historia-da-tv-rede-manvhete-1-parte. html>. Acesso em: 14 out. 2010.), a primeira afiliada da Rede Manchete era a TV Pampa de Porto Alegre e suas emissoras pelo interior do estado. Adolpho Bloch, no discurso de inauguração (BLOCH, Adolpho. O Discurso de Adolpho Bloch na Inauguração da Rede Manchete (05-06-1983). 2009. 1 post (4min. 02s.). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=BuwMEpM9Fwc& feature=related>. Acesso em: 14 out. 2010.), reforça que o ideal da Rede Manchete é o de proporcionar uma programação de primeira linha, moderna para os padrões da época. E é justamente a Rede Manchete quem procura inovar no telejornalismo praticado até então. Enquanto a emissora de Sílvio Santos opta pelos programas de entretenimento, a emissora de Adolpho Bloch, com base em experiências oriundas de países europeus e dos Estados Unidos, investe em um jornalismo no qual o comentário e o noticiário político são valorizados, assim como o maior espaço para a apresentação das reportagens – o Jornal da Manchete, em seus primeiros anos, tinha duração de duas horas. Até 1988, o padrão de apresentação dos jornais permanecia exatamente o mesmo – o locutor apresentando as notícias, e a participação dos comentaristas especializados. A partir deste ano, e de onde menos se fazia ideia, ganha destaque o papel do âncora no telejornalismo brasileiro. Boris Casoy, entrevistado por Rezende (2000), diz que, em 1984, a Bandeirantes era quem havia feito as primeiras experiências no formato de apresentação das notícias com o âncora, espécie de apresentador e comentarista, na pessoa de Joelmir Beting, no Jornal da Bandeirantes. Bonner (2009) tem o mesmo pensamento de Casoy, porém, ressalta que Beting não foi considerado um âncora inovador por não ser editor-chefe do Jornal da Bandeirantes à época, por não ser o único apresentador do telejornal – Beting era acompanhado na bancada por Ferreira Martins, locutor de notícias – e pelo fato de seus comentários, na maior parte das vezes divertidos e bem escritos, estarem concentrados na economia, levando em consideração a crise econômica e a inflação alta.
  • 31. 31 Boris Casoy é quem recebe o reconhecimento de ser o primeiro âncora inovador do telejornalismo brasileiro, à frente do Telejornal Brasil no SBT, a partir de 28 de setembro de 1988. O SBT sempre foi conhecido por relegar o telejornalismo a um segundo plano, com noticiários primitivos, sem qualidade, beirando, como diz Squirra (1993 apud REZENDE, 2000, p. 127) a “pieguice”. De acordo com Rezende (2000, p.126), para uma emissora cujo dono gostava de aclamar os governantes de plantão com suas companheiras de trabalho (as espectadoras do programa de auditório), além de manter um quadro com o resumo da semana do presidente, era previsível o fracasso no telejornalismo. Com a contratação dos jornalistas Marcos Wilson, Luiz Fernando Emediato e Boris Casoy, Sílvio Santos contrariou todos os pensamentos que pairavam sobre sua emissora, e colocou o telejornalismo do SBT – e do país – em vanguarda. Casoy, que alcançara o posto máximo de editor-chefe do jornal Folha de S. Paulo, tinha a missão de ancorar o TJ Brasil, semelhante aos seus pares norte-americanos. Mas Casoy aplicou com sucesso uma fórmula singular, em que, além de ser editor- chefe e apresentador do telejornal, conduzia entrevistas e opinava nas reportagens que iam ao ar. Bonner (2009) enfatiza a forma com que Casoy emitia suas opiniões, de forma curta, simples, mas direta, fazendo uso de bordões que condenavam ou clamavam por renovação. Rezende (2000) diz que críticos e outros profissionais consideravam o trabalho de Boris uma deturpação da função do âncora. A resposta de Boris a Vieira (1991 apud REZENDE, 2000, p. 127) foi sucinta: “a audiência brasileira de televisão é muito mais carente desse tipo de informação, da entrevista e do comentário, do que a opinião pública norte-americana”. Mas a melhor resposta veio em forma de audiência e de suporte publicitário, colocando o TJ Brasil na segunda posição em número de anúncios do SBT, perdendo apenas para o Programa Sílvio Santos. Outra iniciativa jornalística diferenciada estrearia no SBT em 20 de maio de 1991 – o jornalismo popular, através do programa Aqui Agora que, segundo Rezende (2000), era uma versão do programa argentino Nuevediario, em que o jornalismo de rádio voltado para as classes populares ganhava espaço na televisão. Com o uso frequente do plano-sequência para o relato das histórias, o Aqui Agora colocava na televisão experientes repórteres de rádio, como Gil Gomes, Celso
  • 32. 32 Russomano e Jacinto Figueira Júnior, o lendário Homem do Sapato Branco. O retorno de audiência foi instantâneo, mas restrito somente ao público de São Paulo. Rezende (2000) revela que, pouco depois da experiência do SBT, e com a transferência de Joelmir Beting para a Globo, a Bandeirantes colocara Marília Gabriela, apresentadora do programa de entrevistas Cara a Cara na função de âncora do Jornal da Bandeirantes, também com a companhia de Ferreira Martins na bancada. Sem ter a verve opinativa que Boris Casoy manifestava no TJ Brasil, Marília se destacou na função pelo desempenho das mais diversas funções, como repórter, apresentadora, editora e entrevistadora. Porém, o Jornal Nacional era ainda o líder de audiência dos telejornais, e mantinha quase a mesma postura inflexível, herdada dos anos de regime militar. A mudança mais significativa que o JN tivera nos anos 1980 era a introdução de comentaristas, como Joelmir Beting e Paulo Francis. A apresentação permanecia sendo feita por dois locutores – Cid Moreira e Sérgio Chapelin, com exceções dos finais de semana, onde jornalistas como Eliakim Araújo e Fernando Vanucci, entre outros, apresentavam o JN. Somente na metade dos anos 1990 é que o Jornal Nacional passaria por transformações que modificariam sua linguagem, mas não sua liderança. A entrada da década de 1990 é determinante para os rumos de duas redes de televisão, a Rede Record e a Rede Manchete. A TV Record, de acordo com o site Última Hora, (UHTV. História da TV Rede Record Parte 1 [post]. 31 jul. 2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/07/historia-da-tv-rede-record- parte-1.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) era relegada ao posto de retransmissora de parte da programação da TVS, enfrentava as mais diversas adversidades financeiras e, em estado quase falimentar, é adquirida do Grupo Sílvio Santos pelo bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus. A partir da compra, a Rede Record passa por um processo de expansão de sua estrutura, principalmente a partir dos anos 2000, com a meta de se tornar a líder em audiência no Brasil. Já a TV Manchete passara por duas grandes crises financeiras – segundo o site Última Hora (UHTV. História da TV Rede Manvhete (sic) 1º Parte [post]. 12 jun. 2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/historia-da-tv-rede- manvhete-1-parte.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) a primeira, em 1992, foi em decorrência do fracasso de audiência da novela Amazônia. O Grupo IBF, empresa do ramo de bilhetes de loteria, inicia as tratativas com Adolpho Bloch para assumir o
  • 33. 33 controle da Rede Manchete. O negócio chega a se concretizar, porém, Bloch retoma na justiça o controle da TV Manchete sob a alegação de que o Grupo IBF não havia honrado todos os compromissos financeiros. A segunda crise data de 1998, e foi decisiva para o fim da TV Manchete. Conforme o site Última Hora (UHTV. História da TV Rede Manvhete (sic) 2º Parte [post]. 13 jun. 2009. Disponível em: <http://ultimahoratv.blogspot.com/2009/06/ historia-da-tv-rede-manvhete-2-parte.html>. Acesso em: 14 out. 2010.), os juros cada vez maiores da dívida da Manchete superavam o valor do patrimônio, ocasionando os primeiros atrasos dos pagamentos dos funcionários. A emissora, segundo a legislação, deveria encerrar as atividades, mas pelas boas relações que o fundador Adolpho Bloch criou com o governo federal, a emissora seguiu operando. Bloch faleceu em 19 de novembro de 1995, e os negócios foram herdados por Pedro Jack Kapeller. Aos poucos, dificuldades como atrasos de salários, pedidos de demissão em massa, emissoras afiliadas migrando para outras redes e falta de pagamento de taxas aos órgãos de telecomunicações impediram que a programação da Rede Manchete permanecesse no ar. O capítulo final se deu com o repasse das concessões a Amilcare Dallevo, que arrendava espaços aos domingos na programação da TV Manchete. Em uma manobra política – já que a TV Manchete estava impedida de ser negociada desde a crise de 1993, e várias ações trabalhistas estavam em vigor, impedindo qualquer venda de patrimônio – o Ministério das Comunicações repassou a Dallevo, mediante o pagamento das renovações vencidas há quase dez anos, as concessões que a Rede Manchete tinha em seu poder. Dallevo, em sociedade com Marcelo de Carvalho, em 9 de maio de 1999, através da empresa TV Ômega, dá início a uma corrida de três meses para colocar no ar a TV!, inicialmente sediada em Barueri. Em 10 de março de 1999, a programação entra no ar em caráter provisório, com grande parte da grade de programação arrendada e somente um telejornal, o Primeira Edição, que herdava as características do Jornal da Manchete. Em 15 de novembro de 1999, vai ao ar definitivamente a RedeTV!, a mais nova rede de emissoras de televisão do Brasil, que tem como característica principal as inovações tecnológicas, como apresentado anteriormente neste capítulo. No que diz respeito ao telejornalismo da RedeTV!, o principal telejornal da emissora, o RedeTV! News, tem como destaque a bancada giratória instalada dentro
  • 34. 34 da redação, inaugurada em 13 de novembro de 1999. Conforme o artigo de Silvia Corrêa, publicado no jornal Folha de S. Paulo, edição de 8 de novembro de 2009 (CORRÊA, Silvia. Telejornal Giratório. Folha de São Paulo, São Paulo, domingo, 8 nov. 2009. Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp? cod=563ASP002>. Acesso em: 14 out. 2010.), dois estúdios onde ocorrem gravações, além da redação, formam o cenário do telejornal, instalado no Centro de Transmissão Digital (CTD), inaugurado durante as comemorações dos dez anos da emissora. Ao iniciar o telejornal, a bancada é elevada em torno de um metro, e passa a girar, sendo que a cada dez minutos se completam os 360 graus do giro. Outra curiosidade do telejornal ancorado por Augusto Xavier e Rita Lisauskas é o fato de não possuir operadores de câmeras no estúdio – três câmeras estão afixadas à bancada, enquanto uma quarta está posicionada no alto do estúdio. Conforme Rezende (2000), a partir de 1° de abril de 1996, o Jornal Nacional passa a ser apresentado por jornalistas – inicialmente, William Bonner e Lilian Witte Fibe, depois Fátima Bernardes, a partir de fevereiro de 1998. A saída de Lilian se dá por discordâncias da linha editorial que o JN possuía à época, mais amena, e também pela falta de empatia dela com o público – tanto que o casal de apresentadores William e Fátima foi escolhido a partir do resultado de pesquisas de audiência do Instituto Brasileiro de Opinião Pesquisa e Estatística (IBOPE). Rezende (2000) destaca que, a partir desta época, o Jornal Nacional passou a abordar de modo mais abrangente assuntos do cotidiano de celebridades, dando menor espaço a notícias internacionais que, em outros tempos, teriam maior repercussão. Outras inovações no formato de apresentação das notícias também passaram a fazer parte da rotina do Jornal Nacional, de acordo com o site Memória Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo. Disponível em: <http://memoriaglobo. globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-239077,00.html>. Acesso em: 14 out. 2010.): a reconstituição de fatos e o uso de vídeocharges8, desenhadas por Chico Caruso. 8 De acordo com o site Memória Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo. Disponível em: <http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-239077,00.html>. Acesso em 14 out. 2010.), as vídeocharges eram as tradicionais charges de jornal transportadas para o vídeo. “Com 30 segundos de duração, em média, as charges satirizavam os fatos políticos de maior relevância do noticiário. O desenho, também publicado no jornal O Globo, era levado à TV Globo no Jardim Botânico pelo próprio Caruso, que gravava a voz nos estúdios da emissora. A equipe do departamento de arte ficava, então, responsável por decompor o desenho e produzir a sequência que
  • 35. 35 Ainda conforme o Memória Globo (MEMÓRIA GLOBO Rede Globo. Disponível em: <http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273- 239077,00.html>. Acesso em: 14 out. 2010.) a partir de setembro de 1999, William Bonner passa a acumular as funções de apresentador e editor-chefe, funções que ele já acumulara anteriormente no Jornal Hoje, e de modo semelhante ao que ocorreu com Boris Casoy. Porém, Bonner (2009) faz questão de diferenciar sua atividade da de Casoy – enquanto no TJ Brasil, Casoy, como âncora, emitia opiniões abertamente, no Jornal Nacional adotou-se o modo americano de ancoragem, onde o objetivo é informar o telespectador, para que ele formule sua opinião e, caso haja a necessidade de a emissora se posicionar, a opinião deve ser expressa e identificada em editorial. Em 26 de abril de 2000, ocorre a mudança de cenário do Jornal Nacional, deixando de lado a bancada com fundo infinito e passando a utilizar como pano de fundo a redação do Departamento de Jornalismo da Rede Globo. Segundo Bonner (2009), o mezanino onde foi instalado o cenário do Jornal Nacional está instalado, assim como toda a redação de Jornalismo da Globo Rio, em um estúdio de gravações de novelas, desativado com a inauguração da Central Globo de Produções, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro (ProJac). No novo cenário, o único no mundo nestes padrões, de acordo com o site Memória Globo (Ibid), é possível a sobreposição de ilustrações gráficas obtidas por meio do chromakey9, cobrindo o ambiente da redação e posicionando selos de identificação de temas atrás dos apresentadores. 2.4 Histórico da Televisão por Assinatura A TV por assinatura constituiu-se, inicialmente, numa alternativa para que pequenas comunidades tivessem acesso às programações da televisão aberta com qualidade de sinal, nos Estados Unidos da década de 1940. As pessoas associavam-se e adquiriam uma antena coletiva de alta sensibilidade, para que pudessem receber os sinais. Posteriormente, utilizando cabos, o sinal era distribuído ia ao ar. No dia seguinte, os desenhos eram colocados no computador e a sequência ia para a mesa da animação. Finalmente, o material era editado e sonorizado”. 9 De acordo com Carravetta (2010, p.100), o chromakey “é conhecido como sobreposição por separação de cores, constituindo-se num tipo de tesoura eletrônica que recorta as partes desejadas de uma imagem selecionada, colocada num fundo azul, sobrepondo-a num cenário, oriundo de uma outra imagem”.
  • 36. 36 para as residências. O sistema ficou conhecido como CATV10, e até hoje é sinônimo de TV a cabo. O sistema evoluiu, a partir do momento em que nesta rede de cabos programações diferenciadas passaram a ser oferecidas aos assinantes, resultando naquilo que se conhece por TV por assinatura nos dias atuais. “Fazer com que o sinal das emissoras de televisão, localizadas na cidade do Rio de Janeiro, chegasse às cidades de Petrópolis, Teresópolis, Friburgo, entre outras, situadas na Serra do Mar, com boa qualidade de som e de imagem” (ABTA Associação Brasileira de Televisão por Assinatura. Disponível em: <http://tvporassinatura.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17&It emid=34>. Acesso em: 14 out. 2010.) era o desafio inicial da televisão por assinatura em terras brasileiras. No país, as primeiras iniciativas de se oferecer a TV por assinatura ocorreram há pelo menos quarenta anos, e também foram no intuito da superação de dificuldades técnicas. Uma rede de cabos coaxiais transportavam os sinais até as residências, depois de recebidos por antenas instaladas no alto da serra. Aqueles que desejassem o serviço pagavam uma taxa mensal, de modo muito semelhante aos moldes da televisão por assinatura dos dias atuais. Com base em informações da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), e das programadoras de televisão por assinatura Globosat e TVA, constata-se que o início da televisão por assinatura no Brasil foi muito precário, vindo a evoluir consideravelmente nos anos 1990 e 2000. Nos anos 1980 iam ao ar as primeiras transmissões efetivas de TV por assinatura, com as programações da Cable News Network (CNN) e da Music Television (MTV) norte-americana, em canais fechados, codificados e transmitidos em UHF. O serviço de televisão por assinatura foi regulamentado inicialmente pelo presidente José Sarney, em 1988, sendo que um ano depois foi regulamentada precariamente a TV por cabo, cuja legislação definitiva viria a ser aprovada somente em 6 de janeiro de 1995, através da Lei n° 8977, chamada de Lei do Cabo. Em outubro de 1990, o Grupo Abril, por meio da TVA, fecha parceria com a norte-americana Viacom, e passa a transmitir em sinal aberto UHF a programação da primeira televisão segmentada do país, a MTV Brasil. Um ano depois, o Grupo Abril, em parceria com a Mathias Machline, dá origem a TVA Programadora, com 10 Abreviatura de Community Antenna Television, em inglês.
  • 37. 37 cinco canais: Showtime e ESPN International em UHF, e CNN, TNT e Superstation em MMDS11. Em 1994, a TVA torna-se a primeira a distribuir televisão por assinatura via satélite, por meio da TVA DigiSat, que posteriormente adota o nome da multinacional DirecTV (TVA. Disponível em: <http://www.tva.com.br/Institucional/>. Acesso em: 14 out. 2010.). Em 1991, as Organizações Globo, em parceria com suas afiliadas em televisão aberta, como a Rede Brasil Sul (RBS), criam a Globosat, operadora 12 de TV paga via satélite na Banda C, que distribuía o sinal por meio de cabos. A Globosat também foi a primeira programadora13 de TV por assinatura no Brasil, ao criar em 1991 os canais Telecine (filmes), Top Sport (esportes), GNT (informativo) e Multishow (entretenimento). Até então, as Organizações Globo, através da Globosat, produziam conteúdo por meio das programadoras e distribuíam os canais através das operadoras de TV a cabo. Em 1993 ocorre a cisão da Globosat em duas empresas: a Net Brasil, que ficou incumbida das atividades de venda, distribuição e prestação de serviços de televisão por assinatura, e a Canais Globosat, dedicada exclusivamente à produção de conteúdo. Com o objetivo de aumentar a quantidade de canais produzidos no Brasil, deixando de ser dependente de conteúdos estrangeiros, a partir de 1995 a Globosat amplia consideravelmente o número de canais produzidos. O primeiro canal de notícias 24 horas brasileiro, o Globo News, surge neste período, assim como o ShopTime, canal de vendas de produtos. O canal Telecine é desmembrado em cinco canais, cada um com um gênero diferenciado de programação, e na mesma época é criado o Canal Brasil, dedicado às produções de filmes e séries brasileiros. O canal Top Sport é rebatizado como SporTV, passando a dedicar sua grade de programação aos esportes coletivos (especialmente futebol) e aos esportes radicais. Com o início das atividades em pay-per-view14, o futebol tornou-se principal 11 Da sigla em inglês, Multipoint Multichannel Distribution System. Sistema de distribuição de canais de TV por micro-ondas terrestres. Uma das formas de transmissão de TV por assinatura (ABTA, 2010). 12 Empresa que distribui sinais de televisão por assinatura, seja por cabo, MMDS ou satélite (ABTA, 2010). 13 Programadoras são empresas que fornecem conteúdo (canais) para TV paga. Podem produzir programação própria, representar canais estrangeiros no país ou comprar programas e reformatá-los em canais para o público local (ABTA, 2010). 14 Do inglês, pague para ver. Serviço de TV por assinatura em que se paga apenas o que se quer assistir (filmes, shows, cursos), quando se desejar, e dentro da oferta existente (ABTA, 2010).
  • 38. 38 atração dos canais Premiere e, anos depois, seria o primeiro canal de esportes voltado para brasileiros no exterior, o PFC. A partir de 1996, os canais Globosat passam a ser distribuídos pela operadora de televisão via satélite SKY, ampliando consideravelmente o alcance no território brasileiro (HISTORIA DA TV POR ASSINATURA Canais Globosat. Disponível em: <http://canaisglobosat.globo.com/ index.php/tv_por_assinatura/historia>. Acesso em: 14 out. 2010.). Até o início dos anos 2000, a TV por assinatura no Brasil era um benefício restrito a poucos consumidores, devido às altas mensalidades e ao pequeno número de cidades atendidas, o que tornava a TV por assinatura um privilégio de poucos. Em 1994 eram em torno de 400 mil assinantes de TV paga, número que se elevou para 3,4 milhões de assinantes no ano 2000 – um crescimento de 750% em seis anos – e que no segundo trimestre de 2010, alcançou a marca de 8,42 milhões de assinantes, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). 56,95%, cerca de quatro milhões e seiscentos mil assinantes, estão concentrados nas operadoras de TV por cabo, enquanto que 39,92%, algo como três milhões e meio de assinantes, recebem o sinal via satélite, e 3,05%, cerca de trezentos mil assinantes, recebem o sinal por meio de micro-ondas (MMDS) (ABTA. Resultados Setoriais TV Por Assinatura – Operadoras: 2010. São Paulo, 2010.). 2.5 Histórico do Telejornalismo Dedicado O início do telejornalismo em canais dedicados se dá com a criação da Cable News Network (CNN), em 1º de junho de 1980 (HISTORY.COM. Disponível em: <www.history.com/this-day-in-history/cnn-launches>. Acesso em: 14 out. 2010.). A história de seu fundador, Robert “Ted” Turner, tem início quando ele assume uma empresa de anúncios para a revista Billboard, após o suicídio do pai, em 1963. Ted expande os negócios, e sete anos depois, ele adquire uma estação de TV em Atlanta, que reprisava filmes antigos. Em poucos anos, a emissora se transforma na estação denominada The SuperStation, transmitida via satélite diretamente para as casas dos assinantes. Anos depois, com os lucros de seus empreendimentos, Turner torna-se dono das equipes de basquete e de beisebol de Atlanta e as partidas destas equipes passam a ser transmitidas por outro canal, criado por Ted, o TBS (Turner Broadcasting System, nome que deu origem ao grupo de empresas em que a CNN está incluída).
  • 39. 39 Mas a ousadia maior de Ted Turner foi a de fazer frente às três grandes redes de televisão norte-americanas – ABC, CBS e NBC, que, à época, produziam em média 30 minutos diários de notícias, em telejornais que íam ao ar geralmente à noite. A CNN, com suas primeiras instalações em uma casa velha transformada em newsroom15, repleta de antenas parabólicas no pátio, consideradas por Ted Turner sua plantação de repolhos, surgia com o objetivo de alterar a noção de que as notícias somente poderiam ser relatadas em horários fixos, passando a apresentá- las durante as 24 horas do dia, a partir dos mais diversos locais do mundo, em canais dedicados exclusivamente à informação, aproveitando-se do vasto espaço que as operadoras de televisão por assinatura tinham a oferecer. Daí a expressão telejornalismo dedicado. A repercussão mundial e a consolidação do trabalho da CNN se deram com o início da Guerra do Golfo, no Iraque, em 1991. A cobertura ao vivo do início dos bombardeios norte-americanos à capital iraquiana, Bagdá, foram transmitidos via satélite para todo o mundo, colocando a CNN como principal fonte de informações internacionais por televisão. Nos dias atuais, o Grupo de Notícias CNN alcança, através das mais diversas plataformas, cerca de 700 milhões de pessoas. São seis redes de televisão por cabo ou satélite: CNN – transmitida somente para o território norte-americano; CNN International – transmitida para o mundo em quatro programações diferentes: América Latina, Europa, Ásia e Pacífico, e Estados Unidos; CNN en Español – no ar desde 1997, tem sua programação totalmente produzida em espanhol para os países da América Latina; Money – antigo CNNfn, especializado em notícias do mercado financeiro e de negócios; SI – antigo CNN/SI, é o primeiro canal resultante da fusão dos grupos empresariais Time Warner e Turner, transmite notícias esportivas, produzidas pela equipe da revista Sports Illustrated e pela CNN, e; HLN – antigo CNN Headline News, canal que apresenta informações atualizadas a cada trinta minutos, como as notícias do dia e os últimos acontecimentos, os destaques esportivos, de negócios e espetáculos. Além destes produtos, existem as redes de rádio – disponíveis em inglês e em espanhol; os websites; as emissoras de televisão que são licenciadas para 15 Do inglês, redação. Um escritório em que a notícia é processada por uma agência de notícia de jornal, ou televisão, ou estação de rádio. (PRINCETON UNIVERSITY. Disponível em: <http://wordnetweb.princeton.edu/perl/webwn?s=newsroom>. Acesso em: 14 out. 2010, tradução nossa). Ambiente em que o estúdio de apresentação dos telejornais está integrado á redação.
  • 40. 40 utilizar a marca CNN, como o canal CNN Chile, produzido inteiramente no país latino-americano; e a CNN Airport Network – que transmite diversos programas das seis redes CNN via satélite para os aeroportos norte-americanos. A CNN também serve como uma agência de notícias para outras emissoras de televisão: O CNN News Source, além do acompanhamento ao vivo de fatos relevantes, transmite, a mais de 400 assinantes espalhados pelo mundo, doze informações noticiosas nos dias úteis e dez em cada dia do fim de semana. Estas sínteses contêm informações locais, nacionais, internacionais e do tempo, como também notícias de esportes, medicina, negócios e espetáculos (CNN EM PORTUGUÊS. Disponível em: <http://web.archive.org/web/19990218052820/ cnnemportugues.com/grupo/index.html>. Acesso em: 14 out. 2010.). No Brasil, a primeira experiência de um canal de notícias vai ao ar em 15 de outubro de 1996 – o Globo News, canal exclusivo de notícias das Organizações Globo. Conforme Rezende (2000, p.137), o Globo News era uma alternativa à limitação da grade de programação da TV Globo, e procurava satisfazer seu telespectador “combinando agilidade com aprofundamento da informação”. Carlos Henrique Schroder, em depoimento a Paternostro (2006, p.83), relata que “a ideia era ter um noticiário forte na primeira meia hora e depois debates e discussões profundas para ajudar o telespectador a entender melhor determinado assunto e tomar posição”. Segundo Rezende (2000), mal havia completado um mês de atividade e o Globo News já enfrentaria grandes coberturas jornalísticas, como o acidente com o Fokker 100 da TAM, deixando quase cem mortos em uma área residencial próxima ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo. De acordo com Paternostro (2006), foi a primeira vez em que a programação prevista foi deixada de lado e substituída pela transmissão contínua das informações relacionadas ao acidente, onde prevalecem o improviso e a narração ao vivo dos fatos que estão sendo acompanhados. Após contextualizarmos historicamente a televisão brasileira, seja ela aberta ou por assinatura, enfatizando o telejornalismo, e de modo a viabilizar a análise dos telejornais, faz-se necessário o estudo das rotinas produtivas dos telejornais, o que será abordado no próximo capítulo.