2. • AS QUATRO NOBRES VERDADES
Segundo Buda a condição humana é suprema. O Homem
é o seu próprio mestre e não existe nem ser nem poder
mais elevado que possa reger o seu destino.
Cada um é, portanto, responsável pela sua felicidade ou
infelicidade.
Mas aquele que for capaz de descobrir por si próprio a
verdadeira natureza dos elos que coordenam o
encadeamento infinito das causas e dos efeitos terá
quebrado o círculo, e conseguirá a libertação, atingirá a
iluminação.
3. Este ensinamento, condensado nas Quatro
Nobre Verdades e descoberto por Buda no
momento da sua iluminação, encerra o
essencial da sua mensagem, da sua doutrina.
No seu ensinamento, Buda diz: “eis o
verdadeiro sofrimento. Eis a verdadeira causa.
Eis a verdadeira cessação e eis o verdadeiro
caminho”... E diz ainda: “conhecei o
sofrimento; renunciai às sua causas; atingi a
cessação do sofrimento; segui o verdadeiro
caminho”.
4. A 1ª Nobre Verdade
• Na primeira Nobre Verdade, Buda ensina que toda a vida se encontra
impregnada de sofrimento (dukkha, insatisfação profunda, frustração...), que
pode manifestar-se sob a forma de sofrimentos físicos ou mentais.
Mais profundamente, o caráter temporário dos momentos de felicidade
impede o ser humano de gozar de modo durável um contentamento e uma paz
verdadeira.
Quando afirmamos que a vida que geralmente levamos é insatisfatória, esta
verdade frequentemente é mal interpretada, levando a crer que para o
budismo a vida é sofrimento. Isto não é verdade.
O que os budistas crêem é que o sofrimento, ou pelo menos a insatisfação, faz
parte integrante da vida tal como ela é vivida geralmente.
Quando Buda fala do verdadeiro sofrimento , refere-se ao Samsara, ou seja, ao
ciclo completo da existência, de nascimento ao renascimento. A origem do
Samsara é o karma, isto é, o conjunto dos nossos atos, bons ou maus, e das
inevitáveis consequências que deles possa advir.
5. A 2ª Nobre Verdade
• A Segunda Nobre Verdade diz-nos que existe uma causa para esse
sofrimento,
Afirma que é o desejo egoísta que causa o sofrimento, exatamente
o oposto do nosso ponto de vista habitual.
Fomos criados a pensar que a felicidade vem da satisfação dos
nossos desejos egoístas, de nos apoderarmos daquilo que
desejamos.
É justamente o desejo egoísta que nos faz sofrer e o método para
sermos felizes não é favorecermos o nosso egoísmo mas elevarmo-nos
acima dele.
O jogo perpétuo destas três forças – desejo, agressão e ignorância –
é a própria dukkha. O poder que este desejo tem de se perpetuar é
a própria força que obriga o ser a reencarnar.
6. A 3ª Nobre Verdade
• Na Terceira Nobre Verdade Buda diz-nos que é possível cessar esse
sofrimento.
A extinção completa do desejo egoísta, que a terceira Nobre Verdade
aponta como sendo o caminho para a erradicação completa do
sofrimento, equivale à transcendência do “eu”.
Se a reencarnação por um lado representa um sofrimento, por outro lado
oferece-nos a oportunidade suplementar de nos aperfeiçoarmos e,
portanto, de nos aproximarmos do nirvana.
Neste estado último, o ser vê-se desembaraçado do seu corpo material,
mas isto não quer dizer que tenha deixado de existir.
Muito pelo contrário, libertado das cadeias da matéria, continua dispor de
uma consciência, bem como de um corpo espiritual liberto da ignorância.
7. A 4ª Nobre Verdade
• A Quarta Nobre Verdade é o caminho que leva à cessação do sofrimento, o caminho
para a transcendência do “eu”.
Existe um método, um Caminho do Meio, que permite aceder ao nirvana evitando os dois
extremos: a busca da felicidade na dependência única dos prazeres dos sentidos ou na
mortificação, conforme as diferentes formas de ascetismo.
Este Caminho do Meio é igualmente designado por Nobre Caminho Óctuplo, porque
apresenta oito divisões, sendo conveniente executar simultaneamente o
desenvolvimento de todas.
Encontram-se ligadas entre si e cada uma ajuda a cultivar as outras:
1. Visão perfeita (por vezes traduzida como «compreensão»)
2. Emoção perfeita (por vezes traduzida como «vontade»)
3. Discurso perfeito
4. Ação perfeita
5. Meios de subsistência perfeitos
6. Esforço perfeito
7. Atenção perfeita
8. Samadhi perfeito (por vezes traduzido como «concentração»)
8. • A visão perfeita, frequentemente traduzida como com-preensão
correta, é a primeira na lista porque temos de
ter um mínimo de pressentimento de que algo maior e
mais satisfatório está por trás da nossa experiência
comum antes de começarmos a trilhar um caminho
espiritual.
De início pode ser apenas uma vaga intuição ou uma
mera compreensão intelectual.
Mas, à medida que desenvolvemos os outros aspectos da
via, esta centelha inicial vai intensificar-se até se tornar na
luz viva da visão perfeita, no verdadeiro sentido da
palavra, de modo que este aspecto é ao mesmo tempo o
primeiro e o último estágio do Caminho.
9. • Os restantes sete aspectos são por vezes chamados o
«Caminho da Transformação», pois representam os
métodos que nos permitem transformar por completo
o nosso ser à luz da visão da verdade.
A emoção, o discurso, a ação, os meios de existência e
mesmo o esforço e a atenção perfeitos podem ser
considerados como pertencendo à Ética no seu sentido
mais lato.
Estes aspectos abrangem todos os aspectos da nossa
vida, salientando-se que a ética budista não é uma
questão de seguirmos um conjunto de regras, mas sim
a necessidade de organizarmos a nossa vida de modo a
podermos cultivar estados de consciência superiores.
10. O esforço e a atenção estão ambos claramente
associados à prática da meditação, bem como o último
dos oito aspectos do Caminho, o samadhi perfeito.
Não traduzimos a palavra «samadhi» porque não existe
nenhuma palavra portuguesa que a traduza de modo
satisfatório.
A palavra «samadhi» é por vezes usada no sentido estrito
de concentração, por vezes no sentido de meditação e
por vezes para designar um estado de profunda
meditação que é idêntico à experiência subjetiva da
Iluminação.
11. • Estes Oito ramos permitem o
desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos
três principais elementos do treino e da
disciplina budista, que temos de percorrer no
Caminho para a Iluminação
• Conduta ética (shila)
• Disciplina mental (samadhi)
• Sabedoria (prajna).
13. • “Dharma” (ou darma), é uma palavra do
idioma antigo sânscrito que significa
literalmente “aquilo que sustenta, que
mantém“, mas é usado em significados mais
amplos principalmente pelas escolas de
sabedoria do Yoga e do Budismo.
• No Budismo, “Dharma” (ou dhamma) é a
Verdade contida nos ensinamentos do Buddha
Gautama, que também apontam na direção
do que é a Verdade — algumas vezes se fala
em conjunto, “Buddha-Dharma”.
14. • Praticamente todos eles mantém uma certa
coerência em essência que aponta para a “Lei
Natural” ou a “Lei Cósmica”, num sentido
amplo de toda a existência e não apenas o da
realidade material visível.
• Uma vida bem examinada e investigada, onde
exista auto-conhecimento (como disse
Sócrates), é uma vida que encontra a Verdade,
que encontra seu caminho, que encontra o
Dharma. Se o universo fosse um rio, o fluxo
desse rio seria o Dharma.