2. Legado
Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.
Drummond
3. Legado
Que lembrança darei ao país que me deu A
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti? B
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu A
minha incerta medalha, e a meu nome se ri. B
E mereço esperar mais do que os outros, eu? A
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti. B
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu, A
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se. C
Não deixarei de mim nenhum canto radioso, D
uma voz matinal palpitando na bruma E
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho. F
De tudo quanto foi meu passo caprichoso D
na vida, restará, pois o resto se esfuma, E
uma pedra que havia em meio do caminho. F
Drummond
4. Legado
Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.
Da mitologia grega, deus da
música, tocava lira. O poeta
mais talentoso que já viveu.
metalinguagem
melancólico
Se espalha como fumaça
5. Legado
1 Que lembrança darei ao país que me deu
2 tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
3 Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
4 minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
5 E mereço esperar mais do que os outros, eu?
6 Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
7 Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
8 a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
9 Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
10 uma voz matinal palpitando na bruma
11 e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
12 De tudo quanto foi meu passo caprichoso
13 na vida, restará, pois o resto se esfuma,
14 uma pedra que havia em meio do caminho.
Drummond
Pergunta: “Qual o legado
que deixarei ao meu país?”
Esqueceram-se do bom poeta
que ele é, e “debocham” da
sua poesia (No meio do caminho)
Refere-se às críticas do poema
“No meio do caminho”. [angústia?]
poetas
Os críticos
Nem a música-prosa-lamentação de
Orfeu cativaria os críticos
Ele não deixará
vestígios do “romântico.
De “Orfeu”, ficará com
sua teimosia.
Resposta: Deixarei minhas poesias,
pois o resto vira fumaça.
Alusão ao poema
“No meio do caminho”
Legado: o que é transmitido
às gerações que se seguem.