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ShishinbunShishinbun
RKMD - Curitiba
Jan/Fev/Mar n 01-2013
Haisai!! Mensore!!
RKMD - Filial Curitiba
Estou aqui para contar um pouquinho para você sobre o objetivo desta publicação.
A idéia do “Shishinbun” surgiu para ser um grande livro de ensinamentos e aprendizados para
os membros do Ryukyu Koku Matsuri Daiko.
Como sabemos, infelizmente não podemos ficar para sempre no taiko. Seja qual for a razão,
nossas histórias dentro do grupo sempre tem um começo, um meio e para a nossa tristeza,
um fim. A história do nosso grupo é tão bonita hoje por causa das histórias das mais de 150
pessoas que passaram pela nossa filial. Independentemente da quantidade de tempo que uma
pessoa está ou esteve dentro do nosso grupo, a sua passagem ficou registrada na história da
filial Curitiba. Cada uma dessas pessoas possui ensinamentos e aprendizados que tornaram
o Ryukyu Koku Matsuri Daiko no grupo que é hoje, um grupo muito respeitado e que é um
exemplo dentro da comunidade japonesa de Curitiba. O objetivo do “Shishinbun” é criarmos
um “livro de contos” que possa ser lido e re-lido quantas vezes for desejado, independente-
mente se for amanhã ou daqui a 10 anos.
Em cada capítulo desta grande obra, vamos trazer histórias, curiosidades, entrevistas, notícias
e outras coisas para o nosso eriquecimento sobre Okinawa, Eisa, Urasaki Sensei (fundador do
RKMD no Brasil), Ryukyu Koku Matsuri Daiko, Nahomi Oshiro (nossa primeira líder) e a filial
Curitiba. Queremos que o “Shishinbun” seja uma fonte de conhecimento para hoje e que possa-
mos guardar para o futuro da nossa filial.
Um projeto tão ambicioso assim não pode ser alcançado sozinho. Assim como uma apresenta-
ção do nosso grupo exige um esforço coletivo, com o “Shishibun” não é diferente. Hoje, o editor
técnico do jornal é o Renato Scholz e seus colaboradores são o Felipe Utiyama e o Yuji Nakashi-
ma. Mas, vocês também precisam contribuir para longevidade do projeto e melhoria do conte-
údo. Por isso contamos com o apoio vocês.
Novamente, Sejam Bem Vindos!!! Yoroshiku onegaishimasu!!! Chibariyoooo!!!
Ichariba Choodee!!!!
Fabiano Maruo
°
TEXTO
Voce sabia?
Aquilo que passou
RKMD - Filial Curitiba
Após o sucesso na entrega de doações (arrecadadas no espetáculo “Ichariba Choodee - Uma Vez
Juntos Para Sempre Família”) à APAE, ACEFE e Lar Junshin no fim de 2012, já em fevereiro tive-
mos uma entrevista para o programa “Toda Tarde” na TV Transamérica onde pudemos divulgar
nossa apresentação em outra instituição de caridade, desta vez no Pequeno Cotolengo. Aconte-
ceu também o nosso Shinenkai 2013, um final de semana cheio de diversão que ainda contou
com a presença dos membros Tadeu, Tsu e Paraíba vindos das filiais de São Paulo.
Aniversario de 30 anos do RKMD
Em 1982, o grupo de sousaku eisa Ryukyu Koku Matsuri Daiko era criado na ilha de Okinawa.
Em fevereiro de 2013 foi realizada a comemoração de seus 30 anos de existência. Na foto abaixo
estão os membros do Brasil que foram à Okinawa para essa celebração. Este é sem dúvida um
marco na história do nosso grupo e com a participação de uma delegação brasileira nós não po-
deríamos ficar mais orgulhosos.
Ele foi criado no início da década de 20, na província de Fukuoka (Kyushuu), e difere do tabi
tradicional pela sola de borracha, substituindo o tradicional couro, maior comprimento e mais
kohaze, os fechos de metal na lateral do calçado.
O tabi usado pelo Ryukyu Koku Matsuri Daiko se chama Jika
Tabi, e é uma peça de vestuário consideravelmente recente!
O nome Jika Tabi é traduzido literalmente como Tabi Subter-
râneo, e tem esse nome devido a ter sido criado com o obje-
tivo de ser um calçado mais confortável e de eficiente mo-
bilidade para trabalhadores laborais, mais especificamente
tendo em vista os trabalhadores das minas de carvão locais.
O calçado virou mania entre os mineiros, e posteriormente
espalhou-se para fazendeiros, trabalhadores de fábricas, e
por uma época chegou a ser usado até pelo Exército Nacio-
nal, devido à facilidade de uso, ao baixo custo, e à pisada si-
lenciosa.
Atualmente ele é também usado por diversas vertentes ar-
tísticas da cultura japonesa, e possui uma série de variantes,
como solas com amortecedor, solas revestidas de metal para
prevenção de perfurações, e até mesmo modificações mais
‘artísticas’, fazendo o que antes era exclusivamente um calça-
do de trabalho tornar-se hoje uma peça de vestuário para o
público geral.
Shimanchu nu Takara
僕が生まれたこの島の空を / Boku ga umareta kono shima no sora wo
僕はどれくらい知っているんだろう/ Boku wa dorekurai shitteirundarou
輝く星も 流れる雲も / Kagayaku hoshi mo nagareru kumo mo
名前を聞かれてもわからない / Namae wo kikaretemo wakaranai
でも誰より誰よりも知っている / Demo dareyori dareyori mo shitteiru
悲しい時も 嬉しい時も / Kanashii toki mo ureshii toki mo
何度も見上げていたこの空を / Nando mo miageteita kono sora wo
教科書に書いてある事だけじゃわからない / Kyoukasho ni kaitearu koto dake jya wakaranai
大切な物がきっとここにあるはずさ / Taisetsu na mono ga kitto koko ni aru hazu sa
それが島人ぬ宝 / Sore ga shimanchu nu takara
僕がうまれたこの島の海を / Boku ga umareta kono shima no umi wo
僕はどれくらい知ってるんだろう/ Boku wa dorekurai shitterundarou
汚れてくサンゴも 減って行く魚も / Yogoreteku sango mo hetteyuku sakana mo
どうしたらいいのかわからない / Dou shitara ii no ka wakaranai
でも誰より誰よりも知っている / Demo dareyori dareyori mo shitteiru
砂にまみれて 波にゆられて / Suna ni mamirete nami ni yurarete
少しずつ変わってゆくこの海を / Sukoshi zutsu kawatteyuku kono umi wo
テレビでは映せないラジオでも流せない / Terebi de wa utsusenai rajio demo nagasenai
大切な物がきっとここにあるはずさ / Taisetsu na mono ga kitto koko ni aru hazu sa
それが島人ぬ宝 / Sore ga shimanchu nu takara
僕が生まれたこの島の唄を / Boku ga umareta kono shima no uta wo
僕はどれくらい知ってるんだろう/ Boku wa dorekurai shitterundarou
トゥバラーマも デンサー節も / Tubaraama mo Densaa bushi mo
言葉の意味さえわからない / Kotoba no imi sae wakaranai
でも誰より誰よりも知っている / Demo dareyori dareyori mo shitteiru
祝いの夜も 祭りの朝も / Iwai no yoru mo matsuri no asa mo
何処からか聞えてくるこの唄を / Doko kara ka kikoete kuru kono uta wo
いつの日かこの島を離れてくその日まで / Itsu no hi ka kono shima wo hanareteku sono hi made
大切な物をもっと深く知っていたい / Taisetsu na mono wo motto fukaku shitteitai
それが島人ぬ宝 / Sore ga shimanchu nu takara
Quanto será que conheço sobre o céu desta ilha onde nasci?
Mesmo que me perguntem o nome das estrelas brilhantes e das nuvens que passam, não saberei responder.
Mas uma coisa eu sei, mais do que ninguém
Nos momentos tristes, assim como nos felizes, inúmeras vezes olhei para esse céu.
Apenas com o que está escrito nos livros-texto não é possível conhecer
A coisa mais importante está definitivamente aqui.
Esse é o tesouro de um shimanchu*.
Quanto será que conheço sobre o mar desta ilha onde nasci?
Os corais vão se sujando, os peixes vão ficando escassos,
Não sei o que posso fazer a respeito.
Mas uma coisa eu conheço, mais do que ninguém
Coberto por areia, chacoalhado pelas ondas,
Conheço esse mar que vai mudando pouco a pouco.
Não é mostrada na TV, não é transmitida na rádio
A coisa mais importante está definitivamente aqui
Esse é o tesouro de um shimanchu.
Quanto será que conheço da canção desta ilha onde nasci?
Não sei sequer o significado de palavras como Tubaraama ou Densa Bushi.
Mas uma coisa eu conheço, mais do que ninguém
Nas noites de celebração, nas manhãs de festivais,
Essa canção pode ser ouvida de qualquer lugar.
Algum dia eu deixarei essa ilha, até que ele chegue
Eu quero saber mais e mais sobre as coisas realmente importantes
Esse é o tesouro de um shimanchu.
(Tradução por Felipe Utiyama)
RKMD - Filial Curitiba
*Shimanchu: Habitante de uma ilha
Entrevista
RKMD - Filial Curitiba
Morei na Cenibrac, morei com a Xinnn e hoje estou de volta com a minha família. Sou mestiça e tenho
sangue indígena e polaco. Tenho uma Akita, a Nath, e um coelho, o Chiba. Já tive dois akitas, um papa-
gaio, mais um coelho e um jabuti.
Olhar nos olhos da Tomoko san enquanto ela canta, me faz chorar. Gosto muito de Natsukawa Rimi,
Avril Lavigne, Alanis, Michael Jackson, Rinken Band e Jewel. Admiro muito a Yorie san, ela toca muito
e é muito querida. Adoro ouvir a Cah cantar, ouvir o meu sobrinho rir e brincar com os pais, ver minha
Oba sorrir e ver a minha mãe e a minha tia felizes.
Se eu pudesse, ficaria horas vendo o mar batendo no Manzamo, é lindo. Eu moraria em Nakijin.
Choro quando penso no Oji que não conheci, no meu tio que já se foi e na minha Obá que está na cama.
Mas toco taiko com todo meu coração quando penso neles. Me dá mais força e vontade.
Toco taiko para o público, principalmente para todos os Ojis e Obas que nos assistem. Gosto de saber
que nós os ajudamos a voltar pra Okinawa, mesmo que em pensamento e no coração.
Falo inglês, arranho no espanhol e preciso aprender nihongo e uchinaguchi. Ainda tem muitas outras
línguas que tenho vontade de aprender.
Tenho problemas de noção de tempo, deixo meus amigos muito tempo sem notícias minhas, mas eles
jamais saem do meu coração. Pessoas importantes para mim, permanecem importantes, mesmo que
algo ruim aconteça. Meu coração me guia muito mais que meu cérebro.
E, sim, choro sempre que falo algo muito verdadeiro e que venha do meu coração. E, apesar de me atra-
palhar muito, não tenho vergonha disso.
Sinto muito a falta do Urasaki Sensei, choro quando falo dele, mas me considero muito honrada por
tê-lo conhecido e por ter passado tanto tempo ao seu lado, sempre aprendendo e rindo com ele.
Bom, em 1995 eu falei pra minha mãe que queria fazer Mitsufumidaiko, o “taiko sentado”. Minha mãe
conhecia o Urasaki Sensei e perguntou se tinha como ele dar treinos pra gente no kaikan do Ipiranga e
ele foi! Depois de um tempo fazendo Mitsufumi, começamos a ter treinos de “taiko em pé” lá no kaikan
do Ipiranga mesmo: eu, Maki Yonamine, minha mãe e minha tia. Nessa época, o nosso grupo não era
oficialmente Ryukyu Koku Matsuri Daiko, usávamos obi e hachimaki amarelos!
Como o grupo de treino no Ipiranga era muito pequeno, a Maki foi pra Liberdade e eu passei a treinar
na casa do Sensei. Essa foi a época em que Yonamine Akira Sensei veio de Okinawa e oficializou o grupo
no Brasil.
Depois de alguns acontecimentos, eu passei a treinar na Liberdade (Liba =D). Fiquei fora do grupo por,
mais ou menos, 1 ano por causa de trabalho e estudos. Quando passei na Federal do Paraná, me mudei
e dei um jeito de voltar pro grupo!
A filial Curitiba tem você como uma pessoa muito especial, pode nos contar como se deu a criação da
nossa filial e alguma história em especial no seu início?
Bom, pra começar, quando passei na Federal fiquei meio desesperada por ter que ficar longe do taiko,
né. E além disso, eu ainda precisava ver onde eu ia morar! Minha mãe telefonou pra uma amiga de in-
fância que mora em Curitiba e perguntou onde eu poderia ficar, ela indicou uma tal de CENIBRAC. Por
coincidência (se é que existem), essa amiga da minha mãe fazia parte de alguma coisa do Kenjinkai de
Curitiba, novo, na época. Quando minha mãe falou que eu fazia taiko, meu Deus, a amiga dela já come-
çou a falar que eu tinha que ensinar em Curitiba e tal. CLARO que fiquei feliz, né, hahaha! Fui até a casa
do Urasaki Sensei explicar o caso e perguntar se eu podia ensinar lá. O Sensei não só deixou como disse:
“Vai, vai! Tem que ir!”
Na primeira edição do “Shishinbun”entrevistamos Nahomi Oshiro (a Nanah). Ela foi a primeira líder
da filial Curitiba, e acabava de retornar da ilha de Okinawa onde participou do 30° aniversário do
RKMD. Agradecemos à Juliana que se dispôs a contactar nossa entrevistada apesar da distância e
também à própria Nanah por ter nos presenteado com um texto tão sincero e especial.
Então, Nanah, conte-nos um pouco sobre você e como foi a sua entrada no RKMD.
E aí, azeites, tudo bem? Antes, vou escolher uma trilha sonora pra escrever, senão eu não funciono.
Enfim, oi! Meu nome é Nahomi Oshiro e tenho 29 anos (nossa). Fui a primeira líder da Filial de Curiti-
ba e, atualmente, sou Vice-Líder das filiais do Brasil.
Contar um pouco sobre mim e como foi a minha entrada no grupo. Hummm.. Que difícil! Eu faço Pe-
dagogia, ainda, mas não sei se me identifico muito com o curso. Com Educação, sim, mas talvez não
com o curso.
Já fiz muita coisa, fui assistente de cabeleireiro, trabalhei em bar de restaurante, fiz street dance, curso
de bartender, aprendi a jogar garrafas pro alto, já joguei handball pelo colégio, tenho um violão preto,
um ukulele e dois sanshins: um que era do meu Oji e outro que ganhei agora, na minha ida pra Oki-
nawa, do irmão do meu Oji. Eu matava aulas do colégio pra ficar cantando e tocando violão com um
amigo e pra almoçar com a Juliana Izu hahaha! Vocês conhecem a Ju, né? Haha Ela e a Pati, irmã dela,
me levaram pra minha primeira balada, aos 14 anos.
RKMD - Filial Curitiba
Já em Curitiba, num dos meus primeiros dias, um tal de Jorge Uesu foi me buscar na Cenibrac pra ir
conversar sobre “as aulas de taiko”.
Era uma noite chuvosa e encostou um carro lá do lado. Levei meu querido odaiko e tudo, entrei no
carro e dei de cara com uma menina sentada no banco de trás, junto comigo. Era uma menina bem
sorridente e simpática, gostei dela. Uma tal de Sílvia.
Cheguei no Nikkei e pensei que fosse uma coisa susse, sem nada muito grande. O Tio me colocou pra
falar no microfone na frente de um monte de gente! Quase morri aquele dia.
Aos poucos, fui me acostumando a falar em público e tal.
A filial de Curitiba é especial pra mim. Não simplesmente pelo fato de eu ter sido a primeira líder,
ter adquirido conhecimento ou responsabilidades. É importante pelas pessoas que eu conheci, pelas
brigas que tive, desentendimentos, abraços, sorrisos, discussões, noites em claro, idéias que deram
errado e idéias que deram certo. Não só os bons momentos, mas os ruins também. Tudo conta, tudo
mesmo.Não sei se é normal de líderes, e se não for também, não ligo. Mas eu tenho um carinho muito
grande pelos membros que deixei aí.
Foi muito difícil digerir a idéia de que eu teria que voltar pra São Paulo um dia, teria que deixar vocês
aí e ficar a 6 horas de distância de um abraço. Eu tive muita dificuldade pra voltar. Mesmo. Não soube
lidar com isso, não soube falar tchau e nem nada. Tudo isso porque eu não queria me despedir de
ninguém. Não queria falar tchau e ficar longe.
Enfim, eu estou chorando! Hahaha É que enquanto eu escrevo, os sentimentos vão voltando.
Como líder, fiz muita coisa que, hoje, eu acho precipitado e errado. Mas não me arrependo porque de
todos esses erros, saiu uma filial como essa. Que por mais que tenha defeitos, é assim, como é.
Tenho muitas histórias pra contar, mas assim é difícil, né! Hahaha
Como está sendo a experiência em Okinawa? Desejamos o melhor para você durante sua estadia aí!
Obrigada! Mas já voltei.. hahah Gomen, eu não escrevi de lá porque não tive tempo.
Mas foi lindo! Realizei meu maior sonho. Conheci os irmãos do meu Oji, a casa onde ele nasceu e cres-
ceu. Conheci a família da minha Obá e a casa onde ela nasceu também!
Não fiquei só no centro, em Naha, conheci Nakijin, a terrinha da família. Não tinha muito comércio,
eram Ojis e Obas pra lá e pra cá, andando de bicicleta, com boné e paninhos na cabeça por estarem
trabalhando na plantação.
O cheiro de lá era ótimo, diferente, muito puro! Não sei o que isso significa, mas deve ser algo bom! Era
um cheiro que eu nunca tinha sentido na vida.
Uma coisa que me marcou muito foi a primeira vez que fomos pra Nakijin e encontramos uma Oba. Na
hora, eu não sabia quem era exatamente, só sabia que era parente. Quando fomos tirar foto ela tinha
que sentar no chão e, pra uma Oba de mais de 90 anos, sentar no chão é uma coisa muito complicada!
Ela foi sentar e eu, desesperada, não sabia o que fazer, o que falar e, quando eu ia chamar alguém pra
impedir que ela se esforçasse tanto, ela falou “aahhh Iyasasaaaa~”
Nossa! Eu quase chorei! Eu ouvi o Iyasasa mais original possível! Ela falou isso pra conseguir mais
forças e realizar o que tinha pela frente. Foi emocionante.
Chorei muito em Okinawa. Andar pelas ruazinhas de Nakijin, ver a mesma paisagem que meu Oji e
minha Oba, conhecer a terra que eles tiveram que deixar pra trás e que eles tanto amam foi muito im-
portante pra mim.
E, claro, fora toda a experiência que tivemos pelo Matsuridaiko. Conheci muita gente legal, me diverti
muito e toquei junto com eles! Lá eu vivi aquela história toda de “não conseguir me comunicar mas
dividir o mesmo sentimento, o mesmo palco”. Na verdade, tocar taiko é um meio de comunicação.
E... conheci a Yorie san! hahaha
Lá, eu, a Sayuri e o Éverton tivemos a oportunidade de passar pra alguns membros do honbu o que nós
fazemos aqui, o motivo e como achamos importante levar lembranças de Okinawa para Ojis e Obas
que já não podem mais viajar pra visitar a terra natal.
Galera, nem tenho como contar tudo aqui. Podemos sair e conversar! Senão esse texto fica mais impos-
sível do que já está hahaha. Muito comprido!
RKMD - Filial Curitiba
RKMD - Filial Curitiba
Algum recado para o pessoal aqui de Curitiba?
Sim! Uma história também.
Eu treinava na casa do Sensei, então, num belo dia, em 1998, minha mãe precisava conversar com o Urasaki
Sensei e me pediu que fosse junto com ela até o Okinawa Kenjin do Brasil, mais conhecido como Honbu,
na Liberdade. O Sensei estava lá porque estava tendo treino do Matsuridaiko. Como a Maki treinava lá na
Liba, sempre me falou bem do pessoal e vivia me pedindo pra treinar lá, mas eu, como uma boa “azeite”,
nunca tive vontade.
Chegando lá, vi uma galera treinando, uma galera estranha, hahaha, que eu nunca tinha visto antes. Algu-
mas pessoas vieram correndo me abraçar, enquanto esses outros estranhos ficaram só olhando e pensando
“Quem é essa aí?” com uma cara de interrogação.
Treinei lá nesse dia e gostei muito. Deixei de treinar na casa do Sensei e comecei a frequentar os treinos da
Liberdade. Lá, conheci meus melhores amigos. Não só “amigos de taiko”, mas meus amigos de vida. Nos fa-
lamos e nos encontramos até hoje, mesmo depois de quase 15 anos. Por mais que a gente não se veja como
antes, o sentimento é o mesmo, a consideração é a mesma. Eles fazem parte da minha família.
Fazendo parte do grupo, nós conhecemos muita gente, fazemos muitas amizades e vivemos muitos mo-
mentos bons. Aproveitem a oportunidade, vivam, façam amizades e criem memórias. Fazer parte desse
grupo é um oportunidade de muitas coisas boas!
Pra mim, poder tocar com várias pessoas assistindo é uma honra. Quem faz isso? Artista! Hahaha Mas,
sério, nós temos responsabilidades nas mãos também. Mexemos com os sentimentos das pessoas. Elas es-
quecem problemas enquanto a gente apresenta.
Imaginem vocês poderem transportar uma Oba do Brasil pra Okinawa, lugar onde ela nasceu e cresceu.
Muitas lembranças voltam junto com isso, talvez uma lembrança da mãe e do pai, dos irmãos. Vai saber se
essa Oba ainda tem contato com seus familiares? E se eles já morreram? Eu gosto de pensar que a gente leva
boas lembranças para algumas pessoas e construímos novas pra outras.
Aproveitem as discussões, as brigas, desentendimentos, cresçam com tudo isso. Guardem os abraços, os
sorrisos e os olhares com muito carinho. Na hora de ver o que pesa mais, as coisas boas devem ganhar!
Nunca se esqueçam que, mesmo que os líderes guiem o grupo, quem faz o grupo são os membros. Aliás,
todos! Estamos todos junto por um objetivo só, unidos em um grupo só. Somos muitos, mas o grupo é um
só. É o esforço individual que leva o grupo pra frente e pra cima. Bom, eu acho! Ainda aprendo com muita
gente e com muitas experiências e acho que é assim que tem que ser!
Quero o melhor da filial de Curitiba, espero que vocês continuem crescendo e sejam sempre, acima de
tudo, unidos e amigos, todos atrás de um mesmo objetivo, juntos.
Treinem se divertindo, se esforcem se divertindo e apresentem se divertindo! Espero dividir o palco com
vocês no aniversário de 15 anos, ano que vem (e antes, se der!).
Gente, eu amo essa filial e todos vocês estão no meu coração. GANBATE!!!
Perfil
Redação:
Yuji Nakashima
Felipe Utiyama
Renato Scholz
Danielle Kuniyoshi
RKMD - Filial Curitiba
Idealização:
Fabiano Maruo
Jornal Shishinbun
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O tesouro de um shimanchu

  • 1. ShishinbunShishinbun RKMD - Curitiba Jan/Fev/Mar n 01-2013 Haisai!! Mensore!! RKMD - Filial Curitiba Estou aqui para contar um pouquinho para você sobre o objetivo desta publicação. A idéia do “Shishinbun” surgiu para ser um grande livro de ensinamentos e aprendizados para os membros do Ryukyu Koku Matsuri Daiko. Como sabemos, infelizmente não podemos ficar para sempre no taiko. Seja qual for a razão, nossas histórias dentro do grupo sempre tem um começo, um meio e para a nossa tristeza, um fim. A história do nosso grupo é tão bonita hoje por causa das histórias das mais de 150 pessoas que passaram pela nossa filial. Independentemente da quantidade de tempo que uma pessoa está ou esteve dentro do nosso grupo, a sua passagem ficou registrada na história da filial Curitiba. Cada uma dessas pessoas possui ensinamentos e aprendizados que tornaram o Ryukyu Koku Matsuri Daiko no grupo que é hoje, um grupo muito respeitado e que é um exemplo dentro da comunidade japonesa de Curitiba. O objetivo do “Shishinbun” é criarmos um “livro de contos” que possa ser lido e re-lido quantas vezes for desejado, independente- mente se for amanhã ou daqui a 10 anos. Em cada capítulo desta grande obra, vamos trazer histórias, curiosidades, entrevistas, notícias e outras coisas para o nosso eriquecimento sobre Okinawa, Eisa, Urasaki Sensei (fundador do RKMD no Brasil), Ryukyu Koku Matsuri Daiko, Nahomi Oshiro (nossa primeira líder) e a filial Curitiba. Queremos que o “Shishinbun” seja uma fonte de conhecimento para hoje e que possa- mos guardar para o futuro da nossa filial. Um projeto tão ambicioso assim não pode ser alcançado sozinho. Assim como uma apresenta- ção do nosso grupo exige um esforço coletivo, com o “Shishibun” não é diferente. Hoje, o editor técnico do jornal é o Renato Scholz e seus colaboradores são o Felipe Utiyama e o Yuji Nakashi- ma. Mas, vocês também precisam contribuir para longevidade do projeto e melhoria do conte- údo. Por isso contamos com o apoio vocês. Novamente, Sejam Bem Vindos!!! Yoroshiku onegaishimasu!!! Chibariyoooo!!! Ichariba Choodee!!!! Fabiano Maruo °
  • 2. TEXTO Voce sabia? Aquilo que passou RKMD - Filial Curitiba Após o sucesso na entrega de doações (arrecadadas no espetáculo “Ichariba Choodee - Uma Vez Juntos Para Sempre Família”) à APAE, ACEFE e Lar Junshin no fim de 2012, já em fevereiro tive- mos uma entrevista para o programa “Toda Tarde” na TV Transamérica onde pudemos divulgar nossa apresentação em outra instituição de caridade, desta vez no Pequeno Cotolengo. Aconte- ceu também o nosso Shinenkai 2013, um final de semana cheio de diversão que ainda contou com a presença dos membros Tadeu, Tsu e Paraíba vindos das filiais de São Paulo. Aniversario de 30 anos do RKMD Em 1982, o grupo de sousaku eisa Ryukyu Koku Matsuri Daiko era criado na ilha de Okinawa. Em fevereiro de 2013 foi realizada a comemoração de seus 30 anos de existência. Na foto abaixo estão os membros do Brasil que foram à Okinawa para essa celebração. Este é sem dúvida um marco na história do nosso grupo e com a participação de uma delegação brasileira nós não po- deríamos ficar mais orgulhosos. Ele foi criado no início da década de 20, na província de Fukuoka (Kyushuu), e difere do tabi tradicional pela sola de borracha, substituindo o tradicional couro, maior comprimento e mais kohaze, os fechos de metal na lateral do calçado. O tabi usado pelo Ryukyu Koku Matsuri Daiko se chama Jika Tabi, e é uma peça de vestuário consideravelmente recente! O nome Jika Tabi é traduzido literalmente como Tabi Subter- râneo, e tem esse nome devido a ter sido criado com o obje- tivo de ser um calçado mais confortável e de eficiente mo- bilidade para trabalhadores laborais, mais especificamente tendo em vista os trabalhadores das minas de carvão locais. O calçado virou mania entre os mineiros, e posteriormente espalhou-se para fazendeiros, trabalhadores de fábricas, e por uma época chegou a ser usado até pelo Exército Nacio- nal, devido à facilidade de uso, ao baixo custo, e à pisada si- lenciosa. Atualmente ele é também usado por diversas vertentes ar- tísticas da cultura japonesa, e possui uma série de variantes, como solas com amortecedor, solas revestidas de metal para prevenção de perfurações, e até mesmo modificações mais ‘artísticas’, fazendo o que antes era exclusivamente um calça- do de trabalho tornar-se hoje uma peça de vestuário para o público geral.
  • 3. Shimanchu nu Takara 僕が生まれたこの島の空を / Boku ga umareta kono shima no sora wo 僕はどれくらい知っているんだろう/ Boku wa dorekurai shitteirundarou 輝く星も 流れる雲も / Kagayaku hoshi mo nagareru kumo mo 名前を聞かれてもわからない / Namae wo kikaretemo wakaranai でも誰より誰よりも知っている / Demo dareyori dareyori mo shitteiru 悲しい時も 嬉しい時も / Kanashii toki mo ureshii toki mo 何度も見上げていたこの空を / Nando mo miageteita kono sora wo 教科書に書いてある事だけじゃわからない / Kyoukasho ni kaitearu koto dake jya wakaranai 大切な物がきっとここにあるはずさ / Taisetsu na mono ga kitto koko ni aru hazu sa それが島人ぬ宝 / Sore ga shimanchu nu takara 僕がうまれたこの島の海を / Boku ga umareta kono shima no umi wo 僕はどれくらい知ってるんだろう/ Boku wa dorekurai shitterundarou 汚れてくサンゴも 減って行く魚も / Yogoreteku sango mo hetteyuku sakana mo どうしたらいいのかわからない / Dou shitara ii no ka wakaranai でも誰より誰よりも知っている / Demo dareyori dareyori mo shitteiru 砂にまみれて 波にゆられて / Suna ni mamirete nami ni yurarete 少しずつ変わってゆくこの海を / Sukoshi zutsu kawatteyuku kono umi wo テレビでは映せないラジオでも流せない / Terebi de wa utsusenai rajio demo nagasenai 大切な物がきっとここにあるはずさ / Taisetsu na mono ga kitto koko ni aru hazu sa それが島人ぬ宝 / Sore ga shimanchu nu takara 僕が生まれたこの島の唄を / Boku ga umareta kono shima no uta wo 僕はどれくらい知ってるんだろう/ Boku wa dorekurai shitterundarou トゥバラーマも デンサー節も / Tubaraama mo Densaa bushi mo 言葉の意味さえわからない / Kotoba no imi sae wakaranai でも誰より誰よりも知っている / Demo dareyori dareyori mo shitteiru 祝いの夜も 祭りの朝も / Iwai no yoru mo matsuri no asa mo 何処からか聞えてくるこの唄を / Doko kara ka kikoete kuru kono uta wo いつの日かこの島を離れてくその日まで / Itsu no hi ka kono shima wo hanareteku sono hi made 大切な物をもっと深く知っていたい / Taisetsu na mono wo motto fukaku shitteitai それが島人ぬ宝 / Sore ga shimanchu nu takara Quanto será que conheço sobre o céu desta ilha onde nasci? Mesmo que me perguntem o nome das estrelas brilhantes e das nuvens que passam, não saberei responder. Mas uma coisa eu sei, mais do que ninguém Nos momentos tristes, assim como nos felizes, inúmeras vezes olhei para esse céu. Apenas com o que está escrito nos livros-texto não é possível conhecer A coisa mais importante está definitivamente aqui. Esse é o tesouro de um shimanchu*. Quanto será que conheço sobre o mar desta ilha onde nasci? Os corais vão se sujando, os peixes vão ficando escassos, Não sei o que posso fazer a respeito. Mas uma coisa eu conheço, mais do que ninguém Coberto por areia, chacoalhado pelas ondas, Conheço esse mar que vai mudando pouco a pouco. Não é mostrada na TV, não é transmitida na rádio A coisa mais importante está definitivamente aqui Esse é o tesouro de um shimanchu. Quanto será que conheço da canção desta ilha onde nasci? Não sei sequer o significado de palavras como Tubaraama ou Densa Bushi. Mas uma coisa eu conheço, mais do que ninguém Nas noites de celebração, nas manhãs de festivais, Essa canção pode ser ouvida de qualquer lugar. Algum dia eu deixarei essa ilha, até que ele chegue Eu quero saber mais e mais sobre as coisas realmente importantes Esse é o tesouro de um shimanchu. (Tradução por Felipe Utiyama) RKMD - Filial Curitiba *Shimanchu: Habitante de uma ilha
  • 4. Entrevista RKMD - Filial Curitiba Morei na Cenibrac, morei com a Xinnn e hoje estou de volta com a minha família. Sou mestiça e tenho sangue indígena e polaco. Tenho uma Akita, a Nath, e um coelho, o Chiba. Já tive dois akitas, um papa- gaio, mais um coelho e um jabuti. Olhar nos olhos da Tomoko san enquanto ela canta, me faz chorar. Gosto muito de Natsukawa Rimi, Avril Lavigne, Alanis, Michael Jackson, Rinken Band e Jewel. Admiro muito a Yorie san, ela toca muito e é muito querida. Adoro ouvir a Cah cantar, ouvir o meu sobrinho rir e brincar com os pais, ver minha Oba sorrir e ver a minha mãe e a minha tia felizes. Se eu pudesse, ficaria horas vendo o mar batendo no Manzamo, é lindo. Eu moraria em Nakijin. Choro quando penso no Oji que não conheci, no meu tio que já se foi e na minha Obá que está na cama. Mas toco taiko com todo meu coração quando penso neles. Me dá mais força e vontade. Toco taiko para o público, principalmente para todos os Ojis e Obas que nos assistem. Gosto de saber que nós os ajudamos a voltar pra Okinawa, mesmo que em pensamento e no coração. Falo inglês, arranho no espanhol e preciso aprender nihongo e uchinaguchi. Ainda tem muitas outras línguas que tenho vontade de aprender. Tenho problemas de noção de tempo, deixo meus amigos muito tempo sem notícias minhas, mas eles jamais saem do meu coração. Pessoas importantes para mim, permanecem importantes, mesmo que algo ruim aconteça. Meu coração me guia muito mais que meu cérebro. E, sim, choro sempre que falo algo muito verdadeiro e que venha do meu coração. E, apesar de me atra- palhar muito, não tenho vergonha disso. Sinto muito a falta do Urasaki Sensei, choro quando falo dele, mas me considero muito honrada por tê-lo conhecido e por ter passado tanto tempo ao seu lado, sempre aprendendo e rindo com ele. Bom, em 1995 eu falei pra minha mãe que queria fazer Mitsufumidaiko, o “taiko sentado”. Minha mãe conhecia o Urasaki Sensei e perguntou se tinha como ele dar treinos pra gente no kaikan do Ipiranga e ele foi! Depois de um tempo fazendo Mitsufumi, começamos a ter treinos de “taiko em pé” lá no kaikan do Ipiranga mesmo: eu, Maki Yonamine, minha mãe e minha tia. Nessa época, o nosso grupo não era oficialmente Ryukyu Koku Matsuri Daiko, usávamos obi e hachimaki amarelos! Como o grupo de treino no Ipiranga era muito pequeno, a Maki foi pra Liberdade e eu passei a treinar na casa do Sensei. Essa foi a época em que Yonamine Akira Sensei veio de Okinawa e oficializou o grupo no Brasil. Depois de alguns acontecimentos, eu passei a treinar na Liberdade (Liba =D). Fiquei fora do grupo por, mais ou menos, 1 ano por causa de trabalho e estudos. Quando passei na Federal do Paraná, me mudei e dei um jeito de voltar pro grupo! A filial Curitiba tem você como uma pessoa muito especial, pode nos contar como se deu a criação da nossa filial e alguma história em especial no seu início? Bom, pra começar, quando passei na Federal fiquei meio desesperada por ter que ficar longe do taiko, né. E além disso, eu ainda precisava ver onde eu ia morar! Minha mãe telefonou pra uma amiga de in- fância que mora em Curitiba e perguntou onde eu poderia ficar, ela indicou uma tal de CENIBRAC. Por coincidência (se é que existem), essa amiga da minha mãe fazia parte de alguma coisa do Kenjinkai de Curitiba, novo, na época. Quando minha mãe falou que eu fazia taiko, meu Deus, a amiga dela já come- çou a falar que eu tinha que ensinar em Curitiba e tal. CLARO que fiquei feliz, né, hahaha! Fui até a casa do Urasaki Sensei explicar o caso e perguntar se eu podia ensinar lá. O Sensei não só deixou como disse: “Vai, vai! Tem que ir!” Na primeira edição do “Shishinbun”entrevistamos Nahomi Oshiro (a Nanah). Ela foi a primeira líder da filial Curitiba, e acabava de retornar da ilha de Okinawa onde participou do 30° aniversário do RKMD. Agradecemos à Juliana que se dispôs a contactar nossa entrevistada apesar da distância e também à própria Nanah por ter nos presenteado com um texto tão sincero e especial. Então, Nanah, conte-nos um pouco sobre você e como foi a sua entrada no RKMD. E aí, azeites, tudo bem? Antes, vou escolher uma trilha sonora pra escrever, senão eu não funciono. Enfim, oi! Meu nome é Nahomi Oshiro e tenho 29 anos (nossa). Fui a primeira líder da Filial de Curiti- ba e, atualmente, sou Vice-Líder das filiais do Brasil. Contar um pouco sobre mim e como foi a minha entrada no grupo. Hummm.. Que difícil! Eu faço Pe- dagogia, ainda, mas não sei se me identifico muito com o curso. Com Educação, sim, mas talvez não com o curso. Já fiz muita coisa, fui assistente de cabeleireiro, trabalhei em bar de restaurante, fiz street dance, curso de bartender, aprendi a jogar garrafas pro alto, já joguei handball pelo colégio, tenho um violão preto, um ukulele e dois sanshins: um que era do meu Oji e outro que ganhei agora, na minha ida pra Oki- nawa, do irmão do meu Oji. Eu matava aulas do colégio pra ficar cantando e tocando violão com um amigo e pra almoçar com a Juliana Izu hahaha! Vocês conhecem a Ju, né? Haha Ela e a Pati, irmã dela, me levaram pra minha primeira balada, aos 14 anos.
  • 5. RKMD - Filial Curitiba Já em Curitiba, num dos meus primeiros dias, um tal de Jorge Uesu foi me buscar na Cenibrac pra ir conversar sobre “as aulas de taiko”. Era uma noite chuvosa e encostou um carro lá do lado. Levei meu querido odaiko e tudo, entrei no carro e dei de cara com uma menina sentada no banco de trás, junto comigo. Era uma menina bem sorridente e simpática, gostei dela. Uma tal de Sílvia. Cheguei no Nikkei e pensei que fosse uma coisa susse, sem nada muito grande. O Tio me colocou pra falar no microfone na frente de um monte de gente! Quase morri aquele dia. Aos poucos, fui me acostumando a falar em público e tal. A filial de Curitiba é especial pra mim. Não simplesmente pelo fato de eu ter sido a primeira líder, ter adquirido conhecimento ou responsabilidades. É importante pelas pessoas que eu conheci, pelas brigas que tive, desentendimentos, abraços, sorrisos, discussões, noites em claro, idéias que deram errado e idéias que deram certo. Não só os bons momentos, mas os ruins também. Tudo conta, tudo mesmo.Não sei se é normal de líderes, e se não for também, não ligo. Mas eu tenho um carinho muito grande pelos membros que deixei aí. Foi muito difícil digerir a idéia de que eu teria que voltar pra São Paulo um dia, teria que deixar vocês aí e ficar a 6 horas de distância de um abraço. Eu tive muita dificuldade pra voltar. Mesmo. Não soube lidar com isso, não soube falar tchau e nem nada. Tudo isso porque eu não queria me despedir de ninguém. Não queria falar tchau e ficar longe. Enfim, eu estou chorando! Hahaha É que enquanto eu escrevo, os sentimentos vão voltando. Como líder, fiz muita coisa que, hoje, eu acho precipitado e errado. Mas não me arrependo porque de todos esses erros, saiu uma filial como essa. Que por mais que tenha defeitos, é assim, como é. Tenho muitas histórias pra contar, mas assim é difícil, né! Hahaha Como está sendo a experiência em Okinawa? Desejamos o melhor para você durante sua estadia aí! Obrigada! Mas já voltei.. hahah Gomen, eu não escrevi de lá porque não tive tempo. Mas foi lindo! Realizei meu maior sonho. Conheci os irmãos do meu Oji, a casa onde ele nasceu e cres- ceu. Conheci a família da minha Obá e a casa onde ela nasceu também! Não fiquei só no centro, em Naha, conheci Nakijin, a terrinha da família. Não tinha muito comércio, eram Ojis e Obas pra lá e pra cá, andando de bicicleta, com boné e paninhos na cabeça por estarem trabalhando na plantação. O cheiro de lá era ótimo, diferente, muito puro! Não sei o que isso significa, mas deve ser algo bom! Era um cheiro que eu nunca tinha sentido na vida. Uma coisa que me marcou muito foi a primeira vez que fomos pra Nakijin e encontramos uma Oba. Na hora, eu não sabia quem era exatamente, só sabia que era parente. Quando fomos tirar foto ela tinha que sentar no chão e, pra uma Oba de mais de 90 anos, sentar no chão é uma coisa muito complicada! Ela foi sentar e eu, desesperada, não sabia o que fazer, o que falar e, quando eu ia chamar alguém pra impedir que ela se esforçasse tanto, ela falou “aahhh Iyasasaaaa~” Nossa! Eu quase chorei! Eu ouvi o Iyasasa mais original possível! Ela falou isso pra conseguir mais forças e realizar o que tinha pela frente. Foi emocionante. Chorei muito em Okinawa. Andar pelas ruazinhas de Nakijin, ver a mesma paisagem que meu Oji e minha Oba, conhecer a terra que eles tiveram que deixar pra trás e que eles tanto amam foi muito im- portante pra mim. E, claro, fora toda a experiência que tivemos pelo Matsuridaiko. Conheci muita gente legal, me diverti muito e toquei junto com eles! Lá eu vivi aquela história toda de “não conseguir me comunicar mas dividir o mesmo sentimento, o mesmo palco”. Na verdade, tocar taiko é um meio de comunicação. E... conheci a Yorie san! hahaha Lá, eu, a Sayuri e o Éverton tivemos a oportunidade de passar pra alguns membros do honbu o que nós fazemos aqui, o motivo e como achamos importante levar lembranças de Okinawa para Ojis e Obas que já não podem mais viajar pra visitar a terra natal. Galera, nem tenho como contar tudo aqui. Podemos sair e conversar! Senão esse texto fica mais impos- sível do que já está hahaha. Muito comprido! RKMD - Filial Curitiba
  • 6. RKMD - Filial Curitiba Algum recado para o pessoal aqui de Curitiba? Sim! Uma história também. Eu treinava na casa do Sensei, então, num belo dia, em 1998, minha mãe precisava conversar com o Urasaki Sensei e me pediu que fosse junto com ela até o Okinawa Kenjin do Brasil, mais conhecido como Honbu, na Liberdade. O Sensei estava lá porque estava tendo treino do Matsuridaiko. Como a Maki treinava lá na Liba, sempre me falou bem do pessoal e vivia me pedindo pra treinar lá, mas eu, como uma boa “azeite”, nunca tive vontade. Chegando lá, vi uma galera treinando, uma galera estranha, hahaha, que eu nunca tinha visto antes. Algu- mas pessoas vieram correndo me abraçar, enquanto esses outros estranhos ficaram só olhando e pensando “Quem é essa aí?” com uma cara de interrogação. Treinei lá nesse dia e gostei muito. Deixei de treinar na casa do Sensei e comecei a frequentar os treinos da Liberdade. Lá, conheci meus melhores amigos. Não só “amigos de taiko”, mas meus amigos de vida. Nos fa- lamos e nos encontramos até hoje, mesmo depois de quase 15 anos. Por mais que a gente não se veja como antes, o sentimento é o mesmo, a consideração é a mesma. Eles fazem parte da minha família. Fazendo parte do grupo, nós conhecemos muita gente, fazemos muitas amizades e vivemos muitos mo- mentos bons. Aproveitem a oportunidade, vivam, façam amizades e criem memórias. Fazer parte desse grupo é um oportunidade de muitas coisas boas! Pra mim, poder tocar com várias pessoas assistindo é uma honra. Quem faz isso? Artista! Hahaha Mas, sério, nós temos responsabilidades nas mãos também. Mexemos com os sentimentos das pessoas. Elas es- quecem problemas enquanto a gente apresenta. Imaginem vocês poderem transportar uma Oba do Brasil pra Okinawa, lugar onde ela nasceu e cresceu. Muitas lembranças voltam junto com isso, talvez uma lembrança da mãe e do pai, dos irmãos. Vai saber se essa Oba ainda tem contato com seus familiares? E se eles já morreram? Eu gosto de pensar que a gente leva boas lembranças para algumas pessoas e construímos novas pra outras. Aproveitem as discussões, as brigas, desentendimentos, cresçam com tudo isso. Guardem os abraços, os sorrisos e os olhares com muito carinho. Na hora de ver o que pesa mais, as coisas boas devem ganhar! Nunca se esqueçam que, mesmo que os líderes guiem o grupo, quem faz o grupo são os membros. Aliás, todos! Estamos todos junto por um objetivo só, unidos em um grupo só. Somos muitos, mas o grupo é um só. É o esforço individual que leva o grupo pra frente e pra cima. Bom, eu acho! Ainda aprendo com muita gente e com muitas experiências e acho que é assim que tem que ser! Quero o melhor da filial de Curitiba, espero que vocês continuem crescendo e sejam sempre, acima de tudo, unidos e amigos, todos atrás de um mesmo objetivo, juntos. Treinem se divertindo, se esforcem se divertindo e apresentem se divertindo! Espero dividir o palco com vocês no aniversário de 15 anos, ano que vem (e antes, se der!). Gente, eu amo essa filial e todos vocês estão no meu coração. GANBATE!!! Perfil Redação: Yuji Nakashima Felipe Utiyama Renato Scholz Danielle Kuniyoshi RKMD - Filial Curitiba Idealização: Fabiano Maruo Jornal Shishinbun RKMD - Curitiba