Discurso de lançamento da pré-candidatura do PSOL/PPBr à Prefeitura do Recife
1. Boa noite e sejam todos muito bem vindos! Antes de mais nada,
eu gostaria de fazer uma especial referência à nossa convidada
de honra, a ex-senadora Heloisa Helena, que nos privilegia hoje
com sua presença marcante e sua inspiradora história de luta na
defesa intransigente da ética na política e sua vida pública
totalmente voltada à defesa dos interesses maiores do povo
brasileiro. Obrigada, senadora, por ser esse exemplo de guerreira
incansável.
A Ágora é agora. Recife, a cidade lendária de Capiba, passa, a
partir de hoje, a ser a grande Ágora da democracia brasileira. O
povo não se contenta mais em ser mero coadjuvante de sua
própria história. Quer e deve ser o único protagonista. Nós, o
povo, não precisamos de heróis, nem muito menos de tutores.
Sejamos, finalmente, os senhores de nossos destinos e decisões.
A democracia plena já é uma realidade ao alcance de nossas
mãos. Nesse exato momento, nós, do PSOL e do Partido Pirata
do Brasil, furamos o bloqueio que nos é imposto pelos interesses
econômicos da mídia corporativa e estamos transmitindo, via
internet, para todo o mundo, nossa mensagem, que conclama o
povo, a tomar as rédeas do que é seu.
Nosso programa de governo tem como espinha dorsal a
transformação do Recife na capital digital do País, com acesso
universal, gratuito e indiscriminado à rede mundial de
computadores para todos os cidadãos, para que possamos
construir, de forma amplamente participativa e colaborativa, a
2. cidade que queremos, sem que haja espaço para intermediações
espúrias dos que transformaram a mercancia dos anseios
populares em meio de vida.
Chega de transparências opacas! Não existe democracia sem
transparência total. O controle social das ações e gastos dos
gestores do dinheiro público não pode ser mera peça de retórica.
Tem que ser exercido, em sua plenitude, por quem efetivamente
financia toda a máquina administrativa, que somos nós, o povo!
Somente quem, como nós, Psolistas e Piratas, está na vanguarda
da defesa da participação popular ampla, no processo
democrático, teria a coragem republicana de compartilhar com o
povo, por meio de nossas candidaturas e mandatos, as
ferramentas necessárias para que, finalmente, neste País, se faça
cumprir a Constituição da República, quando proclama que todo
poder emana do povo.
Mas isso só é possível porque nós não representamos, nós
somos efetiva e indissociavelmente o povo. Não nos
confundimos com os parasitas que dizem exercer o poder em
nome do povo e que, na realidade nunca o fazem pelo e para o
povo.
A nossa luta é antes de tudo, contra o Capitalismo, que como
uma espécie de moto-contínuo diabólico, se reinventa
infinitamente, como que se alimentando de cada crise por ele
mesmo criada. É por isso que nossa luta não pode ser a luta de
um, nem de uns poucos: é a luta da maioria, é a luta dessa legião
3. de cidadãos anônimos que vive, no seu dia a dia, a opressão de
um sistema onde a humanidade nada mais é que uma massa
amorfa e manipulável em conformidade com os interesses dos
setores dominantes, em especial do capital financeiro e
especulativo.
É abominável o que testemunhamos hoje em países como a
Grécia, berço da democracia, onde a classe política prostituída
pelos encantos do liberalismo, levou o país à bacarrota, a ponto
de levar o povo grego a abrir mão de seus bens mais preciosos:
os próprios filhos.
No Brasil, diferentemente do que apregoa a propaganda
governamental, não há o que comemorar. Nada menos que 48%
do Orçamento da União é destinado ao pagamento de juros e
serviços da Dívida Pública, ou seja, 48% de tudo que o governo
federal subtrai, em tributos, do povo brasileiro, é entregue nas
mãos dos bancos credores e o que sobra para o custeio das
necessidades básicas da população não passa de migalhas,
quando comparadas a tudo que é entregue, de mão beijada, ao
sistema financeiro, cujo único produto são os juros sobre juros e
mais juros, que tornam qualquer dívida impagável e o povo, a
cada dia, mais pobre e dependente da ciranda financeira.
Quando professores e profissionais da área de saúde e segurança
pública clamam por melhorias salariais, a resposta é que nunca
há recursos. Não há porque a opção dos governos que têm se
sucedido neste País, nunca foi, nem é pelo povo, mas pelo
4. sistema financeiro. E é por isso que é chegado o tempo de o
poder retornar a quem realmente tem compromisso com os
anseios populares, que é ninguém mais que o próprio povo.
Mas a escória dominante não se contenta com a entrega de
metade de tudo que arrecadamos, ao capital financeiro. Do
pouco que nos resta, ainda se apropriam de parte considerável,
para irrigar os esquemas abjetos de corrupção já tão arraigados
na Administração Pública brasileira.
Nada justifica, por exemplo, que uma Prefeitura como a do
Recife, mantenha contratos com as duas empresas que
comandam a Máfia da Merenda, em todo o país, a SP
Alimentação e a Geraldo J. Coan, fato público e notório e que
nunca se tenha realizado uma auditoria nesses contratos, que
levam, do contribuinte do Recife, mais de R$ 50 milhões todos os
anos.
É intolerável que as mesmas gestões que pagaram e ainda
pagam fortunas a empresas mafiosas, para que terceirizem a
Merenda Escolar das crianças do Recife, ainda tenham o
desplante de deixar de aplicar o mínimo que a Constituição
Federal determina, em educação, durante os últimos sete anos,
pelo menos, sem esquecer que no ano eleitoral de 2008, esse
investimento não chegou, sequer, a 16%, quando o mínimo seria
25%.
5. É um deboche, que o atual prefeito do Recife, o Sr. João da
Costa, alugue, com o nosso dinheiro, carros de luxo blindados,
para flanar por aí, enquanto mais da metade das viaturas do
SAMU estão paradas por falta de manutenção.
No momento em que o governo federal prepara mais um golpe
institucional contra a Previdência dos Servidores Públicos em
geral, descobrimos que uma outra célula mafiosa assaltou a
previdência dos servidores da Prefeitura do Recife, através de
operações ilegais, pelas quais a autarquia previdenciária
municipal, a Reciprev, adquiriu títulos da dívida pública, por
valores superfaturados, através da mesma corretora que serviu
ao esquema do Mensalão, causando prejuízos ainda por calcular,
ao Fundo Previdenciário do Município do Recife, uma vez que só
na primeira operação, o prejuízo superou os R$ 4 milhões.
O que está por trás dos gastos milionários com artistas do sul e
do sudeste, quando sequer os minguados cachês dos artistas
locais são honrados pela Fundação de Cultura do Recife¿ Mais
apropriado seria chamá-la de Afundação da Cultura, por ter
conduzido a cultura local ao fundo do poço, num descaso
inconcebível com um dos maiores patrimônios do povo
recifense, que é sua riquíssima vocação de centro disseminador
da cultura para o restante do país.
É claro que todos os problemas da nossa cidade não cabem
neste discurso, nem poderia, pois o que nós propomos é
6. justamente o fim do monólogo, da fala de mão única, de cima
para baixo e goela abaixo do povo.
O que nós propomos é o diálogo, o debate construtivo do povo
com o povo, na reconstrução da cidade que queremos e que
sonhamos. O Plano Diretor não pode ser aquele que convém às
empreiteiras. Os projetos de mobilidade urbana não podem ser
os que agradam às empresas de transporte coletivo, nem às
concessionárias de veículos, nem muito menos aos bancos que
os financiam. Todos esses são temas que dizem respeito
diretamente ao povo não podem continuar sendo tratados na
calada da noite e a portas cerradas, longe do olhar crítico da
população e sem passar por sua direta intervenção decisória.
Declaro, portanto, instalada, a partir de hoje, a pré-candidatura
plenamente democrática do PSOL/PPBr à Prefeitura do Recife,
onde todos os cidadãos recifenses são conclamados a participar
de forma colaborativa, com a construção de nosso Programa de
Governo e da Cidade que queremos para viver. O tempo chegou
e o sol nasce para todos! PSOL NELES!!!