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A HIPÓTESE
ENDOSSIMBIÓTICA ou
  SIMBIOGÊNESE
         Quitéria Paravidino
Introdução
A teoria endossimbiótica foi proposta pela
primeira vez na década de 60 pela
microbiologista americana Lynn Margulis.
Foi alvo de duras críticas.
Evidências empíricas e com a publicação
do livro intitulado “A simbiose na evolução
celular” a teoria começou a se popularizar.
Hoje é amplamente aceita.
Segundo esta teoria, há milhares de anos
atrás, as mitocôndrias e os cloroplastos
das células eucariontes teriam sido
organismos procariontes de vida livre.
Estes organismos foram então
englobados (através do processo de
endocitose) por células maiores com as
quais estabeleceram uma relação de
simbiose.
As mitocôndrias seriam o resultado da
endocitose de procariontes aeróbios e os
cloroplastos de procariontes fotossintetizantes
(possivelmente cianobactérias).
Desta forma, forneceriam energia à célula
hospedeira, enquanto esta os protegeria do
meio externo.
Com o tempo, eles foram aos poucos se
transformando, até originar uma organela
que utiliza o oxigênio para liberação de
energia – a mitocôndria.
Assim, as células mutantes puderam
sobreviver e utilizar o oxigênio, gerando
os primeiros eucariontes aeróbios.
Os primeiros eucariontes aeróbios podiam
viver no ambiente com oxigênio, mas não
eram capazes de produzir seu próprio
alimento.
De acordo com os cientistas, a
associação foi tão bem-sucedida que se
tornou permanente e os primitivos
“inquilinos” procarióticos se transformaram
em mitocôndrias, organelas essenciais à
sobrevivência da célula eucariótica.
De acordo com a hipótese
endossimbiótica, a história dos
cloroplastos é muito semelhante à das
mitocôndrias. Os cloroplastos teriam
surgido pela associação entre primitivas
células eucarióticas (então já associadas
às ancestrais das mitocôndrias) e
bactérias fotossintetizantes
(cianobactérias).
Portanto, as células de algas e plantas
atuais seriam resultado de uma tripla
associação de seres primitivos.
Quando        fagocitaram      procariontes
fotossintetizantes, os eucariontes também
puderam realizar fotossíntese e produzir
seu próprio alimento. Surgiram assim, os
primeiros     eucariontes    aeróbios     e
fotossintetizantes.
EVIDÊNCIAS A FAVOR DA HIPÓTESE
As mitocôndrias e os cloroplastos possuem seu
próprio genoma e seu DNA é capaz de se
replicar.
O genoma destas organelas é formado por uma
molécula de DNA circular. Diferentemente do
DNA nuclear, o DNA destas organelas não se
encontra associado a um tipo de especial de
proteína chamado de histona.
Esta organização é muito mais próxima daquela
encontrada em bactérias do que em organismos
eucariontes.
O DNA de mitocôndrias e cloroplastos não
têm íntrons.
Da mesma forma, a estrutura dos
ribossomos (70S) encontrados em tais
organelas é mais parecida com a
estrutura dos ribossomos dos
procariontes do que dos eucariontes
(80S).
Algumas das proteínas necessárias à
fabricação das mitocôndrias e dos
cloroplastos são produzidas
exclusivamente pelo DNA destas
organelas e não pelo DNA contido no
núcleo das células.
Ou seja, apenas células que contenham
estas organelas são capazes de fabricar
novas mitocôndrias ou cloroplastos.
As mitocôndrias e os cloroplastos
possuem sua própria maquinaria para a
síntese de proteínas.
Sendo que esta maquinaria é muito
similar àquela encontrada em organismos
procariontes.
Diversas substâncias que inibem a
síntese de proteínas no núcleo não
afetam a atividade do DNA mitocondrial
ou dos cloroplastos.
Por outro lado, muitas substâncias que
inibem a síntese protéica das organelas
não interferem na atividade nuclear.
 Além disso, certos antibióticos que inibem
a síntese protéica em bactérias também o
fazem nas mitocôndrias e cloroplastos de
organismos eucariontes, evidenciando a
sua similaridade.
São as únicas organelas com dupla
membrana.
A membrana externa é semelhante à de
células eucariotas enquanto que a interna
tem similaridades com a membrana de
células procariotas.
Alguns protistas atuais não têm mitocôndrias
nem cloroplastos. Ex.: o protozoário Nosema,
que causa doenças em abelhas e bichos-da-
seda.
Outros protistas atuais não possuem
mitocôndrias, mas uma bactéria aeróbia em seu
interior. Ex.: ameba Pelomyxa palustris.
A cianobactéria Cyanophora paradoxa vive em
mutualismo em eucariontes autotróficos.
HÁ ALGUM PONTO FALHO NESTA
         HIPÓTESE?

Experimentos realizados em laboratório
revelam que tanto as mitocôndrias quanto
os cloroplastos não são capazes de
sobreviver fora da célula em ambientes
ricos em oxigênio.
Também foi observado que todas as
proteínas codificadas pelo DNA das
mitocôndrias e dos cloroplastos são
utilizadas pelas próprias organelas.
No entanto, o funcionamento de ambas
depende também de proteínas
codificadas pelo DNA nuclear.
Estas proteínas (por exemplo, o citocromo
C) são sintetizadas no citoplasma e então
transportadas para a mitocôndria ou para
o cloroplasto.
Argumento
Ao longo de milhares de anos de
simbiose, os procariontes englobados
sofreram um profundo processo de
coevolução com as células hospedeiras.
Este processo os tornou, em grande parte
dependente destas e, consequentemente,
incapazes de sobreviver atualmente no
meio externo, bem como de produzir
certas proteínas necessárias ao seu
funcionamento.
HERANÇA GENÉTICA X DNA
       MITOCONDRIAL
A mitocôndria e seu genoma, com seu conjunto
único de mutações, são herdados da linhagem
maternal.
Assim, todas as mulheres na família – a partir da
avó, passando pela mãe e chegando a filha –
compartilham cromossomos mitocondriais idênticos.
Crianças do sexo masculino compartilham o
genoma mitocondrial comum com suas mães e
irmãs.
A linhagem paternal não faz nenhuma contribuição
para a herança mitocondrial de seus filhos ou filhas.
Acredita-se que pouquíssimas mitocôndrias de
origem paterna entrem no óvulo no momento da
concepção.
Essas que entram podem facilmente ser
“diluídas” quando o citoplasma do óvulo é
dividido durante a mitose.
Além disso, há evidências de que as
mitocôndrias do espermatozóide sejam
ativamente eliminadas do óvulo.
A superfície da mitocôndria masculina expressa
uma proteína que funciona como um marcador
para que sejam destruídas.
Doenças humanas relacionadas ao DNA
           mitocondrial

Cada célula do corpo humano possui
centenas de mitocôndrias.
 Dentro de uma única mitocôndria existem
várias moléculas circulares de DNA, e
cada uma delas inclui 37 genes
relacionados com a síntese de proteínas
envolvidas nas etapas da respiração.
Mutações no DNA mitocondrial têm sido
relacionadas com o envelhecimento e
com uma série de doenças degenerativas,
especialmente do cérebro, dos músculos,
dos rins e das glândulas produtoras de
hormônios.
Essas mutações alteram o funcionamento
das mitocôndrias de modo que elas
deixam de produzir energia para as
células continuarem executando suas
funções normais.
DOENÇA                 CARACTERÍSTICAS

Atrofia          óptica Perda visual (central) na 2ª ou 3ª
hereditária de Leber década de vida
MELAS                  AVCs antes dos 40             anos,
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Bioenergética II - Fotossíntese e Quimiossíntese - Aulas 33 e 34.
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Bioenergética II - Fotossíntese e Quimiossíntese - Aulas 33 e 34.
 

A hipótese endossimbiótica ou simbiogênese

  • 1. A HIPÓTESE ENDOSSIMBIÓTICA ou SIMBIOGÊNESE Quitéria Paravidino
  • 2. Introdução A teoria endossimbiótica foi proposta pela primeira vez na década de 60 pela microbiologista americana Lynn Margulis. Foi alvo de duras críticas. Evidências empíricas e com a publicação do livro intitulado “A simbiose na evolução celular” a teoria começou a se popularizar. Hoje é amplamente aceita.
  • 3. Segundo esta teoria, há milhares de anos atrás, as mitocôndrias e os cloroplastos das células eucariontes teriam sido organismos procariontes de vida livre. Estes organismos foram então englobados (através do processo de endocitose) por células maiores com as quais estabeleceram uma relação de simbiose.
  • 4. As mitocôndrias seriam o resultado da endocitose de procariontes aeróbios e os cloroplastos de procariontes fotossintetizantes (possivelmente cianobactérias). Desta forma, forneceriam energia à célula hospedeira, enquanto esta os protegeria do meio externo.
  • 5. Com o tempo, eles foram aos poucos se transformando, até originar uma organela que utiliza o oxigênio para liberação de energia – a mitocôndria. Assim, as células mutantes puderam sobreviver e utilizar o oxigênio, gerando os primeiros eucariontes aeróbios.
  • 6. Os primeiros eucariontes aeróbios podiam viver no ambiente com oxigênio, mas não eram capazes de produzir seu próprio alimento. De acordo com os cientistas, a associação foi tão bem-sucedida que se tornou permanente e os primitivos “inquilinos” procarióticos se transformaram em mitocôndrias, organelas essenciais à sobrevivência da célula eucariótica.
  • 7. De acordo com a hipótese endossimbiótica, a história dos cloroplastos é muito semelhante à das mitocôndrias. Os cloroplastos teriam surgido pela associação entre primitivas células eucarióticas (então já associadas às ancestrais das mitocôndrias) e bactérias fotossintetizantes (cianobactérias). Portanto, as células de algas e plantas atuais seriam resultado de uma tripla associação de seres primitivos.
  • 8. Quando fagocitaram procariontes fotossintetizantes, os eucariontes também puderam realizar fotossíntese e produzir seu próprio alimento. Surgiram assim, os primeiros eucariontes aeróbios e fotossintetizantes.
  • 9.
  • 10. EVIDÊNCIAS A FAVOR DA HIPÓTESE As mitocôndrias e os cloroplastos possuem seu próprio genoma e seu DNA é capaz de se replicar. O genoma destas organelas é formado por uma molécula de DNA circular. Diferentemente do DNA nuclear, o DNA destas organelas não se encontra associado a um tipo de especial de proteína chamado de histona. Esta organização é muito mais próxima daquela encontrada em bactérias do que em organismos eucariontes.
  • 11. O DNA de mitocôndrias e cloroplastos não têm íntrons. Da mesma forma, a estrutura dos ribossomos (70S) encontrados em tais organelas é mais parecida com a estrutura dos ribossomos dos procariontes do que dos eucariontes (80S).
  • 12. Algumas das proteínas necessárias à fabricação das mitocôndrias e dos cloroplastos são produzidas exclusivamente pelo DNA destas organelas e não pelo DNA contido no núcleo das células. Ou seja, apenas células que contenham estas organelas são capazes de fabricar novas mitocôndrias ou cloroplastos.
  • 13. As mitocôndrias e os cloroplastos possuem sua própria maquinaria para a síntese de proteínas. Sendo que esta maquinaria é muito similar àquela encontrada em organismos procariontes.
  • 14. Diversas substâncias que inibem a síntese de proteínas no núcleo não afetam a atividade do DNA mitocondrial ou dos cloroplastos. Por outro lado, muitas substâncias que inibem a síntese protéica das organelas não interferem na atividade nuclear. Além disso, certos antibióticos que inibem a síntese protéica em bactérias também o fazem nas mitocôndrias e cloroplastos de organismos eucariontes, evidenciando a sua similaridade.
  • 15. São as únicas organelas com dupla membrana. A membrana externa é semelhante à de células eucariotas enquanto que a interna tem similaridades com a membrana de células procariotas.
  • 16. Alguns protistas atuais não têm mitocôndrias nem cloroplastos. Ex.: o protozoário Nosema, que causa doenças em abelhas e bichos-da- seda. Outros protistas atuais não possuem mitocôndrias, mas uma bactéria aeróbia em seu interior. Ex.: ameba Pelomyxa palustris. A cianobactéria Cyanophora paradoxa vive em mutualismo em eucariontes autotróficos.
  • 17.
  • 18. HÁ ALGUM PONTO FALHO NESTA HIPÓTESE? Experimentos realizados em laboratório revelam que tanto as mitocôndrias quanto os cloroplastos não são capazes de sobreviver fora da célula em ambientes ricos em oxigênio.
  • 19. Também foi observado que todas as proteínas codificadas pelo DNA das mitocôndrias e dos cloroplastos são utilizadas pelas próprias organelas. No entanto, o funcionamento de ambas depende também de proteínas codificadas pelo DNA nuclear. Estas proteínas (por exemplo, o citocromo C) são sintetizadas no citoplasma e então transportadas para a mitocôndria ou para o cloroplasto.
  • 20. Argumento Ao longo de milhares de anos de simbiose, os procariontes englobados sofreram um profundo processo de coevolução com as células hospedeiras. Este processo os tornou, em grande parte dependente destas e, consequentemente, incapazes de sobreviver atualmente no meio externo, bem como de produzir certas proteínas necessárias ao seu funcionamento.
  • 21. HERANÇA GENÉTICA X DNA MITOCONDRIAL A mitocôndria e seu genoma, com seu conjunto único de mutações, são herdados da linhagem maternal. Assim, todas as mulheres na família – a partir da avó, passando pela mãe e chegando a filha – compartilham cromossomos mitocondriais idênticos. Crianças do sexo masculino compartilham o genoma mitocondrial comum com suas mães e irmãs. A linhagem paternal não faz nenhuma contribuição para a herança mitocondrial de seus filhos ou filhas.
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  • 23. Acredita-se que pouquíssimas mitocôndrias de origem paterna entrem no óvulo no momento da concepção. Essas que entram podem facilmente ser “diluídas” quando o citoplasma do óvulo é dividido durante a mitose. Além disso, há evidências de que as mitocôndrias do espermatozóide sejam ativamente eliminadas do óvulo. A superfície da mitocôndria masculina expressa uma proteína que funciona como um marcador para que sejam destruídas.
  • 24.
  • 25. Doenças humanas relacionadas ao DNA mitocondrial Cada célula do corpo humano possui centenas de mitocôndrias. Dentro de uma única mitocôndria existem várias moléculas circulares de DNA, e cada uma delas inclui 37 genes relacionados com a síntese de proteínas envolvidas nas etapas da respiração.
  • 26. Mutações no DNA mitocondrial têm sido relacionadas com o envelhecimento e com uma série de doenças degenerativas, especialmente do cérebro, dos músculos, dos rins e das glândulas produtoras de hormônios. Essas mutações alteram o funcionamento das mitocôndrias de modo que elas deixam de produzir energia para as células continuarem executando suas funções normais.
  • 27. DOENÇA CARACTERÍSTICAS Atrofia óptica Perda visual (central) na 2ª ou 3ª hereditária de Leber década de vida MELAS AVCs antes dos 40 anos, enxaqueca, convulsões Diabetes com surdez Diabetes mellitus II, surdez neurossensorial