SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
“A dimensão simbólica do discurso publicitário”∗
Cristina Santos
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT)
A história é constituída por uma pro-
gressão de eventos, daí que a trajectória da
publicidade reflicta um aglomerado de eta-
pas que condicionaram a sua actual pos-
tura. Mas nem todas as fases possuíram
a mesma importância, contribuindo, de for-
mas distintas, para o desenrolar dos acon-
tecimentos. Existe um facto que marcou, de
forma inequívoca, a sua evolução e presente
discurso: a revolução industrial. Com este
marco histórico e a consequente estandar-
dização dos bens, a comunicação publicitária
deixa de se centrar na dimensão funcional
do produto, começando a demonstrar uma
maior preocupação em explorar a sua ver-
tente simbólica (Santos, 2005: 14).
A necessidade de extrapolar a materia-
lidade dos bens, apostando no simbolismo
como forma de operar distinções entre per-
tences fisicamente análogos, foi feita a par-
tir dos anos cinquenta, altura em que o mar-
keting descobre o potencial das marcas como
forma de apelar ao consumo, atribuindo-lhes
características incorpóreas, valores e senti-
mentos, enquanto, paralelamente, eram con-
∗
Este ensaio resulta da reformulação da comuni-
cação apresentada no dia 14 de Abril de 2009, durante
o VIII Lusocom/II Colóquio Portugal-Brasil, decor-
rido na ECATI (Escola de Comunicação, Artes e Tec-
nologias da Informação, Universidade Lusófona de
Humanidades e Tecnologias).
sideradas como núcleos de valor acrescen-
tado para a oferta, ao traduzirem a sua ver-
dadeira unicidade (Ruão, 2003: 180). As-
sim, e apesar das marcas sempre terem tido
um papel importante no comércio, é so-
mente no século XX que se tornam cen-
trais na dinâmica comercial, detendo, com
a evolução do mercado, um poder crescente
(Aaker, 1991: 7).
As marcas são o principal capital das em-
presas, que acabam por reconhecer que o seu
valor reside no exterior: na mente dos con-
sumidores (Kapferer, 2000: 7), até porque,
“(...) o produto é aquilo que a empresa fa-
brica, a marca é aquilo que o cliente com-
pra” (Kapferer, 2000: 8), já que esta lhe
atribui uma identidade, servindo como uma
referência, perante o processo de decisão
de compra, ao distingui-lo da concorrência.
Logo, a marca, única e irrepetível, identi-
fica e diferencia a oferenda, estruturando-a
e estabilizando-a, ao reduzir o risco e a in-
certeza numa aquisição (Kapferer, 2000: 8).
Importa reter que perante a existência de
uma multiplicidade de produtos semelhantes
para satisfazer uma mesma necessidade,
o papel do discurso publicitário consiste,
frequentemente, em diferenciá-los. Essa
aparente diversidade baseia-se, frequente-
mente, no universo simbólico, que surge
como uma forma eficaz e duradoura de de-
2 Cristina Santos
sigualar objectos fisicamente similares. As-
sim sendo, está-se perante um binómio, pois
os artigos possuem duas dimensões princi-
pais: uma componente intrínseca, que se es-
gota na própria mercadoria e que é, igual-
mente, denotativa, física, objectiva, plural,
prática, racional, tangível e funcional e uma
outra, construída e relativa, proporcionada
pela marca e que se apresenta como sendo
simbólica, conotativa, subjectiva, singular,
teórica, impalpável e abstracta. Trata-se de
dois vectores indissociáveis, que envolvem
o bem num misto de funcionalidade e re-
presentatividade, de racionalidade e emotivi-
dade (Santos, 2005: 15).
Tendo como base esta dicotomia, é pos-
sível associá-la a uma outra distinção: ca-
racterísticas inerentes e distintivas. Se o
primeiro tipo de atributos referido, sediado
na materialidade, se reporta a algo que se en-
contra presente, no mesmo grau, em todos
os objectos de uma determinada categoria,
o segundo formato citado, firmado na intan-
gibilidade, indica a subsistência de especi-
ficidades próprias e inigualáveis. Enquanto
o carácter inato dos artigos é um motor de
compra, uma propriedade diferenciada é um
móbil de escolha (Joannis, 1998: 22-23):
está-se perante uma procura primária (classe
de produtos que satisfaz uma necessidade) e
secundária (marca que dá suporte e perso-
nalidade ao produto), respectivamente, tendo
em conta que o produto é aquilo que o cliente
compra e a marca representa o que o cliente
escolhe (Rasquilha, 2009: 25-26).
Por outro lado, o produto desempenha
um duplo papel, detendo duas funções: uti-
litária e social. Para além de meios de sa-
tisfação (das necessidades humanas), as mer-
cadorias são, simultaneamente, comunicado-
ras (de poder e ideias sociais). Apesar de e-
xistir uma simbiose, em que ambas se encon-
tram entranhadas na matriz constitutiva dos
objectos, é incontestável o poder superior
exercido pela carga simbólica, que ofusca
a vertente prática, ao traduzir a singulari-
dade da oferta, existindo um predomínio do
valor de troca (aquilo que o produto vale) so-
bre o valor de uso (o que o produto propor-
ciona aos indivíduos) (Jhally, 1987: 23, 40).
Aliás, a atribuição de sentido aos géneros,
que são polissémicos, prevalece na presente
sociedade, encarada como a civilização da
conotação (Barthes, 1985: 151, 167, 173).
Efectivamente, existe uma propensão
para conferir um significado intangível ao
que rodeia os indivíduos, pelo que ne-
nhum bem permanece imune à significação,
encontrando-se embrenhado num compro-
misso sígnico, pois, simultanemente com a
produção de produtos, urge edificar senti-
dos, assentes na designação da categoria so-
cial dos seus possuidores. Esta propriedade
permite-lhes deter um valor que, de outra
forma, estaria arredado da sua génese (Bau-
drillard, 1972: 12-13, 64, 68-69). Mas
esta não é uma tendência somente contem-
porânea, dado que, historicamente, a sim-
bolização foi uma forma que a Humanidade
encontrou de obter o controlo sobre o meio,
criando um mundo repleto de sentido. Ao
envolvê-lo no seu sistema de símbolos, os
indivíduos dominavam-no. A capacidade de
simbolizar foi algo que sempre acompanhou
homens e mulheres, constituindo um impor-
tante factor na evolução cultural da raça hu-
mana (Stivers, 1999: 89): o Homem é um
animal simbólico (Eco, 1997: 97).
O âmago da questão centra-se na forma
como os indivíduos se relacionam com os
bens, em que o reconhecimento do cunho
simbólico do uso que as pessoas dão às mer-
www.bocc.ubi.pt
“A dimensão simbólica do discurso publicitário” 3
cadorias deve constituir o ponto de refe-
rência para um discurso sobre os objec-
tos (Jhally, 1987: 17). É incontestável o
facto de os pertences desempenharem uma
função utilitária, porque a sua aquisição
fundamenta-se, frequentemente, na cons-
tatação de uma necessidade material insa-
tisfeita. Porém, é possível que outro vector
desencadeie a compra de artigos, intervindo,
activamente, na dinâmica de consumo. A
procura de algo intangível poderá, então,
conduzir os sujeitos a adquirirem determina-
dos bens, rotulados como sendo sinónimos,
por exemplo, de prestígio, poder económico
ou sucesso. Perante um mecanismo de de-
cisão de compra, os consumidores terão que
escolher e a opção final resultará da leitura
que os sujeitos farão da oferenda funcional
e impalpável, vinculada a qualquer objecto.
A ideia de que os produtos devem ser im-
portantes para as pessoas em função daquilo
para que são usados e não devido ao seu sig-
nificado simbólico tornou-se obsoleta (San-
tos, 2005: 17).
O ser humano não se limita ao mero plano
utilitário no uso que faz dos bens, dado que
uma casa ou um casaco, para além de as-
segurarem a mencionada função funcional
(habitação e protecção do corpo, respectiva-
mente), também se revestem de um determi-
nado estatuto social (Rodrigues, 1991: 21).
Quando se adquire um produto, também se
compra aquilo que representa, porque ao ter
uma alma, uma identidade, um posiciona-
mento e valores associados, essa significação
será transposta para aquele que o ostentar.
Logo, os hábitos de consumo são conotados,
já que serão efectuadas e interiorizadas de-
duções e juízos de valor a partir do que trans-
parece da ligação a determinado artigo, en-
carado como um ícone, o qual confere uma
simbologia ao respectivo proprietário, fun-
damentada no seu valor representativo cir-
culante entre os indivíduos. Os sujeitos
afirmam-se, evidenciam-se, demarcam-se e
realizam-se, através das características sígni-
cas das coisas, que assumem um carácter de
adjectivação. Portanto, também as pessoas
são categorizadas e rotuladas (Santos, 2005:
18).
Mediante esta perspectiva, a avaliação dos
restantes membros da sociedade não poderá
descurar a análise deste domínio: os per-
tences que os rodeiam indicam alguns dos
seus atributos, indiciam modos de vida, re-
presentam formas de pensar e de estar, per-
mitindo estabelecer um perfil estereotipado
dos seus possuidores, através de um meca-
nismo de descodificação, de uma extracção
de sentidos. Deste modo, os indivíduos
são percepcionados a partir da observação,
não apenas dos seus comportamentos, ati-
tudes ou posturas adoptadas, mas também do
que consomem, caracterizando-se não ape-
nas pelo que lhes é inato, como a persona-
lidade ou a aparência, mas também por algo
que lhes é exterior: pelas marcas adquiridas.
Se é certo que a compra, por exemplo, de um
veículo automóvel possibilita satisfazer uma
necessidade material, como a locomoção, é
igualmente verídico que, com a compra de
determinada marca, serão revelados certos
traços do seu comprador, pois a imagem
que o objecto projecta será transferida para
aquele que o conduz (Santos, 2005: 18-19).
A importância que os produtos assumem
para o consumidor encontra-se ancorada na
proclamação que este pretende efectuar com
a respectiva aquisição: “ (...) uma gravata
não tem uma função genuína. (...) A única
coisa que faz é uma declaração de elegân-
cia em relação à pessoa que a usa. Por isso,
www.bocc.ubi.pt
4 Cristina Santos
uma «gravata» é aquilo que consumimos em
público, que faz uma declaração a nosso res-
peito” (Robinson, 1999: 74). Todavia, este
mecanismo é pago. O montante envolvido
em qualquer compra varia mediante essa di-
mensão intangível. É a carga simbólica asso-
ciada à marca e, consequentemente, ao ob-
jecto, que regula o valor da transacção, in-
fluenciando o preço a pagar pela posse da
mercadoria (Robinson, 1999: 47, 75). É que,
quanto mais alto for o valor percepcionado
pelo mercado relativamente à marca, mais
este estará disposto a pagar pela mesma.
A adesão à contrafacção corrobora esta
constatação, já que os consumidores que ace-
dem a estes mercados paralelos aspirarão,
provavelmente, usufruir da oferta simbólica
proporcionada pela marca ao bem, pois do
ponto de vista físico, e dada a adulteração a
que se encontra sujeito, este encontra-se rele-
gado para segundo plano, sendo preterido. É
o logótipo que surge inscrito no género que
serve como elemento instigador da compra,
pois as marcas encontram-se acessíveis a um
preço diminuto, quando comparado com os
montantes exigidos noutros mercados, que
não prevaricadores. Ao comprarem estes ar-
tigos, os consumidores pretenderão benefi-
ciar da dimensão incorpórea que lhes é asso-
ciada, já que, eventualmente, esta poderá ser
a única forma de possuírem marcas como as
que abundam neste tipo de comércio alterna-
tivo. É essa ambição que alimenta a procura
e, consequentemente, a oferta.
A esta questão não é alheio o facto da
posse de qualquer objecto poder permitir não
só colmatar uma privação funcional, mas, si-
multaneamente, sanar uma carência imate-
rial. O conceito de necessidade não se esgota
no materialismo, pois, efectivamente, este
poderá situar-se num outro meandro, o da
representatividade. Maslow afirma existirem
cinco tipos de necessidades fundamentais,
tendo-as hierarquizado. Na base da pirâmide
colocou as fisiológicas, seguindo-se as de
segurança (ambas indispensáveis à sobre-
vivência dos indivíduos), no terceiro pata-
mar encontram-se as de pertença e afecto
que dão lugar às de estima e, no topo
da mesma, situam-se as de auto-realização
(Dubois, 1993: 42).
Se é incontestável o facto de o sujeito
procurar satisfazer as privações ditas mais
básicas, as intangíveis ganham crescente
relevância numa sociedade consumista e
sequiosa de colmatar as restantes carên-
cias, situadas no cimo da pirâmide, porque
mesmo não sendo fulcrais à subsistência
humana, revestem-se de uma enorme im-
portância. Assim, sempre que possível,
procuram-se saciar, simultaneamente, estes
dois tipos de necessidades existentes. Por
exemplo, o facto de um indivíduo optar
por satisfazer uma necessidade fisiológica,
como alimentar-se, num restaurante como o
«Gambrinus», poderá sanar uma outra carên-
cia: de estima ou de auto-realização. Com
efeito, ao frequentar um estabelecimento
comercial desta índole, encarado como um
dos melhores e mais dispendiosos de Lisboa,
ser-lhe-ão associados atributos, consonantes
com a projecção da marca de restauração na
sociedade (Santos, 2005: 20).
Todos estes factores ganham maior con-
sistência quando se está perante uma so-
ciedade em que a exclusão do consumo é en-
tendida como uma penalização e em que o
«ter» é uma condição do «ser. Ora, o mo-
tivo desencadeador da compra pode mover-
se entre dois pólos: semelhança e aspiração.
No primeiro caso, a aquisição será despo-
letada por uma questão real e verificável,
www.bocc.ubi.pt
“A dimensão simbólica do discurso publicitário” 5
«o que o indivíduo é», enquanto no se-
gundo domínio esta é efectuada tendo pre-
sente uma vontade de alcançar esse sentido
simbólico pertencente ao objecto, «aquilo
que o sujeito pretende/ambiciona ser». Se
é usual os consumidores comprarem bens
por se identificarem com os mesmos, a se-
gunda hipótese parte do pressuposto que o
cidadão decide consumir certo artigo por as-
pirar a ser encarado de determinada forma,
mediante a carga incorpórea legada pelo pro-
duto. Em suma, a aquisição de objectos
poderá ser concretizada desinteressadamente
ou visando atingir um certo objectivo, pre-
viamente definido (Santos, 2005: 20-21).
Neste sentido, o consumo espelha, por um
lado, o que somos, mas também o que pre-
tendemos ser (Medeiros, 2004: 76-77). Di-
versos elementos são avaliados: “(...) o
que pensamos ser, o que desejaríamos ser (o
eu ideal), aquilo que podemos ser aos olhos
dos outros (o eu ideal para os outros), e o
que desejaríamos ser para os outros (...)”
(Dubois, 1993: 52). Um afastamento en-
tre o «eu real» e o «eu ideal» pode incitar
a uma compra compensatória (Dubois, 1993:
52): “Toda a gente tem as suas inseguranças,
por isso toda a gente pode alcançar a auto-
estima com fatos Armani e sapatos Ferra-
gamo e perfumes Chanel” (Robinson, 1999:
49), “As malas nunca mais serviriam para
transportar a bagagem, seriam cobertas com
as iniciais do seu desenhador para que o
mundo inteiro visse como éramos bem suce-
didos e, pelo menos em teoria, nos tratasse
em conformidade” (Robinson, 1999: 48).
Em suma, certos níveis de consumo são
consumados, devido à pretensão de alcançar
uma determinada identificação social, uma
vez que os objectos poderão ser sinónimos
de discriminação e de prestígio, possibili-
tando a integração na ordem hierárquica da
sociedade. Nesta dinâmica, intervém o dis-
curso publicitário, que se encontra em unís-
sono com o plano social (Baudrillard, 1972:
10-11, 117). De facto, a publicidade propõe
estilos de vida, sendo encarada como um
mecanismo de distinção social (perpetrado
através dos comportamentos de compra) e
produtora de signos diferenciadores num sis-
tema em que os indivíduos têm uma neces-
sidade social de diferenciação que não con-
seguem esgotar (Proulx e Breton, 1997: 133,
143).
Se os produtos significam sempre algo
dentro de um contexto social e a Hu-
manidade os utiliza para se demarcar social-
mente, a publicidade é concebida como uma
influente instituição de socialização da mo-
dernidade. É que, na interacção estabele-
cida com os bens, o indivíduo necessita desse
processo sígnico, o qual potencia o poder
detido pela publicidade, oriundo da sua
arguta capacidade, simbolicamente persua-
siva (Jhally, 1987: 13, 19, 21, 75), capaz de
tornar qualquer artigo inanimado num ver-
dadeiro comunicador (Barthes, 1985: 169).
Ao conferir um sentido a marcas e respec-
tivos produtos, estes acabam por emitir, si-
lenciosamente, pareceres acerca da identi-
dade do seu detentor. Assim, concebem-se
campanhas publicitárias capazes de explorar
esse legado impalpável, para que sobre os
bens publicitados se repercuta um sentido,
uma significação. Desta forma, escolhem-se,
minuciosa e criteriosamente, cenários, per-
sonagens, ambientes, linguagens, tudo ela-
borado com o propósito de conduzir o indi-
víduo à acção, mediante o que é proposto,
seja por este se identificar com o que é di-
vulgado, reflectindo-se, através da compra,
um pouco do que o sujeito é, ou por pre-
www.bocc.ubi.pt
6 Cristina Santos
tender beneficiar da conotação do objecto,
prometida no anúncio, convergindo com a
materialização do que o receptor ambiciona
ser (Santos, 2005: 24).
De facto, a publicidade possibilitou a e-
xistência de algo que poderia promover a
troca e que se encontra visível em grande
parte dos anúncios publicitários: a pes-
soa adquire determinado pertence e este
encarregar-se-á de veicular um significado
para o utilizador, que lucrará, simultanea-
mente, com a respectiva aquisição: “Quanto
mais produtos comprávamos, (...) mais
os publicitários nos vendiam aquilo que so-
mos, quem desejaríamos ser, quem desejá-
vamos que os outros pensassem que nós so-
mos” (Robinson, 1999: 50). Desta forma,
aglomeram-se vantagens, na medida em que
os objectos são depositários de sentido. Con-
temporaneamente, o indivíduo faculta uma
menor importância às qualidades objectivas
do produto, apreciando, amplamente, a sa-
tisfação fornecida pela marca ao respectivo
ego. Na senda desta lógica, conclui-se que o
consumo constitui uma das dimensões mais
importantes para a construção do self so-
cial dos sujeitos (Pereira e Veríssimo, 2004:
29). Os hábitos de compra são conota-
dos, apresentando uma importância fulcral
na construção identitária.
Apesar de, já na década de 70, Tous-
saint prever que a publicidade se encontrava
prestes a transformar-se no grande meio de
expressão icónica (Toussaint, 1978: 93),
pelo facto de os critérios da matriz publi-
citária dilatarem a linguagem em direcção
a significados latentes (Barthes, 1985: 168-
169), com o objectivo de o sujeito poder ser
definido pelas aquisições efectuadas (Robin-
son, 1999: 44), há que fazer uma ressalva,
não ilibando, totalmente, o indivíduo no de-
senvolvimento desta dinâmica, já que a res-
pectiva cumplicidade não é alheia a todo este
mecanismo (Robinson, 1999: 50). É que se a
publicidade compele à aquisição, remetendo
os indivíduos para imaginários consumis-
tas, estes só o fazem, porque reflecte uma
vontade dos próprios, que o interiorizaram
como parte integrante da sua rotina diária,
encontrando-se socializados com o consumo
como forma de vida, de estar e de ser. Ao
deterem livre arbítrio, os actores sociais be-
neficiam de total liberdade para assimilar ou
recusar as inúmeras investidas publicitárias.
Bibliografia
AAKER, D. (1991), Managing brand e-
quity: capitalizing on the value of a
brand name, Nova Iorque: The Free
Press.
BARTHES, R. (1985), A aventura semio-
lógica, Lisboa: Edições 70.
BAUDRILLARD, J. (1972), Para uma
crítica da economia política do signo,
Lisboa: Edições 70.
DUBOIS, B. (1993), Compreender o con-
sumidor, Lisboa: Publicações Dom
Quixote.
ECO, H. (1997), O signo, Lisboa: Editorial
Presença.
JHALLY, S. (1987), Os códigos da publici-
dade, Porto: Edições Asa.
JOANNIS, H. (1998), O processo de
criação publicitária, Mem Martins:
Edições Cetop.
www.bocc.ubi.pt
“A dimensão simbólica do discurso publicitário” 7
KAPFERER, J. N. (2000), A gestão de
marcas, capital da empresa, 2a
edição,
Mem Martins: Edições Cetop
MEDEIROS, C. (2004), “Personagens,
espaços e cenários na publicidade”
in PEREIRA, F. e VERÍSSIMO, J.
(coord.), Publicidade, o Estado da Arte
em Portugal, Lisboa: Edições Sílabo, p.
73-91.
PEREIRA, F. e J. Veríssimo (coord.)
(2004), Publicidade, o Estado da Arte
em Portugal, Lisboa: Edições Sílabo.
PROULX, S. e P. Breton (1997), A ex-
plosão da comunicação, Lisboa: Edito-
rial Bizário.
RASQUILHA, Luís (2009), Publicidade:
fundamentos, estratégias, processos
criativos, planeamento de meios e ou-
tras técnicas de comunicação, Lisboa:
Gestãoplus edições.
ROBINSON, J. (1999), Os manipuladores,
Lisboa: Editora Livros do Brasil.
RODRIGUES, A. (1991), Introdução à
Semiótica, Lisboa: Editorial Presença.
RUÃO, T. (2003), “As marcas e o valor
da imagem. A dimensão simbólicas
das actividades económicas”, Revista
Caleidoscópio, no
3, Lisboa: Edições
Universitárias Lusófonas, p. 177-191.
SANTOS, C. (2005), A caixa que mudou
a YORN: a dimensão simbólica do dis-
curso publicitário da Young Original
Network, Tese de Mestrado, Texto poli-
copiado, Lisboa: ISCTE.
STIVERS, R. (1999), A tecnologia como
magia: o triunfo do irracional, Lisboa:
Instituto Piaget.
TOUSSAINT, B. (1978), Introdução à
Semiologia, Mem Martins: Publicações
Europa-América.
www.bocc.ubi.pt

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a A dimensao simbolica-do-discurso-publicitario

Branding- Professor Danilo Pires
Branding- Professor Danilo PiresBranding- Professor Danilo Pires
Branding- Professor Danilo PiresDanilo Pires
 
Comportamento do consumidor fomentato pela propaganda e experiência
Comportamento do consumidor fomentato pela propaganda e experiênciaComportamento do consumidor fomentato pela propaganda e experiência
Comportamento do consumidor fomentato pela propaganda e experiênciaeliasgoncalves
 
2013 en anpad_mkt750 motivações para a compra de réplica de bolsas lv
2013 en anpad_mkt750 motivações para a compra de réplica de bolsas lv2013 en anpad_mkt750 motivações para a compra de réplica de bolsas lv
2013 en anpad_mkt750 motivações para a compra de réplica de bolsas lvRicardo Vernieri Alencar
 
Marketing Politico Imagem Marca
Marketing Politico Imagem MarcaMarketing Politico Imagem Marca
Marketing Politico Imagem MarcaAntonio Paulo
 
A Marca como Passaporte para a Cidadania Global: uma Análise Comparativa
A Marca como Passaporte para a Cidadania Global: uma Análise ComparativaA Marca como Passaporte para a Cidadania Global: uma Análise Comparativa
A Marca como Passaporte para a Cidadania Global: uma Análise ComparativaDaniel Negrini
 
Comportamento Do Consumidor Aula1
Comportamento Do Consumidor Aula1Comportamento Do Consumidor Aula1
Comportamento Do Consumidor Aula1Rogério
 
tcc_NOVAS PERSPECTIVAS DO CONSUMO OS REFLEXOS DA FRAGMENTAÇÃO DO SUJEITO
tcc_NOVAS PERSPECTIVAS DO CONSUMO OS REFLEXOS DA FRAGMENTAÇÃO DO SUJEITOtcc_NOVAS PERSPECTIVAS DO CONSUMO OS REFLEXOS DA FRAGMENTAÇÃO DO SUJEITO
tcc_NOVAS PERSPECTIVAS DO CONSUMO OS REFLEXOS DA FRAGMENTAÇÃO DO SUJEITOGuilherme Vianna Bertola
 
A moda no século xxi para além da distinção artigo aline
A moda no século xxi para além da distinção artigo   alineA moda no século xxi para além da distinção artigo   aline
A moda no século xxi para além da distinção artigo alineDouglas Evangelista
 
Comportamento Do Consumidor Aula2
Comportamento Do Consumidor Aula2Comportamento Do Consumidor Aula2
Comportamento Do Consumidor Aula2Rogério
 
2 utilização da retórica na publicidade
2 utilização da retórica na publicidade2 utilização da retórica na publicidade
2 utilização da retórica na publicidadeElisa Costa
 
Estratégias semióticas do branding
Estratégias semióticas do brandingEstratégias semióticas do branding
Estratégias semióticas do brandingHeber Sales
 
Ser Consumidor Comportamento Do Consumidor Eliane Karsaklian
Ser Consumidor     Comportamento Do Consumidor   Eliane KarsaklianSer Consumidor     Comportamento Do Consumidor   Eliane Karsaklian
Ser Consumidor Comportamento Do Consumidor Eliane Karsaklianmktmkt
 
Resenha capítulo 03
Resenha capítulo 03Resenha capítulo 03
Resenha capítulo 03Danone
 
2012 mkt2186 cultura global do consumo e tradicionalismo local
2012 mkt2186 cultura global do consumo e tradicionalismo local2012 mkt2186 cultura global do consumo e tradicionalismo local
2012 mkt2186 cultura global do consumo e tradicionalismo localRicardo Vernieri Alencar
 

Semelhante a A dimensao simbolica-do-discurso-publicitario (20)

Branding- Professor Danilo Pires
Branding- Professor Danilo PiresBranding- Professor Danilo Pires
Branding- Professor Danilo Pires
 
Comportamento do consumidor fomentato pela propaganda e experiência
Comportamento do consumidor fomentato pela propaganda e experiênciaComportamento do consumidor fomentato pela propaganda e experiência
Comportamento do consumidor fomentato pela propaganda e experiência
 
Branding
BrandingBranding
Branding
 
Totem e consumo
Totem e consumoTotem e consumo
Totem e consumo
 
2013 en anpad_mkt750 motivações para a compra de réplica de bolsas lv
2013 en anpad_mkt750 motivações para a compra de réplica de bolsas lv2013 en anpad_mkt750 motivações para a compra de réplica de bolsas lv
2013 en anpad_mkt750 motivações para a compra de réplica de bolsas lv
 
Marketing Politico Imagem Marca
Marketing Politico Imagem MarcaMarketing Politico Imagem Marca
Marketing Politico Imagem Marca
 
A Marca como Passaporte para a Cidadania Global: uma Análise Comparativa
A Marca como Passaporte para a Cidadania Global: uma Análise ComparativaA Marca como Passaporte para a Cidadania Global: uma Análise Comparativa
A Marca como Passaporte para a Cidadania Global: uma Análise Comparativa
 
Comportamento Do Consumidor Aula1
Comportamento Do Consumidor Aula1Comportamento Do Consumidor Aula1
Comportamento Do Consumidor Aula1
 
tcc_NOVAS PERSPECTIVAS DO CONSUMO OS REFLEXOS DA FRAGMENTAÇÃO DO SUJEITO
tcc_NOVAS PERSPECTIVAS DO CONSUMO OS REFLEXOS DA FRAGMENTAÇÃO DO SUJEITOtcc_NOVAS PERSPECTIVAS DO CONSUMO OS REFLEXOS DA FRAGMENTAÇÃO DO SUJEITO
tcc_NOVAS PERSPECTIVAS DO CONSUMO OS REFLEXOS DA FRAGMENTAÇÃO DO SUJEITO
 
A moda no século xxi para além da distinção artigo aline
A moda no século xxi para além da distinção artigo   alineA moda no século xxi para além da distinção artigo   aline
A moda no século xxi para além da distinção artigo aline
 
Comportamento Do Consumidor Aula2
Comportamento Do Consumidor Aula2Comportamento Do Consumidor Aula2
Comportamento Do Consumidor Aula2
 
2012 mkt2713 consumo colaborativo
2012 mkt2713 consumo colaborativo2012 mkt2713 consumo colaborativo
2012 mkt2713 consumo colaborativo
 
2 utilização da retórica na publicidade
2 utilização da retórica na publicidade2 utilização da retórica na publicidade
2 utilização da retórica na publicidade
 
Leituras Sobre Consumo
Leituras Sobre ConsumoLeituras Sobre Consumo
Leituras Sobre Consumo
 
Estratégias semióticas do branding
Estratégias semióticas do brandingEstratégias semióticas do branding
Estratégias semióticas do branding
 
Ser Consumidor Comportamento Do Consumidor Eliane Karsaklian
Ser Consumidor     Comportamento Do Consumidor   Eliane KarsaklianSer Consumidor     Comportamento Do Consumidor   Eliane Karsaklian
Ser Consumidor Comportamento Do Consumidor Eliane Karsaklian
 
Resenha capítulo 03
Resenha capítulo 03Resenha capítulo 03
Resenha capítulo 03
 
2012 mkt2186 cultura global do consumo e tradicionalismo local
2012 mkt2186 cultura global do consumo e tradicionalismo local2012 mkt2186 cultura global do consumo e tradicionalismo local
2012 mkt2186 cultura global do consumo e tradicionalismo local
 
Publicidade e sociedade
Publicidade e sociedadePublicidade e sociedade
Publicidade e sociedade
 
Referencia
ReferenciaReferencia
Referencia
 

Mais de Dragodragons

Um breve panorama das teorias da publicidade
Um breve panorama das teorias da publicidadeUm breve panorama das teorias da publicidade
Um breve panorama das teorias da publicidadeDragodragons
 
2010 rita mariacarneirobrasil
2010 rita mariacarneirobrasil2010 rita mariacarneirobrasil
2010 rita mariacarneirobrasilDragodragons
 
Elementsofa p rplan
Elementsofa p rplanElementsofa p rplan
Elementsofa p rplanDragodragons
 
Patricia de freitas
Patricia de freitasPatricia de freitas
Patricia de freitasDragodragons
 
Goncalves gisela-relacoes-publicas-publicas-responsabilidades
Goncalves gisela-relacoes-publicas-publicas-responsabilidadesGoncalves gisela-relacoes-publicas-publicas-responsabilidades
Goncalves gisela-relacoes-publicas-publicas-responsabilidadesDragodragons
 
7 -meios_e_instrumentos_de_relacoes_publicas
7  -meios_e_instrumentos_de_relacoes_publicas7  -meios_e_instrumentos_de_relacoes_publicas
7 -meios_e_instrumentos_de_relacoes_publicasDragodragons
 
Anthony giddens o mundo na era da globalização
Anthony giddens   o mundo na era da globalizaçãoAnthony giddens   o mundo na era da globalização
Anthony giddens o mundo na era da globalizaçãoDragodragons
 
Estratc3a9gias das-relac3a7c3b5es-pc3bablicas-em-caso-de-crise
Estratc3a9gias das-relac3a7c3b5es-pc3bablicas-em-caso-de-criseEstratc3a9gias das-relac3a7c3b5es-pc3bablicas-em-caso-de-crise
Estratc3a9gias das-relac3a7c3b5es-pc3bablicas-em-caso-de-criseDragodragons
 
Bocc muad-os-segredos
Bocc muad-os-segredosBocc muad-os-segredos
Bocc muad-os-segredosDragodragons
 
As relações públicas e a gestão da comunicação em portugal
As relações públicas e a gestão da comunicação em portugalAs relações públicas e a gestão da comunicação em portugal
As relações públicas e a gestão da comunicação em portugalDragodragons
 
A ciência das relações públicas
A ciência das relações públicasA ciência das relações públicas
A ciência das relações públicasDragodragons
 
éTica das-relacões-públicas
éTica das-relacões-públicaséTica das-relacões-públicas
éTica das-relacões-públicasDragodragons
 
La publicité pour les médias
La publicité pour les médiasLa publicité pour les médias
La publicité pour les médiasDragodragons
 

Mais de Dragodragons (20)

Steiner
SteinerSteiner
Steiner
 
Um breve panorama das teorias da publicidade
Um breve panorama das teorias da publicidadeUm breve panorama das teorias da publicidade
Um breve panorama das teorias da publicidade
 
2010 rita mariacarneirobrasil
2010 rita mariacarneirobrasil2010 rita mariacarneirobrasil
2010 rita mariacarneirobrasil
 
Anuncio teoria
Anuncio teoriaAnuncio teoria
Anuncio teoria
 
1903046
19030461903046
1903046
 
Un irev kunsch
Un irev kunschUn irev kunsch
Un irev kunsch
 
Elementsofa p rplan
Elementsofa p rplanElementsofa p rplan
Elementsofa p rplan
 
Patricia de freitas
Patricia de freitasPatricia de freitas
Patricia de freitas
 
Goncalves gisela-relacoes-publicas-publicas-responsabilidades
Goncalves gisela-relacoes-publicas-publicas-responsabilidadesGoncalves gisela-relacoes-publicas-publicas-responsabilidades
Goncalves gisela-relacoes-publicas-publicas-responsabilidades
 
7 -meios_e_instrumentos_de_relacoes_publicas
7  -meios_e_instrumentos_de_relacoes_publicas7  -meios_e_instrumentos_de_relacoes_publicas
7 -meios_e_instrumentos_de_relacoes_publicas
 
Anthony giddens o mundo na era da globalização
Anthony giddens   o mundo na era da globalizaçãoAnthony giddens   o mundo na era da globalização
Anthony giddens o mundo na era da globalização
 
Esfera publica
Esfera publicaEsfera publica
Esfera publica
 
Victoria camps
Victoria campsVictoria camps
Victoria camps
 
Estratc3a9gias das-relac3a7c3b5es-pc3bablicas-em-caso-de-crise
Estratc3a9gias das-relac3a7c3b5es-pc3bablicas-em-caso-de-criseEstratc3a9gias das-relac3a7c3b5es-pc3bablicas-em-caso-de-crise
Estratc3a9gias das-relac3a7c3b5es-pc3bablicas-em-caso-de-crise
 
Bocc muad-os-segredos
Bocc muad-os-segredosBocc muad-os-segredos
Bocc muad-os-segredos
 
As relações públicas e a gestão da comunicação em portugal
As relações públicas e a gestão da comunicação em portugalAs relações públicas e a gestão da comunicação em portugal
As relações públicas e a gestão da comunicação em portugal
 
A ciência das relações públicas
A ciência das relações públicasA ciência das relações públicas
A ciência das relações públicas
 
éTica das-relacões-públicas
éTica das-relacões-públicaséTica das-relacões-públicas
éTica das-relacões-públicas
 
13th proceedings
13th proceedings13th proceedings
13th proceedings
 
La publicité pour les médias
La publicité pour les médiasLa publicité pour les médias
La publicité pour les médias
 

A dimensao simbolica-do-discurso-publicitario

  • 1. “A dimensão simbólica do discurso publicitário”∗ Cristina Santos Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT) A história é constituída por uma pro- gressão de eventos, daí que a trajectória da publicidade reflicta um aglomerado de eta- pas que condicionaram a sua actual pos- tura. Mas nem todas as fases possuíram a mesma importância, contribuindo, de for- mas distintas, para o desenrolar dos acon- tecimentos. Existe um facto que marcou, de forma inequívoca, a sua evolução e presente discurso: a revolução industrial. Com este marco histórico e a consequente estandar- dização dos bens, a comunicação publicitária deixa de se centrar na dimensão funcional do produto, começando a demonstrar uma maior preocupação em explorar a sua ver- tente simbólica (Santos, 2005: 14). A necessidade de extrapolar a materia- lidade dos bens, apostando no simbolismo como forma de operar distinções entre per- tences fisicamente análogos, foi feita a par- tir dos anos cinquenta, altura em que o mar- keting descobre o potencial das marcas como forma de apelar ao consumo, atribuindo-lhes características incorpóreas, valores e senti- mentos, enquanto, paralelamente, eram con- ∗ Este ensaio resulta da reformulação da comuni- cação apresentada no dia 14 de Abril de 2009, durante o VIII Lusocom/II Colóquio Portugal-Brasil, decor- rido na ECATI (Escola de Comunicação, Artes e Tec- nologias da Informação, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias). sideradas como núcleos de valor acrescen- tado para a oferta, ao traduzirem a sua ver- dadeira unicidade (Ruão, 2003: 180). As- sim, e apesar das marcas sempre terem tido um papel importante no comércio, é so- mente no século XX que se tornam cen- trais na dinâmica comercial, detendo, com a evolução do mercado, um poder crescente (Aaker, 1991: 7). As marcas são o principal capital das em- presas, que acabam por reconhecer que o seu valor reside no exterior: na mente dos con- sumidores (Kapferer, 2000: 7), até porque, “(...) o produto é aquilo que a empresa fa- brica, a marca é aquilo que o cliente com- pra” (Kapferer, 2000: 8), já que esta lhe atribui uma identidade, servindo como uma referência, perante o processo de decisão de compra, ao distingui-lo da concorrência. Logo, a marca, única e irrepetível, identi- fica e diferencia a oferenda, estruturando-a e estabilizando-a, ao reduzir o risco e a in- certeza numa aquisição (Kapferer, 2000: 8). Importa reter que perante a existência de uma multiplicidade de produtos semelhantes para satisfazer uma mesma necessidade, o papel do discurso publicitário consiste, frequentemente, em diferenciá-los. Essa aparente diversidade baseia-se, frequente- mente, no universo simbólico, que surge como uma forma eficaz e duradoura de de-
  • 2. 2 Cristina Santos sigualar objectos fisicamente similares. As- sim sendo, está-se perante um binómio, pois os artigos possuem duas dimensões princi- pais: uma componente intrínseca, que se es- gota na própria mercadoria e que é, igual- mente, denotativa, física, objectiva, plural, prática, racional, tangível e funcional e uma outra, construída e relativa, proporcionada pela marca e que se apresenta como sendo simbólica, conotativa, subjectiva, singular, teórica, impalpável e abstracta. Trata-se de dois vectores indissociáveis, que envolvem o bem num misto de funcionalidade e re- presentatividade, de racionalidade e emotivi- dade (Santos, 2005: 15). Tendo como base esta dicotomia, é pos- sível associá-la a uma outra distinção: ca- racterísticas inerentes e distintivas. Se o primeiro tipo de atributos referido, sediado na materialidade, se reporta a algo que se en- contra presente, no mesmo grau, em todos os objectos de uma determinada categoria, o segundo formato citado, firmado na intan- gibilidade, indica a subsistência de especi- ficidades próprias e inigualáveis. Enquanto o carácter inato dos artigos é um motor de compra, uma propriedade diferenciada é um móbil de escolha (Joannis, 1998: 22-23): está-se perante uma procura primária (classe de produtos que satisfaz uma necessidade) e secundária (marca que dá suporte e perso- nalidade ao produto), respectivamente, tendo em conta que o produto é aquilo que o cliente compra e a marca representa o que o cliente escolhe (Rasquilha, 2009: 25-26). Por outro lado, o produto desempenha um duplo papel, detendo duas funções: uti- litária e social. Para além de meios de sa- tisfação (das necessidades humanas), as mer- cadorias são, simultaneamente, comunicado- ras (de poder e ideias sociais). Apesar de e- xistir uma simbiose, em que ambas se encon- tram entranhadas na matriz constitutiva dos objectos, é incontestável o poder superior exercido pela carga simbólica, que ofusca a vertente prática, ao traduzir a singulari- dade da oferta, existindo um predomínio do valor de troca (aquilo que o produto vale) so- bre o valor de uso (o que o produto propor- ciona aos indivíduos) (Jhally, 1987: 23, 40). Aliás, a atribuição de sentido aos géneros, que são polissémicos, prevalece na presente sociedade, encarada como a civilização da conotação (Barthes, 1985: 151, 167, 173). Efectivamente, existe uma propensão para conferir um significado intangível ao que rodeia os indivíduos, pelo que ne- nhum bem permanece imune à significação, encontrando-se embrenhado num compro- misso sígnico, pois, simultanemente com a produção de produtos, urge edificar senti- dos, assentes na designação da categoria so- cial dos seus possuidores. Esta propriedade permite-lhes deter um valor que, de outra forma, estaria arredado da sua génese (Bau- drillard, 1972: 12-13, 64, 68-69). Mas esta não é uma tendência somente contem- porânea, dado que, historicamente, a sim- bolização foi uma forma que a Humanidade encontrou de obter o controlo sobre o meio, criando um mundo repleto de sentido. Ao envolvê-lo no seu sistema de símbolos, os indivíduos dominavam-no. A capacidade de simbolizar foi algo que sempre acompanhou homens e mulheres, constituindo um impor- tante factor na evolução cultural da raça hu- mana (Stivers, 1999: 89): o Homem é um animal simbólico (Eco, 1997: 97). O âmago da questão centra-se na forma como os indivíduos se relacionam com os bens, em que o reconhecimento do cunho simbólico do uso que as pessoas dão às mer- www.bocc.ubi.pt
  • 3. “A dimensão simbólica do discurso publicitário” 3 cadorias deve constituir o ponto de refe- rência para um discurso sobre os objec- tos (Jhally, 1987: 17). É incontestável o facto de os pertences desempenharem uma função utilitária, porque a sua aquisição fundamenta-se, frequentemente, na cons- tatação de uma necessidade material insa- tisfeita. Porém, é possível que outro vector desencadeie a compra de artigos, intervindo, activamente, na dinâmica de consumo. A procura de algo intangível poderá, então, conduzir os sujeitos a adquirirem determina- dos bens, rotulados como sendo sinónimos, por exemplo, de prestígio, poder económico ou sucesso. Perante um mecanismo de de- cisão de compra, os consumidores terão que escolher e a opção final resultará da leitura que os sujeitos farão da oferenda funcional e impalpável, vinculada a qualquer objecto. A ideia de que os produtos devem ser im- portantes para as pessoas em função daquilo para que são usados e não devido ao seu sig- nificado simbólico tornou-se obsoleta (San- tos, 2005: 17). O ser humano não se limita ao mero plano utilitário no uso que faz dos bens, dado que uma casa ou um casaco, para além de as- segurarem a mencionada função funcional (habitação e protecção do corpo, respectiva- mente), também se revestem de um determi- nado estatuto social (Rodrigues, 1991: 21). Quando se adquire um produto, também se compra aquilo que representa, porque ao ter uma alma, uma identidade, um posiciona- mento e valores associados, essa significação será transposta para aquele que o ostentar. Logo, os hábitos de consumo são conotados, já que serão efectuadas e interiorizadas de- duções e juízos de valor a partir do que trans- parece da ligação a determinado artigo, en- carado como um ícone, o qual confere uma simbologia ao respectivo proprietário, fun- damentada no seu valor representativo cir- culante entre os indivíduos. Os sujeitos afirmam-se, evidenciam-se, demarcam-se e realizam-se, através das características sígni- cas das coisas, que assumem um carácter de adjectivação. Portanto, também as pessoas são categorizadas e rotuladas (Santos, 2005: 18). Mediante esta perspectiva, a avaliação dos restantes membros da sociedade não poderá descurar a análise deste domínio: os per- tences que os rodeiam indicam alguns dos seus atributos, indiciam modos de vida, re- presentam formas de pensar e de estar, per- mitindo estabelecer um perfil estereotipado dos seus possuidores, através de um meca- nismo de descodificação, de uma extracção de sentidos. Deste modo, os indivíduos são percepcionados a partir da observação, não apenas dos seus comportamentos, ati- tudes ou posturas adoptadas, mas também do que consomem, caracterizando-se não ape- nas pelo que lhes é inato, como a persona- lidade ou a aparência, mas também por algo que lhes é exterior: pelas marcas adquiridas. Se é certo que a compra, por exemplo, de um veículo automóvel possibilita satisfazer uma necessidade material, como a locomoção, é igualmente verídico que, com a compra de determinada marca, serão revelados certos traços do seu comprador, pois a imagem que o objecto projecta será transferida para aquele que o conduz (Santos, 2005: 18-19). A importância que os produtos assumem para o consumidor encontra-se ancorada na proclamação que este pretende efectuar com a respectiva aquisição: “ (...) uma gravata não tem uma função genuína. (...) A única coisa que faz é uma declaração de elegân- cia em relação à pessoa que a usa. Por isso, www.bocc.ubi.pt
  • 4. 4 Cristina Santos uma «gravata» é aquilo que consumimos em público, que faz uma declaração a nosso res- peito” (Robinson, 1999: 74). Todavia, este mecanismo é pago. O montante envolvido em qualquer compra varia mediante essa di- mensão intangível. É a carga simbólica asso- ciada à marca e, consequentemente, ao ob- jecto, que regula o valor da transacção, in- fluenciando o preço a pagar pela posse da mercadoria (Robinson, 1999: 47, 75). É que, quanto mais alto for o valor percepcionado pelo mercado relativamente à marca, mais este estará disposto a pagar pela mesma. A adesão à contrafacção corrobora esta constatação, já que os consumidores que ace- dem a estes mercados paralelos aspirarão, provavelmente, usufruir da oferta simbólica proporcionada pela marca ao bem, pois do ponto de vista físico, e dada a adulteração a que se encontra sujeito, este encontra-se rele- gado para segundo plano, sendo preterido. É o logótipo que surge inscrito no género que serve como elemento instigador da compra, pois as marcas encontram-se acessíveis a um preço diminuto, quando comparado com os montantes exigidos noutros mercados, que não prevaricadores. Ao comprarem estes ar- tigos, os consumidores pretenderão benefi- ciar da dimensão incorpórea que lhes é asso- ciada, já que, eventualmente, esta poderá ser a única forma de possuírem marcas como as que abundam neste tipo de comércio alterna- tivo. É essa ambição que alimenta a procura e, consequentemente, a oferta. A esta questão não é alheio o facto da posse de qualquer objecto poder permitir não só colmatar uma privação funcional, mas, si- multaneamente, sanar uma carência imate- rial. O conceito de necessidade não se esgota no materialismo, pois, efectivamente, este poderá situar-se num outro meandro, o da representatividade. Maslow afirma existirem cinco tipos de necessidades fundamentais, tendo-as hierarquizado. Na base da pirâmide colocou as fisiológicas, seguindo-se as de segurança (ambas indispensáveis à sobre- vivência dos indivíduos), no terceiro pata- mar encontram-se as de pertença e afecto que dão lugar às de estima e, no topo da mesma, situam-se as de auto-realização (Dubois, 1993: 42). Se é incontestável o facto de o sujeito procurar satisfazer as privações ditas mais básicas, as intangíveis ganham crescente relevância numa sociedade consumista e sequiosa de colmatar as restantes carên- cias, situadas no cimo da pirâmide, porque mesmo não sendo fulcrais à subsistência humana, revestem-se de uma enorme im- portância. Assim, sempre que possível, procuram-se saciar, simultaneamente, estes dois tipos de necessidades existentes. Por exemplo, o facto de um indivíduo optar por satisfazer uma necessidade fisiológica, como alimentar-se, num restaurante como o «Gambrinus», poderá sanar uma outra carên- cia: de estima ou de auto-realização. Com efeito, ao frequentar um estabelecimento comercial desta índole, encarado como um dos melhores e mais dispendiosos de Lisboa, ser-lhe-ão associados atributos, consonantes com a projecção da marca de restauração na sociedade (Santos, 2005: 20). Todos estes factores ganham maior con- sistência quando se está perante uma so- ciedade em que a exclusão do consumo é en- tendida como uma penalização e em que o «ter» é uma condição do «ser. Ora, o mo- tivo desencadeador da compra pode mover- se entre dois pólos: semelhança e aspiração. No primeiro caso, a aquisição será despo- letada por uma questão real e verificável, www.bocc.ubi.pt
  • 5. “A dimensão simbólica do discurso publicitário” 5 «o que o indivíduo é», enquanto no se- gundo domínio esta é efectuada tendo pre- sente uma vontade de alcançar esse sentido simbólico pertencente ao objecto, «aquilo que o sujeito pretende/ambiciona ser». Se é usual os consumidores comprarem bens por se identificarem com os mesmos, a se- gunda hipótese parte do pressuposto que o cidadão decide consumir certo artigo por as- pirar a ser encarado de determinada forma, mediante a carga incorpórea legada pelo pro- duto. Em suma, a aquisição de objectos poderá ser concretizada desinteressadamente ou visando atingir um certo objectivo, pre- viamente definido (Santos, 2005: 20-21). Neste sentido, o consumo espelha, por um lado, o que somos, mas também o que pre- tendemos ser (Medeiros, 2004: 76-77). Di- versos elementos são avaliados: “(...) o que pensamos ser, o que desejaríamos ser (o eu ideal), aquilo que podemos ser aos olhos dos outros (o eu ideal para os outros), e o que desejaríamos ser para os outros (...)” (Dubois, 1993: 52). Um afastamento en- tre o «eu real» e o «eu ideal» pode incitar a uma compra compensatória (Dubois, 1993: 52): “Toda a gente tem as suas inseguranças, por isso toda a gente pode alcançar a auto- estima com fatos Armani e sapatos Ferra- gamo e perfumes Chanel” (Robinson, 1999: 49), “As malas nunca mais serviriam para transportar a bagagem, seriam cobertas com as iniciais do seu desenhador para que o mundo inteiro visse como éramos bem suce- didos e, pelo menos em teoria, nos tratasse em conformidade” (Robinson, 1999: 48). Em suma, certos níveis de consumo são consumados, devido à pretensão de alcançar uma determinada identificação social, uma vez que os objectos poderão ser sinónimos de discriminação e de prestígio, possibili- tando a integração na ordem hierárquica da sociedade. Nesta dinâmica, intervém o dis- curso publicitário, que se encontra em unís- sono com o plano social (Baudrillard, 1972: 10-11, 117). De facto, a publicidade propõe estilos de vida, sendo encarada como um mecanismo de distinção social (perpetrado através dos comportamentos de compra) e produtora de signos diferenciadores num sis- tema em que os indivíduos têm uma neces- sidade social de diferenciação que não con- seguem esgotar (Proulx e Breton, 1997: 133, 143). Se os produtos significam sempre algo dentro de um contexto social e a Hu- manidade os utiliza para se demarcar social- mente, a publicidade é concebida como uma influente instituição de socialização da mo- dernidade. É que, na interacção estabele- cida com os bens, o indivíduo necessita desse processo sígnico, o qual potencia o poder detido pela publicidade, oriundo da sua arguta capacidade, simbolicamente persua- siva (Jhally, 1987: 13, 19, 21, 75), capaz de tornar qualquer artigo inanimado num ver- dadeiro comunicador (Barthes, 1985: 169). Ao conferir um sentido a marcas e respec- tivos produtos, estes acabam por emitir, si- lenciosamente, pareceres acerca da identi- dade do seu detentor. Assim, concebem-se campanhas publicitárias capazes de explorar esse legado impalpável, para que sobre os bens publicitados se repercuta um sentido, uma significação. Desta forma, escolhem-se, minuciosa e criteriosamente, cenários, per- sonagens, ambientes, linguagens, tudo ela- borado com o propósito de conduzir o indi- víduo à acção, mediante o que é proposto, seja por este se identificar com o que é di- vulgado, reflectindo-se, através da compra, um pouco do que o sujeito é, ou por pre- www.bocc.ubi.pt
  • 6. 6 Cristina Santos tender beneficiar da conotação do objecto, prometida no anúncio, convergindo com a materialização do que o receptor ambiciona ser (Santos, 2005: 24). De facto, a publicidade possibilitou a e- xistência de algo que poderia promover a troca e que se encontra visível em grande parte dos anúncios publicitários: a pes- soa adquire determinado pertence e este encarregar-se-á de veicular um significado para o utilizador, que lucrará, simultanea- mente, com a respectiva aquisição: “Quanto mais produtos comprávamos, (...) mais os publicitários nos vendiam aquilo que so- mos, quem desejaríamos ser, quem desejá- vamos que os outros pensassem que nós so- mos” (Robinson, 1999: 50). Desta forma, aglomeram-se vantagens, na medida em que os objectos são depositários de sentido. Con- temporaneamente, o indivíduo faculta uma menor importância às qualidades objectivas do produto, apreciando, amplamente, a sa- tisfação fornecida pela marca ao respectivo ego. Na senda desta lógica, conclui-se que o consumo constitui uma das dimensões mais importantes para a construção do self so- cial dos sujeitos (Pereira e Veríssimo, 2004: 29). Os hábitos de compra são conota- dos, apresentando uma importância fulcral na construção identitária. Apesar de, já na década de 70, Tous- saint prever que a publicidade se encontrava prestes a transformar-se no grande meio de expressão icónica (Toussaint, 1978: 93), pelo facto de os critérios da matriz publi- citária dilatarem a linguagem em direcção a significados latentes (Barthes, 1985: 168- 169), com o objectivo de o sujeito poder ser definido pelas aquisições efectuadas (Robin- son, 1999: 44), há que fazer uma ressalva, não ilibando, totalmente, o indivíduo no de- senvolvimento desta dinâmica, já que a res- pectiva cumplicidade não é alheia a todo este mecanismo (Robinson, 1999: 50). É que se a publicidade compele à aquisição, remetendo os indivíduos para imaginários consumis- tas, estes só o fazem, porque reflecte uma vontade dos próprios, que o interiorizaram como parte integrante da sua rotina diária, encontrando-se socializados com o consumo como forma de vida, de estar e de ser. Ao deterem livre arbítrio, os actores sociais be- neficiam de total liberdade para assimilar ou recusar as inúmeras investidas publicitárias. Bibliografia AAKER, D. (1991), Managing brand e- quity: capitalizing on the value of a brand name, Nova Iorque: The Free Press. BARTHES, R. (1985), A aventura semio- lógica, Lisboa: Edições 70. BAUDRILLARD, J. (1972), Para uma crítica da economia política do signo, Lisboa: Edições 70. DUBOIS, B. (1993), Compreender o con- sumidor, Lisboa: Publicações Dom Quixote. ECO, H. (1997), O signo, Lisboa: Editorial Presença. JHALLY, S. (1987), Os códigos da publici- dade, Porto: Edições Asa. JOANNIS, H. (1998), O processo de criação publicitária, Mem Martins: Edições Cetop. www.bocc.ubi.pt
  • 7. “A dimensão simbólica do discurso publicitário” 7 KAPFERER, J. N. (2000), A gestão de marcas, capital da empresa, 2a edição, Mem Martins: Edições Cetop MEDEIROS, C. (2004), “Personagens, espaços e cenários na publicidade” in PEREIRA, F. e VERÍSSIMO, J. (coord.), Publicidade, o Estado da Arte em Portugal, Lisboa: Edições Sílabo, p. 73-91. PEREIRA, F. e J. Veríssimo (coord.) (2004), Publicidade, o Estado da Arte em Portugal, Lisboa: Edições Sílabo. PROULX, S. e P. Breton (1997), A ex- plosão da comunicação, Lisboa: Edito- rial Bizário. RASQUILHA, Luís (2009), Publicidade: fundamentos, estratégias, processos criativos, planeamento de meios e ou- tras técnicas de comunicação, Lisboa: Gestãoplus edições. ROBINSON, J. (1999), Os manipuladores, Lisboa: Editora Livros do Brasil. RODRIGUES, A. (1991), Introdução à Semiótica, Lisboa: Editorial Presença. RUÃO, T. (2003), “As marcas e o valor da imagem. A dimensão simbólicas das actividades económicas”, Revista Caleidoscópio, no 3, Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas, p. 177-191. SANTOS, C. (2005), A caixa que mudou a YORN: a dimensão simbólica do dis- curso publicitário da Young Original Network, Tese de Mestrado, Texto poli- copiado, Lisboa: ISCTE. STIVERS, R. (1999), A tecnologia como magia: o triunfo do irracional, Lisboa: Instituto Piaget. TOUSSAINT, B. (1978), Introdução à Semiologia, Mem Martins: Publicações Europa-América. www.bocc.ubi.pt