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Cristina Neto                                             Mestrado em Pedagogia do e-Learning
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        CONECTIVISMO – Ensinar e Aprender no século XXI

        RESUMO: Este artigo pretende oferecer uma visão genérica dos princípios do Conecti-
vismo e das suas implicações na Educação, particularmente na Educação à Distância (EaD), a
partir da revisão da literatura. É igualmente apresentada a minha visão, simultaneamente, no
prisma de professora do Ensino Básico e Secundário e no de e-estudante, concluindo no senti-
do de que os princípios desta teoria se revelam em muitas das práticas dos profe ssores do
ensino formal não superior, embora inconscientemente, pelo que seria importante incluí-los
explicitamente na sua formação inicial e contínua, para que fiquem mais despertos e os pos-
sam transmitir aos alunos.

        PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem, conectivismo, conhecimento, educação à distância

        ABSTRACT: This article intends to present a global view of Conectivism principles and
its implications on Education, particularly on Distance Education, from literary review. It is also
presented my insight, simultaneously, as a secondary teacher and as an e-student concluding
by indicating that those principles are often present on teachers’ practices in formal secondary
education, although unconsciously, which denotes the necessity to be explicitly included in
initial and continuous teacher’s training, so they may become more aware and be able to pass
them on to their students.

        KEYWORDS: Conectivism, distance education, knowledge, learning

        INTRODUÇÃO

A maioria das teorias da aprendizagem preocupa-se com o processo da aprendizagem mas não
com o valor do que é aprendido. Embora as pedagogias tenham acompanhado e se tenham
adaptado à evolução da tecnologia, a certa altura as alterações introduzidas eram tais, que se
tornou necessária uma nova abordagem (Siemens, 2004).

O conceito de Conectivismo surge com o intuito de procurar respostas para as expetativas e
preferências dos estudantes do séc. XXI, em plena era digital. A alteração radical do paradigma
tecnológico que envolve a sociedade atual, requer novas abordagens educacionais mais co n-
sonantes com as possibilidades que agora a tecnologia oferece à aprendizagem.

Não havendo aqui lugar a uma abordagem profunda às teorias da aprendizagem surgidas no
séc. XX, importa referi-las sucintamente para que se possam compreender os fundamentos do
Conectivismo. Assim, começamos por fazer uma análise das teorias cognitivo-behavioristas e
socioconstrutivistas considerando o destaque dado ao papel do aprendente, do conteúdo e do
professor, em cada uma delas, como Anderson e Dron (2011) propuseram.



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Apresenta-se também a visão de que os princípios do Conectivismo estão subjacentes a muitas
das estratégias utilizadas pelos estudantes e pelos professores do ensino básico e secundário,
embora de forma inconsciente relativamente ao conceito. Sendo esta uma prática generaliza-
da, seria interessante incluir explicitamente na formação, inicial e contínua, de professores a
perspectiva do Conectivismo, de forma a alertar estes professores para os benefícios da pro-
moção destes princípios e para a necessidade urgente de preparar para o Aprender a Apren-
der, no novo paradigma sociocultural e educacional. Uma vez que vivemos a era dos digital
natives (Prensky, 2001a; 2001b), seria também interessante aproveitar as capacidades desen-
volvidas por esta nova geração para fomentar precocemente uma nova visão da educação e,
porque não, saber a opinião dos estudantes sobre o assunto.

        TEORIAS COGNITIVO-BEHAVIORISTAS E SOCIO-CONSTRUTIVISTAS

Segundo Anderson e Dron (2011), as teorias cognitivo-behavioristas consideram a aprendiza-
gem como um processo individual, com objetivos e processos previamente bem definidos,
independentemente do aprendente e do contexto de estudo. Na EaD, a presença do professor,
de um modo geral, só é pressuposta para indicações e avaliação. Assistimos, portanto, a um
modelo de educação tradicional em que o professor transmite conhecimentos académicos e o
aluno recebe-os passivamente devendo assimilá-los e demonstrar a sua aprendizagem através
da alteração de comportamentos observáveis, privilegiando-se, desta forma o Aprender a Fa-
zer. Este paradigma revelava-se adequado ao modelo de Educação à Distância da época, devi-
do às limitações da tecnologia então existente.

Anderson e Dron (2011) referem que, nas teorias socioconstrutivistas, a enfase do processo de
ensino-aprendizagem passa do conteúdo para o aprendente e o meio social que o rodeia. Te n-
do estas teorias sido desenvolvidas paralelamente às tecnologias da comunicação bidirecional,
é natural que tenham ganho expressão com o seu alargamento. Promove-se o envolvimento
ativo dos aprendentes, o conhecimento é construído em interação com os pares, através da
experimentação, com tarefas reais em contextos autênticos, com mediação do professor que é
um guia e um construtor de intervenções educacionais. Cada aprendente cria meios para cons-
truir o seu conhecimento e integrá-lo com o já existente, com o apoio e a colaboração do pro-
fessor, tornando-se mais importante o processo de construção do conhecimento do que o
resultado final.

        O CONECTIVISMO – O CONCEITO

O Conectivismo é um quadro teórico para a compreensão da aprendizagem, desenvolvido por
George Siemens e Stephen Downes (Kop & Hill, 2008). Baseia-se num modelo construtivista
com o aprendente no centro do processo de aprendizagem. Segundo Anderson e Dron (2011),
a presença do professor desenvolve-se através da construção de caminhos de aprendizagem e
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pela promoção e apoio às interações para que os aprendentes façam conexões a existentes e
novos recursos de aprendizagem; professores e aprendentes colaboram para criar o objeto de
estudo e, no processo, recriam esse objeto para futura utilização por outros. O importante não
é saber, mas sim saber onde procurar, criar e manter conexões que permitam encontrar o
conhecimento necessário e saber mobilizá-lo para utilização em situações concretas, assim
como criar e partilhar novos recursos de aprendizagem que sirvam outros aprendentes. Sie-
mens (2004) afirma: “Knowing where to find information is more important than knowing in-
formation.” No Conectivismo, as conexões que nos permitem aprender são mais importantes
que o nosso estado atual de conhecimento: “What we know is less important than our capaci-
ty to continue to learn more. The connections we make (between individual specialized com-
munities/bodies of knowledge) ensure that we remain current.” (Siemens, 2003).

O Conectivismo não substitui as teorias cognitivo-behavioristas e socioconstrutivistas, antes as
complementa e adapta à nova realidade tecnológica. Aliás, Anderson e Dron (2011) defendem
que todas as três teorias de aprendizagem referidas se complementam para abarcar o unive r-
so das necessidades e expetativas de aprendizagem dos aprendentes do séc. XXI.

Devido à ligação indissociável entre o estado atual da tecnologia e a teoria conectivi sta, esta
defende que o conhecimento está distribuído nas pessoas e na tecnologia, sendo a aprendiza-
gem o processo de estabelecer conexões em rede, mantê-las e mobilizá-las de acordo com as
necessidades (Siemens & Tittenberger, 2009). A noção de conhecimento distribuído é referida
por Downes (2005) - distributed knowledge - e pode ser descrito como conhecimento conecti-
vo: aquele que conduziu à produção de novo conhecimento por outrem, através da rede de
conexões. Deste modo, a aprendizagem, reconhecida como conhecimento acionável, pode
residir fora dos indivíduos, e até em dispositivos não humanos (Siemens, 2004) e requer várias
competências: a compreensão de que as decisões são tomadas sobre uma realidade em cons-
tante mutação, a capacidade para sintetizar e reconhecer ligações e padrões, para selecionar a
informação relevante e atual e para reconhecer quando a nova informação altera os cenários
sobre os quais se tomaram decisões (idem).

Downes (2005) afirma que aprender é o processo de se tornar algo. Também Cormier (2011)
refere que conhecer é um longo processo em que o modo como o individuo perceciona as
coisas se altera, baseado em novos conhecimentos, conduzindo à mudança e ao crescimento
pessoal, refletindo aqui o princípio do Aprender a Ser.

        CONECTIVISMO NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Na Educação à Distância, o Conectivismo parece ser um caminho óbvio, dadas as possibilid a-
des criadas pelo avanço da tecnologia. A informação é inesgotável e o papel do aprendente
não é memorizar e perceber tudo, mas encontrar e aplicar conhecimento onde e quando for
                                                                              Página | 3
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necessário (Anderson & Dron, 2011), pelo que o estabelecimento de redes de aprendizagem e
a comunicação síncrona e assíncrona são ferramentas indispensáveis proporcionadas, agora,
com muito mais simplicidade e eficácia, pela Web 2.0. Os modelos conectivistas assentam na
omnipresença na rede das pessoas, dos artefactos e do conteúdo (idem) para análise e discus-
são, reutilização, transformação e redistribuição.

        CONECTIVISMO NOS NÍVEIS DE ENSINO FORMAL NÃO SUPERIOR

A perspetiva do Conectivismo foca-se nas aprendizagens informais, no Ensino Superior e na
Aprendizagem ao Longo da Vida, mas as questões ligadas a esta teoria parecem ter também
pertinência noutros níveis de ensino, nomeadamente no terceiro ciclo e ensino secundário,
dada a nova geração de digital natives (Prensky, 2001a e 2001b) - e às novas competências
cognitivas que estes desenvolveram graças às novas tecnologias, como o multitasking
(Prensky, 2001b).

Enquanto professora do ensino básico e secundário, a minha experiência é testemunha das
alterações que têm vindo a ocorrer nas preferências, expetativas e competências das novas
gerações de estudantes. Estes têm, agora, a informação ao alcance de um clique e de forma
mais apelativa e, na verdade, estabelecem as redes e procuram a informação do seu interesse.
Essencial é preparar os estudantes para a urgente necessidade de Aprender a Aprender, alcan-
çada através das competências referidas por Siemens (2004) e atrás mencionadas.

Como Kop & Hill (2008) referem, Downes e Siemens não limitam o Conectivismo ao ambiente
online nem reduzem as redes de comunicação aos ambientes digitais. A tecnologia apenas
facilita a sua construção e a comunicação.

        CONCLUSÃO

No ensino formal não superior, compreender os princípios do Conectivismo, não é mais do que
dar nomes a muitas das ações, estratégias e objetivos já existentes na prática dos estudantes e
professores. Importa agora alertá-los para que tomem consciência de esse é o modelo da Edu-
cação do futuro. Por outro lado, o Conectivismo fomenta o valor do individuo enquanto fonte
de conhecimento e elo de ligação na rede. Nos tempos difíceis que atravessamos, poderá advir
uma era em que se reconheça a riqueza do individuo, em vez do indivíduo/número?

Como estudante em regime de EaD, é minha constatação de que o estabelecimento de cone-
xões na rede é imprescindível para a atualização constante do conhecimento, dado o encurta-
mento do seu ciclo de vida, pois rapidamente nos apercebemos que estamos em permanente
processo de atualização e isto é tão válido para adultos, como para adolesce ntes e jovens.




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       REFERÊNCIAS

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            ional Review of Research in Open and Distance Learning, vol. 12, nº 3. Acedido 17
            março 2013, em: http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/890
Connole, G. (2010). Review of pedagogical models and their use in e-learning. Acedido 17 mar-
             ço 2013, em: http://www.slideshare.net/grainne/pedagogical-models-and-their-
             use-in-elearning20100304
Cormier, D. (2011). Rhizomatic Learning – Why we teach? Acedido 17 março 2013, em:
             http://davecormier.com/edblog/2011/11/05/rhizomatic-learning-why-learn/
Downes, S. (2005). An introduction to Connective Knowledge. Acedido 17 março 2013, em:
            http://www.downes.ca/post/33034
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Downes, S. (2007a). How the net works. Acedido 17 março 2013, em:
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Downes, S. (2007b). What connectivism is. Acedido 17 março 2013, em:
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Kop, R. & Hill, A. (2008). Connectivism: Learning Theory of the future or vestige of the past?
             Internacional Review of Research in Open and Distance Learning, vol. 9, nº 3. Ace-
             dido 17 março 2013, em:
             http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/523/1103
Prensky, M. (2001a). Digital Natives, Digital Immigrants. In On the Horizon (MCB University
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             http://www.marcprensky.com/writing/prensky%20-
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Prensky, M. (2001b). Digital Natives, Digital Immigrants Part II: Do They REALLY Think Differ-
             ently? — Neuroscience Says Yes. In On the Horizon - NCB University Press, Vol. 9
             Nº 6. Acedido 17 março 2013, em:
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Siemens, G. (2003). Learning Ecology, Communities, and Networks - Extending the classroom.
            Acedido 17 março 2013, em:
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Siemens, G. (2004). Connectivism: a Learning Theory for the Digital Age. Acedido 17 março
            2013, em: http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm
Siemens, G. (2008). New structures and spaces of learning: The systemic impact of knowledge,
            connectivism and networked learning. Acedido 17 março 2013, em:
            http://elearnspace.org/Articles/systemic_impact.htm
Siemens, G. & Tittenbeger, P. (2009). Handbook of Emerging Technologies for Learning. Acedi-
            do 17 março 2013, em: http://elearnspace.org/Articles/HETL.pdf


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Artigo conectivismo crisneto

  • 1. Cristina Neto Mestrado em Pedagogia do e-Learning Universidade Aberta CONECTIVISMO – Ensinar e Aprender no século XXI RESUMO: Este artigo pretende oferecer uma visão genérica dos princípios do Conecti- vismo e das suas implicações na Educação, particularmente na Educação à Distância (EaD), a partir da revisão da literatura. É igualmente apresentada a minha visão, simultaneamente, no prisma de professora do Ensino Básico e Secundário e no de e-estudante, concluindo no senti- do de que os princípios desta teoria se revelam em muitas das práticas dos profe ssores do ensino formal não superior, embora inconscientemente, pelo que seria importante incluí-los explicitamente na sua formação inicial e contínua, para que fiquem mais despertos e os pos- sam transmitir aos alunos. PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem, conectivismo, conhecimento, educação à distância ABSTRACT: This article intends to present a global view of Conectivism principles and its implications on Education, particularly on Distance Education, from literary review. It is also presented my insight, simultaneously, as a secondary teacher and as an e-student concluding by indicating that those principles are often present on teachers’ practices in formal secondary education, although unconsciously, which denotes the necessity to be explicitly included in initial and continuous teacher’s training, so they may become more aware and be able to pass them on to their students. KEYWORDS: Conectivism, distance education, knowledge, learning INTRODUÇÃO A maioria das teorias da aprendizagem preocupa-se com o processo da aprendizagem mas não com o valor do que é aprendido. Embora as pedagogias tenham acompanhado e se tenham adaptado à evolução da tecnologia, a certa altura as alterações introduzidas eram tais, que se tornou necessária uma nova abordagem (Siemens, 2004). O conceito de Conectivismo surge com o intuito de procurar respostas para as expetativas e preferências dos estudantes do séc. XXI, em plena era digital. A alteração radical do paradigma tecnológico que envolve a sociedade atual, requer novas abordagens educacionais mais co n- sonantes com as possibilidades que agora a tecnologia oferece à aprendizagem. Não havendo aqui lugar a uma abordagem profunda às teorias da aprendizagem surgidas no séc. XX, importa referi-las sucintamente para que se possam compreender os fundamentos do Conectivismo. Assim, começamos por fazer uma análise das teorias cognitivo-behavioristas e socioconstrutivistas considerando o destaque dado ao papel do aprendente, do conteúdo e do professor, em cada uma delas, como Anderson e Dron (2011) propuseram. Página | 1
  • 2. Cristina Neto Mestrado em Pedagogia do e-Learning Universidade Aberta Apresenta-se também a visão de que os princípios do Conectivismo estão subjacentes a muitas das estratégias utilizadas pelos estudantes e pelos professores do ensino básico e secundário, embora de forma inconsciente relativamente ao conceito. Sendo esta uma prática generaliza- da, seria interessante incluir explicitamente na formação, inicial e contínua, de professores a perspectiva do Conectivismo, de forma a alertar estes professores para os benefícios da pro- moção destes princípios e para a necessidade urgente de preparar para o Aprender a Apren- der, no novo paradigma sociocultural e educacional. Uma vez que vivemos a era dos digital natives (Prensky, 2001a; 2001b), seria também interessante aproveitar as capacidades desen- volvidas por esta nova geração para fomentar precocemente uma nova visão da educação e, porque não, saber a opinião dos estudantes sobre o assunto. TEORIAS COGNITIVO-BEHAVIORISTAS E SOCIO-CONSTRUTIVISTAS Segundo Anderson e Dron (2011), as teorias cognitivo-behavioristas consideram a aprendiza- gem como um processo individual, com objetivos e processos previamente bem definidos, independentemente do aprendente e do contexto de estudo. Na EaD, a presença do professor, de um modo geral, só é pressuposta para indicações e avaliação. Assistimos, portanto, a um modelo de educação tradicional em que o professor transmite conhecimentos académicos e o aluno recebe-os passivamente devendo assimilá-los e demonstrar a sua aprendizagem através da alteração de comportamentos observáveis, privilegiando-se, desta forma o Aprender a Fa- zer. Este paradigma revelava-se adequado ao modelo de Educação à Distância da época, devi- do às limitações da tecnologia então existente. Anderson e Dron (2011) referem que, nas teorias socioconstrutivistas, a enfase do processo de ensino-aprendizagem passa do conteúdo para o aprendente e o meio social que o rodeia. Te n- do estas teorias sido desenvolvidas paralelamente às tecnologias da comunicação bidirecional, é natural que tenham ganho expressão com o seu alargamento. Promove-se o envolvimento ativo dos aprendentes, o conhecimento é construído em interação com os pares, através da experimentação, com tarefas reais em contextos autênticos, com mediação do professor que é um guia e um construtor de intervenções educacionais. Cada aprendente cria meios para cons- truir o seu conhecimento e integrá-lo com o já existente, com o apoio e a colaboração do pro- fessor, tornando-se mais importante o processo de construção do conhecimento do que o resultado final. O CONECTIVISMO – O CONCEITO O Conectivismo é um quadro teórico para a compreensão da aprendizagem, desenvolvido por George Siemens e Stephen Downes (Kop & Hill, 2008). Baseia-se num modelo construtivista com o aprendente no centro do processo de aprendizagem. Segundo Anderson e Dron (2011), a presença do professor desenvolve-se através da construção de caminhos de aprendizagem e Página | 2
  • 3. Cristina Neto Mestrado em Pedagogia do e-Learning Universidade Aberta pela promoção e apoio às interações para que os aprendentes façam conexões a existentes e novos recursos de aprendizagem; professores e aprendentes colaboram para criar o objeto de estudo e, no processo, recriam esse objeto para futura utilização por outros. O importante não é saber, mas sim saber onde procurar, criar e manter conexões que permitam encontrar o conhecimento necessário e saber mobilizá-lo para utilização em situações concretas, assim como criar e partilhar novos recursos de aprendizagem que sirvam outros aprendentes. Sie- mens (2004) afirma: “Knowing where to find information is more important than knowing in- formation.” No Conectivismo, as conexões que nos permitem aprender são mais importantes que o nosso estado atual de conhecimento: “What we know is less important than our capaci- ty to continue to learn more. The connections we make (between individual specialized com- munities/bodies of knowledge) ensure that we remain current.” (Siemens, 2003). O Conectivismo não substitui as teorias cognitivo-behavioristas e socioconstrutivistas, antes as complementa e adapta à nova realidade tecnológica. Aliás, Anderson e Dron (2011) defendem que todas as três teorias de aprendizagem referidas se complementam para abarcar o unive r- so das necessidades e expetativas de aprendizagem dos aprendentes do séc. XXI. Devido à ligação indissociável entre o estado atual da tecnologia e a teoria conectivi sta, esta defende que o conhecimento está distribuído nas pessoas e na tecnologia, sendo a aprendiza- gem o processo de estabelecer conexões em rede, mantê-las e mobilizá-las de acordo com as necessidades (Siemens & Tittenberger, 2009). A noção de conhecimento distribuído é referida por Downes (2005) - distributed knowledge - e pode ser descrito como conhecimento conecti- vo: aquele que conduziu à produção de novo conhecimento por outrem, através da rede de conexões. Deste modo, a aprendizagem, reconhecida como conhecimento acionável, pode residir fora dos indivíduos, e até em dispositivos não humanos (Siemens, 2004) e requer várias competências: a compreensão de que as decisões são tomadas sobre uma realidade em cons- tante mutação, a capacidade para sintetizar e reconhecer ligações e padrões, para selecionar a informação relevante e atual e para reconhecer quando a nova informação altera os cenários sobre os quais se tomaram decisões (idem). Downes (2005) afirma que aprender é o processo de se tornar algo. Também Cormier (2011) refere que conhecer é um longo processo em que o modo como o individuo perceciona as coisas se altera, baseado em novos conhecimentos, conduzindo à mudança e ao crescimento pessoal, refletindo aqui o princípio do Aprender a Ser. CONECTIVISMO NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Na Educação à Distância, o Conectivismo parece ser um caminho óbvio, dadas as possibilid a- des criadas pelo avanço da tecnologia. A informação é inesgotável e o papel do aprendente não é memorizar e perceber tudo, mas encontrar e aplicar conhecimento onde e quando for Página | 3
  • 4. Cristina Neto Mestrado em Pedagogia do e-Learning Universidade Aberta necessário (Anderson & Dron, 2011), pelo que o estabelecimento de redes de aprendizagem e a comunicação síncrona e assíncrona são ferramentas indispensáveis proporcionadas, agora, com muito mais simplicidade e eficácia, pela Web 2.0. Os modelos conectivistas assentam na omnipresença na rede das pessoas, dos artefactos e do conteúdo (idem) para análise e discus- são, reutilização, transformação e redistribuição. CONECTIVISMO NOS NÍVEIS DE ENSINO FORMAL NÃO SUPERIOR A perspetiva do Conectivismo foca-se nas aprendizagens informais, no Ensino Superior e na Aprendizagem ao Longo da Vida, mas as questões ligadas a esta teoria parecem ter também pertinência noutros níveis de ensino, nomeadamente no terceiro ciclo e ensino secundário, dada a nova geração de digital natives (Prensky, 2001a e 2001b) - e às novas competências cognitivas que estes desenvolveram graças às novas tecnologias, como o multitasking (Prensky, 2001b). Enquanto professora do ensino básico e secundário, a minha experiência é testemunha das alterações que têm vindo a ocorrer nas preferências, expetativas e competências das novas gerações de estudantes. Estes têm, agora, a informação ao alcance de um clique e de forma mais apelativa e, na verdade, estabelecem as redes e procuram a informação do seu interesse. Essencial é preparar os estudantes para a urgente necessidade de Aprender a Aprender, alcan- çada através das competências referidas por Siemens (2004) e atrás mencionadas. Como Kop & Hill (2008) referem, Downes e Siemens não limitam o Conectivismo ao ambiente online nem reduzem as redes de comunicação aos ambientes digitais. A tecnologia apenas facilita a sua construção e a comunicação. CONCLUSÃO No ensino formal não superior, compreender os princípios do Conectivismo, não é mais do que dar nomes a muitas das ações, estratégias e objetivos já existentes na prática dos estudantes e professores. Importa agora alertá-los para que tomem consciência de esse é o modelo da Edu- cação do futuro. Por outro lado, o Conectivismo fomenta o valor do individuo enquanto fonte de conhecimento e elo de ligação na rede. Nos tempos difíceis que atravessamos, poderá advir uma era em que se reconheça a riqueza do individuo, em vez do indivíduo/número? Como estudante em regime de EaD, é minha constatação de que o estabelecimento de cone- xões na rede é imprescindível para a atualização constante do conhecimento, dado o encurta- mento do seu ciclo de vida, pois rapidamente nos apercebemos que estamos em permanente processo de atualização e isto é tão válido para adultos, como para adolesce ntes e jovens. Página | 4
  • 5. Cristina Neto Mestrado em Pedagogia do e-Learning Universidade Aberta REFERÊNCIAS Anderson, T. & Dron, J. (2011). Three generations of Distance Education Pedagogy. Internac- ional Review of Research in Open and Distance Learning, vol. 12, nº 3. Acedido 17 março 2013, em: http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/890 Connole, G. (2010). Review of pedagogical models and their use in e-learning. Acedido 17 mar- ço 2013, em: http://www.slideshare.net/grainne/pedagogical-models-and-their- use-in-elearning20100304 Cormier, D. (2011). Rhizomatic Learning – Why we teach? Acedido 17 março 2013, em: http://davecormier.com/edblog/2011/11/05/rhizomatic-learning-why-learn/ Downes, S. (2005). An introduction to Connective Knowledge. Acedido 17 março 2013, em: http://www.downes.ca/post/33034 Downes, S. (2006). Learning Networks and Connective Knowledge. Acedido 17 março 2013, em: http://itforum.coe.uga.edu/paper92/paper92.html Downes, S. (2007a). How the net works. Acedido 17 março 2013, em: http://www.downes.ca/cgi-bin/page.cgi?post=42068 Downes, S. (2007b). What connectivism is. Acedido 17 março 2013, em: http://halfanhour.blogspot.pt/2007/02/what-connectivism-is.html Kop, R. & Hill, A. (2008). Connectivism: Learning Theory of the future or vestige of the past? Internacional Review of Research in Open and Distance Learning, vol. 9, nº 3. Ace- dido 17 março 2013, em: http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/523/1103 Prensky, M. (2001a). Digital Natives, Digital Immigrants. In On the Horizon (MCB University Press, Vol. 9 No. 5, October 2001. Acedido 17 março 2013, em: http://www.marcprensky.com/writing/prensky%20- %20digital%20natives,%20digital%20immigrants%20-%20part1.pdf Prensky, M. (2001b). Digital Natives, Digital Immigrants Part II: Do They REALLY Think Differ- ently? — Neuroscience Says Yes. In On the Horizon - NCB University Press, Vol. 9 Nº 6. Acedido 17 março 2013, em: http://www.marcprensky.com/writing/Prensky%20- %20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigrants%20-%20Part2.pdf Siemens, G. (2003). Learning Ecology, Communities, and Networks - Extending the classroom. Acedido 17 março 2013, em: http://www.elearnspace.org/Articles/learning_communities.htm Siemens, G. (2004). Connectivism: a Learning Theory for the Digital Age. Acedido 17 março 2013, em: http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm Siemens, G. (2008). New structures and spaces of learning: The systemic impact of knowledge, connectivism and networked learning. Acedido 17 março 2013, em: http://elearnspace.org/Articles/systemic_impact.htm Siemens, G. & Tittenbeger, P. (2009). Handbook of Emerging Technologies for Learning. Acedi- do 17 março 2013, em: http://elearnspace.org/Articles/HETL.pdf Página | 5