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Expansão Urbana e Degradação Ambiental
No mapa que retrata as tendências de crescimento demográfico na Região Metropolitana baixa renda, nos quais o padrão de parcelamento do solo é caracterizado pelo predomínio
de São Paulo na última década e meia, deve-se considerar o destaque dado ao município dos terrenos de dimensões muito reduzidas e com presença freqüente de favelas, ou em
de São Paulo, com informações desagregadas para cada um de seus 96 distritos. Quanto distritos onde o poder público implantou conjuntos habitacionais de interesse social, com
aos demais 38 municípios que compõem a região, a base cartográfica disponível impôs a elevado número de unidades habitacionais.
representação dos dados agregados as taxas se referem aos valores médios para o
município. Assim, verifica-se que apenas São Caetano do Sul apresenta perda de O mapa que apresenta a expansão da mancha urbana ou área urbanizada na Região
população, apesar de o fenômeno estar presente também em porções dos núcleos centrais Metropolitana de São Paulo, por períodos que, em conjunto, cobrem pouco mais de um
de municípios como SantoAndré, São Bernardo do Campo e Guarulhos. século, mostra, de certo modo, uma síntese do processo de crescimento e transformação
do pequeno núcleo inicial da cidade, numa vasta e tentacular metrópole. Aárea urbanizada
2
Em relação a São Paulo, observa-se a incidência de taxas negativas de crescimento anual apenas no município de São Paulo é estimada em cerca de 1.000 km (Sempla, 2002). Na
num amplo conjunto de distritos, não mais restrito à área central da cidade. Isso demonstra região metropolitana, a mancha urbana contínua da aglomeração atinge cerca de 80 km de
a persistência e a ampliação de uma tendência detectada inicialmente no Censo de 1980, extensão no sentido leste-oeste, entre Itapevi e Moji das Cruzes.
nos distritos do Bom Retiro, Brás, Pari e Belém, que então sofriam um processo de
progressivo abandono de antigas instalações industriais e de degradação das tradicionais Os dados indicam um avanço da área urbanizada sobre zonas frágeis do ponto de vista
zonas residenciais operárias, acarretando, no plano demográfico, uma gradual perda de ambiental, vale dizer, sobre porções do território destinadas à proteção de mananciais, à
população. preservação de vegetação natural e que são definidas como tal, pela própria legislação
municipal de parcelamento, uso e ocupação do solo, bem como por leis estaduais de
Durante a década de 90 e nos anos posteriores, o crescimento populacional em São Paulo proteção ao meio ambiente. No sentido norte-sul, as barreiras naturais representadas pela
refletiu a consolidação de uma tendência de inversão do padrão migratório que vigorou por serra da Cantareira, ao norte, e pelos reservatórios Billings, Guarapiranga, bem como pelos
cerca de um século e no qual a cidade desempenhava papel de vigoroso pólo de atração. A mares de morros florestados que precedem a encosta da serra do Mar, ao sul, vão
redução de seu poder de atrair fluxos migratórios os saldos anuais passaram a ser gradativamente deixando de ser fatores de contenção ao espraiamento da ocupação
negativos , conjugada à queda nos índices de fertilidade e de natalidade, observada para o urbana. O comprometimento dos recursos hídricos e das condições de drenagem do solo
conjunto da população brasileira, levou a um significativo declínio do crescimento pode ser citado como uma das conseqüências nefastas deste padrão de crescimento.
demográfico (a taxa geométrica de crescimento, que era de 1,16% ao ano entre 1980 e
1991, está estimada em apenas 0,65% para o período 1991-2005). O mapa sobre a expansão da área urbanizada na região metropolitana teve como fonte de
dados básicos o levantamento feito pela Emplasa, que cobre o período 1881-2002. Nele,
Quando se considera o conjunto da região metropolitana, a par dessa desaceleração no mapas e plantas cartográficas (notadamente aqueles gerados pelas concessionárias de
ritmo de crescimento populacional, válida sem dúvida também para esta área (de 1,88% ao serviços públicos) forneceram as informações para o intervalo 1881-1961. Os dados
ano, entre 1980 e 1991, a taxa geométrica anual projetada diminuiu para 1,21% no período relativos ao período 1962-1979 têm como fonte levantamentos aerofotogramétricos. Para o
1991-2005), nota-se a ocorrência de um movimento de “periferização” desse crescimento, período de 1980 em diante, a Emplasa fez uso de imagens de sensoriamento remoto
no sentido de que elevadas taxas anuais passaram a ser observadas não apenas em (Landsat e Ikonos este último apenas para 2002). Cabe ressalvar que certo grau de
alguns distritos afastados do centro da capital, mas também em municípios da região superestimação pode estar contido no crescimento da mancha urbana para o período 1950-
metropolitana que se tornam locais preferenciais de residência para segmentos sociais de 1962, em razão de opções metodológicas feitas para a reconstituição da área urbanizada
baixa renda, que não podem assumir os custos elevados da moradia em porções mais (até 1961, a fonte são mapas históricos, que cobrem apenas o município de São Paulo e
centrais da metrópole (é necessário matizar esta tendência com relação a municípios como seus arredores próximos; a partir de 1962, fotos aéreas, com cobertura aproximada do
Santana de Parnaíba e Barueri, que, ao lado desse padrão citado, também têm seu perímetro atual da região metropolitana). Na leitura das imagens Ikonos colhidas em 2002,
crescimento afetado pela implantação de grandes condomínios destinados à população de com elevado grau de resolução, foram consideradas como urbanizadas, entre outras, as
alta renda). Vale destacar, em síntese, que, em oposição aos municípios com taxas de áreas correspondentes a loteamentos de chácaras de lazer, edificações e instalações de
crescimento anuais muito elevadas no período retratado (Vargem Grande Paulista com serviços, ao longo de rodovias, e instalações industriais localizadas no entorno da mancha
5,43%, Santana de Parnaíba, 5,16%, Caieiras, 4,58%), observam-se taxas reduzidas urbana contínua, o que explica a fragmentação da mancha urbana no período mais recente
especialmente no grupo de municípios marcados pelo processo de industrialização paulista representado no mapa.
nos anos 50 e 60 (São Caetano do Sul, com taxa geométrica anual de crescimento de -
0,55% projetada para o período 1991-2005, Santo André, com 0,44% e Diadema, com Ainda no tema expansão urbana/degradação ambiental, destaca-se o mapa com indicação
1,30%). das áreas localizadas em assentamentos precários e sujeitas a escorregamentos de
encostas e solapamentos em beira de córregos. A fonte de tais informações é o
Quanto à distribuição espacial da população no município de São Paulo, os padrões levantamento feito em 2003 pelo IPT e pela Unesp, por solicitação da Secretaria Municipal
representados nos mapas que indicam as densidades demográficas por distritos (1991 e de Coordenação das Subprefeituras/SMSP, que gerou o cadastro das áreas de risco no
2005) refletem não apenas a dinâmica do crescimento demográfico no período (redução da município, permanentemente atualizado sob responsabilidade da SMSP. No mapa também
densidade em porções centrais do município que tiveram perda mais acentuada de aparecem pontuadas as ocorrências de inundações e transbordamentos, provocados pela
população e aumento, sobretudo, nos extremos leste e sudoeste, correspondendo a ocupação inadequada de várzeas, pelo processo de impermeabilização extensiva do solo e
distritos com crescimento superior a 1,5% ao ano), mas também os modelos de pelo comprometimento das condições de drenagem na área urbana. Essas informações
parcelamento e ocupação do solo: as densidades elevam-se, no período, em distritos têm como fonte o cadastro da Secretaria Municipal de Infra-Estrutura Urbana Siurb (para o
ocupados por segmentos de rendas média e alta, que passaram por processos de período janeiro a setembro de 2006).
verticalização nas edificações, bem como em distritos ocupados por segmentos sociais de
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Assim, verifica-se que apenas São Caetano do Sul apresenta perda de O mapa que apresenta a expansão da mancha urbana ou área urbanizada na Região população, apesar de o fenômeno estar presente também em porções dos núcleos centrais Metropolitana de São Paulo, por períodos que, em conjunto, cobrem pouco mais de um de municípios como SantoAndré, São Bernardo do Campo e Guarulhos. século, mostra, de certo modo, uma síntese do processo de crescimento e transformação do pequeno núcleo inicial da cidade, numa vasta e tentacular metrópole. Aárea urbanizada 2 Em relação a São Paulo, observa-se a incidência de taxas negativas de crescimento anual apenas no município de São Paulo é estimada em cerca de 1.000 km (Sempla, 2002). Na num amplo conjunto de distritos, não mais restrito à área central da cidade. Isso demonstra região metropolitana, a mancha urbana contínua da aglomeração atinge cerca de 80 km de a persistência e a ampliação de uma tendência detectada inicialmente no Censo de 1980, extensão no sentido leste-oeste, entre Itapevi e Moji das Cruzes. nos distritos do Bom Retiro, Brás, Pari e Belém, que então sofriam um processo de progressivo abandono de antigas instalações industriais e de degradação das tradicionais Os dados indicam um avanço da área urbanizada sobre zonas frágeis do ponto de vista zonas residenciais operárias, acarretando, no plano demográfico, uma gradual perda de ambiental, vale dizer, sobre porções do território destinadas à proteção de mananciais, à população. preservação de vegetação natural e que são definidas como tal, pela própria legislação municipal de parcelamento, uso e ocupação do solo, bem como por leis estaduais de Durante a década de 90 e nos anos posteriores, o crescimento populacional em São Paulo proteção ao meio ambiente. No sentido norte-sul, as barreiras naturais representadas pela refletiu a consolidação de uma tendência de inversão do padrão migratório que vigorou por serra da Cantareira, ao norte, e pelos reservatórios Billings, Guarapiranga, bem como pelos cerca de um século e no qual a cidade desempenhava papel de vigoroso pólo de atração. A mares de morros florestados que precedem a encosta da serra do Mar, ao sul, vão redução de seu poder de atrair fluxos migratórios os saldos anuais passaram a ser gradativamente deixando de ser fatores de contenção ao espraiamento da ocupação negativos , conjugada à queda nos índices de fertilidade e de natalidade, observada para o urbana. 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Os dados ano, entre 1980 e 1991, a taxa geométrica anual projetada diminuiu para 1,21% no período relativos ao período 1962-1979 têm como fonte levantamentos aerofotogramétricos. Para o 1991-2005), nota-se a ocorrência de um movimento de “periferização” desse crescimento, período de 1980 em diante, a Emplasa fez uso de imagens de sensoriamento remoto no sentido de que elevadas taxas anuais passaram a ser observadas não apenas em (Landsat e Ikonos este último apenas para 2002). Cabe ressalvar que certo grau de alguns distritos afastados do centro da capital, mas também em municípios da região superestimação pode estar contido no crescimento da mancha urbana para o período 1950- metropolitana que se tornam locais preferenciais de residência para segmentos sociais de 1962, em razão de opções metodológicas feitas para a reconstituição da área urbanizada baixa renda, que não podem assumir os custos elevados da moradia em porções mais (até 1961, a fonte são mapas históricos, que cobrem apenas o município de São Paulo e centrais da metrópole (é necessário matizar esta tendência com relação a municípios como seus arredores próximos; a partir de 1962, fotos aéreas, com cobertura aproximada do Santana de Parnaíba e Barueri, que, ao lado desse padrão citado, também têm seu perímetro atual da região metropolitana). 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Vale destacar, em síntese, que, em oposição aos municípios com taxas de áreas correspondentes a loteamentos de chácaras de lazer, edificações e instalações de crescimento anuais muito elevadas no período retratado (Vargem Grande Paulista com serviços, ao longo de rodovias, e instalações industriais localizadas no entorno da mancha 5,43%, Santana de Parnaíba, 5,16%, Caieiras, 4,58%), observam-se taxas reduzidas urbana contínua, o que explica a fragmentação da mancha urbana no período mais recente especialmente no grupo de municípios marcados pelo processo de industrialização paulista representado no mapa. nos anos 50 e 60 (São Caetano do Sul, com taxa geométrica anual de crescimento de - 0,55% projetada para o período 1991-2005, Santo André, com 0,44% e Diadema, com Ainda no tema expansão urbana/degradação ambiental, destaca-se o mapa com indicação 1,30%). das áreas localizadas em assentamentos precários e sujeitas a escorregamentos de encostas e solapamentos em beira de córregos. A fonte de tais informações é o Quanto à distribuição espacial da população no município de São Paulo, os padrões levantamento feito em 2003 pelo IPT e pela Unesp, por solicitação da Secretaria Municipal representados nos mapas que indicam as densidades demográficas por distritos (1991 e de Coordenação das Subprefeituras/SMSP, que gerou o cadastro das áreas de risco no 2005) refletem não apenas a dinâmica do crescimento demográfico no período (redução da município, permanentemente atualizado sob responsabilidade da SMSP. No mapa também densidade em porções centrais do município que tiveram perda mais acentuada de aparecem pontuadas as ocorrências de inundações e transbordamentos, provocados pela população e aumento, sobretudo, nos extremos leste e sudoeste, correspondendo a ocupação inadequada de várzeas, pelo processo de impermeabilização extensiva do solo e distritos com crescimento superior a 1,5% ao ano), mas também os modelos de pelo comprometimento das condições de drenagem na área urbana. Essas informações parcelamento e ocupação do solo: as densidades elevam-se, no período, em distritos têm como fonte o cadastro da Secretaria Municipal de Infra-Estrutura Urbana Siurb (para o ocupados por segmentos de rendas média e alta, que passaram por processos de período janeiro a setembro de 2006). verticalização nas edificações, bem como em distritos ocupados por segmentos sociais de SÉRIE TEMÁTICA MUNICÍPIO EM MAPAS DINÂMICA URBANA