Micro e pequenos empresários estão pouco dispostos a tomar crédito devido à burocracia e altas taxas de juros. Eles também demonstram pouca intenção de investir nos próximos meses, preferindo usar recursos próprios em vez de empréstimos. A demanda fraca do consumidor e a estagnação econômica explicam a retração destes empreendedores.
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1. Micro e pequenos empresários estão pouco
dispostos a tomar crédito
Novo indicador do SPC Brasil revela que burocracia e juros cobrados nos financiamentos
dificultam acesso ao crédito. Intenção de investimentos dos MPEs também é pequena
A atividade econômica enfraquecida e o cenário de juros em alta e inflação
persistente têm refletido na baixa disposição dos micro e pequenos empresários
(MPE) em tomar crédito. De acordo com um novo indicador lançado hoje pelo
Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de
Dirigentes Lojistas (CNDL), a demanda por crédito pelos próximos três meses dos
micro e pequenos empresários registrou um baixo patamar de 16,36 pontos. Quanto
mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários procurarem crédito
e, quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar recursos
emprestados para os seus negócios.
Na avaliação do presidente da CNDL, Honório Pinheiro, o baixo apetite ao crédito é
justificado não somente pelo difícil momento econômico pelo qual o país atravessa,
mas também por um componente comportamental dos empreendedores brasileiros.
“Grande parte dos empresários desconhece a existência de linhas de financiamento
adequadas aos perfis de seus negócios. Some-se a isso, a falta de profissionalização
dentro das empresas. Como muitos dos micro e pequenos empresários misturam a
gestão do caixa do empreendimento com as contas pessoais, é comum que eles
acabem utilizando os próprios recursos financeiros como alternativa aos empréstimos
e financiamentos”, explica Honório.
“A burocracia e a falta de conhecimento sobre o tipo de crédito mais adequado à
empresa acabam forçando as empresas de menor porte a buscarem maneiras mais
caras e menos convencionais para aportar recursos”, explica a economista-chefe do
SPC Brasil, Marcela Kawauti. Segundo a pesquisa, um terço (32,9%) dos
empresários consultados consideram que está “difícil” ou “muito difícil” conseguir
credito atualmente no Brasil. Dentre o universo de empresários pessimistas, quase a
metade (49,0%) aponta a burocracia como a razão principal do impedimento e
outros 30,4% apontam as altas taxas de juros praticadas no mercado.
Levando em consideração os micro e pequenos empresários que demonstram a
intenção de contrair crédito nos próximos 90 dias, obter recursos para formar capital
2. giro aparece em primeiro lugar, com 36,7% de respostas. Outras finalidades também
mencionadas são o pagamento de dívidas (26,7%), reforma da empresa (22,3%) e
compra de máquinas e equipamentos (21,1%).
Empresário retraído para investir
A intenção dos micro e pequenos empresários em promover investimentos em seus
empreendimentos também é baixa, se considerados os próximos 90 dias. Numa
escala de zero a 100 - sendo que quanto mais próximo de 100, maior é a propensão
ao investimento – o indicador do mês de maio calculado pelo SPC Brasil atingiu
apenas 32,06 pontos. Ainda que em patamar baixo, o resultado do indicador de
investimento foi praticamente o dobro do indicador de procura por crédito. “Com a
demanda do consumidor retraída e a atividade econômica estagnada como um todo,
o empresariado brasileiro tem se mostrado reticente para aumentar investimentos”,
afirma Marcela.
Dentre o universo de empresários que pretendem investir, os recursos financeiros
pessoais aparecem com força. Seis em cada dez entrevistados (63,3%) citam os
recursos poupados por eles mesmos como fonte de financiamento, ao passo que
24,9% mencionam empréstimos em bancos e financeiras como o recurso a ser
utilizado para a ocasião.
“No caso dos micro e pequenos empreendedores, no entanto, é preciso considerar,
que nem todo investimento é um investimento no sentido clássico que visa aumentar
a capacidade de produção. Para empresas deste porte, a ação pode incluir
benfeitorias e gastos com manutenção, por exemplo”, pondera a economista do SPC
Brasil.
De acordo com os empresários ouvidos, no que diz respeito aos investimentos a
serem adotados, os mais mencionados são a reforma e aplicação da empresa
(46,0%), compra de equipamentos, como maquinário e computadores (32,9%),
ampliação do estoque dos produtos (12,2%) e investimento em propaganda e
comunicação (9,7%).
Metodologia
Lançado hoje pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o Indicador por Crédito e Investimentos do
Micro e Pequeno Empresário (IDCI-MPE) leva em consideração 800
3. empreendimentos nas 27 unidades da federação, incluindo capitais e interior. Trata-
se de um indicador inédito no mercado, que leva em consideração apenas as
empresas com até 49 funcionários. As micro e pequenas empresas representam 39%
e 35% do universo de empresas brasileiras nos segmentos de comércio e serviços,
respectivamente.
Baixe a íntegra do indicador em https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/indices-
economicos
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