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Daniel Trielli
Juliana Ravelli / WASHINGTON
E
m uma sala repleta de caixas de papelão e
latasdefilme,noprédiodoArquivoAntro-
pológico Nacional, nos arredores de
Washington,AtapuchaWauráprocuraorostoda
mãe, Akaintsaritsumpalu. Um dos líderes do po-
vo Wauja, do Alto Xingu, ele assiste a imagens
filmadasnos anos 1960, duranteuma das muitas
viagens que antropólogos faziam para o centro
do Brasil. Atapucha sabe que, sozinho, não vai
reconhecer a mãe, já que ela morreu quando ele
era bebê. Depende das lembranças de Kuratu
Waurá, de 61 anos. Atapucha, Kuratu e Tukupe
Waurá, de 34 anos, assistem ao filme juntos, sor-
rindo como sorrimos quando vemos familiares
emvídeosantigos.Atapuchasentequeaimagem
da mãe está em algum lugar, guardada em uma
sala parecida com aquela, só esperando para ser
revista e registrada com o nome certo.
Os três Wauja estão a mais de 6 mil quilôme-
tros de suas aldeias, que ficam em uma parte
aindaverdedoMatoGrosso. KuratueTukupejá
tinham ido a Paris, mas Atapucha nunca havia
saído do Brasil. Os índios, oficialmente, estão
emumamissãodoSmithsonian.Oinstitutonor-
te-americano que reúne 19 galerias e museus –
entre eles o do Índio Americano – pagou a via-
gempormeiodoprojetoRecoveringVoices(Re-
cuperandoVozes),cujoobjetivoéregistrareres-
guardar línguas e culturas indígenas ameaçadas
de extinção. Os Wauja são o primeiro povo da
América do Sul a receber o projeto.
Uma das tarefas do trio foi assistir às imagens
que o etnógrafo gaúcho Harald Schultz (1909-
1966) gravou durante expedições ao Xingu nos
anos1960.EranelasqueAkaintsaritsumpalupo-
deria estar. “Ninguém falou para mim que tinha
foto de minha mãe. Eu que estou imaginando.
Será que eu não poderia conhecer a cara dela?”,
diz Atapucha. “Na época, muitos antropólogos
chegavam lá. Deve ter foto da minha mãe em al-
gumlugar.Meupaieramuitoconhecido,elesem-
preestáemalgumasfotos.Esperoqueeuconsiga
encontrar a foto da minha mãe e da minha avó,
que não conheci também.” Os Wauja estavam
otimistas. Identificaram muitas pessoas, mas a
mãe de Atapucha não estava ali. Ele, no entanto,
continua procurando.
FamíliaéumacoisaimportanteparaosWauja,
umpovocomcercade600integrantes.ParaAta-
pucha,elatemumsignificadomaisprofundoain-
da. “Sempre contam que minha mãe me deixou
quando comecei a me arrastar no chão. Minha
irmã era mocinha e me adotou como o primeiro
filho dela. Só que ela não tinha peito para eu be-
ber.Eusofri,quasemorri.Elafaziacaldodedoce
de raiz e mingau. Eu vivia com leite materno das
primas do meu pai. Cada um me ajudava. Assim,
sobrevivi. Não tenho ideia de como ajudar meu
povo. Eles me colocaram como chefe e tenho de
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ram sobreviver.”
Outro trabalho dos três Wauja nos Estados
Unidos é descrever em sua língua, da família
arawak, centenas de objetos. Quem os acompa-
nhanajornadaéaantropólogaepesquisadorado
Smithsonian Emilienne Ireland e seu marido, o
professor de Estudos Asiático-Americanos da
UniversidadedeMarylandPhilTajitsuNash.Ku-
ratu, Atapucha e Tukupe estão hospedados na
casa de Emilienne e Nash desde que chegaram,
em 5 de setembro. Sentados ao redor de uma
grandemesa,explicamquemfazeusacadaobje-
to, quais os materiais para fabricá-los e onde os
encontram, dão ainda um resumo de como pro-
duzi-los. Tudo é filmado.
Os objetos foram coletados por Emilienne ao
longode anos.Agora, elaos doa parao Smithso-
nian. Também já havia doado peças para o Mu-
seu Nacional do Rio. Mas o trabalho dos três
Waujanãoésóparaosmuseus, éparaasfuturas
gerações. Segundo Emilienne, muitos objetos
nãosão maisusados.Registrá-lospermitirá que
os próximos Wauja tenham contato com seu
passado.“Oconhecimentodosnossosantepas-
sados,temosderegistrar.Estouinteressadoem
explicar como é, como faz. Temos de contar
tudo para não perder depois. Quem sabe, as
criançasvãobuscarnossaculturaeconhecimen-
to com o museu. Minha luta é essa, registrar
tudo o que temos para não perder. Enquanto
estouvivo,voucontinuarlutando.Oqueestiver
ao meu alcance, vou fazer. Não vim aqui conhe-
cer a cidade, por passeio. Vim buscar conheci-
mento”, diz Atapucha.
Emilienne conheceu os Wauja em 1981, viveu
com eles por alguns anos e fala fluentemente a
línguaWauja.Naquelasuavisitainicial,mostrou
aos índios xerox de um livro sobre a expedição à
terradosWauja, realizadaporMarechalRondon
em 1924. Muitos anciãos ficaram emocionados,
poisreconheceramfamiliaresquejáhaviammor-
rido.Desdeentão,Emiliennetomouparasiamis-
sãodegarantiraos Waujao direitodevereteros
registros de seus antepassados. A antropóloga
voltouaoXingumuitasvezes,umadelasem2012
para exibir pela primeira vez os vídeos de Ron-
don e da Expedição Roncador-Xingu (entre 1941
e 1948), da qual os irmãos Villas-Boas participa-
ram.Aexperiênciavirouoprojetodocumentário
Return of the Captured Spirits (O Retorno dos Es-
píritosCapturados).Faltou,entretanto,mostrar
aos Wauja as imagens feitas por Schultz.
SegundoaantropólogaSandraMariaChristia-
nide la Torre, pesquisadora do acervo do Museu
de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP,
SchultzesteveváriastemporadasentreosWauja
em 1964, tirou inúmeras fotos e produziu 13 fil-
mes. “Ele passava temporadas, às vezes meses,
com as populações. Sua intenção era vivenciar o
cotidiano de cada povo indígena para divulgar a
diversidade cultural. Registrava momentos de
produção de objetos, bem como cerimônias im-
portantes.QuandoretornavaaSãoPaulo,promo-
via mostras e debates com filmes, fotos e artefa-
tosnoMuseuPaulista,ondetrabalhavacomofo-
tógrafo e etnógrafo”, explica Sandra.
Calcula-se que Atapucha tenha nascido entre
1964 e 1966. A chance de que sua mãe esteja em
algum dos registros, portanto, é grande. Agora, a
esperançadeencontrá-laestánoacervodoMAE.
Os três Wauja deixaram os Estados Unidos na
sexta-feiraevãopassaralgunsdiasemSãoPaulo
antesdevoltaraoXingu.SegundoSandra,devem
visitar o museu da USP nesta terça (18) ou na
quarta(19).Éimportantequeavisitaocorranes-
ta semana porque Kuratu – o único que pode
reconhecer a imagem – e Atapucha raramente
deixam suas aldeias. A própria ida aos Estados
Unidos ocorreu em meio a muitos sacrifícios.
O pai de Kuratu, o grande líder Arutatumpa,
morreurecentemente.Alémdolutopessoal,Ku-
ratutemgranderesponsabilidadenosrituaisrea-
lizados após a morte de integrantes de seu povo.
Também ficou muito doente, mas entendeu que
precisava se recuperar e viajar. “Eu não sabia na-
dasobreessepaís.Fomosaomuseuemostraram
fotosdemeusantepassados.Vimeupai,queaca-
bei de enterrar. Vi meu tio e tantosque já morre-
ram. Foi triste. Meu pai morreu, mas a imagem
dele vai permanecer. Nós permitimos que vocês
tenham as imagens, mas cuidem bem delas”, diz
Kuratu.
Já Atapucha e Tukupe precisavam reformar a
casa em que vivem antes da época das chuvas,
que começa agora. Por causa da viagem, terão de
improvisar uma lona sobre o teto neste ano.
“Acrediteinessetrabalhoemergulheinele.Agen-
te constrói a casa e depois de 14 anos ela cai, e a
gentetemdefazeroutravez.Elatemtempopara
a gente construir, mas a história, uma vez que
acaba,nuncaseconstróinovamente.Euseiacon-
sequêncianaminhacasanesteano.Vamossofrer
um pouco. Mas, quando eu estiver lá, a gente re-
solve”, afirma Tukupe.
A luta por proteger a cultura Wauja também
está na internet. Com ajuda de Emilienne, eles
começaram a fazer um dicionário até agora com
pouco mais de cem verbetes, de “aisepitsa” (fle-
xão do substantivo “cadeira” ou “banco”) a
“yuwanaka”(flexãodoverbo“abrir”).Elesusam
a plataforma do Wikcionário, em que todos os
usuários podem colaborar e editar juntos. Mas,
mesmonodemocráticoespaçodigital,asinstitui-
ções do homem branco resistem. Os Wauja des-
cobriram que, recentemente e sem aviso, um
usuáriomudouo nomede suapágina para“Uau-
rá”. O editor da página apelou para a autoridade
queconhece:osdicionáriosquepreveemaforma
aportuguesada – e, segundo os próprios Wauja,
completamente equivocada – do nome do povo
indígena.
Bruna Franchetto, professora titular do pro-
gramadepós-graduaçãoemAntropologiaSocial
eLinguísticado MuseuNacionalda Universida-
deFederaldoRiodeJaneiro,explicaqueaportu-
guesar os nomes indígenas é o oposto do que
deve ser feito. “O próprio aportuguesamento é
uma digestão por parte dos colonizadores àsve-
zes de palavras que não entendiam, que acaba-
ramescrevendodequalquerjeitoequesecrista-
lizaram na literatura”, conta Bruna, que diz que
opadrãooficialdogovernobrasileiroéaautode-
nominação. “Cada povo tem absoluto direito de
dizeronomepeloqualquerser designado.Éum
direito básico.”
Agora, os Wauja tentam recuperar seu territó-
rio linguístico. Pelas regras da plataforma, usuá-
rios podem pedir votações sobre decisões polê-
micas.Porenquanto, a votação – que terminano
dia 25 – está em 5 a 0 a favor dos Wauja. “Se o
nome da página ficar ‘Uaurá’, os Wauja não vão
querer usar”, conta Emilienne. “Vamos perder
essa coisa preciosíssima não só para os Wauja
como para o Brasil.”
Filha de uma francesa e um norte-americano,
Emilienne conta que sempre se sentiu dividida
entreosdoispaísesequeseincomodavaaoouvir
que França e EUA eram “os melhores”. “Então,
quis estudar outro país. Atapucha disse que foi
bom visitar outra terra. Para mim, abri minha
cabeça ao visitar vocês. É uma cultura que tem
muito a ensinar. O que é mais importante: fazer
drones ou ter criança sem fome? Meu país pode
fazer drones, mas os Wauja tem criança sem fo-
me”,dizEmilienne.“Omaisimportanteéacomi-
da, né?”, responde Atapucha.
Os Wauja também estão ameaçados pela mu-
danças de sua terra, causadas pela pressão da
agropecuária. Na última segunda-feira, Kuratu,
Atapucha e Tukupe estiveram na Universidade
de Maryland para a exibição do documentário
Para Onde Foram as Andorinhas?, dirigido por
Mari Corrêa. O filme mostra como, no lugar
onde os Wauja vivem, os rios estão secando e o
arestámaisquente.Amudançaclimática,expli-
caram os Wauja, altera até o modo como os ín-
dios marcam a passagem do tempo. Quando as
chuvas estavam para começar, as andorinhas
revoavam e as cigarras cantavam. Quando o ní-
vel dos rios estavam para baixar, as borboletas
chegavam. Hoje, nada disso acontece na hora
que deveria acontecer. Até as árvores de pequi,
fruto sagrado para os Wauja, estão repletas de
insetos que não apareciam antes de a soja e o
milho cercarem o Xingu.
Tudo isso motiva os Wauja a lutar e a viajar
paralongeparaaprendercomospovosindígenas
do resto do mundo. “Eu achava que eram só os
americanos que trabalhavam no Smithsonian.
Quandofalaramquetodossãoíndiosquetomam
conta das coisas no Museu do Índio do Smithso-
nian, imaginei o queestava acontecendo.Come-
çaram a contar como sofreram antes, mas hoje
conseguiram voltar e enfrentar os inimigos.
Quemsabe,nofuturo,agentevaiteralgoigualno
Brasil. Falei para meu sobrinho (Tukupe): ‘Esta-
mos no caminho certo. Temos de registrar tudo
que a gente tem’. Quem sabe vamos conseguir
um museu para nós. Quem sabe os brasileiros
vãoreconhecernossotrabalho.Vamoslevarsabe-
doria para eles”, diz Atapucha.
VOZES
RECUPERADAS
JAMES DI LORETO/INSTITUTO SMITHSONIAN
Cultura. Líderes dos Wauja fazendo uma máscara, em 1982 Registro. Atapucha e Kuratu descrevem objetos na língua Wauja
Índios do Alto Xingu viajam 6 mil quilômetros até os Estados Unidos em defesa da sua história e em busca
de memórias de família. “O conhecimento dos nossos antepassados, temos de registrar. Quem sabe um dia
vamos conseguir um museu para nós também no Brasil”, diz Atapucha Waurá, que viajou a Washington
também com a esperança de encontrar uma foto da mãe, morta quando ele era bebê. “Na época,
muitos antropólogos iam até lá. Deve ter foto da minha mãe em algum lugar”
Longe de casa. Atapucha Waurá (camisa laranja), Tukupe Waurá (rosa) e Kuratu Waurá (vermelha), no instituto Smithsonian
%HermesFileInfo:E-4:20161016:
E4 Aliás DOMINGO, 16 DE OUTUBRO DE 2016 O ESTADO DE S. PAULO

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Vozes recuperadas

  • 1. Daniel Trielli Juliana Ravelli / WASHINGTON E m uma sala repleta de caixas de papelão e latasdefilme,noprédiodoArquivoAntro- pológico Nacional, nos arredores de Washington,AtapuchaWauráprocuraorostoda mãe, Akaintsaritsumpalu. Um dos líderes do po- vo Wauja, do Alto Xingu, ele assiste a imagens filmadasnos anos 1960, duranteuma das muitas viagens que antropólogos faziam para o centro do Brasil. Atapucha sabe que, sozinho, não vai reconhecer a mãe, já que ela morreu quando ele era bebê. Depende das lembranças de Kuratu Waurá, de 61 anos. Atapucha, Kuratu e Tukupe Waurá, de 34 anos, assistem ao filme juntos, sor- rindo como sorrimos quando vemos familiares emvídeosantigos.Atapuchasentequeaimagem da mãe está em algum lugar, guardada em uma sala parecida com aquela, só esperando para ser revista e registrada com o nome certo. Os três Wauja estão a mais de 6 mil quilôme- tros de suas aldeias, que ficam em uma parte aindaverdedoMatoGrosso. KuratueTukupejá tinham ido a Paris, mas Atapucha nunca havia saído do Brasil. Os índios, oficialmente, estão emumamissãodoSmithsonian.Oinstitutonor- te-americano que reúne 19 galerias e museus – entre eles o do Índio Americano – pagou a via- gempormeiodoprojetoRecoveringVoices(Re- cuperandoVozes),cujoobjetivoéregistrareres- guardar línguas e culturas indígenas ameaçadas de extinção. Os Wauja são o primeiro povo da América do Sul a receber o projeto. Uma das tarefas do trio foi assistir às imagens que o etnógrafo gaúcho Harald Schultz (1909- 1966) gravou durante expedições ao Xingu nos anos1960.EranelasqueAkaintsaritsumpalupo- deria estar. “Ninguém falou para mim que tinha foto de minha mãe. Eu que estou imaginando. Será que eu não poderia conhecer a cara dela?”, diz Atapucha. “Na época, muitos antropólogos chegavam lá. Deve ter foto da minha mãe em al- gumlugar.Meupaieramuitoconhecido,elesem- preestáemalgumasfotos.Esperoqueeuconsiga encontrar a foto da minha mãe e da minha avó, que não conheci também.” Os Wauja estavam otimistas. Identificaram muitas pessoas, mas a mãe de Atapucha não estava ali. Ele, no entanto, continua procurando. FamíliaéumacoisaimportanteparaosWauja, umpovocomcercade600integrantes.ParaAta- pucha,elatemumsignificadomaisprofundoain- da. “Sempre contam que minha mãe me deixou quando comecei a me arrastar no chão. Minha irmã era mocinha e me adotou como o primeiro filho dela. Só que ela não tinha peito para eu be- ber.Eusofri,quasemorri.Elafaziacaldodedoce de raiz e mingau. Eu vivia com leite materno das primas do meu pai. Cada um me ajudava. Assim, sobrevivi. Não tenho ideia de como ajudar meu povo. Eles me colocaram como chefe e tenho de pagarparaeles,quecuidaramdemimemedeixa- ram sobreviver.” Outro trabalho dos três Wauja nos Estados Unidos é descrever em sua língua, da família arawak, centenas de objetos. Quem os acompa- nhanajornadaéaantropólogaepesquisadorado Smithsonian Emilienne Ireland e seu marido, o professor de Estudos Asiático-Americanos da UniversidadedeMarylandPhilTajitsuNash.Ku- ratu, Atapucha e Tukupe estão hospedados na casa de Emilienne e Nash desde que chegaram, em 5 de setembro. Sentados ao redor de uma grandemesa,explicamquemfazeusacadaobje- to, quais os materiais para fabricá-los e onde os encontram, dão ainda um resumo de como pro- duzi-los. Tudo é filmado. Os objetos foram coletados por Emilienne ao longode anos.Agora, elaos doa parao Smithso- nian. Também já havia doado peças para o Mu- seu Nacional do Rio. Mas o trabalho dos três Waujanãoésóparaosmuseus, éparaasfuturas gerações. Segundo Emilienne, muitos objetos nãosão maisusados.Registrá-lospermitirá que os próximos Wauja tenham contato com seu passado.“Oconhecimentodosnossosantepas- sados,temosderegistrar.Estouinteressadoem explicar como é, como faz. Temos de contar tudo para não perder depois. Quem sabe, as criançasvãobuscarnossaculturaeconhecimen- to com o museu. Minha luta é essa, registrar tudo o que temos para não perder. Enquanto estouvivo,voucontinuarlutando.Oqueestiver ao meu alcance, vou fazer. Não vim aqui conhe- cer a cidade, por passeio. Vim buscar conheci- mento”, diz Atapucha. Emilienne conheceu os Wauja em 1981, viveu com eles por alguns anos e fala fluentemente a línguaWauja.Naquelasuavisitainicial,mostrou aos índios xerox de um livro sobre a expedição à terradosWauja, realizadaporMarechalRondon em 1924. Muitos anciãos ficaram emocionados, poisreconheceramfamiliaresquejáhaviammor- rido.Desdeentão,Emiliennetomouparasiamis- sãodegarantiraos Waujao direitodevereteros registros de seus antepassados. A antropóloga voltouaoXingumuitasvezes,umadelasem2012 para exibir pela primeira vez os vídeos de Ron- don e da Expedição Roncador-Xingu (entre 1941 e 1948), da qual os irmãos Villas-Boas participa- ram.Aexperiênciavirouoprojetodocumentário Return of the Captured Spirits (O Retorno dos Es- píritosCapturados).Faltou,entretanto,mostrar aos Wauja as imagens feitas por Schultz. SegundoaantropólogaSandraMariaChristia- nide la Torre, pesquisadora do acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, SchultzesteveváriastemporadasentreosWauja em 1964, tirou inúmeras fotos e produziu 13 fil- mes. “Ele passava temporadas, às vezes meses, com as populações. Sua intenção era vivenciar o cotidiano de cada povo indígena para divulgar a diversidade cultural. Registrava momentos de produção de objetos, bem como cerimônias im- portantes.QuandoretornavaaSãoPaulo,promo- via mostras e debates com filmes, fotos e artefa- tosnoMuseuPaulista,ondetrabalhavacomofo- tógrafo e etnógrafo”, explica Sandra. Calcula-se que Atapucha tenha nascido entre 1964 e 1966. A chance de que sua mãe esteja em algum dos registros, portanto, é grande. Agora, a esperançadeencontrá-laestánoacervodoMAE. Os três Wauja deixaram os Estados Unidos na sexta-feiraevãopassaralgunsdiasemSãoPaulo antesdevoltaraoXingu.SegundoSandra,devem visitar o museu da USP nesta terça (18) ou na quarta(19).Éimportantequeavisitaocorranes- ta semana porque Kuratu – o único que pode reconhecer a imagem – e Atapucha raramente deixam suas aldeias. A própria ida aos Estados Unidos ocorreu em meio a muitos sacrifícios. O pai de Kuratu, o grande líder Arutatumpa, morreurecentemente.Alémdolutopessoal,Ku- ratutemgranderesponsabilidadenosrituaisrea- lizados após a morte de integrantes de seu povo. Também ficou muito doente, mas entendeu que precisava se recuperar e viajar. “Eu não sabia na- dasobreessepaís.Fomosaomuseuemostraram fotosdemeusantepassados.Vimeupai,queaca- bei de enterrar. Vi meu tio e tantosque já morre- ram. Foi triste. Meu pai morreu, mas a imagem dele vai permanecer. Nós permitimos que vocês tenham as imagens, mas cuidem bem delas”, diz Kuratu. Já Atapucha e Tukupe precisavam reformar a casa em que vivem antes da época das chuvas, que começa agora. Por causa da viagem, terão de improvisar uma lona sobre o teto neste ano. “Acrediteinessetrabalhoemergulheinele.Agen- te constrói a casa e depois de 14 anos ela cai, e a gentetemdefazeroutravez.Elatemtempopara a gente construir, mas a história, uma vez que acaba,nuncaseconstróinovamente.Euseiacon- sequêncianaminhacasanesteano.Vamossofrer um pouco. Mas, quando eu estiver lá, a gente re- solve”, afirma Tukupe. A luta por proteger a cultura Wauja também está na internet. Com ajuda de Emilienne, eles começaram a fazer um dicionário até agora com pouco mais de cem verbetes, de “aisepitsa” (fle- xão do substantivo “cadeira” ou “banco”) a “yuwanaka”(flexãodoverbo“abrir”).Elesusam a plataforma do Wikcionário, em que todos os usuários podem colaborar e editar juntos. Mas, mesmonodemocráticoespaçodigital,asinstitui- ções do homem branco resistem. Os Wauja des- cobriram que, recentemente e sem aviso, um usuáriomudouo nomede suapágina para“Uau- rá”. O editor da página apelou para a autoridade queconhece:osdicionáriosquepreveemaforma aportuguesada – e, segundo os próprios Wauja, completamente equivocada – do nome do povo indígena. Bruna Franchetto, professora titular do pro- gramadepós-graduaçãoemAntropologiaSocial eLinguísticado MuseuNacionalda Universida- deFederaldoRiodeJaneiro,explicaqueaportu- guesar os nomes indígenas é o oposto do que deve ser feito. “O próprio aportuguesamento é uma digestão por parte dos colonizadores àsve- zes de palavras que não entendiam, que acaba- ramescrevendodequalquerjeitoequesecrista- lizaram na literatura”, conta Bruna, que diz que opadrãooficialdogovernobrasileiroéaautode- nominação. “Cada povo tem absoluto direito de dizeronomepeloqualquerser designado.Éum direito básico.” Agora, os Wauja tentam recuperar seu territó- rio linguístico. Pelas regras da plataforma, usuá- rios podem pedir votações sobre decisões polê- micas.Porenquanto, a votação – que terminano dia 25 – está em 5 a 0 a favor dos Wauja. “Se o nome da página ficar ‘Uaurá’, os Wauja não vão querer usar”, conta Emilienne. “Vamos perder essa coisa preciosíssima não só para os Wauja como para o Brasil.” Filha de uma francesa e um norte-americano, Emilienne conta que sempre se sentiu dividida entreosdoispaísesequeseincomodavaaoouvir que França e EUA eram “os melhores”. “Então, quis estudar outro país. Atapucha disse que foi bom visitar outra terra. Para mim, abri minha cabeça ao visitar vocês. É uma cultura que tem muito a ensinar. O que é mais importante: fazer drones ou ter criança sem fome? Meu país pode fazer drones, mas os Wauja tem criança sem fo- me”,dizEmilienne.“Omaisimportanteéacomi- da, né?”, responde Atapucha. Os Wauja também estão ameaçados pela mu- danças de sua terra, causadas pela pressão da agropecuária. Na última segunda-feira, Kuratu, Atapucha e Tukupe estiveram na Universidade de Maryland para a exibição do documentário Para Onde Foram as Andorinhas?, dirigido por Mari Corrêa. O filme mostra como, no lugar onde os Wauja vivem, os rios estão secando e o arestámaisquente.Amudançaclimática,expli- caram os Wauja, altera até o modo como os ín- dios marcam a passagem do tempo. Quando as chuvas estavam para começar, as andorinhas revoavam e as cigarras cantavam. Quando o ní- vel dos rios estavam para baixar, as borboletas chegavam. Hoje, nada disso acontece na hora que deveria acontecer. Até as árvores de pequi, fruto sagrado para os Wauja, estão repletas de insetos que não apareciam antes de a soja e o milho cercarem o Xingu. Tudo isso motiva os Wauja a lutar e a viajar paralongeparaaprendercomospovosindígenas do resto do mundo. “Eu achava que eram só os americanos que trabalhavam no Smithsonian. Quandofalaramquetodossãoíndiosquetomam conta das coisas no Museu do Índio do Smithso- nian, imaginei o queestava acontecendo.Come- çaram a contar como sofreram antes, mas hoje conseguiram voltar e enfrentar os inimigos. Quemsabe,nofuturo,agentevaiteralgoigualno Brasil. Falei para meu sobrinho (Tukupe): ‘Esta- mos no caminho certo. Temos de registrar tudo que a gente tem’. Quem sabe vamos conseguir um museu para nós. Quem sabe os brasileiros vãoreconhecernossotrabalho.Vamoslevarsabe- doria para eles”, diz Atapucha. VOZES RECUPERADAS JAMES DI LORETO/INSTITUTO SMITHSONIAN Cultura. Líderes dos Wauja fazendo uma máscara, em 1982 Registro. Atapucha e Kuratu descrevem objetos na língua Wauja Índios do Alto Xingu viajam 6 mil quilômetros até os Estados Unidos em defesa da sua história e em busca de memórias de família. “O conhecimento dos nossos antepassados, temos de registrar. Quem sabe um dia vamos conseguir um museu para nós também no Brasil”, diz Atapucha Waurá, que viajou a Washington também com a esperança de encontrar uma foto da mãe, morta quando ele era bebê. “Na época, muitos antropólogos iam até lá. Deve ter foto da minha mãe em algum lugar” Longe de casa. Atapucha Waurá (camisa laranja), Tukupe Waurá (rosa) e Kuratu Waurá (vermelha), no instituto Smithsonian %HermesFileInfo:E-4:20161016: E4 Aliás DOMINGO, 16 DE OUTUBRO DE 2016 O ESTADO DE S. PAULO