Este documento apresenta a autobiografia de José Vaz, escritor português. Ele descreve sua infância difícil durante a Segunda Guerra Mundial, quando teve que abandonar a escola aos 11 anos para trabalhar. Mais tarde, começou a escrever e publicou seu primeiro livro em 1983. José Vaz escreveu diversos livros premiados para crianças com o objetivo de promover o amor pela leitura.
1. “O que eu quero é que eles gostem
de ler e escrever”
José Vaz
Biblioteca do Agrupamento de
Escolas de São Lourenço
ESCRITOR DO MÊS
ABRIL
AUTOBIOGRAFIA
Eu sou o José Vaz e nasci no dia 11 de
Janeiro de 1940, em Avintes, terra da
margem esquerda do Rio Douro, a 5
Km da cidade do Porto.
No tempo em que nasci, ocorreu a 2ª
Grande Guerra Mundial e eu e os meus
pais vivemos com muitas dificuldades.
Por essa razão, quando era menino, não
tive brinquedos mas, à falta deles, comecei a fazê-los por
mim próprio. Aprendi a ser marinheiro de barquinho de
papel e aviador de papagaio.
Antes de ir para a Escola Primária, contactei com o meu
primeiro livro. Não era um livro de histórias de encantar
mas um livro que relatava um acontecimento importante
para a história dos seres humanos no decorrer dos tempos.
Chamava-se a "Tomada da Bastilha". Não o li porque ainda
era analfabeto de idade .
Como não havia escolas secundárias próximas, nem dinhei-
ro para livros, roupas, transporte e alimentação, aos 11 anos
tive de ir trabalhar. E assim me tornei pintor de medalhas,
torneiro de madeira e cravador de jóias.
Em 1983, tinha eu já 43 anos de idade, quando foi publica-
do o meu primeiro livro com duas peças de teatro: O Rei
Lambão e as Pulgas e a Preguiça. Depois, escrevi muitas
outras histórias que tiveram a honra de chegar a livro.
Gosto de todos os livros que escrevi mas, de todos, nomeio
alguns para me acompanharem nesta informação que vos
dou: Para Sonhar com Borboletas Azuis, O Nó da Corda
Amarela, Quando os Olhos da Noite Mudaram de Sítio,
Alzira, a santa suplente, A Fábula dos Feijões Cinzentos, O
Rei Lambão e O Roubo da Roda Quadrada.
Prémios:
“Para sonhar com borboletas azuis” - obra distinguida
pela “The White Ravens , 87—A Selection of Internatio-
nal Children’s and Youth Literature
“O Nó da Corda Amarela” ,1989 -1º prémio da literatu-
ra infantil da cidade do Montijo
"Alzira, a santa suplente", "A Máquina de Fazer Pala-
vras" e "Hoje é Natal!", 0foram selecionadas em 2000,
2001 e 2002, respetivamente, para as Olimpíadas da Lei-
tura.
“Saibam que o escritor é uma pessoa que
transforma a vida que o rodeia em palavras e
em histórias que mais não são do que as jane-
las do seu pensamento e o resultado das suas
viagens de ida e volta ao Reino da Imaginação.
Tudo isto para que possas crescer por dentro,
para que participes na beleza do mundo e para
que sejas feliz, o mais possível.”
Obras:
Para Sonhar com Borboletas Azuis, 1986
O Manuscrito da Grade d'Ouro,1990
A Máquina de Fazer Palavras, 1991
O Jacklavais Ataca à Sexta-feira, 1992
Quando os olhos da noite mudaram de sítio, 1992
A Viagem à Terra dos Oxalás, 1993
O Mistério das Sereias de Pedra ,1993
O Nó da Corda Amarela, 1993
No dia em que as flores mudaram de sítio : sobre o
25 de Abril de 1974 ,1994
Alzira, a santa suplente, 1999
A fábula dos feijões cinzentos : 25 de Abril, como
quem conta um conto -, 2000
A Menina que tinha cem pés, 2001
As lágrimas do Malmequer, 2001
O Sonho do Gafanhoto, 2001
A Árvore de Papel, 2002
As lágrimas são netas do mar, 2002
O chapéu do D. Cogumelo, 2002
Uma flor com asas, 2002
Mala diabo, 2003
O Roubo da Roda Quadrada, 2003
Trabalha Crispim, trabalha!, 2004
Hoje é Natal! : Conto de Natal, 2006
A Aldeia Encantada : Conto de Natal, 2008
O Livro das Contas e dos Contos, 2012
Celestino, o rato da biblioteca
2. Há muito tempo havia um reino chamado Jar-
dim-à-Beira-Mar-Plantado.
Esse reino era habitado por feijões.
Um dia o feijão Carrapato roubou o sol, o fei-
jão Frade roubou o ar e o feijão Fidalgo rou-
bou a água aos outros feijões.
Nesse reino moravam também os feijões: Fra-
de, Vermelho, Carrapato, Rajado e outros.
As mulheres eram as Feijocas.
Quando estes feijões se lavaram com as gotas
de água que sobraram viram que estavam cin-
zentos.
Nos livros estava escrito que o Sol era a liber-
dade de criar, o Ar era o direito de pensar e a
Água era a obrigação de distribuir.
Viveram quarenta e oito anos assim.
O feijão Vermelho começou a dizer baixo aos
ouvidos dos outros:
- Camaradas, a maioria de nós andamos secos
e sem coisa nenhuma e outros têm, sol, água e
ar à fartura, não pode ser!
(…)
Já estás curioso, não estás? Então começa a
ler este livro, uma enorme lição para a tua
vida.
Sítios Web
http://www.nonio.uminho.pt/netescrita/autores/jvaz.html
https://www.google.pt/search?q=jos%C3%A9+Vaz%
2B+A+F%C3%A1bula+dos+Feij%C3%
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Vaz
http://www.biblioteca.salesianos.pt/Opac/Pages/Search/
Results.aspx?Database=10688_biblio&SearchText=AUT=%
22Vaz,%20Jos%C3%A9%22
25 de abril, como quem conta um conto
Nesta história tudo começa
numa sexta-feira, à hora do
jantar, quando a família de
Zé Quinau, que era consti-
tuída pela sua mãe, o seu
pai e ainda o seu cão e fiel
amigo Jeremias, comeram
um arroz um pouco insosso
feito pela mãe de Zé. É
então que o Zé e seu pai
reclamam, a mãe pede des-
culpa e começa a chorar; o
marido tenta animá-la e saber o que se passava e
mãe Zé diz que os computadores que tinha vendido
estavam a ser devolvidos às centenas, pois quando
se ligavam as letras e os números caíam pelo visor
abaixo e ficava tudo negro, ou seja a sua empresa
estava prestes a ir à falência. Zé Quinau e Jeremias
convocam uma reunião secreta com o seu grupo, os
Indagas, ou seja, com a sua amiga Bia e o seu gato
Manivela. Eles falam sobre o assunto e logo perce-
bem que não pode ser só por acaso que seja apenas à
sexta-feira que existam problemas nos sistemas de
computadores das grandes empresas. Mas como já
se fazia tarde, combinaram reunir-se na sexta-feira
seguinte, tendo cada um deles ficado com as seguin-
tes tarefas:
o Jeremias iria ficar a observar as ruas;
o Manivela ouviria as conversas das pessoas;
a Bia estaria atenta aos jornais;
o Zé Quinau escutaria as notícias da rádio.
Então, depois despediram-se com a seguinte sauda-
ção: “- Ovedequí! Sefazfaít! Bi ou Vengouve! Stras-
rankdunk!” Até hoje ninguém sabe o que significa,
mas desconfia-se que se trata de um grito de encora-
jamento. E assim partiram, cada dois para suas ca-
sas. Na sexta-feira seguinte…
Será que haveria novidades?
Será que já descobriram de que se tratava?
Para descobrires, vais ter de ler!! Tenho a certeza
que vais gostar!
Era uma vez dois Reinos, dos
confins da Ásia: o do sol Poen-
te e o do Sol Nascente. No
Reino do Sol Poente, os so-
nhos e invenções eram proibi-
dos, enquanto no Reino do Sol
Nascente imperava a criativi-
dade e a imaginação. Um dia
este reino foi invadido pela
sombra e pela tristeza...
Esta é a história do rato Celestino que nasceu com um de-
feito de fabri- co. Dos sete ir-
mãos que te- ve, só ele nasceu
com o pelo branco. Por cau-
sa disso, foi acolhido e acari-
nhado por um homem que gos-
tava de ler livros que ensi-
navam a escre- ver cartas de
amor. Por ter ouvido ler tantas palavras de gostar, o Celes-
tino arranjou uma namorada. Chamava-se Aurora e casou
com ela na noite em que os espíritos bons andavam à solta
pelas ruas da cidade.