O documento discute a suspensão temporária da Argentina das importações de carne suína brasileira, alegando a necessidade de proteger produtores locais de limão siciliano. No entanto, analistas brasileiros acreditam que esta é apenas uma desculpa, já que as exportações argentinas de limão para o Brasil são insignificantes. As negociações para resolver o impasse ocorrerão em breve.

1. Jornal Valor --- Página 13 da edição "05/11/2012 1a CAD B" ---- Impressa por lmmorresi às 04/11/2012@19:06:43
Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 5/11/2012 (19:6) - Página 13- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW
Enxerto
Segunda-feira, 5 de novembro de 2012 | Valor | B13
Agronegócios
Argentina volta a travar entrada de carne suína brasileira
Comércio rior. O problema será discutido en- emitidas em julho e agosto. Em se- bretudo no Rio Grande do Sul, não no Brasil. Em 2011, a Argentina ven- dor argentino em Brasília, Luis Ma-
tre técnicos dos dois governos no dia tembro, foram 3.269 toneladas. conseguem fechar novas remessas”, deu US$ 17 milhões em limão para o ria Kreckler, para anunciar um acor-
Cesar Felício 8, em São Paulo. Do lado brasileiro No governo brasileiro, a expecta- disse Pedro de Camargo Neto, dire- mercado brasileiro. Neste ano, nada. do para destravar o comércio. Nele, o
De Buenos Aires deverá participar da reunião a secre- tiva é que a partir de novembro as tor executivo da Abipecs, que reúne Mas os próprios negociadores Brasil se comprometeu a revogar
tária de Comércio Exterior, Tatiana exportações se reduzam a ponto de os exportadores brasileiros da área. brasileiros suspeitam que a defesa portarias que afetavam o comércio
O limão siciliano é o culpado do Prazeres. Pela Argentina, estará a se- voltar a afetar o abastecimento in- Segundo integrantes do governo das exportações argentinas de limão de peras e maçãs e acelerar as análi-
momento em novo impasse nas ex- cretária de Comércio Exterior, Bea- terno na Argentina. O país atende brasileiro, o secretário de Comércio seja um pretexto. A razão é a pouca ses técnicas para a reabertura do
portações de carne suína brasileira triz Paglieri, ou o secretário de Co- apenas 80% de seu consumo aparen- Interior da Argentina, Guillermo relevância do negócio. A venda de cí- mercado de cítricos aos argentinos.
para a Argentina. O governo argen- mércio Interior, Guillermo Moreno. te de 360 mil toneladas e o Brasil é a Moreno, teria alegado a importado- tricos argentinos ao Brasil em 2011 é O comércio já esteve travado de
tino voltou a suspender a emissão de Em outubro, a venda de carne suí- origem de 85% das importações. res que o Brasil descumpriu promes- dez vezes inferior ao que o mercado fevereiro a junho, e chegou a se resu-
declarações juradas de antecipação na do Brasil para a Argentina foi de “Só as indústrias brasileiras insta- sa feita em junho de voltar a permitir brasileiro adquiriu em peras e ma- mir a 94 toneladas vendidas em
de importação (DJAI), documento 2.370 toneladas (US$ 8,1 milhões), ladas na Argentina conseguem li- a entrada de limões sicilianos no çãs da Argentina apenas este ano. maio. Os problemas com a carne suí-
criado em fevereiro que, na prática, piso desde junho, e só se manteve cença para importar do Brasil, por- Brasil. O limão siciliano é produzido No início de outubro, o ministro na brasileira voltaram em setembro,
significa uma autorização caso a ca- nesse patamar porque os importa- que também são exportadoras. Os em uma única Província da Argenti- brasileiro da Agricultura, Mendes com a resistência do Brasil em abrir
so para as compras do país no exte- dores ainda estão utilizando DJAIs exportadores de menor porte, so- na, Tucuman, e é pouco consumido Ribeiro, se reuniu com o embaixa- o mercado a crustáceos argentinos.
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Pesquisas Trabalho na área, iniciado LUIS USHIROBIRA/VALOR
em 2010, deve começar a dar frutos
IAC já negocia
parceria para
programa de
cafés especiais
Carine Ferreira empresas já demonstraram inte-
De Campinas (SP) resse no modelo do projeto e
uma multinacional está prestes a
Uma nova onda de desenvolvi- fechar parceria com o IAC.
mento de variedades de café come- O objetivo é oferecer alternativas
çou a ganhar corpo no Instituto ao mercado, de certa maneira mui-
Agronômico de Campinas (IAC). O to uniforme em termos de qualida-
foco é produzir materiais com carac- de, já que as duas variedades mais Segundo Gerson Giomo, algumas empresas já demonstraram interesse no modelo do projeto e uma multinacional está prestes a fechar parceria com o IAC
terísticas sensoriais distintas, com cultivadas no país — a Mundo Novo LUIS USHIROBIRA/VALOR
ênfase em aroma e sabor, que po- e a Catuaí — são “parentes” e têm de variedades já usadas com ou- IAC em Campinas. Outras já fo-
dem ser obtidos a partir de um ban- muitas semelhanças genéticas. tras provenientes do banco de ram melhoradas geneticamente.
co de germoplasma com plantas ori- Por muitos anos, o foco nas germoplasma (conjunto de ge- Nas contas do pesquisador, exis-
ginais de diversos países que permi- pesquisas de novas variedades de nótipos, neste caso de plantas tem cerca de 300 variações com o
te cruzamentos com variedades já café sempre foi produtividade e nativas de diferentes países). germoplasma existente, conside-
existentes no mercado. Criado em resistência a doenças. Por isso, Os materiais foram coletados rado o mais completo do Brasil.
2010, o programa deve ganhar em desde a década de 1930 —quan- em seu estado selvagem, sem ma- Já existem de dez a 12 híbridos
breve seu primeiro parceiro. do começou o pioneiro progra- nipulação do homem. “Quere- com possibilidade inicial de serem
As características desejadas ma de melhoramento genético mos a planta o mais original pos- colocados em campo. Se a parceria
não serão definidas pelos pes- de café do IAC—, foram registra- sível para ver a sua qualidade”. com a empresa for fechada ainda
quisadores, mas por empresas li- das no Ministério da Agricultura Esse banco do IAC foi formado neste ano, em 2013 começa o plan-
gadas ao segmento. A intenção é 63 cultivares do grão com essas até a década de 1960 com a aqui- tio. Em uma média de seis anos é
fazer parcerias para ajudar a fi- características. Expertise que sição de sementes de cafeeiros ori- possível fazer o registro do material,
nanciar os estudos e conseguir rendeu ao IAC o domínio do cul- ginais da Etiópia (berço do café mas para chegar ao produtor pode
melhores sabores e aromas ain- tivo. O instituto acredita que cer- arábica), Quênia, Tanzânia, Ugan- levar mais três ou quatro anos. Já no
da não encontrados no mercado. ca de 90% do parque cafeeiro do da, Costa do Marfim, Índia, Co- sexto ano, a empresa pode usar o
O novo modelo também tende Brasil utiliza suas cultivares. lômbia etc. Na época, havia inte- produto em um microlote.
a significar menos tempo para o A necessidade de se investir em resse em trazer materiais de prati- O orçamento necessário para o
lançamento de uma cultivar — variedades com características de camente o mundo todo, diante de projeto inicial é em torno de R$ 1 mi-
para entre dez e 12 anos, ante cer- qualidade vem de uma espécie de pouca variabilidade genética para lhão por ano. Além dos recursos es-
ca de 30 anos com o melhora- “saturação” de formas de manejo e se fazer o melhoramento no Bra- taduais, as empresas poderiam com-
mento genético tradicional. cuidados pós-colheita adequados sil. A FAO, braço das Nações Uni- partilhar recursos que seriam inves-
“A ideia é produzir um café para a produção de café especial e das para agricultura e alimenta- tidos por meio de fundações. A ideia
exótico”, explica Gerson Silva gourmet. Giomo analisa que, a ção, patrocinava expedições para inicial, diz Giomo, era conseguir vá-
Giomo, pesquisador científico partir de um certo ponto desse ma- buscar material genético. rias empresas adeptas a esta ativida-
do IAC e coordenador do novo nejo não é mais possível avançar. Algumas plantas vindas de ou- de de risco. “Por que não essas em-
projeto, intitulado “Programa Novos híbridos devem ser for- tros países estão cultivadas em presas investirem junto com a gente,
IAC de Cafés Especiais”. Algumas mados a partir do cruzamento seu estado original na fazenda do dividindo riscos e benefícios?”. Foco das pesquisas conduzidas pelo IAC está na obtenção de cafés exóticos
LUIS USHIROBIRA/VALOR
Uma nova gestão em construção para o instituto
De Campinas fim deste ano. Além do orçamen- houve um aumento de 53% do O maior gargalo do IAC, na
to, o foco também está na gestão volume de recursos estaduais avaliação do diretor-geral, é a fal-
Fundado por D. Pedro II, o Ins- em pesquisa, cujas metas já po- para o IAC, a maior instituição ta de pesquisadores. “É preciso
tituto Agronômico de Campinas dem ser acompanhadas online. da Apta (Agência Paulista de concursos mais frequentes para
(IAC) foi inaugurado em 1887 Com qualidade científica reco- Tecnologia dos Agronegócios). recompor nosso quadro”, afirma.
com a denominação de “Imperial nhecida internacionalmente, o Mas, de 2011 para 2012, houve O último concurso para pesqui-
Estação Agronômica de Campi- IAC tem de melhorar sua imagem redução de R$ 5,85 milhões para sador foi realizado em 2003, com
nas”. Surgiu para dar suporte à institucional, segundo Ramos. Ao R$ 4,85 milhões, sem considerar nomeação a partir de 2005. Em
cafeicultura, mas atualmente se longo desses 125 anos de ativida- gastos com pessoal. A iniciativa 1991 eram 231 pesquisadores
dedica a várias frentes. Foram es- des, o instituto desenvolveu 900 privada e fundações contribuíram científicos contra 170 este ano. A
tabelecidos cinco programas variedades de 66 espécies de plan- com R$ 16,18 milhões este ano, an- meta é voltar a ter 230 profissio-
prioritários de pesquisa: bioe- tas. O feijão mais consumido no te R$ 16,41 milhões em 2011. So- nais dedicados à pesquisa. “Mas
nergia, segurança alimentar, sus- país — o carioca— é resultado de mando com a verba das agências não é nada insolúvel, é possível
tentabilidade, mudanças climá- pesquisas do IAC e variedades de de fomento, como CNPQ, Fapesp, e fazer a gestão”, acredita.
ticas e produtos inovadores. mandioca do órgão ocupam cerca com o fundo constituído por meio Atualmente, existem 457 pro-
O diretor-geral do IAC, Hamil- de 80% das lavouras em São Paulo e da comercialização de sementes, o jetos de pesquisa em andamento
ton Humberto Ramos, que assu- Minas, entre outras conquistas. orçamento para este ano é estima- na instituição, sendo 190 (41,5%
miu o cargo há um ano e meio, O orçamento não constitui o do em R$ 29,54 milhões, queda de do total) bancados por agências
desenha uma nova gestão. O or- principal problema para a insti- 2,8% sobre 2011. Para as despesas de fomento. O restante é mantido
çamento da instituição na inter- tuição, conforme o diretor-geral. com pessoal, o Estado arca com pela iniciativa privada e por re-
Hamilton Ramos, diretor-geral do IAC: melhora da imagem institucional net deverá estar disponível até o Segundo ele, de 2007 a 2011 cerca de R$ 30 milhões ao ano. cursos do Tesouro Estadual. (CF)
valor.com.br
Citricultura Trigo
Greening preocupa produtores de laranja Ucrânia já exportou 4,1 milhões de toneladas
Quase 7% do parque citrícola de aumento de quase 83% em relação As exportações de trigo da Ucrânia proibidas. Mas o vice-ministro da
São Paulo, o maior do mundo, ao ano passado. Há pelo menos chegaram a 4,125 milhões de agricultura, Ivan Bisyuk, afirmou
registra a presença da doença uma árvore infectada com toneladas do início da safra, em 1º que não há planos para isso.
conhecida como greening, a maior greening em 64,1% dos talhões, de julho, e 1º de novembro, divulgou Segundo a confederação, as
grave do segmento. O 20% a mais que em 2011. Cada a Confederação Agrária da exportações de grãos do país
levantamento é do Fundo de talhão é formado, em média, por 2 Ucrânia. Funcionários do governo atingiram recorde mensal em
Defesa da Citricultura mil árvores de laranja. ucraniano ventilaram que, se as outubro (2,9 milhões de toneladas).
(Fundecitrus), O resultado exportações chegassem a 5
preocupa, já que representa um valor.com.br/u/2889998 milhões de toneladas, seriam valor.com.br/u/2890018