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SEPARATA
                                                                          DIZERES NA PAREDE



                                 OLH AR                         A     SAÚ DE
        INFORMA

       PS PAREDE                                                          MARÇO 2012




                              APRESENTAÇÃO DA SEPARATA
NESTA EDIÇÃO:
                              No seguimento do Informa,         A publicação da Separata        resultado do debate com a
DADOS DE                 2    surgiu a necessidade de um        terá uma periodicidade inde-    camarada Ana Benavente.
PORTUGAL                      espaço que permita simultane-     finida, dependendo apenas
                                                                                                A Secção do PS Parede pre-
                              amente coligir informação e       da vontade, interesse e em-
EQUIDADE EM
                                                                                                tende contribuir para o apro-
                         2    desenvolver temas. Com a          penho dos camaradas.
ANÁLISE:                                                                                        fundamento de temas e
DESPESA PÚBLICA               Separata pretendemos faze-lo.
VS                                                              Inicia-se a Separata a propó-   consolidação de argumen-
DESPESA
PRIVADA
                              Todas as referências bibliográ-   sito do debate sobre a          tos para a afirmação ideoló-
                              ficas serão identificadas, bem    “Saúde e o Estado Social”.      gica da Esquerda democráti-
IDEOLOGIA                3    como, sempre que possível, a                                      ca.
E SAÚDE                                                         Fica prometida outra, sobre a
                              disponibilização através de
                                                                “Crise e a Auditoria à dívida”, Bom debate.
IMPRENSA EM              4
                              hiperligação.
REVISTA


                              O SERVIÇO DE SAÚDE E OS SISTEMAS DE SAÚDE:
                              BREVE ENQUADRAMENTO NO MUNDO GLOBALIZADO .
1978 Decl. Alma-Ata
Cuidados Primários
                              O Serviço Nacional de Saúde       No contexto de mundo glo-       as políticas de saúde, é
1986 Carta de Ottawa          (SNS) é um dos Sistemas de        balizado, ressurgiu a com-      proposto um método para
Promoção da Saúde             saúde caracterizado pelas         parabilidade internacional,     síntese do conhecimento
                              organizações internacionais.      com consequente desenvol-       em políticas públicas, con-
1988 Decl. de Adelaide                                          vimento de indicadores de       siderando efeitos sociais
Polític. Públicas Saudáveis   A génese dos sistemas de
                                                                aferição dos sistemas. Em       indesejáveis e equidade.
                              saúde pode ser fundamental-
1991 Decl. de Sunsvall                                          1999, OMS e OCDE assi-          Em 2011, a OMS, em livro,
                              mente dividida em Bismarcki-
Ambientes favoráveis à                                          nam um programa de coo-         olhando para os sistemas
saúde                         anos e Beveridgianos, os
                                                                peração promovendo a mú-        de saúde, perspectiva que
                              primeiros, tradicionalmente
1997 Decl. de Jacarta                                           tua troca de informação         estes não são, como propa-
                              associados ao norte da Euro-
Promoção da Saúde no                                            sobre dados de saúde. Na-       gandeado, um fardo finan-
Sec. XXI                      pa e os segundos ao sul, em
                                                                turalmente, a OCDE colige       ceiro, mas sim, uma via
                              relação íntima com os siste-
2000 Decl. México                                               informação económica, en-       para o crescimento econó-
                              mas de protecção social de-
Rumo a maior equidade                                           quanto a OMS apreende a         mico.
                              senvolvidos no pós-guerra.
                                                                saúde das populações. Em
2005 Carta de Bangue-
                                                                                                Afinal, qual o futuro do sis-
coque                                                           2010, com a amplificação
                                                                                                tema de saúde Português?
...num mundo Globalizado                                        das posições financeiras
                                                                como pretexto para alterar      Perspectiva da ENSP, antes
                                                                                                da crise.
OLHAR A SAÚDE                                                                                    Página 2



EQUIDADE EM ANÁLISE:DESPESA PÚBLICA VS DESPESA PRIVADA
 O Orçamento Geral do Es-    pela OMS e OCDE.                  de saúde, sejam cuidados,        A OMS descreve que, em Por-
 tado para 2012 prevê me-    Portugal é um dos países          medicamentos, exames             tugal, o nível de rendimento
 nos 600M€ para a Saúde;     da Europa com menor des-          (22.9%). Contrariamente à        individual é a principal fonte
 redução das deduções        pesa per capita em saúde,         tendência na OCDE, Portugal      de iniquidade, acima de qual-
 fiscais e aumento das ta-   abaixo da média da OCDE,          foi dos países que mais          quer outro país. Somos dos
 xas moderadoras . O argu- e com menor crescimento             cresceu nos gastos das fa-       países em que há maior dife-
 mento principal é Portugal dessa despesa. O cresci-           mílias em saúde, encontran-      rença no acesso a cuidados
 gastar demasiado em saú- mento deve-se principal-             do-se acima da média.            de saúde por quintil de rendi-
 de, comparando com a        mente a um aumento da             Importa, agora, referir o con-   mento e o sistema fiscal be-
 OCDE. De facto, atenden-    despesa privada, e não            ceito de “gastos catastrófi-     neficiou os 10% mais ricos
 do ao PIB, o crescimento    pública . A despesa pública       cos”. Este termo aplica-se à     com 27% de reembolso em
 da despesa em saúde é       encontra-se abaixo da mé-         percentagem do orçamento         despesas de saúde, enquan-
 mais elevado e despropor- dia da OCDE. Como parte             familiar dedicada a gastos       to, os 10% mais pobres, ape-
 cional. Contudo, convém     da despesa privada temos          com saúde, quando ultra-         nas em 6%.
 olhar para outros indicado- as despesas individuais           passa os 40%. É neste pon-       O Estado dispende ou inves-
 res de saúde fornecidos,    aquando do acesso a bens          to que se discute equidade.      te?

O SISTEMA DE SAÚDE PORTUGUÊS: SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE E
RELAÇÃO MISTA COM O SECTOR PRIVADO
 Tanto conseguimos, em 33       O sistema de saúde en-                                             base é a separação das enti-
 anos, com a implementa-        contra-se em transição,                                            dades: financiadora, presta-
 ção do SNS. Evoluímos da       mantendo-se o financia-                                            dora e reguladora.
 cauda Europeia para o to-      mento do SNS inalterado.
                                                                                                   É possível compatibilizar saú-
 po, num conjunto impor-        Temos parcerias público-
                                                                                                   de pública, geral e universal,
 tante de indicadores de        privadas, uma nova ges-
                                                                 O sector privado descobriu a      com a perspectiva do lucro?
 saúde.                         tão dos cuidados de saú-
                                de e uma rede de cuida-          saúde como mercado poten-         O Hospital de Cascais, HPP,
 A realização e implemen-                                        cial, mais ainda, numa Euro-
                                dos continuados.                                                   em 2011, derrapou 25.7%,
 tação do Plano Nacional de                                      pa envelhecida. “A eficiência     custando ao Estado 71.9 M€.
 Saúde prometia revolucio-                                       baseada no desconforto e
 nar o quadro da saúde em                                        incerteza”; “retorno do capi-     Alterações estão em prepara-
 Portugal, tanto na reforma                                      tal adequado ao risco envol-      ção, um exemplo, a descen-
 da prestação de serviços                                        vido” e “alteração de estraté-    tralização de competências
 como na priorização clara                                       gia em função do mercado”         para os municípios. A experi-
 de necessidades de inter-      A que transição assisti-         podem ler-se na apresenta-        ência internacional relata
 venção. A evolução dos         mos e que transição que-         ção feita pela Espirito Santo     resultados sociais dispares,
 indicadores entre 2004 e       remos?                           Saúde à Ordem dos Econo-          como alerta a OMS, em
 2010 é já reflexo de uma                                        mistas em 2010.                   2011.
                                Em 2010, a OMS alertava
 nova forma de abordar a                                                                           Nos EUA, a política de Saúde
                                para a necessidade de
 saúde.
                                clarificar e regular o papel                                       dos Governos é fortemente
                                do sector privado, bem                                             influenciada pelos problemas
                                como maior investimento                                            imediatos e atenção social
                                e revisão dos subsistemas                                          que geram.
                                de saúde, para maior                                               Na dúvida, falemos de equi-
                                equidade e manutenção            Também a Deloitte propõe
                                                                                                   dade e universalidade e de-
                                da universalidade.               uma visão para a saúde. A
                                                                                                   fendamos o SNS.
SEPARATA
                                                                                                        Página 3
      DIZERES NA PAREDE


DIVISÕES IDEOLÓGICAS: SÍNTESE DE OBJECTIVOS E ARGUMENTOS

                              DIREITA                                                       ESQUERDA

  Insustentabilidade do       Argumento financeiro. Prin-          Argumento económico.                Sustentabilidade do
  SNS.                        cípio de que Economia                Princípio de que Política           SNS.
                              escolhe modelo político.             escolhe modelo económico.

 Injustiça da gratuitida-     Argumento fiscal. Princípio          Argumento social. Princípio         Universalidade, Gene-
 de para ricos.               da discriminação positiva.           da Equidade social.                 ralidade e Gratuitida-
                              Redução de desigualdades.                                                de tendencial.

 Prestador privado em         Argumento do mercado.                Argumento político. Estado         Prestadores privados
 concorrência melhora         Princípio da concorrência            como garante social. Prin-         em articulação regulada
 sistema.                     como incentivo. Auto-                cípio da regulação do mer-         com o SNS.
                              regulação. Eficiência                cado.

 Não diminuição das           Argumento fiscal. Princípio          Argumento social. Princípio        Universalidade, Gene-
 deduções fiscais.            da discriminação positiva.           da equidade.                       ralidade e Gratuitida-
                              Redução de desigualdades.                                               de tendencial.

 Descentralização.            Argumento administrativo.            Argumento político. Princí-        Descentralização.
                              Princípio da diminuição do           pio de maior participação
                              Estado central.                      do poder local. Reforço do
                                                                   Estado.

           LIBERALISMO                           SOCIAL-DEMOCRACIA                            SOCIALISMO


“A Europa deve evitar o modelo de saúde disfuncional dos EUA”                  N. Chomsky




  Paulo Macedo                       Correia de Campos               António Arnaud

 “Não é possível ter um              “Os liberais e o SNS“
 SNS bom e gratuito para                                              “Sucesso do SNS é questão       “SNS no código genético
 toda a gente, diz Ferreira                                           política, não de dinheiro “     do PS”
 Leite”



 FÓRUM ECONÓMICO MUNDIAL E FÓRUM SOCIAL MUNDIAL EM 2012

  Em Janeiro decorreram os           mundo. No FSM discutiu         Comissário Europeu              em Julho, a
  Fóruns de Davos e Porto            -se “Estado de bem-            Delli abordava o assunto        conferência
  Alegre, focando em deba-           estar ou fractura social”,,    segundo uma visão neo-          da ONU
  te , respectivamente, as           enquanto em Davos o            liberal . Aguardamos,           RIO+20,
                  visões                                                                            sobre de-
                  económi-                                                                          senvolvime
                  ca e soci-                                                                        nto.
                  al do
A IMPRENSA NACIONAL E LOCAL REVISTA



09.05.2011         PSD quer a privatização parcial do SNS.                                                   D.Notícias
08.07.2011         A destruição programada do SNS.                                                           Le Mnd Dplmtq
22.10.2011         Sucesso do SNS é questão política, não de dinheiro.                                       D.Notícias
28.12.2011         Hospitais do SNS desperdiçaram 2ME por dia em 2008.                                       RTP
28.12.2011         Utentes do SNS dizem que aumento do tempo de espera é um “prejuízo”. Público
05.01.2012         Meios complementares de defesa do SNS.                                                    Le Mnd Dplmtq
11.01.2012         Não é possível ter um SNS bom e gratuito para toda a gente.                               SIC
19.01.2012         Gestores públicos não podem acumular funções no SNS.                                      Ag Financeira
21.01.2012         PS deve mudar de nome se SNS desaparecer.                                                 Expresso
25.01.2012         SNS no código genético do PS.                                                             Público
08.02.2012         Empresa contratada pelo Estado não cumpre pagamentos a clientes
                   e fornecedores do SNS.                                                                     RTP
09.02.2012         Défice do SNS abaixo do esperado por Macedo - mais baixo desde 2008.                       Neg. online
14.02.2012         Salários de gestores do SNS fora dos limites do Estat. de Gest. público.                   C.Manhã
02.03.2012         Aumento da mortalidade também tem a ver com a pobreza.                                     RTP
02.03.2012         CGD espera vender negócio hospitalar do grupo no 1.º semestre.                             Público
04.03.2012         Portugal é o país da Europa onde mais se morre de frio.                                    D. Notícias
05.03.2012         Parcerias com privados na saúde violaram "boa gestão pública".                             Público
06.03.2012         A dívida dos hospitais públicos à Indústria Farmacêutica continua a subir,
                   chegando aos 1.303 ME.                                                                     Apifarma
07.03.2012         Investimentos superiores a 100 mil euros no SNS só com autorização
                   do ministro.                                                                               Oje
07.03.2012         Urgências eliminam refeições nocturnas.                                                    Sol


                                    NOTÍCIAS QUE SE REFLECTEM EM CASCAIS
27.07.2011         Pagamentos a Hospital de Cascais, em 2010, 37% acima. Pagos 60.8 M. Sol
31.08.2011         Sonangol está de olhos postos na privatização dos hospitais lusos.                         N. Lusófonas
07.10.2011         Adalberto Campos Fernandes é o novo Presidente do Hospital de Cascais. Público
18.11.2011         Partos no Hospital de Cascais crescem 37%.                                                  HPP Saúde
22.12.2012         HPP na mira dos grupos Mello e Espírito Santo Saúde.                                        RCMpharma
03.01.2012         Bombeiros: Suspensão do transporte põe em risco de vida hemodialisados. Sol
16.01.2012         Hospital de Cascais poderá despedir 200 profissionais                                       N G Lisboa
15.02.2012         Pagamentos a Hospital de Cascais, em 2011, 25,7% acima. Pagos 71.9M. Sol
   O texto e imagens contém hiperligações assinaladas com e vídeos com . Lamentamos que nem todos os textos existam
   em Português. Alguns, mesmo textos oficiais internacionais carecem de tradução. Assim, o compromisso de garante de in-
   formação e preocupação com fidedignidade conduz à remissão para o original. Redacção: Secretariado PS Parede.
GRÁFICOS E TABELAS: Dados oficiais
                                     Despesa em saúde per capita

  “A despesa total em saúde mede o consumo final de       despesa pública e privada em serviços médicos e bens,
  bens de saúde e serviços (i.e. despesa corrente de saú- saúde pública e programas de prevenção, bem como
  de), adicionando o investimento de capital em infraes- administração.”
  truturas de cuidados de saúde. Esta medida inclui a
                                                          OCDE Dados de Saúde 2011 (pg. 148)


                    Despesa total em saúde per capita, público e privado, 2009 (ou ano mais próximo)
                          Despesa pública                                                          Despesa privada




Percentagem de crescimento anual na despesa de saúde
per capita em termos reais, 2000-09 (ou ano mais próxi-
mo). OCDE Dados de Saúde 2011 pg.149


                                                                             Portugal: Despesa total de saúde per capita, 2000-2007, por fonte.
                                                                             OMS 2010, pg.48
                                       Taxa de crescimento médio anual (%)




                                                                                                                                     Fonte pública

                                                                                                                                     Fonte privada




                                                                                 Despesa corrente de saúde total per capita (EURs)
GRÁFICOS E TABELAS: Dados oficiais

                                   Despesa por fonte de financiamento

“O sector público é a principal fonte de financiamento   mente elevadas no início dos anos 90, como a Polónia
da saúde em todos os países da OCDE, excepto no Chi-     e Hungria, diminuíram a participação; enquanto outros
le, México e EUA. Em 2009, na OCDE, a porção da des-     países que, historicamente, apresentavam uma porção
pesa de saúde pública rondava, em média, os 72% dos      pública relativamente baixa, como Portugal e a Turquia,
gastos totais com a saúde. Esta porção manteve-se        aumentaram os gastos do sector público, reflectindo
relativamente estável ao longo dos últimos 20 anos.      reformas dos sistemas de saúde e a expansão da co-
Contudo, em décadas recentes, tem havido uma con-        bertura do serviço público.”
vergência dos gastos públicos em saúde nos países da
                                                         OCDE Dados de Saúde 2011 (pg. 148)
OCDE. Muitos dos países que tinham despesas relativa-

Despesa em Saúde por fonte de financiamento, 2009 (ou ano mais próximo). OCDE Dados de Saúde 2011 (pg.157)

          Estado                   Sector privado        Utente              Seguro privado        Outros




                                                                             Despesa em saúde do sector público
                                                                             como percentagem (%) da despesa
                                                                             total de saúde na Região Europeia da
                                                                             OMS, 2008, (adaptado)

                                                                              Observatório Europeu, 2011. pg.57
GRÁFICOS E TABELAS: Dados oficiais

                                               Despesa por função

   “Uma abordagem funcional dos serviços de saúde define pessoais (curativos, de reabilitação, continuados, auxilia-
   os limites do sistema de saúde. A despesa total em saú- res e bens médicos) e serviços colectivos (serviços públi-
   de consiste nas despesas corrente e de investimento. A cos e de administração)”
   despesa corrente compreende os cuidados de saúde
                                                           OCDE Dados de Saúde 2011 (pg. 152)


         Despesa corrente em saúde por função de cuidados de saúde. OCDE Dados de Saúde 2011 (pg.157)

       Os países são classificados de acordo com cuidados curativos-reabilitação como parte da despesa corrente em saúde.

           Doentes internos           Doentes externos                                         Cuidados continuados   Bens médicos      Serviços colectivos




1. Refere-se a cuidados curativos e de reabilitação em doentes internados e em cuidados de dia.
2. Inclui cuidados domiciliários e serviços auxiliares.

Crescimento da despesa de doentes internos e externos,                                                           Despesas de administração e subsistemas, 2009
                                                                                        per capita,
                                                                                        em termos
                                                                                        reais,
                                                                                        2009
                                                                                                                                                              Percentagem da despesa corrente em saúde (%)
                                                  Taxa de crescimento médio anual (%)




                                                                                            OCDE

                                                                                            Dados de Saúde 2011

                                                                                            (pg..153)
GRÁFICOS E TABELAS: Dados oficiais

                                     Financiamento do sistema de saúde

   “Existem 3 elementos para o financiamento do sistema       social do Estado e fundos da Segurança social. O financi-
   de saúde: fontes de financiamento (famílias, empregado-    amento privado inclui o pagamento directo pelas famí-
   res e Estado); esquemas de financiamento (seguros obri-    lias (utentes), seguros de saúde privados e outros fun-
   gatórios ou voluntários) e os agentes financiadores        dos privados (ONG e corporações privadas)”
   (organizações que gerem os esquemas de financiamen-
                                                              OCDE Dados de Saúde 2011 (pg. 156)
   to). O financiamento público inclui a comparticipação


   Alteração nos pagamentos directos pelo utente
   como percentagem da despesa corrente, 2000
   -09. OCDE Dados de saúde 2011 pg.157                     Despesa total privada e despesa directa pelo utente como
                                                            percentagem da despesa total de saúde, Portugal e a média
                                                            Europeia dos 15, 1998-2005, OMS 2010 pg.43.

                                                                                       Média da UE15 (total privado)
                                                                                       Média UE15 - pagamento utente
                                                                                       Portugal (Total privado)
                                                                                       Portugal - pagamento utente
                                       Pontos percentuais




Pagamentos pelo
utente como percen-
tagem do consumo
familiar final, 2009,
OCDE Dados de Saú-
de, pg.135.
GRÁFICOS E TABELAS: Dados oficiais

                                                          Equidade no sistema de saúde

                   “O reconhecimento crescente de que o crescimento e           mento valioso e a via mais certa de conduzir a um siste-
                   ganho económico é o objectivo último e solução para          ma de valores que tenha como fundamental o bem-estar
                   tudo, tem sido mal aplicado (…) É altura de elaborar polí-   da humanidade (…) Maior equidade no estado de saúde
                   ticas baseadas na justiça social. (…) Ouvimos pedidos de     das populações intra e inter países deverá ser encarada
                   líderes por todo o mundo clamando que demos aos sis-         como a medida chave de como nós, como sociedade,
                   temas internacionais uma dimensão moral (…) para que         estamos a progredir.”
                   os redesenhemos de forma a que respondam a valores e         Margaret Chan - Directora Geral da OMS, num discurso
                   preocupações sociais (…). Focar a saúde é um empenha-        à ONU

 Necessidades médicas não atendidas, razões selecciona-                            Necessidades de Saúde Oral não atendidas por quintil
 das por quintil de rendimento, países Europeus,                                   de rendimento, países Europeus, OCDE 2011 pg 131
 OCDE dados de saúde 2011, pg 131
                                                                                                 Rendimento    Rendimento Rendimento
Rendimentos mais baixos                           Rendimentos mais elevados                        elevado       médio       baixo
     Não pode pagar                           Tempo de espera Muito distante




                                          %                                                     %

                                                                                   Outros em saúde
Percentagem do orçamento




                                                                                   Bens médicos
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O futuro do Sistema Nacional de Saúde português

  • 1. SEPARATA DIZERES NA PAREDE OLH AR A SAÚ DE INFORMA PS PAREDE MARÇO 2012 APRESENTAÇÃO DA SEPARATA NESTA EDIÇÃO: No seguimento do Informa, A publicação da Separata resultado do debate com a DADOS DE 2 surgiu a necessidade de um terá uma periodicidade inde- camarada Ana Benavente. PORTUGAL espaço que permita simultane- finida, dependendo apenas A Secção do PS Parede pre- amente coligir informação e da vontade, interesse e em- EQUIDADE EM tende contribuir para o apro- 2 desenvolver temas. Com a penho dos camaradas. ANÁLISE: fundamento de temas e DESPESA PÚBLICA Separata pretendemos faze-lo. VS Inicia-se a Separata a propó- consolidação de argumen- DESPESA PRIVADA Todas as referências bibliográ- sito do debate sobre a tos para a afirmação ideoló- ficas serão identificadas, bem “Saúde e o Estado Social”. gica da Esquerda democráti- IDEOLOGIA 3 como, sempre que possível, a ca. E SAÚDE Fica prometida outra, sobre a disponibilização através de “Crise e a Auditoria à dívida”, Bom debate. IMPRENSA EM 4 hiperligação. REVISTA O SERVIÇO DE SAÚDE E OS SISTEMAS DE SAÚDE: BREVE ENQUADRAMENTO NO MUNDO GLOBALIZADO . 1978 Decl. Alma-Ata Cuidados Primários O Serviço Nacional de Saúde No contexto de mundo glo- as políticas de saúde, é 1986 Carta de Ottawa (SNS) é um dos Sistemas de balizado, ressurgiu a com- proposto um método para Promoção da Saúde saúde caracterizado pelas parabilidade internacional, síntese do conhecimento organizações internacionais. com consequente desenvol- em políticas públicas, con- 1988 Decl. de Adelaide vimento de indicadores de siderando efeitos sociais Polític. Públicas Saudáveis A génese dos sistemas de aferição dos sistemas. Em indesejáveis e equidade. saúde pode ser fundamental- 1991 Decl. de Sunsvall 1999, OMS e OCDE assi- Em 2011, a OMS, em livro, mente dividida em Bismarcki- Ambientes favoráveis à nam um programa de coo- olhando para os sistemas saúde anos e Beveridgianos, os peração promovendo a mú- de saúde, perspectiva que primeiros, tradicionalmente 1997 Decl. de Jacarta tua troca de informação estes não são, como propa- associados ao norte da Euro- Promoção da Saúde no sobre dados de saúde. Na- gandeado, um fardo finan- Sec. XXI pa e os segundos ao sul, em turalmente, a OCDE colige ceiro, mas sim, uma via relação íntima com os siste- 2000 Decl. México informação económica, en- para o crescimento econó- mas de protecção social de- Rumo a maior equidade quanto a OMS apreende a mico. senvolvidos no pós-guerra. saúde das populações. Em 2005 Carta de Bangue- Afinal, qual o futuro do sis- coque 2010, com a amplificação tema de saúde Português? ...num mundo Globalizado das posições financeiras como pretexto para alterar Perspectiva da ENSP, antes da crise.
  • 2. OLHAR A SAÚDE Página 2 EQUIDADE EM ANÁLISE:DESPESA PÚBLICA VS DESPESA PRIVADA O Orçamento Geral do Es- pela OMS e OCDE. de saúde, sejam cuidados, A OMS descreve que, em Por- tado para 2012 prevê me- Portugal é um dos países medicamentos, exames tugal, o nível de rendimento nos 600M€ para a Saúde; da Europa com menor des- (22.9%). Contrariamente à individual é a principal fonte redução das deduções pesa per capita em saúde, tendência na OCDE, Portugal de iniquidade, acima de qual- fiscais e aumento das ta- abaixo da média da OCDE, foi dos países que mais quer outro país. Somos dos xas moderadoras . O argu- e com menor crescimento cresceu nos gastos das fa- países em que há maior dife- mento principal é Portugal dessa despesa. O cresci- mílias em saúde, encontran- rença no acesso a cuidados gastar demasiado em saú- mento deve-se principal- do-se acima da média. de saúde por quintil de rendi- de, comparando com a mente a um aumento da Importa, agora, referir o con- mento e o sistema fiscal be- OCDE. De facto, atenden- despesa privada, e não ceito de “gastos catastrófi- neficiou os 10% mais ricos do ao PIB, o crescimento pública . A despesa pública cos”. Este termo aplica-se à com 27% de reembolso em da despesa em saúde é encontra-se abaixo da mé- percentagem do orçamento despesas de saúde, enquan- mais elevado e despropor- dia da OCDE. Como parte familiar dedicada a gastos to, os 10% mais pobres, ape- cional. Contudo, convém da despesa privada temos com saúde, quando ultra- nas em 6%. olhar para outros indicado- as despesas individuais passa os 40%. É neste pon- O Estado dispende ou inves- res de saúde fornecidos, aquando do acesso a bens to que se discute equidade. te? O SISTEMA DE SAÚDE PORTUGUÊS: SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE E RELAÇÃO MISTA COM O SECTOR PRIVADO Tanto conseguimos, em 33 O sistema de saúde en- base é a separação das enti- anos, com a implementa- contra-se em transição, dades: financiadora, presta- ção do SNS. Evoluímos da mantendo-se o financia- dora e reguladora. cauda Europeia para o to- mento do SNS inalterado. É possível compatibilizar saú- po, num conjunto impor- Temos parcerias público- de pública, geral e universal, tante de indicadores de privadas, uma nova ges- O sector privado descobriu a com a perspectiva do lucro? saúde. tão dos cuidados de saú- de e uma rede de cuida- saúde como mercado poten- O Hospital de Cascais, HPP, A realização e implemen- cial, mais ainda, numa Euro- dos continuados. em 2011, derrapou 25.7%, tação do Plano Nacional de pa envelhecida. “A eficiência custando ao Estado 71.9 M€. Saúde prometia revolucio- baseada no desconforto e nar o quadro da saúde em incerteza”; “retorno do capi- Alterações estão em prepara- Portugal, tanto na reforma tal adequado ao risco envol- ção, um exemplo, a descen- da prestação de serviços vido” e “alteração de estraté- tralização de competências como na priorização clara gia em função do mercado” para os municípios. A experi- de necessidades de inter- A que transição assisti- podem ler-se na apresenta- ência internacional relata venção. A evolução dos mos e que transição que- ção feita pela Espirito Santo resultados sociais dispares, indicadores entre 2004 e remos? Saúde à Ordem dos Econo- como alerta a OMS, em 2010 é já reflexo de uma mistas em 2010. 2011. Em 2010, a OMS alertava nova forma de abordar a Nos EUA, a política de Saúde para a necessidade de saúde. clarificar e regular o papel dos Governos é fortemente do sector privado, bem influenciada pelos problemas como maior investimento imediatos e atenção social e revisão dos subsistemas que geram. de saúde, para maior Na dúvida, falemos de equi- equidade e manutenção Também a Deloitte propõe dade e universalidade e de- da universalidade. uma visão para a saúde. A fendamos o SNS.
  • 3. SEPARATA Página 3 DIZERES NA PAREDE DIVISÕES IDEOLÓGICAS: SÍNTESE DE OBJECTIVOS E ARGUMENTOS DIREITA ESQUERDA Insustentabilidade do Argumento financeiro. Prin- Argumento económico. Sustentabilidade do SNS. cípio de que Economia Princípio de que Política SNS. escolhe modelo político. escolhe modelo económico. Injustiça da gratuitida- Argumento fiscal. Princípio Argumento social. Princípio Universalidade, Gene- de para ricos. da discriminação positiva. da Equidade social. ralidade e Gratuitida- Redução de desigualdades. de tendencial. Prestador privado em Argumento do mercado. Argumento político. Estado Prestadores privados concorrência melhora Princípio da concorrência como garante social. Prin- em articulação regulada sistema. como incentivo. Auto- cípio da regulação do mer- com o SNS. regulação. Eficiência cado. Não diminuição das Argumento fiscal. Princípio Argumento social. Princípio Universalidade, Gene- deduções fiscais. da discriminação positiva. da equidade. ralidade e Gratuitida- Redução de desigualdades. de tendencial. Descentralização. Argumento administrativo. Argumento político. Princí- Descentralização. Princípio da diminuição do pio de maior participação Estado central. do poder local. Reforço do Estado. LIBERALISMO SOCIAL-DEMOCRACIA SOCIALISMO “A Europa deve evitar o modelo de saúde disfuncional dos EUA” N. Chomsky Paulo Macedo Correia de Campos António Arnaud “Não é possível ter um “Os liberais e o SNS“ SNS bom e gratuito para “Sucesso do SNS é questão “SNS no código genético toda a gente, diz Ferreira política, não de dinheiro “ do PS” Leite” FÓRUM ECONÓMICO MUNDIAL E FÓRUM SOCIAL MUNDIAL EM 2012 Em Janeiro decorreram os mundo. No FSM discutiu Comissário Europeu em Julho, a Fóruns de Davos e Porto -se “Estado de bem- Delli abordava o assunto conferência Alegre, focando em deba- estar ou fractura social”,, segundo uma visão neo- da ONU te , respectivamente, as enquanto em Davos o liberal . Aguardamos, RIO+20, visões sobre de- económi- senvolvime ca e soci- nto. al do
  • 4. A IMPRENSA NACIONAL E LOCAL REVISTA 09.05.2011 PSD quer a privatização parcial do SNS. D.Notícias 08.07.2011 A destruição programada do SNS. Le Mnd Dplmtq 22.10.2011 Sucesso do SNS é questão política, não de dinheiro. D.Notícias 28.12.2011 Hospitais do SNS desperdiçaram 2ME por dia em 2008. RTP 28.12.2011 Utentes do SNS dizem que aumento do tempo de espera é um “prejuízo”. Público 05.01.2012 Meios complementares de defesa do SNS. Le Mnd Dplmtq 11.01.2012 Não é possível ter um SNS bom e gratuito para toda a gente. SIC 19.01.2012 Gestores públicos não podem acumular funções no SNS. Ag Financeira 21.01.2012 PS deve mudar de nome se SNS desaparecer. Expresso 25.01.2012 SNS no código genético do PS. Público 08.02.2012 Empresa contratada pelo Estado não cumpre pagamentos a clientes e fornecedores do SNS. RTP 09.02.2012 Défice do SNS abaixo do esperado por Macedo - mais baixo desde 2008. Neg. online 14.02.2012 Salários de gestores do SNS fora dos limites do Estat. de Gest. público. C.Manhã 02.03.2012 Aumento da mortalidade também tem a ver com a pobreza. RTP 02.03.2012 CGD espera vender negócio hospitalar do grupo no 1.º semestre. Público 04.03.2012 Portugal é o país da Europa onde mais se morre de frio. D. Notícias 05.03.2012 Parcerias com privados na saúde violaram "boa gestão pública". Público 06.03.2012 A dívida dos hospitais públicos à Indústria Farmacêutica continua a subir, chegando aos 1.303 ME. Apifarma 07.03.2012 Investimentos superiores a 100 mil euros no SNS só com autorização do ministro. Oje 07.03.2012 Urgências eliminam refeições nocturnas. Sol NOTÍCIAS QUE SE REFLECTEM EM CASCAIS 27.07.2011 Pagamentos a Hospital de Cascais, em 2010, 37% acima. Pagos 60.8 M. Sol 31.08.2011 Sonangol está de olhos postos na privatização dos hospitais lusos. N. Lusófonas 07.10.2011 Adalberto Campos Fernandes é o novo Presidente do Hospital de Cascais. Público 18.11.2011 Partos no Hospital de Cascais crescem 37%. HPP Saúde 22.12.2012 HPP na mira dos grupos Mello e Espírito Santo Saúde. RCMpharma 03.01.2012 Bombeiros: Suspensão do transporte põe em risco de vida hemodialisados. Sol 16.01.2012 Hospital de Cascais poderá despedir 200 profissionais N G Lisboa 15.02.2012 Pagamentos a Hospital de Cascais, em 2011, 25,7% acima. Pagos 71.9M. Sol O texto e imagens contém hiperligações assinaladas com e vídeos com . Lamentamos que nem todos os textos existam em Português. Alguns, mesmo textos oficiais internacionais carecem de tradução. Assim, o compromisso de garante de in- formação e preocupação com fidedignidade conduz à remissão para o original. Redacção: Secretariado PS Parede.
  • 5. GRÁFICOS E TABELAS: Dados oficiais Despesa em saúde per capita “A despesa total em saúde mede o consumo final de despesa pública e privada em serviços médicos e bens, bens de saúde e serviços (i.e. despesa corrente de saú- saúde pública e programas de prevenção, bem como de), adicionando o investimento de capital em infraes- administração.” truturas de cuidados de saúde. Esta medida inclui a OCDE Dados de Saúde 2011 (pg. 148) Despesa total em saúde per capita, público e privado, 2009 (ou ano mais próximo) Despesa pública Despesa privada Percentagem de crescimento anual na despesa de saúde per capita em termos reais, 2000-09 (ou ano mais próxi- mo). OCDE Dados de Saúde 2011 pg.149 Portugal: Despesa total de saúde per capita, 2000-2007, por fonte. OMS 2010, pg.48 Taxa de crescimento médio anual (%) Fonte pública Fonte privada Despesa corrente de saúde total per capita (EURs)
  • 6. GRÁFICOS E TABELAS: Dados oficiais Despesa por fonte de financiamento “O sector público é a principal fonte de financiamento mente elevadas no início dos anos 90, como a Polónia da saúde em todos os países da OCDE, excepto no Chi- e Hungria, diminuíram a participação; enquanto outros le, México e EUA. Em 2009, na OCDE, a porção da des- países que, historicamente, apresentavam uma porção pesa de saúde pública rondava, em média, os 72% dos pública relativamente baixa, como Portugal e a Turquia, gastos totais com a saúde. Esta porção manteve-se aumentaram os gastos do sector público, reflectindo relativamente estável ao longo dos últimos 20 anos. reformas dos sistemas de saúde e a expansão da co- Contudo, em décadas recentes, tem havido uma con- bertura do serviço público.” vergência dos gastos públicos em saúde nos países da OCDE Dados de Saúde 2011 (pg. 148) OCDE. Muitos dos países que tinham despesas relativa- Despesa em Saúde por fonte de financiamento, 2009 (ou ano mais próximo). OCDE Dados de Saúde 2011 (pg.157) Estado Sector privado Utente Seguro privado Outros Despesa em saúde do sector público como percentagem (%) da despesa total de saúde na Região Europeia da OMS, 2008, (adaptado) Observatório Europeu, 2011. pg.57
  • 7. GRÁFICOS E TABELAS: Dados oficiais Despesa por função “Uma abordagem funcional dos serviços de saúde define pessoais (curativos, de reabilitação, continuados, auxilia- os limites do sistema de saúde. A despesa total em saú- res e bens médicos) e serviços colectivos (serviços públi- de consiste nas despesas corrente e de investimento. A cos e de administração)” despesa corrente compreende os cuidados de saúde OCDE Dados de Saúde 2011 (pg. 152) Despesa corrente em saúde por função de cuidados de saúde. OCDE Dados de Saúde 2011 (pg.157) Os países são classificados de acordo com cuidados curativos-reabilitação como parte da despesa corrente em saúde. Doentes internos Doentes externos Cuidados continuados Bens médicos Serviços colectivos 1. Refere-se a cuidados curativos e de reabilitação em doentes internados e em cuidados de dia. 2. Inclui cuidados domiciliários e serviços auxiliares. Crescimento da despesa de doentes internos e externos, Despesas de administração e subsistemas, 2009 per capita, em termos reais, 2009 Percentagem da despesa corrente em saúde (%) Taxa de crescimento médio anual (%) OCDE Dados de Saúde 2011 (pg..153)
  • 8. GRÁFICOS E TABELAS: Dados oficiais Financiamento do sistema de saúde “Existem 3 elementos para o financiamento do sistema social do Estado e fundos da Segurança social. O financi- de saúde: fontes de financiamento (famílias, empregado- amento privado inclui o pagamento directo pelas famí- res e Estado); esquemas de financiamento (seguros obri- lias (utentes), seguros de saúde privados e outros fun- gatórios ou voluntários) e os agentes financiadores dos privados (ONG e corporações privadas)” (organizações que gerem os esquemas de financiamen- OCDE Dados de Saúde 2011 (pg. 156) to). O financiamento público inclui a comparticipação Alteração nos pagamentos directos pelo utente como percentagem da despesa corrente, 2000 -09. OCDE Dados de saúde 2011 pg.157 Despesa total privada e despesa directa pelo utente como percentagem da despesa total de saúde, Portugal e a média Europeia dos 15, 1998-2005, OMS 2010 pg.43. Média da UE15 (total privado) Média UE15 - pagamento utente Portugal (Total privado) Portugal - pagamento utente Pontos percentuais Pagamentos pelo utente como percen- tagem do consumo familiar final, 2009, OCDE Dados de Saú- de, pg.135.
  • 9. GRÁFICOS E TABELAS: Dados oficiais Equidade no sistema de saúde “O reconhecimento crescente de que o crescimento e mento valioso e a via mais certa de conduzir a um siste- ganho económico é o objectivo último e solução para ma de valores que tenha como fundamental o bem-estar tudo, tem sido mal aplicado (…) É altura de elaborar polí- da humanidade (…) Maior equidade no estado de saúde ticas baseadas na justiça social. (…) Ouvimos pedidos de das populações intra e inter países deverá ser encarada líderes por todo o mundo clamando que demos aos sis- como a medida chave de como nós, como sociedade, temas internacionais uma dimensão moral (…) para que estamos a progredir.” os redesenhemos de forma a que respondam a valores e Margaret Chan - Directora Geral da OMS, num discurso preocupações sociais (…). Focar a saúde é um empenha- à ONU Necessidades médicas não atendidas, razões selecciona- Necessidades de Saúde Oral não atendidas por quintil das por quintil de rendimento, países Europeus, de rendimento, países Europeus, OCDE 2011 pg 131 OCDE dados de saúde 2011, pg 131 Rendimento Rendimento Rendimento Rendimentos mais baixos Rendimentos mais elevados elevado médio baixo Não pode pagar Tempo de espera Muito distante % % Outros em saúde Percentagem do orçamento Bens médicos familiar dedicado à saúde Diagnóstico Co-pagamentos Portugal: Farmácia Pagamentos pelas famílias como percentagem do orçamento fami- liar, por quintil de rendimento, em 2005/2006 OMS 2010, pg..42 Rendimento Rendimento baixo elevado