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Teoria da Literatura II 2018.2
Dois Irmãos
Uma análise sobre a personagem Yaqub no
romance de Milton Hatoum
Por André Vidal, Lucas Moura e Nadjara Martins
Docente: Prof. Dr. Henrique Sousa
Yaqub
Gêmeo “mais velho” do casal Zana
e Halim. Do hebraico, “aquele que
suplanta”.
Altivez/arrogância
Inteligência
Identidade
Evolução
Cronologia da personagem
1926
Nascimento
dos gêmeos
1939
Viagem ao Líbano
Após ser atacado por Omar, Yaqub é
enviado pelos pais para o Líbano,
1945
Retorno a Manaus
Yaqub volta para Manaus e passa a
estudar no Salesiano.
1949
Partida para São Paulo
Yaqub deixa a família e vai para
Manaus estudar na Escola
Politécnica.
1955
Outros acontecimentos
Casamento com Lívia e primeira
visita a Manaus.
Infância
“(...) Ao chegar do Líbano, Yaqub reconhece um pedaço da infância vivida em
Manaus. se emocionou com a visão dos barcos coloridos, atracados às
margens dos igarapés por onde ele, o irmão e o pai haviam navegado numa
canoa aberta de palha.
Ao balbuciar sons embaralhados, Zana pergunta: Arrancaram tua língua ?
“Lá, não, mama”, disse ele, sem tirar os olhos da paisagem da infância, de
alguma coisa interrompida antes do tempo, bruscamente.” (p. 13-14)
“(...) Nessa época, havia uma certa união entre os gêmeos. Corriam na praia
quando o rio secava, entravam correndo na casa, ziguezagueavam pelo
quintal, caçavam calangos.
Aqui é mostrado as diferenças entre os dois: “O caçula era destemido, se
arriscava ao subir na seringueira e subia cada vez mais, mangava do irmão
que se equilibrava no meio da árvore, escondido na folhagem, agarrado ao
galho mais grosso, tremendo de medo, temendo perder o equilíbrio”. (p. 14)
“(...) fôlego ele não tinha para acompanhar o irmão. Nem coragem. Sentia
raiva, de si próprio e do outro, quando via o braço do Caçula enroscado no
pescoço de um curumim do cortiço que havia nos fundos da casa. Sentia raiva
de sua impotência e tremia de medo, acovardado, ao ver o Caçula desafiar
três ou quatro moleques parrudos, aguentar o cerco e os socos deles e
revidar com fúria e palavrões.” (p.13)
p.
“(...) Nos bailes de Carnaval no sobrado de Sultana Benemou, Yaqub gostava
de brincar e pular. Eles tinham treze anos, e, para Yaqub, era como se a
infância tivesse terminado no último baile no casarão dos Benemou.
Yaqub quis ficar até meia-noite para conhecer Lívia, sobrinha dos Reinosos,
mas Zana ordenou que ele levasse sua irmã para casa. Ao voltar a festa, viu o
caçula se divertir com Lívia.
Foi o seu último baile. Quer dizer, a última manhã em que viu o irmão chegar
de uma noitada de arromba. Não entendia por que Zana não ralhava com o
Caçula, e não entendeu por que ele, e não o irmão, viajou para o Líbano dois
meses depois. (p.14)
p.
Domingas conta a história da cicatriz no rosto de Yaqub para Nael.
Aconteceu em uma tarde nublada de sábado, todas as crianças iam se reunir
na casa dos Reinoso para assistir ao cinematógrafo ambulante. Lívia estava
com os gêmeos e trocava olhares com eles, o caçula ficou enciumado. “Olhava
para Yaqub como se visse nele alguma coisa que o outro não tinha. Yaqub,
meio acanhado, percebia?”
Durante a sessão, houve uma pane no gerador, alguém abriu uma janela e a
platéia viu os lábios de Lívia no rosto de Yaqub.
Análise
1
Yaqub e Omar não nasceram se odiando, mas já possuíam personalidades
distintas.
Sentia-se inferior ao caçula, porém, admirava sua coragem.
A rivalidade foi potencializada com a chegada de Lívia.
Não entendia porque Zana brigava com ele e não com o irmão.
A cicatriz, a dor e algum sentimento que ele não revelava e talvez desconhecesse.
2
3
4
5
Adolescência
“(...) Yaqub, que perdera alguns anos de escola no Líbano, era um varapau
numa sala de baixotes. Zana temia que ele mijasse no pátio do colégio,
comesse com as mãos no refeitório (...) Era um tímido, e talvez por isso
passasse por covarde. Tinha vergonha de falar: trocava o pê pelo bê (...)” (p.
30)
“Yaqub quase nada revelava sobre sua vida no sul do Líbano (...) “Eu cuidava
do rebanho. Eu, o responsável pelo rebanho. Só isso”. Quando Rânia insistia,
ele se tornava áspero (...) No entanto, havia acontecido alguma coisa naquele
tempo de pastor.” (p.38)
“Era o mais silencioso da casa e da rua, reticente ao extremo. Nesse gêmeo
lacônico, carente de prosa, crescia um matemático.” (p.31)
Análise
1 O trauma causado pelo Líbano;
2 Quebra na relação familiar: Yaqub reticente, desconfiado;
3 Timidez esconde a determinação;
“Yaqub recusou o dinheiro e a bicicleta Pediu uma farda de gala para desfilar
no dia da Independência. Era o seu último ano no colégio dos padres e agora
ia desfilar como espadachim. Já era garboso à paisana, imagine de farda
branca com botões dourados, a ombreira enfeitada de estrelas, o cinturão de
couro com fecho prateado, a polaina, a luva branca, a espada reluzente que
ele empunhou no espelho da sala (...) ” (p.39)
“Ele não olhou para ninguém: desfilou com um ar de filho único que não era.
Yaqub, que pouco falava, deixou a aparência falar por ele.” (p.40)
Análise
4 Por trás do tímido, o “boto” de Domingas;
5 Partida de Manaus: fuga da província e do irmão? (pe. Bolislau);
6 Indícios do Yaqub da vida adulta.
Maturidade
“A visita de Yaqub, ainda que passageira, permitiu que eu o conhecesse um
pouco. Algo do comportamento dele me escapava; ele me deixou uma
impressão ambígua, de alguém duro, resoluto e altivo, mas ao mesmo tempo
marcado por uma sofreguidão que se assemelhava a uma forma de afeto. Essa
atitude indecisa me deixava confuso. Ou talvez eu mesmo oscilasse feito
gangorra. Muita coisa do que diziam de Yaqub não se ajustou ao que vi e
senti. Em casa, diante da família, ele se alterava, ficava desconfiado. Mas
perto de mim não vestia uma armadura sólida, como dissera Halim a respeito
do filho. Durante o nosso passeio pela cidade, enquanto nos aproximávamos
da zona portuária, ele parecia estranhar tudo. Estava ensopado de suor,
irritado com a sujeira acumulada nas ruas. Aos poucos, tudo isso foi perdendo
importância. Perto do Hotel Amazonas ele parou diante da banquinha de
tacacá da dona Deúsa, tomou duas cuias, sorvendo com calma o tucupi
fumegante, mastigando lentamente o jambu apimentado, como se quisesse
recuperar um prazer da infância (...).”
p.
Yaqub começou a remar, às vezes erguia o remo e acenava aos moradores
das palafitas, ria ao ver os meninos correndo nos becos do bairro, nos campos
de futebol improvisados, ou escalando o toldo de barcos abandonados. ‘Eu
brincava muito por aqui’, ele disse. ‘Vinha com a tua mãe, nós dois
passávamos o domingo nessas margens... escondidos nos aningais.’ Parecia
estar contente, não se irritava com o cheiro de lodo que empestava as praias
do igarapé. Apontou uma palafita na margem esquerda, um pouco antes da
ponte metálica. Encostamos a canoa, Yaqub observou a casinha suspensa,
subiu uma escada e me chamou.
p.
Era um barraco que fora pintado de azul, mas agora a fachada estava coberta
de manchas cinzentas; no seu interior havia duas mesinhas e tamboretes;
uma mulher que arrumava as mesas perguntou se íamos comer. Yaqub
respondeu com uma pergunta: ela se lembrava dele? Não, não fazia ideia:
quem era? ‘Eu e a mãe deste rapaz vínhamos comer jaraqui frito na sua casa.
Depois a gente nadava no igarapé... eu jogava futebol e empinava papagaio…’
Ela recuou, observou-o dos pés à cabeça, quis saber quando, fazia muito
tempo? ‘Sou filho do Halim.’ ‘O da rua dos Barés? Minha Nossa Senhora...
aquele menino? Olha... como cresceu! Espera um pouco.’
p.
Ela trouxe uma fotografia em preto e branco: Yaqub e minha mãe juntos,
numa canoa, em frente da palafita, o Bar da Margem. Ele olhou a imagem,
quieto e pensativo, e procurou com os olhos o lugar da margem em que algum
dia fora feliz. Depois falou que morava muito longe, em São Paulo, fazia anos
que não visitava a cidade. A mulher quis puxar conversa, mas Yaqub quase
não falou, sua alegria foi se apagando, o rosto ficou sério. Despediu-se com
poucas palavras, a mulher lhe ofereceu a foto, ele agradeceu: talvez voltasse
com Domingas ao Bar da Margem. Na canoa, remando para o pequeno porto,
ele me disse que nunca ia se esquecer do dia em que saiu de Manaus e foi
para o Líbano. Tinha sido horrível. ‘Fui obrigado a me separar de todos, de
tudo... não queria.’” (p. 85-86)
Análise
1
Mantém a postura de seriedade do espadachim, mas não para todos;
Em momentos pontuais, revela sua intimidade. Revelar sua intimidade, no
entanto, machuca-o. E, assim, recua.
Até mesmo as lembranças felizes do passado têm gosto amargo. O desapego à
família também está presente;
Presságios da desconstrução do personagem no resto da obra é apresentado (“Ou
talvez eu mesmo oscilasse feito gangorra. Muita coisa do que diziam de Yaqub
não se ajustou ao que vi e senti.”)
2
3
4
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  • 1. Teoria da Literatura II 2018.2 Dois Irmãos Uma análise sobre a personagem Yaqub no romance de Milton Hatoum Por André Vidal, Lucas Moura e Nadjara Martins Docente: Prof. Dr. Henrique Sousa
  • 2. Yaqub Gêmeo “mais velho” do casal Zana e Halim. Do hebraico, “aquele que suplanta”. Altivez/arrogância Inteligência Identidade Evolução
  • 3. Cronologia da personagem 1926 Nascimento dos gêmeos 1939 Viagem ao Líbano Após ser atacado por Omar, Yaqub é enviado pelos pais para o Líbano, 1945 Retorno a Manaus Yaqub volta para Manaus e passa a estudar no Salesiano. 1949 Partida para São Paulo Yaqub deixa a família e vai para Manaus estudar na Escola Politécnica. 1955 Outros acontecimentos Casamento com Lívia e primeira visita a Manaus.
  • 5. “(...) Ao chegar do Líbano, Yaqub reconhece um pedaço da infância vivida em Manaus. se emocionou com a visão dos barcos coloridos, atracados às margens dos igarapés por onde ele, o irmão e o pai haviam navegado numa canoa aberta de palha. Ao balbuciar sons embaralhados, Zana pergunta: Arrancaram tua língua ? “Lá, não, mama”, disse ele, sem tirar os olhos da paisagem da infância, de alguma coisa interrompida antes do tempo, bruscamente.” (p. 13-14)
  • 6. “(...) Nessa época, havia uma certa união entre os gêmeos. Corriam na praia quando o rio secava, entravam correndo na casa, ziguezagueavam pelo quintal, caçavam calangos. Aqui é mostrado as diferenças entre os dois: “O caçula era destemido, se arriscava ao subir na seringueira e subia cada vez mais, mangava do irmão que se equilibrava no meio da árvore, escondido na folhagem, agarrado ao galho mais grosso, tremendo de medo, temendo perder o equilíbrio”. (p. 14)
  • 7. “(...) fôlego ele não tinha para acompanhar o irmão. Nem coragem. Sentia raiva, de si próprio e do outro, quando via o braço do Caçula enroscado no pescoço de um curumim do cortiço que havia nos fundos da casa. Sentia raiva de sua impotência e tremia de medo, acovardado, ao ver o Caçula desafiar três ou quatro moleques parrudos, aguentar o cerco e os socos deles e revidar com fúria e palavrões.” (p.13)
  • 8. p. “(...) Nos bailes de Carnaval no sobrado de Sultana Benemou, Yaqub gostava de brincar e pular. Eles tinham treze anos, e, para Yaqub, era como se a infância tivesse terminado no último baile no casarão dos Benemou. Yaqub quis ficar até meia-noite para conhecer Lívia, sobrinha dos Reinosos, mas Zana ordenou que ele levasse sua irmã para casa. Ao voltar a festa, viu o caçula se divertir com Lívia. Foi o seu último baile. Quer dizer, a última manhã em que viu o irmão chegar de uma noitada de arromba. Não entendia por que Zana não ralhava com o Caçula, e não entendeu por que ele, e não o irmão, viajou para o Líbano dois meses depois. (p.14)
  • 9. p. Domingas conta a história da cicatriz no rosto de Yaqub para Nael. Aconteceu em uma tarde nublada de sábado, todas as crianças iam se reunir na casa dos Reinoso para assistir ao cinematógrafo ambulante. Lívia estava com os gêmeos e trocava olhares com eles, o caçula ficou enciumado. “Olhava para Yaqub como se visse nele alguma coisa que o outro não tinha. Yaqub, meio acanhado, percebia?” Durante a sessão, houve uma pane no gerador, alguém abriu uma janela e a platéia viu os lábios de Lívia no rosto de Yaqub.
  • 10. Análise 1 Yaqub e Omar não nasceram se odiando, mas já possuíam personalidades distintas. Sentia-se inferior ao caçula, porém, admirava sua coragem. A rivalidade foi potencializada com a chegada de Lívia. Não entendia porque Zana brigava com ele e não com o irmão. A cicatriz, a dor e algum sentimento que ele não revelava e talvez desconhecesse. 2 3 4 5
  • 12. “(...) Yaqub, que perdera alguns anos de escola no Líbano, era um varapau numa sala de baixotes. Zana temia que ele mijasse no pátio do colégio, comesse com as mãos no refeitório (...) Era um tímido, e talvez por isso passasse por covarde. Tinha vergonha de falar: trocava o pê pelo bê (...)” (p. 30) “Yaqub quase nada revelava sobre sua vida no sul do Líbano (...) “Eu cuidava do rebanho. Eu, o responsável pelo rebanho. Só isso”. Quando Rânia insistia, ele se tornava áspero (...) No entanto, havia acontecido alguma coisa naquele tempo de pastor.” (p.38) “Era o mais silencioso da casa e da rua, reticente ao extremo. Nesse gêmeo lacônico, carente de prosa, crescia um matemático.” (p.31)
  • 13. Análise 1 O trauma causado pelo Líbano; 2 Quebra na relação familiar: Yaqub reticente, desconfiado; 3 Timidez esconde a determinação;
  • 14. “Yaqub recusou o dinheiro e a bicicleta Pediu uma farda de gala para desfilar no dia da Independência. Era o seu último ano no colégio dos padres e agora ia desfilar como espadachim. Já era garboso à paisana, imagine de farda branca com botões dourados, a ombreira enfeitada de estrelas, o cinturão de couro com fecho prateado, a polaina, a luva branca, a espada reluzente que ele empunhou no espelho da sala (...) ” (p.39) “Ele não olhou para ninguém: desfilou com um ar de filho único que não era. Yaqub, que pouco falava, deixou a aparência falar por ele.” (p.40)
  • 15. Análise 4 Por trás do tímido, o “boto” de Domingas; 5 Partida de Manaus: fuga da província e do irmão? (pe. Bolislau); 6 Indícios do Yaqub da vida adulta.
  • 17. “A visita de Yaqub, ainda que passageira, permitiu que eu o conhecesse um pouco. Algo do comportamento dele me escapava; ele me deixou uma impressão ambígua, de alguém duro, resoluto e altivo, mas ao mesmo tempo marcado por uma sofreguidão que se assemelhava a uma forma de afeto. Essa atitude indecisa me deixava confuso. Ou talvez eu mesmo oscilasse feito gangorra. Muita coisa do que diziam de Yaqub não se ajustou ao que vi e senti. Em casa, diante da família, ele se alterava, ficava desconfiado. Mas perto de mim não vestia uma armadura sólida, como dissera Halim a respeito do filho. Durante o nosso passeio pela cidade, enquanto nos aproximávamos
  • 18. da zona portuária, ele parecia estranhar tudo. Estava ensopado de suor, irritado com a sujeira acumulada nas ruas. Aos poucos, tudo isso foi perdendo importância. Perto do Hotel Amazonas ele parou diante da banquinha de tacacá da dona Deúsa, tomou duas cuias, sorvendo com calma o tucupi fumegante, mastigando lentamente o jambu apimentado, como se quisesse recuperar um prazer da infância (...).”
  • 19. p. Yaqub começou a remar, às vezes erguia o remo e acenava aos moradores das palafitas, ria ao ver os meninos correndo nos becos do bairro, nos campos de futebol improvisados, ou escalando o toldo de barcos abandonados. ‘Eu brincava muito por aqui’, ele disse. ‘Vinha com a tua mãe, nós dois passávamos o domingo nessas margens... escondidos nos aningais.’ Parecia estar contente, não se irritava com o cheiro de lodo que empestava as praias do igarapé. Apontou uma palafita na margem esquerda, um pouco antes da ponte metálica. Encostamos a canoa, Yaqub observou a casinha suspensa, subiu uma escada e me chamou.
  • 20. p. Era um barraco que fora pintado de azul, mas agora a fachada estava coberta de manchas cinzentas; no seu interior havia duas mesinhas e tamboretes; uma mulher que arrumava as mesas perguntou se íamos comer. Yaqub respondeu com uma pergunta: ela se lembrava dele? Não, não fazia ideia: quem era? ‘Eu e a mãe deste rapaz vínhamos comer jaraqui frito na sua casa. Depois a gente nadava no igarapé... eu jogava futebol e empinava papagaio…’ Ela recuou, observou-o dos pés à cabeça, quis saber quando, fazia muito tempo? ‘Sou filho do Halim.’ ‘O da rua dos Barés? Minha Nossa Senhora... aquele menino? Olha... como cresceu! Espera um pouco.’
  • 21. p. Ela trouxe uma fotografia em preto e branco: Yaqub e minha mãe juntos, numa canoa, em frente da palafita, o Bar da Margem. Ele olhou a imagem, quieto e pensativo, e procurou com os olhos o lugar da margem em que algum dia fora feliz. Depois falou que morava muito longe, em São Paulo, fazia anos que não visitava a cidade. A mulher quis puxar conversa, mas Yaqub quase não falou, sua alegria foi se apagando, o rosto ficou sério. Despediu-se com poucas palavras, a mulher lhe ofereceu a foto, ele agradeceu: talvez voltasse com Domingas ao Bar da Margem. Na canoa, remando para o pequeno porto, ele me disse que nunca ia se esquecer do dia em que saiu de Manaus e foi para o Líbano. Tinha sido horrível. ‘Fui obrigado a me separar de todos, de tudo... não queria.’” (p. 85-86)
  • 22. Análise 1 Mantém a postura de seriedade do espadachim, mas não para todos; Em momentos pontuais, revela sua intimidade. Revelar sua intimidade, no entanto, machuca-o. E, assim, recua. Até mesmo as lembranças felizes do passado têm gosto amargo. O desapego à família também está presente; Presságios da desconstrução do personagem no resto da obra é apresentado (“Ou talvez eu mesmo oscilasse feito gangorra. Muita coisa do que diziam de Yaqub não se ajustou ao que vi e senti.”) 2 3 4