1. 7/10/2014 Revista Pronews
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Setembro de 2003 | nº 48 | Capa: Duck Comunicação
UMA PRA MIM, UMA PRA TU: UM CASO DE SEGMENTAÇÃO
Ivelise Gomes
Satisfazer os desejos mais específicos dos leitores foi a arma
utilizada pelas revistas para se imporem no mercado editorial
e, por isso, correspondem a um excelente objeto de análise e
estudo da sociedade, uma vez que participaram ativamente da
história da imprensa e guardaram características originárias de
diversos grupos sociais do mundo, durante seu
desenvolvimento enquanto meio de comunicação. Com
certeza, sua influência mais forte pode ser observado no
começo do século, período de transformações radicais.
Foi nesta época, por exemplo, que o mercado recebeu a
primeira das publicações a causar a maior revolução editorial:
a Marie Claire, magazine francês lançado em 1937, com capa e
diagramação mais agradáveis, e nome pessoal.
Então, chega a II Guerra Mundial e, para entreter a população, lançam-se as fotonovelas, histórias
desenvolvidas através de fotografias e textos curtos. Anos depois, o mundo é abalado pela ousadia
de Hugh Marston Hefner que lançou, em 1953, a sua Playboy, considerada a melhor e mais gostosa
revista masculina. Neste mesmo período, nasceu a Time, a primeira revista mensal de informação
com um bom trabalho de pesquisa e apuração sobre acontecimentos do mundo todo.
Era o surgimento do processo de segmentação das revistas, que foi se adaptando, cada vez mais, aos
perfis dos seus públicos, ganhando força no mercado editorial e evoluindo com o passar do tempo
para o modelo atual, que abrange veículos de assuntos especializado (profissional e não profissional)
e aqueles especializados em público (comportamento e generalidades). Hoje, são cerca de 65 mil
títulos espalhados no mundo, que discorrem sobre diversos assuntos, mas mantêm o mesmo foco
das publicações de outrora: trazer informação e entretenimento para o leitor.
As revistas especializadas nunca estiveram tão em voga quanto agora. Atualmente, este universo é
dividido entre dezenas de segmentos como economia, moda, decoração, saúde, jardins, informática,
propaganda e bordo, fora aquelas dirigidas especificamente a homens, mulheres e adolescentes das
classes A e B ("revistas de comportamento"). Além de poder de compra, esses públicos têm instrução
para manter o hábito da leitura e, assim, o mercado. Por isso, a grande maioria das revistas é
pensada com o objetivo de fazer o produto certo para o público certo e atingir uma circulação
significativa, para defender o interesse dos anunciantes.
Assim, visando interesses pessoais e representando as "posturas sexuais" de seus leitores, o produto
tem conquistado nichos de mercado, antes nunca trabalhados como o público gay, por exemplo, que,
até algumas décadas atrás, vivia num submundo fechado. Hoje, derrubados os muros do preconceito,
conquistaram espaço na mídia com revistas próprias como a americana The List e a italiana King,
depois de figurar em capas dos principais periódicos do mundo - como K.D. Lang, na Vanity Fair, em
1993.
A revista de comportamento conseguiu se sedimentar no mercado editorial mundial, diferenciando-se
dos demais meios pela sua capacidade de apreender as mudanças da sociedade, de forma
instantânea, e criar novos conceitos de comportamento. Hoje, o periódico ocupa um papel importante
na comunicação e continua crescendo, apesar das crises econômicas dos tempos modernos e do
surgimento de novas mídias como a internet, a TV interativa e o papel digital.
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