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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
REITOR
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VICE-REITOR
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ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
DIRETOR
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REVISTA PAULISTA DE EDUCAÇÃO
FÍSICA
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José Fernando B. Lomonaco
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José Medalha
José Rizzo Pinto
Lia Renata Angelini Giacáglia
Manoel José Gomes Tubino
Maria Augusta Peduti DafMolin Kiss
Maurício Lea) Rocha
Nélio Parra
Raymond Victor Hegg
Renan Sampedro
Valdir José Barbanti
Zilda Augusta Anselmo
#
índice
PESQUISA
Força de Preensão Manual em Escolares de 9 a 18 anos 2
DIFUSÃO CIENTIFICA
Características da Saída em Velocistas Femininas 7
Introdução à Biomecânica no Esporte - Considerações sobre
Métodos de Investigação 13
Dez Mandamentos para Preservar a Saúde pela Atividade Física . . 18
ARTIGOS DIDÁTICOS
Aptidão Física: Conceitos c Avaliação 24
TESES E LIVROS
Aproveitamento dos Jogos Folclóricos na Educação Física 33
EDITORIAL
Realidade
Reunindo-se a inteligência, a dedicação e o idealismo, tivemos con-
dições de realizar um sonho (jue se arrastou ao longo dos anos de existen-
cia da Escola de Educação Eisica da Universidade de São Paulo, qual seja,
a edição de uma revista, (fuc recebeu o nome de "REIISTA PAULISTA
DE ED UC VIÇÃO EISIC "A".
Senipre tivemos cônscios da existência do manancial espetacular de
cultura e de saber de nossos professores e de colegas das diversas unidades
de ensino brasileiro, e a convicção que nos levou a unificar essas forças
deixa-nos tranqüilos de que a Revista se perpetuará através dos tempos,
numa ativa e continua cooperação de esforços que sobrepujará quaisquer
obstáculos.
Deverá desfilar através dela um corolário de artigos que abrangerá todos
os assuntos ligados à Educação Eisica e que por certo levará mensagens de
ilustres autores e de renomados profissionais da área.
Agradecemos desde já essa colaboração, que é a alma do evento a que
ora nos propusemos, e temos certeza de que não nos serão furtadas as
imprescindíveis dedicações de todos quantos lutam em pró da elevação
do nível cultural.
Enfim, vemos a realidade daquele sonho.
Realidade que se deve em muito ao Prof. Dr. Antonio Hélio Guerra
Vieira, a quem a Escola de Educação Eisica da USP externa a sua mais
sincera e efusiva gratidão.
Jamil Arjdré
Pesquisas
FORÇA DE PREENSÃO MANUAL EM ESCOLARES DE 9 a 18 ANOS 1
RAYMOND VICTOR HEGG 2
FLAVIA DA CUNHA BASTOS 3
RESUMO
As variações da força d„ preensão ma-
nual, em função de sexo e puberdade, foram
estudadas em 899 escolares da cidade de
São Paulo - 383 do sexo masculino e 516
do sexo feminino. Houve predominância
dos valores médios do sexo masculino
assim como diferenças significativas entre
púberes e não púberes, decorrentes do
surto pubertário em ambos os sexos.
Unitermos: Dinamometria. Puberdade.
SUMMARY
The variation on the handgrip strength
according to sex and puberty, were studied
in 899 students in the city of São Paulo -
being 383 boys and 516 girls. Is was found
that the medium values of the boys were
predominant as there were significant
differences between pubescents and no
pubescents in accordance to the puberal
impulse in both sexes.
Key worlds: Dinamometry. Puberty.
/ Trabalho apresentado nas sessões de temas livres do 1119 Congresso Internacional
de Auxologia, em Bruxellas, no período de 2(i a 30 de agosto de 1982.
J Professor Titular de Biometria Humana da Escola de Educação l-'ísica da Universi-
dade de São Paulo.
3 frofessor Auxiliar de Ensino de Biometria Humana da Escola de Educação iísi-
ca da Universidade de São Paulo.
INTRODUÇÃO
A força preensão manual, que avalia a
força estática dos membros superiores, vem
sendo estudada por autores como Dal Monte
ct alii (4), Ceverska et alii (3) e, entre nós,
por Soares et alii (10).
O seu desenvolvimento tem sido es-
tudado principalmente em função da idade
cronológica dos indivíduos e estes estudos
têm demonstrado graves variações dos
valores principalmente nos indivíduos que se
encontram na fase pubertária.
Alguns autores procuraram determinar
os fatores que causam variação, assim Calde-
ron e Robels (2) investigaram a influência
do meio ambiente — urbano e rural — no
desenvolvimento da força de preensão
manual; Hebbelink (5), Lamphiar e Mon-
toye (7), Montoye e Lamphiar (8), Soares
et alii (10) estudaram a relação entre esta
força e a dimensão corporal dos adolescen-
tes; Nakagawa et alii (9), Beunen (1), Heb-
belink e Borms (6) associaram o desenvol-
vimento da força de preensão manual ao
nível maturacional dos adolescentes.
A influência do surto pubertário de
ambos os sexos, na força de preensão ma-
nual de adolescentes, ainda é um aspecto
não muito esclarecido, principalmente em
nosso meio, o que nos induziu a procurar,
como objetivo deste trabalho, verificar a
variação da força de preensão em função
de puberdade em escolares de ambos os
sexos.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram estudados 899 escolares de 9
a 18 anos, alunos do Colégio Pio Xll, em São
Paulo, brasileiros, predominantemente cau-
casóides, havendo apenas alguns mongolói-
des, pertencentes à classe sócio-econômica
média alta, e clinicamente sadios, segundo os
padrões habituais. Todos os escolares, 383
do sexo masculino e 516 do sexo feminino,
apresentando-se em trajes sumários, foram
medidos e avaliados no seu desenvolvimento
pelo mesmo examinador (R.V.H.). Os grupos
etários foram constituídos, segundo a data
de nascimento, com variação de mais ou
menos seis meses e em função da data da
medida.
Os escolares foram distribuídos em
dois subgrupos •- não púberes e púberes —
admitindo-se como conceito de puberdade,
Pesquisas
para o sexo feminino, a aluna já ter tido a
sua menarca e, para o sexo masculino, o
volume testicular direito acima de 12 inclu-
sive, determinado com o orquidômetro de
Prader. A força de preensão manual foi
determinada com o dinamômetro TKK
Grip Dynamometer (Takey Company,
Tokio), ajustável ao tamanho da mão.
Foram feitas duas tomadas em ambas as
mãos, em dois momentos diferentes, com
um intervalo de no mínimo 2 minutos,
considerando-se o maior valor obtido.
RESULTADOS
As medidas de força de preensão
manual - direita e esquerda - foram ana-
lisadas em termos de média aritmética, des-
vio padrão e amplitude de variação, sendo
apresentadas, respectivamente, nas tabelas
1 e 2. Utilizamos o teste " T " , de Student,
para amostras independentes, a nível de
0,05, para a comparação das médias da
força de preensão manual entre os subgrupos
púbere e não púbere de ambos os sexos
(Tab. 3 a 5). A idade média da menarca foi
de 12,36 anos, a moda - 12,08 anos e a
mediana por probitos , 12,43 anos. A
mediana do volume testicular direito foi
13,95 por probitos.
DISCUSSÃO
No sexo feminino, os valores médios
da força de preensão manual direita e esquer-
da apresentam-se significativamente mais ele-
vados, a nível de 0,05, nas púberes do que
nas não púberes, respectivamente nas idades
11, 12 e 13 anos (Tab. 3 e 4).
No sexo masculino, os valores médios
da força de preensão manual direita e esquer-
da também se apresentam significativamente
mais elevados nos púberes do que nos não
púberes, respectivamente nas idades 12, 13,
14 e 15 (Tab. 5 e 6).
As diferenças encontradas por nós,
nestas faixas etárias, reafirmam os resultados
obtidos por Hebbelink e Borms (6) para
escolares belgas de ambos os sexos aos 12
anos. Embora estes autores tenham utiliza-
do o desenvolvimento da pilosidade pubiana
como critério de puberdade, diferenças signi-
ficativas foram encontradas em função do
avanço ou retardo do surto pubertário.
Especificamente para o sexo masculi-
no, Nakagawa et alii (9) também encontra-
ram valores de força de preensão manual
significativamente mais elevados para meni-
nos de 13 a 15 anos que tiveram amadureci-
mento sexual adiantado.
CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos neste
trabalho, podemos concluir que:
1 - As diferenças significativas encontra-
das aos 11, 1 2 e 13 anos entre púberes
e não púberes no sexo feminino são
devidas ao aparecimento da menarca.
2 - O surto pubertário masculino é o res-
ponsável pelas diferenças significativas
entre púberes e não púberes nas idades
de 1 2, 13, 14 e 15 anos.
TABELA 1
Força de preensão manual direita, em função de sexo e idade.
MASCULINO FEMININO
Id. N X dp ampl. variação N X dp ampl. variação
9 19 17.39 3.30 12.0 - 26.0 25 16.32 1.90 13.0 - 20.0
10 57 18.74 3.07 12.5 - 25.0 85 17.70 2.77 11.0 - 24.5
11 60 21.54 4.46 12.5 - 39.0 80 20.06 3.45 12.0 - 28.0
12 54 22.04 3.86 14.5 - 35.5 75 23.19 3.81 15.0 - 33.0
13 61 28.68 6.51 19.0 - 50.0 88 25.64 4.47 13.0 - 42.0
14 46 32.54 7.84 18.0 - 53.0 62 27.50 3.75 20.5 - 35.0
15 51 39.53 7.57 23.0 - 56.0 61 28.10 3.09 21.0 - 36.0
16 27 39.48 5.94 27.0 - 50.5 37 27.78 3.92 19.0 - 39.0
17 7 44.21 5.95 34.5 - 53.0 3 28.16 3.81 24.0 - 31.5
18 1 59.00 - - - - - -
Total 383 516
Pesquisas
TABELA 2
Força de preensão manual esquerda, em função de sexo e idade.
MASCULINO FEMININO
Id. N X dp ampl. variação N X dp ampl. variação
9 19 16.28 2.85 1 1.0 - 21.0 25 15.68 2.26 12.0 20.0
10 57 17.78 3.31 10.0 - 24.5 85 16.79 2.61 10.0 25.0
11 60 20.46 3.94 15.0 35.5 80 19.43 3.35 13.0 - 26.5
12 54 21.31 3.81 15.0 - 37.0 75 21.94 3.87 13.0 32.5
13 61 -> ">
6.15 18.5 - 49.0 88 23.97 4.15 15.0 40.0
14 46 31.69 7.46 18.0 54.5 62 25.59 3.86 17.5 35.0
15 51 36.95 7.29 23.5 - 54.0 61 26.87 3.09 17.5 • 35.0
16 27 37.75 5.22 25.5 - 47.0 37 26.3 1 4.14 18.0 35.0
17 7 43.50 5.55 37.0 50.0 3 26.00 2.64 23.0 28.0
18 1 49.00 -
Total 383 516
TABELA 3
Força de preensão manual direita, em função de puberdade e idade-sexo feminino.
NÃO PÚBERES PÚBERES
Id. N X dp ampl . var. moda N X dp ampl. var. moda
9 25 16.32 1.90 1 3.0 20.0 18.0
10 85 17.70 2.77 1 1.0 24.5 20.0 —
1 1 74 19.72 3.30 12.0 28.0 18.5 6 24.25" 2.42 21.5.27.5.21.5
12 48 21.54 3.16 15.0 30.5 22.0 27 26.1 2 " 3.09 20.9.33.0.27.5
13 30 22.80 4.05 13.0 30.5 26.0 58 27.1 1 " 3.97 17.0.42.0.26.0
14 3 26.83 5.57 20.5 31.0 20.5 59 27.53 3.70 21.0.35.0.25.0
15 1 26.00 26.0 60 28.14 3.10 21.0.36.0.26.5
16 1 25.00 25.0 36 27.86 3.95 19.0.39.0.26.5
17 - - 3 28.16 3.81 24.0.31.5.24.0
Total 267 249
" Significante a 0.05
Pesquisas
TABELA 4
Força de preensão manual esquerda, em função de puberdade e idade-sexo feminino.
NÃO PÚBERES PÚBERES
Id. N X d P ampl.var. moda N X dp amp.var. moda
9 25 15.68 2.26 12.0-20.0 14.0 — — — _ —
10 85 16.79 2.61 10.0-25.0 15.0 - -
- - —
11 74 19.18 3.28 13.0-26.5 20.0 6 22.58" 2.63 2 0 . 0 - 2 6 . 0 20.0
12 48 20.33 3.39 13.0-28.5 20.0 27 24.81" 2.91 19.5-32.5 25.0
13 30 21.66 3.70 15.0-30.0 25.0 58 25.16" 3.89 17.0-40.0 25.0
14 3 25.66 5.29 20.0-30.5 20.0 59 25.59 3.84 17.5-35.0 24.0
15 1 21.50 - 21.0 60 26.96 3.04 17.5-35.0 28.0
16 1 22.50 - - 22.5 36 26.41 4.15 18.0-35.0 29.5
17 - - - - 3 26.00 2.64 2 3 . 0 - 2 8 . 0 23.0
Total 267 249
Significante a 0.05
TABELA 5
Força de preensão manual direita, em função de puberdade e idade-sexo masculino.
NÃO PÚBERES PÚBERES
Id. N dp ampl.var. moda N X dp ampl. var. moda
9 19 16.91 2.64 12.0-21.0 15.0 - - - - -
10 57 18.74 3.10 12.5-25.0 16.0 - - - - -
11 60 21.38 4.42 12.5-39.0 20.0 - - - - -
12 52 21.76 3.61 15.5-35.5 23.0 2 29.75" 3.88 2 7 . 0 - 32.5 27.0
13 44 25.49 4.05 19.0-37.0 25.0 17 35.32" 6.89 2 4 . 0 - 50.0 35.5
14 26 28.34 6.12 18.0-43.5 20.5 20 38.00" 6.39 2 1 . 0 - 53.0 39.5
15 8 31.78 6.99 2 3 . 0 - 4 1 . 0 23.0 43 41.02" 6.84 2 8 . 5 - 56.0 35.0
16 1 33.00 — — 33.0 26 39.73 5.91 2 7 . 0 --50.5 41.5
17 — — — - 7 44.21 5.95 3 4 . 5 - 53.0 34.5
18 - - - 1 59.00 59.0
Total 267 116
"Significante a 0.05
Pesquisas
TABELA 6
Força de preensão manual esquerda, em função de puberdade e idade-sexo masculino.
NÃO PÚBERES PÚBERES
Id. N X dp ampl.var. moda N X dp ampl.var. moda
9 19 16.25 2.93 1 1 . 0 - 2 1 . 0 16.0 — — - - -
10 57 18.14 2.81 1 0 . 5 - 2 4 . 5 17.5 - - - -
11 60 20.45 4.00 1 5 . 0 - 3 5 . 5 18.0 - - - -
12 52 21.09 3.65 1 5 . 0 - 3 7 . 0 21.0 2 27.50" 4.94 2 4 . 0 - 3 1 . 0 24.0
13 44 24.56 3.65 1 8 . 5 - 3 4 . 5 23.0 17 3 4 . 3 2 " 5.87 2 6 . 0 - 4 9 . 0 28.5
14 26 -27.28 4.90 1 8 . 0 - 3 6 . 5 26.0 20 3 7 . 4 2 " 6.25 2 6 . 0 - 5 4 . 5 32.5
15 8 29.28 5.38 2 3 . 5 - 3 7 . 5 24.5 43 3 8 . 4 7 " 6.60 2 4 . 5 - 5 4 . 0 34.0
16 1 38.50 - — 38.5 26 37.73 5.32 2 5 . 5 - 4 7 . 0 31.0
17 —
_ — — — 7 43.50 5.55 3 7 . 0 - 5 0 . 0 37.0
18 -
- - - - 1 49.00 - - 49.0
Total 267 116
"Significante a 0.05
BIBLIOGRAFIA
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e altura em escolares de 7 a 18 anos./?ev. Bras. Ciências do Esporte, 2 (2): 2 0 - 2 4 , 1981.
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA
Raymond Victor H egg
Rua Abilio Soares, 1437
04005 São Paulo - Brasil
Difusão Cientifica
CARACTERÍSTICAS D A SAÍDA EM VELOCISTAS FEMININAS
WOLFGANG BAUMANN 1
INTRODUÇÃO
A saída da corrida de velocidade é uma
das técnicas desportivas mais investigadas,
mas somente PAYNE e BLADER (1971)
apresentaram alguns resultados referentes
a velocistas femininas. O objetivo deste
estudo é uma descrição da técnica de saída
em corredoras femininas, sob o aspecto
de características tempo-espaço e cinética,
na ação, no bloco e também referente a
dados antropométricos das corredoras. O
largo espectro do nível de performance
das participantes examinadas forneceu infor-
mações preciosas a algumas variáveis.
AMOSTRA
A população examinada consistiu em
34 velocistas femininas com tempos de
100 m, estendendo-se de 11.03 até 14.00
segundos. Foram incluídas atletas de alto
nível alemão, um grupo de juniores bem
treinadas e estudantes femininas com al-
guns treinos em corridas. As atletas do
primeiro grupo foram treinadas, por longo
período, pelo técnico nacional alemão,
e das quais se podia esperar uma técnica
mais homogênea que das outras selecionadas
arbitrariamente. A classificação das partici-
pantes em três grupos baseou-se nos melho-
res tempos para os 20 m , obtidos nas sele-
tivas realizadas.
A tabela 1 informa estes grupos e suas
performances correspondentes:
1 - Professor Doutor rer. nat.
Institut für Biomechanik - Deutsche Sporthochschule Köln
Tabela 1 : Classificação das participantes
Grupo Número de Melhores tempos Melhores tempos
Participantes no teste de 20m. nos lOOm (seg.)
(amplitude) x (amplitude)
G l 10 3 . 2 0 - 3.48 11.69 11.0*— 12.2
G 2 1 1 3.54 - 3.61 12.69 12.2 - 13.2
G 3 13 3 . 6 7 - 3.85 13.08 1 2 . 2 - 14.0
*) cronometragem elétrica: 11.03 seg., manual: 10.8 seg., recorde mun-
dial 1976.
MÉTODOS
Cada corredora realizou, pelo menos,
5 saídas e correu 25 metros; na última
tentativa a distância foi estendida a 60 m.
Os tempos foram tomados por intermédio
de fotocélulas de 5m, 10m, 20m, e 50.
Os melhores - tempo de 20 metros - ser-
viram de critério para a classificação. Foram
medidas as características força-tempo de
cada pé, com 3 componentes dinamométri-
cas de blocos de saída, levados a u m grava-
dor magnético multiregistrador. Foram me-
didas as primeiras 5 passadas, referentes à
sua largura, seu comprimento, assim como o
ângulo do pé, pelas marcas deixadas pelos
pregos (dos sapatos) numa lâmina fina de
polietileno presa à pista de tartan. Tomou-se
uma fotografia (parada) da posição do
corpo a 0.10 seg., depois do sinal de saída.
As tentativas das melhores velocistas foram
filmadas (filmes de 35 m m e 50 quadros por
segundo). Todos os sinais foram sincroniza-
dos por u m impulso dado por uma pistola
de saída eletrônica.
O esquema da instalação pode ser vista na
figura 1.
Difusão Cientifica
Amplificador
Célula fotoelétrica
Lâmina de polietileno
Gravador
Magnético
Disparador de saída
p . • ^
Relógio
Registrador digital
Camera fotográfica
Camera de filmagem
Figura 1 : Esquema da instalação de medição
Foram tomados um total de 61 dados an-
tropométricos de cada atleta, imediatamente
depois da última tentativa. Os parâmetros do
corpo foram calculados num modelo modifi-
cado, segundo CLAUSER et al. (1969).
Puderam ser analisadas completamente um
total de 130 tentativas, distribuídas pelos
três grupos.
RESULTADOS
Vê-se a seleção dos dados antropométri-
cos na Tabela 2. Embora os valores das quan-
tidades anotadas aumentem de G l para G 3 ,
não há diferenças significativas entre os
grupos adjacentes. Vale notar a variação
relativamente pequena dos valores de G 1 ,
resultado que é consistente com a maioria
dos outros dados antropométricos. Com
referência à circunferência da coxa, foram
medidas abaixo da dobra glútea, e tem que
ser considerado de que foram incluídas dife-
rentes porções de gordura subcutânea nos
resultados dos três grupos. Especialmente
para (¡1 o lipocatabolismo, resultante do
treinamento intenso, aumenta a eficiência
muscular.
Tabela 2: Dados Antropométricos
Parâmetros G 1 ( n = 1 0 ) G 2 ( n i l ) G 3 ( n - 1 3 )
X S.D. X S. D. X S. D.
Peso ( kg ) 54.4 2.5 56.9 6.8 61.7 8.0
Altura ( m ) 1.65 0.04 1.66 0.07 1.70 0.06
Comp. Perna ( m ) 0.85 0.03 0.86 0.05 0.88 0.04
Comp. Braço ( m ) 0.53 0.01 0.53 0.01 0.55 0.01
Circ. Coxa ( m ) 0.55 0.01 0.55 0.03 0.58 0.05
Comp. Perna = Altura do Trocánter
Comp. Braço = Braço + Antebraço
Circ. Coxa = Circunferência superior da Coxa
Difusão Cientifica
Os tempos tomados indicaram resultados
similares para os dois primeiros grupos. O
tempo de reação para ambos os pés (traseiro
e dianteiro) foram iguais: 0.11 seg. para Gl
e G2 e 0.12 seg. para G3. A duração total
do impulso tj - essencialmente idêntico
ao pé dianteiro tjp - foi significantemente
diferente para os grupos adjacentes, isto é,
t I ( G 1 ) = 0.39 seg., t I ( G 2 ) = 0.41 seg., t , ( G 3 )
= 0.45 seg.
Os valores correspondentes para os impul-
sos do pé traseiro foram: t
i r ( G l ) =
0 . 2 0 seg.,
t
Ir(G2) = 0 2 2 s e g
" l
Ir(G3) =
° - 2 5 s e
8 - ' r e s
-
pectivamente.
Figura 2:
Não há dúvida que a ação das velocistas
de nível superior é mais curta, exige um de-
senvolvimento de força mais rápido e uma
média de força maior, pelo menos na direção
horizontal, do que foi necessário para as
atletas de classificação inferior.
A geometria da posição do corpo, que é
uma componente essencial na técnica de
saída, pode ser descrita em termos de ângu-
los do corpo, posicionamento do bloco e
posição do centro de gravidade, como está
indicado na figura 2.
Parâmetros da Posição de saída
'S "B
Tabela 3 : Características da posição de partida.
Parâmetros G 1
x
G 2
S. P, x S. D.
G 3
x S. D.
Separação dos Blocos (m) 0.26
Bloco dianteiro em rela-
ção à linha saída (m)
Posição do Centro de
Gravidade x G G ( m )
0.37*
0.04
0.03
0.11* 0.03
0.26
0.43
0.18'
0.04
0.04
0.03
0,2?
0.44
0.15
0.07
0.07
0.06
y c G < m
)
0.50 0.02 0.50 0.02 0.52 0,03
Perna dianteira:
a
j o e l h o ( ° )
94 8 94* 14 86 10
° quadril (
° )
34 5 36 7 36 8
Perna traseira:
a
joelho (°>
102 9 100* 14 91 13
a
quadril (°>
62 5 63 9 61 8
a
tronco <°)
- 22 6 - 20* 8. - 16 7
Percentual do peso do
corpo sobre mãos (%) 70* 16 60 13 63 13
*) isto é, valor médio significantemente diferente da x à direita.
Difusão Científica
Na tabela 3 estão alistados os parâmetros
característicos que foram tomados 0.10 seg.,
depois do sinal de saída, isto é, imediatamen-
te antes da primeira reação detectável.
Todos os três grupos usaram o mesmo
espaço entre os blocos. A diminuta distância,
entre o bloco dianteiro e a linha de saída,
resulta do deslocamento para frente do
centro de gravidade, que é somente de 0.11
m atrás da linha de saída, daí uma porção
maior do peso do corpo cai sobre as mãos,
que resulta até 70% no Gl. Há apenas pouca
diferença nos ângulos do corpo, entre G l
e G2 respectivamente.
Em complemento aos valores médios de
Gl é útil observar alguns resultados indivi-
duais. A velocista com o melhor tempo, de
100 m de 11.03 seg., apresenta valores bem
diferentes para o ângulo do corpo. Perna
dianteira: a j o e l h o = 82P, a q u a d r ü = 21P;
perna traseira: _
a
joelho
S40 n = -250
' a
tronco Z D
- •
a
quadril:
Sem exceção, ela conseguiu uma maior fle-
xão em todas as articulações. Estas diferen-
ças extremas para a média de ação dos gru-
pos explicam parcialmente a duração rela-
tivamente longa da ação no bloco desta
mesma atleta (tj = 0.42s). Os fatores mais
importantes numa saída de velocidade efici-
ente, sâo as características de força-tempo
do impulso da perna. Na figura 3 é visto um
exemplo da função força-tempo medida. Cal-
culou-se, a partir do Impulso I x , na horizon-
tal, a velocidade resultante no bloco
V
x o = l
xf+ l
xr
m
e a aceleração média
a
x = V
xo
t 4 - t j
m = massa do corpo
tj = impulso total
Figura 3 : Medidas Força — Tempo
P E R N A T R A S E I R A
F O R Ç A V E R T I C A L F
yr
F O R Ç A H O R I Z O N T A L F X f
P E R N A D I A N T E I R A :
F O R Ç A V E R T I C A L F y f
F O R Ç A H O R I Z O N T A L Fxf
x
o h X
2
Legenda: I = Impulso, F = Força, x = horizontal, y = vertical, r = pé traseiro, f = pé
dianteiro, o = valor inicial, t = tempo, t Q = sinal do tiro, tj = reação do
pé traseiro, tj = reação do pé dianteiro, t^ = largada do pe traseiro, t^ =
largada do pé dianteiro.
Difusão Científica
Tabela 4: Medidas Cinéticas
Parâmetros G 1 G 2 G 3
X S. D. X S. D. X S. D.
Impulsos horizontais
I x (NS) 156 11 150 20 156 20
!xr < N S
)
57 15 56 16 55 12
I x f (NS) 99 11 94 11 101 19
Impulsos Verticais
I v (NS) 213* 25 228* 25 257 39
lyr (NS)
Iyf (NS)
55 14 55 15 57 13lyr (NS)
Iyf (NS) 158* 25 173* 21 200 38
Aceleração Média
ã x ( m / s 2
) 7.42* 0.63 6.54* 0.58 5.63 0.52
Velocidade no Bloco
V x 0 ( m / s )
V y o ( m / s )
2.87* 0.18 2.65* 0.20 2.54 0.18V x 0 ( m / s )
V y o ( m / s ) + 0.11 0.10 + 0.05 0.13 - 0.26 0.16
*) isto é, o valor médio significantemente diferente da média à direita.
A Tabela 4 oferece algumas informações
sobre os resultados numéricos.
Obviamente os valores dos impulsos
horizontais não são diferentes para os
três grupos. A contribuição do pé dianteiro
é uniforme e monta em 63 — 65% do impul-
so total. Concernente à componente verti-
cal, há diferenças significantes no total dos
impulsos Iy e a porção do pé dianteiro Iy f.
Os impulsos aumentam com a classificação
decrescente da atleta. Comparados à compo-
nente vertical, os grupos G2 e G3 empregam
muito pouca força na direção horizontal.
Diferença significante no resultado para a
média da aceleração ¥ x , considerando-se
a massa corporal. Conseqüentemente, a
velocidade resultante no bloco V X Q mostra
as diferenças correspondentes ao valor — 0.9
m/s de G l para G3.
Outra apreciação interessante de alguns
resultados individuais em dois tipos extre-
mos de saída é: velocista de classe superior
do grupo G l alcança uma aceleração de
"ã = 7.55 m / s 2
e graças a uma longa duração
do impulso, a velocidade horizontal V X Q é
de mais de 3.2 m/s. Outra atleta (100 m =
11.30 seg.) revela uma aceleração extrema-
mente longa a x = 8.9 m / s 2
, mas pelo curto
tempo no bloco, alcança velocidade apenas
pouco acima de V = 3.0 m/s.
CONCLUSÃO
Em resumo, os principais resultados deste
estudo deixam concluir: Os parâmetros de
tempo, descrevendo o impulso das pernas,
não são importantes para uma saída eficien-
te, se for dado um certo nível de qualifica-
ção (100 m abaixo de 13 segundos).
O espaço de bloco mais usado é de 0.26m
e parece próprio para todos os níveis de clas-
sificação. Uma distância pequena, entre o
bloco dianteiro e a linha de saída, deve ter
sido selecionada com o fim de lançar o cen-
tro de gravidade para frente. Esta posição é
conseguida com um ângulo do corpo, menor
nas articulações dos joelhos e quadris, ou
seja, para a perna dianteira:
a j o e l h o < 9 0 P
' ^ q u a d r i s < 3 0 P , e p a r a a
perna traseira: ^ j 0 e U l 0 < 100P,
^ q u a d r i s < 6 0 P .
Entretanto, esta posição da saída exige
um alto nível de força muscular e uma
reação rápida, especialmente dos extensores
dos quadris e joelhos. Se o efeito da força
da gravidade pode ser compensada por
forte ação muscular, em geral as forças
horizontais relacionadas à massa do corpo
também podem ser aumentadas.
Difusão Científica
B1BLI0GRAF1A
CLAUSENER, C. E. et alii - Weight, volume and center of mass of segments of the human body. AMRI.
Technical Report, 6 9 - 7 0 , Ohio, Wright-Patterson Air Force Base, 1969.
PAINE, A. H. & BLADER, F. B. - The mechanics of the sprint start, In: VREDENBREGT, J. & WAR-
TENWEILER, J. (ed). Biomechanics II, Basel, Karger, 1971. pp. 2 2 5 - 3 3 1 .
Traduzido por: ALBERTO CARLOS AMADIO
Köln, Novembro 1983
Difusão Científica
INTRODUÇÃO À BIOMECÂNICA DO ESPORTE
CONSIDERAÇÕES SOBRE MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO
A. C. AMADIO 1
RESUMO
Através de análise da literatura específica,
discute-se o domínio da área de atuação da
Biomecânica do Esporte, a interdisciplina-
ridade de Ciências Esportivas para a investi-
gação do movimento e padronização concei-
tuai, quanto à composição, classificação e
metas na investigação. Quanto aos métodos
de medidas, discutem-se os principais pro-
cessos e suas características, visando a com-
plexa investigação para a análise do movi-
mento esportivo.
GENERALIDADES
Biomecânica é uma disciplina, entre as
ciências naturais, que se ocupa com análises
físicas de sistemas biológicos, conseqüente-
mente análises físicas dos movimentos do
corpo humano. Estes movimentos são estu-
dados através de leis e padrões mecânicos,
em função das características específicas
do Sistema Biológico.
Métodos e princípios biomecánicos deter-
minam a objetividade da técnica dos movi-
mentos, suas causas e necessidades de inter-
pretações. Na direção de movimentos espor-
tivos, por exemplo, o comportamento de
sobrecargas articulares, suas causa e compre-
ensão ou a efetividade dos processos moto-
res de aprendizagem são áreas de estreita
ligação com funções mecânicas para o
diagnóstico esportivo.
A Biomecânica do Esporte pesquisa, por-
tanto, o corpo humano e o movimento es-
portivo, baseado nas leis e métodos mecâ-
nicos, com a inclusão de conhecimentos
anatômicos e fisiológicos (BAUM ANN,
1 9 8 0 ( 3 ) ) .
Através da Figura 1, podemos analisar a
interdependência de áreas do conhecimen-
to da Biomecânica com as demais ciências
que pertencem ao seu campo dc estudos.
Figura 1: Composição das áreas de
Biomecánica do Esporte
B I O F Í S I C A
Geral
IB I O M E C Â N I C A
IIFísica
Mecânica
Especial
Anatomia
Funcional
Biologia
Fisiologia
2B I O M E C Â N I C A D O E S P O R T E
1 - Professor Assistente de A tletismo do
Departamento Técnico Desportivo da Escola de Educação Física da Universida-
de de São Paulo
Difusão Científica
Considerando o movimento como o
ponto central dos estudos em Educação
Física e Esportes, analisamos suas causas
e efeito produzidos em relação à Biomecâni-
ca e demais áreas de estudos, que compõem
esta multidisciplinar interdependência, no
esclarecimento e exploração do movimento
esportivo.
MIYASHITA, 1976 (9), considera que
através do movimento converte-se a energia
química acumulada e produzida pelo sistema
biológico humano em energia mecânica. O
total de energia química acumulada no
corpo é expressa como potencial físico; por
outro lado, a energia mecânica é expressa
como rendimento físico.
Fisiologia do Exercício e Biomecânica
estudam a interação e dependência entre mo-
vimento com potencial físico e rendimento
físico, respectivamente. Desta forma, para a
investigação da movimentação esportiva,
deve-se procurar uma melhor interação entre
Biomecânica e Fisiologia do Exercício,
de forma a esclarecer aspectos interdisci-
plinares destas ciências fundamentais, para a
análise do movimento.
Na Figura 2 mostramos, de forma es-
quemática, este relacionamento de ciên-
Podemos, em acordo com HOCHMUTH,
1981 (7), HAY, 1978 (6), BÀUMLER,
SCHNEIDER, 1981 (4), MARHOLD, 1976
(8) e DONSKOI, 1975 (5), classificar de
forma esquemática a Biomecânica em:
Biomecânica Interna e Biomecânica Externa,
sabendo-se que esta divisão se dá, segundo as
determinações quantitativas e qualitativas
das forças que agem sobre o corpo e da inte-
ração do corpo com o meio ambiente, onde
o movimento transcorre.
Conseqüentemente, através das forças
internas (forças musculares, forças articula-
res, etc.) e das forças externas (força da gra-
vidade, força reação do solo, e t c ) , procura-
se a interpretação dos parâmetros cinemáti-
cos e dinâmicos que compõem as bases da
análise do movimento. A medição destes pa-
râmetros pode dar-se por processos mecâ-
nico, eletrônico e/ou ótico, através de
tecnologia e instrumentação corresponden-
tes, como também objetiva a sistematiza-
ção do rendimento esportivo.
Segundo DONSKOI, 1975 (5), o pro-
pósito da Biomecância de análise do mo-
vimento deve ser interpretado na descri-
ção da técnica mais eficiente, considerando-
se as leis mecânicas do movimento bem
como as propriedades do aparelho locomo-
tor.cias e causas de movimento esportivo.
Figura 2: Interpretação de interdependências e
causas do movimento esportivo (seg. Miyashita, 1980)
Energia
Q U Í M I C A
M O V I M E N T O
IV V
Potencial físico
T R E I N A M E N T O
Rendimento físicoPotencial físico
E S P O R T I V O
Rendimento físico
/
F I S I O L O G I A
D O E X E R C Í C I O
B I O M E C Â N I C A
DO E S P O R T E
Difusão Científica
BARHAM, 1982 (2), define as diferenças
conceituais e campos de ação, tanto para en-
sino como investigação, entre Biomecânica e
Cinesiologia Mecânica. Não trataremos no
presente trabalho da problemática termino-
lógica conceituai, apenas apresentamos a di-
visão de áreas no domínio de conhecimentos
da Cinesiologia, segundo BARHAM. No pre-
sente caso, o termo Cinesiologia é usado
como sinônimo de Biomecânica. Ainda,
segundo o autor, a Cinesiologia divide-se
em: a) Cinesiologia Mecânica — investiga-
ções das funções espaço-tempo, bem como
causas de mudança de movimento - força*,
b) Cinesiologia Fisiológica - investigações
das variáveis biológicas e bioquímicas do
movimento humano; c) Cinesiologia Psico-
lógica — investigações das variáveis do
comportamento e mecanismo neurológico
do movimento humano.
MÉTODOS DE MEDIDAS
Devemos observar inicialmente que da
metodologia científica em Ciências Naturais,
os procedimentos, que estabelecem a seqüên-
cia lógica num projeto de investigação em
Biomecânica do Esporte, podem resumida-
mente ser assim enunciados: a) observação
e experimentação do fenômeno estudado,
b) abstração e indução sobre os resultados
obtidos, c) aplicação de leis e teorias físi-
cas, d) estudo no domínio de validade e
relevância prática dos resultados.
As pesquisas em Biomecânica do Esporte
ainda são carentes de estandartizações me-
todológicas, bem como são incompletos os
modelos utilizados para a formação de
teorias com explicação causal do movimen-
to esportivo. Desta forma fica restrita a
possibilidade de comparações entre resulta-
dos de diversos autores e ainda corremos
riscos de aplicação de modelos mecánico-
matemáticos não adaptados às caracterís-
ticas do esporte em estudo.
Entretanto, o acelerado desenvolvimento
da tecnologia eletrônica, que observamos
em nossos dias, oferece sempre novas possi-
bilidades e procedimentos na elaboração e
operação dos dados, instruções estas que
se tornam cada vez mais utilizadas na Bio-
mecânica para a análise do movimento es-
portivo.
Os inúmeros métodos de medidas em
Biomecânica podem ser classificados de
acordo com as metas de investigação,
cuja composição é apresentada, segundo
BALLREICH, BAUMANN, 1983 (1), na
figura 3.
Figura 3: Composição das metas de investigação do diagnóstico
do rendimento em biomecânica (seg. Ballreich, Baumann, 1983)
M E T A S D A I N V E S T I G A Ç Ã O B I O M E C Â N I C A
Biomecânica do
Rendimento
Descrição da
Técnica do
Movimento
Biomecânica
Antropométrica
Biomecânica
Preventiva
IOrientação
da Condição
F ísica
Prognose do
Rendimento
1 1
r
r i
r
r
Análise da Otimização Análise da Diagnose da Análise de
Técnica da Técnica Condição Aptidão Sobrecargas
Determina-
ção da
Sobrecarga
Difusão Científica
WINTER, 1979 (10), discute os seguin-
tes aspectos como os mais importantes,
quanto às exigências nos processos de me-
dição: a) autonomia de reação da mensura-
ção — o processo de medição não deve in-
fluenciar o comportamento do objetivo
a ser medido, ou seja, não deve causar alte-
rações no decurso do movimento, b) pre-
cisão de medidas - considerada p
*n função
do tipo de medida e cada colocação de pro-
blema. O controle é dado pela limitação
permitida ao erro do processo, discutindo-
se desta forma a validade da medida.
Os processos de medição em Biomecâ-
nica podem ser divididos, segundo os prin-
cípios da medição, em: a) processos de
medição ótica, b) processos de medição
mecânica, c) processos de medição eletrô-
nica. Esquematizamos a partir dos dados
de BAUMANN, 1980 (3), na figura 4,
esses processos.
Figura 4: Classificação dos processos de medidas em
Biomecânica (seg. Baumann, 1980)
I
uso de reprodu-
ções óticas, re-
presenta o mo-
delo do Objeto.
Grandezas estudadas são
as Cinemáticas e suas
funções, através de es-
paço, tempo, ângulo. Aná-
lises bi e tridimensionais.
Cinematografia, Crono-
fotograf ia, Videogra-
fia.
P R O C E S S O S D A M E D I Ç Ã O
Ó T I C A
1
IM E C Â N I C A
transformações
mecânicas nas
grandezas me-
didas.
Grandezas Cinemáticas
Grandezas Dinâmicas
Medidas longitudinais, ân-
gulos, volume-densidade,
tempo, massa, centro de
gravidade, momento de
inércia da massa, força.
Medições diretas e de-
duções de valores
indiretos.
E L E T R Ô N I C A
I
transformações
de grandezas
de medidas me-
cânicas em elétri-
cas.
Medições de ângulos,
tempo, velocidade, ace-
leração, centro de gra-
vidade, força e funções
derivadas. Apresenta
grau de efeito retroa-
tivo.
Difusão Científica
Devemos ainda considerar que para a
análise do movimento esportivo em in-
vestigação biomecânica faz-se necessária
a aplicação simultânea de diversos méto-
dos de medidas. A este procedimento
HOCHMUTH, 1981 (7), chamou de "Com-
plexa Investigação". Por exemplo, a com-
binação do registro em filme e registro da
força — reação do solo são dois procedi-
mentos muito comumente sincronizados
em investigações esportivas.
Desta forma, os resultados apresentam
mais informações, possibilidades de contro-
le e interpretações do decurso do movimen-
to. Evidentemente a sincronização entre
vários procedimentos numa "Complexa
Investigação" implica soluções de impulsos,
marcas e registros de sinais sincronizadores
dos vários procedimentos.
Em análise complexa do movimento, os
procedimentos mais comumente combina-
dos são: a) Cinemáticos — espaço, tempo e
indicadores derivados; b) Dinamométricos
— forças de reação periférica; c) Eletromio-
gráfícos — coordenação de potencial de ação
muscular; d) Somatométricos — centro de
gravidade, momentos de inércia de segmen-
tos corporais.
BIBLIOGRAFIA
BALLREICH, R. & BAUMANN, W. - Biomechanische leistungsdiagnostik, Berum, Bartels & Wernitz,
1983.
BARHAM, J. N, - Mechanische kinesiologie. Stuttgart, Georg Thieme Verlag, 1982.
BAUMANN, W. - Biomechanik - Messmethoden, manuskript. Institut fur Biomechanik. Köln, DSHS,
1980.
BAUMLER, G. & SCHNEIDER, K. - Sportmechanik. BLV. München. Verlagsgesellschaft, 1981.
DONSKOI, D. D. - Grundlagen der biomechanik. Berlin, Sportverlag, 1975.
HAY, J. G. - Biomechanics of sports techniques. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1978.
HOCHMUTH, G. - Biomechanick sportlicher bewegungen. Berlin, Sportverlag, 1981.
MARHOLD, G. - Einführung in die biomechanischen intersuchungsmethoden. Leipzig, Deutsche
Hochschule für Körperkultur, 1976.
MIYASH1TA, M. - Biomechanics of sports from the viewpoint of methodological advances. In: KOMI,
P. V. (ed). Biomechanics VB, Baltimore, 1976. pp. 1 5 1 - 1 5 7 .
WINTER, D. - Biomechanics of human movement. New York, Wiley, 1979.
Difusão Cientifica
DEZ MANDAMENTOS
PARA PRESERVAR A SAÚDE
PELA ATIVIDADE FÍSICA
ANTONIO BOAVENTURA DA SILVA 1
RESUMO
O autor pretende alertar, orientar e enco-
rajar o indivíduo de qualquer idade a se tor-
nar fisicamente mais ativo, compreendendo
a prática da atividade física como um hábito
indispensável para uma vida mais sadia.
SUMMARY
The author intend to give an alert and to
encourage the individual at any age, to
become more physically active and to
accept its practice as an important habits
associated with a healthy leaving.
1 - Professor Emérito da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo
19) - INCLUA A ATIVIDADE FÍSICA EM
SEUS HÁBITOS
Inclua a atividade física no programa de
atividades normais da vida, em qualquer
idade, praticando-a regularmente três vezes
por semana (no mínimo), com intensidade,
medida em freqüência cardíaca (aproxima-
damente 130 batimentos por minuto) e
duração (30 a 60') suficientes e adequadas
à idade, à condição física e ao estado de
saúde, segundo criterioso exame médico.
29) - PRA TIQ UE A TIVIDADE FÍSICA
COM RITMO ADEQUADO, AQUE-
CENDO-SE PRE VIAMENTE
Aqueça-se convenientemente ( 1 0 a 15'),
no início de toda prática, caminhando
repetidamente pequenas distâncias (inicial-
mente 10 a 30 m ou até 50 m) em ritmo
pouco além do habitual (80 a 100 ou até
120 passos por minuto) e intercalando,
igualmente em pequenas distâncias, corrida
em ritmo moderado (120 a 140 ou até
160 passos por minuto) e saltitamentos
(60 a 80 por minuto).
39) - INTERCALE EXERCÍCIOS DE DES-
CONTRAÇÃO MUSCULAR E DE
MOBILIDADE AR TICULAR DURAN-
TE O AQ UE CIMENTO
Intercale os exercícios de aquecimento
com paradas breves, para descontração,
alongamento e encurtamento musculares
e para melhorar a flexibilidade das articula-
ções, através de posições e movimentos
simples de flexão, extensão, rotação e
circun dação.
49) - A TENTE PARA A MUSCULAÇÃO
Faça trabalhar suficientemente(10a 15'),
em todas as práticas, os grandes grupos mus-
culares dos membros, do tronco e, particular-
mente, do abdome e do dorso, de maneira
ampla, profunda e total, através dos movi-
mentos, fundamentais de flexão, extensão,
rotação, adução (aproximação) e abdução
(afastamento), no sentido de alcançar
alongamento, encurtamento, tonicidade,
força e resistência musculares.
59) CORRIJA SEMPRE A SUA POSTURA
Execute cada um dos referidos movimen-
tos, através de um ou dois exercícios corres-
pondentes, com a possível naturalidade e
continuidade, respeitando a participação
total e equilibrada das diversas partes do
corpo (correção da postura corporal) e com
ritmo e repetição (inicialmente 4 a 8 e
depois até 12 ou mais vezes) adequadas à
capacidade e grau de treinamento físico,
seja com ou sem a ajuda de companheiro ou
de qualquer material comumente disponível
para apoio, suspensão ou resistência (cadeira,
mesa, banco, muro, parede, bastão, barra,
corda, escada, haste, elástico, tapete, e t c ) .
Difusão Científica
69)-ACREDITE NOS BENEFÍCIOS DA
ATIVIDADE FÍSICA PARA O OR-
GANISMO, SUAS FUNÇÕES E SEU
METABOLISMO
Acredite que a atividade física não deve
ser dirigida exclusivamente para o treina-
mento muscular e articular, ainda que cri-
teriosamente orientada para o desenvolvi-
mento adequado (jamais exagerado) das
qualidades físicas, mas também, e, princi-
palmente, dirigida ao sistema orgânico,
cardiovascular e respiratório (resistência),
contribuindo para bombear mais sangue,
criar a necessidade de mais ar e facilitar
as trocas metabólicas e a maior oxigena-
ção do sangue e dos tecidos, como verda-
deiro sopro de vida.
79) - ESTIMULE AS FUNÇÕES ORGÂNI-
CAS PELA A TI VIDA DE FÍSICA
Estimule sistemática e suficientemente as
funções circulatória e respiratória de forma
adequada, regular, moderada e progressiva,
com intensidade e duração compatíveis com
a idade, o estado de saúde e a condição físi-
ca, no sentido de melhorar a resistência
cardiorespiratória, através de atividades
aeróbicas (atendidas com equilíbrio de oxi-
gênio), especialmente da marcha e da corri-
da em ritmo moderado (combinadas a cri-
tério próprio), bem como de atividades
recreativas, esportivas e de lazer, individuais
ou coletivas escolhidas, segundo a predile-
ção, o interesse, a necessidade, a capacida-
de e a habilidade próprias (natação, ciclismo,
dança popular, patinação, volibol, e t c ) .
89) AJUSTE A ATIVIDADE FÍSICA A
SUA CAPACIDADE E AUMENTE-
A PROGRESSIVAMENTE NÃO
IGNORE SUAS DEFICIÊNCIAS
Inicie a prática das atividades aeróbicas
(principalmente da marcha e da corrida),
com a devida moderação e cautela, aliadas
à indispensável adaptação e progressão gra-
dual do trabalho físico de duração mais
prolongada, que precisa estar sempre de
acordo com a condição e o grau de treina-
mento físicos, nunca exigindo além da
própria capacidade física e orgânica (evitar
sentir-se ofegante), procurando alcançar
confortavelmente um estado de transpira-
ção natural.
Respeite suas limitações e deficiências
físicas e orgânicas atuais, ainda que já
tenha sido atleta (a condição física não
é armazenável), de modo a localizá-las e
cuidá-las com a ajuda do médico e do
professor de educação física, se não para
corrigi-las, pelo menos para compensá-las,
evitando seu agravamento, através da prá-
tica regular do exercício em favor da melhor
funcionalidade do corpo, sob o comando
da mente, prevenindo contra tensões mus-
culares e nervosas, como também dores
articulares generalizadas (pés, joelhos, qua-
dris, coluna, e t c ) .
99) - TENHA PRECAUÇÕES
Pratique atividades físicas com vestimen-
ta adequada (inclusive em face da tempera-
rua), folgada e arejada (de preferência não
impermeável) e calçados leves e flexíveis;
evite correr em temperaturas muito quen-
tes, muito frias ou muito úmidas e em solo
muito rijo, preferindo os terrenos gramados
ou arenosos; beba água suficiente: um pouco
a mais nunca faz mal, nem engorda; evite
refrigerantes; coma com moderação, antes
ou depois da prática, evitando-a com es-
tômago vazio ou pleno.
Ao jogar, busque o prazer da convivên-
cia e os momentos de distração, antes de
exibir sua pretensa habilidade física, colo-
cando-se, ao contrário, a serviço dos menos
capazes e beneficie-se assim do real prazer
dessa ajuda e de sentir-se útil; evite discutir
qualquer jogada duvidosa, para não perder
o tempo efetivo de jogo e prejudicar sua
própria higiene mental.
109)- COMPROMETA-SE CONSIGO PRÓ-
PRIO EM GARANTIR, PELA ATI-
VIDADE FÍSICA, BOA QUALIDADE
DE VIDA
Assuma compromisso com um grupo ou
consigo próprio, sob a responsabilidade de
um professor, e participe dos benefícios
Difusão Cientifica
físicos, mental e afetivo da atividade física
adequada, suficiente e regular que todos
precisamos para preservação da saúde,
retardamento do processo generativo pro-
veniente da idade e garantia de qualidade
de vida.
Autor: ANTONIO BOA VENTURA DA SIL VA
Endereço: Rua Tordesilhas, 330
05077 - São Paulo - SP
DIRETRIZES PARA PUBLICAÇÃO DE PESQUISA CIENTIFICA
IRANY NOVAH MORAES 1
RESUMO SUMMARY
0 autor apresenta de maneira sintética
os elementos que se deve ter em mente
para a elaboração de um trabalho científico.
Destaca basicamente duas etapas: Planeja-
mento e Execução, esta com três fases:
a bibliográfica, a elaborativa e a redacional,
analisando cada uma delas.
The author presents a synthetical form of
the elements which we need to have in mind
to elaborate a scientific work and he empha-
sizes two parts: the planning and the
execution, the last one with three fases -
the bibliografic, the elaborative and the
redacional, analysing each of them.
/ - Professor Titular de Metodização da Pesquisa Científica do Departamento de
Organização e A plicação Desportiva da Escola de Educação Física da Universidade
de São Paulo
A publicação de trabalhos científicos de
Educação Física deve obedecer às normas
gerais adotadas para os trabalhos dos outros
campos da ciência. Tais normas são as que
norteiam publicações de periódicos, livros
e folhetos. Elas são ditadas por órgãos pú-
blicos nacionais e internacionais, que pro-
curam estabelecer diretrizes. As sociedades
de entidades de classe muito contribuem
nesse campo.
A Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) trata da matéria no que
diz respeito aos seus aspectos formais.
A ABNT ressalta, em suas publicações,
como vantagens da referida normalização:
1 - aumentar a produção; 2 — evitar des-
perdício; 3 — melhorar a quantidade; 4 —
unificar a linguagem técnica; 5 — facilitar
as comparações.
Realmente, a padronização de procedi-
mentos em certos campos propicia resul-
tados úteis, principalmente para os jovens
que neles se iniciam. Particularmente a pes-
quisa científica encontra, nessa conduta,
excelente resultado. Todas as vantagens
que enumeramos acima podem ser utiliza-
das, quando o iniciante se preocupa com
sua racionalização.
Vou dividir a pesquisa científica, exclu-
sivamente com fins didáticos de ensinar os
jovens, como ela se desenvolve em etapas:
A - planificação e B — execução, e esta,
por sua vez, em três fases: 1 — Bibliográ-
fica; 2 — Elaborativa e 3 - Redacional.
O planejamento da pesquisa implica,
fundamentalmente, a normalização do pro-
cedimento, onde a preocupação em padro-
nizar pode ser minuciosa e n£la tratar de
todas as fases de sua elaboração. O plano
de pesquisa deve conter: o assunto indica-
do pelo título provisório, o objetivo do
trabalho, o método e o cronograma.
Desde que devidamente planejada, o autor
poderá estabelecer parâmetros para cada
etapa. Evidentemente, uma "prova piloto",
feita no decorrer da planificação, dará ao
autor a possibilidade de imaginar e rela-
cionar os eventos e prever possíveis alter-
Difusão Científica
nativas que deverão ocorrer ao longo do
trabalho. Tal fato permitirá a padronização
de maneira racional, com seqüência ló-
gica, com grande parte das respostas imagi-
náveis que deverão ser sempre mutuamen-
te exclusivas e completas. Deverá o autor
ser analítico e minucioso ao ordenai a
seqüência de ocorrências prováveis e, no
final, estabelecer condições em que sejam
grupados os casos menos freqüentes. Em
sua ficha modelo de anotações de cada
observação, estes serão reunidos debaixo
de termos que englobem os fatos, por
menores ou desprezíveis que lhe sejam.
As linhas mestras da padronização deve-
rão ser estabelecidas na planificação da
pesquisa, porém, no decorrer de toda a
atividade haverá, ainda, a possibilidade de
alterações que visem ao aprimoramento.
Planejada, resulta um documento, o
chamado Protocolo da Pesquisa. Este é o
roteiro que norteia a segunda etapa: Exe-
cução da pesquisa.
Execução da pesquisa — Esta etapa será
tanto mais fluente quanto melhor tenha
sido o planejamento. Também para fins
didáticos a dividirei em três fases: Bibliográ-
fica, Elaborativa e Redacional.
Fase Bibliográfica - Vai desde a pesqui-
sa bibliográfica — envolvendo levantamen-
to, identificação, seleção, localização e
obtenção dos artigos da literatura - até
a leitura e resumos de cada artigo para seu
aproveitamento no trabalho.
A normalização dos procedimentos, nesta
fase, deve ser feita pela introdução da siste-
mática de se fazer o resumo dos artigos da
literatura, elaborando uma "ficha padrão".
Esta, a meu ver, deve ser feita preferivel-
mente em folha de papel sulfite que deve
ser dividida por dois traços horizontais:
um, nos dez centímetros iniciais, e o outro,
no final da folha. Dividindo-se dessa ma-
neira, o documento terá, no final, três
partes: cabeçalho, corpo e rodapé.
No cabeçalho deverá constar apenas a
indicação bibliográfica conforme estabelece
a Associação Brasileira de Normas Técnicas
pela P N B - 6 6 . As dúvidas, relativas a situa-
ções não tratadas por essa norma, poderão
ser esclarecidas no trabalho POLAK e
OLIVEIRA. Deve ser lembrada a importân-
cia de se tomarem os elementos do cabe-
çalho sempre do artigo e nunca de documen-
tos secundários.
No caso de citações indiretas, deverá apa-
recer o sobrenome do autor citado, em
maiúsculas, seguido de vírgula, e as inciais
do prenome e, a seguir, a expressão in, vindo
então a referência exata do artigo onde foi
encontrada a citação.
Aconselho colocar, entre duplos parên-
teses, a menção da origem daquele artigo
ou quem dispõe da revista ou mesmo da
cópia xerográfica. Esse cuidado facilitará,
no caso de dúvida, a verificação pelo retor-
no à fonte.
No corpo da ficha do resumo do artigo
devem ser anotados, de maneira sucinta e
sintética, as idéias e as mensagens que seu
autor transmitiu. Deverá haver transcrição
exata dos dados numéricos, nunca arredon-
dando ou omitindo os quebrados. Não
deverá haver, por parte de quem resume,
interpretação ou comentário nas transcri-
ções. Os itens tratados n o arigo que está
sendo resumido deverão ser colocados na
mesma seqüência planejada para a espla-
nação do trabalho. Esse procedimento,
muitas vezes, obriga a uma inversão da
ordem da apresentação original encontra-
da no artigo. Tal fato em nada pode preju-
dicar a idéia do autor citado mas muito
facilitará o pesquisador, no momento de
confrontar as idéias.
No rodapé de sua ficha, deverá redigir
o texto de como vai figurar na publicação
definitiva. A tática dessa redação é escrever
preferivelmente em outra cor, iniciando o
parágrafo com o sobrenome do autor em
pauta, em letras maiúsculas. A seguir, o
ano da publicação, entre parênteses, e,
depois, as idéias e informações concisas
sobre o assunto em foco apresentadas
em frases curtas, nas ordem direta e com
o verbo no presente, na terceira pessoa do
singular, quando o autor é único ou, do
plural, quando são dois ou mais.
Adotada a referida tática para padroni-
zar a bibliografia, vê-se que o levantamento
dos itens estudados em qualquer artigo
torna-se fácil e sem o perigo de omissão,
o que obrigaria o retorno à citação. Dessa
maneira, aumenta a produtividade e a
Difusão Científica
precisão do pesquisador. Esse procedimen-
to evita desperdício, pois serão aproveita-
dos exclusivamente os itens de interesse na
pesquisa em questão, não sendo incluídas
outras idéias e dados, não pertinentes ao
assunto, e que dificultariam o entendimento
e dispersariam a atenção do leitor.
A objetividade e a sistematiução da
forma de apresentar darão, portanto, um
resumo mais exato e de melhor qualidade.
A normalização do artigo inclui unifor-
mizar a linguagem técnica, o que permite
melhor compreensão.
Finalmente, a disposição das idéias e
dos assuntos, dessa forma, possibilitará
uma compreensão fácil e objetiva, tanto
dos dados coletados dos vários autores
da literatura quanto daqueles do trabalho
apresentado.
Fase elaborativa — Nessa fase, o autor
deverá fazer observações ou Experimentos.
Essa é a fase da sua contribuição, onde
poderá criar, raciocinar e descobrir. Eviden-
temente, sua capacidade de discernir pro-
porcionará maior ou menor oportunidade
de usufruir as vantagens referidas.
Aconselho que explore então, no máxi-
mo, a prova piloto, monte a "ficha modelo",
onde os eventos possam ser previstos com as
alternativas respectivas.
Tal procedimento será válido tanto para
a "observação" como para a "experimenta-
ção", pois os modelos poderão ser projeta-
dos. A amostragem dará a idéia das alterna-
tivas dos acontecimentos a serem verificados.
Terá o pesquisador a autocrítica suficiente
para colocar, na ficha modelo, local para
registrar o inesperado, de maneira a englo-
bar todas as alternativas possíveis que vierem
a ocorrer. É fundamental que elas sejam
tomadas mutuamente exclusivas. Assim, uma
coluna, indicando "outras", deve existir para
a anotação do imprevisto.
Esse procedimento permitirá a descrição
de maneira uniforme, precisa e completa
de todas as observações e experiências.
Na mesma ficha modelo deverá ser indi-
cada a incidência das alternativas que ocor-
reram em freqüência absoluta e percentual.
A construção de quadros, tabelas ou de
gráficos facilita a análise e a compreensão
dos dados.
Na fase elaborativa propriamente dita
do trabalho, quando o investigador "obser-
va" ou "interroga" a natureza ou os fenô-
menos, sua atitude científica perante o fato
o levará a proceder de maneira sistemática.
O seu modo de observar e de experimentar
garantirá o resultado que permitirá tirar da
padronização de procedimento muitas van-
tagens. A maneira padronizada de registrar
dará ao pesquisador a possibilidade de en-
contrar, pela repetitividade do fenômeno,
a lei que o rege.
Vejamos, nessa fase, como poderá o in-
vestigador estabelecer normas, quando ele
quiser fazer uma série de observações sobre
determinado assunto. De início, construirá
teoricamente uma observação modelo, onde
todos os eventos são anotados, obedecendo
à seqüência lógica dos fatos ou, simplesmen-
te, sua cronologia. Sobre cada evento, pode-
rá imaginar as alternativas de acontecimento,
incluindo a duplicidade, a ausência e, tam-
bém, a não observação por esquecimento
ou por qualquer outra causa. A simbologia
oficial está estabelecida nas Normas Técnicas
para apresentação da Estatística Brasileira.
O mesmo é válido para a experimentação
onde a "prova piloto" ou a "experiência
piloto" dará visão panorâmica de metodo-
logia adotada na pesquisa.
A sistemtização da fase elaborativa é
global. Só depois de feita a prova piloto,
estará o pesquisador em condições de
estabelecer o padrão a ser seguido e comple-
tar a feitura da "ficha modelo".
A ficha modelo, sempre que possível, de-
verá ser única e ser aproveitada o mais possí-
vel. Nela se omitirá o que não foi observado
ou deliberadamente abandonado, porém ela
deve ser usada. Nessa fase, deverá elaborar
os gráficos e os quadros, de maneira a poder
concretizar suas observações e interpretar
seus dados.
Na fase elaborativa, ainda o pesquisador
deverá reunir os elementos para delinear
os pensamentos decorrentes do trabalho,
aferidos pela Estatística e confrontando
seus resultados com os da Literatura. Ele
deverá fazer reflexões sobre as idéias e as
teorias a respeito.
Fase Redacional — Esta é a fase final
da pesquisa. Graças à racionalização do
Difusão Científica
trabalho, ela aparece realmente facilitada.
É o que acontece com a Literatura, quando
foi obedecida a normalização que preconi-
zamos. Basta o autor copiar em ordem
cronológica o que foi escrito no rodapé
da folha de resumo dos artigos que sur-
girá, naturalmente, o Capítulo Bibliografia,
de maneira a integrar, sem maiores altera-
ções, o trabalho definitivo.
O capítulo seguinte a ser apresentado no
trabalho é o Método. Esteja deve estar pron-
to, pois. na fase de planificação foi a opor-
tunidade mais propícia para sua elaboração
e conseqüentente redação.
O capítulo Resultados deve ser escri-
to, tomando como base os quadros, as tabe-
las e os gráficos montados com os dados
obtidos nas observações ou experimentação.
A ficha modelo, preenchida com os resul-
tados quantitativos e percentuais de cada
grupo, proporcionará, também, as condições
de redação desse capítulo de maneira fácil.
Eventualmente caberá tratamento estatís-
tico, elaborado para aferência e estabeleci-
mento de correlações, associações e avalia-
ções dos resultados. Nessa altura, muitos dos
dados poderão ser transformados de quanti-
tativos em qualitativos, para sintetizar os
resultados. Os estudos analíticos perderão
seu valor, ainda que sejam minuciosos e
precisos, se não forem sintetizados para
poderem ser generalizados.
Completada a fase redacional, deverá o
autor submeter seu trabalho a alguém que
conheça o vernáculo para correções. As
frases deverão ser analisadas quanto à sin-
taxe e corrigidos os erros.
Publicação do trabalho - A escolha do
local para publicar é problema que o autor
deve cuidar com atenção, para que seu tra-
balho atinja a meta a que se propõe. Os
periódicos especializados têm leitores de-
finidos. Pela escolha da revista se prevê
o público que vai atingir.
A Educação Física é ciência aplicada e
tem duas linhas fundamentais de trabalhos:
os básicos e os de aplicação. Ambos pro-
fundamente vinculados à área da Saúde.
Para finalizar, é mister lembrar que o
objetivo maior do trabalho científico é a
generalização. O pesquisador sai do univer-
so que ele estuda através da amostra, que
deve ser boa e representativa, e volta a ele
pela generalização apresentada em suas
conclusões.
BIBLIOGRAFIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DL NORMAS TLCNJCAS - Normalização da documentação no Brasil.
2a. ed. Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação, 1964, 124p.
MORALS, I. N. - Elaboração da Pesquisa Científica. São Paulo, Álamo, 2a. ed., 1985, 247p.
Artigos Didáticos
APTIDÃO FÍSICA: CONCEITOS E AVALIAÇÃO
VALDIR BARBANTI 1
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi conceituar
a Aptidão Física, emitindo os pareceres de
autoridades internacionais. Modernos concei-
tos diferenciam a Aptidão Física em duas
correntes: uma relacionada à Saúde e outra
relacionada às capacidades atléticas.
É feita uma descrição dos testes de Apti-
dão Física relacionada à Saúde, e são dados
exemplos das principais baterias de testes
existentes.
SUMMARY
The work represent a synthesis of the
Physical Fitness Test Batteries of internatio-
nal litrerature. The main point is the des-
cription of the Health Related Physical
Fitness Test as opposed to Physical Fitness
Related to Athletic Ability.
It is pointed out the necessity of cons-
tructing norms for Brazilian populations.
1 - Professor Assistente Doutor da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo.
De acordo com a História, o homem
sempre foi um organismo ativo. O homem
primitivo sobreviveu graças a seus esforços
físicos. Não há indícios (nem lógica) de que
o homem pré-histórico fazia alguma forma
sistemática de exercício físico ou treino. A
atividade física era sua vida, e, sem a mesma
a sobrevivência era uma possibilidade muito
remota.
Organicamente, as exigências para a ativi-
dade física desenvolver e manter as funções
humanas não mudaram, mas as necessidades
e condições sim. O homem moderno, na sua
maioria, sobrevive através do uso de sua
mente e habilidades. Suas atividades pouco
contribuem para sua força: fisicamente ou
emocionalmente.
Devido à industrialização e automatiza-
ção, as exigências das atividades físicas
foram grandemente reduzidas. Esta redução
das atividades motoras tem causado as cha-
madas "doenças hipocinéticas", e tem
contribuído para a diminuição do grau de
aptidão física nas populações do mundo
industrial. As tensões e os estresses da vida
moderna não contribuem positivamente
para o desenvolvimento corporal como o
trabalho físico fazia para o homem primi-
tivo. O resultado final para a raça humana
atual é uma regressão física. O aumento
das doenças cardiovasculares como causas
de mortes na sociedade moderna é a prova
do efeito de deteriorização do nosso estilo
de vida.
Para Larson (22), um dos maiores estu-
diosos em aptidão física, o homem controla
seu destino com relação à saúde. Segundo
ele, o nível de aptidão física é uma escolha
pessoal desde que já existam conhecimentos
suficientes sobre doenças, nutrição, dieta,
exercício, relaxamento, álcool, fumo,drogas,
lazer, e t c , que podem conduzir a altos níveis
de saúde ou à destruição do organismo.
HISTÓRICO
O ponto de partida para o movimento de
aptidão física surgiu nos Estados Unidos em
1954, pelo trabalho de Kraus e Hirschland
(20), no qual os resultados do teste de apti-
dão de Kraus e Weber dos jovens americanos
e europeus foram comparados. Kraus e Hirs-
chland sugeriram que o baixo nível de apti-
dão muscular dos jovens americanos poderia
ser explicado pelo alto grau de mecanização
que existia na sociedade americana e a con-
seqüente falta de atividade física na vida
diária da juventude. Este estudo despertou
uma preocupação nacional a respeito da
aptidão física.
Em 1957, uma betria de testes e tabelas
de aptidão física desenvolvida pela AAHPER
(American Association for Health Physical
Education and Recreation) avaliava alguns
Artigos Didáticos
componentes da aptidão motora como a
velocidade, potência, agilidade, resistência
cardiorespiratória e resistência de força mus-
cular em jovens americanos de 1 0 a 17 anos
de idade. A partir de então, a aptidão física
tornou-se objetivo principal da Educação
Física americana. Partindo deste desenvol-
vimento nos Estados Unidos, o conceito
Aptidão Física teve um significado mundial
e tomou uma posição de valor central na
Educação Física e Esportes.
Muitos países (2, 3, 7, 15, 24, 26) segui-
ram o exemplo americano e estabeleceram
baterias de testes e tabelas para suas popula-
ções (Tabela 1), enquanto vários pesquisa-
dores efetuaram estudos comparativos de
aptidão física entre várias populações.
Provavelmente a maior autoridade na
área de pesquisa em aptidão física foi
Fleishman. Em 1964, Fleishman (13) apli-
cou uma análise fatorial em um grande nú-
mero de variáveis motoras e isolou uma ba-
teria de testes, chamada Teste de Aptidão
Básica e, após ministrá-la a mais de 20 mil
jovens, estabeleceu tabelas. Desde 1977, um
Comitê de Especialistas em Pesquisa nos Es-
portes reconheceu a necessidade de estabe-
lecer dados normativos (tabelas) para as
crianças européias. Sob o comando do Con-
selho da Europa, o Comitê reuniu-se em
quatro ocasiões: 1978, 1980, 1981 e 1982
e aprovou uma bateria experimental de
testes de aptidão física, chamada Eurofit
(Tabela 1).
Importantes simpósios foram realizados,
onde várias autoridades internacionais, de
diferentes áreas da ciência esportiva, tenta-
vam dar respostas substanciais às questões
dessa temática. Pelas poucas tendências
educacionais satisfatórias atuais e pela gran-
de importância que este momento, em re-
lação à Aptidão Física, ganha no Brasil,
acrescido ao interesse crescente para a co-
mercialização da idéia, que é fortalecido
nos meios de comunicação de massa por
contribuições pseudocientíficas, torna-se
vital o esclarecimento de seus conceitos e
significados.
A palavra inglesa "fitness" significa sim-
plesmente "aptidão", "conveniência", "dis-
posição", que não exprime necessariamente
a aptidão para um desempenho ativo, pois
pode ser também aplicado a processos
passivos como, por exemplo, ser apto para
suportar a dor, a fome, o calor, o frio, etc.
Hebbelinck, citado por Vogelaere (29),
descreve o termo Aptidão Total como uma
integração das aptidões físicas, emocional,
social e intelectual (Figura 1).
A aptidão, num sentido global, caracte-
riza-se, portanto, por uma ótima disposição
sob o ponto de vista intelectual, social, emo-
cional e físico, e onde aparece, sobretudo,
a atuação garantida dessas quatro dimen-
sões, considerando que elas se influenciam
substancialmente.
A P T I D Ã O T O T A L
A P T I D Ã O
F f S I C A
A P T I D Ã O
E M O C I O N A L
A P T I D Ã O
S O C I A L
A P T I D Ã O
I N T E L E C T U A L
Figura 1: Divisão
A aptidão física como um componente
da aptidão total - trata-se de um valor re-
lativo, portanto, nunca deveria ser observada
fora de uma determinada condição. Mesmo
um atleta de alto nível, só tem aptidão físi-
ca para uma tarefa específica. Um levantador
de peso tem condição física para levantar
pesos, um jogador de futebol tem condições
físicas para jogar futebol, um corredor de
da Aptidão Total
longas distâncias tem aptidão física para
correr longas distâncias e assim por diante.
Cada modalidade esportiva ou atividade
física solicita exigências distintas de tra-
balho físico, em termos de qualidade e quan-
tidade. A adaptação do organismo nunca é
observada fora destas solicitações, e se faz
sempre em função da característica do estí-
mulo a que ele é submetido.
Artigos Didáticos
A interpretação mais extensivamente
encontrada para o termo Aptidão é a de
"capacidade de um indivíduo em atender
as exigências diárias para a sobrevivência".
Este atendimento inclui várias exigências
e a aptidão é determinada pelo "status" de
um organismo em atendê-las. A aptidão seria
então um estado que caracteriza o grau pelo
qual um organismo é capaz de funcionar. Ela
poderia ser entendida como um"continuum"
onde, em um extremo, num estágio mínimo,
estaria o indivíduo doente, acamado, sem
desejo ou capacidade de realização social
física ou intelectual; e em outro extremo,
num estágio máximo, estaria o indivíduo em
ausência de doenças, vivendo uma vida ativa
e vigorosa física, social e intelectualmente.
Todo ser humano, então, tem algum grau de
aptidão, que pode ser mínino no indivíduo
doente, acamado; ou máximo no atleta alta-
mente treinado. O grau de aptidão varia
consideravelmente em diferentes pessoas,
e na mesma pessoa varia de tempo em
tempo.
HebbeUnck (17) realizou um interessante
estudo das definições de aptidão física emi-
tidas na literatura científica e profissional,
encontrando pronunciamentos bastante di-
versificados de 21 autores, "peritos" no
assunto. A seguir quantificou as palavras
através destas definições (Tabela 2).
Tabela 2 - Palavras-chaves nas definições de
Aptidão Física, emitidas por 21 especialistas
COMPONENTE FREQÜÊNCIA DE
CITAÇÃO
1. força muscular 21
2. resistência 21
3. velocidade 13
4. agilidade 13
5. capacidade motora 11
6. flexibilidade 9
7. resistência a doenças 7
8. coordenação 5
9. equilíbrio 5
10. precisão 4
11. motivação 4
12. potência 3
13. estado nutricional 3
14. outros componentes 11
A força muscular e a resistência estão pre-
sentes nas 21 definições dos especialistas. A
velocidade, agilidade e capacidade motora
são referidas em mais de 50% das definições.
Devemos considerar, todavia, estes con-
ceitos subjetivos, pois são baseados apenas
nas opiniões de reconhecidas autoridades na
área.
Definições de Aptidão Física, segundo
diferentes autores:
— "Aptidão física é a capacidade de
realizar tarefas diárias com vigor e prontidão,
sem excessiva fadiga e com ampla energia,
para apreciar o tempo livre e enfrentar as
emergências imprevisíveis".
(Clark)
— Aptidão: "estado de uma disponibi-
lidade de desempenho na área psíquica e
física para uma tarefa específica".
(Hollman)
— "Capacidade funcional dos indivíduos
para realizar certos tipos de tarefas que re-
querem atividade muscular".
(Fleishman)
— "Capacidade geral para se adaptar e
responder favoravelmente a esforço físico.
O grau de aptidão física depende do estado
de saúde do indivíduo, sua constituição e
presente e prévia atividade física".
(Comitê de Exercício e Aptidão Física da
Associação Médica Americana)
— "Do ponto de vista ocupacional, apti-
dão física pode ser definida como o grau de
capacidade para executar uma tarefa física
específica, em condições ambientais especí-
ficas".
(Karpovich)
— "Em um sentido bem geral, a perfor-
mance física ou aptidão é determinada pela
capacidade do indivíduo para produzir ener-
gia (processos aeróbico e anaeróbico), fun-
ção neuromuscular (força muscular e técni-
ca) e fatores psicológicos (motivação e tá-
tica)".
(Astrand e Rodahl)
— "A aptidão física pode ser definida
arbitrariamente como o conjunto de, pelo
menos, cinco componentes (aptidão motora,
capacidade de trabalho físico, peso corporal,
relaxamento e flexibilidade), e cada compo-
nente é composto, por sua vez, de elementos
mensuráveis de performance física de fun-
ções fisiológicas.
(DeVries)
Artigos Didáticos
— "A capacidade de realizar tarefas físi-
cas moderadas ou estenuantes,especialmente
aquelas que requerem sistemas neuromus-
culares e círculo-respiratórios bem condicio-
nados".
(Johnson e Solberg)
— "Capacidade do organismo manter,
seus vários equilíbrios internos tão próximos
quanto possível do estado de repouso, du-
rante exercício físico intenso e duradouro,
bem como de restaurar imediatamente, após
realizar a atividade, qualquer equilíbrio que
se tenha alterado".
(Darling)
Embora estas definições enfatizem as-
pectos diferentes da aptidão, não há desacor-
do fundamenta] entre elas. A aptidão física,
de maneira geral, parece ter muitos compo-
nentes, diferenciando em importância sele-
tiva, segundo os diferentes autores. Parece
unânime a idéia de que a aptidão física
expressa a capacidade de realizar trabalho,
tanto físico como intelectual.
A filosofia fundamental dos testes mais
antigos, chamados de Testes de Aptidão
Motora, era. baseada na crença de que um
indivíduo com aptidão era aquele que
possuía várias capacidades em uma grande
variedade de movimentos. Como mostra a
Figura 2, a aptidão motora engloba vários
componentes heterogêneos, cada um deles
contribuindo para a capacidade de movimen-
to do indivíduo. Como a maioria destes com-
ponentes é importante para a performance
atlética, a aptidão motora é também chama-
da de "Aptidão Atlética". Contudo, convém
notar que alguns destes componentes somen-
te têm importância numa situação atlética.
Por exemplo, altos níveis de velocidade, po-
tência ou agilidade são necessários para
bons jogadores de basquetebol, mas são de
muito pouca importância para o dia-a-dia
de uma pessoa comum.
Sentiu-se então a necessidade de diferen-
ciar entre a aptidão física relacionada à
saúde e a aptidão física relacionada à capa-
cidade atlética.
Dentro do movimento atual de aptidão,
reconheceu-se a aptidão física como um
aspecto da saúde geral e, por isso, ela foi
chamada Aptidão Física Relacionada à
Saúde.
Pate (25) propõe a seguinte definição
para a Aptidão Física Relacionada à Saúde:
"capacidade de realizar atividades físicas
(vigorosas), sem fadiga excessiva, e demons-
tração de capacidades e características de
atividade física que são coexistentes com
risco mínimo de desenvolver doenças hipo-
cinéticas'1
.
Enquanto um concernimento para a per-
formance física das crianças e jovens tem
continuado, há uma tendência atual para a
falta de condicionamento físico da popula-
ção cm geral, visto que algumas doenças
hipocinéticas alcançam proporções epidê-
micas como as doenças das coronárias, a
obesidade, dores lombares, etc.
Comparada com a Aptidão Motora, a
Aptidão Física Relacionada à Saúde é
um conceito mais estreito, que inclui so-
mente componentes que podem prevenir
doenças ou promover a saúde.
AGILIDADE
-POTÊNCIA
-RESISTÊNCIA
-CARDIORESPIRATÓRIA
- RESISTÊNCIA/FORÇA —
-MUSCULAR
APTIDÃO
MOTORA
APTIDÃO
FÍSICA RELA-
CIONADA Ã
SAÚDE-COMPOSIÇÃO CORPORAL—)
-FLEXIBILIDADE
-VELOCIDADE
- EQUILÍBRIO
Figura 2: Componentes da Aptidão Motora e da
Apitão Física Relacionada à Saúde
Artigos Didáticos
Aqui convém notar que altos níveis de
qualidades atléticas, tais como: agilidade,
velocidade e potência, não são consideradas
essenciais para a Aptidão Física Relacionada
à Saúde. Somente em anos recentes este
paradoxo se tornou aparente. De fato, his-
toricamente, o público leigo e mesmo os
profissionais da área, tendiam a uma fusão
dos dois enfoques. Atualmente, a Aptidão
Motora e a Aptidão Física Relacionada à
Saúde são distintas entre si.
TESTES DE APTIDÃO FÍSICA
RELACIONADA À SAÚDE
Os componentes da Aptidão Física Re-
lacionada à Saúde são: a aptidão cardiores-
piratória, a composição corporal e a função
músculo-esquelética.
Estes componentes podem ser medidos
no campo e são relacionados com alguns
aspectos da saúde.
Os indivíduos especialistas que sugeriram
os testes, não incluíram, propositadamente,
nenhum teste de força para o tronco e mem-
bros superiores. Entenderam que este com-
ponente é importante para a prática de
alguns esportes e outras atividades físicas
ou tarefas ocupacionais, contudo, a força
dos braços e tronco não é relacionada ao
"status" de saúde de modo direto, por isso,
nenhum teste para este fim foi determinado.
APTIDÃO CARDIORESPIRATÓRIA: este
componente da Aptidão Física Relacionada
à Saúde tem recebido a maior ênfase dos
especialistas. Existem evidências de que
altos níveis de função cardiorespiratória
indicam uma alta capacidade de trabalho
físico (PWC), que é uma capacidade de
liberar relativamente grandes quantidades
de energia sobre um tempo prolongado. Um
alto nível de PWC tem vantagens numerosas
para o trabalho e tempo livre (1). Embora
a aptidão cardirespiratória não influa direta-
mente em todos os fatores de risco de doen-
ças das coronárias, está claramente associa-
da a eles (9). Há evidências de que esta
função responde ao treinamento, e, que
pode ser medida de modo válido por medida
de campo (8). A corrida de longa distância
foi sugerida na bateria de testes da Aptidão
Física Relacionada à Saúde para medir a
função cardiorespiratória.
Pode ser selecionada a corrida de milha
(aproximadamente 1600 metros) ou a
corrida de 9 minutos para crianças de idade
inferior a 13 anos. Crianças e jovens de 13
anos ou acima devem usar a corrida de
1,5 milha (aproximadamente 2400 metros)
ou a corrida de 12 minutos. Os participantes
podem andar em qualquer das corridas, mas
devem ser encorajados a render o máximo que
puderem. Detalhes mais específicos dos pro-
cedimentos são descritos no Manual de
Testes de Aptidão Física Relacionada à
Saúde ( 4 ) .
COMPOSIÇÃO CORPORAL: a composição
corporal é definida com a porcentagem re-
lativa de gordura e massa magra. Excessiva
quantidade de gordura é uma ameaça à
saúde, implicando uma variedade de con-
dições, tais como: hipertensão, hiperlipo-
proteinemia e propensão a acidentes (28).
A composição corporal é uma função
de equilíbrio calórico, e, embora a ênfase
ter sido tradicionalmente (ou comercial-
mente!) colocada ao lado do consumo
calórico pelos proponentes de dietas mira-
culosas, os especialistas estão se inclinando
para o lado gasto energético na regulagem
do peso corporal (12). As medidas das
dobras cutâneas triciptal e subescapular
foram selecionadas para a bateria de testes,
pelo fato destes locais serem relativamente
acessíveis e fáceis de se medir (3). Estas
medidas também se correlacionam altamen-
te com o total de gordura do corpo. A
descrição específica das medidas está no
Manual de Testes (4).
A composição corporal é um aspecto a
ser considerado no Brasil, visto que, entre
nós, maior problema do que a obesidade
é a subnutrição. Este aspecto deverá mere-
cer maiores discussões no futuro.
FUNÇÃO MÚSCULO-ESQUELÉTICA: um
aspecto de força muscular, resistência mus-
cular e flexibilidade, que pode ser relaciona-
do à saúde, envolve a região lombar e pos-
terior da coxa.
A conhecida como "dor nas costas" é
uma doença comum que causa muitas in-
capacidades (6).
Existem várias evidências clínicas, que
implicam a falta de flexibilidade na região
-Artigos Didáticos
lombar e na musculatura posterior das
coxas, combinadas com a fraca musculatu-
ra da parede abdominal como a causa da
maioria dos casos de dores nas costas. Expe-
riências recentes (14,21) sugerem a ação
preventiva de exercícios para a prevenção
deste mal. A avaliação destes componentes
no campo é relativamente fácil. A resistência
muscular localizada da musculatura abdomi-
nal é determinada pelo número de "abdo-
minais" executados em 60 segundos. Neste
teste, as pernas são flexionadas, com os
pés seguros por outra pessoa; os braços cru-
zados no peito, com as mãos no ombro
oposto (para prevenir o uso dos braços, para
ganhar momento e levantar o tronco do
chão). O abdominal é executado pela eleva-
ção do tronco (o queixo é mantido junto ao
peito) até os cotovelos tocarem as coxas.
Instruções mais detalhadas são dadas no
Manual de Testes (4).
A flexibilidade da região lombar e
posterior da coxa é medida pelo teste
de flexibilidade (os americanos chamam de
Sit-and-Reach Test), no qual uma pessoa
sentada tenta alcançar com suas mãos o
mais longe possível, para a frente (3). O
teste é administrado em uma caixa de
madeira de fácil construção. Detalhes
específicos da caixa e da administração
do teste são dados no Manual de Testes
(4).
A PROBLEMÁTICA DA
TABELA DE PONTOS
A construção de tabelas, normas ou pa-
drões (normas, para os americanos), permite
situar o desempenho individual em um dos
vários escalões que as constituem, e, nem
sempre é uma tarefa fácil. A avaliação, em
Educação Física, será tanto mais precisa
quanto mais se assentar em resultados
objetivos, segundo regras fixas. Por isso,
a elaboração de tabelas para a população
brasileira assume dimensão urgente.
Até o presente momento, não existe
nenhuma tabela a nível nacional para qual-
quer teste físico e toda avaliação e classifi-
cação, quando realizados, têm se baseado
na subjetividade ou em tabelas estrangeiras.
Padrões regionais (4, 23) de aptidão físi-
ca relacionada à saúde, de peso e estatura,
são iniciativas pioneiras na tentativa de se
estabelecer tabelas germinantemente brasi-
leiras.
A tabela mais usual é a escala de percen-
tis, que nos dá a percentagem de indivíduos
num determinado grupo, situados abaixo ou
acima dos valores estimados como limites
dos diferentes escalões estabelecidos. São
chamados, neste caso, de testes referencia-
dos a normas. O julgamento do resultado
de um indivíduo é feito em relação aos
outros membros do grupo em questão.
Estudiosos em Medidas e Avaliação
(5, 27) recomendam o estabelecimento de
testes de Aptidão Física Relacionada à
Saúde, este enfoque é filosoficamente
atrativo, porque o objetivo maior é boa
saúde e não o melhor resultado.
Contudo, há problemas práticos associa-
dos ao estabelecimento de critérios para
testes de aptidão física relacionada à saúde.
O que é considerado "aceitável" ou " b o m "
para as crianças? Como a maioria dos pro-
blemas relacionados à baixa aptidão física
se manifestam na idade adulta, não se sabe,
ainda, que nível de aptidão física a crian-
ça deve possuir para diminuir os fatores
de risco.
Embora ainda exista discussão a respeito
da significância prática da tabela de percen-
tis, aplicada aos testes de Aptidão Física
Relacionada à Saúde, a inexistência de qual-
quer tipo de tabelas é muito mais grave.
Em vista deste dilema, os especialistas
sugerem as seguintes recomendações:
1. O 25Ppercentil em cada teste é consi-
derado o escore mínimo aceitável. As
crianças cujos resultados estiverem
abaixo deste nível, necessitam de
atenção especial do professor.
2. O 509 percentil é conseguido pela
maioria das crianças com um adequa-
do condicionamento físico, e todo
professor deveria se empenhar para
que as crianças atingissem, pelo menos,
este nível.
Embora estas recomendações sejam basea-
das em percentis, e, por isso, não constituem
padrões relacionados a critérios no sentido
puro, são indicações que podem servir de
julgamento. A ênfase dos testes de Aptidão
Física Relacionada à Saúde é para se con-
seguir um escore ótimo que represente um
status positivo de saúde.
Artigos Didáticos
Resumido, pode-se dizer que a bateria de
testes de Aptidão Física Relacionada à Saú-
de foi desenvolvida de maneira cuidadosa e
está disponível para a aplicação. Novas pes-
quisas fazem-se necessárias para desenvol-
ver os critérios mínimos em cada teste.
CONCLUSÕES
Nos últimos anos, o interesse científico
sobre a Aptidão Física Relacionada à Saúde
aumentou substancialmente e numerosos
estudos têm mostrado forte evidência em
favor do papel dos exercícios físicos na
medicina terapêutica e preventiva.
A procura de uma linguagem comum e
de uma bateria de testes de aptidão física
padrão não é nova, como é mostrado na li-
teratura internacional. No Brasil particular-
mente, a falta de uma bateria de testes
modelo e de tabelas nacionais (ou mesmo
regionais) é sentida pelos profissionais
da área que se preocupam com a promoção
da aptidão física. São necessários esforços
para se tentar estabelecer uma bateria de
testes padrão que melhor se adapte às nossas
realidades.
TABELA 1 — Comparação de várias baterias de testes de Aptidão Física
Teste de Aptidão da Juventude de AAHPER (1958)
Testes Componentes de Aptidão Física
1. Flexão de braços na barra (meninos) Força/Resistência muscular
2. Flexão Modificada de braços barra (meninas) Força/Resistência muscular
3. Abdominal Força/Resistência muscular
4. Corrida de Ida e Volta Agilidade/ Velocidade
5. Corrida de 50 jardas (45m) Velocidade
6. Salto em Distância Parado Potência
7. Lançamento da Bola de Softbol Habilidade, Força
8. Corrida de 600 jardas (548m) Resistência Cardiorespiratória
Teste de Aptidão Básica (Fleishman, 1964)
Testes . Componentes de Aptidão Física
1. Teste de Rotação do Tronco Flexibilidade Extensiva
2. Teste de Flexão e Rotação do Tronco Flexibilidade Dinâmica
3. Corrida de Ida e Volta Força Explosiva
4. Lançamento da Bola de Softbol Força Explosiva
5. Teste de Preensão Manual Força Estática
6. Flexão e Extensão de braços na Barra Fixa Força Dinâmica
• 7. Teste de Elevação das Pernas Força de Tronco
8. Teste de Salto sobre o Cabo Coordenação Grossa Corporal
9. Teste de Equilíbrio Equilíbrio Grosso Corporal
10. Corrida de 600 jardas (548m) Resistência Cardiovascular
Teste de Performance — Aptidão da CAHPER (Canadian Association for Health,
Physical Education and Recreation — 1966)
Testes Componentes de Aptidão Física
1. Flexão de braços na Barra Fixa Força/Resistência muscular
2. Abdominal em 1 minuto Força/Resistência muscular
3. Salto em Distância Parado Potência
4. Corrida de 50 metros Velocidade
5. Corrida de Ida e Volta Potência
6. Corrida de Resistência
800m (6 a 9 anos)
1 6 0 0 m ( 1 0 a 12 anos) Resistência Aeróbica-Anaeróbica
2 4 0 0 m ( 1 3 a 17 anos)
Artigos Didáticos
Teste de Aptidão Standard (Comitê Internacional para a Estandardização
de Testes de Aptidão Física - 1974)
Testes
1. Teste de Corrida de 5 0 métros
2. Teste de Flexâo de Braços na Barra Fixa
(meninos acima de 11 anos)
3. Teste de Suspensa~o na Barra (meninos
abaixo de 11 anos e meninas 11 anos e
acima)
4. Teste de Preensâo Manual
5. Teste de Corrida
(100m—meninos acima de 11 anos)
(800m—meninas acima de 11 anos)
(600m—meninos e meninas abaixo de
11 anos)
Componentes de Aptidão Física
Velocidade
Força/Resistência Muscular
localizada
Força/Resistência Muscular
localizada
Força Estática
Resistência Cardiorespiratória
Teste de Aptidão — Haro (República Federal da Alemanha — 1975)
Testes
1. Corrida da Figura 8
2. Abdominal
3. Salto sobre o Banco
4. Flexão de Braços no Solo
5. Corrida de Ida e Volta
6. Lançamento da Bola de Basquetebol
Componentes de Aptidão Física
Agilidade
Força/Resistência Muscular
Força/Resistência de Salto
Força/ Resistência Muscular
Agilidade, Velocidade
Agilidade, Força/Resistência Muscular
Teste de Aptidão Física Relacionada à Saúde (AAHPERD, 1980)
Testes e Medidas Componentes de Aptidão Física
1. Corrida de 9 minutos Resistência Cardiorespiratória
2. Dobras Cutâneas Triciptal e Subescapular Composição Corporal
3. Abdominal Modificado Resistência/Força Muscular
4. Teste de Flexibilidade Flexibilidade
Eurofit(1982)
Testes
1. Teste ergonométrico PWC j
ou
2. Teste de Corrida dos 6 minutos
3. Flexão de Braços no Solo
4. Salto em Distância Parado
5. Teste de Suspensão na Barra
6. Teste de Abdominal em 30 segundos
7. Teste de Flexibilidade na Caixa
8. Teste de Corrida de Ida e Volta 10x5 metros
9. Teste de Sapateado em 25 ciclos
10. Teste de Equilíbrio na Trave
(posição de "flamingo")
Componentes de Aptidão Física
Resistência Cardiorespiratória
Resistência Cardiorespiratória
Força Estática
Força Explosiva
Resistência Muscular
Resistência Muscular
Flexibilidade
Velocidade de Corrida
Velocidade de Movimento dos
Membros
Equilíbrio Corporal Total
Artigos Didáticos
BIBLIOGRAFIA
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AAHPERD - Youth fitness test manual, Washington, AAHPER, 1958.
AAHPERD - Health related physical fitness test manual, Washington, AAHPERD, 1980.
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1983.
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MARQUES, R. M. et alii - Crescimento e desenvolvimento pubertário em crianças e adolescentes brasi-
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SAFRIT, J. F. - Evaluation in physical education. New Jersey, Prentice Hall, 1981.
VAN ITALLIE, T. b. - Obesity: adverse effects on health and longevity, American Journal of Clinicai
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VOGELAERE, P. et alii - Essai d'analyse du concept "Aptitude physique à partir de la literature
anglosaxone". Kinanthropologie 3 (3): 1 9 3 - 2 1 0 , 1971.
Teses e Livros
APROVEITAMENTO DOS JOGOS FOLCLÓRICOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA
MARIA ALICE MAGALHÃES NAVARRO 1
RESUMO
A pesquisa consistiu em entrevistar es-
tudantes do primeiro e segundo graus e
universitários, sobre suas preferências por
certos jogos folclóricos; analisar a influên-
cia da idade (e, conseqüentemente, do grau
de escolaridade) e do sexo a esse respeito;
compilar as descrições feitas pelos entre-
vistados sobre os jogos e classificá-los, se-
gundo o interesse em Educação Física.
SUMMARY
The research consisted in interviewing
of first and second year college and university
students about their preferences for certain
folkloric games, in analysis of age (and
consequently the degree of scholar deve-
lopment) and sex influence and compiling
in result the descriptions made by the
students of the games and classifying these
descriptions according to interest in Physical
Education.
/ Professor Assis!ente Doutor da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo.
ADAPTAÇÃO DOS MÉTODOS
AO NOSSO MEIO
Movimentos nacionalistas,houve em vários
campos de atividade do brasileiro, em artes
e em ciências. O estudo, a pesquisa e a
criação passam a ser mais cativantes, quando
motivados ou, imediatamente, aplicáveis às
características e índole de nossa nação. Os
problemas raciais, sociais, médicos, econô-
micos, artísticos vão sendo lidados com
meios criados aqui mesmo.
Surgiram, no campo da Educação Física,
sugestões de aproveitamento de algumas
danças do nosso Folclore como recurso
para estimular o desenvolvimento do ritmo
motor e para recreação, mas não existe
um trabalho de pesquisa ou exposição sis-
temática sobre as possibilidades do apro-
veitamento dos próprios jogos folclóricos.
Em Educação Física, a falta de utilização
mais intensiva da atividade rítmica e da
variada movimentação, própria dos jogos
folclóricos, sempre nos intrigou, desde que
nos dedicamos a esse campo da Educação.
Chegamos assim a uma linha de pesquisa,
já levada a público, a partir da nossa disser-
tação de Mestrado. Esta foi baseado em
experiência docente de mais de 15 anos e
propunha u m elemento de Folclore como
meio eficiente, para avaliar o desenvolvi-
mento do sentido rítmico nas crianças,
avaliação esta que aliás constitui u m dos
objetivos da Educação Física.
A utilização de elementos constituintes
do Folclore na Educação Física seria, ainda,
de grande alcance em um país carente de
professores graduados. Os professores poli-
valentes, valendo-se de sua própria cultura
popular, conhecendo as manifestações fol-
clóricas de sua região, poderiam concorrer
mais eficientemente para que as crianças
tenham a necessária atividade física diária,
mesmo na ausência de especialista. Isto
poderia ser conseguido com um mínimo de
instrução, àqueles professores eventuais.
Esta instrução seria dada após classificar
e estudar metodicamente os jogos em
questão.
Ora, não existe neste campo nem mesmo
uma compilação a respeito da cinesiologia
dos jogos folclóricos mais conhecidos em
nosso país. A lacuna é desanimadora para os
que querem se introduzir neste estudo. Falta
até um simples rol dos jogos folclóricos
conhecidos.
A escolha dos jogos que são mais divulga-
dos no ambiente social onde se quer atuar
como educador, é da maior importância
para aproveitar as atividades mais espontâ-
neas. Não só as preferências do grupo
social — em seu conjunto — são relevantes,
como também as inerentes às faixas etárias
ou às ligadas ao sexo.
Teses e Livros
Estabelecidos quais os jogos mais difun-
didos, torna-se necessário decompô-los em
seus elementos cinesiológicos. Pode-se então
estudar as equivalências do teor da motrici-
dade, e chegar a propor o jogo mais ade-
quado para cada finalidade educativa.
A presente pesquisa insere-se n^sse con-
texto e investiga essas premissas para a utili-
zação mais intensiva das manifestações fol-
clóricas de nosso meio. O planejamento do
trabalho foi feito para satisfazer as etapas:
1. Relacionar os jogos folclóricos aprovei-
táveis e mais conhecidos em nosso
meio e estudar as preferências que por
eles têm os escolares;
2. Avaliar as habilidades motoras utiliza-
das nesses jogos e sua correspondência
com as atividades comuns na Educação
Física;
3. Determinar os elementos desses jogos
capazes de aperfeiçoar as qualidades
do movimento.
Neste ponto da apresentação e introdução
do leitor ao assunto deste trabalho, cabe ten-
tar esclarecer o conceito de jogo folclórico.
O jogo folclórico é uma atividade lúdica
espontânea que tem, quase sempre, caráter
competitivo, seguindo uma certa ordem e
realizando-se em determinado espaço. Esses
jogos são, como todas outras manifestações
folclóricas, anônimos, de aceitação coletiva
e passam de uma geração a outra por trans-
missão oral. E um comportamento intrin-
secamente motivado. O sentido do jogo é
entendido como aprendizado de habilidade
para a vida adulta, como uma canalização
de sentimentos.
Este é o significado com que é tomado
o termo no desenvolvimento do presente
trabalho.
Nesta perspectiva, os jogos podem ser
enfocados sob vários aspectos, possibili-
tando serem classificados.
Considerando jogo folclórico, segundo a
conceituação debatida e, a descrição do
modo pelo qual esses jogos são realizados
em nosso meio, pode-se conceber que é
viável a hipótese de serem eles adaptáveis
à Educação Física. Por outro lado, levan-
tamos a hipótese de que fatores como grupo
social, faixa etária e classe de sexo são im-
portantes, para serem considerados na
promoção dos vários jogos folclóricos
conhecidos.
Seria possível, assim, atingir o objetivo
de fornecer subsídios para o aproveitamento
efetivo dos jogos folclóricos nas aulas de
Educação Física para l.a
e 2 a
séries do IP
Grau e, em conseqüência, a Educação Fí-
sica integrar-se-ia ao currículo pleno destas
séries do IP grau. Um trabalho desta natu-
reza contribui, ainda, para a preservação das
tradições populares, através de atividades
folclóricas, ampliando o repertório de jogos
infantis na faixa etária de 6 a 8 anos e pro-
porcionando enriquecimento para as horas
de lazer.
Foram entrevistados 400 estudantes pro-
venientes de escolas da Grande São Paulo,
sendo 200 de cada sexo, subdivididos em 4
faixas etárias:
faixa etária 1
9 a 11 anos
faixa etária 2
12 a 14 anos
faixa etária 3
15 a 17 anos
faixa etária 4
18 a 25 anos
O inquérito recolheu, como não poderia
deixar de ser, grande número de jogos (790
jogos no total de 400 entrevistados), folgue-
dos e brincadeiras — algumas dramatizadas,
outras musicadas, como as canções de roda.
Deles, apenas alguns corresponderam aos
requisitos para serem considerados como
folclóricos e destes, excluídas as manifes-
tações representadas e cantadas, sobraram
76 jogos folclóricos variados. Como é
neles que a pesquisa deve ser baseada, os
restantes foram descartados na maior par-
te de nossa análise, embora constituam
valioso material a merecer estudos e refle-
xões com outras finalidades.
Revista Paulista de Educação Física, v. 1, n. 1, 1986
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  • 1.
  • 2. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO REITOR Prof. Dr. José Goldcmberg VICE-REITOR Prof. Dr. André Ricciardi Cruz ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DIRETOR Prof. Dr. Jamil André VICE-DIRETOR Prof. Dr. Jarbas Gonçalves REVISTA PAULISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DIRETOR PRESIDENTE Prof. Dr. Jamil André DIRETOR RESPONSÁVEL Prof. Dr. Raymond Victor Hegg CONSELHO EDITORIAL Antonio Boaventura da Silva Irany Novah Moraes Jarbas Gonçalves José Geraldo Massucato Maria Augusta Peduti Dal'Molin Kiss Moacyr Brondi Daiuto Sergio Miguel Zueas EDITORES Arnaldo Bottini Maria Stella Vercesi Silva Olga Sakatsumi Martucci EDITOR ADMINISTRATIVO Sergio Vadala Guimarães SECRETÁRIA Divalierte Jorge CORPO CONSULTIVO Adia Neme Aluizio Otávio Avila Ana Maria Pellegrini Anita S/.oehor Colli Arnaldo Augusto Franco Siqueira Gilda Naécia Maciel de Barros Go Tani Hans Heinrich Kedor Jacques Marcovich Januário de Andrade José Fernando B. Lomonaco José Guilmar Mariz de Oliveira José Medalha José Rizzo Pinto Lia Renata Angelini Giacáglia Manoel José Gomes Tubino Maria Augusta Peduti DafMolin Kiss Maurício Lea) Rocha Nélio Parra Raymond Victor Hegg Renan Sampedro Valdir José Barbanti Zilda Augusta Anselmo # índice PESQUISA Força de Preensão Manual em Escolares de 9 a 18 anos 2 DIFUSÃO CIENTIFICA Características da Saída em Velocistas Femininas 7 Introdução à Biomecânica no Esporte - Considerações sobre Métodos de Investigação 13 Dez Mandamentos para Preservar a Saúde pela Atividade Física . . 18 ARTIGOS DIDÁTICOS Aptidão Física: Conceitos c Avaliação 24 TESES E LIVROS Aproveitamento dos Jogos Folclóricos na Educação Física 33 EDITORIAL Realidade Reunindo-se a inteligência, a dedicação e o idealismo, tivemos con- dições de realizar um sonho (jue se arrastou ao longo dos anos de existen- cia da Escola de Educação Eisica da Universidade de São Paulo, qual seja, a edição de uma revista, (fuc recebeu o nome de "REIISTA PAULISTA DE ED UC VIÇÃO EISIC "A". Senipre tivemos cônscios da existência do manancial espetacular de cultura e de saber de nossos professores e de colegas das diversas unidades de ensino brasileiro, e a convicção que nos levou a unificar essas forças deixa-nos tranqüilos de que a Revista se perpetuará através dos tempos, numa ativa e continua cooperação de esforços que sobrepujará quaisquer obstáculos. Deverá desfilar através dela um corolário de artigos que abrangerá todos os assuntos ligados à Educação Eisica e que por certo levará mensagens de ilustres autores e de renomados profissionais da área. Agradecemos desde já essa colaboração, que é a alma do evento a que ora nos propusemos, e temos certeza de que não nos serão furtadas as imprescindíveis dedicações de todos quantos lutam em pró da elevação do nível cultural. Enfim, vemos a realidade daquele sonho. Realidade que se deve em muito ao Prof. Dr. Antonio Hélio Guerra Vieira, a quem a Escola de Educação Eisica da USP externa a sua mais sincera e efusiva gratidão. Jamil Arjdré
  • 3. Pesquisas FORÇA DE PREENSÃO MANUAL EM ESCOLARES DE 9 a 18 ANOS 1 RAYMOND VICTOR HEGG 2 FLAVIA DA CUNHA BASTOS 3 RESUMO As variações da força d„ preensão ma- nual, em função de sexo e puberdade, foram estudadas em 899 escolares da cidade de São Paulo - 383 do sexo masculino e 516 do sexo feminino. Houve predominância dos valores médios do sexo masculino assim como diferenças significativas entre púberes e não púberes, decorrentes do surto pubertário em ambos os sexos. Unitermos: Dinamometria. Puberdade. SUMMARY The variation on the handgrip strength according to sex and puberty, were studied in 899 students in the city of São Paulo - being 383 boys and 516 girls. Is was found that the medium values of the boys were predominant as there were significant differences between pubescents and no pubescents in accordance to the puberal impulse in both sexes. Key worlds: Dinamometry. Puberty. / Trabalho apresentado nas sessões de temas livres do 1119 Congresso Internacional de Auxologia, em Bruxellas, no período de 2(i a 30 de agosto de 1982. J Professor Titular de Biometria Humana da Escola de Educação l-'ísica da Universi- dade de São Paulo. 3 frofessor Auxiliar de Ensino de Biometria Humana da Escola de Educação iísi- ca da Universidade de São Paulo. INTRODUÇÃO A força preensão manual, que avalia a força estática dos membros superiores, vem sendo estudada por autores como Dal Monte ct alii (4), Ceverska et alii (3) e, entre nós, por Soares et alii (10). O seu desenvolvimento tem sido es- tudado principalmente em função da idade cronológica dos indivíduos e estes estudos têm demonstrado graves variações dos valores principalmente nos indivíduos que se encontram na fase pubertária. Alguns autores procuraram determinar os fatores que causam variação, assim Calde- ron e Robels (2) investigaram a influência do meio ambiente — urbano e rural — no desenvolvimento da força de preensão manual; Hebbelink (5), Lamphiar e Mon- toye (7), Montoye e Lamphiar (8), Soares et alii (10) estudaram a relação entre esta força e a dimensão corporal dos adolescen- tes; Nakagawa et alii (9), Beunen (1), Heb- belink e Borms (6) associaram o desenvol- vimento da força de preensão manual ao nível maturacional dos adolescentes. A influência do surto pubertário de ambos os sexos, na força de preensão ma- nual de adolescentes, ainda é um aspecto não muito esclarecido, principalmente em nosso meio, o que nos induziu a procurar, como objetivo deste trabalho, verificar a variação da força de preensão em função de puberdade em escolares de ambos os sexos. MATERIAL E MÉTODOS Foram estudados 899 escolares de 9 a 18 anos, alunos do Colégio Pio Xll, em São Paulo, brasileiros, predominantemente cau- casóides, havendo apenas alguns mongolói- des, pertencentes à classe sócio-econômica média alta, e clinicamente sadios, segundo os padrões habituais. Todos os escolares, 383 do sexo masculino e 516 do sexo feminino, apresentando-se em trajes sumários, foram medidos e avaliados no seu desenvolvimento pelo mesmo examinador (R.V.H.). Os grupos etários foram constituídos, segundo a data de nascimento, com variação de mais ou menos seis meses e em função da data da medida. Os escolares foram distribuídos em dois subgrupos •- não púberes e púberes — admitindo-se como conceito de puberdade,
  • 4. Pesquisas para o sexo feminino, a aluna já ter tido a sua menarca e, para o sexo masculino, o volume testicular direito acima de 12 inclu- sive, determinado com o orquidômetro de Prader. A força de preensão manual foi determinada com o dinamômetro TKK Grip Dynamometer (Takey Company, Tokio), ajustável ao tamanho da mão. Foram feitas duas tomadas em ambas as mãos, em dois momentos diferentes, com um intervalo de no mínimo 2 minutos, considerando-se o maior valor obtido. RESULTADOS As medidas de força de preensão manual - direita e esquerda - foram ana- lisadas em termos de média aritmética, des- vio padrão e amplitude de variação, sendo apresentadas, respectivamente, nas tabelas 1 e 2. Utilizamos o teste " T " , de Student, para amostras independentes, a nível de 0,05, para a comparação das médias da força de preensão manual entre os subgrupos púbere e não púbere de ambos os sexos (Tab. 3 a 5). A idade média da menarca foi de 12,36 anos, a moda - 12,08 anos e a mediana por probitos , 12,43 anos. A mediana do volume testicular direito foi 13,95 por probitos. DISCUSSÃO No sexo feminino, os valores médios da força de preensão manual direita e esquer- da apresentam-se significativamente mais ele- vados, a nível de 0,05, nas púberes do que nas não púberes, respectivamente nas idades 11, 12 e 13 anos (Tab. 3 e 4). No sexo masculino, os valores médios da força de preensão manual direita e esquer- da também se apresentam significativamente mais elevados nos púberes do que nos não púberes, respectivamente nas idades 12, 13, 14 e 15 (Tab. 5 e 6). As diferenças encontradas por nós, nestas faixas etárias, reafirmam os resultados obtidos por Hebbelink e Borms (6) para escolares belgas de ambos os sexos aos 12 anos. Embora estes autores tenham utiliza- do o desenvolvimento da pilosidade pubiana como critério de puberdade, diferenças signi- ficativas foram encontradas em função do avanço ou retardo do surto pubertário. Especificamente para o sexo masculi- no, Nakagawa et alii (9) também encontra- ram valores de força de preensão manual significativamente mais elevados para meni- nos de 13 a 15 anos que tiveram amadureci- mento sexual adiantado. CONCLUSÕES A partir dos resultados obtidos neste trabalho, podemos concluir que: 1 - As diferenças significativas encontra- das aos 11, 1 2 e 13 anos entre púberes e não púberes no sexo feminino são devidas ao aparecimento da menarca. 2 - O surto pubertário masculino é o res- ponsável pelas diferenças significativas entre púberes e não púberes nas idades de 1 2, 13, 14 e 15 anos. TABELA 1 Força de preensão manual direita, em função de sexo e idade. MASCULINO FEMININO Id. N X dp ampl. variação N X dp ampl. variação 9 19 17.39 3.30 12.0 - 26.0 25 16.32 1.90 13.0 - 20.0 10 57 18.74 3.07 12.5 - 25.0 85 17.70 2.77 11.0 - 24.5 11 60 21.54 4.46 12.5 - 39.0 80 20.06 3.45 12.0 - 28.0 12 54 22.04 3.86 14.5 - 35.5 75 23.19 3.81 15.0 - 33.0 13 61 28.68 6.51 19.0 - 50.0 88 25.64 4.47 13.0 - 42.0 14 46 32.54 7.84 18.0 - 53.0 62 27.50 3.75 20.5 - 35.0 15 51 39.53 7.57 23.0 - 56.0 61 28.10 3.09 21.0 - 36.0 16 27 39.48 5.94 27.0 - 50.5 37 27.78 3.92 19.0 - 39.0 17 7 44.21 5.95 34.5 - 53.0 3 28.16 3.81 24.0 - 31.5 18 1 59.00 - - - - - - Total 383 516
  • 5. Pesquisas TABELA 2 Força de preensão manual esquerda, em função de sexo e idade. MASCULINO FEMININO Id. N X dp ampl. variação N X dp ampl. variação 9 19 16.28 2.85 1 1.0 - 21.0 25 15.68 2.26 12.0 20.0 10 57 17.78 3.31 10.0 - 24.5 85 16.79 2.61 10.0 25.0 11 60 20.46 3.94 15.0 35.5 80 19.43 3.35 13.0 - 26.5 12 54 21.31 3.81 15.0 - 37.0 75 21.94 3.87 13.0 32.5 13 61 -> "> 6.15 18.5 - 49.0 88 23.97 4.15 15.0 40.0 14 46 31.69 7.46 18.0 54.5 62 25.59 3.86 17.5 35.0 15 51 36.95 7.29 23.5 - 54.0 61 26.87 3.09 17.5 • 35.0 16 27 37.75 5.22 25.5 - 47.0 37 26.3 1 4.14 18.0 35.0 17 7 43.50 5.55 37.0 50.0 3 26.00 2.64 23.0 28.0 18 1 49.00 - Total 383 516 TABELA 3 Força de preensão manual direita, em função de puberdade e idade-sexo feminino. NÃO PÚBERES PÚBERES Id. N X dp ampl . var. moda N X dp ampl. var. moda 9 25 16.32 1.90 1 3.0 20.0 18.0 10 85 17.70 2.77 1 1.0 24.5 20.0 — 1 1 74 19.72 3.30 12.0 28.0 18.5 6 24.25" 2.42 21.5.27.5.21.5 12 48 21.54 3.16 15.0 30.5 22.0 27 26.1 2 " 3.09 20.9.33.0.27.5 13 30 22.80 4.05 13.0 30.5 26.0 58 27.1 1 " 3.97 17.0.42.0.26.0 14 3 26.83 5.57 20.5 31.0 20.5 59 27.53 3.70 21.0.35.0.25.0 15 1 26.00 26.0 60 28.14 3.10 21.0.36.0.26.5 16 1 25.00 25.0 36 27.86 3.95 19.0.39.0.26.5 17 - - 3 28.16 3.81 24.0.31.5.24.0 Total 267 249 " Significante a 0.05
  • 6. Pesquisas TABELA 4 Força de preensão manual esquerda, em função de puberdade e idade-sexo feminino. NÃO PÚBERES PÚBERES Id. N X d P ampl.var. moda N X dp amp.var. moda 9 25 15.68 2.26 12.0-20.0 14.0 — — — _ — 10 85 16.79 2.61 10.0-25.0 15.0 - - - - — 11 74 19.18 3.28 13.0-26.5 20.0 6 22.58" 2.63 2 0 . 0 - 2 6 . 0 20.0 12 48 20.33 3.39 13.0-28.5 20.0 27 24.81" 2.91 19.5-32.5 25.0 13 30 21.66 3.70 15.0-30.0 25.0 58 25.16" 3.89 17.0-40.0 25.0 14 3 25.66 5.29 20.0-30.5 20.0 59 25.59 3.84 17.5-35.0 24.0 15 1 21.50 - 21.0 60 26.96 3.04 17.5-35.0 28.0 16 1 22.50 - - 22.5 36 26.41 4.15 18.0-35.0 29.5 17 - - - - 3 26.00 2.64 2 3 . 0 - 2 8 . 0 23.0 Total 267 249 Significante a 0.05 TABELA 5 Força de preensão manual direita, em função de puberdade e idade-sexo masculino. NÃO PÚBERES PÚBERES Id. N dp ampl.var. moda N X dp ampl. var. moda 9 19 16.91 2.64 12.0-21.0 15.0 - - - - - 10 57 18.74 3.10 12.5-25.0 16.0 - - - - - 11 60 21.38 4.42 12.5-39.0 20.0 - - - - - 12 52 21.76 3.61 15.5-35.5 23.0 2 29.75" 3.88 2 7 . 0 - 32.5 27.0 13 44 25.49 4.05 19.0-37.0 25.0 17 35.32" 6.89 2 4 . 0 - 50.0 35.5 14 26 28.34 6.12 18.0-43.5 20.5 20 38.00" 6.39 2 1 . 0 - 53.0 39.5 15 8 31.78 6.99 2 3 . 0 - 4 1 . 0 23.0 43 41.02" 6.84 2 8 . 5 - 56.0 35.0 16 1 33.00 — — 33.0 26 39.73 5.91 2 7 . 0 --50.5 41.5 17 — — — - 7 44.21 5.95 3 4 . 5 - 53.0 34.5 18 - - - 1 59.00 59.0 Total 267 116 "Significante a 0.05
  • 7. Pesquisas TABELA 6 Força de preensão manual esquerda, em função de puberdade e idade-sexo masculino. NÃO PÚBERES PÚBERES Id. N X dp ampl.var. moda N X dp ampl.var. moda 9 19 16.25 2.93 1 1 . 0 - 2 1 . 0 16.0 — — - - - 10 57 18.14 2.81 1 0 . 5 - 2 4 . 5 17.5 - - - - 11 60 20.45 4.00 1 5 . 0 - 3 5 . 5 18.0 - - - - 12 52 21.09 3.65 1 5 . 0 - 3 7 . 0 21.0 2 27.50" 4.94 2 4 . 0 - 3 1 . 0 24.0 13 44 24.56 3.65 1 8 . 5 - 3 4 . 5 23.0 17 3 4 . 3 2 " 5.87 2 6 . 0 - 4 9 . 0 28.5 14 26 -27.28 4.90 1 8 . 0 - 3 6 . 5 26.0 20 3 7 . 4 2 " 6.25 2 6 . 0 - 5 4 . 5 32.5 15 8 29.28 5.38 2 3 . 5 - 3 7 . 5 24.5 43 3 8 . 4 7 " 6.60 2 4 . 5 - 5 4 . 0 34.0 16 1 38.50 - — 38.5 26 37.73 5.32 2 5 . 5 - 4 7 . 0 31.0 17 — _ — — — 7 43.50 5.55 3 7 . 0 - 5 0 . 0 37.0 18 - - - - - 1 49.00 - - 49.0 Total 267 116 "Significante a 0.05 BIBLIOGRAFIA BEUNEN, G. - Utilité de la determinations de la maturité osseuse lors de l'évaluation de l'aptitude physique de jeunes garçons. Sport (Belgium), 4 (64): 2 2 0 - 2 3 1 , 1973. CALDLRON, R. & ROBLES, A. - Handgrip during growth among children from rural or urban areas. Biométrie Humaine, 13: 6 9 - 7 7 , 1978. CEVRESKA, S. et alii - Dinamometric data of children in pubertal age. Godisen Zbornik na Medians Kiet Fakultes vo Skopje, 22: 21 5-222, 1976. DAL MONTE, A. et alii - Valori antropometrici, spirografici, dinamomctrici di soggctti in etá evolutiva praticanti attivita fisico-addestrativa. Med. dello Sport, 22 ( 1 1 ) : 4 5 4 - 4 7 2 , 1969. HEBBELINCK, M. - Relations entre divers tests de valeur physique: une étude progressive faite surdes garçons de 6 a 17 ans. Kinantropologie, 1 (2): 1 6 9 - 179, 1969. HEBBELINK, M. & BORMS, J. - Puberty characteristics and physical fitness of primary school children aged 6 to 12 years. In: BERENBERG, S. R. (org). Puberty, biologic and psychosocial components. Leindcn, Stenfcrt Kroeze, 1975. LAMPHIEAR, D. E. & MONTOYE, M. J. - Muscular strcnght and body size. Human Biology, 48 (1): 1 1 7 - 1 6 0 , 1976. MONTOYE, M. J. & LAMPHIEAR, D. E. - Grip and arm strength in males and females, age 10 to 69. The Research Quartely, 48 (1 ): 1 0 9 - 1 2 0 , 1977. NAKAGAWA, I et alii - Studies on the growth and development during adolescence. Bulletin of the Institute of Public Health, 7 Í 3 ) : 161 - 1 74, 195 8. SOARES, J. et alii - Desenvolvimento da foiça de preensão manual cm função da idade, sexo, peso e altura em escolares de 7 a 18 anos./?ev. Bras. Ciências do Esporte, 2 (2): 2 0 - 2 4 , 1981. ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA Raymond Victor H egg Rua Abilio Soares, 1437 04005 São Paulo - Brasil
  • 8. Difusão Cientifica CARACTERÍSTICAS D A SAÍDA EM VELOCISTAS FEMININAS WOLFGANG BAUMANN 1 INTRODUÇÃO A saída da corrida de velocidade é uma das técnicas desportivas mais investigadas, mas somente PAYNE e BLADER (1971) apresentaram alguns resultados referentes a velocistas femininas. O objetivo deste estudo é uma descrição da técnica de saída em corredoras femininas, sob o aspecto de características tempo-espaço e cinética, na ação, no bloco e também referente a dados antropométricos das corredoras. O largo espectro do nível de performance das participantes examinadas forneceu infor- mações preciosas a algumas variáveis. AMOSTRA A população examinada consistiu em 34 velocistas femininas com tempos de 100 m, estendendo-se de 11.03 até 14.00 segundos. Foram incluídas atletas de alto nível alemão, um grupo de juniores bem treinadas e estudantes femininas com al- guns treinos em corridas. As atletas do primeiro grupo foram treinadas, por longo período, pelo técnico nacional alemão, e das quais se podia esperar uma técnica mais homogênea que das outras selecionadas arbitrariamente. A classificação das partici- pantes em três grupos baseou-se nos melho- res tempos para os 20 m , obtidos nas sele- tivas realizadas. A tabela 1 informa estes grupos e suas performances correspondentes: 1 - Professor Doutor rer. nat. Institut für Biomechanik - Deutsche Sporthochschule Köln Tabela 1 : Classificação das participantes Grupo Número de Melhores tempos Melhores tempos Participantes no teste de 20m. nos lOOm (seg.) (amplitude) x (amplitude) G l 10 3 . 2 0 - 3.48 11.69 11.0*— 12.2 G 2 1 1 3.54 - 3.61 12.69 12.2 - 13.2 G 3 13 3 . 6 7 - 3.85 13.08 1 2 . 2 - 14.0 *) cronometragem elétrica: 11.03 seg., manual: 10.8 seg., recorde mun- dial 1976. MÉTODOS Cada corredora realizou, pelo menos, 5 saídas e correu 25 metros; na última tentativa a distância foi estendida a 60 m. Os tempos foram tomados por intermédio de fotocélulas de 5m, 10m, 20m, e 50. Os melhores - tempo de 20 metros - ser- viram de critério para a classificação. Foram medidas as características força-tempo de cada pé, com 3 componentes dinamométri- cas de blocos de saída, levados a u m grava- dor magnético multiregistrador. Foram me- didas as primeiras 5 passadas, referentes à sua largura, seu comprimento, assim como o ângulo do pé, pelas marcas deixadas pelos pregos (dos sapatos) numa lâmina fina de polietileno presa à pista de tartan. Tomou-se uma fotografia (parada) da posição do corpo a 0.10 seg., depois do sinal de saída. As tentativas das melhores velocistas foram filmadas (filmes de 35 m m e 50 quadros por segundo). Todos os sinais foram sincroniza- dos por u m impulso dado por uma pistola de saída eletrônica. O esquema da instalação pode ser vista na figura 1.
  • 9. Difusão Cientifica Amplificador Célula fotoelétrica Lâmina de polietileno Gravador Magnético Disparador de saída p . • ^ Relógio Registrador digital Camera fotográfica Camera de filmagem Figura 1 : Esquema da instalação de medição Foram tomados um total de 61 dados an- tropométricos de cada atleta, imediatamente depois da última tentativa. Os parâmetros do corpo foram calculados num modelo modifi- cado, segundo CLAUSER et al. (1969). Puderam ser analisadas completamente um total de 130 tentativas, distribuídas pelos três grupos. RESULTADOS Vê-se a seleção dos dados antropométri- cos na Tabela 2. Embora os valores das quan- tidades anotadas aumentem de G l para G 3 , não há diferenças significativas entre os grupos adjacentes. Vale notar a variação relativamente pequena dos valores de G 1 , resultado que é consistente com a maioria dos outros dados antropométricos. Com referência à circunferência da coxa, foram medidas abaixo da dobra glútea, e tem que ser considerado de que foram incluídas dife- rentes porções de gordura subcutânea nos resultados dos três grupos. Especialmente para (¡1 o lipocatabolismo, resultante do treinamento intenso, aumenta a eficiência muscular. Tabela 2: Dados Antropométricos Parâmetros G 1 ( n = 1 0 ) G 2 ( n i l ) G 3 ( n - 1 3 ) X S.D. X S. D. X S. D. Peso ( kg ) 54.4 2.5 56.9 6.8 61.7 8.0 Altura ( m ) 1.65 0.04 1.66 0.07 1.70 0.06 Comp. Perna ( m ) 0.85 0.03 0.86 0.05 0.88 0.04 Comp. Braço ( m ) 0.53 0.01 0.53 0.01 0.55 0.01 Circ. Coxa ( m ) 0.55 0.01 0.55 0.03 0.58 0.05 Comp. Perna = Altura do Trocánter Comp. Braço = Braço + Antebraço Circ. Coxa = Circunferência superior da Coxa
  • 10. Difusão Cientifica Os tempos tomados indicaram resultados similares para os dois primeiros grupos. O tempo de reação para ambos os pés (traseiro e dianteiro) foram iguais: 0.11 seg. para Gl e G2 e 0.12 seg. para G3. A duração total do impulso tj - essencialmente idêntico ao pé dianteiro tjp - foi significantemente diferente para os grupos adjacentes, isto é, t I ( G 1 ) = 0.39 seg., t I ( G 2 ) = 0.41 seg., t , ( G 3 ) = 0.45 seg. Os valores correspondentes para os impul- sos do pé traseiro foram: t i r ( G l ) = 0 . 2 0 seg., t Ir(G2) = 0 2 2 s e g " l Ir(G3) = ° - 2 5 s e 8 - ' r e s - pectivamente. Figura 2: Não há dúvida que a ação das velocistas de nível superior é mais curta, exige um de- senvolvimento de força mais rápido e uma média de força maior, pelo menos na direção horizontal, do que foi necessário para as atletas de classificação inferior. A geometria da posição do corpo, que é uma componente essencial na técnica de saída, pode ser descrita em termos de ângu- los do corpo, posicionamento do bloco e posição do centro de gravidade, como está indicado na figura 2. Parâmetros da Posição de saída 'S "B Tabela 3 : Características da posição de partida. Parâmetros G 1 x G 2 S. P, x S. D. G 3 x S. D. Separação dos Blocos (m) 0.26 Bloco dianteiro em rela- ção à linha saída (m) Posição do Centro de Gravidade x G G ( m ) 0.37* 0.04 0.03 0.11* 0.03 0.26 0.43 0.18' 0.04 0.04 0.03 0,2? 0.44 0.15 0.07 0.07 0.06 y c G < m ) 0.50 0.02 0.50 0.02 0.52 0,03 Perna dianteira: a j o e l h o ( ° ) 94 8 94* 14 86 10 ° quadril ( ° ) 34 5 36 7 36 8 Perna traseira: a joelho (°> 102 9 100* 14 91 13 a quadril (°> 62 5 63 9 61 8 a tronco <°) - 22 6 - 20* 8. - 16 7 Percentual do peso do corpo sobre mãos (%) 70* 16 60 13 63 13 *) isto é, valor médio significantemente diferente da x à direita.
  • 11. Difusão Científica Na tabela 3 estão alistados os parâmetros característicos que foram tomados 0.10 seg., depois do sinal de saída, isto é, imediatamen- te antes da primeira reação detectável. Todos os três grupos usaram o mesmo espaço entre os blocos. A diminuta distância, entre o bloco dianteiro e a linha de saída, resulta do deslocamento para frente do centro de gravidade, que é somente de 0.11 m atrás da linha de saída, daí uma porção maior do peso do corpo cai sobre as mãos, que resulta até 70% no Gl. Há apenas pouca diferença nos ângulos do corpo, entre G l e G2 respectivamente. Em complemento aos valores médios de Gl é útil observar alguns resultados indivi- duais. A velocista com o melhor tempo, de 100 m de 11.03 seg., apresenta valores bem diferentes para o ângulo do corpo. Perna dianteira: a j o e l h o = 82P, a q u a d r ü = 21P; perna traseira: _ a joelho S40 n = -250 ' a tronco Z D - • a quadril: Sem exceção, ela conseguiu uma maior fle- xão em todas as articulações. Estas diferen- ças extremas para a média de ação dos gru- pos explicam parcialmente a duração rela- tivamente longa da ação no bloco desta mesma atleta (tj = 0.42s). Os fatores mais importantes numa saída de velocidade efici- ente, sâo as características de força-tempo do impulso da perna. Na figura 3 é visto um exemplo da função força-tempo medida. Cal- culou-se, a partir do Impulso I x , na horizon- tal, a velocidade resultante no bloco V x o = l xf+ l xr m e a aceleração média a x = V xo t 4 - t j m = massa do corpo tj = impulso total Figura 3 : Medidas Força — Tempo P E R N A T R A S E I R A F O R Ç A V E R T I C A L F yr F O R Ç A H O R I Z O N T A L F X f P E R N A D I A N T E I R A : F O R Ç A V E R T I C A L F y f F O R Ç A H O R I Z O N T A L Fxf x o h X 2 Legenda: I = Impulso, F = Força, x = horizontal, y = vertical, r = pé traseiro, f = pé dianteiro, o = valor inicial, t = tempo, t Q = sinal do tiro, tj = reação do pé traseiro, tj = reação do pé dianteiro, t^ = largada do pe traseiro, t^ = largada do pé dianteiro.
  • 12. Difusão Científica Tabela 4: Medidas Cinéticas Parâmetros G 1 G 2 G 3 X S. D. X S. D. X S. D. Impulsos horizontais I x (NS) 156 11 150 20 156 20 !xr < N S ) 57 15 56 16 55 12 I x f (NS) 99 11 94 11 101 19 Impulsos Verticais I v (NS) 213* 25 228* 25 257 39 lyr (NS) Iyf (NS) 55 14 55 15 57 13lyr (NS) Iyf (NS) 158* 25 173* 21 200 38 Aceleração Média ã x ( m / s 2 ) 7.42* 0.63 6.54* 0.58 5.63 0.52 Velocidade no Bloco V x 0 ( m / s ) V y o ( m / s ) 2.87* 0.18 2.65* 0.20 2.54 0.18V x 0 ( m / s ) V y o ( m / s ) + 0.11 0.10 + 0.05 0.13 - 0.26 0.16 *) isto é, o valor médio significantemente diferente da média à direita. A Tabela 4 oferece algumas informações sobre os resultados numéricos. Obviamente os valores dos impulsos horizontais não são diferentes para os três grupos. A contribuição do pé dianteiro é uniforme e monta em 63 — 65% do impul- so total. Concernente à componente verti- cal, há diferenças significantes no total dos impulsos Iy e a porção do pé dianteiro Iy f. Os impulsos aumentam com a classificação decrescente da atleta. Comparados à compo- nente vertical, os grupos G2 e G3 empregam muito pouca força na direção horizontal. Diferença significante no resultado para a média da aceleração ¥ x , considerando-se a massa corporal. Conseqüentemente, a velocidade resultante no bloco V X Q mostra as diferenças correspondentes ao valor — 0.9 m/s de G l para G3. Outra apreciação interessante de alguns resultados individuais em dois tipos extre- mos de saída é: velocista de classe superior do grupo G l alcança uma aceleração de "ã = 7.55 m / s 2 e graças a uma longa duração do impulso, a velocidade horizontal V X Q é de mais de 3.2 m/s. Outra atleta (100 m = 11.30 seg.) revela uma aceleração extrema- mente longa a x = 8.9 m / s 2 , mas pelo curto tempo no bloco, alcança velocidade apenas pouco acima de V = 3.0 m/s. CONCLUSÃO Em resumo, os principais resultados deste estudo deixam concluir: Os parâmetros de tempo, descrevendo o impulso das pernas, não são importantes para uma saída eficien- te, se for dado um certo nível de qualifica- ção (100 m abaixo de 13 segundos). O espaço de bloco mais usado é de 0.26m e parece próprio para todos os níveis de clas- sificação. Uma distância pequena, entre o bloco dianteiro e a linha de saída, deve ter sido selecionada com o fim de lançar o cen- tro de gravidade para frente. Esta posição é conseguida com um ângulo do corpo, menor nas articulações dos joelhos e quadris, ou seja, para a perna dianteira: a j o e l h o < 9 0 P ' ^ q u a d r i s < 3 0 P , e p a r a a perna traseira: ^ j 0 e U l 0 < 100P, ^ q u a d r i s < 6 0 P . Entretanto, esta posição da saída exige um alto nível de força muscular e uma reação rápida, especialmente dos extensores dos quadris e joelhos. Se o efeito da força da gravidade pode ser compensada por forte ação muscular, em geral as forças horizontais relacionadas à massa do corpo também podem ser aumentadas.
  • 13. Difusão Científica B1BLI0GRAF1A CLAUSENER, C. E. et alii - Weight, volume and center of mass of segments of the human body. AMRI. Technical Report, 6 9 - 7 0 , Ohio, Wright-Patterson Air Force Base, 1969. PAINE, A. H. & BLADER, F. B. - The mechanics of the sprint start, In: VREDENBREGT, J. & WAR- TENWEILER, J. (ed). Biomechanics II, Basel, Karger, 1971. pp. 2 2 5 - 3 3 1 . Traduzido por: ALBERTO CARLOS AMADIO Köln, Novembro 1983
  • 14. Difusão Científica INTRODUÇÃO À BIOMECÂNICA DO ESPORTE CONSIDERAÇÕES SOBRE MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO A. C. AMADIO 1 RESUMO Através de análise da literatura específica, discute-se o domínio da área de atuação da Biomecânica do Esporte, a interdisciplina- ridade de Ciências Esportivas para a investi- gação do movimento e padronização concei- tuai, quanto à composição, classificação e metas na investigação. Quanto aos métodos de medidas, discutem-se os principais pro- cessos e suas características, visando a com- plexa investigação para a análise do movi- mento esportivo. GENERALIDADES Biomecânica é uma disciplina, entre as ciências naturais, que se ocupa com análises físicas de sistemas biológicos, conseqüente- mente análises físicas dos movimentos do corpo humano. Estes movimentos são estu- dados através de leis e padrões mecânicos, em função das características específicas do Sistema Biológico. Métodos e princípios biomecánicos deter- minam a objetividade da técnica dos movi- mentos, suas causas e necessidades de inter- pretações. Na direção de movimentos espor- tivos, por exemplo, o comportamento de sobrecargas articulares, suas causa e compre- ensão ou a efetividade dos processos moto- res de aprendizagem são áreas de estreita ligação com funções mecânicas para o diagnóstico esportivo. A Biomecânica do Esporte pesquisa, por- tanto, o corpo humano e o movimento es- portivo, baseado nas leis e métodos mecâ- nicos, com a inclusão de conhecimentos anatômicos e fisiológicos (BAUM ANN, 1 9 8 0 ( 3 ) ) . Através da Figura 1, podemos analisar a interdependência de áreas do conhecimen- to da Biomecânica com as demais ciências que pertencem ao seu campo dc estudos. Figura 1: Composição das áreas de Biomecánica do Esporte B I O F Í S I C A Geral IB I O M E C Â N I C A IIFísica Mecânica Especial Anatomia Funcional Biologia Fisiologia 2B I O M E C Â N I C A D O E S P O R T E 1 - Professor Assistente de A tletismo do Departamento Técnico Desportivo da Escola de Educação Física da Universida- de de São Paulo
  • 15. Difusão Científica Considerando o movimento como o ponto central dos estudos em Educação Física e Esportes, analisamos suas causas e efeito produzidos em relação à Biomecâni- ca e demais áreas de estudos, que compõem esta multidisciplinar interdependência, no esclarecimento e exploração do movimento esportivo. MIYASHITA, 1976 (9), considera que através do movimento converte-se a energia química acumulada e produzida pelo sistema biológico humano em energia mecânica. O total de energia química acumulada no corpo é expressa como potencial físico; por outro lado, a energia mecânica é expressa como rendimento físico. Fisiologia do Exercício e Biomecânica estudam a interação e dependência entre mo- vimento com potencial físico e rendimento físico, respectivamente. Desta forma, para a investigação da movimentação esportiva, deve-se procurar uma melhor interação entre Biomecânica e Fisiologia do Exercício, de forma a esclarecer aspectos interdisci- plinares destas ciências fundamentais, para a análise do movimento. Na Figura 2 mostramos, de forma es- quemática, este relacionamento de ciên- Podemos, em acordo com HOCHMUTH, 1981 (7), HAY, 1978 (6), BÀUMLER, SCHNEIDER, 1981 (4), MARHOLD, 1976 (8) e DONSKOI, 1975 (5), classificar de forma esquemática a Biomecânica em: Biomecânica Interna e Biomecânica Externa, sabendo-se que esta divisão se dá, segundo as determinações quantitativas e qualitativas das forças que agem sobre o corpo e da inte- ração do corpo com o meio ambiente, onde o movimento transcorre. Conseqüentemente, através das forças internas (forças musculares, forças articula- res, etc.) e das forças externas (força da gra- vidade, força reação do solo, e t c ) , procura- se a interpretação dos parâmetros cinemáti- cos e dinâmicos que compõem as bases da análise do movimento. A medição destes pa- râmetros pode dar-se por processos mecâ- nico, eletrônico e/ou ótico, através de tecnologia e instrumentação corresponden- tes, como também objetiva a sistematiza- ção do rendimento esportivo. Segundo DONSKOI, 1975 (5), o pro- pósito da Biomecância de análise do mo- vimento deve ser interpretado na descri- ção da técnica mais eficiente, considerando- se as leis mecânicas do movimento bem como as propriedades do aparelho locomo- tor.cias e causas de movimento esportivo. Figura 2: Interpretação de interdependências e causas do movimento esportivo (seg. Miyashita, 1980) Energia Q U Í M I C A M O V I M E N T O IV V Potencial físico T R E I N A M E N T O Rendimento físicoPotencial físico E S P O R T I V O Rendimento físico / F I S I O L O G I A D O E X E R C Í C I O B I O M E C Â N I C A DO E S P O R T E
  • 16. Difusão Científica BARHAM, 1982 (2), define as diferenças conceituais e campos de ação, tanto para en- sino como investigação, entre Biomecânica e Cinesiologia Mecânica. Não trataremos no presente trabalho da problemática termino- lógica conceituai, apenas apresentamos a di- visão de áreas no domínio de conhecimentos da Cinesiologia, segundo BARHAM. No pre- sente caso, o termo Cinesiologia é usado como sinônimo de Biomecânica. Ainda, segundo o autor, a Cinesiologia divide-se em: a) Cinesiologia Mecânica — investiga- ções das funções espaço-tempo, bem como causas de mudança de movimento - força*, b) Cinesiologia Fisiológica - investigações das variáveis biológicas e bioquímicas do movimento humano; c) Cinesiologia Psico- lógica — investigações das variáveis do comportamento e mecanismo neurológico do movimento humano. MÉTODOS DE MEDIDAS Devemos observar inicialmente que da metodologia científica em Ciências Naturais, os procedimentos, que estabelecem a seqüên- cia lógica num projeto de investigação em Biomecânica do Esporte, podem resumida- mente ser assim enunciados: a) observação e experimentação do fenômeno estudado, b) abstração e indução sobre os resultados obtidos, c) aplicação de leis e teorias físi- cas, d) estudo no domínio de validade e relevância prática dos resultados. As pesquisas em Biomecânica do Esporte ainda são carentes de estandartizações me- todológicas, bem como são incompletos os modelos utilizados para a formação de teorias com explicação causal do movimen- to esportivo. Desta forma fica restrita a possibilidade de comparações entre resulta- dos de diversos autores e ainda corremos riscos de aplicação de modelos mecánico- matemáticos não adaptados às caracterís- ticas do esporte em estudo. Entretanto, o acelerado desenvolvimento da tecnologia eletrônica, que observamos em nossos dias, oferece sempre novas possi- bilidades e procedimentos na elaboração e operação dos dados, instruções estas que se tornam cada vez mais utilizadas na Bio- mecânica para a análise do movimento es- portivo. Os inúmeros métodos de medidas em Biomecânica podem ser classificados de acordo com as metas de investigação, cuja composição é apresentada, segundo BALLREICH, BAUMANN, 1983 (1), na figura 3. Figura 3: Composição das metas de investigação do diagnóstico do rendimento em biomecânica (seg. Ballreich, Baumann, 1983) M E T A S D A I N V E S T I G A Ç Ã O B I O M E C Â N I C A Biomecânica do Rendimento Descrição da Técnica do Movimento Biomecânica Antropométrica Biomecânica Preventiva IOrientação da Condição F ísica Prognose do Rendimento 1 1 r r i r r Análise da Otimização Análise da Diagnose da Análise de Técnica da Técnica Condição Aptidão Sobrecargas Determina- ção da Sobrecarga
  • 17. Difusão Científica WINTER, 1979 (10), discute os seguin- tes aspectos como os mais importantes, quanto às exigências nos processos de me- dição: a) autonomia de reação da mensura- ção — o processo de medição não deve in- fluenciar o comportamento do objetivo a ser medido, ou seja, não deve causar alte- rações no decurso do movimento, b) pre- cisão de medidas - considerada p *n função do tipo de medida e cada colocação de pro- blema. O controle é dado pela limitação permitida ao erro do processo, discutindo- se desta forma a validade da medida. Os processos de medição em Biomecâ- nica podem ser divididos, segundo os prin- cípios da medição, em: a) processos de medição ótica, b) processos de medição mecânica, c) processos de medição eletrô- nica. Esquematizamos a partir dos dados de BAUMANN, 1980 (3), na figura 4, esses processos. Figura 4: Classificação dos processos de medidas em Biomecânica (seg. Baumann, 1980) I uso de reprodu- ções óticas, re- presenta o mo- delo do Objeto. Grandezas estudadas são as Cinemáticas e suas funções, através de es- paço, tempo, ângulo. Aná- lises bi e tridimensionais. Cinematografia, Crono- fotograf ia, Videogra- fia. P R O C E S S O S D A M E D I Ç Ã O Ó T I C A 1 IM E C Â N I C A transformações mecânicas nas grandezas me- didas. Grandezas Cinemáticas Grandezas Dinâmicas Medidas longitudinais, ân- gulos, volume-densidade, tempo, massa, centro de gravidade, momento de inércia da massa, força. Medições diretas e de- duções de valores indiretos. E L E T R Ô N I C A I transformações de grandezas de medidas me- cânicas em elétri- cas. Medições de ângulos, tempo, velocidade, ace- leração, centro de gra- vidade, força e funções derivadas. Apresenta grau de efeito retroa- tivo.
  • 18. Difusão Científica Devemos ainda considerar que para a análise do movimento esportivo em in- vestigação biomecânica faz-se necessária a aplicação simultânea de diversos méto- dos de medidas. A este procedimento HOCHMUTH, 1981 (7), chamou de "Com- plexa Investigação". Por exemplo, a com- binação do registro em filme e registro da força — reação do solo são dois procedi- mentos muito comumente sincronizados em investigações esportivas. Desta forma, os resultados apresentam mais informações, possibilidades de contro- le e interpretações do decurso do movimen- to. Evidentemente a sincronização entre vários procedimentos numa "Complexa Investigação" implica soluções de impulsos, marcas e registros de sinais sincronizadores dos vários procedimentos. Em análise complexa do movimento, os procedimentos mais comumente combina- dos são: a) Cinemáticos — espaço, tempo e indicadores derivados; b) Dinamométricos — forças de reação periférica; c) Eletromio- gráfícos — coordenação de potencial de ação muscular; d) Somatométricos — centro de gravidade, momentos de inércia de segmen- tos corporais. BIBLIOGRAFIA BALLREICH, R. & BAUMANN, W. - Biomechanische leistungsdiagnostik, Berum, Bartels & Wernitz, 1983. BARHAM, J. N, - Mechanische kinesiologie. Stuttgart, Georg Thieme Verlag, 1982. BAUMANN, W. - Biomechanik - Messmethoden, manuskript. Institut fur Biomechanik. Köln, DSHS, 1980. BAUMLER, G. & SCHNEIDER, K. - Sportmechanik. BLV. München. Verlagsgesellschaft, 1981. DONSKOI, D. D. - Grundlagen der biomechanik. Berlin, Sportverlag, 1975. HAY, J. G. - Biomechanics of sports techniques. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1978. HOCHMUTH, G. - Biomechanick sportlicher bewegungen. Berlin, Sportverlag, 1981. MARHOLD, G. - Einführung in die biomechanischen intersuchungsmethoden. Leipzig, Deutsche Hochschule für Körperkultur, 1976. MIYASH1TA, M. - Biomechanics of sports from the viewpoint of methodological advances. In: KOMI, P. V. (ed). Biomechanics VB, Baltimore, 1976. pp. 1 5 1 - 1 5 7 . WINTER, D. - Biomechanics of human movement. New York, Wiley, 1979.
  • 19. Difusão Cientifica DEZ MANDAMENTOS PARA PRESERVAR A SAÚDE PELA ATIVIDADE FÍSICA ANTONIO BOAVENTURA DA SILVA 1 RESUMO O autor pretende alertar, orientar e enco- rajar o indivíduo de qualquer idade a se tor- nar fisicamente mais ativo, compreendendo a prática da atividade física como um hábito indispensável para uma vida mais sadia. SUMMARY The author intend to give an alert and to encourage the individual at any age, to become more physically active and to accept its practice as an important habits associated with a healthy leaving. 1 - Professor Emérito da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo 19) - INCLUA A ATIVIDADE FÍSICA EM SEUS HÁBITOS Inclua a atividade física no programa de atividades normais da vida, em qualquer idade, praticando-a regularmente três vezes por semana (no mínimo), com intensidade, medida em freqüência cardíaca (aproxima- damente 130 batimentos por minuto) e duração (30 a 60') suficientes e adequadas à idade, à condição física e ao estado de saúde, segundo criterioso exame médico. 29) - PRA TIQ UE A TIVIDADE FÍSICA COM RITMO ADEQUADO, AQUE- CENDO-SE PRE VIAMENTE Aqueça-se convenientemente ( 1 0 a 15'), no início de toda prática, caminhando repetidamente pequenas distâncias (inicial- mente 10 a 30 m ou até 50 m) em ritmo pouco além do habitual (80 a 100 ou até 120 passos por minuto) e intercalando, igualmente em pequenas distâncias, corrida em ritmo moderado (120 a 140 ou até 160 passos por minuto) e saltitamentos (60 a 80 por minuto). 39) - INTERCALE EXERCÍCIOS DE DES- CONTRAÇÃO MUSCULAR E DE MOBILIDADE AR TICULAR DURAN- TE O AQ UE CIMENTO Intercale os exercícios de aquecimento com paradas breves, para descontração, alongamento e encurtamento musculares e para melhorar a flexibilidade das articula- ções, através de posições e movimentos simples de flexão, extensão, rotação e circun dação. 49) - A TENTE PARA A MUSCULAÇÃO Faça trabalhar suficientemente(10a 15'), em todas as práticas, os grandes grupos mus- culares dos membros, do tronco e, particular- mente, do abdome e do dorso, de maneira ampla, profunda e total, através dos movi- mentos, fundamentais de flexão, extensão, rotação, adução (aproximação) e abdução (afastamento), no sentido de alcançar alongamento, encurtamento, tonicidade, força e resistência musculares. 59) CORRIJA SEMPRE A SUA POSTURA Execute cada um dos referidos movimen- tos, através de um ou dois exercícios corres- pondentes, com a possível naturalidade e continuidade, respeitando a participação total e equilibrada das diversas partes do corpo (correção da postura corporal) e com ritmo e repetição (inicialmente 4 a 8 e depois até 12 ou mais vezes) adequadas à capacidade e grau de treinamento físico, seja com ou sem a ajuda de companheiro ou de qualquer material comumente disponível para apoio, suspensão ou resistência (cadeira, mesa, banco, muro, parede, bastão, barra, corda, escada, haste, elástico, tapete, e t c ) .
  • 20. Difusão Científica 69)-ACREDITE NOS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA PARA O OR- GANISMO, SUAS FUNÇÕES E SEU METABOLISMO Acredite que a atividade física não deve ser dirigida exclusivamente para o treina- mento muscular e articular, ainda que cri- teriosamente orientada para o desenvolvi- mento adequado (jamais exagerado) das qualidades físicas, mas também, e, princi- palmente, dirigida ao sistema orgânico, cardiovascular e respiratório (resistência), contribuindo para bombear mais sangue, criar a necessidade de mais ar e facilitar as trocas metabólicas e a maior oxigena- ção do sangue e dos tecidos, como verda- deiro sopro de vida. 79) - ESTIMULE AS FUNÇÕES ORGÂNI- CAS PELA A TI VIDA DE FÍSICA Estimule sistemática e suficientemente as funções circulatória e respiratória de forma adequada, regular, moderada e progressiva, com intensidade e duração compatíveis com a idade, o estado de saúde e a condição físi- ca, no sentido de melhorar a resistência cardiorespiratória, através de atividades aeróbicas (atendidas com equilíbrio de oxi- gênio), especialmente da marcha e da corri- da em ritmo moderado (combinadas a cri- tério próprio), bem como de atividades recreativas, esportivas e de lazer, individuais ou coletivas escolhidas, segundo a predile- ção, o interesse, a necessidade, a capacida- de e a habilidade próprias (natação, ciclismo, dança popular, patinação, volibol, e t c ) . 89) AJUSTE A ATIVIDADE FÍSICA A SUA CAPACIDADE E AUMENTE- A PROGRESSIVAMENTE NÃO IGNORE SUAS DEFICIÊNCIAS Inicie a prática das atividades aeróbicas (principalmente da marcha e da corrida), com a devida moderação e cautela, aliadas à indispensável adaptação e progressão gra- dual do trabalho físico de duração mais prolongada, que precisa estar sempre de acordo com a condição e o grau de treina- mento físicos, nunca exigindo além da própria capacidade física e orgânica (evitar sentir-se ofegante), procurando alcançar confortavelmente um estado de transpira- ção natural. Respeite suas limitações e deficiências físicas e orgânicas atuais, ainda que já tenha sido atleta (a condição física não é armazenável), de modo a localizá-las e cuidá-las com a ajuda do médico e do professor de educação física, se não para corrigi-las, pelo menos para compensá-las, evitando seu agravamento, através da prá- tica regular do exercício em favor da melhor funcionalidade do corpo, sob o comando da mente, prevenindo contra tensões mus- culares e nervosas, como também dores articulares generalizadas (pés, joelhos, qua- dris, coluna, e t c ) . 99) - TENHA PRECAUÇÕES Pratique atividades físicas com vestimen- ta adequada (inclusive em face da tempera- rua), folgada e arejada (de preferência não impermeável) e calçados leves e flexíveis; evite correr em temperaturas muito quen- tes, muito frias ou muito úmidas e em solo muito rijo, preferindo os terrenos gramados ou arenosos; beba água suficiente: um pouco a mais nunca faz mal, nem engorda; evite refrigerantes; coma com moderação, antes ou depois da prática, evitando-a com es- tômago vazio ou pleno. Ao jogar, busque o prazer da convivên- cia e os momentos de distração, antes de exibir sua pretensa habilidade física, colo- cando-se, ao contrário, a serviço dos menos capazes e beneficie-se assim do real prazer dessa ajuda e de sentir-se útil; evite discutir qualquer jogada duvidosa, para não perder o tempo efetivo de jogo e prejudicar sua própria higiene mental. 109)- COMPROMETA-SE CONSIGO PRÓ- PRIO EM GARANTIR, PELA ATI- VIDADE FÍSICA, BOA QUALIDADE DE VIDA Assuma compromisso com um grupo ou consigo próprio, sob a responsabilidade de um professor, e participe dos benefícios
  • 21. Difusão Cientifica físicos, mental e afetivo da atividade física adequada, suficiente e regular que todos precisamos para preservação da saúde, retardamento do processo generativo pro- veniente da idade e garantia de qualidade de vida. Autor: ANTONIO BOA VENTURA DA SIL VA Endereço: Rua Tordesilhas, 330 05077 - São Paulo - SP DIRETRIZES PARA PUBLICAÇÃO DE PESQUISA CIENTIFICA IRANY NOVAH MORAES 1 RESUMO SUMMARY 0 autor apresenta de maneira sintética os elementos que se deve ter em mente para a elaboração de um trabalho científico. Destaca basicamente duas etapas: Planeja- mento e Execução, esta com três fases: a bibliográfica, a elaborativa e a redacional, analisando cada uma delas. The author presents a synthetical form of the elements which we need to have in mind to elaborate a scientific work and he empha- sizes two parts: the planning and the execution, the last one with three fases - the bibliografic, the elaborative and the redacional, analysing each of them. / - Professor Titular de Metodização da Pesquisa Científica do Departamento de Organização e A plicação Desportiva da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo A publicação de trabalhos científicos de Educação Física deve obedecer às normas gerais adotadas para os trabalhos dos outros campos da ciência. Tais normas são as que norteiam publicações de periódicos, livros e folhetos. Elas são ditadas por órgãos pú- blicos nacionais e internacionais, que pro- curam estabelecer diretrizes. As sociedades de entidades de classe muito contribuem nesse campo. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) trata da matéria no que diz respeito aos seus aspectos formais. A ABNT ressalta, em suas publicações, como vantagens da referida normalização: 1 - aumentar a produção; 2 — evitar des- perdício; 3 — melhorar a quantidade; 4 — unificar a linguagem técnica; 5 — facilitar as comparações. Realmente, a padronização de procedi- mentos em certos campos propicia resul- tados úteis, principalmente para os jovens que neles se iniciam. Particularmente a pes- quisa científica encontra, nessa conduta, excelente resultado. Todas as vantagens que enumeramos acima podem ser utiliza- das, quando o iniciante se preocupa com sua racionalização. Vou dividir a pesquisa científica, exclu- sivamente com fins didáticos de ensinar os jovens, como ela se desenvolve em etapas: A - planificação e B — execução, e esta, por sua vez, em três fases: 1 — Bibliográ- fica; 2 — Elaborativa e 3 - Redacional. O planejamento da pesquisa implica, fundamentalmente, a normalização do pro- cedimento, onde a preocupação em padro- nizar pode ser minuciosa e n£la tratar de todas as fases de sua elaboração. O plano de pesquisa deve conter: o assunto indica- do pelo título provisório, o objetivo do trabalho, o método e o cronograma. Desde que devidamente planejada, o autor poderá estabelecer parâmetros para cada etapa. Evidentemente, uma "prova piloto", feita no decorrer da planificação, dará ao autor a possibilidade de imaginar e rela- cionar os eventos e prever possíveis alter-
  • 22. Difusão Científica nativas que deverão ocorrer ao longo do trabalho. Tal fato permitirá a padronização de maneira racional, com seqüência ló- gica, com grande parte das respostas imagi- náveis que deverão ser sempre mutuamen- te exclusivas e completas. Deverá o autor ser analítico e minucioso ao ordenai a seqüência de ocorrências prováveis e, no final, estabelecer condições em que sejam grupados os casos menos freqüentes. Em sua ficha modelo de anotações de cada observação, estes serão reunidos debaixo de termos que englobem os fatos, por menores ou desprezíveis que lhe sejam. As linhas mestras da padronização deve- rão ser estabelecidas na planificação da pesquisa, porém, no decorrer de toda a atividade haverá, ainda, a possibilidade de alterações que visem ao aprimoramento. Planejada, resulta um documento, o chamado Protocolo da Pesquisa. Este é o roteiro que norteia a segunda etapa: Exe- cução da pesquisa. Execução da pesquisa — Esta etapa será tanto mais fluente quanto melhor tenha sido o planejamento. Também para fins didáticos a dividirei em três fases: Bibliográ- fica, Elaborativa e Redacional. Fase Bibliográfica - Vai desde a pesqui- sa bibliográfica — envolvendo levantamen- to, identificação, seleção, localização e obtenção dos artigos da literatura - até a leitura e resumos de cada artigo para seu aproveitamento no trabalho. A normalização dos procedimentos, nesta fase, deve ser feita pela introdução da siste- mática de se fazer o resumo dos artigos da literatura, elaborando uma "ficha padrão". Esta, a meu ver, deve ser feita preferivel- mente em folha de papel sulfite que deve ser dividida por dois traços horizontais: um, nos dez centímetros iniciais, e o outro, no final da folha. Dividindo-se dessa ma- neira, o documento terá, no final, três partes: cabeçalho, corpo e rodapé. No cabeçalho deverá constar apenas a indicação bibliográfica conforme estabelece a Associação Brasileira de Normas Técnicas pela P N B - 6 6 . As dúvidas, relativas a situa- ções não tratadas por essa norma, poderão ser esclarecidas no trabalho POLAK e OLIVEIRA. Deve ser lembrada a importân- cia de se tomarem os elementos do cabe- çalho sempre do artigo e nunca de documen- tos secundários. No caso de citações indiretas, deverá apa- recer o sobrenome do autor citado, em maiúsculas, seguido de vírgula, e as inciais do prenome e, a seguir, a expressão in, vindo então a referência exata do artigo onde foi encontrada a citação. Aconselho colocar, entre duplos parên- teses, a menção da origem daquele artigo ou quem dispõe da revista ou mesmo da cópia xerográfica. Esse cuidado facilitará, no caso de dúvida, a verificação pelo retor- no à fonte. No corpo da ficha do resumo do artigo devem ser anotados, de maneira sucinta e sintética, as idéias e as mensagens que seu autor transmitiu. Deverá haver transcrição exata dos dados numéricos, nunca arredon- dando ou omitindo os quebrados. Não deverá haver, por parte de quem resume, interpretação ou comentário nas transcri- ções. Os itens tratados n o arigo que está sendo resumido deverão ser colocados na mesma seqüência planejada para a espla- nação do trabalho. Esse procedimento, muitas vezes, obriga a uma inversão da ordem da apresentação original encontra- da no artigo. Tal fato em nada pode preju- dicar a idéia do autor citado mas muito facilitará o pesquisador, no momento de confrontar as idéias. No rodapé de sua ficha, deverá redigir o texto de como vai figurar na publicação definitiva. A tática dessa redação é escrever preferivelmente em outra cor, iniciando o parágrafo com o sobrenome do autor em pauta, em letras maiúsculas. A seguir, o ano da publicação, entre parênteses, e, depois, as idéias e informações concisas sobre o assunto em foco apresentadas em frases curtas, nas ordem direta e com o verbo no presente, na terceira pessoa do singular, quando o autor é único ou, do plural, quando são dois ou mais. Adotada a referida tática para padroni- zar a bibliografia, vê-se que o levantamento dos itens estudados em qualquer artigo torna-se fácil e sem o perigo de omissão, o que obrigaria o retorno à citação. Dessa maneira, aumenta a produtividade e a
  • 23. Difusão Científica precisão do pesquisador. Esse procedimen- to evita desperdício, pois serão aproveita- dos exclusivamente os itens de interesse na pesquisa em questão, não sendo incluídas outras idéias e dados, não pertinentes ao assunto, e que dificultariam o entendimento e dispersariam a atenção do leitor. A objetividade e a sistematiução da forma de apresentar darão, portanto, um resumo mais exato e de melhor qualidade. A normalização do artigo inclui unifor- mizar a linguagem técnica, o que permite melhor compreensão. Finalmente, a disposição das idéias e dos assuntos, dessa forma, possibilitará uma compreensão fácil e objetiva, tanto dos dados coletados dos vários autores da literatura quanto daqueles do trabalho apresentado. Fase elaborativa — Nessa fase, o autor deverá fazer observações ou Experimentos. Essa é a fase da sua contribuição, onde poderá criar, raciocinar e descobrir. Eviden- temente, sua capacidade de discernir pro- porcionará maior ou menor oportunidade de usufruir as vantagens referidas. Aconselho que explore então, no máxi- mo, a prova piloto, monte a "ficha modelo", onde os eventos possam ser previstos com as alternativas respectivas. Tal procedimento será válido tanto para a "observação" como para a "experimenta- ção", pois os modelos poderão ser projeta- dos. A amostragem dará a idéia das alterna- tivas dos acontecimentos a serem verificados. Terá o pesquisador a autocrítica suficiente para colocar, na ficha modelo, local para registrar o inesperado, de maneira a englo- bar todas as alternativas possíveis que vierem a ocorrer. É fundamental que elas sejam tomadas mutuamente exclusivas. Assim, uma coluna, indicando "outras", deve existir para a anotação do imprevisto. Esse procedimento permitirá a descrição de maneira uniforme, precisa e completa de todas as observações e experiências. Na mesma ficha modelo deverá ser indi- cada a incidência das alternativas que ocor- reram em freqüência absoluta e percentual. A construção de quadros, tabelas ou de gráficos facilita a análise e a compreensão dos dados. Na fase elaborativa propriamente dita do trabalho, quando o investigador "obser- va" ou "interroga" a natureza ou os fenô- menos, sua atitude científica perante o fato o levará a proceder de maneira sistemática. O seu modo de observar e de experimentar garantirá o resultado que permitirá tirar da padronização de procedimento muitas van- tagens. A maneira padronizada de registrar dará ao pesquisador a possibilidade de en- contrar, pela repetitividade do fenômeno, a lei que o rege. Vejamos, nessa fase, como poderá o in- vestigador estabelecer normas, quando ele quiser fazer uma série de observações sobre determinado assunto. De início, construirá teoricamente uma observação modelo, onde todos os eventos são anotados, obedecendo à seqüência lógica dos fatos ou, simplesmen- te, sua cronologia. Sobre cada evento, pode- rá imaginar as alternativas de acontecimento, incluindo a duplicidade, a ausência e, tam- bém, a não observação por esquecimento ou por qualquer outra causa. A simbologia oficial está estabelecida nas Normas Técnicas para apresentação da Estatística Brasileira. O mesmo é válido para a experimentação onde a "prova piloto" ou a "experiência piloto" dará visão panorâmica de metodo- logia adotada na pesquisa. A sistemtização da fase elaborativa é global. Só depois de feita a prova piloto, estará o pesquisador em condições de estabelecer o padrão a ser seguido e comple- tar a feitura da "ficha modelo". A ficha modelo, sempre que possível, de- verá ser única e ser aproveitada o mais possí- vel. Nela se omitirá o que não foi observado ou deliberadamente abandonado, porém ela deve ser usada. Nessa fase, deverá elaborar os gráficos e os quadros, de maneira a poder concretizar suas observações e interpretar seus dados. Na fase elaborativa, ainda o pesquisador deverá reunir os elementos para delinear os pensamentos decorrentes do trabalho, aferidos pela Estatística e confrontando seus resultados com os da Literatura. Ele deverá fazer reflexões sobre as idéias e as teorias a respeito. Fase Redacional — Esta é a fase final da pesquisa. Graças à racionalização do
  • 24. Difusão Científica trabalho, ela aparece realmente facilitada. É o que acontece com a Literatura, quando foi obedecida a normalização que preconi- zamos. Basta o autor copiar em ordem cronológica o que foi escrito no rodapé da folha de resumo dos artigos que sur- girá, naturalmente, o Capítulo Bibliografia, de maneira a integrar, sem maiores altera- ções, o trabalho definitivo. O capítulo seguinte a ser apresentado no trabalho é o Método. Esteja deve estar pron- to, pois. na fase de planificação foi a opor- tunidade mais propícia para sua elaboração e conseqüentente redação. O capítulo Resultados deve ser escri- to, tomando como base os quadros, as tabe- las e os gráficos montados com os dados obtidos nas observações ou experimentação. A ficha modelo, preenchida com os resul- tados quantitativos e percentuais de cada grupo, proporcionará, também, as condições de redação desse capítulo de maneira fácil. Eventualmente caberá tratamento estatís- tico, elaborado para aferência e estabeleci- mento de correlações, associações e avalia- ções dos resultados. Nessa altura, muitos dos dados poderão ser transformados de quanti- tativos em qualitativos, para sintetizar os resultados. Os estudos analíticos perderão seu valor, ainda que sejam minuciosos e precisos, se não forem sintetizados para poderem ser generalizados. Completada a fase redacional, deverá o autor submeter seu trabalho a alguém que conheça o vernáculo para correções. As frases deverão ser analisadas quanto à sin- taxe e corrigidos os erros. Publicação do trabalho - A escolha do local para publicar é problema que o autor deve cuidar com atenção, para que seu tra- balho atinja a meta a que se propõe. Os periódicos especializados têm leitores de- finidos. Pela escolha da revista se prevê o público que vai atingir. A Educação Física é ciência aplicada e tem duas linhas fundamentais de trabalhos: os básicos e os de aplicação. Ambos pro- fundamente vinculados à área da Saúde. Para finalizar, é mister lembrar que o objetivo maior do trabalho científico é a generalização. O pesquisador sai do univer- so que ele estuda através da amostra, que deve ser boa e representativa, e volta a ele pela generalização apresentada em suas conclusões. BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DL NORMAS TLCNJCAS - Normalização da documentação no Brasil. 2a. ed. Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação, 1964, 124p. MORALS, I. N. - Elaboração da Pesquisa Científica. São Paulo, Álamo, 2a. ed., 1985, 247p.
  • 25. Artigos Didáticos APTIDÃO FÍSICA: CONCEITOS E AVALIAÇÃO VALDIR BARBANTI 1 RESUMO O objetivo deste trabalho foi conceituar a Aptidão Física, emitindo os pareceres de autoridades internacionais. Modernos concei- tos diferenciam a Aptidão Física em duas correntes: uma relacionada à Saúde e outra relacionada às capacidades atléticas. É feita uma descrição dos testes de Apti- dão Física relacionada à Saúde, e são dados exemplos das principais baterias de testes existentes. SUMMARY The work represent a synthesis of the Physical Fitness Test Batteries of internatio- nal litrerature. The main point is the des- cription of the Health Related Physical Fitness Test as opposed to Physical Fitness Related to Athletic Ability. It is pointed out the necessity of cons- tructing norms for Brazilian populations. 1 - Professor Assistente Doutor da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo. De acordo com a História, o homem sempre foi um organismo ativo. O homem primitivo sobreviveu graças a seus esforços físicos. Não há indícios (nem lógica) de que o homem pré-histórico fazia alguma forma sistemática de exercício físico ou treino. A atividade física era sua vida, e, sem a mesma a sobrevivência era uma possibilidade muito remota. Organicamente, as exigências para a ativi- dade física desenvolver e manter as funções humanas não mudaram, mas as necessidades e condições sim. O homem moderno, na sua maioria, sobrevive através do uso de sua mente e habilidades. Suas atividades pouco contribuem para sua força: fisicamente ou emocionalmente. Devido à industrialização e automatiza- ção, as exigências das atividades físicas foram grandemente reduzidas. Esta redução das atividades motoras tem causado as cha- madas "doenças hipocinéticas", e tem contribuído para a diminuição do grau de aptidão física nas populações do mundo industrial. As tensões e os estresses da vida moderna não contribuem positivamente para o desenvolvimento corporal como o trabalho físico fazia para o homem primi- tivo. O resultado final para a raça humana atual é uma regressão física. O aumento das doenças cardiovasculares como causas de mortes na sociedade moderna é a prova do efeito de deteriorização do nosso estilo de vida. Para Larson (22), um dos maiores estu- diosos em aptidão física, o homem controla seu destino com relação à saúde. Segundo ele, o nível de aptidão física é uma escolha pessoal desde que já existam conhecimentos suficientes sobre doenças, nutrição, dieta, exercício, relaxamento, álcool, fumo,drogas, lazer, e t c , que podem conduzir a altos níveis de saúde ou à destruição do organismo. HISTÓRICO O ponto de partida para o movimento de aptidão física surgiu nos Estados Unidos em 1954, pelo trabalho de Kraus e Hirschland (20), no qual os resultados do teste de apti- dão de Kraus e Weber dos jovens americanos e europeus foram comparados. Kraus e Hirs- chland sugeriram que o baixo nível de apti- dão muscular dos jovens americanos poderia ser explicado pelo alto grau de mecanização que existia na sociedade americana e a con- seqüente falta de atividade física na vida diária da juventude. Este estudo despertou uma preocupação nacional a respeito da aptidão física. Em 1957, uma betria de testes e tabelas de aptidão física desenvolvida pela AAHPER (American Association for Health Physical Education and Recreation) avaliava alguns
  • 26. Artigos Didáticos componentes da aptidão motora como a velocidade, potência, agilidade, resistência cardiorespiratória e resistência de força mus- cular em jovens americanos de 1 0 a 17 anos de idade. A partir de então, a aptidão física tornou-se objetivo principal da Educação Física americana. Partindo deste desenvol- vimento nos Estados Unidos, o conceito Aptidão Física teve um significado mundial e tomou uma posição de valor central na Educação Física e Esportes. Muitos países (2, 3, 7, 15, 24, 26) segui- ram o exemplo americano e estabeleceram baterias de testes e tabelas para suas popula- ções (Tabela 1), enquanto vários pesquisa- dores efetuaram estudos comparativos de aptidão física entre várias populações. Provavelmente a maior autoridade na área de pesquisa em aptidão física foi Fleishman. Em 1964, Fleishman (13) apli- cou uma análise fatorial em um grande nú- mero de variáveis motoras e isolou uma ba- teria de testes, chamada Teste de Aptidão Básica e, após ministrá-la a mais de 20 mil jovens, estabeleceu tabelas. Desde 1977, um Comitê de Especialistas em Pesquisa nos Es- portes reconheceu a necessidade de estabe- lecer dados normativos (tabelas) para as crianças européias. Sob o comando do Con- selho da Europa, o Comitê reuniu-se em quatro ocasiões: 1978, 1980, 1981 e 1982 e aprovou uma bateria experimental de testes de aptidão física, chamada Eurofit (Tabela 1). Importantes simpósios foram realizados, onde várias autoridades internacionais, de diferentes áreas da ciência esportiva, tenta- vam dar respostas substanciais às questões dessa temática. Pelas poucas tendências educacionais satisfatórias atuais e pela gran- de importância que este momento, em re- lação à Aptidão Física, ganha no Brasil, acrescido ao interesse crescente para a co- mercialização da idéia, que é fortalecido nos meios de comunicação de massa por contribuições pseudocientíficas, torna-se vital o esclarecimento de seus conceitos e significados. A palavra inglesa "fitness" significa sim- plesmente "aptidão", "conveniência", "dis- posição", que não exprime necessariamente a aptidão para um desempenho ativo, pois pode ser também aplicado a processos passivos como, por exemplo, ser apto para suportar a dor, a fome, o calor, o frio, etc. Hebbelinck, citado por Vogelaere (29), descreve o termo Aptidão Total como uma integração das aptidões físicas, emocional, social e intelectual (Figura 1). A aptidão, num sentido global, caracte- riza-se, portanto, por uma ótima disposição sob o ponto de vista intelectual, social, emo- cional e físico, e onde aparece, sobretudo, a atuação garantida dessas quatro dimen- sões, considerando que elas se influenciam substancialmente. A P T I D Ã O T O T A L A P T I D Ã O F f S I C A A P T I D Ã O E M O C I O N A L A P T I D Ã O S O C I A L A P T I D Ã O I N T E L E C T U A L Figura 1: Divisão A aptidão física como um componente da aptidão total - trata-se de um valor re- lativo, portanto, nunca deveria ser observada fora de uma determinada condição. Mesmo um atleta de alto nível, só tem aptidão físi- ca para uma tarefa específica. Um levantador de peso tem condição física para levantar pesos, um jogador de futebol tem condições físicas para jogar futebol, um corredor de da Aptidão Total longas distâncias tem aptidão física para correr longas distâncias e assim por diante. Cada modalidade esportiva ou atividade física solicita exigências distintas de tra- balho físico, em termos de qualidade e quan- tidade. A adaptação do organismo nunca é observada fora destas solicitações, e se faz sempre em função da característica do estí- mulo a que ele é submetido.
  • 27. Artigos Didáticos A interpretação mais extensivamente encontrada para o termo Aptidão é a de "capacidade de um indivíduo em atender as exigências diárias para a sobrevivência". Este atendimento inclui várias exigências e a aptidão é determinada pelo "status" de um organismo em atendê-las. A aptidão seria então um estado que caracteriza o grau pelo qual um organismo é capaz de funcionar. Ela poderia ser entendida como um"continuum" onde, em um extremo, num estágio mínimo, estaria o indivíduo doente, acamado, sem desejo ou capacidade de realização social física ou intelectual; e em outro extremo, num estágio máximo, estaria o indivíduo em ausência de doenças, vivendo uma vida ativa e vigorosa física, social e intelectualmente. Todo ser humano, então, tem algum grau de aptidão, que pode ser mínino no indivíduo doente, acamado; ou máximo no atleta alta- mente treinado. O grau de aptidão varia consideravelmente em diferentes pessoas, e na mesma pessoa varia de tempo em tempo. HebbeUnck (17) realizou um interessante estudo das definições de aptidão física emi- tidas na literatura científica e profissional, encontrando pronunciamentos bastante di- versificados de 21 autores, "peritos" no assunto. A seguir quantificou as palavras através destas definições (Tabela 2). Tabela 2 - Palavras-chaves nas definições de Aptidão Física, emitidas por 21 especialistas COMPONENTE FREQÜÊNCIA DE CITAÇÃO 1. força muscular 21 2. resistência 21 3. velocidade 13 4. agilidade 13 5. capacidade motora 11 6. flexibilidade 9 7. resistência a doenças 7 8. coordenação 5 9. equilíbrio 5 10. precisão 4 11. motivação 4 12. potência 3 13. estado nutricional 3 14. outros componentes 11 A força muscular e a resistência estão pre- sentes nas 21 definições dos especialistas. A velocidade, agilidade e capacidade motora são referidas em mais de 50% das definições. Devemos considerar, todavia, estes con- ceitos subjetivos, pois são baseados apenas nas opiniões de reconhecidas autoridades na área. Definições de Aptidão Física, segundo diferentes autores: — "Aptidão física é a capacidade de realizar tarefas diárias com vigor e prontidão, sem excessiva fadiga e com ampla energia, para apreciar o tempo livre e enfrentar as emergências imprevisíveis". (Clark) — Aptidão: "estado de uma disponibi- lidade de desempenho na área psíquica e física para uma tarefa específica". (Hollman) — "Capacidade funcional dos indivíduos para realizar certos tipos de tarefas que re- querem atividade muscular". (Fleishman) — "Capacidade geral para se adaptar e responder favoravelmente a esforço físico. O grau de aptidão física depende do estado de saúde do indivíduo, sua constituição e presente e prévia atividade física". (Comitê de Exercício e Aptidão Física da Associação Médica Americana) — "Do ponto de vista ocupacional, apti- dão física pode ser definida como o grau de capacidade para executar uma tarefa física específica, em condições ambientais especí- ficas". (Karpovich) — "Em um sentido bem geral, a perfor- mance física ou aptidão é determinada pela capacidade do indivíduo para produzir ener- gia (processos aeróbico e anaeróbico), fun- ção neuromuscular (força muscular e técni- ca) e fatores psicológicos (motivação e tá- tica)". (Astrand e Rodahl) — "A aptidão física pode ser definida arbitrariamente como o conjunto de, pelo menos, cinco componentes (aptidão motora, capacidade de trabalho físico, peso corporal, relaxamento e flexibilidade), e cada compo- nente é composto, por sua vez, de elementos mensuráveis de performance física de fun- ções fisiológicas. (DeVries)
  • 28. Artigos Didáticos — "A capacidade de realizar tarefas físi- cas moderadas ou estenuantes,especialmente aquelas que requerem sistemas neuromus- culares e círculo-respiratórios bem condicio- nados". (Johnson e Solberg) — "Capacidade do organismo manter, seus vários equilíbrios internos tão próximos quanto possível do estado de repouso, du- rante exercício físico intenso e duradouro, bem como de restaurar imediatamente, após realizar a atividade, qualquer equilíbrio que se tenha alterado". (Darling) Embora estas definições enfatizem as- pectos diferentes da aptidão, não há desacor- do fundamenta] entre elas. A aptidão física, de maneira geral, parece ter muitos compo- nentes, diferenciando em importância sele- tiva, segundo os diferentes autores. Parece unânime a idéia de que a aptidão física expressa a capacidade de realizar trabalho, tanto físico como intelectual. A filosofia fundamental dos testes mais antigos, chamados de Testes de Aptidão Motora, era. baseada na crença de que um indivíduo com aptidão era aquele que possuía várias capacidades em uma grande variedade de movimentos. Como mostra a Figura 2, a aptidão motora engloba vários componentes heterogêneos, cada um deles contribuindo para a capacidade de movimen- to do indivíduo. Como a maioria destes com- ponentes é importante para a performance atlética, a aptidão motora é também chama- da de "Aptidão Atlética". Contudo, convém notar que alguns destes componentes somen- te têm importância numa situação atlética. Por exemplo, altos níveis de velocidade, po- tência ou agilidade são necessários para bons jogadores de basquetebol, mas são de muito pouca importância para o dia-a-dia de uma pessoa comum. Sentiu-se então a necessidade de diferen- ciar entre a aptidão física relacionada à saúde e a aptidão física relacionada à capa- cidade atlética. Dentro do movimento atual de aptidão, reconheceu-se a aptidão física como um aspecto da saúde geral e, por isso, ela foi chamada Aptidão Física Relacionada à Saúde. Pate (25) propõe a seguinte definição para a Aptidão Física Relacionada à Saúde: "capacidade de realizar atividades físicas (vigorosas), sem fadiga excessiva, e demons- tração de capacidades e características de atividade física que são coexistentes com risco mínimo de desenvolver doenças hipo- cinéticas'1 . Enquanto um concernimento para a per- formance física das crianças e jovens tem continuado, há uma tendência atual para a falta de condicionamento físico da popula- ção cm geral, visto que algumas doenças hipocinéticas alcançam proporções epidê- micas como as doenças das coronárias, a obesidade, dores lombares, etc. Comparada com a Aptidão Motora, a Aptidão Física Relacionada à Saúde é um conceito mais estreito, que inclui so- mente componentes que podem prevenir doenças ou promover a saúde. AGILIDADE -POTÊNCIA -RESISTÊNCIA -CARDIORESPIRATÓRIA - RESISTÊNCIA/FORÇA — -MUSCULAR APTIDÃO MOTORA APTIDÃO FÍSICA RELA- CIONADA Ã SAÚDE-COMPOSIÇÃO CORPORAL—) -FLEXIBILIDADE -VELOCIDADE - EQUILÍBRIO Figura 2: Componentes da Aptidão Motora e da Apitão Física Relacionada à Saúde
  • 29. Artigos Didáticos Aqui convém notar que altos níveis de qualidades atléticas, tais como: agilidade, velocidade e potência, não são consideradas essenciais para a Aptidão Física Relacionada à Saúde. Somente em anos recentes este paradoxo se tornou aparente. De fato, his- toricamente, o público leigo e mesmo os profissionais da área, tendiam a uma fusão dos dois enfoques. Atualmente, a Aptidão Motora e a Aptidão Física Relacionada à Saúde são distintas entre si. TESTES DE APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE Os componentes da Aptidão Física Re- lacionada à Saúde são: a aptidão cardiores- piratória, a composição corporal e a função músculo-esquelética. Estes componentes podem ser medidos no campo e são relacionados com alguns aspectos da saúde. Os indivíduos especialistas que sugeriram os testes, não incluíram, propositadamente, nenhum teste de força para o tronco e mem- bros superiores. Entenderam que este com- ponente é importante para a prática de alguns esportes e outras atividades físicas ou tarefas ocupacionais, contudo, a força dos braços e tronco não é relacionada ao "status" de saúde de modo direto, por isso, nenhum teste para este fim foi determinado. APTIDÃO CARDIORESPIRATÓRIA: este componente da Aptidão Física Relacionada à Saúde tem recebido a maior ênfase dos especialistas. Existem evidências de que altos níveis de função cardiorespiratória indicam uma alta capacidade de trabalho físico (PWC), que é uma capacidade de liberar relativamente grandes quantidades de energia sobre um tempo prolongado. Um alto nível de PWC tem vantagens numerosas para o trabalho e tempo livre (1). Embora a aptidão cardirespiratória não influa direta- mente em todos os fatores de risco de doen- ças das coronárias, está claramente associa- da a eles (9). Há evidências de que esta função responde ao treinamento, e, que pode ser medida de modo válido por medida de campo (8). A corrida de longa distância foi sugerida na bateria de testes da Aptidão Física Relacionada à Saúde para medir a função cardiorespiratória. Pode ser selecionada a corrida de milha (aproximadamente 1600 metros) ou a corrida de 9 minutos para crianças de idade inferior a 13 anos. Crianças e jovens de 13 anos ou acima devem usar a corrida de 1,5 milha (aproximadamente 2400 metros) ou a corrida de 12 minutos. Os participantes podem andar em qualquer das corridas, mas devem ser encorajados a render o máximo que puderem. Detalhes mais específicos dos pro- cedimentos são descritos no Manual de Testes de Aptidão Física Relacionada à Saúde ( 4 ) . COMPOSIÇÃO CORPORAL: a composição corporal é definida com a porcentagem re- lativa de gordura e massa magra. Excessiva quantidade de gordura é uma ameaça à saúde, implicando uma variedade de con- dições, tais como: hipertensão, hiperlipo- proteinemia e propensão a acidentes (28). A composição corporal é uma função de equilíbrio calórico, e, embora a ênfase ter sido tradicionalmente (ou comercial- mente!) colocada ao lado do consumo calórico pelos proponentes de dietas mira- culosas, os especialistas estão se inclinando para o lado gasto energético na regulagem do peso corporal (12). As medidas das dobras cutâneas triciptal e subescapular foram selecionadas para a bateria de testes, pelo fato destes locais serem relativamente acessíveis e fáceis de se medir (3). Estas medidas também se correlacionam altamen- te com o total de gordura do corpo. A descrição específica das medidas está no Manual de Testes (4). A composição corporal é um aspecto a ser considerado no Brasil, visto que, entre nós, maior problema do que a obesidade é a subnutrição. Este aspecto deverá mere- cer maiores discussões no futuro. FUNÇÃO MÚSCULO-ESQUELÉTICA: um aspecto de força muscular, resistência mus- cular e flexibilidade, que pode ser relaciona- do à saúde, envolve a região lombar e pos- terior da coxa. A conhecida como "dor nas costas" é uma doença comum que causa muitas in- capacidades (6). Existem várias evidências clínicas, que implicam a falta de flexibilidade na região
  • 30. -Artigos Didáticos lombar e na musculatura posterior das coxas, combinadas com a fraca musculatu- ra da parede abdominal como a causa da maioria dos casos de dores nas costas. Expe- riências recentes (14,21) sugerem a ação preventiva de exercícios para a prevenção deste mal. A avaliação destes componentes no campo é relativamente fácil. A resistência muscular localizada da musculatura abdomi- nal é determinada pelo número de "abdo- minais" executados em 60 segundos. Neste teste, as pernas são flexionadas, com os pés seguros por outra pessoa; os braços cru- zados no peito, com as mãos no ombro oposto (para prevenir o uso dos braços, para ganhar momento e levantar o tronco do chão). O abdominal é executado pela eleva- ção do tronco (o queixo é mantido junto ao peito) até os cotovelos tocarem as coxas. Instruções mais detalhadas são dadas no Manual de Testes (4). A flexibilidade da região lombar e posterior da coxa é medida pelo teste de flexibilidade (os americanos chamam de Sit-and-Reach Test), no qual uma pessoa sentada tenta alcançar com suas mãos o mais longe possível, para a frente (3). O teste é administrado em uma caixa de madeira de fácil construção. Detalhes específicos da caixa e da administração do teste são dados no Manual de Testes (4). A PROBLEMÁTICA DA TABELA DE PONTOS A construção de tabelas, normas ou pa- drões (normas, para os americanos), permite situar o desempenho individual em um dos vários escalões que as constituem, e, nem sempre é uma tarefa fácil. A avaliação, em Educação Física, será tanto mais precisa quanto mais se assentar em resultados objetivos, segundo regras fixas. Por isso, a elaboração de tabelas para a população brasileira assume dimensão urgente. Até o presente momento, não existe nenhuma tabela a nível nacional para qual- quer teste físico e toda avaliação e classifi- cação, quando realizados, têm se baseado na subjetividade ou em tabelas estrangeiras. Padrões regionais (4, 23) de aptidão físi- ca relacionada à saúde, de peso e estatura, são iniciativas pioneiras na tentativa de se estabelecer tabelas germinantemente brasi- leiras. A tabela mais usual é a escala de percen- tis, que nos dá a percentagem de indivíduos num determinado grupo, situados abaixo ou acima dos valores estimados como limites dos diferentes escalões estabelecidos. São chamados, neste caso, de testes referencia- dos a normas. O julgamento do resultado de um indivíduo é feito em relação aos outros membros do grupo em questão. Estudiosos em Medidas e Avaliação (5, 27) recomendam o estabelecimento de testes de Aptidão Física Relacionada à Saúde, este enfoque é filosoficamente atrativo, porque o objetivo maior é boa saúde e não o melhor resultado. Contudo, há problemas práticos associa- dos ao estabelecimento de critérios para testes de aptidão física relacionada à saúde. O que é considerado "aceitável" ou " b o m " para as crianças? Como a maioria dos pro- blemas relacionados à baixa aptidão física se manifestam na idade adulta, não se sabe, ainda, que nível de aptidão física a crian- ça deve possuir para diminuir os fatores de risco. Embora ainda exista discussão a respeito da significância prática da tabela de percen- tis, aplicada aos testes de Aptidão Física Relacionada à Saúde, a inexistência de qual- quer tipo de tabelas é muito mais grave. Em vista deste dilema, os especialistas sugerem as seguintes recomendações: 1. O 25Ppercentil em cada teste é consi- derado o escore mínimo aceitável. As crianças cujos resultados estiverem abaixo deste nível, necessitam de atenção especial do professor. 2. O 509 percentil é conseguido pela maioria das crianças com um adequa- do condicionamento físico, e todo professor deveria se empenhar para que as crianças atingissem, pelo menos, este nível. Embora estas recomendações sejam basea- das em percentis, e, por isso, não constituem padrões relacionados a critérios no sentido puro, são indicações que podem servir de julgamento. A ênfase dos testes de Aptidão Física Relacionada à Saúde é para se con- seguir um escore ótimo que represente um status positivo de saúde.
  • 31. Artigos Didáticos Resumido, pode-se dizer que a bateria de testes de Aptidão Física Relacionada à Saú- de foi desenvolvida de maneira cuidadosa e está disponível para a aplicação. Novas pes- quisas fazem-se necessárias para desenvol- ver os critérios mínimos em cada teste. CONCLUSÕES Nos últimos anos, o interesse científico sobre a Aptidão Física Relacionada à Saúde aumentou substancialmente e numerosos estudos têm mostrado forte evidência em favor do papel dos exercícios físicos na medicina terapêutica e preventiva. A procura de uma linguagem comum e de uma bateria de testes de aptidão física padrão não é nova, como é mostrado na li- teratura internacional. No Brasil particular- mente, a falta de uma bateria de testes modelo e de tabelas nacionais (ou mesmo regionais) é sentida pelos profissionais da área que se preocupam com a promoção da aptidão física. São necessários esforços para se tentar estabelecer uma bateria de testes padrão que melhor se adapte às nossas realidades. TABELA 1 — Comparação de várias baterias de testes de Aptidão Física Teste de Aptidão da Juventude de AAHPER (1958) Testes Componentes de Aptidão Física 1. Flexão de braços na barra (meninos) Força/Resistência muscular 2. Flexão Modificada de braços barra (meninas) Força/Resistência muscular 3. Abdominal Força/Resistência muscular 4. Corrida de Ida e Volta Agilidade/ Velocidade 5. Corrida de 50 jardas (45m) Velocidade 6. Salto em Distância Parado Potência 7. Lançamento da Bola de Softbol Habilidade, Força 8. Corrida de 600 jardas (548m) Resistência Cardiorespiratória Teste de Aptidão Básica (Fleishman, 1964) Testes . Componentes de Aptidão Física 1. Teste de Rotação do Tronco Flexibilidade Extensiva 2. Teste de Flexão e Rotação do Tronco Flexibilidade Dinâmica 3. Corrida de Ida e Volta Força Explosiva 4. Lançamento da Bola de Softbol Força Explosiva 5. Teste de Preensão Manual Força Estática 6. Flexão e Extensão de braços na Barra Fixa Força Dinâmica • 7. Teste de Elevação das Pernas Força de Tronco 8. Teste de Salto sobre o Cabo Coordenação Grossa Corporal 9. Teste de Equilíbrio Equilíbrio Grosso Corporal 10. Corrida de 600 jardas (548m) Resistência Cardiovascular Teste de Performance — Aptidão da CAHPER (Canadian Association for Health, Physical Education and Recreation — 1966) Testes Componentes de Aptidão Física 1. Flexão de braços na Barra Fixa Força/Resistência muscular 2. Abdominal em 1 minuto Força/Resistência muscular 3. Salto em Distância Parado Potência 4. Corrida de 50 metros Velocidade 5. Corrida de Ida e Volta Potência 6. Corrida de Resistência 800m (6 a 9 anos) 1 6 0 0 m ( 1 0 a 12 anos) Resistência Aeróbica-Anaeróbica 2 4 0 0 m ( 1 3 a 17 anos)
  • 32. Artigos Didáticos Teste de Aptidão Standard (Comitê Internacional para a Estandardização de Testes de Aptidão Física - 1974) Testes 1. Teste de Corrida de 5 0 métros 2. Teste de Flexâo de Braços na Barra Fixa (meninos acima de 11 anos) 3. Teste de Suspensa~o na Barra (meninos abaixo de 11 anos e meninas 11 anos e acima) 4. Teste de Preensâo Manual 5. Teste de Corrida (100m—meninos acima de 11 anos) (800m—meninas acima de 11 anos) (600m—meninos e meninas abaixo de 11 anos) Componentes de Aptidão Física Velocidade Força/Resistência Muscular localizada Força/Resistência Muscular localizada Força Estática Resistência Cardiorespiratória Teste de Aptidão — Haro (República Federal da Alemanha — 1975) Testes 1. Corrida da Figura 8 2. Abdominal 3. Salto sobre o Banco 4. Flexão de Braços no Solo 5. Corrida de Ida e Volta 6. Lançamento da Bola de Basquetebol Componentes de Aptidão Física Agilidade Força/Resistência Muscular Força/Resistência de Salto Força/ Resistência Muscular Agilidade, Velocidade Agilidade, Força/Resistência Muscular Teste de Aptidão Física Relacionada à Saúde (AAHPERD, 1980) Testes e Medidas Componentes de Aptidão Física 1. Corrida de 9 minutos Resistência Cardiorespiratória 2. Dobras Cutâneas Triciptal e Subescapular Composição Corporal 3. Abdominal Modificado Resistência/Força Muscular 4. Teste de Flexibilidade Flexibilidade Eurofit(1982) Testes 1. Teste ergonométrico PWC j ou 2. Teste de Corrida dos 6 minutos 3. Flexão de Braços no Solo 4. Salto em Distância Parado 5. Teste de Suspensão na Barra 6. Teste de Abdominal em 30 segundos 7. Teste de Flexibilidade na Caixa 8. Teste de Corrida de Ida e Volta 10x5 metros 9. Teste de Sapateado em 25 ciclos 10. Teste de Equilíbrio na Trave (posição de "flamingo") Componentes de Aptidão Física Resistência Cardiorespiratória Resistência Cardiorespiratória Força Estática Força Explosiva Resistência Muscular Resistência Muscular Flexibilidade Velocidade de Corrida Velocidade de Movimento dos Membros Equilíbrio Corporal Total
  • 33. Artigos Didáticos BIBLIOGRAFIA ASTRAND, P. O. & RODAHL, K. - Textbook of work physiology, New York, McGraw Hill, 1970. AAHPERD - Youth fitness test manual, Washington, AAHPER, 1958. AAHPERD - Health related physical fitness test manual, Washington, AAHPERD, 1980. BARBANTI, V. J. - Manual de testes: aptidão física relacionada à saúde, Itapira, Prefeitura Municipal, 1983. BAUMGARTNER, T. A. & JACKSON, A. S. - Measurement for evaluation in physical education, Boston, Miffin,1975. BELKIN, S. C. & QUILEY, T. B. - Finding the causes of low back pain, Medical Times, 105 (Julho): 5 9 - 6 3 , 1 9 7 7 . CAHPER - Fitness performance test manual, Ottawa, Cahaper, 1966. COOPER, K. H. - Aerobics, New York, Evans, 1976. COOPER, K. H. et alii - Physical fitness levels vs selected coronary risk factors: a cross-sectional study, JAMA 12 (236): 1 6 6 - 1 6 9 , 1976. DARLING, R. C. - The significance of physical fitness, In: SHEPHARD, R. J. - Endurance fitness. Quebec, Pelican, 1969. DEVRIES, H. A. - Physiology of exercise for physical education and athletics, Dubuque, Brown Com- pany, 1966. EPSTEIN, L. H. & WING, R. R. - Aerobic exercise and weight. Addict Behavior 5 (4): 3 7 1 - 3 8 8 , 1 9 8 0 . FLEISCHMAN, E. - Structure and measurement of physical fitness, New Jersey, Prentice-Hall, 1964. GOLDING, L. et alii - The Y's way to physical fitness, National Book of YMCA, Chicago, YMCA, 1982. HAAG, H. & DASSEL, H. - Fitness tests, Schorndorf, Karl Hofman, 1975. HASKELL, W. L. & BLAIR, S. N. - The physical acitivity component of health promotion. In: Ocuupa- tion settings. Public Health Rep (MAR-ABR): 1 0 9 - 1 1 8 , 1 9 8 0 . HEBBELINCK, M. - The concept of health related to physical fitness, InternationalJournal of Physical Education, 21(1): 9 - 2 9 , 1984. JOHSON, P. & STOLBERG, D. - Conditioning, New Jersey, Prentice-Hall, 1 9 7 1 . KARPOVICH, P. V. - Physiology of muscular activity, Pennsylvania, Saunders, 1971. KRAUS, H. & HIRSCHLAND, R. P. - Minimum muscular test in school children. Research Quarterly, 2 5 : 1 7 8 - 1 8 8 , 1 9 5 4 . KRAUS, K. - The Y's way to health back, JOHPER, 47 (73): 1 9 0 - 1 9 1 , 1976. LARSON, L. A. - Fitness, health and work capacity. International Standards for Assessment, New York, MacMillan, 1974. MARQUES, R. M. et alii - Crescimento e desenvolvimento pubertário em crianças e adolescentes brasi- leiros. Altura e peso. São Paulo, Editora Brasileira de Ciências, 1982. MINISTRY OF EDUCATION OF JAPAN - Manual of sport test physical fitness diagnostic test and motor ability test. Tokyo, 1983. PATE, R. - A new definition of youth fitness. The Physician and Sport-medicine 11 ( 4 ) : 7 7 - 8 3 , 1983. RUSKIN, H. - Physical performance of school children in Israel, In: Physical fitness assessment. Srpingfield, Charles C. Thomas, 1978. SAFRIT, J. F. - Evaluation in physical education. New Jersey, Prentice Hall, 1981. VAN ITALLIE, T. b. - Obesity: adverse effects on health and longevity, American Journal of Clinicai Nutrition 32 (Dez): 2 7 2 3 - 2 7 3 3 , 1979. VOGELAERE, P. et alii - Essai d'analyse du concept "Aptitude physique à partir de la literature anglosaxone". Kinanthropologie 3 (3): 1 9 3 - 2 1 0 , 1971.
  • 34. Teses e Livros APROVEITAMENTO DOS JOGOS FOLCLÓRICOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA MARIA ALICE MAGALHÃES NAVARRO 1 RESUMO A pesquisa consistiu em entrevistar es- tudantes do primeiro e segundo graus e universitários, sobre suas preferências por certos jogos folclóricos; analisar a influên- cia da idade (e, conseqüentemente, do grau de escolaridade) e do sexo a esse respeito; compilar as descrições feitas pelos entre- vistados sobre os jogos e classificá-los, se- gundo o interesse em Educação Física. SUMMARY The research consisted in interviewing of first and second year college and university students about their preferences for certain folkloric games, in analysis of age (and consequently the degree of scholar deve- lopment) and sex influence and compiling in result the descriptions made by the students of the games and classifying these descriptions according to interest in Physical Education. / Professor Assis!ente Doutor da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo. ADAPTAÇÃO DOS MÉTODOS AO NOSSO MEIO Movimentos nacionalistas,houve em vários campos de atividade do brasileiro, em artes e em ciências. O estudo, a pesquisa e a criação passam a ser mais cativantes, quando motivados ou, imediatamente, aplicáveis às características e índole de nossa nação. Os problemas raciais, sociais, médicos, econô- micos, artísticos vão sendo lidados com meios criados aqui mesmo. Surgiram, no campo da Educação Física, sugestões de aproveitamento de algumas danças do nosso Folclore como recurso para estimular o desenvolvimento do ritmo motor e para recreação, mas não existe um trabalho de pesquisa ou exposição sis- temática sobre as possibilidades do apro- veitamento dos próprios jogos folclóricos. Em Educação Física, a falta de utilização mais intensiva da atividade rítmica e da variada movimentação, própria dos jogos folclóricos, sempre nos intrigou, desde que nos dedicamos a esse campo da Educação. Chegamos assim a uma linha de pesquisa, já levada a público, a partir da nossa disser- tação de Mestrado. Esta foi baseado em experiência docente de mais de 15 anos e propunha u m elemento de Folclore como meio eficiente, para avaliar o desenvolvi- mento do sentido rítmico nas crianças, avaliação esta que aliás constitui u m dos objetivos da Educação Física. A utilização de elementos constituintes do Folclore na Educação Física seria, ainda, de grande alcance em um país carente de professores graduados. Os professores poli- valentes, valendo-se de sua própria cultura popular, conhecendo as manifestações fol- clóricas de sua região, poderiam concorrer mais eficientemente para que as crianças tenham a necessária atividade física diária, mesmo na ausência de especialista. Isto poderia ser conseguido com um mínimo de instrução, àqueles professores eventuais. Esta instrução seria dada após classificar e estudar metodicamente os jogos em questão. Ora, não existe neste campo nem mesmo uma compilação a respeito da cinesiologia dos jogos folclóricos mais conhecidos em nosso país. A lacuna é desanimadora para os que querem se introduzir neste estudo. Falta até um simples rol dos jogos folclóricos conhecidos. A escolha dos jogos que são mais divulga- dos no ambiente social onde se quer atuar como educador, é da maior importância para aproveitar as atividades mais espontâ- neas. Não só as preferências do grupo social — em seu conjunto — são relevantes, como também as inerentes às faixas etárias ou às ligadas ao sexo.
  • 35. Teses e Livros Estabelecidos quais os jogos mais difun- didos, torna-se necessário decompô-los em seus elementos cinesiológicos. Pode-se então estudar as equivalências do teor da motrici- dade, e chegar a propor o jogo mais ade- quado para cada finalidade educativa. A presente pesquisa insere-se n^sse con- texto e investiga essas premissas para a utili- zação mais intensiva das manifestações fol- clóricas de nosso meio. O planejamento do trabalho foi feito para satisfazer as etapas: 1. Relacionar os jogos folclóricos aprovei- táveis e mais conhecidos em nosso meio e estudar as preferências que por eles têm os escolares; 2. Avaliar as habilidades motoras utiliza- das nesses jogos e sua correspondência com as atividades comuns na Educação Física; 3. Determinar os elementos desses jogos capazes de aperfeiçoar as qualidades do movimento. Neste ponto da apresentação e introdução do leitor ao assunto deste trabalho, cabe ten- tar esclarecer o conceito de jogo folclórico. O jogo folclórico é uma atividade lúdica espontânea que tem, quase sempre, caráter competitivo, seguindo uma certa ordem e realizando-se em determinado espaço. Esses jogos são, como todas outras manifestações folclóricas, anônimos, de aceitação coletiva e passam de uma geração a outra por trans- missão oral. E um comportamento intrin- secamente motivado. O sentido do jogo é entendido como aprendizado de habilidade para a vida adulta, como uma canalização de sentimentos. Este é o significado com que é tomado o termo no desenvolvimento do presente trabalho. Nesta perspectiva, os jogos podem ser enfocados sob vários aspectos, possibili- tando serem classificados. Considerando jogo folclórico, segundo a conceituação debatida e, a descrição do modo pelo qual esses jogos são realizados em nosso meio, pode-se conceber que é viável a hipótese de serem eles adaptáveis à Educação Física. Por outro lado, levan- tamos a hipótese de que fatores como grupo social, faixa etária e classe de sexo são im- portantes, para serem considerados na promoção dos vários jogos folclóricos conhecidos. Seria possível, assim, atingir o objetivo de fornecer subsídios para o aproveitamento efetivo dos jogos folclóricos nas aulas de Educação Física para l.a e 2 a séries do IP Grau e, em conseqüência, a Educação Fí- sica integrar-se-ia ao currículo pleno destas séries do IP grau. Um trabalho desta natu- reza contribui, ainda, para a preservação das tradições populares, através de atividades folclóricas, ampliando o repertório de jogos infantis na faixa etária de 6 a 8 anos e pro- porcionando enriquecimento para as horas de lazer. Foram entrevistados 400 estudantes pro- venientes de escolas da Grande São Paulo, sendo 200 de cada sexo, subdivididos em 4 faixas etárias: faixa etária 1 9 a 11 anos faixa etária 2 12 a 14 anos faixa etária 3 15 a 17 anos faixa etária 4 18 a 25 anos O inquérito recolheu, como não poderia deixar de ser, grande número de jogos (790 jogos no total de 400 entrevistados), folgue- dos e brincadeiras — algumas dramatizadas, outras musicadas, como as canções de roda. Deles, apenas alguns corresponderam aos requisitos para serem considerados como folclóricos e destes, excluídas as manifes- tações representadas e cantadas, sobraram 76 jogos folclóricos variados. Como é neles que a pesquisa deve ser baseada, os restantes foram descartados na maior par- te de nossa análise, embora constituam valioso material a merecer estudos e refle- xões com outras finalidades.