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GBCBRASIL
C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO 3 / Nº7 / 2016
REVISTA
VIBEDITORA
COP 21: os compromissos
do GBC Brasil para o
futuro do planeta
IPTU Verde concederá
descontos de até 12%
em São Paulo
Certificação WELL prioriza
a saúde e bem estar dos
ocupantes
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
DOSSIÊ ESPECIAL
HOSPITAIS E
LABORATÓRIOS:
INOVAÇÃO E
BEM ESTAR
CENTRO DE REFERÊNCIA EM
SAÚDE NA AMÉRICA LATINA
RECEBE LEED NC GOLD
HOSPITAL
OSWALDO CRUZ
INSCRIÇÕES ABERTAS!!!
2016
2016
O PODER DA TRANSFORMAÇÃO
EM SUAS MÃOS
e CALL FOR REVIEWERS
CALL FOR PROPOSALS
FIQUE ATENTO ÀS NOVIDADES DESTA EDIÇÃO:
O sucesso da Greenbuilding Brasil 2016 também depende da sua ativa participação!
Compartilhe sua expertise, experiências, casos de sucesso e novos empreendimentos
com os nossos congressistas. As inscrições estão abertas a partir de 13 de novembro.
O nosso objetivo em 2016 é enfatizar a contribuição da comunidade da construção
sustentável para a apresentação de conteúdos relevantes e enriquecedores.
A partir de 2016 a Greenbuilding Brasil contará com a expertise do Informa Group,
grupo multinacional líder mundial na organização de Conferências e Feiras com forte
operação no Brasil, responsável por feiras como Greenbuild EUA e Mediterrâneo, World
Concrete Show, Designjunction, Dwell on Design, Interior Design Show, ForMóbile,
Expo Revestir e Fórum Internacional de Arquitetura e Construção, entre outras.
Acesse nosso site e apresente sua proposta ou se candidate a ser um de
nossos revisores! Você também pode fazer parte da transformação!
www.informagroup.com.br/greenbuilding
Realização simultânea à nova feira High Design - Home & Office Expo no
SP Expo Exhibition & Convention Center.
Encontro mais forte e abrangente para os setores de Arquitetura, Construção e Design
Greenbuilding Brasil manterá seu foco em sustentabilidade dentro destes segmentos
Mais de 15 mil profissionais reunidos
25 mil metros quadrados de área total
Mais de 200 marcas em exposição.
Mais informações sobre o evento: greenbuilding@informa.com
SÃO PAULO - SP
SP EXPO EXHIBITION &
CONVENTION CENTER
09 a 11
AGOSTO
2016
revistagbcbrasil.com.br 3dez/15-jan/16
Editorial
©BiancaWendhausen
O ano de 2015 que encerrou-se com um grande avan-
ço para a sustentabilidade do planeta com as resolu-
ções da Conferência Mundial do Clima, em Paris, a
COP21, protagonizada pelas organizações, associa-
ções e empresas preocupadas com o futuro do nosso
planeta. Nesta edição o GBC Brasil apresenta seus
compromissos audaciosos visando um só objetivo,
futuro melhor para o lugar onde vivemos.
Esta edição da revista GBC Brasil traz como foco, um
dos temas mais relevantes no âmbito das constru-
ções, a saúde. A seção “Dossiê Especial” contempla
a apresentação de cases no setor da saúde, certifica-
dos no Brasil e no mundo, apresentados por diversas
empresas referenciadas no mercado, que abordam
as características, particularidades e complexidades,
bem como os desafios encontrados no desenvolvi-
mento deste tipo de projetos.
A participação de especialistas conceituados em di-
versas áreas da construção garante ainda um con-
teúdo de ampla qualidade nesta edição, através de
opiniões acerca das tendências e expectativas para
2016. E culmina com a disseminação dos métodos
construtivos, soluções inovadoras e eficientes incor-
poradas às construções sustentáveis do país para
as outras regiões do Brasil, através da realização em
conjunto do Greenbuilding Conferência e Expo em
parceria com o SINDUSCON-PE, realizado em Recife.
Desejamos a todos excelentes resultados para 2016.
Boa leitura!
Um novo ano de grandes
expectativas para a
construção sustentável
LUIZ SAMPAIO
DIRETOR EXECUTIVO
VIB Editora
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
MEMBROS DO CONSELHO
Manoel Gameiro - Trane - Presidente
José Moulin Netto - Vice presidente
José Cattel - Alcoa
Celina Antunes - Cushman & Wakefield
Mark Pitt - Sherwin Williams
Hugo Rosa - Método
Carmen Birindelli - WTorre
Convidada: Thassanee Wanick - Fundadora
do GBC e Cônsul Geral da Tailândia no
Brasil
CONSELHO FISCAL
Renato Alahmar - 3M
Guido Petinelli
DIRETOR GERENTE
Felipe Faria
DIRETOR EXECUTIVO
Luiz Sampaio
lfsampaio@vibcom.com.br
REDAÇÃO
Bruna Dalto - MTb 72943
Patrícia Braga
redacao@vibcom.com.br
COMERCIAL
Douglas Alves
dalves@vibcom.com.br
FINANCEIRO
Roseli Pereira
adm@vibcom.com.br
DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL
VIB EDITORA
REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO
VIDA IMOBILIÁRIA BRASIL - VIB EDITORA
Rua Roque Petrella, 46 - sala 501
Brooklin - São Paulo - SP
CEP 04581-050
Tel/Fax: 11 5078 6109
www.vidaimobiliaria.com.br
RESPONSÁVEL DO GBC
Maíra Macedo
ASSINATURAS E CONTATOS
COM A REVISTA:
Tel: 11 5078 6109
email: revistagbc@gbcbrasil.org.br
Capa: Hospital Alemão Oswaldo Cruz
VIBEDITORA
4 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
índice
GBCBRASIL
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REVISTA
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
EDITORIAL...................................................> 3
COLUNA GBC..............................................> 6
	 GREEN PAGES
	 SIEGBERT ZANETTINI.....................> 8
	 PROJETO DESTAQUE...........................> 16
TENDÊNCIAS 2016......................................> 24
CERTIFICAÇÃO WELL.................................> 28
	 ESPECIAL
	 HOSPITAIS & LABORATÓRIOS
INTRODUÇÃO.............................................................> 34
PROJETOS EM DESTAQUE...............................> 40
EVENTO GBC BRASIL + SINDUSCON/PE
SUSTECONS 2015.......................................> 58
COP 21.........................................................> 64
POLÍTICAS PÚBLICAS..................................> 68
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS........................> 70
ARTIGOS DE OPINIÃO................................> 74
AGENDA GBC JAN/FEV 2016.....................> 78
6 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
coluna gbc
O
atual cenário de dificuldade política e eco-
nômica que assola o país, crise hídrica e
energética, bem como a indignação frente
um dos maiores desastres ambientais da
nossa história recente, exige um momento
de reflexão por cada cidadão brasileiro. É
inegável que o país passa por um processo de reconstrução
sistêmica, e o termo “reconstrução” sugere inúmeras opor-
tunidades ao nosso movimento de construção sustentável.
Comprovadamente nosso movimento demonstra ser
a solução para as principais demandas do país, certo que
elevamos o padrão técnico do mercado, valorizando a me-
lhor técnica em detrimento dos melhores contatos, maxi-
mizamos o planejamento galgando eficiência em sentido
amplo, discutimos qualidade ambiental interna do ar em
hospitais, escritórios e escolas melhorando a recuperação
de pacientes, produtividade e aprendizado de alunos, e,
estamos inserindo o tema das edificações verdes dentro
de um processo de planejamento urbano integrado, onde
segurança, transporte, qualidade de vida e bem estar são
prioridades.
Não à toa nossa certificação internacional LEED possui
projetos registrados em quase todos Estados brasileiros,
faltam apenas os Estados do Acre e Tocantins. Em 2015, os
mais de 100 novos projetos recebidos até o mês de novem-
bro, indicam a forte penetração da certificação em setores
diversos do mercado, com destaque a plantas industriais,
centro de distribuição e logística, data center e varejo.
O Referencial GBC Brasil Casa já soma 26 projetos
registrados em 8 diferentes Estados, 27 profissionais acre-
ditados e dezenas de projetos no pipeline, dentre eles pré-
dios e condomínios residenciais.
Políticas públicas de incentivo com a capacidade de
acelerar exponencialmente a certificação de construção
sustentável, são apresentadas com maior frequência como
o Projeto de Lei do IPTU Verde, assinado pelo Prefeito da
Cidade de São Paulo e enviado à Câmara dos Vereadores,
oferecendo até 12% de desconto no imposto para prédios
residenciais ou comerciais, novos ou existentes, que obti-
verem a certificação após a aprovação da Lei, assim como
a nova Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo que
oferece descontos na outorga onerosa para edificações
certificadas.
Aprofundar seus conhecimentos e aumentar sua partici-
pação no movimento de green building, significa adentrar em
um ambiente de atmosfera estritamente próspera e otimista.
Dentre os diversos objetivos, indicadores, metas e ini-
ciativas, o planejamento estratégico do GBC Brasil para os
próximos anos, compreende a expansão de nossa presen-
ça física em todas as regiões do país através da realização
dos nossos cursos e eventos.
Realizamos em dezembro de 2015, em parceria com o
SINDUSCON Pernambuco o primeiro Greenbuilding Brasil
Conferência Internacional e Expo Summit Nordeste, asso-
ciado ao II Sustencons. Cerca de 200 profissionais partici-
param do evento que contou com 16 expositores, 162 con-
ferencistas e 15 palestrantes, além da cobertura de mídia
pela TV Record e SBT. O evento foi organizado em tempo
recorde e os resultados alcançados demonstra a força das
ONGs e Associações quando unidas.
Estimularemos e iremos colaborar na construção de
uma forte rede colaborativa que nos permitirá obter suces-
so aos desafios propostos. Iniciativas semelhantes estão
sendo programadas para as demais regiões do Brasil, no
sentido de engajar as lideranças locais no movimento de
transformação definido por nossa Missão.
Os cursos também estão sendo diretamente organiza-
dos pelo GBC na cidade de Porto Alegre, em parceria com
a ASBRAV e na cidade do Rio de Janeiro, em parceria com
o SECOVI-Rio.
Reflexões sobre 2015.
Perspectivas para 2016.
revistagbcbrasil.com.br 7dez/15-jan/16
coluna gbc
FELIPE FARIA,
DIRETOR
Green Building Council Brasil
Há tempos o estímulo ao mercado de soluções e ser-
viços para construção sustentável pelo GBC Brasil extrapo-
lam as fronteiras das edificações que buscam a certificação
internacional LEED, certo que este movimento comprova-
damente influencia o avanço e melhora do mercado, mes-
mo quando soluções são consideradas pontualmente para
casos isolados.
Neste sentido, o GBC Brasil prepara o ingresso de
ferramentas adicionais ao LEED de modo a reforçar nosso
compromisso com a transformação da indústria nacional
da construção civil e a cultura da sociedade em direção a
sustentabilidade. Pautado em uma demanda oriunda dos
nossos Comitês Técnicos criamos o Referencial GBC Brasil
Casa; adicionalmente também trabalharemos com a certi-
ficação WELL Building Standard, focada para o ocupante e
pautada em saúde e bem estar; SITES para áreas externas
comuns de empreendimentos públicos ou privados; LEED
Dynamic Plaque – monitoramento contínuo da operação da
edificação e re-certificação LEED; EDGE, ferramenta criada
pelo IFC estruturada como forma de mitigar os efeitos de
mudanças climáticas; GRESB, associação global que ana-
lisa o desempenho dos portfolios do mercado imobiliário
que se destacam por questões voltadas a responsabilidade
ambiental, social e de governança. Todas estas ferramen-
tas estarão sendo certificadas pela nossa plataforma global
GBCI (Green Business Certification Incorporation).
Avanços também estão sendo promovidos em nos-
sa Conferência Internacional e Expo, Greenbuilding Brasil.
Já para 2016, conforme anunciado recentemente, o GBC
Brasil e USGBC fecharam uma parceria estratégica com o
Informa Group, grupo multinacional líder em eventos corpo-
rativos e reconhecido globalmente por diversos mercados,
atual proprietário e produtor da Greenbuild International
Conference & Expo nos Estados Unidos, Itália e futuramen-
te uma nova edição na Ásia. O Informa Group no Brasil,
com sede na cidade de São Paulo, será o responsável pela
produção e gestão da Greenbuilding Brasil 2016 que acon-
tecerá simultaneamente à nova feira High Design – Home &
Office Expo em agosto no SP Expo Exhibition & Convention
Center. A parceria entre estes dois produtos proporcionará
um encontro forte e abrangente para os setores de Arquite-
tura, Construção e Design, no qual nós manteremos o foco
em sustentabilidade.
Juntos, os eventos esperam atrair mais de 15 mil pro-
fissionais em 10 mil metros quadrados de área e com mais
de 200 marcas em exposição.
Estamos fortalecendo a organização, promoção e ope-
ração do evento, aumentando o número de visitantes qua-
lificados em benefício aos nossos patrocinadores, expan-
dindo os canais de divulgação dos benefícios e práticas de
construção sustentável, ao mesmo tempo que ofereceremos
oportunidades e valores melhores aos nossos Membros.
Concomitantemente com os objetivos e iniciativas aci-
ma mencionadas, o fortalecimento dos nossos Comitês de
Trabalho através dos profissionais voluntários oriundo das
empresas Membros, dentro de um processo revisado de
Governança desponta como uma de nossas prioridades,
posto que este ambiente de colaboração é a força que rege
nossa organização e nos direciona a realização de nossa
missão.
MISSÃO
Transformar a indústria da construção civil e cultura
da sociedade em direção à sustentabilidade, utilizando as
forças de mercado para construir e operar edificações e co-
munidades de forma integrada. E, garantir o equilíbrio entre
desenvolvimento econômico, impactos sócio ambientais e
uso de recursos naturais, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida e bem estar das gerações presente e fu-
turas.
VISÃO
Ser a liderança nacional para que todos possam, pro-
gressivamente, trabalhar, estudar e viver em uma edificação
sustentável, através de:
•	 Desenvolvimento e promoção de diferentes siste-
mas de certificação;
•	 Capacitação contínua e engajamento profissional;
•	 Iniciativas sócio-culturais;
•	 Criação de ampla rede colaborativa com a partici-
pação do poder público, iniciativa privada, socie-
dade civil organizada e a população.
VALORES
•	 Colaboração;
•	 Credibilidade;
•	 Responsabilidade Social, Ambiental e Econômica;
•	 Liderança;
•	 Transparência;
•	 Ética.
8 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
inovação
GREEN PAGES
8 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
Arq. Siegbert Zanettini
ENTREVISTA
©DivulgaçãoZanettini
Siegbert Zanettini é Arquiteto Urbanista e Professor Titular pela FAU-USP desde 1959.
Arquiteto Diretor Responsável Técnico, Coordenador Geral da Zanettini Arquitetura,
possui mais de 53 anos de atuação profissional, sua obra inclui 1.200 projetos realizados
em mais de 5 milhões de metros quadrados, além de quatro décadas de vida dedicadas
ao conhecimento acadêmico. Considerado um dos maiores especialistas em projetos
hospitalares, condição atestada por inúmeras Referências, Títulos e Prêmios. Além
disso, possui reconhecimento público como o maior especialista em edificações com
estrutura metálica do País e também é referência nacional nas áreas de Eco-eficiência e
Sustentabilidade pelo pioneirismo da área, também representada pelo reconhecimento
de diversos Órgãos, Universidades e Sindicato da Construção Civil.
revistagbcbrasil.com.br 9dez/15-jan/16
inovação
revistagbcbrasil.com.br 9dez/15-jan/16
A arquitetura contemporânea e pluridimensional de
Zanettini e a integração entre razão e sensibilidade e
suas correlações com as edificações de saúde
Como o Sr. define a sustentabilidade
hospitalar no âmbito da arquitetura?
Siegbert Zanettini: A sustentabilidade não é
somente a questão ambiental e econômica, ela
também tem todo um envolvimento com o ser
humano. No caso do hospital, você esta me-
lhorando as condições de vida de quem o está
utilizando, preservando a vida humana, e contri-
buindo para que esse conjunto funcione bem.
Isso para mim é sustentabilidade.
A arquitetura que venho praticando pelo menos
há cinco décadas, superou há muito tempo a
condição unidimensional da arquitetura mo-
derna. É contemporânea e pluridimensional
ao superar a visão moderna integrando a ra-
zão científica à sensibilidade artística. A arqui-
tetura contemporânea, que pratico há quatro
décadas, se identifica pela luz, transparência,
leveza, evolução tecnológica e por se construir
sobre conceitos: concepção multidisciplinar
com visões holística e sistêmica; superação
de paradigmas conceituais e construtivos da
moda adequando-se à cultura de cada época;
domínio integral das tecnologias limpas; inova-
ção e utilização evolutiva do conhecimento de
base científica; a importância do projeto na ex-
plicitação da noção de qualidade e a questão
ambiental como parte estrutural do repertório
arquitetônico. Esses predicados que integram
esse conjunto de conceitos não diferencia ar-
quitetura hospitalar das demais, é a arquitetura
sem adjetivos. A arquitetura hospitalar tem suas
peculiaridades, é preciso entender que nisso ela
é específica, mas nas citadas conceituações ela
tem que servir ao homem em todas as suas ne-
cessidades e condições, ou seja, como o edifí-
cio vai ser ocupado, de que maneira se garante
uma ambiência correta e harmônica entre quem
usa e o próprio espaço. O principal referencial
da arquitetura é o homem.
O que é necessário para o desenvolvi-
mento de um bom projeto hospitalar?
Quais são as dificuldades que podem ser
encontradas durante o desenvolvimento
de um hospital e outras edificações de
saúde?
SZ: Umas das questões mais importantes
em um hospital são o zoneamento e a setori-
zação funcional, bem como os fluxos. A seto-
rização é importantíssima, pois determinada a
localização adequada das áreas, colocando-
-as em local estratégico, tais como, áreas de
PS (Pronto Socorro), PA (Pronto Atendimento)
e ambulatórios para que não conflitem com as
demais áreas internas do hospital. É igualmente
importante o bloqueio de acesso às áreas res-
tritas, como centros cirúrgico e obstétrico, UTI,
berçário, setor de imagens, vestiário médico e
enfermagem. Setorização correta das áreas de
serviços como cozinha, lavanderia, centro de
materiais; condicionamento separado de roupa
limpa e suja, que podem estar contaminadas e
precisam ser acondicionadas e posteriormen-
te levadas até seu tratamento; o lixo hospitalar
também não pode ser recolhido com o lixo
comum devido ao alto nível de resíduos con-
taminados ou radioativos, precisam ser devida-
mente separados; a separação dos elevadores
de cargas, utilizados pelos pacientes, equipe
médica e visitantes também são soluções de-
sejáveis afim de evitar infecção cruzada. Isso
ocorre, quando o projeto tem seus fluxos mal
resolvidos, onde o resíduo infectado acaba le-
vando infecção para áreas limpas.
Devido à complexidade dos processos
construtivos hospitalares, faz-se neces-
sário um corpo de profissionais multidis-
ciplinar que atenda às diversas deman-
das necessárias dentro do processo. Na
opinião do senhor, como está o merca-
do atual de capacitação de profissionais
qualificados especificamente para cons-
truções sustentáveis no setor de saúde?
O que se deve fazer para melhorar a qua-
lificação destes profissionais?
SZ: A arquitetura depende de uma série de
especialidades onde confluem as ciências hu-
manas, biológicas, ambientais, econômicas e
exatas. Todas essas ciências estruturadas po-
dem influir na arquitetura, às vezes diretamen-
te como é o caso das ciências ambientais, ou
indiretamente, mas sempre apoiada em bases
científica para atender sua evolução constante.
Esse trabalho multidisciplinar é importante para
que a obra consiga expressar suas qualidades,
que não é somente estética, mas também fun-
cional. Atender às necessidades, ser eficiente,
econômica, ter durabilidade, e uma série de atri-
butos que são tão importantes quanto à forma
arquitetônica. Essas visões holística e sistêmica,
são a base da arquitetura que se completa com
outras áreas do conhecimento. Na maioria das
escolas permanece a visão moderna da arqui-
tetura. Ficam nesse limite conceitual e que re-
sulta numa formação profissional superada. De
um modo geral, as130 escolas que existem no
país formam um profissional com um universo
restrito. Ele vai ter que aprender que uma forma-
ção plena vai além do trabalho profissional. Elas
não ensinam o estudante a pensar dessa forma
globalizante.
10 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
inovação
GREEN PAGES
10 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
Acredito que uma formação mais integrada,
que é de suma importância numa estrutura de
inovação desenvolvida, principalmente em ins-
talações hospitalares, que necessitam de maior
conhecimento de uma série de aspectos que
fazem a obra mais completa quando incorpora
o maior número possível de variáveis, e entre
elas a questão ambiental é parte estrutural de
um projeto arquitetônico. Meio ambiente não é
uma novidade, ele é estrutural, pois é preciso
atender as condições ambientais de um país
tropical como o Brasil, que possui condições di-
ferenciadas de outros continentes. A região nor-
deste e a região sul possuem condições climá-
ticas ambientais totalmente diversas. A primeira
tem regimes de ventos excelentes, porque não
usar essas condições para geração de energia
eólica, que é uma tecnologia extremamente
preservadora e limpa. Aqui no Brasil, as faces
nascentes são muito boas, para orientação
dos dormitórios que recebem o sol da manhã,
que é antibactericida. Aqui em São Paulo um
quarto voltado para a face sul, vai ser úmido e
frio, durante boa parte do ano. Dependendo da
posição em que o edifício está orientado ele vai
funcionar melhor ou pior. Precisa ser projetado
de acordo com as condições ambientais do lo-
cal em que se situa.
Como professor da FAU (Faculdade de Arquite-
tura e Urbanismo da Universidade de São Pau-
lo), eu sempre defendi a integração dos cursos
internos dentro de cada escola, mas também
de outras como a Politécnica, a Geografia, a
Economia, entre outras. Conseguimos estru-
turar uma disciplina, onde o objetivo era fazer
com que o aluno visse as outras questões fora
da área da arquitetura, e não ficasse somente
no aspecto formal e estético, porém com vários
problemas funcionais e técnicos, etc. Antes de
sair da FAU, em 2004, eu e o professor Lin-
denberg da Escola Politécnica, formamos uma
equipe de 15 professores e criamos o Curso de
“Dupla Formação” onde o aluno faz três anos
na FAU, depois mais dois anos na Poli, e pos-
teriormente volta para sua escola para terminar
os 4° e 5° anos. Os resultados têm sido exce-
lentes, pois esses alunos têm alcançado uma
formação muito mais ampla do que aquele que
permanece apenas na FAU ou na Poli.
Qual a importância e a responsabilidade
da arquitetura na construção sustentável
de edificações hospitalares e de saúde?
SZ: Para mim não há diferenciação nos con-
ceitos fundamentais de arquitetura seja hos-
pitalar, educacional, habitacional ou de outras
tipologias. Ela tem que atender ao conjunto de
necessidades de cada tipologia preocupando-
-se em fazê-las com equilíbrio e com a visão
mais global possível, o que marca muito meu
trabalho baseado em conceitos muito claros.
Esses conceitos fazem a base teórica estrutural
e nascem através de uma leitura profunda sobre
a realidade e condições brasileiras e mundiais,
sobre quais influências externas e internas, con-
gregando desde o inicio do projeto a participa-
ção multidisciplinar, que muitos consideram de
áreas complementares, mas que para mim são
estruturais conceitualmente. Não existe com-
plementação, existe integração. Assim como é
importante a estética na arquitetura são impor-
tantes os demais sistemas, principalmente em
projetos da área hospitalar.
O que é preciso para a promoção da hu-
manização dentro de uma unidade de
saúde? Quais os benefícios esta carac-
terística traz, tanto para o projeto quanto
para os usuários?
SZ: Na visão global e integrada de projetos da
área de saúde são igualmente necessários a ar-
quitetura de interiores, a comunicação visual, o
paisagismo. Busca-se a humanização traduzida
por ambientes agradáveis, com luz e ventilação
naturais e mobiliário ergonômico e confortável,
predicados que são muito importantes para um
ambiente humanizado, e com a máxima integra-
ção com o exterior e com a natureza. Quanto
mais trouxermos a natureza para os pacientes
e para o restante dos ocupantes que nele traba-
lham, mais contribuiremos para todos. Uma per-
manência melhor na recuperação dos pacien-
tes com a obtenção de ambientes agradáveis.
A humanização trata de relações, da otimização
dos ambientes com o paciente e com a vida.
Um ambiente mantendo o máximo da vegeta-
ção é reconfortante em um hospital humanizado
e sustentável.
©FábiaMercadante
“Qualidade é a ade-
quação à cultura, aos
usos e costumes de
cada época, ao am-
biente no qual a obra
se insere, à evolução
científica, tecnológica
e estética, à satisfação
das necessidades eco-
nômicas e fisiológicas,
direcionadas à razão e
emoção do homem”
Arquiteto
Siegbert
Zanettini
12 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
inovação
GREEN PAGES
12 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
A ventilação e iluminação naturais é uma ques-
tão muito particular minha. Nos hospitais há
uma grande tendência da utilização ampla de ar
condicionado, justamente por se tratar de am-
bientes muito fechados. O aproveitamento da
ventilação natural nestes ambientes reduz a utili-
zação de sistemas de ar condicionado evitando
assim que o ar de um ambiente contaminado
entre no sistema e seja distribuído para outros
ambientes. Isso não é pouco comum na maioria
dos casos. Os hospitais em que trabalho são o
mais possível abertos, bem iluminados e ventila-
dos o que permite uma maior possibilidade de
contato com o exterior. O melhor descontamina-
dor é o próprio ar com qualidade.
Outra questão importante é o cuidado com
quem trabalha no hospital. Projetar um ambien-
te que possua locais agradáveis para trabalhar
e descansar em intervalos do trabalho é funda-
mental em uma edificação hospitalar. Existem
hospitais onde não há lugar para um plantonista
descansar e acabam dormindo nos carros ou
em leitos desocupados. Um plantonista que
trabalha 48 horas precisa de condições con-
fortáveis para descanso, importantes para que
desempenhe o seu trabalho com mais produti-
vidade e mais segurança. Melhora as condições
estafantes das equipes, além de contribuir para
que o atendimento médico e da enfermagem
sejam mais facilitados. Desenvolvendo um am-
biente com estas características, além de me-
lhorar o atendimento ao paciente também cuida
da equipe que trabalha com conforto, satisfação
e bem-estar.
Como deve ser feito o consumo e trata-
mento de água e esgoto em um edifício
hospitalar?
SZ: Pensando não somente no hospital, mas
também na cidade onde o mesmo se implanta,
para este é recomendável adotar-se um sistema
de tratamento do esgoto. Jogar o esgoto hospi-
talar na rede urbana de esgoto não é recomen-
dável, pois o mesmo pode estar contaminado
com prejuízo para a rede pública. Antes de sair
da área do hospital, este esgoto deve ser trata-
do e somente depois deve ser descartado na
rede de esgoto comum.
O tratamento e reutilização de águas pluviais
através do recolhimento e do despejo em cis-
ternas de reuso também são pontos significa-
tivos. Se tivéssemos esse cuidado há alguns
anos atrás, hoje não estaríamos em São Paulo e
em outras cidades do estado com estes proble-
mas de água. Toda a água da chuva pode ser
reutilizada para atividades secundárias como
limpeza, lavagem, irrigação, bacias e mictórios
que não precisam de água potável. O reaprovei-
tamento de água de lavagem que foi usada em
áreas não contaminadas também pode ter reu-
so em atividades não destinadas aos usuários
mas para uso sanitário e usos especiais.
Bacias sanitárias com sistemas de descarga
com volume nominal ou menor, que gaste me-
nos quando você acionar a válvula, e com me-
canismo de duplo funcionamento. A que gasta
6 litros faz a mesma coisa que a de 18 litros.
Componentes economizadores de metais sani-
tários, por exemplo, acionamento automático de
torneiras, tais como arejadores, temporizadores,
esse são alguns exemplos da otimização des-
tes recursos.
Para desenvolver um projeto e execução
hospitalar é necessário seguir algumas
normas reguladoras específicas. Na opi-
nião do Sr. estas normas atendem a estas
necessidades específicas?
SZ: As normas e regulamentações deveriam
ter uma direção e um detalhamento maior. Nos
aspectos de segurança de incêndio, por exem-
plo, como desocupar um hospital no caso de
uma ocorrência de incêndio. É uma questão
séria! A maioria dos hospitais não tem rota de
fuga no fim dos corredores, pois não possuem
saídas nas extremidades. Em alguns hospitais
fizemos câmaras de segurança que possuem
elevadores especiais para cadeirantes ou pa-
cientes em macas. Sempre colocamos escadas
nas extremidades dos corredores e são alguns
dos cuidados direcionados às limitações dos
pacientes. Algumas normas não atendem as
necessidades citadas.
Hospital Mater Dei (MG)
Hospital São Luiz Anália Franco (SP)
©Divulgação©Divulgação
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inovação
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hospital da cidade, onde o terreno era fortemen-
te inclinado aproveitamos para organizar todos
os acessos, principal, do edifício, pavimento
externos, serviços, do pessoal, da oncologia,
todos separados em vários níveis cuja solução
auxiliou toda a setorização. Por exemplo, o pa-
ciente que vai fazer um tratamento oncológico
não precisa passar em outras áreas. É preciso
entender como usar cada obstáculo da melhor
maneira possível. Outra questão importante é
a orientação correta de vãos e aberturas dos
ambientes de permanência prolongada, evitan-
do voltar as faces do edifício para lados muito
quentes, úmidos e frios. É necessário projetar
o edifício com um bom zoneamento, uma boa
implantação, resolvendo problemas de acessos
e a posição da internação em relação ao movi-
mento solar e aos ventos úmidos e frios. Com a
correta implantação na morfologia do terreno e
explorar melhor todas as condicionantes locais.
Quais são as tendências e perspectivas
para o futuro no setor da construção sus-
tentável em hospitais?
SZ: Acredito que as condições de sustentabi-
lidade em hospitais, como em qualquer outra
tipologia de projeto, devem ser incorporadas
para uma sadia resposta social, econômica e
ambiental, que devemos perseguir na arquitetu-
ra. Aqui no escritório, sempre colocamos o hos-
pital em condições ótimas de sustentabilidade,
pois faz parte de uma visão contemporânea.
Alguns bons exemplos de obras hospi-
talares assinadas por Siegbert Zanettini,
incluindo obra novas e retrofits:
Hospital Moriah, SP - 2011; Hospital São Luiz -
Anália Franco, SP - 2006; Hospital São Camilo -
Pompéia; Maternidade Vila Nova Cachoeirinha,
SP - 1968; Hospital Municipal Ermelino Matara-
zzo, SP - 1985; Hospital Geral de Pedreira, SP
-1989; Atrium Hospital Albert Einstein Morumbi
- 1999; Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos -
1999; Hospital Bandeirantes, SP - 2011; Hospital
Universitário da Universidade de São Paulo, SP
- 2013; Fleury Medicina e Saúde - Unidade Aná-
lia Franco, SP - 2013; Hospital Mater Dei, Betim,
MG - 2015.
Não somente no caso de incêndios, como tam-
bém uma melhor iluminação natural para área
de internação leva ao paciente a sensação de
se sentir vivo. Ter contato com a paisagem e o
verde, é muito importante que se traga a nature-
za para dentro do hospital. Em meus projetos
sempre coloco áreas externas para descanso e
tetos verdes que contribuem para o lazer e des-
canso do paciente.
Um hospital, muitas vezes, precisa de
ambientes fechados devido às suas ne-
cessidades particulares, e por isso a uti-
lização do ar condicionado é constante.
Em quais pontos se deve ter mais aten-
ção ao instalar um sistema de ar condi-
cionado neste tipo de edificação?
SZ: O controle de infecção é uma das questões
que deve receber maior atenção em ambientes
mais críticos, como salas cirúrgicas, onde vão
os equipamentos de condicionamento com
maior controle individualizados de infecção. Os
aparelhos de ar condicionado são específicos
de cada sala, evitando cruzar o fluxo de ar com
salas vizinhas e consequentemente a contami-
nação desses outros ambientes. Iniciei há vários
anos este processo, onde cada sala cirúrgica
dos hospitais tem um equipamento de ar con-
dicionado específico. Se por qualquer motivo,
a sala é contaminada, ela é bloqueada e feita
a desinfecção, e o restante do centro cirúrgico
continua em funcionamento sem a necessidade
de isolamento de todo o centro. São soluções
que liberam o hospital de um problema e o per-
mite continuar funcionando. Ao fazer retrofit de
hospitais é preciso trabalhar o tempo todo com
o mínimo de ruídos e com intervenções progra-
madas, para não haver incômodo nas demais
áreas, porque o hospital funciona durante 24
horas.
O que é necessário para uma boa implan-
tação hospitalar?
SZ: Não é em qualquer lugar que se deve cons-
truir um hospital. A escolha do terreno é funda-
mental, para atendimento a localização do pro-
jeto. É desejável que possibilite acessos fáceis
para a chegada e a saída de ambulância de
pacientes. O Hospital Mater Dei - Unidade Con-
torno, em Belo Horizonte, considerado o melhor
Hospital São Camilo (SP)
Hospital Moriah (SP)
©Divulgação©M.Scandaroli
BRASIL
B R A S I L
GREEN
BUILDING
C
OUNCIL
Membro
16 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
projeto em destaque
talizando 22 salas cirúrgicas. “Quatro destas novas salas são inteligentes
e contam com recursos de rastreamento de imagens e integração total
aos sistemas do Hospital. Duas delas também podem transmitir imagens
de procedimentos ao vivo para o Auditório do Hospital”, explica Welling-
ton Bueno Vieira, engenheiro de obras hospitalares do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz. “Os recursos inovadores agregam qualidade, segurança
e precisão às cirurgias, além de oferecerem mais conforto às equipes
médicas. Um exemplo disso são os focos cirúrgicos, todos de LED, que
melhoram a iluminação”, salienta o engenheiro.
Na UTI, assim como no Centro Cirúrgico, as salas e os leitos possuem
sistema de integração e mobilidade, permitindo ao cirurgião o melhor
posicionamento do paciente e da equipe nas amplas salas, beneficiando
o trânsito de profissionais em casos de emergência. No total, incluindo
as estruturas já existentes na Torre B, são 44 leitos de UTI.“Em uma obra
hospitalar as parcerias são necessárias para o desenvolvimento do pro-
jeto. Ainda temos que levar em consideração que durante o período da
obra os equipamentos vão evoluindo tecnicamente e esta comunicação
com os parceiros e equipes tem que ser rotineira para evitar retrabalho
do momento da chegada dos equipamentos. A atuação conjunta da En-
genharia do Hospital e das empresas de fornecimento de equipamentos
médico/hospitalares contribui de forma expressiva para ajuste das so-
luções, ou seja, são muitos profissionais envolvidos, inclusive o próprio
corpo clínico do hospital e pacientes coexistindo durante uma obra de
E
m junho de 2015, a nova Torre E do Hospital Alemão Oswal-
do Cruz, recebeu a certificação LEED nível Gold na categoria
New Construction. Considerado um dos maiores centros hos-
pitalares da América Latina, o Hospital adere aos conceitos
de sustentabilidade que garantem redução no consumo dos
recursos naturais, eficiência hídrica e energética, conforto, saúde e bem-
-estar dos usuários, melhor gestão dos resíduos e utilização de materiais
ecologicamente corretos, além de avançar no sentido da responsabilida-
de socioambiental com a campanha ‘Feche a torneira, abra uma ideia!’.
A ampliação do complexo acrescentou 29.500 metros quadrados cons-
truídos ao complexo hospitalar, sendo necessário um investimento de
cerca de R$ 240 milhões. A construção da Torre E ampliou o número de
leitos do hospital de 255 para 371. O novo auditório possui capacidade
para 200 pessoas, o que melhorou muito o espaço tanto para o público
interno como para os visitantes. A nova torre possui cinco subsolos que
ganharam novas vagas de garagem, possibilitando distribuir melhor o
fluxo de veículos internamente e nas vias do entorno. Além disso, há um
andar técnico que abriga equipamentos de infraestrutura, facilitando sua
manutenção. Neste andar, foi feito o isolamento acústico, atenuando o
ruído emitido para o exterior do edifício.
O novo Centro Cirúrgico possui nove modernas salas, equipadas para a
realização de procedimentos de alta complexidade, que através de uma
interligação física, complementa o outro Centro Cirúrgico da Torre B, to-
Referência em
serviços de alta
complexidade, o
Hospital Alemão
Oswaldo Cruz
recebe LEED
NC Gold
Fotos:DivulgaçãoHospitalOswaldoCruz
revistagbcbrasil.com.br 17dez/15-jan/16
projeto em destaque
Projeto:
Hospital Oswaldo Cruz - Ampliação
Torre E 	
Localização:
São Paulo - SP
Cliente/proprietário:
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Área construída:
29.500 m² - Torre E
Número de Leitos Novos:
116
Certificação:
30/06/2015
Sistema e Nível da Certificação:
LEED NC - Gold
Arquitetura:
Botti Rubin Arquitetos Associados
Construtora:
Racional Engenharia
Consultoria de sustentabilidade:
CTE
Gerenciamento, Elétrica, Hidráulica e
Ar Condicionado:
MHA Engenharia
Sistema de Ar Condicionado:
Ergo Engenharia
tamanha magnitude”, afirma Wellington Bueno Vieira.
Visando melhor fluidez nas áreas da nova Torre foi construído o túnel
de interligação entre todos os edifícios do complexo. “Tal comunicação
permitiu que tivéssemos acesso direto às Docas de Recebimento, à Far-
mácia Central, à Rouparia e ao Serviço de Nutrição”, pontua Wellington.
Além disso, foi reduzido o fluxo pelas demais portarias com a criação da
uma entrada exclusiva de veículos na Torre E, hoje utilizada para entra-
da de veículos dos médicos, que permite a instalação do Departamento
de Relacionamento Médico logo à sua entrada. Também foi realizada a
construção de um fluxo direto entre os antigos e novos Centros Cirúr-
gicos e UTIs, B e E respectivamente. O auditório locado no 1º subsolo
da Torre E, facilitou significativamente o acesso, uma vez que este era
localizado no 14º andar da Torre B.
Responsabilidade socioambiental
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, um dos maiores centros hospitalares
da América Latina e referência em serviços de alta complexidade, abriu
espaço para a discussão sobre o uso consciente da água, buscando
promover uma mudança no comportamento da sociedade. Para isso, a
instituição lançou a campanha “Feche a torneira, abra uma ideia”, que
premiou a melhor iniciativa de uso consciente da água. A campanha foi
feita junto a colaboradores, pacientes, fornecedores e a comunidade em
torno do complexo hospitalar. O objetivo foi motivar as pessoas a vive-
rem de forma mais sustentável, aproveitando melhor recursos cada vez
mais escassos, como a água.
“Os interessados enviaram uma breve descrição do processo de implan-
tação, foto e os indicadores de redução obtidos. As iniciativas inscritas
foram avaliadas por um grupo de especialistas que analisaram: aplica-
bilidade, investimentos, economia e impacto na comunidade. Adicional
a isso, são feitas constantes campanhas de conscientização em relação
ao uso da água nas áreas comuns, refeitório e vestiários. Também, foi
reduzida a pressão da água em torneiras e chuveiros, e reduzida a frequ-
ência de lavação de áreas comuns (substituída por varrição). Além disso,
palestras de conscientização são feitas com gestores, colaboradores e
comunidade externa”, destaca Wellington.
A campanha ocorreu no dia 30 de setembro e os interessados enviaram
sugestões de projetos já implantados e bem-sucedidos no uso racional
da água. A instituição premiou o autor do melhor projeto com uma via-
gem com acompanhante.
Sustentabilidade
As estratégias sustentáveis adotadas na construção da ampliação do
hospital contemplaram o uso racional no consumo de água, otimiza-
ção da eficiência energética, proibição do uso de CFC, uso de energia
renovável, gestão correta dos resíduos de obra, utilização de madeira
certificada e plano de controle da qualidade do ar.
Hospital Oswaldo Cruz investe cerca de
R$ 240 milhões para construção e imple-
mentação de medidas sustentáveis para
expansão do complexo hospitalar e lança
campanha de conscientização para esti-
mular o uso racional da água
18 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
projeto em destaque
Através da instalação de dispositivos economizadores foi possível redu-
zir em 21% o consumo de água. Priorizou-se também o reuso de águas
pluviais e de drenagem da parede diafragma nas bacias e mictórios,
além do reuso para irrigação de jardins.
A construção também contemplou o uso de energia renovável através
da utilização de placas solares, permitindo uma redução no custo anual
de energia em pelo menos 1%. Visando ainda a redução de energia foi
realizada simulação energética durante o projeto com a implantação de
sistemas de ar condicionado eficiente, painéis solares, vidros eficientes,
elevadores, luminárias, entre outros.
Na gestão de resíduos da construção foi definido o descarte correto para
áreas devidamente licenciadas. Os resíduos gerados durante a obra fo-
ram destinados para áreas de transbordo e triagem (ATT) e/ou reaprovei-
tados na obra. Com isso, 75% do resíduos gerados foram desviados de
aterros. Outros cuidados foram tomados, desde a escolha apropriada do
terreno e local de construção até a gestão de resíduos da obra. “Na oca-
sião, a gerenciadora do projeto – MHA Engenharia – organizou a obra em
três diferentes fases: o contrato de demolição das edificações existentes
na área da ampliação, o contrato de execução das paredes diafragmas e
o contrato com a construtora para a execução de toda a edificação-civil
e instalações”, afirma Wellington Vieira. “Para minimizar o ruído gerado
em grandes obras como esta, por determinado tempo, foi necessário
enclausurar o motor da grua que trabalhava durante a noite, mesmo com
o motor trabalhando na menor rotação possível. A carga e descarga de
quase todo material foi feita durante a noite e madrugada, o que exigiu
um grande envolvimento da vizinhança e, inclusive, do público do próprio
hospital, já que a obra estava muito próxima do Centro Cirúrgico e UTI,
ambos em plena atividade”, complementa. Em razão da maior parte das
edificações vizinhas terem mais de 60 anos, também foram cuidadosa-
mente projetados serviços de contenção para estas áreas.
Todos os materiais empregados na obra foram previamente aprovados,
verificando-se os limites previstos pelo LEED para COV (Composto Orgâ-
nico Volátil) em adesivos, selantes, tintas, revestimentos e pisos, uso de
madeira certificada FSC (Conselho de Manejo Florestal), além da não uti-
lização de gás refrigerante à base de CFC (clorofluorcarbono) nos equi-
pamentos do sistema de condicionamento de ar. Para esta aprovação
foram apresentadas as declarações ambientas dos fabricantes.
Conforto, saúde e bem-estar para os usuários
Para garantir a qualidade do ar foram instalados equipamentos com finali-
dade exclusiva de pré-tratamento do ar exterior, que abastece os fancoils
de cada sala cirúrgica. “O ar externo é filtrado, resfriado e depois segue
para os equipamentos, onde é novamente filtrado e climatizado”, detalha
o engenheiro. Nos quartos de isolamento também foram instalados filtros
HEPAS logo antes do difusor de ar para garantir que qualquer impureza,
mesmo aquela que pode se prender nos dutos, não chegue até os aparta-
mentos. O hospital também conta com um plano de manutenção preven-
tiva dos equipamentos para garantir que estejam em boa operação e com
o funcionamento dentro dos padrões de projeto. “Realizamos a análise
de qualidade em todo o complexo e a certificação de áreas, como o cen-
tro cirúrgico e leitos de pacientes em isolamento” ressalta o engenheiro.
“Desta forma, garantimos os padrões necessários em relação ao sistema
de ar condicionado, quanto às questões de controle de fungos, bactérias,
limpeza do ar, umidade e temperatura”, conclui.
Relação com o entorno
As certificações LEED são grandes aliadas na redução de custos, tanto
na execução da obra, quanto na operação do hospital. Além disso, contri-
buem para o conforto interno de pacientes, funcionários e da comunida-
de no entorno da instituição. Outro ponto a ser observado diz respeito à
valorização do empreendimento. Durante a obra foram tomados diversos
cuidados: a lavagem dos pneus dos caminhões, descarte controlado de
material, áreas específicas para lavagem dos pincéis, utilização de ma-
teriais com emissão de COV (compostos orgânicos voláteis) controlado,
entre outros. O acesso de veículos e pedestres foi distribuído de maneira
correta para não sobrecarregar as vias marginais ao hospital. Também,
em atendimento ao Aditivo do TCA 164/2009 da SVMA da PMSP (Prefei-
tura Municipal de São Paulo), foi feito o plantio de 20 mudas de árvores
nativas DAP 5 na calçada e entrada da Torre E, à Rua Santa Ernestina.
Com o intuito de reduzir o fluxo de veículos na região, o Hospital Alemão
Oswaldo Cruz conta com um bicicletário e vestiário exclusivo para os seus
usuários. Também foram implementadas vagas exclusivas para veículos
classificados como baixo emissor de poluentes e baixo consumidor de
combustível, além disso, foram adotadas medidas para redução das ilhas
de calor minimizando o impacto no micro clima e no ambiente urbano.
Wellington Bueno Vieira,
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
©BrunoMarinho
revistagbcbrasil.com.br 19dez/15-jan/16
projeto em destaque
Redução de 21%no consumo de
água com dispositivos economizadores
Redução de 1%do custo anual de
energia total do edifício
75%de resíduos de obra desviados
de aterro
Plantio de 20mudas nativas na
entrada da Torre E
Instituição de referência no atendimento humani-
zado e personalizado
Segundo Wellington Vieira, a instituição investe constantemente no apri-
moramento das suas instalações, o que incluiu o projeto da Torre E. Pen-
sando em como ofertar um atendimento de excelência, o hospital promo-
veu durante 40 dias consecutivos, treinamento técnico e comportamental
para profissionais das áreas assistenciais recém-admitidos para atuar
nas Unidades de Internação deste prédio. O engenheiro enfatiza que
esta equipe dedicou-se integralmente a esta preparação, enquanto eram
estimulados a um convívio mais prolongado, proporcionando uma pers-
pectiva transformadora na relação entre eles e, consequentemente, com
os pacientes e familiares. “Quando um grupo concluía o treinamento,
outro começava, e assim sucessivamente. Além disso, outras equipes
assistenciais que já integravam o quadro de colaboradores do hospital,
também passaram por esta formação em serviço. Este trabalho foi em-
basado por conceitos de um modelo assistencial onde paciente e família
são o centro da atenção na assistência à saúde".
Importante ressaltar que para ofertar os melhores resultados, o Hospi-
tal conta com um corpo clínico e assistencial de excelência. O modelo
assistencial do Hospital foi apresentado durante o III Congresso Interna-
cional de Acreditação realizado pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação
(CBA) – representante exclusivo da Joint Commission International no
Brasil, uma das mais importantes certificadoras de saúde no mundo –
tendo sido premiado em primeiro lugar.
Parceria e equipe multidisciplinar
Para o desenvolvimento de um projeto com esta amplitude e comple-
xidade foi necessária a parceria e completa integração das diversas
equipes envolvidas. Ao todo, nestes quase 30 mil metros quadrados de
construção, estiveram envolvidos uma quantidade significativa de profis-
sionais especializados para o desenvolvimento do projeto e consultoria
(17 empresas) e execução da obra (mais de 50 empresas contratadas e
subcontratadas).
O CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) foi a consultoria respon-
sável pela obtenção do LEED. A MHA Engenharia realizou os projetos
complementares do novo prédio, sendo responsável por todo sistema
elétrico, hidráulico, ar-condicionado e sistemas eletrônicos, além de ser
responsável, também, pelo gerenciamento da obra, liderada pela Eng.
Marcia Cristina Brandão, gerente de projetos da MHA. O projeto arquite-
tônico foi desenvolvido pela Botti Rubin Arquitetos Associados. A Racio-
nal Engenharia também foi parceira no projeto com a execução a obra.
A Ergo Engenharia forneceu para o Hospital Alemão Oswaldo Cruz o
sistema de ar condicionado.
De acordo com Wellington o projeto já nasceu para ser um edifício sus-
tentável e para a obtenção da certificação LEED. “Valeu a pena! Hoje,
o edifício conta com sistema de reuso de água, sensores de presença
que acionam a iluminação nas circulações, bicicletário e vestiário para o
colaborador, iluminação natural em quase 100% das áreas incluindo UTI
e Centro Cirúrgico, entre outros. O título de uma obra sustentável carac-
teriza um empreendimento valorizado, que economiza recursos naturais
energéticos e promove conforto interno aos seus ocupantes, além da
comunidade no entorno da instituição”, finaliza.
Fotos:DivulgaçãoHospitalOswaldoCruz
20 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
inovação
O
cenário atual em relação
ao consumo da água é
um dos tópicos de maior
importância na socieda-
de atual. O avanço da
crise hídrica vem toman-
do proporções significa-
tivas devido à alta demanda deste insumo em
todas as esferas. Estudos da ONU (Organi-
zação das Nações Unidas) mostram que um
cenário crítico para a disponibilidade hídrica
de uma região corresponde a 1500 m³ por ha-
bitante/ano, a bacia do Alto Tietê, na qual a re-
gião metropolitana de São Paulo se encontra,
apresenta uma disponibilidade hídrica de 200
m³ por habitante/ano, o que corresponderia a
um cenário de estresse hídrico acentuado. A
disponibilidade hídrica considerada ideal para
uma região corresponde a 2.500 a 20.000 m³
por habitante/ano.
Um dos principais fatores responsáveis por
esse cenário é o crescimento acentuado da
população, principalmente nos grandes cen-
tros urbanos, associado ainda a um geren-
ciamento inadequado dos recursos hídricos.
Esse fator contribui para o aumento do aden-
samento das cidades e por consequência
da verticalização das construções. Conforme
dados da SABESP, o consumo humano, hoje,
é responsável por mais de 80% da demanda
de água na RMSP, sendo estimado que numa
residência unifamiliar temos um consumo mé-
dio de 150 litros por pessoa/dia, enquanto que
para uma unidade multifamiliar este consumo
aumenta para 220 litros por pessoa/dia. Com
isso observamos um grande incremento na
demanda por água nos grandes centros ur-
Programa Água
de Valor
rios de obra e cadeia de suprimentos. “O pro-
jeto foi desenvolvido junto aos funcionários,
numa ação cujo objetivo era de engajá-los
em todo processo. Parte também importante
deste processo são os fornecedores, pois a
falta de gestão da água em seus processos
internos podem afetar as atividades que estão
sendo desenvolvidas no canteiro de obra de
forma a comprometer produto final. Por isso
é necessário que a gestão estratégica englo-
be todas as áreas inclusive os fornecedores”,
destaca Carla Bordini, engenheira ambiental
da Infinitytech.
A gestão estratégica da água, além de englo-
bar o negócio como um todo, tem uma visão
abrangente e integrada da água, avaliamos as
pressões nas bacias hidrográficas, a infraes-
trutura local, a ações integradas da gestão de
demanda e da oferta de água, com o intuito de
melhorar gestão da água nas operações da
empresa, trazendo além do benefício do uso de
maneira responsável, a redução dos impactos
e conflitos relacionados à gestão da água nas
regiões de sua atuação; visando garantir além
da disponibilidade de água em suas opera-
ções, a redução dos custos relacionados a este
insumo em seus negócios/operações.
De acordo com Virgínia Sodré, diretora da Infi-
nitytech, o primeiro passo é a conscientização
das empresas, fazer com que haja um enten-
dimento da necessidade de um planejamento
no uso da água durante toda a sua cadeia de
negócio, desde a escolha do terreno, planeja-
mento do produto, construção até a entrega da
edificação. O segundo passo é a realização do
diagnóstico para entender a real e atual situa-
ção da empresa bem como seus processos
Programa apresenta gestão estratégica da
água como solução mitigadora de impactos no
consumo de água a nível macro, meso e micro
banos, que vem aumentando as pressões por
novas infraestruturas e pela exploração de no-
vos mananciais.
A água é um insumo essencial para o processo
de produção na indústria da construção civil,
o consumo da água acontece de forma direta
para a produção e consumo humano, como in-
diretamente, através dos processos desenvolvi-
dos por sua cadeia de suprimentos.
Pensando em uma maneira eficaz de estabele-
cer a gestão da água na construção civil, a con-
sultoria de engenharia e meio ambiente Infini-
tytech desenvolveu o Programa Água de Valor,
projeto que visa o uso sustentável e a gestão
estratégica da água na obra, aumentando a re-
siliência das empresas do setor a atuarem em
cenários cada vez mais adversos. O principal
objetivo deste programa é garantir a redução
do consumo de água e a minimização dos ris-
cos relacionados à água nas operações da em-
presa e nos seus novos negócios. Dessa forma
busca-se também a implantação de ações que
trazem uma menor dependência deste recurso
nos processos construtivos da empresa, con-
tribuindo junto aos demais atores competentes
para melhoria da segurança hídrica nas regiões
onde atua e auxiliando no desenvolvimento da
infraestrutura local dessas regiões.
Em parceria com a CCDI (Camargo Correia
Desenvolvimento Imobiliário), o programa foi
implantado em seis empreendimentos da em-
presa. O trabalho foi desenvolvido visando à
integração de todas as áreas de atuação da
companhia e fornecedores. Para promover
um engajamento integrado foram realizados
workshops, campanhas de conscientização
abrangendo todas as áreas, inclusive operá-
Virgínia Sodré
Fotos:Infinitytech
revistagbcbrasil.com.br 21dez/15-jan/16
inovação
em relação a esta temática. “Este trabalho ini-
cial foi um dos maiores desafios. A identificação
e análise da região para verificar a tendência de
alagamentos, como estão as pressões e a po-
luição do entorno, se existe tratamento de es-
goto, se há o abastecimento de água pela com-
panhia ou se houve rodízio de abastecimento
dos sistemas de distribuição. Tudo isso entra
neste diagnóstico e influencia no planejamento
estratégico e na tomada de decisão”, pontua.
Pensando nisso foi desenvolvido um estudo
que aborda de forma global todos os níveis da
gestão da água que influenciam no desenvol-
vimento do negócio e na gestão da água. Foi
desenvolvida uma visão abrangente da água,
diagnosticando os cenários críticos em rela-
ção à gestão da água e levando a uma leitura
estratégica das carências e potencialidades
socioeconômicas e ambientais das regiões
onde a Incorporadora já atua e irá atuar. Uma
ação pioneira envolvendo os níveis MACRO,
MESO e MICRO da gestão.
Foram avaliadas a nível MACRO as bacias hi-
drográficas que fazem parte das regiões de
atuação da CCDI, avaliando os principais pro-
blemas e conflitos relacionados à gestão da
água nessas regiões. A nível MESO foram diag-
nosticadas a infraestrutura existente, como está
o serviço de atendimento ao saneamento am-
biental (nas questões relacionadas ao abaste-
cimento de água, ao esgotamento sanitário e a
drenagem das águas pluviais) e a nível MICRO
foram identificados os principais pontos críticos
relacionados à gestão e uso da água na opera-
ção e nos produtos (destaca-se como produtos
os empreendimentos que serão comercializa-
dos, seja comercial ou residencial, que entre-
vidades desenvolvidas no escritório, copa, ves-
tiários e refeitório. Já o consumo relacionado
à produção encontra-se subdividido em mais
duas vertentes, em uma delas a água é vista
como um “componente” do processo e na outra
é utilizada como “ferramentas” de processos.
Na divisão de componentes são analisados
processos como cura de concreto, fabricação
de argamassa, irrigação, fabricação de gesso,
cimento, além da fabricação do concreto por
terceiros, ou seja, a cadeia de suprimentos. A
divisão ferramentas engloba lavagem de ruas,
lava rodas, cuidado com o entorno, testes hi-
drostáticos e de impermeabilização, processos
os quais aumentam significativamente o con-
sumo de água. “Trabalhamos esta visão micro
atuando conforme as etapas de segmentação
das obras. Nas obras da CCDI foram aborda-
das quatro etapas: mobilização de canteiro, su-
perestrutura, acabamento e pintura e limpeza
no final da obra”, afirma Carla Bordini.
Análise de Riscos
Como uma peça fundamental para a realiza-
ção do planejamento estratégico é de extrema
importância a avaliação dos riscos relacio-
nados à gestão da água, fase importante do
programa Água de Valor, pois esta percepção
de riscos se configura como um dos principais
motivadores para o engajamento das organi-
zações na busca por estratégias de redução
do consumo de água. “Este planejamento
não é somente em relação à redução do con-
sumo em si, mas também abrange a neces-
sidade de se analisar os riscos. O sentido é
fazer algo planejado, com a implantação de
ações mitigadoras para os riscos mapeados,
eliminando as soluções ‘caseiras’, que muitas
vezes podem até trazer uma redução do con-
sumo de água, mas expondo, por exemplo,
os usuários dos sistemas a um risco sanitário
elevado. Precisamos trazer a eficiência hídrica
na produção minimizando os riscos da ope-
ração”, justifica Virgínia Sodré. Neste contexto
são avaliados riscos operacionais, financeiros,
reputacionais, regulatórios e ao produto.
Os riscos operacionais envolvem a operação
geral da obra, tais como impactos na produ-
ção por escassez de água; falta de confiabili-
dade no fornecimento, tanto para o uso direto
como na cadeia de suprimentos; paralisação
da produção pela falta do recurso; além dos
problemas causados à saúde dos operários
devido à possível contaminação da água. Os
riscos financeiros são aqueles que causam
gará a região um novo consumidor potencial de
água e gerador de efluentes). Engloba-se aqui
todo o processo construtivo dentro do canteiro,
ou seja, a gestão da água por m³. “Este proces-
so nasce com a escolha do terreno, onde estou
atuando e qual bacia atende a região na qual
estou construindo. Após esta etapa, verifica-se
a questão do entorno, da infraestrutura sanitária
existente, das pressões por água, entre outros.
Estes aspectos mapeados entram no plane-
jamento da obra e, muitas vezes, são aliados
no desenvolvimento urbano das cidades. Em
alguns casos a construtora é obrigada a investir
em infraestrutura, como implantar a infraestrutu-
ra de abastecimento de água, coleta de esgoto
e drenagem como uma contrapartida para libe-
ração da obra. A nível micro trabalhamos com
ações de redução de forma segmentada, ado-
tando estratégias de monitoramento deste con-
sumo, instalação de sistemas e processos com
o foco na gestão e na eficiência do consumo.
Percebemos que muitas empresas ainda não
se atentaram para esta questão. Então nos dois
primeiros meses de implantação, o trabalho
que foi realizado abordou muito a conscientiza-
ção e a necessidade urgente de repensarmos
a forma como gerimos a água, explicando os
problemas relacionados a gestão da água do
entorno, e como o entendimento da gestão a
nível MACRO, MESO, MICRO pode trazer um
melhor planejamento de gestão para as empre-
sas”, explica Virgínia.
Ainda dentro do canteiro de obras, o processo
foi diversificado em dois segmentos: consumo
humano e consumo produção. Segundo Carla
Bordini, engenheira ambiental da Infinitytech, o
consumo humano pode ser observado nas ati-
22 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
inovação
planejamento, agregada ao estado de escas-
sez dos mananciais que abastecem a Macro
Metrópole, bem como o aumento populacio-
nal, direciona o país para um cenário crítico.
Segundo a engenheira somente a demanda
do consumo urbano tem previsão de cresci-
mento de 17 m³ por segundo na Macrome-
trópole do estado de São Paulo nos próximos
vinte anos, com a previsão de aumento de
4,2 milhões pessoas. “O principal objetivo do
planejamento estratégico de água é preparar
a empresa para o inevitável. Temos que com
muita urgência adotarmos a eficiência do uso
da água na construção civil, precisamos gerir
a água na obra e lançarmos prédios eficien-
tes, os grandes centros urbanos do Brasil já
sofrem com escassez real de água. Pode ser
que o próprio Governo comece a restringir a
opção de novos lançamentos em regiões com
estresse hídrico; este cenário não está muito
distante”, alerta Virgínia.
A ideia de integrar pessoas, departamentos,
fornecedores através de conscientização e co-
nhecimento de todas as complexidades dos
processos é corroborada pela parceria que
a Infinitytech iniciou com o Sinduscon (Sindi-
cato da Indústria da Construção Civil) em um
projeto que visa amplificar e disseminar o pro-
grama para as demais empresas, contribuindo
de forma geral para mitigação dos impactos
relacionados à água e a melhoria da gestão
em si. “Acreditamos muito nesse trabalho e
nos benefícios que este pode trazer para as
empresas, temos como desejo que mais em-
presas possam ter acesso a esta metodologia
que desenvolvemos e que possamos direta
ou indiretamente melhorar a gestão efetiva da
água no setor da construção. Para o futuro vis-
lumbramos trabalhar na avaliação da gestão
da água na cadeia de fornecedores, hoje está
se iniciando no Brasil estudos relacionados à
avaliação do ciclo de vida dos materiais, e um
dos pontos abordados por estes estudos é a
gestão da água. Dessa forma observamos que
o setor da construção tanto local como a nível
internacional está se preparando para uma vi-
são mais abrangente da gestão da água, tanto
para produção industrial dos produtos e insu-
mos utilizados na obra, como na execução em
si do processo construtivo. E nós como con-
sultoria ambiental, queremos auxiliar o setor
a ter uma visão efetiva dessa gestão da água
integrada como um todo”, conclui Virgínia.
prejuízos por alguns fatores como impostos
multas e processos judiciais por contamina-
ção de funcionários, fornecimento por sistemas
inadequados, aumento do custo da água. Para
Virgínia esta questão pode trazer prejuízos finan-
ceiros reais, “O caminhão pipa muito usado pela
maioria das construtoras em obras, aumentou o
seu custo em 275% nos últimos dois anos. Estão
sendo criadas leis municipais tais como a lei pro-
mulgada na cidade de São Paulo, aprovada nes-
se ano, que penaliza em R$1.000,00 quem for
pego lavando veículos ou calçadas com água
potável”, ressalta a engenheira. Já os riscos re-
putacionais norteiam a credibilidade da empresa
em relação ao mercado e clientes. A má gestão
da água contribui para exposição de negativa da
imagem da empresa, desgaste das relações co-
merciais, além de restrições de novos produtos.
Perfuração de poços sem outorga, não cumpri-
mento de regulamentações ambientais, entre
outros, podem acarretar em prejuízos à em-
presa perante a lei, como, por exemplo, taxas,
processos legais, restrição no fornecimento de
água, dificuldade para liberação de outorgas,
além de autuações ambientais. Todos estes
riscos podem causar a perda de competitivi-
dade, falha de gestão, restrição de novos lan-
çamentos, assim como a rejeição por parte do
consumidor. “Neste trabalho, integramos estes
riscos relacionando-os a todas as dificuldades
do projeto, entre os grupos da empresa, área
de negócios, obras, planejamento, qualidade,
produtos. Trabalhamos com uma mescla de
funcionários da empresa, com perfis distintos
para realizarmos em conjunto a análise de ris-
cos da empresa (CCDI). Neste trabalho fomos
mediadores nas estratégias, mas os riscos fo-
ram definidos por eles”, afirma Virgínia Sodré.
Ações mitigadoras e oportunidades
A avaliação dos riscos em todos os processos
construtivos contribui para uma análise apro-
fundada dos impactos inerentes à obra, pos-
sibilitando ações adequadas e promovendo
a visualização de oportunidade de negócios.
A definição destas ações, através do planeja-
mento estratégico de gestão da água, permitiu
a CCDI vislumbrar possíveis oportunidades, as
quais englobam aumento de competitividade,
fortalecimento da cadeia de valor, parcerias,
obtenção de recursos e incentivos e implanta-
ção de novas tecnologias associadas à redu-
ção dos custos operacionais, além do reconhe-
cimento socioambiental frente ao mercado e a
seus clientes.
As ações para redução do consumo da água
nas obras abordam vertentes econômicas, so-
ciais e tecnológicas. Em um panorama geral,
este plano de ação baseia-se em campanhas
de conscientização, novos sistemas construti-
vos, fontes alternativas como reúso e aprovei-
tamento de água de chuva e campanhas edu-
cativas para os profissionais envolvidos. Além
disso, foram definidas ações específicas de
acordo com as características e necessidades
de cada obra relativas às áreas de consumo
humano, produção, abastecimento e produto.
Uma das ações que mais se destaca pelo ex-
celente potencial de monitoramento e redução
de uso da água é a instalação de hidrômetros
por etapas da obra, o que permite um contro-
le elevado do consumo por metro quadrado
a cada fase. Contribuindo também para uma
melhor gestão do recurso, reduzindo custos
e otimizando o processo como um todo. Foi
elaborada uma planilha de cálculo na qual são
inseridos dados de consumo de cada fase do
processo construtivo, colaborando ainda mais
para esta gestão, bem como para a criação de
um benchmark para a incorporadora.
A estratégia de medição setorizada através da
instalação dos hidrômetros nas obras foi uma
solução definida pelos próprios gestores de
obras. A metodologia utilizada foi a divisão dos
hidrômetros por abastecimento de água pela
rede pública, escritórios e vestiários, por torres
e, consequentemente, por fases ou andares
construídos. “O objetivo é implantar no primeiro
andar, monitorar e setorizar os consumos. Con-
forme a evolução da obra, o hidrômetro é mo-
vido para os andares que estão sendo traba-
lhados continuando com o mesmo processo.
Atuamos em seis empreendimentos da CCDI
criando uma guia de ações para cada obra.
Criando uma padronização da gestão, de for-
ma a controlarmos o consumo da água por m³
e por fase de obra”, garante Virgínia Sodré.
Além dos benefícios ambientais, sociais e eco-
nômicos que o programa proporciona, é pos-
sível quantificar a pegada hídrica da obra, que
permite avaliar o consumo direto e indireto da
obra, ou seja, tanto o relativo à obra quanto
da cadeia de suprimentos “ Era necessário de-
senvolver uma ferramenta de gestão que con-
siderasse o consumo de água em toda cadeia
produtiva, e que possibilitasse seu monitora-
mento. Então fomos à busca de ferramentas
internacionais que pudessem nos fornecer
isso”, esclarece Carla Bordini.
Para Virgínia Sodré, o cenário atual em relação
à água é preocupante. A falta de gestão e de
24 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
tendências
O Brasil tem avançado de maneira significativa nas questões de sustentabilidade dentro da construção civil
nos últimos dez anos, ocupando hoje uma posição de destaque entre os principais países em número de
projetos certificados no mundo. Neste período tivemos fortes avanços no desenvolvimento de projetos, ma-
teriais e tecnologias sustentáveis e na execução de obras atendendo às diretrizes da construção sustentável.
O portfolio de empreendimentos gerados e os nossos canteiros de obras não devem nada aos de países
desenvolvidos.
Porém, mesmo com estes significativos avanços, o mercado ainda não foi capaz de formar profissionais
qualificados para a gestão do uso e operação das tecnologias de ponta empregadas nestes empreendimen-
tos certificados. Desta forma, o que ocorre hoje é que muitos dos empreendimentos que foram certificados,
não estão tendo o desempenho previsto no momento de sua concepção, gerando o que conhecemos por
desperdício tecnológico. Com os crescentes aumentos nas tarifas de água e energia praticados recente-
mente, e ainda previstos para os próximos anos, é fundamental que a operação destas edificações seja ajus-
tada para que estes edifícios possam ter um desempenho sustentável ao longo da sua vida útil, oferecendo
assim todos os benefícios das tecnologias neles implantadas.
Além da necessidade desse avanço na operação sustentável dos empreendimentos, creio que nos pró-
ximos anos, a sustentabilidade na construção do Brasil vai consolidar as conquistas obtidas em projetos
e canteiros de obras e ampliar o escopo da sustentabilidade para os demais elos da cadeia produtiva,
envolvendo a fabricação de materiais, o desenvolvimento da inovação de produtos, a logística reversa, a
economia circular, a responsabilidade social e uma forte campanha de educação dos consumidores e da
sociedade, ressaltando os benefícios econômicos, ambientais e sociais da sustentabilidade.
Roberto de Souza
Diretor Presidente do CTE
Tendências2016O Brasil tem enfrentado diversos problemas relacionados às crises hídrica e energética,
mesmo com um alto potencial e recursos para o desenvolvimento de fontes de energias
renováveis.
Além disso, temos acompanhado a evolução do desmatamento, da poluição e o cresci-
mento das emissões de gases de efeito estufa. Por outro lado, a construção sustentável
tem avançado significativamente nos últimos 10 anos, sendo crescente o número de em-
preendimentos certificados e o engajamento das organizações e empresas brasileiras do
setor da construção civil tem sido de extrema importância para estes avanços.
Em meio a esse cenário nacional, diversos especialistas falam sobre as suas expectativas
para 2016.
©CTE
revistagbcbrasil.com.br 25dez/15-jan/16
tendências
O mercado de construção sustentável vai continuar se expandindo em 2016 apesar da redução da velocida-
de da economia, pois ele faz sentido e as empresas terão que buscar economias em seu custo de operar.
Como sabemos 50% da energia elétrica produzida no Brasil é destinado as edificações e os sistemas de ar
condicionado representa de 60 a 70% do consumo de energia de um edifício.
Com a tecnologia disponível hoje em termos de equipamentos, sistemas e controles podemos reduzir o
consumo dos sistemas de ar condicionado em 40 a 50% e dessa forma buscar uma redução significativa no
consumo de energia tem que passar pelo sistema de ar condicionado.
A busca por eficiência será ampliada face a redução na economia e as empresas terão que reduzir seus
custos para operar de forma mais eficiente
A redução no consumo de energia normalmente também reduz o consumo de agua e ambas são muito
importante.
Manoel Gameiro
Vice Presidente de Eficiência Energética da ABRAVA
A sustentabilidade, em qualquer setor produtivo, tem a tendência natural de se estabelecer, seja nas pe-
quenas ou grandes empresas, em qualquer lugar do mundo. Na construção civil isto não é diferente. As
construções sustentáveis estão relacionadas à eficiência nos processos, aumento de produtividade, ou seja,
é construir mais com menos. É fundamental a redução dos custos da empresa, visto que estamos em mer-
cado cada vez mais competitivo. Além disto, temos observado, felizmente, a formação de um consumidor
cada vez mais consciente de suas escolhas, e que prioriza a compra de produtos com viés de sustentabi-
lidade, mesmo que por vezes paguem um pouco mais por isto. Não é mais viável para as sociedades, do
ponto de vista da preservação e disponibilidade dos recursos naturais, manter os altos níveis de exploração
de matéria-prima e de desperdício. Vejo o mercado da construção civil dar um passo importante em toda a
sua história, em busca da sustentabilidade no setor. Além da redução de custos, as construções sustentá-
veis estão associadas ao uso racional da água potável, eficiência energética, gestão correta dos resíduos,
qualidade de vida para quem trabalha ou reside nestas edificações. O mercado de construções sustentáveis
já é uma realidade. Terá vantagens aqueles que assim fizerem e derem o passo à frente.
Serapião Bispo Ferreira Neto
Diretor de Ciência e Tecnologia do Sinduscon/PE
Coordenador do Movimento Vida Sustentável –MVS
A Construção Civil tem, em seus diversos setores, se aproximado cada vez mais da Sustentabilidade, através
de soluções e novas tecnologias que buscam reduzir impactos ao ambiente. A atenção e os esforços em
relação à eficiência no uso da água e da eletricidade só devem aumentar, diante das condições de cresci-
mento populacional das grandes cidades, das adversidades climáticas, da disponibilidade, acesso e custos
destes insumos. Com isso, espera-se que o emprego de soluções eficientes, tanto em novos edifícios como
em edifícios que estejam em reforma, seja intensificado em 2016 e nos próximos anos. Mas certamente o ca-
minho para uma Construção Civil de fato Sustentável ainda é longo. Temos ainda adaptado muitas soluções,
tornando-as menos impactantes, mas devemos intensificar o emprego da inovação no desenvolvimento de
novas tecnologias, para que sejam eficazes e não somente mitigadoras ou de menor impacto. Além disso,
é de suma importância que a especificação e compra destas tecnologias e soluções sustentáveis seja reali-
zada com olhar sistêmico, avaliando efetividade e não somente custo.
Eng. MSc. Osvaldo Barbosa de Oliveira Junior
Coordenador da Engenharia de Aplicação da Deca
©DivulgaçãoSinduscon-PE©Divulgação©Divulgação
26 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
tendências
O setor da construção representa mundialmente um terço das emissões de gases de efeito estufa e 40% do
consumo global de energia. É preciso uma mudança profunda na concepção das construções para diminuir
de forma significativa seus impactos. Hoje, estamos planejando as cidades e os edifícios de amanhã. Isso não
pode acontecer sem um compromisso muito forte com a sustentabilidade, seja em termos de preservação e
consumo dos recursos naturais, bem como a diminuição das emissões de carbono.
O Brasil atualmente tem dois grandes desafios no mercado da construção civil: o déficit habitacional de sete
milhões de habitações e a demanda de mais de 1,5 milhão de novas unidades, bem como a grande neces-
sidade de infraestrutura. Nos últimos anos, vimos surgir normas, regulamentações e certificações a favor
de mais sustentabilidade nos edifícios e do bem-estar e conforto de seus ocupantes. Porém, o mercado da
construção civil no país tem ainda um longo caminho a percorrer, o que implica no esforço conjunto de todos
os atores da cadeia, desde as políticas públicas até as construtoras, os fabricantes de materiais de construção
ou ainda as entidades certificadoras.
A Saint-Gobain tem um papel importante na evolução da construção sustentável, principalmente no Brasil, uma
vez que é um elemento central de sua estratégia. O Grupo possui um portfólio completo de soluções para novas
construções ou reforma tanto individuais como coletivas, e até mesmo outros espaços de convivência. Nossos
vidros, placas de gesso, lã de vidro, colas, argamassas e rejuntamento ou telhas de fibrocimento proporcionam
ao mesmo tempo eficiência energética, conforto e bem-estar dos usuários e qualidades funcionais. Atuamos
também na sensibilização e formação dos profissionais da construção, bem como do consumidor final.
Esse compromisso com a sustentabilidade se torna realidade graças aos nossos investimentos contínuos em
pesquisa e desenvolvimento. Em 2016, o novo centro de pesquisa e desenvolvimento do Grupo, primeiro do
Hemisfério Sul será inaugurado em Capivari, São Paulo, para criar os materiais dos edifícios do futuro.
Thierry Fournier
Presidente da Saint-Gobain para Brasil, Argentina e Chile
Observamos realidades muito distintas em relação à sustentabilidade em edifícios de lajes corporativas e nas
demais tipologias. No primeiro caso, as grandes empresas demandam por imóveis certificados, pois conhe-
cem as vantagens socioeconômicas de estarem instaladas neste tipo de propriedade, mesmo se a locação
ou o preço do imóvel for um pouco mais caro. Naturalmente, as incorporadoras atendem esta demanda. Já
nas demais tipologias, ainda há pouca demanda e, portanto, a maioria dos projetos não incorporam atribu-
tos sustentáveis. Isto se deve ao fato de que empreendimentos sustentáveis agregam entre 1,6% e 8,6% de
custos adicionais em relação à empreendimentos convencionais similares, sendo este o principal obstáculo
declarado por 82% dos incorporadores que responderam ao questionário que é parte da dissertação de
mestrado que realizei sobre este assunto (www.hamiltonleite.com.br/page0031.html). Existem quatro possi-
bilidades para que haja equilíbrio econômico do ponto de vista da incorporadora e consequente crescimento
da certificação nas demais tipologias:
1-Aprovação de leis que concedam incentivos fiscais ou urbanísticos à projetos sustentáveis;
2-Análise aprofundada das normas de certificação, com foco em custos, para que o projeto seja realizado
com custo adicional próximo de zero. É possível!;
3-Quando os compradores de imóveis residenciais também estiverem informados sobre os benefícios socioe-
conômicos dos imóveis sustentáveis, e demandarem por este produto;
4-Quando houver metas sustentáveis e planos de ação, desde que econômica e tecnologicamente viáveis,
para as empresas do setor imobiliário alcançarem num longo prazo.
Hamilton de França Leite Junior
Diretor de Sustentabilidade do Secovi-SP
©DivulgaçãoSecovi-SP
©DivulgaçãoSaint-Gobain
revistagbcbrasil.com.br 27dez/15-jan/16
tendências
A realidade enfrentada pelo setor da Construção Civil em 2015 fez com que a maioria dos players deste mer-
cado se readequassem a este cenário, buscando atuar com maior eficiência e produtividade, além de buscar
a segmentação de mercado, com foco em ampliar as reduzidas oportunidades do mercado.
A continuidade do cenário retraído para 2016 nos leva a repensar os projetos e as metodologias construtivas,
inclusive sob a ótica da sustentabilidade. As demandas por empreendimentos sustentáveis devem ser inten-
sificadas nos próximos anos. Cada vez mais buscamos desenvolver processos industrializados dentro do
canteiro de obras e a industrialização de sistemas construtivos fora do canteiro. Como consequência deste
esforço, temos reduzido perdas aparentes e incorporadas de insumos na construção, diminuindo a quantida-
de de resíduos a serem descartados, por exemplo.
Quanto às questões relativas aos recursos hídricos é importantíssimo buscarmos soluções eficientes desde
a concepção dos projetos de engenharia, durante a fase de construção e finalmente à fase de operação do
empreendimento. Nos projetos, foram evidentes as demandas por aumento de reservatórios de reuso de
água e mesmo a utilização da água armazenada em reservatórios de retardo de águas pluviais, que antes
eram lançados na rede pública e agora passaram a funcionar também como reservatórios de água para reuti-
lização no próprio empreendimento. Da mesma forma, as questões relativas à eficiência energética ganharão
maior importância nos próximos anos, pois além das respectivas certificações, que passaram a ser cada vez
mais comuns nos empreendimentos, a conscientização do uso racional de energia deverá ser um ponto de
extrema importância para incrementar a performance dos empreendimentos, cujos esforços retornarão sob
forma de economia no consumo durante a operação dos mesmos, tanto para os investidores, como para os
usuários.
Hugo Rosa
Presidente da Método Potencial
Temos como Missão, criarmos um habitat mais integrado com o ser humano, através da prestação
de serviços diferenciados nos mercados da construção e desenvolvimento imobiliário.
Quem Somos:
Arquitetura e Urbanismo desenvolve um trabalho criterioso voltado a busca contínua da qualida-
de, atendendo prazos e custos propostos. A Natureza destas atividades vai desde a Pesquisa e Aná-
lise de Restrições, Programação, Pré-Dimensionamento e Planejamento Físico, ao Projeto Arquite-
tônico Completo, o Projeto de Reforma, o Projeto de Arquitetura de Interiores, Planos Urbanísticos
e de Paisagismo, a Coordenação de Projetos Complementares, Fiscalização e Acompanhamento da
Obra e Desenhos de Apresentação.
Asau – Arquitetura e Urbanismo
Projetos que atendem suas necessidades: Comercial, Residencial e Industrial.
Projetos
• Arquitetura Sustentável
• Arquitetura Residencial, Comercial, industrial
• Design de Interiores e Decoração
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Consultoria
• Gerenciamento de Projetos e Obras
• Paisagismo, Design e Decoração de interiores
• Perícia Judicial (Engenharia e Ambiental)
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• Estudo de viabilidade econômica para empreendimentos imobiliários
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Contatos
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Centro - Itaguaí, 23815-203
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28 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
desempenho
P
rojetar e construir ambientes que promovem a saúde e
bem-estar aos usuários se tornou um dos pontos mais
importantes no âmbito da construção civil. Estes requi-
sitos têm sido cada vez mais relevantes como fatores de
decisão dos consumidores em geral.
A certificação WELL Building Standard foi desenvolvida
para atender esta demanda na busca por qualidade de vida, saúde e
produtividade dos usuários aliada à sustentabilidade ambiental dentro
dos espaços construídos, além de ser uma ferramenta complementar a
Certificação Internacional LEED. Esta integração entre o IWBI (Interna-
tional Well Building Institute) e o GBCI (Green Building Council Institute)
com as ferramentas certificadoras WELL e LEED proporcionam um
desenvolvimento mais assertivo e garantem resultados positivos.
A certificação WELL baseia-se em sete categorias, tais como, ar, água,
alimentação, luz, fitness, conforto e mente. Um olhar mais atento para
estes conceitos mostra que eles são significativamente relevantes em
um edifício, uma vez que passamos cerca de 90% do tempo de nossas
vidas em ambientes construídos.
Atualmente, mais de 80 edifícios com cerca de 2 milhões de metros
quadrados localizados em 12 países já possuem a certificação ou en-
contram-se registrados, em fase de desenvolvimento. O Brasil já teve o
primeiro projeto registrado na Certificação WELL Building Standard, o
escritório da SETRI, em São Paulo. A versão 1 da certificação abrange
tipologias como edifícios de escritórios comerciais e institucionais que
vão desde edifícios novos e existentes, projetos de interiores, novos e
existentes, até a categoria Core & Shell que contempla a estrutura do
Certificação WELL
promove saúde e bem
estar nas edificações
Com cerca de 2 milhões de metros quadrados construídos em 12 países, a
certificação WELL ganha espaço no mercado da construção sustentável
na promoção de saúde e bem-estar dos usuários
edifício, incluindo o posicionamento das janelas e vidros na fachada,
as proporções da construção, o sistema de aquecimento, refrigeração
e ventilação e a qualidade da água fornecida ao edifício. Esta tipologia
também avalia as instalações e oportunidades de bem-estar no terre-
no. Visando a melhoria contínua e avanço da certificação e de seus
resultados foram desenvolvidos pelo IWBI programas pilotos para o
setor de varejo, residências multifamiliares, educação, restaurantes,
cozinhas comerciais, instalações de saúde, instalações esportivas e
setor publico.
A implantação da certificação WELL nas edificações traz efeitos be-
néficos tanto para a questão humana quanto para o lado econômico.
O ambiente com características adequadas e saudáveis contribuiu de
forma plena para o bem-estar, conforto, aumento de produtividade e
diminuição do absenteísmo, melhora da satisfação e promove até a
felicidade dos ocupantes. Além disso, influenciam diretamente nos
efeitos psicológicos, frequentemente causados por ambientes cujas
rotinas possuem alto nível de stress, como é o caso das edificações
hospitalares. Além dos benefícios imensuráveis proporcionados à vida
e a saúde dos usuários, a certificação permite agregar ao projeto um
elevado potencial comercial, através do retorno de investimentos sig-
nificativos, fruto da redução de despesas em longo prazo tanto com
pessoal quanto com relação à vida útil do edifício.
De acordo com estudo de caso realizado pelo IWBI, com os usuá-
rios do primeiro edifício certificado WELL Building Standard, a sede da
CBRE na Califórnia, 83% dos ocupantes disseram sentir-se mais pro-
dutivos e 92% informaram que o novo espaço de trabalho criou efeitos
revistagbcbrasil.com.br 29dez/15-jan/16
desempenho
positivos na saúde e bem-estar. Voltando-se para o lado comercial,
100% das empresas confirmaram o interesse de seus clientes por este
novo método de trabalho, além disso, 94% garantiram que obtiveram
impactos positivos no desempenho de seus negócios. “Investir na
saúde e bem-estar dos colaboradores tem o potencial de ajudar as
empresas a reter os melhores talentos, aumentar a produtividade dos
funcionários e satisfação, fortalecer os esforços de responsabilidade
corporativa e reduzir o absenteísmo”, ressalta Paul Scialla, diretor exe-
cutivo da Delos, fundadora do WELL Building Standard.
A ferramenta WELL Building Standard é fruto de sete anos de pesqui-
sas e investigação através da colaboração por conceituados profissio-
nais da medicina, da ciência e profissionais da indústria. O principal
foco na criação desta certificação, como já dito acima, é o bem-estar
e a saúde humana, fatores que exigem a necessidade de um corpo de
profissional qualificado para seu desenvolvimento. Os recursos ineren-
tes à certificação WELL contribuem diretamente em sistemas vitais da
saúde humana.
Outra figura importante no processo de certificação WELL é o profissio-
nal acreditado ,WELL AP, que possui conhecimento sólido e especiali-
zado voltado para saúde e bem-estar nas construções. De acordo com
Paul Scialla, a credencial WELL associada ao profissional acreditado
LEED promove oportunidade e um diferencial frente ao mercado da
construção civil. “A certificação WELL está levando a indústria a repen-
sar a sua abordagem para a construção sustentável, a criação de uma
nova oportunidade de mercado, colocando as pessoas no centro das
decisões de projeto e construção”, garante o especialista.
O processo de certificação WELL
O processo de certificação WELL envolve cinco etapas: Inscrição; Do-
cumentação; Verificação de desempenho; Certificação; e Recertifica-
ção (não aplicável para Core & Shell). O Os projetos que buscam a
Certificação WELL devem se registrar no IWBI através do WELL Online.
As equipes de projetos podem registrar o projeto a qualquer momento
à medida que evoluem no processo de desenvolvimento do projeto.
Entretanto, é mais vantajoso registrar o projeto o mais breve possível
para que as estratégias que irão satisfazer a Certificação possam ser
integradas desde o início.
A etapa de documentação inclui documentos e desenhos do projeto,
declarações de garantia da equipe de projetos, além da necessidade
de revisão desta documentação para certificação final. Na fase de veri-
ficação de desempenho, testes são realizados no local após a ocupa-
ção e durante a operação do edifício, procedimentos necessários para
avaliar e validar o desempenho previsto. A certificação é concretizada
após a validação do projeto quanto à conformidade da documenta-
ção e resultados de desempenho. A recertificação garante, a cada três
anos, o alto nível do projeto em relação ao design, operação e manu-
tenção ao longo do tempo.
Níveis e critérios para certificação WELL
A certificação pode ser atingida em três níveis, Silver, Gold e Platinum.
Para conquistar qualquer um dos níveis é necessário o atendimento
de todas as pré-condições estabelecidas nas diretrizes da certificação.
Para obtenção de níveis mais elevados o projeto deve apresentar um
alto percentual de otimização de recursos.
CBRE Group, Inc.’s Global Corporate Headquarters,
Los Angeles, California (EUA)
Phipps Center for Sustainable Landscapes,
Pittsburgh, Pennsylvania (EUA)
SILVER
Cumprimento
de 100% das
pré-condições
aplicáveis à
tipologia.
GOLD
Cumprimento
de 100% das
pré-condições
aplicáveis à
tipologia, além
de desempenho
acima de 40%
em otimização .
PLATINUM
Cumprimento
de 100% das
pré-condições
aplicáveis à
tipologia, além
de garantir
desempenho
acima de 80%
em otimização.
Fotos:©CBRE
Fotos:©DenmarshPhotography
30 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
desempenho
-Teste e monitoramento da qualidade do ar;
-Tratamento e filtragem;
-Ventilação;
-Controle de umidade;
-Protocolo de limpeza;
-Seleção de materiais;
-Processos construtivos;
-Entrada saudável
-Qualidade da água;
-Acesso à água potável;
-Filtragem.
-Acesso a alimentos saudáveis;
-Porções saudáveis;
-Alimentação consciente;
-Área para preparação dos alimentos;
-Produção de alimentos.
-Níveis baseados nas atividades;
-Projeto circadiano;
-Qualidade da cor;
-Iluminação natural;
-Controle de ofuscamento.
-Projeto ativo (exterior);
-Projeto ativo (interior);
-Estações de trabalho ativas;
-Consciência e hábitos;
-Espaços para atividades físicas.
-Térmica;
-Acústica;
-Ergonômico;
-Olfatória;
-Acessibilidade; controle;
-Protocolos.
-Conexão com a natureza;
-Beleza;
-Consciência e Bem-Estar;
-Feedbacks de projetos;
-Projeto Integrativo;
-Equidade social e altruísmo.
AR		 Visando a qualidade do ar interno (QAI) que abran-
gem a remoção de contaminantes, prevenção de poluição e a purifica-
ção do ar, são estabelecidas as seguintes estratégias: teste e monito-
ramento da qualidade do ar; tratamento e filtragem; ventilação; controle
de umidade; protocolo de limpeza; seleção de materiais; processos
construtivos; entrada saudável. Nesta categoria é analisada a utilização
de materiais tóxicos, eliminação de contaminantes biológicos, falhas de
ventilação e transmissão de vírus e bactérias pelo ar.
ÁGUA		 As estratégias relacionadas à água envolvem medi-
das que promovam a qualidade e filtragem deste recurso, tratamento e
otimização no acesso de água aos edifícios. Os requisitos exigidos nesta
categoria são: qualidade da água; acesso à água potável; filtragem.
NUTRIÇÃO	 A categoria nutrição busca estabelecer condições
para melhores hábitos alimentares através do fornecimento de alimentos
mais saudáveis, dicas comportamentais e conscientizar quanto à quali-
dade de nutrientes. Encontram-se dentro desta categoria critérios como:
acesso a alimentos saudáveis; porções saudáveis; alimentação cons-
ciente; área para preparação dos alimentos; produção de alimentos.
LUZ		 Ações relativas à iluminação estão descritas na
categoria luz, que reforçam o ritmo circadiano do corpo e abrangem
requisitos como desempenho do projeto, controle de iluminação, ní-
veis de iluminação adequados para as atividades, que contribuem para
melhora do humor e produtividade do usuário. Alguns dos critérios para
certificação são: níveis baseados nas atividades; projeto circadiano;
qualidade da cor; iluminação natural; controle de ofuscamento.
FITNESS		 A certificação WELL também estabelece requisitos
com o objetivo de incentivar atividades físicas e envolvem as seguintes
estratégias: projeto ativo tanto para o exterior como para o interior, es-
tações de trabalho ativas; espaços para atividades físicas, desenvolvi-
mento de consciência e hábitos saudáveis.
CONFORTO	 Para a categoria conforto, a certificação estabelece
a criação de ambientes que promovam a produtividade e minimizem
distrações por parte dos usuários. Os requisitos avaliados são: térmica,
acústica; ergonômico; olfatória; acessibilidade; controle; protocolo. Es-
tas estratégias contribuem para um ambiente de qualidade permitindo
aumentar o nível de satisfação e bem-estar.
MENTE		 A categoria mente abrange os seguintes critérios:
conexão com a na	tureza; beleza; consciência e bem-estar; feedbacks
de projetos; projeto integrativo; equidade social e altruísmo e espa-
ços adaptáveis. Estas estratégias permitem abordar campos de apoio
mental e saúde emocional, fornecer aos colaboradores feedbacks re-
lacionados às políticas e diretrizes do escritório, bem como fornecer
elementos de design, espaços de relaxamento e tecnologia avançada.
revistagbcbrasil.com.br 31dez/15-jan/16
desempenho
Diretor do International
WELL Building Institute
Paul Scialla
ENTREVISTA
É necessário que um edifício possua o
certificado LEED para alcançar o WELL
Building Standard? Quais são as princi-
pais diferenças e sinergias entre ambos
os padrões?
PS. Enquanto Certificação LEED não é um
pré-requisito para alcançar o WELL Building
Standard, WELL foi concebido para comple-
mentar o LEED para melhor atender a saúde
humana e sustentabilidade ambiental dentro
de edifícios. O GBCI, que fornece a certifica-
ção de terceiros para o WELL, e o Instituto
Internacional WELL Building têm racionaliza-
do como LEED e WELL podem trabalhar em
conjunto, tornando mais fácil para os projetos
obterem as duas certificações e alcançar a
saúde ambiental e humana e bem-estar.
Qual seria o custo efetivo sobre o inves-
timento do proprietário para alcançar a
Certificação WELL?
PS. As taxas de inscrição variam de US$ 1.500
a US$ 10.000, dependendo da tipologia e ta-
manho do projeto. Os custos de certificação
começam em US$ 4.000 e variam de US$ 0,08
a US$ 0,23 por pé quadrado, dependendo
da tipologia e dimensão do projeto. O preço
por volume está disponível para projetos que
excedam 1 milhão de pés quadrados (92.900
m2
), para terrenos com vários edifícios, e para
sites corporativos com múltiplas construções.
O custo total para obter o certificado WELL -
incluindo registro, certificação e verificação de
desempenho - custa em média menos de US$
100 por empregado para um edifício típico de
escritórios comerciais.
Quais são os benefícios ambientais, so-
ciais e econômicos da certificação WELL
Building Standard?
Paul Scialla. Sustentabilidade ambiental,
saúde e bem-estar caminham lado a lado.
Como o primeiro padrão de construção que
se concentra exclusivamente sobre a saúde
e o bem-estar das pessoas em edifícios, o
WELL Building Standard é projetado para tra-
balhar em harmonia com outras certificações
de construção verde, incluindo LEED, para
tornar os ambientes construídos não só me-
lhores para o planeta, mas melhores para as
pessoas que nele habitam.
A certificação WELL estabelece requisitos de
desempenho em sete categorias relevantes
para a saúde e bem-estar dos ocupantes: ar,
água, alimento, luz, fitness, conforto e mente.
Espaços certificados WELL podem ajudar a
criar um ambiente construído que melhora a
alimentação, a condição física, o humor, os
padrões de sono, e o desempenho de seus
ocupantes. Economicamente falando, a cer-
tificação WELL não só tem o potencial para
redução nos custos de saúde, como também
fornece retorno inestimável sobre o investi-
mento, aumentando o valor dos empreendi-
mentos através de uma declaração altamente
visível sobre compromisso de uma organiza-
ção para com a saúde e bem estar das pes-
soas nos edifícios.
A indústria da saúde e bem-estar é uma das
que mais crescem hoje em dia, e cada vez
mais é um dos maiores fatores de decisão
para os consumidores e funcionários. Investir
na saúde e bem-estar dos colaboradores tem
o potencial de ajudar as empresas a reter os
melhores talentos, aumentar a produtividade
e satisfação dos funcionários, fortalecer os
esforços de responsabilidade corporativa e
reduzir o absenteísmo.
Foto:Delos
Até agora, quantos projetos já alcançaram
a certificação WELL e quantos estão regis-
trados?
PS. Atualmente, mais de 80 projetos abran-
gendo quase 2 milhões de metros quadrados
estão registrados ou certificados sob o WELL
Building Standard em 12 países nos cinco
continentes.
Qual é o processo de registro? Quanto
tempo dura todo o processo até o resulta-
do final?
PS. O processo de certificação WELL envolve
cinco etapas:
1. Inscrição: A certificação começa com o
registro através do WELL Online, uma plata-
forma digital projetada para angariar projetos
em processo de certificação, do início ao fim.
2. Documentação: Documentação, incluindo
documentos do projeto, anotações e dese-
nhos, além de cartas de garantia da equipe
do projeto, são necessários antes da revisão
da certificação final.
3. Verificação de desempenho: uma série de
testes de desempenho pós-ocupação são
feitos no local, conhecida como Verificação
de Desempenho.
4. Certificação: Certificação WELL reconhece
que o projeto documentou com sucesso e
conformidade todas as características e pas-
sou pela Verificação de desempenho.
5. Recertificação: A recertificação, que deve
ser completada a cada três anos, garante
que o edifício mantenha o mesmo alto nível
de projeto, manutenção e operações ao lon-
go do tempo. Para projetos Core & Shell, a
recertificação não é necessária.
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  • 1. GBCBRASIL C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO 3 / Nº7 / 2016 REVISTA VIBEDITORA COP 21: os compromissos do GBC Brasil para o futuro do planeta IPTU Verde concederá descontos de até 12% em São Paulo Certificação WELL prioriza a saúde e bem estar dos ocupantes G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L DOSSIÊ ESPECIAL HOSPITAIS E LABORATÓRIOS: INOVAÇÃO E BEM ESTAR CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE NA AMÉRICA LATINA RECEBE LEED NC GOLD HOSPITAL OSWALDO CRUZ
  • 2. INSCRIÇÕES ABERTAS!!! 2016 2016 O PODER DA TRANSFORMAÇÃO EM SUAS MÃOS e CALL FOR REVIEWERS CALL FOR PROPOSALS FIQUE ATENTO ÀS NOVIDADES DESTA EDIÇÃO: O sucesso da Greenbuilding Brasil 2016 também depende da sua ativa participação! Compartilhe sua expertise, experiências, casos de sucesso e novos empreendimentos com os nossos congressistas. As inscrições estão abertas a partir de 13 de novembro. O nosso objetivo em 2016 é enfatizar a contribuição da comunidade da construção sustentável para a apresentação de conteúdos relevantes e enriquecedores. A partir de 2016 a Greenbuilding Brasil contará com a expertise do Informa Group, grupo multinacional líder mundial na organização de Conferências e Feiras com forte operação no Brasil, responsável por feiras como Greenbuild EUA e Mediterrâneo, World Concrete Show, Designjunction, Dwell on Design, Interior Design Show, ForMóbile, Expo Revestir e Fórum Internacional de Arquitetura e Construção, entre outras. Acesse nosso site e apresente sua proposta ou se candidate a ser um de nossos revisores! Você também pode fazer parte da transformação! www.informagroup.com.br/greenbuilding Realização simultânea à nova feira High Design - Home & Office Expo no SP Expo Exhibition & Convention Center. Encontro mais forte e abrangente para os setores de Arquitetura, Construção e Design Greenbuilding Brasil manterá seu foco em sustentabilidade dentro destes segmentos Mais de 15 mil profissionais reunidos 25 mil metros quadrados de área total Mais de 200 marcas em exposição. Mais informações sobre o evento: greenbuilding@informa.com SÃO PAULO - SP SP EXPO EXHIBITION & CONVENTION CENTER 09 a 11 AGOSTO 2016
  • 3. revistagbcbrasil.com.br 3dez/15-jan/16 Editorial ©BiancaWendhausen O ano de 2015 que encerrou-se com um grande avan- ço para a sustentabilidade do planeta com as resolu- ções da Conferência Mundial do Clima, em Paris, a COP21, protagonizada pelas organizações, associa- ções e empresas preocupadas com o futuro do nosso planeta. Nesta edição o GBC Brasil apresenta seus compromissos audaciosos visando um só objetivo, futuro melhor para o lugar onde vivemos. Esta edição da revista GBC Brasil traz como foco, um dos temas mais relevantes no âmbito das constru- ções, a saúde. A seção “Dossiê Especial” contempla a apresentação de cases no setor da saúde, certifica- dos no Brasil e no mundo, apresentados por diversas empresas referenciadas no mercado, que abordam as características, particularidades e complexidades, bem como os desafios encontrados no desenvolvi- mento deste tipo de projetos. A participação de especialistas conceituados em di- versas áreas da construção garante ainda um con- teúdo de ampla qualidade nesta edição, através de opiniões acerca das tendências e expectativas para 2016. E culmina com a disseminação dos métodos construtivos, soluções inovadoras e eficientes incor- poradas às construções sustentáveis do país para as outras regiões do Brasil, através da realização em conjunto do Greenbuilding Conferência e Expo em parceria com o SINDUSCON-PE, realizado em Recife. Desejamos a todos excelentes resultados para 2016. Boa leitura! Um novo ano de grandes expectativas para a construção sustentável LUIZ SAMPAIO DIRETOR EXECUTIVO VIB Editora CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO MEMBROS DO CONSELHO Manoel Gameiro - Trane - Presidente José Moulin Netto - Vice presidente José Cattel - Alcoa Celina Antunes - Cushman & Wakefield Mark Pitt - Sherwin Williams Hugo Rosa - Método Carmen Birindelli - WTorre Convidada: Thassanee Wanick - Fundadora do GBC e Cônsul Geral da Tailândia no Brasil CONSELHO FISCAL Renato Alahmar - 3M Guido Petinelli DIRETOR GERENTE Felipe Faria DIRETOR EXECUTIVO Luiz Sampaio lfsampaio@vibcom.com.br REDAÇÃO Bruna Dalto - MTb 72943 Patrícia Braga redacao@vibcom.com.br COMERCIAL Douglas Alves dalves@vibcom.com.br FINANCEIRO Roseli Pereira adm@vibcom.com.br DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL VIB EDITORA REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO VIDA IMOBILIÁRIA BRASIL - VIB EDITORA Rua Roque Petrella, 46 - sala 501 Brooklin - São Paulo - SP CEP 04581-050 Tel/Fax: 11 5078 6109 www.vidaimobiliaria.com.br RESPONSÁVEL DO GBC Maíra Macedo ASSINATURAS E CONTATOS COM A REVISTA: Tel: 11 5078 6109 email: revistagbc@gbcbrasil.org.br Capa: Hospital Alemão Oswaldo Cruz VIBEDITORA
  • 4. 4 dez/15-jan/16 rev/gbc/br índice GBCBRASIL C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO 3 / Nº7 / 2016 REVISTA G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L EDITORIAL...................................................> 3 COLUNA GBC..............................................> 6 GREEN PAGES SIEGBERT ZANETTINI.....................> 8 PROJETO DESTAQUE...........................> 16 TENDÊNCIAS 2016......................................> 24 CERTIFICAÇÃO WELL.................................> 28 ESPECIAL HOSPITAIS & LABORATÓRIOS INTRODUÇÃO.............................................................> 34 PROJETOS EM DESTAQUE...............................> 40 EVENTO GBC BRASIL + SINDUSCON/PE SUSTECONS 2015.......................................> 58 COP 21.........................................................> 64 POLÍTICAS PÚBLICAS..................................> 68 SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS........................> 70 ARTIGOS DE OPINIÃO................................> 74 AGENDA GBC JAN/FEV 2016.....................> 78
  • 5.
  • 6. 6 dez/15-jan/16 rev/gbc/br coluna gbc O atual cenário de dificuldade política e eco- nômica que assola o país, crise hídrica e energética, bem como a indignação frente um dos maiores desastres ambientais da nossa história recente, exige um momento de reflexão por cada cidadão brasileiro. É inegável que o país passa por um processo de reconstrução sistêmica, e o termo “reconstrução” sugere inúmeras opor- tunidades ao nosso movimento de construção sustentável. Comprovadamente nosso movimento demonstra ser a solução para as principais demandas do país, certo que elevamos o padrão técnico do mercado, valorizando a me- lhor técnica em detrimento dos melhores contatos, maxi- mizamos o planejamento galgando eficiência em sentido amplo, discutimos qualidade ambiental interna do ar em hospitais, escritórios e escolas melhorando a recuperação de pacientes, produtividade e aprendizado de alunos, e, estamos inserindo o tema das edificações verdes dentro de um processo de planejamento urbano integrado, onde segurança, transporte, qualidade de vida e bem estar são prioridades. Não à toa nossa certificação internacional LEED possui projetos registrados em quase todos Estados brasileiros, faltam apenas os Estados do Acre e Tocantins. Em 2015, os mais de 100 novos projetos recebidos até o mês de novem- bro, indicam a forte penetração da certificação em setores diversos do mercado, com destaque a plantas industriais, centro de distribuição e logística, data center e varejo. O Referencial GBC Brasil Casa já soma 26 projetos registrados em 8 diferentes Estados, 27 profissionais acre- ditados e dezenas de projetos no pipeline, dentre eles pré- dios e condomínios residenciais. Políticas públicas de incentivo com a capacidade de acelerar exponencialmente a certificação de construção sustentável, são apresentadas com maior frequência como o Projeto de Lei do IPTU Verde, assinado pelo Prefeito da Cidade de São Paulo e enviado à Câmara dos Vereadores, oferecendo até 12% de desconto no imposto para prédios residenciais ou comerciais, novos ou existentes, que obti- verem a certificação após a aprovação da Lei, assim como a nova Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo que oferece descontos na outorga onerosa para edificações certificadas. Aprofundar seus conhecimentos e aumentar sua partici- pação no movimento de green building, significa adentrar em um ambiente de atmosfera estritamente próspera e otimista. Dentre os diversos objetivos, indicadores, metas e ini- ciativas, o planejamento estratégico do GBC Brasil para os próximos anos, compreende a expansão de nossa presen- ça física em todas as regiões do país através da realização dos nossos cursos e eventos. Realizamos em dezembro de 2015, em parceria com o SINDUSCON Pernambuco o primeiro Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo Summit Nordeste, asso- ciado ao II Sustencons. Cerca de 200 profissionais partici- param do evento que contou com 16 expositores, 162 con- ferencistas e 15 palestrantes, além da cobertura de mídia pela TV Record e SBT. O evento foi organizado em tempo recorde e os resultados alcançados demonstra a força das ONGs e Associações quando unidas. Estimularemos e iremos colaborar na construção de uma forte rede colaborativa que nos permitirá obter suces- so aos desafios propostos. Iniciativas semelhantes estão sendo programadas para as demais regiões do Brasil, no sentido de engajar as lideranças locais no movimento de transformação definido por nossa Missão. Os cursos também estão sendo diretamente organiza- dos pelo GBC na cidade de Porto Alegre, em parceria com a ASBRAV e na cidade do Rio de Janeiro, em parceria com o SECOVI-Rio. Reflexões sobre 2015. Perspectivas para 2016.
  • 7. revistagbcbrasil.com.br 7dez/15-jan/16 coluna gbc FELIPE FARIA, DIRETOR Green Building Council Brasil Há tempos o estímulo ao mercado de soluções e ser- viços para construção sustentável pelo GBC Brasil extrapo- lam as fronteiras das edificações que buscam a certificação internacional LEED, certo que este movimento comprova- damente influencia o avanço e melhora do mercado, mes- mo quando soluções são consideradas pontualmente para casos isolados. Neste sentido, o GBC Brasil prepara o ingresso de ferramentas adicionais ao LEED de modo a reforçar nosso compromisso com a transformação da indústria nacional da construção civil e a cultura da sociedade em direção a sustentabilidade. Pautado em uma demanda oriunda dos nossos Comitês Técnicos criamos o Referencial GBC Brasil Casa; adicionalmente também trabalharemos com a certi- ficação WELL Building Standard, focada para o ocupante e pautada em saúde e bem estar; SITES para áreas externas comuns de empreendimentos públicos ou privados; LEED Dynamic Plaque – monitoramento contínuo da operação da edificação e re-certificação LEED; EDGE, ferramenta criada pelo IFC estruturada como forma de mitigar os efeitos de mudanças climáticas; GRESB, associação global que ana- lisa o desempenho dos portfolios do mercado imobiliário que se destacam por questões voltadas a responsabilidade ambiental, social e de governança. Todas estas ferramen- tas estarão sendo certificadas pela nossa plataforma global GBCI (Green Business Certification Incorporation). Avanços também estão sendo promovidos em nos- sa Conferência Internacional e Expo, Greenbuilding Brasil. Já para 2016, conforme anunciado recentemente, o GBC Brasil e USGBC fecharam uma parceria estratégica com o Informa Group, grupo multinacional líder em eventos corpo- rativos e reconhecido globalmente por diversos mercados, atual proprietário e produtor da Greenbuild International Conference & Expo nos Estados Unidos, Itália e futuramen- te uma nova edição na Ásia. O Informa Group no Brasil, com sede na cidade de São Paulo, será o responsável pela produção e gestão da Greenbuilding Brasil 2016 que acon- tecerá simultaneamente à nova feira High Design – Home & Office Expo em agosto no SP Expo Exhibition & Convention Center. A parceria entre estes dois produtos proporcionará um encontro forte e abrangente para os setores de Arquite- tura, Construção e Design, no qual nós manteremos o foco em sustentabilidade. Juntos, os eventos esperam atrair mais de 15 mil pro- fissionais em 10 mil metros quadrados de área e com mais de 200 marcas em exposição. Estamos fortalecendo a organização, promoção e ope- ração do evento, aumentando o número de visitantes qua- lificados em benefício aos nossos patrocinadores, expan- dindo os canais de divulgação dos benefícios e práticas de construção sustentável, ao mesmo tempo que ofereceremos oportunidades e valores melhores aos nossos Membros. Concomitantemente com os objetivos e iniciativas aci- ma mencionadas, o fortalecimento dos nossos Comitês de Trabalho através dos profissionais voluntários oriundo das empresas Membros, dentro de um processo revisado de Governança desponta como uma de nossas prioridades, posto que este ambiente de colaboração é a força que rege nossa organização e nos direciona a realização de nossa missão. MISSÃO Transformar a indústria da construção civil e cultura da sociedade em direção à sustentabilidade, utilizando as forças de mercado para construir e operar edificações e co- munidades de forma integrada. E, garantir o equilíbrio entre desenvolvimento econômico, impactos sócio ambientais e uso de recursos naturais, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e bem estar das gerações presente e fu- turas. VISÃO Ser a liderança nacional para que todos possam, pro- gressivamente, trabalhar, estudar e viver em uma edificação sustentável, através de: • Desenvolvimento e promoção de diferentes siste- mas de certificação; • Capacitação contínua e engajamento profissional; • Iniciativas sócio-culturais; • Criação de ampla rede colaborativa com a partici- pação do poder público, iniciativa privada, socie- dade civil organizada e a população. VALORES • Colaboração; • Credibilidade; • Responsabilidade Social, Ambiental e Econômica; • Liderança; • Transparência; • Ética.
  • 8. 8 dez/15-jan/16 rev/gbc/br inovação GREEN PAGES 8 dez/15-jan/16 rev/gbc/br Arq. Siegbert Zanettini ENTREVISTA ©DivulgaçãoZanettini Siegbert Zanettini é Arquiteto Urbanista e Professor Titular pela FAU-USP desde 1959. Arquiteto Diretor Responsável Técnico, Coordenador Geral da Zanettini Arquitetura, possui mais de 53 anos de atuação profissional, sua obra inclui 1.200 projetos realizados em mais de 5 milhões de metros quadrados, além de quatro décadas de vida dedicadas ao conhecimento acadêmico. Considerado um dos maiores especialistas em projetos hospitalares, condição atestada por inúmeras Referências, Títulos e Prêmios. Além disso, possui reconhecimento público como o maior especialista em edificações com estrutura metálica do País e também é referência nacional nas áreas de Eco-eficiência e Sustentabilidade pelo pioneirismo da área, também representada pelo reconhecimento de diversos Órgãos, Universidades e Sindicato da Construção Civil.
  • 9. revistagbcbrasil.com.br 9dez/15-jan/16 inovação revistagbcbrasil.com.br 9dez/15-jan/16 A arquitetura contemporânea e pluridimensional de Zanettini e a integração entre razão e sensibilidade e suas correlações com as edificações de saúde Como o Sr. define a sustentabilidade hospitalar no âmbito da arquitetura? Siegbert Zanettini: A sustentabilidade não é somente a questão ambiental e econômica, ela também tem todo um envolvimento com o ser humano. No caso do hospital, você esta me- lhorando as condições de vida de quem o está utilizando, preservando a vida humana, e contri- buindo para que esse conjunto funcione bem. Isso para mim é sustentabilidade. A arquitetura que venho praticando pelo menos há cinco décadas, superou há muito tempo a condição unidimensional da arquitetura mo- derna. É contemporânea e pluridimensional ao superar a visão moderna integrando a ra- zão científica à sensibilidade artística. A arqui- tetura contemporânea, que pratico há quatro décadas, se identifica pela luz, transparência, leveza, evolução tecnológica e por se construir sobre conceitos: concepção multidisciplinar com visões holística e sistêmica; superação de paradigmas conceituais e construtivos da moda adequando-se à cultura de cada época; domínio integral das tecnologias limpas; inova- ção e utilização evolutiva do conhecimento de base científica; a importância do projeto na ex- plicitação da noção de qualidade e a questão ambiental como parte estrutural do repertório arquitetônico. Esses predicados que integram esse conjunto de conceitos não diferencia ar- quitetura hospitalar das demais, é a arquitetura sem adjetivos. A arquitetura hospitalar tem suas peculiaridades, é preciso entender que nisso ela é específica, mas nas citadas conceituações ela tem que servir ao homem em todas as suas ne- cessidades e condições, ou seja, como o edifí- cio vai ser ocupado, de que maneira se garante uma ambiência correta e harmônica entre quem usa e o próprio espaço. O principal referencial da arquitetura é o homem. O que é necessário para o desenvolvi- mento de um bom projeto hospitalar? Quais são as dificuldades que podem ser encontradas durante o desenvolvimento de um hospital e outras edificações de saúde? SZ: Umas das questões mais importantes em um hospital são o zoneamento e a setori- zação funcional, bem como os fluxos. A seto- rização é importantíssima, pois determinada a localização adequada das áreas, colocando- -as em local estratégico, tais como, áreas de PS (Pronto Socorro), PA (Pronto Atendimento) e ambulatórios para que não conflitem com as demais áreas internas do hospital. É igualmente importante o bloqueio de acesso às áreas res- tritas, como centros cirúrgico e obstétrico, UTI, berçário, setor de imagens, vestiário médico e enfermagem. Setorização correta das áreas de serviços como cozinha, lavanderia, centro de materiais; condicionamento separado de roupa limpa e suja, que podem estar contaminadas e precisam ser acondicionadas e posteriormen- te levadas até seu tratamento; o lixo hospitalar também não pode ser recolhido com o lixo comum devido ao alto nível de resíduos con- taminados ou radioativos, precisam ser devida- mente separados; a separação dos elevadores de cargas, utilizados pelos pacientes, equipe médica e visitantes também são soluções de- sejáveis afim de evitar infecção cruzada. Isso ocorre, quando o projeto tem seus fluxos mal resolvidos, onde o resíduo infectado acaba le- vando infecção para áreas limpas. Devido à complexidade dos processos construtivos hospitalares, faz-se neces- sário um corpo de profissionais multidis- ciplinar que atenda às diversas deman- das necessárias dentro do processo. Na opinião do senhor, como está o merca- do atual de capacitação de profissionais qualificados especificamente para cons- truções sustentáveis no setor de saúde? O que se deve fazer para melhorar a qua- lificação destes profissionais? SZ: A arquitetura depende de uma série de especialidades onde confluem as ciências hu- manas, biológicas, ambientais, econômicas e exatas. Todas essas ciências estruturadas po- dem influir na arquitetura, às vezes diretamen- te como é o caso das ciências ambientais, ou indiretamente, mas sempre apoiada em bases científica para atender sua evolução constante. Esse trabalho multidisciplinar é importante para que a obra consiga expressar suas qualidades, que não é somente estética, mas também fun- cional. Atender às necessidades, ser eficiente, econômica, ter durabilidade, e uma série de atri- butos que são tão importantes quanto à forma arquitetônica. Essas visões holística e sistêmica, são a base da arquitetura que se completa com outras áreas do conhecimento. Na maioria das escolas permanece a visão moderna da arqui- tetura. Ficam nesse limite conceitual e que re- sulta numa formação profissional superada. De um modo geral, as130 escolas que existem no país formam um profissional com um universo restrito. Ele vai ter que aprender que uma forma- ção plena vai além do trabalho profissional. Elas não ensinam o estudante a pensar dessa forma globalizante.
  • 10. 10 dez/15-jan/16 rev/gbc/br inovação GREEN PAGES 10 dez/15-jan/16 rev/gbc/br Acredito que uma formação mais integrada, que é de suma importância numa estrutura de inovação desenvolvida, principalmente em ins- talações hospitalares, que necessitam de maior conhecimento de uma série de aspectos que fazem a obra mais completa quando incorpora o maior número possível de variáveis, e entre elas a questão ambiental é parte estrutural de um projeto arquitetônico. Meio ambiente não é uma novidade, ele é estrutural, pois é preciso atender as condições ambientais de um país tropical como o Brasil, que possui condições di- ferenciadas de outros continentes. A região nor- deste e a região sul possuem condições climá- ticas ambientais totalmente diversas. A primeira tem regimes de ventos excelentes, porque não usar essas condições para geração de energia eólica, que é uma tecnologia extremamente preservadora e limpa. Aqui no Brasil, as faces nascentes são muito boas, para orientação dos dormitórios que recebem o sol da manhã, que é antibactericida. Aqui em São Paulo um quarto voltado para a face sul, vai ser úmido e frio, durante boa parte do ano. Dependendo da posição em que o edifício está orientado ele vai funcionar melhor ou pior. Precisa ser projetado de acordo com as condições ambientais do lo- cal em que se situa. Como professor da FAU (Faculdade de Arquite- tura e Urbanismo da Universidade de São Pau- lo), eu sempre defendi a integração dos cursos internos dentro de cada escola, mas também de outras como a Politécnica, a Geografia, a Economia, entre outras. Conseguimos estru- turar uma disciplina, onde o objetivo era fazer com que o aluno visse as outras questões fora da área da arquitetura, e não ficasse somente no aspecto formal e estético, porém com vários problemas funcionais e técnicos, etc. Antes de sair da FAU, em 2004, eu e o professor Lin- denberg da Escola Politécnica, formamos uma equipe de 15 professores e criamos o Curso de “Dupla Formação” onde o aluno faz três anos na FAU, depois mais dois anos na Poli, e pos- teriormente volta para sua escola para terminar os 4° e 5° anos. Os resultados têm sido exce- lentes, pois esses alunos têm alcançado uma formação muito mais ampla do que aquele que permanece apenas na FAU ou na Poli. Qual a importância e a responsabilidade da arquitetura na construção sustentável de edificações hospitalares e de saúde? SZ: Para mim não há diferenciação nos con- ceitos fundamentais de arquitetura seja hos- pitalar, educacional, habitacional ou de outras tipologias. Ela tem que atender ao conjunto de necessidades de cada tipologia preocupando- -se em fazê-las com equilíbrio e com a visão mais global possível, o que marca muito meu trabalho baseado em conceitos muito claros. Esses conceitos fazem a base teórica estrutural e nascem através de uma leitura profunda sobre a realidade e condições brasileiras e mundiais, sobre quais influências externas e internas, con- gregando desde o inicio do projeto a participa- ção multidisciplinar, que muitos consideram de áreas complementares, mas que para mim são estruturais conceitualmente. Não existe com- plementação, existe integração. Assim como é importante a estética na arquitetura são impor- tantes os demais sistemas, principalmente em projetos da área hospitalar. O que é preciso para a promoção da hu- manização dentro de uma unidade de saúde? Quais os benefícios esta carac- terística traz, tanto para o projeto quanto para os usuários? SZ: Na visão global e integrada de projetos da área de saúde são igualmente necessários a ar- quitetura de interiores, a comunicação visual, o paisagismo. Busca-se a humanização traduzida por ambientes agradáveis, com luz e ventilação naturais e mobiliário ergonômico e confortável, predicados que são muito importantes para um ambiente humanizado, e com a máxima integra- ção com o exterior e com a natureza. Quanto mais trouxermos a natureza para os pacientes e para o restante dos ocupantes que nele traba- lham, mais contribuiremos para todos. Uma per- manência melhor na recuperação dos pacien- tes com a obtenção de ambientes agradáveis. A humanização trata de relações, da otimização dos ambientes com o paciente e com a vida. Um ambiente mantendo o máximo da vegeta- ção é reconfortante em um hospital humanizado e sustentável. ©FábiaMercadante “Qualidade é a ade- quação à cultura, aos usos e costumes de cada época, ao am- biente no qual a obra se insere, à evolução científica, tecnológica e estética, à satisfação das necessidades eco- nômicas e fisiológicas, direcionadas à razão e emoção do homem” Arquiteto Siegbert Zanettini
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  • 12. 12 dez/15-jan/16 rev/gbc/br inovação GREEN PAGES 12 dez/15-jan/16 rev/gbc/br A ventilação e iluminação naturais é uma ques- tão muito particular minha. Nos hospitais há uma grande tendência da utilização ampla de ar condicionado, justamente por se tratar de am- bientes muito fechados. O aproveitamento da ventilação natural nestes ambientes reduz a utili- zação de sistemas de ar condicionado evitando assim que o ar de um ambiente contaminado entre no sistema e seja distribuído para outros ambientes. Isso não é pouco comum na maioria dos casos. Os hospitais em que trabalho são o mais possível abertos, bem iluminados e ventila- dos o que permite uma maior possibilidade de contato com o exterior. O melhor descontamina- dor é o próprio ar com qualidade. Outra questão importante é o cuidado com quem trabalha no hospital. Projetar um ambien- te que possua locais agradáveis para trabalhar e descansar em intervalos do trabalho é funda- mental em uma edificação hospitalar. Existem hospitais onde não há lugar para um plantonista descansar e acabam dormindo nos carros ou em leitos desocupados. Um plantonista que trabalha 48 horas precisa de condições con- fortáveis para descanso, importantes para que desempenhe o seu trabalho com mais produti- vidade e mais segurança. Melhora as condições estafantes das equipes, além de contribuir para que o atendimento médico e da enfermagem sejam mais facilitados. Desenvolvendo um am- biente com estas características, além de me- lhorar o atendimento ao paciente também cuida da equipe que trabalha com conforto, satisfação e bem-estar. Como deve ser feito o consumo e trata- mento de água e esgoto em um edifício hospitalar? SZ: Pensando não somente no hospital, mas também na cidade onde o mesmo se implanta, para este é recomendável adotar-se um sistema de tratamento do esgoto. Jogar o esgoto hospi- talar na rede urbana de esgoto não é recomen- dável, pois o mesmo pode estar contaminado com prejuízo para a rede pública. Antes de sair da área do hospital, este esgoto deve ser trata- do e somente depois deve ser descartado na rede de esgoto comum. O tratamento e reutilização de águas pluviais através do recolhimento e do despejo em cis- ternas de reuso também são pontos significa- tivos. Se tivéssemos esse cuidado há alguns anos atrás, hoje não estaríamos em São Paulo e em outras cidades do estado com estes proble- mas de água. Toda a água da chuva pode ser reutilizada para atividades secundárias como limpeza, lavagem, irrigação, bacias e mictórios que não precisam de água potável. O reaprovei- tamento de água de lavagem que foi usada em áreas não contaminadas também pode ter reu- so em atividades não destinadas aos usuários mas para uso sanitário e usos especiais. Bacias sanitárias com sistemas de descarga com volume nominal ou menor, que gaste me- nos quando você acionar a válvula, e com me- canismo de duplo funcionamento. A que gasta 6 litros faz a mesma coisa que a de 18 litros. Componentes economizadores de metais sani- tários, por exemplo, acionamento automático de torneiras, tais como arejadores, temporizadores, esse são alguns exemplos da otimização des- tes recursos. Para desenvolver um projeto e execução hospitalar é necessário seguir algumas normas reguladoras específicas. Na opi- nião do Sr. estas normas atendem a estas necessidades específicas? SZ: As normas e regulamentações deveriam ter uma direção e um detalhamento maior. Nos aspectos de segurança de incêndio, por exem- plo, como desocupar um hospital no caso de uma ocorrência de incêndio. É uma questão séria! A maioria dos hospitais não tem rota de fuga no fim dos corredores, pois não possuem saídas nas extremidades. Em alguns hospitais fizemos câmaras de segurança que possuem elevadores especiais para cadeirantes ou pa- cientes em macas. Sempre colocamos escadas nas extremidades dos corredores e são alguns dos cuidados direcionados às limitações dos pacientes. Algumas normas não atendem as necessidades citadas. Hospital Mater Dei (MG) Hospital São Luiz Anália Franco (SP) ©Divulgação©Divulgação
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  • 14. 14 dez/15-jan/16 rev/gbc/br inovação GREEN PAGES 14 dez/15-jan/16 rev/gbc/br hospital da cidade, onde o terreno era fortemen- te inclinado aproveitamos para organizar todos os acessos, principal, do edifício, pavimento externos, serviços, do pessoal, da oncologia, todos separados em vários níveis cuja solução auxiliou toda a setorização. Por exemplo, o pa- ciente que vai fazer um tratamento oncológico não precisa passar em outras áreas. É preciso entender como usar cada obstáculo da melhor maneira possível. Outra questão importante é a orientação correta de vãos e aberturas dos ambientes de permanência prolongada, evitan- do voltar as faces do edifício para lados muito quentes, úmidos e frios. É necessário projetar o edifício com um bom zoneamento, uma boa implantação, resolvendo problemas de acessos e a posição da internação em relação ao movi- mento solar e aos ventos úmidos e frios. Com a correta implantação na morfologia do terreno e explorar melhor todas as condicionantes locais. Quais são as tendências e perspectivas para o futuro no setor da construção sus- tentável em hospitais? SZ: Acredito que as condições de sustentabi- lidade em hospitais, como em qualquer outra tipologia de projeto, devem ser incorporadas para uma sadia resposta social, econômica e ambiental, que devemos perseguir na arquitetu- ra. Aqui no escritório, sempre colocamos o hos- pital em condições ótimas de sustentabilidade, pois faz parte de uma visão contemporânea. Alguns bons exemplos de obras hospi- talares assinadas por Siegbert Zanettini, incluindo obra novas e retrofits: Hospital Moriah, SP - 2011; Hospital São Luiz - Anália Franco, SP - 2006; Hospital São Camilo - Pompéia; Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, SP - 1968; Hospital Municipal Ermelino Matara- zzo, SP - 1985; Hospital Geral de Pedreira, SP -1989; Atrium Hospital Albert Einstein Morumbi - 1999; Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos - 1999; Hospital Bandeirantes, SP - 2011; Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, SP - 2013; Fleury Medicina e Saúde - Unidade Aná- lia Franco, SP - 2013; Hospital Mater Dei, Betim, MG - 2015. Não somente no caso de incêndios, como tam- bém uma melhor iluminação natural para área de internação leva ao paciente a sensação de se sentir vivo. Ter contato com a paisagem e o verde, é muito importante que se traga a nature- za para dentro do hospital. Em meus projetos sempre coloco áreas externas para descanso e tetos verdes que contribuem para o lazer e des- canso do paciente. Um hospital, muitas vezes, precisa de ambientes fechados devido às suas ne- cessidades particulares, e por isso a uti- lização do ar condicionado é constante. Em quais pontos se deve ter mais aten- ção ao instalar um sistema de ar condi- cionado neste tipo de edificação? SZ: O controle de infecção é uma das questões que deve receber maior atenção em ambientes mais críticos, como salas cirúrgicas, onde vão os equipamentos de condicionamento com maior controle individualizados de infecção. Os aparelhos de ar condicionado são específicos de cada sala, evitando cruzar o fluxo de ar com salas vizinhas e consequentemente a contami- nação desses outros ambientes. Iniciei há vários anos este processo, onde cada sala cirúrgica dos hospitais tem um equipamento de ar con- dicionado específico. Se por qualquer motivo, a sala é contaminada, ela é bloqueada e feita a desinfecção, e o restante do centro cirúrgico continua em funcionamento sem a necessidade de isolamento de todo o centro. São soluções que liberam o hospital de um problema e o per- mite continuar funcionando. Ao fazer retrofit de hospitais é preciso trabalhar o tempo todo com o mínimo de ruídos e com intervenções progra- madas, para não haver incômodo nas demais áreas, porque o hospital funciona durante 24 horas. O que é necessário para uma boa implan- tação hospitalar? SZ: Não é em qualquer lugar que se deve cons- truir um hospital. A escolha do terreno é funda- mental, para atendimento a localização do pro- jeto. É desejável que possibilite acessos fáceis para a chegada e a saída de ambulância de pacientes. O Hospital Mater Dei - Unidade Con- torno, em Belo Horizonte, considerado o melhor Hospital São Camilo (SP) Hospital Moriah (SP) ©Divulgação©M.Scandaroli
  • 15. BRASIL B R A S I L GREEN BUILDING C OUNCIL Membro
  • 16. 16 dez/15-jan/16 rev/gbc/br projeto em destaque talizando 22 salas cirúrgicas. “Quatro destas novas salas são inteligentes e contam com recursos de rastreamento de imagens e integração total aos sistemas do Hospital. Duas delas também podem transmitir imagens de procedimentos ao vivo para o Auditório do Hospital”, explica Welling- ton Bueno Vieira, engenheiro de obras hospitalares do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Os recursos inovadores agregam qualidade, segurança e precisão às cirurgias, além de oferecerem mais conforto às equipes médicas. Um exemplo disso são os focos cirúrgicos, todos de LED, que melhoram a iluminação”, salienta o engenheiro. Na UTI, assim como no Centro Cirúrgico, as salas e os leitos possuem sistema de integração e mobilidade, permitindo ao cirurgião o melhor posicionamento do paciente e da equipe nas amplas salas, beneficiando o trânsito de profissionais em casos de emergência. No total, incluindo as estruturas já existentes na Torre B, são 44 leitos de UTI.“Em uma obra hospitalar as parcerias são necessárias para o desenvolvimento do pro- jeto. Ainda temos que levar em consideração que durante o período da obra os equipamentos vão evoluindo tecnicamente e esta comunicação com os parceiros e equipes tem que ser rotineira para evitar retrabalho do momento da chegada dos equipamentos. A atuação conjunta da En- genharia do Hospital e das empresas de fornecimento de equipamentos médico/hospitalares contribui de forma expressiva para ajuste das so- luções, ou seja, são muitos profissionais envolvidos, inclusive o próprio corpo clínico do hospital e pacientes coexistindo durante uma obra de E m junho de 2015, a nova Torre E do Hospital Alemão Oswal- do Cruz, recebeu a certificação LEED nível Gold na categoria New Construction. Considerado um dos maiores centros hos- pitalares da América Latina, o Hospital adere aos conceitos de sustentabilidade que garantem redução no consumo dos recursos naturais, eficiência hídrica e energética, conforto, saúde e bem- -estar dos usuários, melhor gestão dos resíduos e utilização de materiais ecologicamente corretos, além de avançar no sentido da responsabilida- de socioambiental com a campanha ‘Feche a torneira, abra uma ideia!’. A ampliação do complexo acrescentou 29.500 metros quadrados cons- truídos ao complexo hospitalar, sendo necessário um investimento de cerca de R$ 240 milhões. A construção da Torre E ampliou o número de leitos do hospital de 255 para 371. O novo auditório possui capacidade para 200 pessoas, o que melhorou muito o espaço tanto para o público interno como para os visitantes. A nova torre possui cinco subsolos que ganharam novas vagas de garagem, possibilitando distribuir melhor o fluxo de veículos internamente e nas vias do entorno. Além disso, há um andar técnico que abriga equipamentos de infraestrutura, facilitando sua manutenção. Neste andar, foi feito o isolamento acústico, atenuando o ruído emitido para o exterior do edifício. O novo Centro Cirúrgico possui nove modernas salas, equipadas para a realização de procedimentos de alta complexidade, que através de uma interligação física, complementa o outro Centro Cirúrgico da Torre B, to- Referência em serviços de alta complexidade, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz recebe LEED NC Gold Fotos:DivulgaçãoHospitalOswaldoCruz
  • 17. revistagbcbrasil.com.br 17dez/15-jan/16 projeto em destaque Projeto: Hospital Oswaldo Cruz - Ampliação Torre E Localização: São Paulo - SP Cliente/proprietário: Hospital Alemão Oswaldo Cruz Área construída: 29.500 m² - Torre E Número de Leitos Novos: 116 Certificação: 30/06/2015 Sistema e Nível da Certificação: LEED NC - Gold Arquitetura: Botti Rubin Arquitetos Associados Construtora: Racional Engenharia Consultoria de sustentabilidade: CTE Gerenciamento, Elétrica, Hidráulica e Ar Condicionado: MHA Engenharia Sistema de Ar Condicionado: Ergo Engenharia tamanha magnitude”, afirma Wellington Bueno Vieira. Visando melhor fluidez nas áreas da nova Torre foi construído o túnel de interligação entre todos os edifícios do complexo. “Tal comunicação permitiu que tivéssemos acesso direto às Docas de Recebimento, à Far- mácia Central, à Rouparia e ao Serviço de Nutrição”, pontua Wellington. Além disso, foi reduzido o fluxo pelas demais portarias com a criação da uma entrada exclusiva de veículos na Torre E, hoje utilizada para entra- da de veículos dos médicos, que permite a instalação do Departamento de Relacionamento Médico logo à sua entrada. Também foi realizada a construção de um fluxo direto entre os antigos e novos Centros Cirúr- gicos e UTIs, B e E respectivamente. O auditório locado no 1º subsolo da Torre E, facilitou significativamente o acesso, uma vez que este era localizado no 14º andar da Torre B. Responsabilidade socioambiental O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, um dos maiores centros hospitalares da América Latina e referência em serviços de alta complexidade, abriu espaço para a discussão sobre o uso consciente da água, buscando promover uma mudança no comportamento da sociedade. Para isso, a instituição lançou a campanha “Feche a torneira, abra uma ideia”, que premiou a melhor iniciativa de uso consciente da água. A campanha foi feita junto a colaboradores, pacientes, fornecedores e a comunidade em torno do complexo hospitalar. O objetivo foi motivar as pessoas a vive- rem de forma mais sustentável, aproveitando melhor recursos cada vez mais escassos, como a água. “Os interessados enviaram uma breve descrição do processo de implan- tação, foto e os indicadores de redução obtidos. As iniciativas inscritas foram avaliadas por um grupo de especialistas que analisaram: aplica- bilidade, investimentos, economia e impacto na comunidade. Adicional a isso, são feitas constantes campanhas de conscientização em relação ao uso da água nas áreas comuns, refeitório e vestiários. Também, foi reduzida a pressão da água em torneiras e chuveiros, e reduzida a frequ- ência de lavação de áreas comuns (substituída por varrição). Além disso, palestras de conscientização são feitas com gestores, colaboradores e comunidade externa”, destaca Wellington. A campanha ocorreu no dia 30 de setembro e os interessados enviaram sugestões de projetos já implantados e bem-sucedidos no uso racional da água. A instituição premiou o autor do melhor projeto com uma via- gem com acompanhante. Sustentabilidade As estratégias sustentáveis adotadas na construção da ampliação do hospital contemplaram o uso racional no consumo de água, otimiza- ção da eficiência energética, proibição do uso de CFC, uso de energia renovável, gestão correta dos resíduos de obra, utilização de madeira certificada e plano de controle da qualidade do ar. Hospital Oswaldo Cruz investe cerca de R$ 240 milhões para construção e imple- mentação de medidas sustentáveis para expansão do complexo hospitalar e lança campanha de conscientização para esti- mular o uso racional da água
  • 18. 18 dez/15-jan/16 rev/gbc/br projeto em destaque Através da instalação de dispositivos economizadores foi possível redu- zir em 21% o consumo de água. Priorizou-se também o reuso de águas pluviais e de drenagem da parede diafragma nas bacias e mictórios, além do reuso para irrigação de jardins. A construção também contemplou o uso de energia renovável através da utilização de placas solares, permitindo uma redução no custo anual de energia em pelo menos 1%. Visando ainda a redução de energia foi realizada simulação energética durante o projeto com a implantação de sistemas de ar condicionado eficiente, painéis solares, vidros eficientes, elevadores, luminárias, entre outros. Na gestão de resíduos da construção foi definido o descarte correto para áreas devidamente licenciadas. Os resíduos gerados durante a obra fo- ram destinados para áreas de transbordo e triagem (ATT) e/ou reaprovei- tados na obra. Com isso, 75% do resíduos gerados foram desviados de aterros. Outros cuidados foram tomados, desde a escolha apropriada do terreno e local de construção até a gestão de resíduos da obra. “Na oca- sião, a gerenciadora do projeto – MHA Engenharia – organizou a obra em três diferentes fases: o contrato de demolição das edificações existentes na área da ampliação, o contrato de execução das paredes diafragmas e o contrato com a construtora para a execução de toda a edificação-civil e instalações”, afirma Wellington Vieira. “Para minimizar o ruído gerado em grandes obras como esta, por determinado tempo, foi necessário enclausurar o motor da grua que trabalhava durante a noite, mesmo com o motor trabalhando na menor rotação possível. A carga e descarga de quase todo material foi feita durante a noite e madrugada, o que exigiu um grande envolvimento da vizinhança e, inclusive, do público do próprio hospital, já que a obra estava muito próxima do Centro Cirúrgico e UTI, ambos em plena atividade”, complementa. Em razão da maior parte das edificações vizinhas terem mais de 60 anos, também foram cuidadosa- mente projetados serviços de contenção para estas áreas. Todos os materiais empregados na obra foram previamente aprovados, verificando-se os limites previstos pelo LEED para COV (Composto Orgâ- nico Volátil) em adesivos, selantes, tintas, revestimentos e pisos, uso de madeira certificada FSC (Conselho de Manejo Florestal), além da não uti- lização de gás refrigerante à base de CFC (clorofluorcarbono) nos equi- pamentos do sistema de condicionamento de ar. Para esta aprovação foram apresentadas as declarações ambientas dos fabricantes. Conforto, saúde e bem-estar para os usuários Para garantir a qualidade do ar foram instalados equipamentos com finali- dade exclusiva de pré-tratamento do ar exterior, que abastece os fancoils de cada sala cirúrgica. “O ar externo é filtrado, resfriado e depois segue para os equipamentos, onde é novamente filtrado e climatizado”, detalha o engenheiro. Nos quartos de isolamento também foram instalados filtros HEPAS logo antes do difusor de ar para garantir que qualquer impureza, mesmo aquela que pode se prender nos dutos, não chegue até os aparta- mentos. O hospital também conta com um plano de manutenção preven- tiva dos equipamentos para garantir que estejam em boa operação e com o funcionamento dentro dos padrões de projeto. “Realizamos a análise de qualidade em todo o complexo e a certificação de áreas, como o cen- tro cirúrgico e leitos de pacientes em isolamento” ressalta o engenheiro. “Desta forma, garantimos os padrões necessários em relação ao sistema de ar condicionado, quanto às questões de controle de fungos, bactérias, limpeza do ar, umidade e temperatura”, conclui. Relação com o entorno As certificações LEED são grandes aliadas na redução de custos, tanto na execução da obra, quanto na operação do hospital. Além disso, contri- buem para o conforto interno de pacientes, funcionários e da comunida- de no entorno da instituição. Outro ponto a ser observado diz respeito à valorização do empreendimento. Durante a obra foram tomados diversos cuidados: a lavagem dos pneus dos caminhões, descarte controlado de material, áreas específicas para lavagem dos pincéis, utilização de ma- teriais com emissão de COV (compostos orgânicos voláteis) controlado, entre outros. O acesso de veículos e pedestres foi distribuído de maneira correta para não sobrecarregar as vias marginais ao hospital. Também, em atendimento ao Aditivo do TCA 164/2009 da SVMA da PMSP (Prefei- tura Municipal de São Paulo), foi feito o plantio de 20 mudas de árvores nativas DAP 5 na calçada e entrada da Torre E, à Rua Santa Ernestina. Com o intuito de reduzir o fluxo de veículos na região, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz conta com um bicicletário e vestiário exclusivo para os seus usuários. Também foram implementadas vagas exclusivas para veículos classificados como baixo emissor de poluentes e baixo consumidor de combustível, além disso, foram adotadas medidas para redução das ilhas de calor minimizando o impacto no micro clima e no ambiente urbano. Wellington Bueno Vieira, Hospital Alemão Oswaldo Cruz ©BrunoMarinho
  • 19. revistagbcbrasil.com.br 19dez/15-jan/16 projeto em destaque Redução de 21%no consumo de água com dispositivos economizadores Redução de 1%do custo anual de energia total do edifício 75%de resíduos de obra desviados de aterro Plantio de 20mudas nativas na entrada da Torre E Instituição de referência no atendimento humani- zado e personalizado Segundo Wellington Vieira, a instituição investe constantemente no apri- moramento das suas instalações, o que incluiu o projeto da Torre E. Pen- sando em como ofertar um atendimento de excelência, o hospital promo- veu durante 40 dias consecutivos, treinamento técnico e comportamental para profissionais das áreas assistenciais recém-admitidos para atuar nas Unidades de Internação deste prédio. O engenheiro enfatiza que esta equipe dedicou-se integralmente a esta preparação, enquanto eram estimulados a um convívio mais prolongado, proporcionando uma pers- pectiva transformadora na relação entre eles e, consequentemente, com os pacientes e familiares. “Quando um grupo concluía o treinamento, outro começava, e assim sucessivamente. Além disso, outras equipes assistenciais que já integravam o quadro de colaboradores do hospital, também passaram por esta formação em serviço. Este trabalho foi em- basado por conceitos de um modelo assistencial onde paciente e família são o centro da atenção na assistência à saúde". Importante ressaltar que para ofertar os melhores resultados, o Hospi- tal conta com um corpo clínico e assistencial de excelência. O modelo assistencial do Hospital foi apresentado durante o III Congresso Interna- cional de Acreditação realizado pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) – representante exclusivo da Joint Commission International no Brasil, uma das mais importantes certificadoras de saúde no mundo – tendo sido premiado em primeiro lugar. Parceria e equipe multidisciplinar Para o desenvolvimento de um projeto com esta amplitude e comple- xidade foi necessária a parceria e completa integração das diversas equipes envolvidas. Ao todo, nestes quase 30 mil metros quadrados de construção, estiveram envolvidos uma quantidade significativa de profis- sionais especializados para o desenvolvimento do projeto e consultoria (17 empresas) e execução da obra (mais de 50 empresas contratadas e subcontratadas). O CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) foi a consultoria respon- sável pela obtenção do LEED. A MHA Engenharia realizou os projetos complementares do novo prédio, sendo responsável por todo sistema elétrico, hidráulico, ar-condicionado e sistemas eletrônicos, além de ser responsável, também, pelo gerenciamento da obra, liderada pela Eng. Marcia Cristina Brandão, gerente de projetos da MHA. O projeto arquite- tônico foi desenvolvido pela Botti Rubin Arquitetos Associados. A Racio- nal Engenharia também foi parceira no projeto com a execução a obra. A Ergo Engenharia forneceu para o Hospital Alemão Oswaldo Cruz o sistema de ar condicionado. De acordo com Wellington o projeto já nasceu para ser um edifício sus- tentável e para a obtenção da certificação LEED. “Valeu a pena! Hoje, o edifício conta com sistema de reuso de água, sensores de presença que acionam a iluminação nas circulações, bicicletário e vestiário para o colaborador, iluminação natural em quase 100% das áreas incluindo UTI e Centro Cirúrgico, entre outros. O título de uma obra sustentável carac- teriza um empreendimento valorizado, que economiza recursos naturais energéticos e promove conforto interno aos seus ocupantes, além da comunidade no entorno da instituição”, finaliza. Fotos:DivulgaçãoHospitalOswaldoCruz
  • 20. 20 dez/15-jan/16 rev/gbc/br inovação O cenário atual em relação ao consumo da água é um dos tópicos de maior importância na socieda- de atual. O avanço da crise hídrica vem toman- do proporções significa- tivas devido à alta demanda deste insumo em todas as esferas. Estudos da ONU (Organi- zação das Nações Unidas) mostram que um cenário crítico para a disponibilidade hídrica de uma região corresponde a 1500 m³ por ha- bitante/ano, a bacia do Alto Tietê, na qual a re- gião metropolitana de São Paulo se encontra, apresenta uma disponibilidade hídrica de 200 m³ por habitante/ano, o que corresponderia a um cenário de estresse hídrico acentuado. A disponibilidade hídrica considerada ideal para uma região corresponde a 2.500 a 20.000 m³ por habitante/ano. Um dos principais fatores responsáveis por esse cenário é o crescimento acentuado da população, principalmente nos grandes cen- tros urbanos, associado ainda a um geren- ciamento inadequado dos recursos hídricos. Esse fator contribui para o aumento do aden- samento das cidades e por consequência da verticalização das construções. Conforme dados da SABESP, o consumo humano, hoje, é responsável por mais de 80% da demanda de água na RMSP, sendo estimado que numa residência unifamiliar temos um consumo mé- dio de 150 litros por pessoa/dia, enquanto que para uma unidade multifamiliar este consumo aumenta para 220 litros por pessoa/dia. Com isso observamos um grande incremento na demanda por água nos grandes centros ur- Programa Água de Valor rios de obra e cadeia de suprimentos. “O pro- jeto foi desenvolvido junto aos funcionários, numa ação cujo objetivo era de engajá-los em todo processo. Parte também importante deste processo são os fornecedores, pois a falta de gestão da água em seus processos internos podem afetar as atividades que estão sendo desenvolvidas no canteiro de obra de forma a comprometer produto final. Por isso é necessário que a gestão estratégica englo- be todas as áreas inclusive os fornecedores”, destaca Carla Bordini, engenheira ambiental da Infinitytech. A gestão estratégica da água, além de englo- bar o negócio como um todo, tem uma visão abrangente e integrada da água, avaliamos as pressões nas bacias hidrográficas, a infraes- trutura local, a ações integradas da gestão de demanda e da oferta de água, com o intuito de melhorar gestão da água nas operações da empresa, trazendo além do benefício do uso de maneira responsável, a redução dos impactos e conflitos relacionados à gestão da água nas regiões de sua atuação; visando garantir além da disponibilidade de água em suas opera- ções, a redução dos custos relacionados a este insumo em seus negócios/operações. De acordo com Virgínia Sodré, diretora da Infi- nitytech, o primeiro passo é a conscientização das empresas, fazer com que haja um enten- dimento da necessidade de um planejamento no uso da água durante toda a sua cadeia de negócio, desde a escolha do terreno, planeja- mento do produto, construção até a entrega da edificação. O segundo passo é a realização do diagnóstico para entender a real e atual situa- ção da empresa bem como seus processos Programa apresenta gestão estratégica da água como solução mitigadora de impactos no consumo de água a nível macro, meso e micro banos, que vem aumentando as pressões por novas infraestruturas e pela exploração de no- vos mananciais. A água é um insumo essencial para o processo de produção na indústria da construção civil, o consumo da água acontece de forma direta para a produção e consumo humano, como in- diretamente, através dos processos desenvolvi- dos por sua cadeia de suprimentos. Pensando em uma maneira eficaz de estabele- cer a gestão da água na construção civil, a con- sultoria de engenharia e meio ambiente Infini- tytech desenvolveu o Programa Água de Valor, projeto que visa o uso sustentável e a gestão estratégica da água na obra, aumentando a re- siliência das empresas do setor a atuarem em cenários cada vez mais adversos. O principal objetivo deste programa é garantir a redução do consumo de água e a minimização dos ris- cos relacionados à água nas operações da em- presa e nos seus novos negócios. Dessa forma busca-se também a implantação de ações que trazem uma menor dependência deste recurso nos processos construtivos da empresa, con- tribuindo junto aos demais atores competentes para melhoria da segurança hídrica nas regiões onde atua e auxiliando no desenvolvimento da infraestrutura local dessas regiões. Em parceria com a CCDI (Camargo Correia Desenvolvimento Imobiliário), o programa foi implantado em seis empreendimentos da em- presa. O trabalho foi desenvolvido visando à integração de todas as áreas de atuação da companhia e fornecedores. Para promover um engajamento integrado foram realizados workshops, campanhas de conscientização abrangendo todas as áreas, inclusive operá- Virgínia Sodré Fotos:Infinitytech
  • 21. revistagbcbrasil.com.br 21dez/15-jan/16 inovação em relação a esta temática. “Este trabalho ini- cial foi um dos maiores desafios. A identificação e análise da região para verificar a tendência de alagamentos, como estão as pressões e a po- luição do entorno, se existe tratamento de es- goto, se há o abastecimento de água pela com- panhia ou se houve rodízio de abastecimento dos sistemas de distribuição. Tudo isso entra neste diagnóstico e influencia no planejamento estratégico e na tomada de decisão”, pontua. Pensando nisso foi desenvolvido um estudo que aborda de forma global todos os níveis da gestão da água que influenciam no desenvol- vimento do negócio e na gestão da água. Foi desenvolvida uma visão abrangente da água, diagnosticando os cenários críticos em rela- ção à gestão da água e levando a uma leitura estratégica das carências e potencialidades socioeconômicas e ambientais das regiões onde a Incorporadora já atua e irá atuar. Uma ação pioneira envolvendo os níveis MACRO, MESO e MICRO da gestão. Foram avaliadas a nível MACRO as bacias hi- drográficas que fazem parte das regiões de atuação da CCDI, avaliando os principais pro- blemas e conflitos relacionados à gestão da água nessas regiões. A nível MESO foram diag- nosticadas a infraestrutura existente, como está o serviço de atendimento ao saneamento am- biental (nas questões relacionadas ao abaste- cimento de água, ao esgotamento sanitário e a drenagem das águas pluviais) e a nível MICRO foram identificados os principais pontos críticos relacionados à gestão e uso da água na opera- ção e nos produtos (destaca-se como produtos os empreendimentos que serão comercializa- dos, seja comercial ou residencial, que entre- vidades desenvolvidas no escritório, copa, ves- tiários e refeitório. Já o consumo relacionado à produção encontra-se subdividido em mais duas vertentes, em uma delas a água é vista como um “componente” do processo e na outra é utilizada como “ferramentas” de processos. Na divisão de componentes são analisados processos como cura de concreto, fabricação de argamassa, irrigação, fabricação de gesso, cimento, além da fabricação do concreto por terceiros, ou seja, a cadeia de suprimentos. A divisão ferramentas engloba lavagem de ruas, lava rodas, cuidado com o entorno, testes hi- drostáticos e de impermeabilização, processos os quais aumentam significativamente o con- sumo de água. “Trabalhamos esta visão micro atuando conforme as etapas de segmentação das obras. Nas obras da CCDI foram aborda- das quatro etapas: mobilização de canteiro, su- perestrutura, acabamento e pintura e limpeza no final da obra”, afirma Carla Bordini. Análise de Riscos Como uma peça fundamental para a realiza- ção do planejamento estratégico é de extrema importância a avaliação dos riscos relacio- nados à gestão da água, fase importante do programa Água de Valor, pois esta percepção de riscos se configura como um dos principais motivadores para o engajamento das organi- zações na busca por estratégias de redução do consumo de água. “Este planejamento não é somente em relação à redução do con- sumo em si, mas também abrange a neces- sidade de se analisar os riscos. O sentido é fazer algo planejado, com a implantação de ações mitigadoras para os riscos mapeados, eliminando as soluções ‘caseiras’, que muitas vezes podem até trazer uma redução do con- sumo de água, mas expondo, por exemplo, os usuários dos sistemas a um risco sanitário elevado. Precisamos trazer a eficiência hídrica na produção minimizando os riscos da ope- ração”, justifica Virgínia Sodré. Neste contexto são avaliados riscos operacionais, financeiros, reputacionais, regulatórios e ao produto. Os riscos operacionais envolvem a operação geral da obra, tais como impactos na produ- ção por escassez de água; falta de confiabili- dade no fornecimento, tanto para o uso direto como na cadeia de suprimentos; paralisação da produção pela falta do recurso; além dos problemas causados à saúde dos operários devido à possível contaminação da água. Os riscos financeiros são aqueles que causam gará a região um novo consumidor potencial de água e gerador de efluentes). Engloba-se aqui todo o processo construtivo dentro do canteiro, ou seja, a gestão da água por m³. “Este proces- so nasce com a escolha do terreno, onde estou atuando e qual bacia atende a região na qual estou construindo. Após esta etapa, verifica-se a questão do entorno, da infraestrutura sanitária existente, das pressões por água, entre outros. Estes aspectos mapeados entram no plane- jamento da obra e, muitas vezes, são aliados no desenvolvimento urbano das cidades. Em alguns casos a construtora é obrigada a investir em infraestrutura, como implantar a infraestrutu- ra de abastecimento de água, coleta de esgoto e drenagem como uma contrapartida para libe- ração da obra. A nível micro trabalhamos com ações de redução de forma segmentada, ado- tando estratégias de monitoramento deste con- sumo, instalação de sistemas e processos com o foco na gestão e na eficiência do consumo. Percebemos que muitas empresas ainda não se atentaram para esta questão. Então nos dois primeiros meses de implantação, o trabalho que foi realizado abordou muito a conscientiza- ção e a necessidade urgente de repensarmos a forma como gerimos a água, explicando os problemas relacionados a gestão da água do entorno, e como o entendimento da gestão a nível MACRO, MESO, MICRO pode trazer um melhor planejamento de gestão para as empre- sas”, explica Virgínia. Ainda dentro do canteiro de obras, o processo foi diversificado em dois segmentos: consumo humano e consumo produção. Segundo Carla Bordini, engenheira ambiental da Infinitytech, o consumo humano pode ser observado nas ati-
  • 22. 22 dez/15-jan/16 rev/gbc/br inovação planejamento, agregada ao estado de escas- sez dos mananciais que abastecem a Macro Metrópole, bem como o aumento populacio- nal, direciona o país para um cenário crítico. Segundo a engenheira somente a demanda do consumo urbano tem previsão de cresci- mento de 17 m³ por segundo na Macrome- trópole do estado de São Paulo nos próximos vinte anos, com a previsão de aumento de 4,2 milhões pessoas. “O principal objetivo do planejamento estratégico de água é preparar a empresa para o inevitável. Temos que com muita urgência adotarmos a eficiência do uso da água na construção civil, precisamos gerir a água na obra e lançarmos prédios eficien- tes, os grandes centros urbanos do Brasil já sofrem com escassez real de água. Pode ser que o próprio Governo comece a restringir a opção de novos lançamentos em regiões com estresse hídrico; este cenário não está muito distante”, alerta Virgínia. A ideia de integrar pessoas, departamentos, fornecedores através de conscientização e co- nhecimento de todas as complexidades dos processos é corroborada pela parceria que a Infinitytech iniciou com o Sinduscon (Sindi- cato da Indústria da Construção Civil) em um projeto que visa amplificar e disseminar o pro- grama para as demais empresas, contribuindo de forma geral para mitigação dos impactos relacionados à água e a melhoria da gestão em si. “Acreditamos muito nesse trabalho e nos benefícios que este pode trazer para as empresas, temos como desejo que mais em- presas possam ter acesso a esta metodologia que desenvolvemos e que possamos direta ou indiretamente melhorar a gestão efetiva da água no setor da construção. Para o futuro vis- lumbramos trabalhar na avaliação da gestão da água na cadeia de fornecedores, hoje está se iniciando no Brasil estudos relacionados à avaliação do ciclo de vida dos materiais, e um dos pontos abordados por estes estudos é a gestão da água. Dessa forma observamos que o setor da construção tanto local como a nível internacional está se preparando para uma vi- são mais abrangente da gestão da água, tanto para produção industrial dos produtos e insu- mos utilizados na obra, como na execução em si do processo construtivo. E nós como con- sultoria ambiental, queremos auxiliar o setor a ter uma visão efetiva dessa gestão da água integrada como um todo”, conclui Virgínia. prejuízos por alguns fatores como impostos multas e processos judiciais por contamina- ção de funcionários, fornecimento por sistemas inadequados, aumento do custo da água. Para Virgínia esta questão pode trazer prejuízos finan- ceiros reais, “O caminhão pipa muito usado pela maioria das construtoras em obras, aumentou o seu custo em 275% nos últimos dois anos. Estão sendo criadas leis municipais tais como a lei pro- mulgada na cidade de São Paulo, aprovada nes- se ano, que penaliza em R$1.000,00 quem for pego lavando veículos ou calçadas com água potável”, ressalta a engenheira. Já os riscos re- putacionais norteiam a credibilidade da empresa em relação ao mercado e clientes. A má gestão da água contribui para exposição de negativa da imagem da empresa, desgaste das relações co- merciais, além de restrições de novos produtos. Perfuração de poços sem outorga, não cumpri- mento de regulamentações ambientais, entre outros, podem acarretar em prejuízos à em- presa perante a lei, como, por exemplo, taxas, processos legais, restrição no fornecimento de água, dificuldade para liberação de outorgas, além de autuações ambientais. Todos estes riscos podem causar a perda de competitivi- dade, falha de gestão, restrição de novos lan- çamentos, assim como a rejeição por parte do consumidor. “Neste trabalho, integramos estes riscos relacionando-os a todas as dificuldades do projeto, entre os grupos da empresa, área de negócios, obras, planejamento, qualidade, produtos. Trabalhamos com uma mescla de funcionários da empresa, com perfis distintos para realizarmos em conjunto a análise de ris- cos da empresa (CCDI). Neste trabalho fomos mediadores nas estratégias, mas os riscos fo- ram definidos por eles”, afirma Virgínia Sodré. Ações mitigadoras e oportunidades A avaliação dos riscos em todos os processos construtivos contribui para uma análise apro- fundada dos impactos inerentes à obra, pos- sibilitando ações adequadas e promovendo a visualização de oportunidade de negócios. A definição destas ações, através do planeja- mento estratégico de gestão da água, permitiu a CCDI vislumbrar possíveis oportunidades, as quais englobam aumento de competitividade, fortalecimento da cadeia de valor, parcerias, obtenção de recursos e incentivos e implanta- ção de novas tecnologias associadas à redu- ção dos custos operacionais, além do reconhe- cimento socioambiental frente ao mercado e a seus clientes. As ações para redução do consumo da água nas obras abordam vertentes econômicas, so- ciais e tecnológicas. Em um panorama geral, este plano de ação baseia-se em campanhas de conscientização, novos sistemas construti- vos, fontes alternativas como reúso e aprovei- tamento de água de chuva e campanhas edu- cativas para os profissionais envolvidos. Além disso, foram definidas ações específicas de acordo com as características e necessidades de cada obra relativas às áreas de consumo humano, produção, abastecimento e produto. Uma das ações que mais se destaca pelo ex- celente potencial de monitoramento e redução de uso da água é a instalação de hidrômetros por etapas da obra, o que permite um contro- le elevado do consumo por metro quadrado a cada fase. Contribuindo também para uma melhor gestão do recurso, reduzindo custos e otimizando o processo como um todo. Foi elaborada uma planilha de cálculo na qual são inseridos dados de consumo de cada fase do processo construtivo, colaborando ainda mais para esta gestão, bem como para a criação de um benchmark para a incorporadora. A estratégia de medição setorizada através da instalação dos hidrômetros nas obras foi uma solução definida pelos próprios gestores de obras. A metodologia utilizada foi a divisão dos hidrômetros por abastecimento de água pela rede pública, escritórios e vestiários, por torres e, consequentemente, por fases ou andares construídos. “O objetivo é implantar no primeiro andar, monitorar e setorizar os consumos. Con- forme a evolução da obra, o hidrômetro é mo- vido para os andares que estão sendo traba- lhados continuando com o mesmo processo. Atuamos em seis empreendimentos da CCDI criando uma guia de ações para cada obra. Criando uma padronização da gestão, de for- ma a controlarmos o consumo da água por m³ e por fase de obra”, garante Virgínia Sodré. Além dos benefícios ambientais, sociais e eco- nômicos que o programa proporciona, é pos- sível quantificar a pegada hídrica da obra, que permite avaliar o consumo direto e indireto da obra, ou seja, tanto o relativo à obra quanto da cadeia de suprimentos “ Era necessário de- senvolver uma ferramenta de gestão que con- siderasse o consumo de água em toda cadeia produtiva, e que possibilitasse seu monitora- mento. Então fomos à busca de ferramentas internacionais que pudessem nos fornecer isso”, esclarece Carla Bordini. Para Virgínia Sodré, o cenário atual em relação à água é preocupante. A falta de gestão e de
  • 23.
  • 24. 24 dez/15-jan/16 rev/gbc/br tendências O Brasil tem avançado de maneira significativa nas questões de sustentabilidade dentro da construção civil nos últimos dez anos, ocupando hoje uma posição de destaque entre os principais países em número de projetos certificados no mundo. Neste período tivemos fortes avanços no desenvolvimento de projetos, ma- teriais e tecnologias sustentáveis e na execução de obras atendendo às diretrizes da construção sustentável. O portfolio de empreendimentos gerados e os nossos canteiros de obras não devem nada aos de países desenvolvidos. Porém, mesmo com estes significativos avanços, o mercado ainda não foi capaz de formar profissionais qualificados para a gestão do uso e operação das tecnologias de ponta empregadas nestes empreendimen- tos certificados. Desta forma, o que ocorre hoje é que muitos dos empreendimentos que foram certificados, não estão tendo o desempenho previsto no momento de sua concepção, gerando o que conhecemos por desperdício tecnológico. Com os crescentes aumentos nas tarifas de água e energia praticados recente- mente, e ainda previstos para os próximos anos, é fundamental que a operação destas edificações seja ajus- tada para que estes edifícios possam ter um desempenho sustentável ao longo da sua vida útil, oferecendo assim todos os benefícios das tecnologias neles implantadas. Além da necessidade desse avanço na operação sustentável dos empreendimentos, creio que nos pró- ximos anos, a sustentabilidade na construção do Brasil vai consolidar as conquistas obtidas em projetos e canteiros de obras e ampliar o escopo da sustentabilidade para os demais elos da cadeia produtiva, envolvendo a fabricação de materiais, o desenvolvimento da inovação de produtos, a logística reversa, a economia circular, a responsabilidade social e uma forte campanha de educação dos consumidores e da sociedade, ressaltando os benefícios econômicos, ambientais e sociais da sustentabilidade. Roberto de Souza Diretor Presidente do CTE Tendências2016O Brasil tem enfrentado diversos problemas relacionados às crises hídrica e energética, mesmo com um alto potencial e recursos para o desenvolvimento de fontes de energias renováveis. Além disso, temos acompanhado a evolução do desmatamento, da poluição e o cresci- mento das emissões de gases de efeito estufa. Por outro lado, a construção sustentável tem avançado significativamente nos últimos 10 anos, sendo crescente o número de em- preendimentos certificados e o engajamento das organizações e empresas brasileiras do setor da construção civil tem sido de extrema importância para estes avanços. Em meio a esse cenário nacional, diversos especialistas falam sobre as suas expectativas para 2016. ©CTE
  • 25. revistagbcbrasil.com.br 25dez/15-jan/16 tendências O mercado de construção sustentável vai continuar se expandindo em 2016 apesar da redução da velocida- de da economia, pois ele faz sentido e as empresas terão que buscar economias em seu custo de operar. Como sabemos 50% da energia elétrica produzida no Brasil é destinado as edificações e os sistemas de ar condicionado representa de 60 a 70% do consumo de energia de um edifício. Com a tecnologia disponível hoje em termos de equipamentos, sistemas e controles podemos reduzir o consumo dos sistemas de ar condicionado em 40 a 50% e dessa forma buscar uma redução significativa no consumo de energia tem que passar pelo sistema de ar condicionado. A busca por eficiência será ampliada face a redução na economia e as empresas terão que reduzir seus custos para operar de forma mais eficiente A redução no consumo de energia normalmente também reduz o consumo de agua e ambas são muito importante. Manoel Gameiro Vice Presidente de Eficiência Energética da ABRAVA A sustentabilidade, em qualquer setor produtivo, tem a tendência natural de se estabelecer, seja nas pe- quenas ou grandes empresas, em qualquer lugar do mundo. Na construção civil isto não é diferente. As construções sustentáveis estão relacionadas à eficiência nos processos, aumento de produtividade, ou seja, é construir mais com menos. É fundamental a redução dos custos da empresa, visto que estamos em mer- cado cada vez mais competitivo. Além disto, temos observado, felizmente, a formação de um consumidor cada vez mais consciente de suas escolhas, e que prioriza a compra de produtos com viés de sustentabi- lidade, mesmo que por vezes paguem um pouco mais por isto. Não é mais viável para as sociedades, do ponto de vista da preservação e disponibilidade dos recursos naturais, manter os altos níveis de exploração de matéria-prima e de desperdício. Vejo o mercado da construção civil dar um passo importante em toda a sua história, em busca da sustentabilidade no setor. Além da redução de custos, as construções sustentá- veis estão associadas ao uso racional da água potável, eficiência energética, gestão correta dos resíduos, qualidade de vida para quem trabalha ou reside nestas edificações. O mercado de construções sustentáveis já é uma realidade. Terá vantagens aqueles que assim fizerem e derem o passo à frente. Serapião Bispo Ferreira Neto Diretor de Ciência e Tecnologia do Sinduscon/PE Coordenador do Movimento Vida Sustentável –MVS A Construção Civil tem, em seus diversos setores, se aproximado cada vez mais da Sustentabilidade, através de soluções e novas tecnologias que buscam reduzir impactos ao ambiente. A atenção e os esforços em relação à eficiência no uso da água e da eletricidade só devem aumentar, diante das condições de cresci- mento populacional das grandes cidades, das adversidades climáticas, da disponibilidade, acesso e custos destes insumos. Com isso, espera-se que o emprego de soluções eficientes, tanto em novos edifícios como em edifícios que estejam em reforma, seja intensificado em 2016 e nos próximos anos. Mas certamente o ca- minho para uma Construção Civil de fato Sustentável ainda é longo. Temos ainda adaptado muitas soluções, tornando-as menos impactantes, mas devemos intensificar o emprego da inovação no desenvolvimento de novas tecnologias, para que sejam eficazes e não somente mitigadoras ou de menor impacto. Além disso, é de suma importância que a especificação e compra destas tecnologias e soluções sustentáveis seja reali- zada com olhar sistêmico, avaliando efetividade e não somente custo. Eng. MSc. Osvaldo Barbosa de Oliveira Junior Coordenador da Engenharia de Aplicação da Deca ©DivulgaçãoSinduscon-PE©Divulgação©Divulgação
  • 26. 26 dez/15-jan/16 rev/gbc/br tendências O setor da construção representa mundialmente um terço das emissões de gases de efeito estufa e 40% do consumo global de energia. É preciso uma mudança profunda na concepção das construções para diminuir de forma significativa seus impactos. Hoje, estamos planejando as cidades e os edifícios de amanhã. Isso não pode acontecer sem um compromisso muito forte com a sustentabilidade, seja em termos de preservação e consumo dos recursos naturais, bem como a diminuição das emissões de carbono. O Brasil atualmente tem dois grandes desafios no mercado da construção civil: o déficit habitacional de sete milhões de habitações e a demanda de mais de 1,5 milhão de novas unidades, bem como a grande neces- sidade de infraestrutura. Nos últimos anos, vimos surgir normas, regulamentações e certificações a favor de mais sustentabilidade nos edifícios e do bem-estar e conforto de seus ocupantes. Porém, o mercado da construção civil no país tem ainda um longo caminho a percorrer, o que implica no esforço conjunto de todos os atores da cadeia, desde as políticas públicas até as construtoras, os fabricantes de materiais de construção ou ainda as entidades certificadoras. A Saint-Gobain tem um papel importante na evolução da construção sustentável, principalmente no Brasil, uma vez que é um elemento central de sua estratégia. O Grupo possui um portfólio completo de soluções para novas construções ou reforma tanto individuais como coletivas, e até mesmo outros espaços de convivência. Nossos vidros, placas de gesso, lã de vidro, colas, argamassas e rejuntamento ou telhas de fibrocimento proporcionam ao mesmo tempo eficiência energética, conforto e bem-estar dos usuários e qualidades funcionais. Atuamos também na sensibilização e formação dos profissionais da construção, bem como do consumidor final. Esse compromisso com a sustentabilidade se torna realidade graças aos nossos investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento. Em 2016, o novo centro de pesquisa e desenvolvimento do Grupo, primeiro do Hemisfério Sul será inaugurado em Capivari, São Paulo, para criar os materiais dos edifícios do futuro. Thierry Fournier Presidente da Saint-Gobain para Brasil, Argentina e Chile Observamos realidades muito distintas em relação à sustentabilidade em edifícios de lajes corporativas e nas demais tipologias. No primeiro caso, as grandes empresas demandam por imóveis certificados, pois conhe- cem as vantagens socioeconômicas de estarem instaladas neste tipo de propriedade, mesmo se a locação ou o preço do imóvel for um pouco mais caro. Naturalmente, as incorporadoras atendem esta demanda. Já nas demais tipologias, ainda há pouca demanda e, portanto, a maioria dos projetos não incorporam atribu- tos sustentáveis. Isto se deve ao fato de que empreendimentos sustentáveis agregam entre 1,6% e 8,6% de custos adicionais em relação à empreendimentos convencionais similares, sendo este o principal obstáculo declarado por 82% dos incorporadores que responderam ao questionário que é parte da dissertação de mestrado que realizei sobre este assunto (www.hamiltonleite.com.br/page0031.html). Existem quatro possi- bilidades para que haja equilíbrio econômico do ponto de vista da incorporadora e consequente crescimento da certificação nas demais tipologias: 1-Aprovação de leis que concedam incentivos fiscais ou urbanísticos à projetos sustentáveis; 2-Análise aprofundada das normas de certificação, com foco em custos, para que o projeto seja realizado com custo adicional próximo de zero. É possível!; 3-Quando os compradores de imóveis residenciais também estiverem informados sobre os benefícios socioe- conômicos dos imóveis sustentáveis, e demandarem por este produto; 4-Quando houver metas sustentáveis e planos de ação, desde que econômica e tecnologicamente viáveis, para as empresas do setor imobiliário alcançarem num longo prazo. Hamilton de França Leite Junior Diretor de Sustentabilidade do Secovi-SP ©DivulgaçãoSecovi-SP ©DivulgaçãoSaint-Gobain
  • 27. revistagbcbrasil.com.br 27dez/15-jan/16 tendências A realidade enfrentada pelo setor da Construção Civil em 2015 fez com que a maioria dos players deste mer- cado se readequassem a este cenário, buscando atuar com maior eficiência e produtividade, além de buscar a segmentação de mercado, com foco em ampliar as reduzidas oportunidades do mercado. A continuidade do cenário retraído para 2016 nos leva a repensar os projetos e as metodologias construtivas, inclusive sob a ótica da sustentabilidade. As demandas por empreendimentos sustentáveis devem ser inten- sificadas nos próximos anos. Cada vez mais buscamos desenvolver processos industrializados dentro do canteiro de obras e a industrialização de sistemas construtivos fora do canteiro. Como consequência deste esforço, temos reduzido perdas aparentes e incorporadas de insumos na construção, diminuindo a quantida- de de resíduos a serem descartados, por exemplo. Quanto às questões relativas aos recursos hídricos é importantíssimo buscarmos soluções eficientes desde a concepção dos projetos de engenharia, durante a fase de construção e finalmente à fase de operação do empreendimento. Nos projetos, foram evidentes as demandas por aumento de reservatórios de reuso de água e mesmo a utilização da água armazenada em reservatórios de retardo de águas pluviais, que antes eram lançados na rede pública e agora passaram a funcionar também como reservatórios de água para reuti- lização no próprio empreendimento. Da mesma forma, as questões relativas à eficiência energética ganharão maior importância nos próximos anos, pois além das respectivas certificações, que passaram a ser cada vez mais comuns nos empreendimentos, a conscientização do uso racional de energia deverá ser um ponto de extrema importância para incrementar a performance dos empreendimentos, cujos esforços retornarão sob forma de economia no consumo durante a operação dos mesmos, tanto para os investidores, como para os usuários. Hugo Rosa Presidente da Método Potencial Temos como Missão, criarmos um habitat mais integrado com o ser humano, através da prestação de serviços diferenciados nos mercados da construção e desenvolvimento imobiliário. Quem Somos: Arquitetura e Urbanismo desenvolve um trabalho criterioso voltado a busca contínua da qualida- de, atendendo prazos e custos propostos. A Natureza destas atividades vai desde a Pesquisa e Aná- lise de Restrições, Programação, Pré-Dimensionamento e Planejamento Físico, ao Projeto Arquite- tônico Completo, o Projeto de Reforma, o Projeto de Arquitetura de Interiores, Planos Urbanísticos e de Paisagismo, a Coordenação de Projetos Complementares, Fiscalização e Acompanhamento da Obra e Desenhos de Apresentação. Asau – Arquitetura e Urbanismo Projetos que atendem suas necessidades: Comercial, Residencial e Industrial. Projetos • Arquitetura Sustentável • Arquitetura Residencial, Comercial, industrial • Design de Interiores e Decoração • Paisagismo e urbanismo • Loteamentos Consultoria • Gerenciamento de Projetos e Obras • Paisagismo, Design e Decoração de interiores • Perícia Judicial (Engenharia e Ambiental) • Licenciamento Ambiental • Estudo de viabilidade econômica para empreendimentos imobiliários • Projetos de engenharia (topografia, instalações em geral etc.) • Consultas técnicas para Arquitetura e Engenharia Contatos Rua Doutor José Roberto Freire, 206 Centro - Itaguaí, 23815-203 Tel: 55 (21) 2688-3229 Email: atendimento@asau.com.br www.asau.com.br www.facebook.com/asauarquitetura ©Divulgação
  • 28. 28 dez/15-jan/16 rev/gbc/br desempenho P rojetar e construir ambientes que promovem a saúde e bem-estar aos usuários se tornou um dos pontos mais importantes no âmbito da construção civil. Estes requi- sitos têm sido cada vez mais relevantes como fatores de decisão dos consumidores em geral. A certificação WELL Building Standard foi desenvolvida para atender esta demanda na busca por qualidade de vida, saúde e produtividade dos usuários aliada à sustentabilidade ambiental dentro dos espaços construídos, além de ser uma ferramenta complementar a Certificação Internacional LEED. Esta integração entre o IWBI (Interna- tional Well Building Institute) e o GBCI (Green Building Council Institute) com as ferramentas certificadoras WELL e LEED proporcionam um desenvolvimento mais assertivo e garantem resultados positivos. A certificação WELL baseia-se em sete categorias, tais como, ar, água, alimentação, luz, fitness, conforto e mente. Um olhar mais atento para estes conceitos mostra que eles são significativamente relevantes em um edifício, uma vez que passamos cerca de 90% do tempo de nossas vidas em ambientes construídos. Atualmente, mais de 80 edifícios com cerca de 2 milhões de metros quadrados localizados em 12 países já possuem a certificação ou en- contram-se registrados, em fase de desenvolvimento. O Brasil já teve o primeiro projeto registrado na Certificação WELL Building Standard, o escritório da SETRI, em São Paulo. A versão 1 da certificação abrange tipologias como edifícios de escritórios comerciais e institucionais que vão desde edifícios novos e existentes, projetos de interiores, novos e existentes, até a categoria Core & Shell que contempla a estrutura do Certificação WELL promove saúde e bem estar nas edificações Com cerca de 2 milhões de metros quadrados construídos em 12 países, a certificação WELL ganha espaço no mercado da construção sustentável na promoção de saúde e bem-estar dos usuários edifício, incluindo o posicionamento das janelas e vidros na fachada, as proporções da construção, o sistema de aquecimento, refrigeração e ventilação e a qualidade da água fornecida ao edifício. Esta tipologia também avalia as instalações e oportunidades de bem-estar no terre- no. Visando a melhoria contínua e avanço da certificação e de seus resultados foram desenvolvidos pelo IWBI programas pilotos para o setor de varejo, residências multifamiliares, educação, restaurantes, cozinhas comerciais, instalações de saúde, instalações esportivas e setor publico. A implantação da certificação WELL nas edificações traz efeitos be- néficos tanto para a questão humana quanto para o lado econômico. O ambiente com características adequadas e saudáveis contribuiu de forma plena para o bem-estar, conforto, aumento de produtividade e diminuição do absenteísmo, melhora da satisfação e promove até a felicidade dos ocupantes. Além disso, influenciam diretamente nos efeitos psicológicos, frequentemente causados por ambientes cujas rotinas possuem alto nível de stress, como é o caso das edificações hospitalares. Além dos benefícios imensuráveis proporcionados à vida e a saúde dos usuários, a certificação permite agregar ao projeto um elevado potencial comercial, através do retorno de investimentos sig- nificativos, fruto da redução de despesas em longo prazo tanto com pessoal quanto com relação à vida útil do edifício. De acordo com estudo de caso realizado pelo IWBI, com os usuá- rios do primeiro edifício certificado WELL Building Standard, a sede da CBRE na Califórnia, 83% dos ocupantes disseram sentir-se mais pro- dutivos e 92% informaram que o novo espaço de trabalho criou efeitos
  • 29. revistagbcbrasil.com.br 29dez/15-jan/16 desempenho positivos na saúde e bem-estar. Voltando-se para o lado comercial, 100% das empresas confirmaram o interesse de seus clientes por este novo método de trabalho, além disso, 94% garantiram que obtiveram impactos positivos no desempenho de seus negócios. “Investir na saúde e bem-estar dos colaboradores tem o potencial de ajudar as empresas a reter os melhores talentos, aumentar a produtividade dos funcionários e satisfação, fortalecer os esforços de responsabilidade corporativa e reduzir o absenteísmo”, ressalta Paul Scialla, diretor exe- cutivo da Delos, fundadora do WELL Building Standard. A ferramenta WELL Building Standard é fruto de sete anos de pesqui- sas e investigação através da colaboração por conceituados profissio- nais da medicina, da ciência e profissionais da indústria. O principal foco na criação desta certificação, como já dito acima, é o bem-estar e a saúde humana, fatores que exigem a necessidade de um corpo de profissional qualificado para seu desenvolvimento. Os recursos ineren- tes à certificação WELL contribuem diretamente em sistemas vitais da saúde humana. Outra figura importante no processo de certificação WELL é o profissio- nal acreditado ,WELL AP, que possui conhecimento sólido e especiali- zado voltado para saúde e bem-estar nas construções. De acordo com Paul Scialla, a credencial WELL associada ao profissional acreditado LEED promove oportunidade e um diferencial frente ao mercado da construção civil. “A certificação WELL está levando a indústria a repen- sar a sua abordagem para a construção sustentável, a criação de uma nova oportunidade de mercado, colocando as pessoas no centro das decisões de projeto e construção”, garante o especialista. O processo de certificação WELL O processo de certificação WELL envolve cinco etapas: Inscrição; Do- cumentação; Verificação de desempenho; Certificação; e Recertifica- ção (não aplicável para Core & Shell). O Os projetos que buscam a Certificação WELL devem se registrar no IWBI através do WELL Online. As equipes de projetos podem registrar o projeto a qualquer momento à medida que evoluem no processo de desenvolvimento do projeto. Entretanto, é mais vantajoso registrar o projeto o mais breve possível para que as estratégias que irão satisfazer a Certificação possam ser integradas desde o início. A etapa de documentação inclui documentos e desenhos do projeto, declarações de garantia da equipe de projetos, além da necessidade de revisão desta documentação para certificação final. Na fase de veri- ficação de desempenho, testes são realizados no local após a ocupa- ção e durante a operação do edifício, procedimentos necessários para avaliar e validar o desempenho previsto. A certificação é concretizada após a validação do projeto quanto à conformidade da documenta- ção e resultados de desempenho. A recertificação garante, a cada três anos, o alto nível do projeto em relação ao design, operação e manu- tenção ao longo do tempo. Níveis e critérios para certificação WELL A certificação pode ser atingida em três níveis, Silver, Gold e Platinum. Para conquistar qualquer um dos níveis é necessário o atendimento de todas as pré-condições estabelecidas nas diretrizes da certificação. Para obtenção de níveis mais elevados o projeto deve apresentar um alto percentual de otimização de recursos. CBRE Group, Inc.’s Global Corporate Headquarters, Los Angeles, California (EUA) Phipps Center for Sustainable Landscapes, Pittsburgh, Pennsylvania (EUA) SILVER Cumprimento de 100% das pré-condições aplicáveis à tipologia. GOLD Cumprimento de 100% das pré-condições aplicáveis à tipologia, além de desempenho acima de 40% em otimização . PLATINUM Cumprimento de 100% das pré-condições aplicáveis à tipologia, além de garantir desempenho acima de 80% em otimização. Fotos:©CBRE Fotos:©DenmarshPhotography
  • 30. 30 dez/15-jan/16 rev/gbc/br desempenho -Teste e monitoramento da qualidade do ar; -Tratamento e filtragem; -Ventilação; -Controle de umidade; -Protocolo de limpeza; -Seleção de materiais; -Processos construtivos; -Entrada saudável -Qualidade da água; -Acesso à água potável; -Filtragem. -Acesso a alimentos saudáveis; -Porções saudáveis; -Alimentação consciente; -Área para preparação dos alimentos; -Produção de alimentos. -Níveis baseados nas atividades; -Projeto circadiano; -Qualidade da cor; -Iluminação natural; -Controle de ofuscamento. -Projeto ativo (exterior); -Projeto ativo (interior); -Estações de trabalho ativas; -Consciência e hábitos; -Espaços para atividades físicas. -Térmica; -Acústica; -Ergonômico; -Olfatória; -Acessibilidade; controle; -Protocolos. -Conexão com a natureza; -Beleza; -Consciência e Bem-Estar; -Feedbacks de projetos; -Projeto Integrativo; -Equidade social e altruísmo. AR Visando a qualidade do ar interno (QAI) que abran- gem a remoção de contaminantes, prevenção de poluição e a purifica- ção do ar, são estabelecidas as seguintes estratégias: teste e monito- ramento da qualidade do ar; tratamento e filtragem; ventilação; controle de umidade; protocolo de limpeza; seleção de materiais; processos construtivos; entrada saudável. Nesta categoria é analisada a utilização de materiais tóxicos, eliminação de contaminantes biológicos, falhas de ventilação e transmissão de vírus e bactérias pelo ar. ÁGUA As estratégias relacionadas à água envolvem medi- das que promovam a qualidade e filtragem deste recurso, tratamento e otimização no acesso de água aos edifícios. Os requisitos exigidos nesta categoria são: qualidade da água; acesso à água potável; filtragem. NUTRIÇÃO A categoria nutrição busca estabelecer condições para melhores hábitos alimentares através do fornecimento de alimentos mais saudáveis, dicas comportamentais e conscientizar quanto à quali- dade de nutrientes. Encontram-se dentro desta categoria critérios como: acesso a alimentos saudáveis; porções saudáveis; alimentação cons- ciente; área para preparação dos alimentos; produção de alimentos. LUZ Ações relativas à iluminação estão descritas na categoria luz, que reforçam o ritmo circadiano do corpo e abrangem requisitos como desempenho do projeto, controle de iluminação, ní- veis de iluminação adequados para as atividades, que contribuem para melhora do humor e produtividade do usuário. Alguns dos critérios para certificação são: níveis baseados nas atividades; projeto circadiano; qualidade da cor; iluminação natural; controle de ofuscamento. FITNESS A certificação WELL também estabelece requisitos com o objetivo de incentivar atividades físicas e envolvem as seguintes estratégias: projeto ativo tanto para o exterior como para o interior, es- tações de trabalho ativas; espaços para atividades físicas, desenvolvi- mento de consciência e hábitos saudáveis. CONFORTO Para a categoria conforto, a certificação estabelece a criação de ambientes que promovam a produtividade e minimizem distrações por parte dos usuários. Os requisitos avaliados são: térmica, acústica; ergonômico; olfatória; acessibilidade; controle; protocolo. Es- tas estratégias contribuem para um ambiente de qualidade permitindo aumentar o nível de satisfação e bem-estar. MENTE A categoria mente abrange os seguintes critérios: conexão com a na tureza; beleza; consciência e bem-estar; feedbacks de projetos; projeto integrativo; equidade social e altruísmo e espa- ços adaptáveis. Estas estratégias permitem abordar campos de apoio mental e saúde emocional, fornecer aos colaboradores feedbacks re- lacionados às políticas e diretrizes do escritório, bem como fornecer elementos de design, espaços de relaxamento e tecnologia avançada.
  • 31. revistagbcbrasil.com.br 31dez/15-jan/16 desempenho Diretor do International WELL Building Institute Paul Scialla ENTREVISTA É necessário que um edifício possua o certificado LEED para alcançar o WELL Building Standard? Quais são as princi- pais diferenças e sinergias entre ambos os padrões? PS. Enquanto Certificação LEED não é um pré-requisito para alcançar o WELL Building Standard, WELL foi concebido para comple- mentar o LEED para melhor atender a saúde humana e sustentabilidade ambiental dentro de edifícios. O GBCI, que fornece a certifica- ção de terceiros para o WELL, e o Instituto Internacional WELL Building têm racionaliza- do como LEED e WELL podem trabalhar em conjunto, tornando mais fácil para os projetos obterem as duas certificações e alcançar a saúde ambiental e humana e bem-estar. Qual seria o custo efetivo sobre o inves- timento do proprietário para alcançar a Certificação WELL? PS. As taxas de inscrição variam de US$ 1.500 a US$ 10.000, dependendo da tipologia e ta- manho do projeto. Os custos de certificação começam em US$ 4.000 e variam de US$ 0,08 a US$ 0,23 por pé quadrado, dependendo da tipologia e dimensão do projeto. O preço por volume está disponível para projetos que excedam 1 milhão de pés quadrados (92.900 m2 ), para terrenos com vários edifícios, e para sites corporativos com múltiplas construções. O custo total para obter o certificado WELL - incluindo registro, certificação e verificação de desempenho - custa em média menos de US$ 100 por empregado para um edifício típico de escritórios comerciais. Quais são os benefícios ambientais, so- ciais e econômicos da certificação WELL Building Standard? Paul Scialla. Sustentabilidade ambiental, saúde e bem-estar caminham lado a lado. Como o primeiro padrão de construção que se concentra exclusivamente sobre a saúde e o bem-estar das pessoas em edifícios, o WELL Building Standard é projetado para tra- balhar em harmonia com outras certificações de construção verde, incluindo LEED, para tornar os ambientes construídos não só me- lhores para o planeta, mas melhores para as pessoas que nele habitam. A certificação WELL estabelece requisitos de desempenho em sete categorias relevantes para a saúde e bem-estar dos ocupantes: ar, água, alimento, luz, fitness, conforto e mente. Espaços certificados WELL podem ajudar a criar um ambiente construído que melhora a alimentação, a condição física, o humor, os padrões de sono, e o desempenho de seus ocupantes. Economicamente falando, a cer- tificação WELL não só tem o potencial para redução nos custos de saúde, como também fornece retorno inestimável sobre o investi- mento, aumentando o valor dos empreendi- mentos através de uma declaração altamente visível sobre compromisso de uma organiza- ção para com a saúde e bem estar das pes- soas nos edifícios. A indústria da saúde e bem-estar é uma das que mais crescem hoje em dia, e cada vez mais é um dos maiores fatores de decisão para os consumidores e funcionários. Investir na saúde e bem-estar dos colaboradores tem o potencial de ajudar as empresas a reter os melhores talentos, aumentar a produtividade e satisfação dos funcionários, fortalecer os esforços de responsabilidade corporativa e reduzir o absenteísmo. Foto:Delos Até agora, quantos projetos já alcançaram a certificação WELL e quantos estão regis- trados? PS. Atualmente, mais de 80 projetos abran- gendo quase 2 milhões de metros quadrados estão registrados ou certificados sob o WELL Building Standard em 12 países nos cinco continentes. Qual é o processo de registro? Quanto tempo dura todo o processo até o resulta- do final? PS. O processo de certificação WELL envolve cinco etapas: 1. Inscrição: A certificação começa com o registro através do WELL Online, uma plata- forma digital projetada para angariar projetos em processo de certificação, do início ao fim. 2. Documentação: Documentação, incluindo documentos do projeto, anotações e dese- nhos, além de cartas de garantia da equipe do projeto, são necessários antes da revisão da certificação final. 3. Verificação de desempenho: uma série de testes de desempenho pós-ocupação são feitos no local, conhecida como Verificação de Desempenho. 4. Certificação: Certificação WELL reconhece que o projeto documentou com sucesso e conformidade todas as características e pas- sou pela Verificação de desempenho. 5. Recertificação: A recertificação, que deve ser completada a cada três anos, garante que o edifício mantenha o mesmo alto nível de projeto, manutenção e operações ao lon- go do tempo. Para projetos Core & Shell, a recertificação não é necessária.