1. especialmente ao principiante espírita
Espíritas Resenha de Estudos
Espiritismo estudado
descortinando novos horizontes
às criaturas humanas
o celeste
roteiro8 setembro de 2014
semeando conhecimento iluminativo; estimulando
a prática incondicional do bem; enaltecendo Jesus
1
SÉRIE
2. ELIVsRcoElha
Dentre as dadivosas mercês de Deus,
direcionadas ao Espírito em evolução,
destaca-se o livre-arbítrio como sendo a
faculdade de eleger o que melhor se lhe
apresente durante o processo da reencarnação.
Graças a essa concessão, passo a passo o
ser delineia e executa a marcha ascensional, ora
estacionando e vezes outras avançando, sem
jamais retroceder.
Árbitro especial, apóia-se na consciência, onde
está escrita a Lei de Deus, elegendo o que lhe
apraz e colhendo os frutos da ensementação
realizada.
À medida que se ergue, superando os patamares da
cartografia íntima da consciência, mais lúcida e melhor se
faz a seleção optativa, delineadora da sua libertação.
Em razão disso, a reflexão madura, o cuidado bem
pensado antes da decisão, estabelecem o programa a
desenvolver no futuro.
Essa atitude dignifica-o, facultando-lhe apressar ou
retardar a marcha.
Senhor da responsabilidade, escolhe a conduta e entrega-se
à ação com a liberdade que a Vida lhe concede.
Ante o fatalismo do progresso, que é irrefragável, o livre-arbítrio
é uma bênção que deve ser aprofundada, de forma
que a tranqüilidade após a decisão lhe constitua o fiel da
balança dos comportamentos assumidos.
Como ninguém está fadado ao sofrimento, a opção livre
para a ação bem direcionada impulsiona o ser para a plena
auto-realização.
És o que eleges. Teus atos, tua vida.
A personalidade transitória sempre cede lugar à
individualidade do ser eterno, em marcha ininterrupta na
direção de Deus.
Ninguém, nada escapa a esse Deotropismo.
Conforme pensares, estruturarás no mundo das formas, o
que acalentas no campo das idéias.
Mente e vida são termos da Realidade.
Podes escolher vida ou morte. Isto é, ser livre e
banhado de luz, ou escravo envolto em sombras.
Tens o direito de viver em saúde ou com
doença. A saúde é o estado interior e a doença
um processo depurador. Se te manténs atuante
e otimista, vives saudavelmente, mesmo quando
portador de alguma limitação, deficiência ou
patologia. Se, ao revés, te apresentas insatisfeito,
ingrato em relação à vida, rebelde e depressivo,
apesar da harmonia orgânica, encontras-te
enfermo...
Se sorris de júbilo, a existência se te apresenta
amena.
2 3
3. Caso sobrecarregues o cenho e
anotes apenas dissabores e tristezas, a
jornada se te transformará em pesado
e insuportável fardo a conduzir.
Quando preferes belezas, descobre-as
em toda parte e embriagas-te de
cor, de som, de luz. No entanto,
ao te deixares conduzir pela óptica
distorcida da amargura, o Sol para
ti perde a claridade e a paisagem
empalidece aos teus olhos...
Depende de ti, agradecer ou
imprecar, louvar ou reclamar, alcançar
o topo da subida ou lamentar na
baixada as dificuldades da ascensão,
que afinal, todos sofrem e os
corajosos superam.
Sê tu, portanto, quem opta pelo
bom, pelo belo, pelo nobre, pelo que
felicita.
Jesus sempre nos apresentou o
mundo com tintas inapagáveis de
incomum beleza: as aves dos céus
e os lírios do campo com suas cores
deslumbrantes; as redes ativas
de pescar; as pérolas pálidas e
refulgentes; os grãos de mostarda
preciosa; a ceifa do trigo dourado
em parábolas ricas de poesia e
encantamento.
Mesmo quando esteve na
cruz optou pelo perdão aos Seus
assassinos, a fim de logo retornar em
ressurreição fulgurante, para alçar-nos
aos píncaros da Sua Glória.
Joanna de Ângelis
Arbítrio LIVRE
conceito
No Dicionário de Filosofia encontramos o seguinte conceito de Livre-arbítrio:
Faculdade que tem o indivíduo de determinar, com base em sua
consciência apenas, a sua própria conduta; liberdade de escolha alternativa
do indivíduo; liberdade de autodeterminação que consiste numa decisão
independentemente de qualquer constrangimento externo mas de acordo
com os motivos e intenções do próprio indivíduo.
Diz Emmanuel, no livro “O Consolador”, q. 133: No íntimo, zona de pura
influenciação espiritual, o homem é livre na escolha do seu futuro caminho.
É o santuário da sua independência sagrada.
A liberdade é a condição necessária da alma humana que, sem ela, não
poderia construir seu destino, ensina-nos Léon Denis1
A noção é simples e clara.
É poder tomar decisões por conta própria, cuja livre escolha se dá
segundo vontade pessoal.
O Mestre de Nazaré nunca impôs seus ensinos. Expôs e lecionou a
liberdade de escolha, dizendo:
Em Mateus 16:24 - “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo,
tome a sua cruz e siga-me”.
Quem quiser. Ninguém era e ninguém continua sendo obrigado a segui-Lo.
Faz uso do seu livre-arbítrio.
1 DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. Terceira Parte, cap. XXII
E em Lucas 11: 9 e 10 - “Pedi e vos será dado;
buscai e achareis; batei e vos será aberto. Pois
todo o que pede, recebe; o que busca, acha; e ao
que bate, se abrirá”.
O que pedir, o que buscar e em que porta bater,
é de inteira liberdade de cada um.
O que se pode pensar do livre-arbítrio? Até que
ponto pode o homem dele usufruir?
Entendemos que o livre arbítrio é o recurso com
que o Criador dotou a criatura, a fim de que seja
ela própria responsável por sua ascensão ou por
sua queda. O indivíduo consciente e racional tem o
pleno direito ao uso dolivre-arbítrio, enquanto não
investe contra os planos da Divindade no mundo,
de maneira grave, pois, assim agindo, o indivíduo
chafurda-se no visco da fatalidade, do determinismo
gerado pelo mau uso da sua liberdade.
(Ante o vigor do Espiritismo. Raul Teixeira. Perg. 35)
4 5
4. Arbítrio LIVRE
O livre-arbítrio é atributo essencial do ser humano, como bem
ensina o Espiritismo.
Leiamos a respeito o que nos oferece “O Livro dos Espíritos”, de
Allan Kardec:
843. Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?
“Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar.
Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina.”
844. Do livre-arbítrio goza o homem desde o seu nascimento?
“Há liberdade de agir, desde que haja vontade de fazê-lo.
Nas primeiras fases da vida, quase nula é a liberdade, que
se desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento das
faculdades. Estando seus pensamentos em concordância com o
que a sua idade reclama, a criança aplica o seu livre-arbítrio àquilo
que lhe é necessário.”
845. Não constituem obstáculos ao exercício do livre-arbítrio as
predisposições instintivas que o homem já traz consigo ao nascer?
“As predisposições instintivas são as do Espírito antes de
encarnar. Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas
podem arrastá-las à prática de atos repreensíveis, no que será
fundamentação espírita
secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas
disposições. Não há, porém, arrastamento irresistível, uma
vez que se tenha a vontade de resistir. Lembrai-vos de que
querer é poder.”
849. Qual a faculdade predominante no homem em
estado de selvageria: o instinto, ou o livre-arbítrio?
“O instinto, o que não o impede de agir com inteira
liberdade, no tocante a certas coisas. Mas, aplica, como
a criança, essa liberdade às suas necessidades e ela se
amplia com a inteligência. Conseguintemente, tu, que és
mais esclarecido do que um selvagem, também és mais
responsável pelo que fazes do que um selvagem o é pelos
seus atos.”
851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida,
conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer:
todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste
caso, que vem a ser do livre-arbítrio?
“A fatalidade existe unicamente pela escolha que o
Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer.
Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que
é a consequência mesma da posição
em que vem a achar-se colocado. Falo
das provas físicas, pois, pelo que toca
às provas morais e às tentações, o
Espírito, conservando o livre-arbítrio
quanto ao bem e ao mal, é sempre
senhor de ceder ou de resistir. Ao
vê-lo fraquejar, um bom Espírito pode
vir-lhe em auxílio, mas não pode influir
sobre ele de maneira a dominar-lhe
a vontade. Um Espírito mau, isto é,
inferior, mostrando-lhe, exagerando
aos seus olhos um perigo físico, o
poderá abalar e amedrontar. Nem por
isso, entretanto, a vontade do Espírito
encarnado deixa de se conservar livre
de quaisquer peias.”
866. Então, a faculdade que
favorece presidir aos destinos
materiais de nossa vida também é
resultante do nosso livre-arbítrio?
“Tu mesmo escolheste a tua prova.
Quanto mais rude ela for e melhor a
suportares, tanto mais te elevarás.
Os que passam a vida na abundância
e na ventura humana são Espíritos
pusilânimes, que permanecem
estacionários. Assim, o número dos
desafortunados é muito superior ao
dos felizes deste mundo, atento que
os Espíritos, na sua maioria, procuram
as provas que lhes sejam mais
proveitosas. Eles veem perfeitamente
bem a futilidade das vossas grandezas
e gozos. Acresce que a mais ditosa
existência é sempre agitada, sempre
perturbada, quando mais não seja,
pela ausência da dor.” (525 e
seguintes)
Resumo teórico do móvel das ações
Humanas:
872. A questão do livre-arbítrio se
pode resumir assim: O homem não
é fatalmente levado ao mal; os atos
6 7
5. que pratica não foram previamente
determinados; os crimes que comete
não resultam de uma sentença do
destino. Ele pode, por prova e por
expiação, escolher uma existência em
que seja arrastado ao crime, quer pelo
meio onde se ache colocado, quer
pelas circunstâncias que sobrevenham,
mas será sempre livre de agir ou não
agir. Assim, o livre-arbítrio existe para
ele, quando no estado de Espírito,
ao fazer a escolha da existência e
das provas e, como encarnado, na
faculdade de ceder ou de resistir
aos arrastamentos a
que todos nos temos
voluntariamente
submetido. Cabe à
educação combater
essas más tendências.
Fá-lo-á utilmente,
quando se basear no
estudo aprofundado
da natureza moral
do homem. Pelo
conhecimento das
leis que regem essa
natureza moral, chegar-se-
á a modificá-la,
como se modifica
a inteligência pela instrução e o
temperamento pela higiene.
909. Poderia sempre o homem,
pelos seus esforços, vencer as suas
más inclinações?
“Sim, e, frequentemente, fazendo
esforços muito insignificantes. O
que lhe falta é a vontade. Ah! Quão
poucos dentre vós fazem esforços!”
No livro “Obras Póstumas”, que
reúne artigos de Allan Kardec, na
Primeira Parte, que trata da Profissão
de fé espírita raciocinada, em seu § 3º
(Criação), aprendemos:
14. Criando os mundos materiais,
também criou Deus seres inteligentes
a que damos o nome de Espíritos.
15. Desconhecemos a origem e o
modo de criação dos Espíritos; apenas
sabemos que eles são criados simples
e ignorantes, isto é, sem ciência e sem
conhecimento do bem e do mal, porém
perfectíveis e com igual aptidão para
tudo adquirirem e tudo conhecerem,
com o tempo. A princípio, eles se
encontram numa espécie de infância,
carentes de vontade própria e sem
consciência perfeita de sua existência.
16. À medida que o Espírito
se distancia do ponto de partida,
desenvolvem-se-lhe as ideias, como
na criança, e, com as ideias, o livre-arbítrio,
isto é, a liberdade de fazer ou
não fazer, de seguir este ou aquele
caminho para seu adiantamento, o
que é um dos atributos essenciais do
Espírito.
17. O objetivo final de todos
os Espíritos consiste em alcançar
a perfeição de que é suscetível a
criatura. O resultado dessa perfeição
está no gozo da suprema felicidade
que lhe é consequente e a que chegam
mais ou menos rapidamente, conforme
o uso que fazem do livre-arbítrio.
Retornemos ao “O Livro dos
Espíritos” para saber um pouco mais:
122. Como podem os Espíritos,
em sua origem, quando ainda não
têm consciência de si mesmos, gozar
da liberdade de escolha entre o bem
e o mal? Há neles algum princípio,
qualquer tendência que os encaminhe
para uma senda de preferência a
outra?
“O livre-arbítrio se desenvolve
à medida que o Espírito adquire a
consciência de si mesmo. Já não
haveria liberdade, desde que a escolha
fosse determinada por uma causa
independente da vontade do Espírito.
A causa não está nele, está fora dele,
nas influências a que cede em virtude
da sua livre vontade. É o que se
contém na grande figura emblemática
da queda do homem e do pecado
original: uns cederam à tentação,
outros resistiram.”
258. Quando na erraticidade, antes
de começar nova existência corporal,
tem o Espírito consciência e previsão
do que lhe sucederá no curso da vida
terrena?
“Ele próprio escolhe o gênero de
provas por que há de passar e nisso
consiste o seu livre-arbítrio.”
259. Do fato de pertencer ao
Espírito a escolha do gênero de provas
que deva sofrer, seguir-se-á que todas
as tribulações que experimentamos na
vida nós as previmos e buscamos?
“Todas, não, porque não
escolhestes e previstes tudo o que
vos sucede no mundo,
até às mínimas coisas.
Escolhestes apenas o
gênero das provações.
As particularidades
correm por conta da
posição em que vos
achais; são, muitas
vezes, consequências
das vossas próprias
ações. Escolhendo,
por exemplo, nascer
entre malfeitores,
sabia o Espírito a que
arrastamentos se
expunha; ignorava,
porém, quais os atos que viria a
praticar. Esses atos resultam do
exercício da sua vontade, ou do
seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito
que, escolhendo tal caminho, terá
que sustentar lutas de determinada
espécie; sabe, portanto, de que
natureza serão as vicissitudes que
se lhe depararão, mas ignora se
se verificará este ou aquele êxito.
Os acontecimentos secundários se
originam das circunstâncias e da força
mesma das coisas. Previstos só são
os fatos principais, os que influem
no destino. Se tomares uma estrada
cheia de sulcos profundos, sabes que
8 9
6. O Benfeitor Espiritual Emmanuel,
em seu livro “Caminho, Verdade e
Vida”, recebido mediunicamente por
Francisco Cândido Xavier, em seu
Capítulo 35, nos trás a mensagem que
segue:Semeadura
“Mas, tendo sido semeado, cresce.” - Jesus.
(Mc, 4 : 32)
É razoável que todos os homens
procurem compreender a
substância dos atos que praticam
nas atividades diárias. Ainda que
estejam obedecendo a certos
regulamentos do mundo, que os
compelem a determinadas atitudes, é
imprescindível examinar a qualidade
de sua contribuição pessoal no
mecanismo das circunstâncias,
porquanto é da lei de Deus que toda
semeadura se desenvolva.
O bem semeia a vida, o mal semeia
a morte. O primeiro é o movimento
evolutivo na escala ascensional para a
Divindade, o segundo é a estagnação.
Muitos Espíritos, de corpo em
corpo, permanecem na Terra com
as mesmas recapitulações durante
milênios. A semeadura prejudicial
condicionou-os à chamada “morte no
pecado”.
Atravessam os dias, resgatando
terás de andar cautelosamente, porque
há muitas probabilidades de caíres;
ignoras, contudo, em que ponto cairás
e bem pode suceder que não caias,
se fores bastante prudente. Se, ao
percorreres uma rua, uma telha te
cair na cabeça, não creias que estava
escrito, segundo vulgarmente se diz.”
262. Como pode o Espírito, que,
em sua origem, é simples, ignorante e
carecido de experiência, escolher uma
existência com conhecimento de causa
e ser responsável por essa escolha?
“Deus lhe supre a inexperiência,
traçando-lhe o caminho que deve
seguir, como fazeis com a criancinha.
Deixa-o, porém, pouco a pouco, à
medida que o seu livre-arbítrio se
desenvolve, senhor de proceder à
escolha e só então é que muitas vezes
lhe acontece extraviar-se, tomando
o mau caminho, por desatender os
conselhos dos bons Espíritos. A isso
é que se pode chamar a queda do
homem.”
a) - Quando o Espírito goza do
livre-arbítrio, a escolha da existência
corporal dependerá sempre
exclusivamente de sua vontade, ou
essa existência lhe pode ser imposta,
como expiação, pela vontade de Deus?
“Deus sabe esperar, não apressa a
expiação. Todavia, pode impor certa
existência a um Espírito, quando este,
pela sua inferioridade ou má vontade,
não se mostra apto a compreender
o que lhe seria mais útil, e quando
vê que tal existência servirá para a
purificação e o progresso do Espírito,
ao mesmo tempo que lhe sirva de
expiação.”
O Espírito goza sempre do livre-arbítrio.
Em virtude dessa liberdade é
que escolhe, quando desencarnado, as
provas da vida corporal e que, quando
encarnado, decide fazer ou não uma
coisa procede à escolha entre o bem e
o mal. Negar ao homem o livre-arbítrio
fora reduzi-lo à condição de máquina.
780. O progresso moral acompanha
sempre o progresso intelectual?
“Decorre deste, mas nem sempre o
segue imediatamente.”
a) - Como pode o progresso
intelectual engendrar o progresso
moral?
“Fazendo compreensíveis o bem e
o mal. O homem, desde então, pode
escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio
acompanha o da inteligência e
aumenta a responsabilidade dos atos.”
LIBERDADE LEGÍTIMA DECORRE DA
LEGÍTIMA RESPONSABILIDADE, NÃO
PODENDO AQUELA TRIUNFAR SEM
ESTA.
Joanna de Ângelis
10 11
7. “Não useis, porém, da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros
pela caridade.” - Paulo. (Gálatas, 5:13.)
Em todos os tempos, a liberdade foi utilizada pelos
dominadores da Terra. Em variados setores da evolução
humana, os mordomos do mundo aproveitam-na para o exercício
da tirania, usam-na os servos em explosões de revolta e
descontentamento.
Quase todos os habitantes do Planeta pretendem a
exoneração de toda e qualquer responsabilidade, para se
mergulharem na escravidão aos delitos de toda sorte.
Ninguém, contudo, deveria recorrer ao Evangelho para aviltar
o sublime princípio.
A palavra do apóstolo aos gentios é bastante expressiva. O
maior valor da independência relativa de que desfrutamos reside
na possibilidade de nos servirmos uns aos outros, glorificando o
bem.
O homem gozará sempre da liberdade condicional e, dentro
dela, pode alterar o curso da própria existência, pelo bom ou
mau uso de semelhante faculdade nas relações comuns.
É forçoso reconhecer, porém, que são muito raros os que se
decidem à aplicação dignificante dessa virtude superior.
Em quase todas as ocasiões, o perseguido, com oportunidade
de desculpar, mentaliza represálias violentas; o caluniado, com
ensejo de perdão divino, recorre à vingança; o incompreendido,
no instante azado de revelar fraternidade e benevolência,
reclama reparações.
Onde se acham aqueles que se valem do sofrimento, para
intensificar o aprendizado com Jesus-Cristo? Onde os que se
sentem suficientemente livres para converter espinhos em
bênçãos? No entanto, o Pai concede relativa liberdade a todos
os filhos, observando-lhes a conduta.
Raríssimas são as criaturas que sabem elevar o sentido da
independência a expressões de voo espiritual para o Infinito. A
maioria dos homens cai, desastradamente, na primeira e nova
concessão do Céu, transformando, às vezes, elos de veludo em
algemas de bronze.
Emmanuel
débitos escabrosos e caindo de
novo pela renovação da sementeira
indesejável. A existência deles
constitui largo círculo vicioso, porque
o mal os enraíza ao solo ardente e
árido das paixões ingratas.
Somente o bem pode conferir
o galardão da liberdade suprema,
representando a chave única
suscetível de abrir as portas sagradas
do Infinito à alma ansiosa.
Haja, pois, suficiente cuidado em
nós, cada dia, porquanto o bem ou o
mal, tendo sido semeados, crescerão
junto de nós, de conformidade com as
leis que regem a vida.
Emmanuel
Léon Denis, em texto já citado
aqui, fala: O homem é o obreiro de
sua libertação. Ele atinge o estado
completo de liberdade pelo cultivo
íntimo e pela valorização de suas
potências ocultas. Os obstáculos
acumulados em seu caminho são
meramente meios de o obrigar a
sair da indiferença e a utilizar suas
forças latentes. Todas as dificuldades
materiais podem ser vencidas.
E sobre essa liberdade, Emmanuel
complementa1 em mensagem que
segue ao lado:
Liberdade
1 XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Emmanuel,
cap. 128
12 13
8. tento O
A Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas
breiro
fazedor da obra, esse tal será bem-aventurado em seus feitos.” - Tiago, 1 :25.
O discípulo da Boa Nova, que realmente comunga com o Mestre, antes de tudo
compreende as obrigações que lhe estão afetas e rende sincero culto à lei
de liberdade, ciente de que ele mesmo recolherá nas leiras do mundo o que houver
semeado. Sabe que o juiz dará conta do tribunal, que o administrador responderá
pela mordomia e que o servo se fará responsabilizado pelo trabalho que lhe foi
conferido. E, respeitando cada tarefeiro do progresso e da ordem, da luz e do bem,
no lugar que lhe é próprio, persevera no aproveitamento das possibilidades que
recebeu da Providência Divina, atencioso para com as lições da verdade e aplicado
às boas obras de que se sente encarregado pelos Poderes Superiores da Terra.
Caracterizando-se por semelhante atitude, o colaborador do Cristo, seja estadista
ou varredor, está integrado com o dever que lhe cabe, na posição de agir e servir,
tão naturalmente quanto comunga com o oxigênio no ato de respirar.
Se dirige, não espera que outros lhe recordem os empreendimentos que lhe
competem. Se obedece, não reclama instruções reiteradas, quanto às atribuições
que lhe são deferidas na disposição regimental dos trabalhos de qualquer
natureza. Não exige que o governo do seu distrito lhe mande adubar a horta,
nem aguarda decretos para instruir-se ou melhorar-se.
Fortalecendo a sua própria liberdade de aprender, aprimorar-se e ajudar a
todos, através da inteira consagração aos nobres deveres que o mundo lhe
confere, faz-se bem-aventurado em todas as suas ações, que passam a produzir
vantagens substanciais na prosperidade e elevação da vida comum.
Semelhante seguidor do Evangelho, de aprendiz do Mestre passa à categoria
dos obreiros atentos, penetrando em glorioso silêncio nas reservas sublimes do
Celeste Apostolado.
Emmanuel 1
1 XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Emmanuel, cap. 8
14 15
9. Em Provérbios, 22 : 8, encontramos
a citação: “Quem semeia vento
colhe tempestade”. O que nos dá
perfeita diretriz para o entendimento
da liberdade com responsabilidade. É
chamada Lei de Retorno.
Dentro de uma prática das mais
naturais dos seres humanos, o cuidado
quanto a nossa liberdade de agir
também deve estar presente. Há um
ditado árabe que exemplifica bem isso:
“Se a palavra calada é tua escrava, a
palavra dita é senhora tua.”
No mesmo sentido, os chineses
ensinam em suas tradições: “ Há três
coisas que nunca voltam atrás: a
flecha lançada, a palavra pronunciada
e a oportunidade perdida.”
Em resumo: “ O plantio é opcional,
a colheita é obrigatória”, ainda
segundo provérbio popular chinês.
O livre
Arbítrio
Por fim, acompanhemos as lições
de Joanna de Ângelis, Veneranda
Benfeitora Espiritual, pela lavra
mediúnica de Divaldo Franco, nesta
Desde o momento quando o Espírito, no processo evolutivo, conseguiu alcançar a capacidade de pensar, a fim de agir
belíssima página que extraímos do
de maneira consciente, o livre-arbítrio liberou-o dos automatismos naturais a que se encontrava submetido, sem o
livro: Vitória sobre a depressão, cap.
discernimento para as atividades pertinentes ao seu crescimento intelecto-moral.
12, e reproduzimos a seguir: Essa admirável conquista dentro do determinismo superior ensejou-lhe, a partir daquele instante, a capacidade de experimentar
a vivência das emoções enobrecidas, embora ainda exista o predomínio dos instintos que são inerentes à sua condição de
humanidade.
Foi-lhe facultado o ensejo de eleger o Bem ao invés do Mal, logo que a psique experimentou a fissão inevitável, separando as
duas expressões da vida que se encontram ínsitas no ser.
Compreendendo que o bem é tudo aquilo que está concorde com as leis de Deus, que proporciona alegria de viver,
tranquilidade emocional e bem-estar, pode superar a inclinação para o mal, esse atavismo que o vem arrastando pelo sorvedouro
das reencarnações repetitivas, sem conquistas relevantes.
Orientado pela consciência do que deve fazer, sempre que lhe seja facultado realizá-lo, pode operar com segurança os
mecanismos internos de que se encontra possuído, avançando na conquista de novos e mais elevados patamares morais. O
intelecto se lhe dilata, ampliam-se-lhe as percepções da vida enriquecendo-o de júbilo, por entendê-la com segurança, ao mesmo
tempo aumentando o círculo da afetividade fraternal que o torna membro útil do grupo social no qual se movimenta.
Embora a aquisição do livre-arbítrio, que constitui uma bênção, a responsabilidade moral assume na consciência um papel de
alto significado, porquanto o resultado da opção elegida desencadeia efeitos inevitáveis que devem ser acatados, avaliados e
16 17
10. aplicados de forma consciente.
Os desequilíbrios emocionais que
induzem às ações que lhe retardam a
marcha, porque o prendem aos elos
do primarismo por onde deambulou,
passam a constituir-lhe adversários
implacáveis, que devem ser
enfrentados em combate sério, sem
postergações nem anuências com as
suas atrações.
Os velhos hábitos morais
profundamente arraigados como efeito
das paixões subalternas, devem ser
substituídos por novas condutas que
proporcionem libertação dos vícios
e das manipulações perversas da
ignorância antes em predomínio.
Nessa peleja do hoje em relação ao
ontem que deve ser superado, muitas
vezes ocorrerão insucessos que são
compreensíveis até que as conquistas
recentes se fixem em forma de novos
automatismos.
Quanto mais sejam exercitadas as
faculdades de discernimento espiritual,
mais valiosas se tornam, em razão dos
resultados que se experimentam em
cada momento.
A escolha correta em relação ao
comportamento a experienciar-se,
logo resulta em harmonia interior
e encantamento pela existência,
enquanto que as opções sombrias,
ao inverso, favorecem a permanência
da ansiedade, da insegurança e de
contínuo mal-estar...
Certamente, o próprio livre-arbítrio
possui limites ante o determinismo
que estabelece as regras do
desenvolvimento evolutivo, no qual
todos se encontram situados, não
podendo, portanto, ultrapassar a
fronteira do mérito de cada pessoa.
*
Procura reflexionar com cuidado
antes de tomares decisões em relação
aos problemas e desafios que se te
apresentam em cada instante.
Não hajas em decorrência do
impulso, pura e simplesmente, quando
surpreendido pelas ocorrências
afligentes.
Busca analisar os efeitos da tua
mal, à permanência no vício, no erro e
nos empreendimentos perturbadores,
sem chance de evitar-lhes a injunção
penosa. Desde que se alcançou a
faculdade de pensar e de decidir,
mesmo que sob os camartelos do
sofrimento, a decisão dever firmar-se
nas leis de amor que vigem em toda
parte e que todos os seres humanos
sentem, mesmo quando não as
conseguem entender.
Em decorrência dos
comprometimentos antigos, existe
um natural arrastamento para a
continuidade da conduta malsã, que
o bom senso, o conhecimento já
adquirido repelem, por saber-se as
consequências que deles resultam.
Aceitar-se ou rejeitar-se o impulso
doentio é opção de cada qual,
valendo, nessa decisão, as disposições
para a conquista da harmonia pessoal,
a Divindade, que providencia socorros
imediatos, enviando respostas seguras
e as forças necessárias para o êxito do
enfrentamento.
Quando alguém ora, abrem-se-lhe
os campos psíquicos, que se tornam
dúcteis aos registros das respostas
celestes.
Conhecessem, as criaturas
humanas, a excelência dos resultados
da oração, e sempre que lhes fosse
possível, buscariam o concurso da
vinculação com as Esferas superiores,
haurindo, nesse intercâmbio, energias
saudáveis para as vitórias existenciais.
*
Todos são livres para pensar e para
agir, desde que as leis lhes facultem
a atividade. Nada obstante, ninguém
pode fugir às consequências da sua
escolha, do seu arbítrio.
A vida é um ato de amor do Genitor
Divino, merecendo ser considerada
com elevação e respeito, a fim de que
se coroe de frutos sazonados de paz e
de progresso.
Cada conquistador avança no rumo
da sua eleição, pagando o preço da
aventuram, do empreendimento.
De igual maneira, utiliza-se do
recurso extraordinário do livre-arbítrio
pra não mais comprometer-se como
erro, o crime, a infelicidade.
Estás destinado à plenitude.
Começa a experimentá-la desde agora
nas suas primeiras expressões.
Joanna de Ângelis
decisão e modera a forma como os
enfrentarás.
Muitos males podem ser evitados,
quando a paciência, o comedimento,
a coragem da fé contribuem para o
discernimento de como comportar-se
nesses momentos desafiadores,
enquanto a irreflexão, o orgulho ferido,
o egoísmo direcionam a conduta para
verdadeiros desastres...
O respeito pela vida impõe
serenidade em cada fase do seu
desenvolvimento e os fenômenos
psicológicos de alto risco merecem
tratamento especial, de maneira a
proporcionar saúde e paz, em vez de
transtornos e desaires...
Desencadeada a ação, os efeitos de
imediato se apresentam, inevitáveis.
Ninguém é impelido à prática do
da felicidade.
Um valioso recurso encontra-se à
disposição de toda criatura sincera, no
momento em que se aturde com os
fatos desastrosos, com as surpresas
desagradáveis, com os impositivos
penosos da existência, que é a oração,
capaz de propiciar ligação psíquica
com as forças vivas do Universo, com
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11. O CELESTE Roteiro Resenha de Estudos Espíritas
08 de setembro de 2014 nº8
Unidade em
estudo: Eu Sou o Caminho
tema:
abordagem:
parte única
título desta edição:
Eu e Deus
objetivo do tema
abordado:
observação:
O Livre-arbítrio
A Escolha é Livre
O objetivo do tema é enaltecer a figura de Jesus
e sua presença em nossas vidas, como expressão
de esperança e consolo, relacionando o Espiritismo
com a Sua mensagem, por ser ela a essência da
Doutrina Espírita.
Além das Notas de Referência para as citações
contidas no texto de abordagem do assunto,
ao final seguem referências bibliográficas, que
recomendamos sejam lidas e estudadas, pois
ali se encontra conhecimento que irá dar maior
substância ao que ora nos dispomos aprender
neste fascículo.
Sugestões bibliográficas
• KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Parte terceira, cap. X
• ________. Obras póstumas. Primeira parte, cap. III
• TEIXEIRA, Raul. Para uso diário. Joanes. Cap.: 25
• ________. Cintilação das estrelas. Camilo. Cap.: 29
• FRANCO, Divaldo P. Diretrizes para o êxito. Joanna de Ângelis. Cap.: 17,
30
• ________. Leis morais da vida. Joanna de Ângelis. Cap.: X
• DENIS, Léon. O problemas do ser, do destino e da dor. Terceira parte,
cap. XX e XXII
LIVRE O HOMEM SE TORNARÁ, SOMENTE, APÓS ROMPER AS
FÉRREAS ALGEMAS QUE O AGRILHOAM AOS FORTINS DAS
PAIXÕES.
Joanna de Ângelis
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