Diego Acosta recebe a organizadora de casamentos Maxie Parrish em sua ilha particular após ela velejar em meio a uma tempestade para inspecionar o local do casamento de seu irmão. Diego está irritado com a chegada de Maxie, mas ela se mostra determinada a fazer o trabalho. Enquanto isso, segredos do passado de Diego podem ameaçar o casamento.
1. Ilha de Encantos
The Argentinian's Solace
Susan Stephens
A bela domaria a fera?
Os dias, como jogador de pólo haviam acabado para Diego Acosta. Apesar de possuir
uma paradisíaca ilha particular, sem a companhia das belas mulheres com quem dividia
sua cama king-size, as noites passaram a ser de absoluta solidão, preenchidas somente por
memórias traumáticas. Com a turbulenta chegada de Maxie Parrish, não há mais espaço
para o vazio. Exuberante e irradiando amor pela vida, ela atrai cada vez mais o olhar de
Diego! Era uma nova chance para ele seduzir e conquistar uma mulher com o mesmo
ímpeto que o tornara o campeão do Circuito Mundial de Pólo. Só que desta vez ele tomaria
todas as medidas necessárias para sair ileso, porque as cicatrizes indeléveis são as que
levam mais tempo para desaparecer...
Digitalização: Simone R.
Revisão: Cassia
Querida leitora,
Impossível não se apaixonar quando estamos isolados em uma ilha paradisíaca com
uma pessoa igualmente encantadora. Maxie é radiante, capaz de hipnotizar o mais solitário
3. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
fixo e inabalável, e com o físico mais maravilhoso que Maxie já vira. Alto, musculoso e
bronzeado, com um cabelo negro selvagem e olhos perigosos. Um brinco dourado
brilhando quando alguma luz o iluminava. A calça jeans baixa sobre um abdômen reto e
musculoso era o suficiente para deixar qualquer uma insana...
Então pense na expressão rabugenta, que pararia um rinoceronte, e sua concentração
voltará rapidamente.
Ela velejara com o barco até ali, e não voltaria.
Controlar o barco através de enormes ondas, sozinha, fora um milagre. Eles mal
tinham saído do porto quando o capitão se declarou fora de ação após consumir metade
de uma garrafa de uísque. Maxie seria a primeira a admitir que suas qualificações para
controlar um barco daquele tamanho eram pequenas. Uma vez ela ajudara a tripulação de
uma embarcação menor, mas aquela lata velha estava se provando mais teimosa. E ela
estava mais do que um pouco enferrujada, Maxie teve de admitir enquanto o convés
balançava sob seus pés.
Olhando para o homem na doca, ela adivinhou que ele esperava que ela falhasse. Os
grandes braços estavam cruzados sobre o formidável peito, e os olhos negros flamejando
de zombaria e desdém.
- Bem vinda a Isla dei Fuego - Maxie murmurou. Mas, mesmo com a comitiva de
boas-vindas não sendo receptiva, ela atracaria aquele barco, nem que isso a matasse!
O que provavelmente aconteceria, Maxie registrou com pânico quando a antiga
embarcação de pesca bateu contra a doca.
Com alívio, ela viu o velho capitão assumir o controle. Agitadas nuvens negras
sugeriam que o tempo não mudaria tão rápido, o que para uma organizadora de
casamentos em uma viagem de exploração para uma exultante noiva estava bem longe de
ser perfeito. E se o homem na praia trabalhasse para os Acosta, que eram os donos da ilha,
ele precisaria de um sério treinamento na arte de recepcionar os convidados antes do
casamento.
Eu poderia dizer a Holly que a ilha é inviável...
A idéia passeou por sua mente, mas não era uma opção. Maxie vira castelos na
Escócia em piores condições serem transformado em châteaux franceses. Além disso, ela
confiava em Holly. A noiva era uma menina inteligente, e junho era um mês fabuloso para
se casar na Isla dei Fuego, então dependia de Maxie fazer isso acontecer, e o homem na
costa teria de engolir.
Dios! O que a tempestade trouxera? Uma magrela com um arremesso muito preciso e
poderoso, Diego admitiu enquanto pegava a corda que a garota lhe jogara. Mas ela não
tinha de ter velejado com o barco de pesca de Fernando... Muito menos ter batido na doca,
graças à péssima leitura que fizera do tempo. A jovem tinha sorte de estar viva após
velejar até a ilha naquela tempestade.
- Está pronto? - ela perguntou, preparando-se para jogar uma segunda corda.
Com sua perna rígida, ele podia se mover somente à metade da velocidade dela. No
segundo em que ela se virou, ele mancou o mais rápido que pôde para ficar em posição
antes que ela pudesse vê-lo movendo-se como um bêbado.
- Vou jogar - ela o avisou, em uma voz que era leve e musical.
Capturando a corda, ele a prendeu. Parecia que o destino tinha senso de humor,
enviando uma garota atraente para a ilha quando ele não podia lidar com a ação. O
ressentimento o invadiu enquanto ele a observava na doca. Quando a noiva de seu irmão
ligara para avisá-lo de que a organizadora do casamento estava a caminho, ele aceitara
que seu auto-imposto exílio chegara ao fim, mas receber uma garotinha qualquer era
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4. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
insultante. Ele fora até a doca para encontrar o dono da companhia de eventos, alguém
mais velho e sofisticado, com um grande estilo... Não alguma garota de jeans e top, de
cabelo negro caindo pelas costas. O casamento de seu irmão era tão pouco importante que
eles tinham enviado algum subordinado?
- Bela pegada! - ela gritou, após ter jogado outra corda.
Bela pegada? Houvera um tempo em que nada físico estava fora de seu alcance, mas
então um cavalo passara por cima dele durante uma partida de pólo, despedaçando os
ossos de sua perna. Tinha sido remendado em meia dúzia de lugares. Ele estava de volta
ao cavalo e estivera treinando rigorosamente, mas já se passara mais de um ano desde o
acidente, e ele ainda precisava recuperar as sutilezas das sensações requeridas para fazer
parte do time de primeira linha, o que deixava seu futuro no pólo incerto.
- Sem danos - a garota gritou, enquanto se inclinava para ver o estado da
embarcação.
- Podia ter sido um caro engano - ele rugiu de volta. - Você teve sorte dessa vez.
- Sorte? - Ela riu.
Ele sentiu uma explosão de interesse, mas, em sua atual situação, seria rapidamente
destruído. Ela podia dar uma olhada pela ilha e depois contar a Holly, mas no momento
em que o vento a diminuísse seria história.
Ninguém disse que planejar um casamento em uma ilha remota seria fácil, Maxie
considerou. E tempo era essencial, a noiva tinha insistido. Não era de se espantar, Maxie
pensara quando vira a foto do noivo. Ela sempre soube que ao organizar um evento
importante em uma pequena ilha encontraria muitas dificuldades, mas não contava; ser
recebida por um homem que fazia seu coração acelerar. Ela sempre amara um desafio,
mas, como uma garota com bolsa para estudar em uma escola cara, e com uma vida
familiar que podia ser descrita como caótica, cedo decidira permanecer segura do outro
lado, enquanto outras pessoas aproveitavam a organização dos casamentos que ela fazia.
Seguro? Ela respirou um pouco antes de se preparar para desembarcar. Nada era
seguro ali... Especialmente o homem de olhos duros na costa.
- Olhe por onde anda - ele aconselhou enquanto ela começava seu caminho pela
prancha estreita.
- Pode deixar - ela disse tensa, perguntando-se por que ele não tinha ido ajudá-la, já
que estava preocupado.
Ah, pare de exagero. Maxie podia se virar. Estava bem. A comissão era o sonho de
qualquer organizadora de casamentos, e ela não tinha nenhuma intenção de começar
caindo no mar. Um grande casamento entre Ruiz Acosta, um fabuloso e rico jogador
argentino de pólo, e Holly Valiant, uma escritora de colunas de conselhos que fizera seu
nome ao escrever uma coluna baseada em sua vida com Ruiz. Tendo domado o playboy,
Holly estava prestes a se casar com ele... E o mundo estava ansioso para ver o casamento.
Um casamento que Maxie ia organizar. Era uma comissão que levaria seu negócio
para outro nível, e ela faria com que aquela viagem fosse um sucesso.
O homem na praia tinha voltado sua atenção para o comandante. Maxie entendia
apenas o básico de espanhol.
- Ele está se oferecendo para nos ajudar? - ela perguntou.
- Algo desse tipo - o velho comandante admitiu com timidez.
Aposto, ela pensou, que o senhor Acosta seria mais charmoso. Ela o encarou
novamente e logo desviou o olhar. Havia algo nos olhos daquele homem que dizia que ele
tinha o tipo de experiência que faria com que nenhuma mulher com bom senso se
aproximasse. E Maxie tinha muito bom senso. Apesar de ser abominável em
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5. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
relacionamentos. Seu encontro ideal era uma conversa civilizada, em um restaurante
civilizado, com um homem civilizado... Não um caminhar ao vento com um bárbaro de
brincos e tatuagens. Ela não podia negar que a beleza dele atiçara algo dentro de si, mas
ele era alimento para suas fantasias, e nada mais.
- Você é da agência matrimonial? - ele perguntou em uma voz profunda e rouca.
- Isso mesmo - ela confirmou, na metade do caminho da prancha. - Você podia me
ajudar?
Maxie parara na metade da prancha, desconfortavelmente ciente da turbulenta água
debaixo de seus pés. Se ele tivesse pegado sua pasta, ela poderia se amparar nas cordas de
segurança com as duas mãos.
- Olhe para cima em vez de olhar para baixo...
- Muito obrigada.
Quando ele direcionou sua irritação para o comandante, ela não agüentou.
- Se você tem algo a dizer, diga para mim - ela insistiu em espanhol. - Eu aluguei o
barco e tomei a decisão de velejar até a ilha.
O olhar dele escureceu.
- Você fala nossa língua?
- Eu teria reconhecido o seu tom de voz mesmo se estivesse falando em ket... Um
idioma que só é falado na Sibéria Central - ela murmurou para si mesma, mas ele escutou.
- Se você é tão esperta, devia ter tido mais bom senso ao pedir a um velho para trazê-
la até a ilha com essa tempestade.
Dirigindo as próximas palavras a Fernando, ele falou em um tom bem diferente:
- Você parece estar com muito frio, Fernando. Ficará na casa de hóspedes até o vento
diminuir. Pedirei que Maria leve comida quente e roupas secas para você.
- Si, senor Acosta, y muchas gradas.
Senor Acosta? Maxie gemeu internamente.
- Então você é Diego Acosta?
- Correto - ele confirmou.
A ironia impressa na boca firme podia até fazer seus sentidos rugirem, mas aquele
não era o melhor dos começos. Acosta parecia mais um infame pirata do que um jogador
de pólo internacional, mas a cooperação dele era crucial, já que também era dono na ilha.
- Fico contente em conhecê-lo, senor Acosta - ela disse enquanto pisava com alívio
em solo firme.
Ignorando a mão que ela erguera para cumprimentá-lo, ele se virou.
Diego Acosta não era sofisticado, nem charmoso. Ele certamente não era seu
costumeiro contato de casamento, que em geral se voltava para Maxie para pedir
orientação. A idéia de aquele homem pedir ajuda era uma piada.
- Dê-me suas malas, Fernando - ele disse em espanhol, olhando por cima de sua
cabeça em direção ao barco.
Diplomacia era uma parte essencial de suas habilidades, Maxie lembrou. Ela lidara
com diversas personalidades difíceis no passado... Começando seu treinamento com seu
pai, que tinha sido um grande intimidador quando ela era mais nova, antes de a doença o
reduzir a uma concha. Ela aprendera a lidar com ele, e aprenderia a lidar com Diego
Acosta... Apesar de precisar ser discreta. Não podia arriscar ofendê-lo. A família Acosta
era tão poderosa que podia destruir sua reputação rapidamente.
- Sou Maxie Parrish - ela disse, ficando diante dele para que não pudesse ignorá-la. -
A organizadora do casamento de Holly.
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6. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
Parrish? Lembranças passaram por sua mente, apesar do senso comum lhe dizer que
Parrish não era um nome corriqueiro.
- Eu falei com Holly antes de sair do continente... - Maxie estava explicando.
- Parrish? - ele interrompeu incapaz de deter a maré de memórias.
- Sim, Maxie Parrish - repetiu. - De uma empresa chamada Dream Weddings. Holly
disse que tinha ligado para avisá-lo de que eu chegaria hoje.
- Ela ligou, mas se esqueceu de me dizer o seu nome.
- Algum problema com isso? - ela perguntou, sorrindo fracamente.
- De jeito nenhum - ele assegurou. - Acho que estava esperando alguém mais velho.
- Eu não enviaria outra pessoa para fazer o trabalho - ela assegurou no mesmo tom
cortês. - Sempre faço a primeira e a última visita, senor Acosta, assim como todas as
intermediárias.
Ela falou como se estivesse cumprindo um desafio, mas de forma agradável. Ele não
foi enganado. Podia sentir o aço moldado por debaixo da postura complacente, e seus
pelos do pescoço e das costas se eriçaram ainda mais por uma necessidade básica que
surgiu em resposta àquela intrigante combinação de fragilidade feminina e determinação.
De qualquer jeito, com seu irmão em uma turnê de jogos e a noiva ao lado dele,
Diego estava preso com a organizadora do casamento... Gostando ou não.
Diego Acosta a estava encarando e franzindo o cenho, como se achasse que eles já
tinham se visto antes, o que era impossível. Ela nunca esquecia um rosto... E nunca
esqueceria um rosto como aquele.
- Posso apenas pedir desculpas se esse não for o melhor momento...
Então ela viu a bengala.
Devia pegar leve com ele, Maxie resolveu. Um homem como Diego Acosta,
destituído de sua total capacidade física, não estaria em um mau momento... Ele estaria no
pior momento possível.
- Levo sua mala - ele ofereceu bruscamente.
O desastre ocorreu quando ele ergueu a mala. A bengala derrapou em uma pedra e
ele tropeçou. Ela esticou a mão para ajudá-lo, mas foi à pior coisa que poderia ter feito.
Xingando, ele puxou o braço e saiu em direção ao estacionamento com uma perna se
arrastando. Em tênue esperança, ela foi atrás dele.
- Espero que o tempo esteja melhor em junho — ela gritou contra o vento. - Pode não
parecer o melhor lugar à primeira vista, mas não desisto fácil.
Maxie não tinha nem certeza se ele a escutara. Eles estavam andando em um
pedregoso caminho em direção ao estacionamento, onde o único veículo era uma
poderosa caminhonete.
- Holly garantiu que a ilha é linda em junho...
Diego se virou tão de repente que ela quase esbarrou nele.
- E o que você acha Srta. Parrish?
Com Diego Acosta se agigantando sobre ela, era difícil pensar.
- Não vi o suficiente para fazer um julgamento ainda - ela disse honestamente,
perguntando-se se seu coração desaceleraria o suficiente para que pudesse respirar. Maxie
nunca experimentara esse tipo de reação a um homem antes, mas Diego Acosta exsudava
uma poderosa energia sexual.
- Você espera que eu lhe mostre as redondezas? - ele perguntou.
- Muito gentil de sua parte oferecer - ela disse docemente.
Podia sentir o ressentimento ao redor dele, mas ela também não desejaria que
ninguém a visse com dor... Pelo menos ele não a estava despachando no próximo barco.
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- Estou ansiosa para ouvir tudo o que você tem para dizer a respeito da ilha.
- Estou vendo que essa será uma viagem interessante, Srta. Parrish.
Sua compostura foi quebrada por um único e flamejante olhar.
- Essa é a idéia - ela concordou, tirando o cabelo do rosto. - Devo colocar minha mala
no banco de trás?
Sua intenção era apenas poupá-lo de tropeçar de novo, mas só conseguiu ofendê-lo.
- Eu coloco. - A expressão de Diego escureceu ao pegar a pesada bolsa do chão como
se não pesasse nada.
- Isso é muito gentil de sua parte. E, por favor, não se preocupe senor Acosta. Não
vou me demorar. Essa não é uma viagem de lazer para mim... Trata-se puramente de
negócios.
- E o que mais seria? - Cruzando os braços, ele reclinou o quadril contra o carro.
O coração dela vibrou desconfortavelmente. Diego Acosta podia ser o homem mais
arrogante da face da Terra, mas o corpo dela gostava dele... Até demais.
- Tudo de que preciso é um mapa e uma motocicleta - ela explicou, duvidando de
que alguma mulher pudesse ficar imune a tanta masculinidade.
- Mesmo?
- Sim. Seu irmão Ruiz disse que você tem uma moto aqui na ilha.
- Disse? - Diego Acosta a encarou friamente. Olhos escuros semicerrados olhando
com suspeita para ela. - Você não está sugerindo que eu á empreste para você, está?
O estômago dela se apertou quando ele se endireitou à sua altura normal.
- Eu tenho uma moto em casa. - Ela teve a satisfação de ver a surpresa colorir o
arrogante olhar dele, mas, pelo interesse do bom negócio, decidiu não insistir muito ainda.
- Entenderei se você preferir não emprestar a sua para uma estranha...
- Você não viu minha moto - ele disse, com toda a confiança de um homem que não
conhecera muitas mulheres como Maxie. - Creio que você vai achar mais seguro usar o
Jeep.
Aquilo era humilhante, mas ela apenas agradeceu. Quem gostava de ser
subestimado? Mas aquilo não era a respeito do orgulho de Maxie. Estava ali pela noiva, e
para ganhar o dinheiro que mantinha seu pai a salvo e bem cuidado na casa de repouso.
Olhando para dentro do veículo, ela esperou que Diego Acosta percebesse a dica. Ele
talvez fosse imune aos elementos, mas ela estava congelando e molhada. Maxie ficou feliz
quando ele abriu a porta, e se jogou para dentro do cálido do interior luxuoso.
- Agora esperamos por Fernando. - Diego abriu a porta no veículo. Jogando a
bengala no banco de trás, ele deslizou para o banco do motorista, usando apenas o
formidável poder dos braços.
Ela esperava que eles não precisassem esperar muito tempo. Cada parte de seu corpo
formigava por conta da ciência daquele espaço confinado. Eles estavam sentados muito
perto... Perto demais. Para se distrair, ela procurou seu cartão de visitas dentro da bolsa.
- Você pode me achar neste site. - Ela o estendeu para ele. - Há vários depoimentos
de clientes satisfeitos. Tenho certeza de que não ficará desapontado com os serviços que
ofereço.
- Espero que não.
Algo na voz de Diego Acosta fez algo se curvar em seu ventre de um jeito que era ao
mesmo tempo inconveniente e inapropriado. Silêncio era sua aposta mais segura, Maxie
concluiu.
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8. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
Fernando se juntou a eles logo depois, para seu grande alívio. Ela se agarrou ao
assento enquanto eles partiam, mas não precisava ter se preocupado, já que Diego Acosta
dirigia com a mesma confiança arrogante que ele parecia ter ao fazer qualquer coisa.
- Quanto tempo planeja ficar, Srta. Parrish?
- Difícil dizer... - Seus sentidos se aguçaram quando ele a olhou. - Mas serei o mais
breve que puder. - Ela adivinhou que isso tranqüilizaria os dois.
Maxie tinha a sensação de que estava invadindo o espaço de um homem que se
exilara naquela pequena ilha após o acidente e desejava ficar sozinho... E ela não tinha
intenção de ficar nem um minuto a mais do que o necessário.
- Como você normalmente procede? - ele perguntou.
- Passo alguns dias pesquisando no lugar preferido da noiva, decidindo se é viável
ou não, depois faço algumas sugestões, com fotografias para ilustrar minhas idéias.
- E quando o clima é como este? - ele disse abruptamente.
- O céu parece estar aclarando - ela apontou. - A noiva já está apaixonada pela Isla
dei Fuego, senor Acosta e, por favor, acredite quando eu digo que não ficarei em seu
caminho.
- Não vejo como podemos nos evitar em uma ilha tão pequena.
Ela disse a si mesma que ele estava machucado e desejava solidão, e ainda assim fora
jogado no meio daquele casamento... A mais social das ocasiões. Não era de se espantar
que ele estivesse subindo pelas paredes.
- Você está bem quieta - ele observou.
Encarar braços tão fortes e mãos tão poderosas podia fazer isso com uma garota. Ela
rapidamente desviou o olhar.
- Está se arrependendo de sua decisão de organizar um casamento, aqui, senorita
Parrish?
- Pelo contrário, minha mente está fervilhando de idéias.
Ele não precisava saber dos detalhes.
- Seu nome... - Ele diminuiu a velocidade para entrar numa curva. - Parece-me
familiar. Tem certeza de que não nos conhecemos antes?
- É um nome bem comum. Tenho certeza de que não nos conhecemos antes. Eu
lembraria. E duvido que freqüentemos os mesmos círculos.
- O que você quer dizer com isso? - Ele franziu o cenho.
- Apenas que eu nunca estive em uma partida de pólo e duvido que você freqüente
casamentos.
- Fico surpreso por você não ter adicionado pólo na sua lista de afazeres - ele disse
sarcástico. - Você foi contratada para organizar o casamento de um conhecido jogador de
pólo.
A preocupação dele era compreensível.
- Li bastante a respeito do jogo, e assisti a diversas filmagens com relação ao esporte,
documentários... Essas coisas.
- O que não é sequer parecido com uma partida de verdade.
- Isso é algo que planejo mudar assim que puder. Estou ansiosa para isso. Parece um
jogo muito emocionante!
- E é.
Ela podia ter mordido a língua quando ele mudou a perna de posição para acomodá-
la.
- Há quanto tempo você organiza casamentos, senorita Parrish?
- Por favor, chame-me de Maxie. Todos me chamam assim.
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9. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
- Vai responder à pergunta? - ele disse, ignorando seu gesto.
- Holly e seu irmão têm minhas referências - ela disse, perturbada com o inquérito.
- É uma pergunta simples. - Diego Acosta girou o volante tão abruptamente que ela
foi jogada para a porta do veículo. - Por que eu deveria ler suas referências quando você
está sentado ao meu lado e pode-me dar as respostas?
Talvez porque ela tivesse modificado seu currículo tão cuidadosamente?
- Fico feliz por responder a qualquer pergunta que você possa fazer. - Até certo
ponto, Maxie emendou em silêncio.
Havia muita informação a seu respeito que ela não compartilhava... Como o fato de a
doença de seu pai tê-la obrigado a procurar por um emprego em que conseguiria ganhar
mais do que um salário fixo. Maxie seguira aquele caminho, determinada e desesperada,
com um objetivo em mente: a dignidade e a privacidade de seu pai. E conseguira. E
continuaria sendo assim, com provocações ou não de Diego Acosta.
CAPÍTULO DOIS
- Venho organizando casamentos de amigos por mais tempo do que posso me
lembrar. - Maxie decidiu que, já que estava sendo forçada a se explicar, assumiria o
comando.
- E por que eles pediriam isso a você? - Diego Acosta exigiu.
- Acho que porque sempre fui eu a organizar os eventos da escola. Organizar
casamentos acabou sendo uma progressão natural das coisas. - Só agora ela percebeu que
tinha sido exatamente isso que acontecera.
- Há quanto tempo você saiu da escola?
- Tenho 26 anos. Venho sendo uma organizadora de sucesso, com minha própria
empresa, por cinco anos, senor Acosta.
- Meu irmão me deu a impressão de que o planejador do casamento dele seria
alguém mais velho, com uma grande experiência. E, desculpe dizer, você parece nova
demais para lidar com um evento dessa magnitude e importância.
- Todos os casamentos são importantes para mim - Maxie afirmou. - E apesar de eu
saber que dificilmente você terá ouvido falar de mim, por favor, não julgue um livro pela
capa, senhor Acosta. Talvez eu não use um terninho enquanto estou viajando, assim como
você não estava usando um lá na praia, mas levo a sério o que faço. E, desculpe-me por
dizer, não sou a planejadora do casamento do seu irmão. Fui contratada para esse trabalho
por Holly Valiant.
- Tenho certeza de que você vai concordar comigo quando digo que Holly tem uma
visão diferente desta ilha.
- Como eu disse mais cedo, não tive chance de tirar nenhuma conclusão ainda. Estou
completamente imparcial no momento.
E nem prestes a desistir, Diego percebeu, lutando contra o interesse que isso lhe
causava. Se Maxie Parrish pudesse decidir, aquele casamento aconteceria... E ele estava
sob aviso. Não conseguia se lembrar da última vez em que alguém decidira sua agenda.
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10. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
- Pergunto-me... - ela disse, distraindo-o. - Se a ilha tem tantos problemas, por que
você escolheu logo aqui para se recuperar?
- Perdão? - Ele não conseguia acreditar que ela dissera aquilo.
Ninguém mencionava sua lesão perto dele. Ninguém nem arriscava olhar para sua
perna. Seus irmãos, talvez... Sua irmã, Lucia, definitivamente faria isso. Mas estranhos?
- Perdoe-me se estou sendo intrometida - ela disse. - Estou apenas curiosa.
- Memórias de infância - ele comentou sarcasticamente, esperando que aquilo a
calasse.
Todos tinham sido cautelosos ao seu redor desde o acidente. Nenhuma mulher o
desafiara. Mesmo assim, aquela garota estava fazendo isso!
- Uou... Devagar. - Ela agarrou seu braço quando ele pisou fundo no acelerador.
Ele olhou para a pequena mão em seu braço. Ela também olhou, e logo a afastou.
- Achei que você gostasse de velocidade - ele zombou, lembrando que ela dissera ter
uma motocicleta.
- Dirijo minha moto com responsabilidade - afirmou suave.
Ela não estava com medo dele.
Seduzir a organizadora do casamento nunca fizera parte de seus planos. Ainda não
fazia. Ele teria de ter muito tempo à sua disposição para deixar pensamentos como esse
ocorrerem. Preferia mulheres mais velhas e mais experientes. Maxie sabia se vestir e o que
dizer. E o mais importante: sabia permanecer quieta. Ela não parecia com uma menina
levada, que se vestia como um menino e insistia em falar com ele como um homem.
- Você está bem, Fernando? - Ela se virara para checar o comandante.
- Minhas desculpas se o acordei, Fernando. - Diego olhava pelo retrovisor.
Fernando estava mais interessado em ouvir o que Maxie tinha a dizer.
- Soy muy bien... Gracias, Maxie - ele estava dizendo em um tom admirador.
Quando Maxie tornou a se recostar, olhou para Diego. Estaria lhe assegurando que
Fernando estava bem?
Ou ela estava fazendo as coisas do jeito dela e ele que se danasse? Maxie podia
parecer uma criança, mas havia muita coisa acontecendo por detrás daqueles olhos verdes
perspicazes, e ele não conseguiu evitar se perguntar quais outras surpresas a Srta. Parrish
tinha guardado para ele.
- E quando exatamente você aprendeu a velejar?
- Ajudei a tripulação de um iate uma vez... Uma amiga da escola. O pai dela era
louco por iatismo.
Diego lançou um olhar que sugeria que ela era louca. Ele não conseguia acreditar que
Maxie pensara que seria seguro velejar com tão pouca experiência em mar aberto, em um
tempo como aquele, mas isso dizia um pouco a respeito dela. Ela não tinha medo de
desafios. As bochechas dela ficaram rosadas quando percebeu o olhar frio e avaliador dele.
Aquelas faces cor-de-rosa diziam tudo o que ele precisava saber. Maxie Parrish podia
achar que tinha todas as respostas, mas não possuía nenhuma quando se tratava dele.
O cliente sempre estava certo. O irmão de um cliente também tinha direito... Apenas
contanto que Diego Acosta não a visse como um capacho. Ele voltara a questioná-la sobre
como Maxie crescera tão rápido no negócio. A falta de confiança dele não era grande coisa.
Levava tempo para ganhar um cliente. E o fato de aquele casamento ser tão
importante para ele mostrava uma forte ligação familiar entre Diego e o irmão Ruiz.
- Eu já tinha organizado alguns casamentos quando fui chamada para planejar o de
uma amiga que trabalha na televisão. Ela ficou tão contente com o resultado que, quando
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11. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
voltou da lua de mel, perguntou se eu podia apresentar um casamento retratando o dia
dos namorados... O casamento perfeito, esse tipo de coisa. Tudo deslanchou daí.
- Mas você não organizou um casamento em uma pequena ilha, onde as entregas são
incertas e a eletricidade é instável - ele apontou.
- Verdade. Mas geradores podem ser alugados, e eu teria qualquer material
necessário entregue com antecedência. Fico feliz em aceitar o desafio.
- Tenho certeza disso. E você está mais do que preparada. - Ele olhou para as roupas
molhadas dela.
- Se eu soubesse que velejaria hoje, teria vestido roupas mais apropriadas.
- Por que você estava controlando o barco? - Ele olhou para Fernando pelo espelho
retrovisor.
- Fernando estava se sentindo um pouco indisposto e fiquei feliz em ajudar. - Ela
deixou assim.
Talvez Diego Acosta estivesse tentando constrangê-la, mas, quaisquer que fossem os
motivos dele, ela não causaria problemas para Fernando.
- Gostei da experiência, e nunca cometo o mesmo erro duas vezes.
- Espero que não - Diego Acosta replicou.
Por alguma razão, ela estava olhando para os lábios dele. E logo desviou o olhar.
Podia estar ensopada e congelando, mas seu corpo estava distintamente quente.
- Se Holly decidir manter o casamento aqui e nós encontrarmos algum problema,
pode ficar tranqüilo que lidarei com ele.
- É para isso que você está sendo paga, não é?
Diego Acosta fez uma careta e relaxou a perna enquanto falava. Ela já tinha
percebido que o humor dele era largamente afetado pela dor ou pela falta dela.
- Sim, sem dúvida - ela confirmou.
E agora ela estava se perguntando por que, com todo o dinheiro do mundo para
comprar o melhor tratamento disponível, a lesão ainda causava problemas para ele.
- Se esse trabalho for demais para você, preferiria que falasse agora - ele disse.
- Eu sempre faço uma avaliação completa antes de tomar qualquer decisão - ela
explicou calmamente. - Acho que já falei que não precisarei incomodá-lo durante minha
estada aqui.
- Se você ficar na ilha - ele disse.
- Por que não ficaria? - ela reagiu, com cuidado para manter o tom de voz amigável. -
Julgando pelos seus comentários anteriores, presumo que você não iria gostar que
Fernando se arriscasse em um barco de pesca nesta tempestade novamente.
O velho capitão escolheu esse momento para parar de roncar, e não perdeu tempo
para endossar suas palavras. Maxie adivinhou que Fernando não estava com nenhuma
pressa de deixar a Isla dei Fuego até ter recebido algum mimo dos empregados de Diego
Acosta.
- Se houver algum hotel por aqui - ela acrescentou —, não precisarei incomodá-lo
nem com acomodações.
- Esta é uma pequena ilha particular, com poucas pessoas - Diego Acosta apontou. -
Não há nenhum hotel.
- Talvez cama e café da manhã em uma casa separada?
Maxie sugeriu esperançosa.
- Você não encontrará nenhuma fada madrinha em Isla dei Fuego, senorita Parrish —
Acosta informou.
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12. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
Não era de se espantar. Se houvesse uma fada madrinha, a varinha dela já teria se
atrofiado.
- Você ficará comigo - ele disse, com zero de entusiasmo.
A garganta de Maxie secou. Ficar com ele? Sim, fazia sentido, mas...
Quando em dúvida, sorria e agradeça. Esse era o conselho que ela sempre dava a
noivas ansiosas.
- Obrigada - ela disse educadamente. E, como aquele parecia ter sido o fim do
discurso de boas-vindas de Diego Acosta, Maxie direcionou sua atenção para o lado de
fora da janela, onde a persistente neblina se abria como uma cortina no teatro, recolhendo-
se para revelar um cenário que tiraria o fôlego de qualquer público.
Dramáticos picos negros planavam sobre o imenso mar, brilhando por causa da
chuva, competindo por atenção com notáveis bancos de flores.
- Maravilhoso! - ela murmurou, esquecendo-se por um momento da trovoada ao seu
lado.
- Eu não alimentaria esperanças - Diego Acosta comentou. - Vivo uma vida de
solteiro livre aqui, com poucos confortos.
- Estava me referindo à vista - Maxi explicou. - É absolutamente impressionante.
E absolutamente perfeita para o casamento de um casal apaixonado como Holly e
Ruiz, pensou.
Diego não disse nada, mas ela notou que os dedos dele se tencionaram no volante.
Maxie adivinhou que ele preferia que ela desistisse da ilha e o deixasse sozinho. Falta
de sorte, senhor!
Ele também lia mentes? Maxie imaginou quando Diego Acosta lhe lançou um olhar.
Ela não era exatamente uma donzela. E sabia o suficiente a respeito de sexo para
esperar que, um dia, encontrasse alguém que soubesse o que estava fazendo. Diego Acosta
sabia. Podia sentir isso.
- Apenas uma coisa - ele disse.
- Sim?
- Enquanto estiver aqui, melhor me chamar de Diego.
- Diego - ela concordou, imaginando se aquela seria mais uma tática do senor Acosta
para fazê-la se sentir desconfortável.
- Enquanto você estiver na ilha, haverá condições.
Maxie escutou cuidadosamente enquanto ele listava os riscos que ela talvez
encontrasse em uma ilha vulcânica. Ela apreciou o aviso, mas isso não mudava sua
opinião. Diego Acosta era de longe o maior perigo que encontraria.
- Vaguear por cavernas e se perder... - o tom de voz dele a fez prestar atenção. —...
Ou escalar picos que são instáveis, e em que eu não poderia ajudá-la.
- Ponto principal: não seria sábio me aventurar sozinha - ela disse.
- Correto - ele confirmou.
- Talvez fosse mais seguro se você me mostrasse o lugar - ela sugeriu.
- Eu? - O olhar foi de incredulidade.
- Ou tenho certeza de que há alguém que possa me mostrar... Fernando, talvez?
- Não devíamos deixar Fernando aproveitar as férias dele?
Ela não podia argumentar contra isso.
- Eu levo você — Diego Acosta ofereceu com ressentimento.
Passear por uma ilha misteriosa com Diego Acosta não era algo que uma mulher
sensível escolheria fazer, mas então ele acrescentou:
- Quem sabe a ilha é melhor do que eu?
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13. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
- Obrigada. Dou boas-vindas para qualquer ajuda que você puder me dar. Pelo bem
de Holly e seu irmão, acho que nós dois devemos dar nosso melhor para fazer desta visita
um sucesso.
A boca de Diego se curvou em um sorriso cínico, mas os olhos permaneceram fixos
na estrada.
- Parece que a noiva do meu irmão conseguiu uma pessoa muito determinada.
- Conseguiu. - Maxie se perguntava se algum dia seria possível relaxar com Diego
Acosta por perto.
- Algo a perturba? - ele quis saber.
- Não. Nada. - Estava olhando para as coxas dele, Maxie percebeu. As duas pareciam
igualmente impressionantes. - Apenas começava a planejar.
- Planos baseados em quê?
- No que eu já vi até agora.
- Devem ser planos frágeis - Diego observou, estacionando o veículo. - Fernando, é
aqui que você ficará até o tempo melhorar.
- Gracias, senor Acosta.
Maxie olhou para fora da janela, para uma habitação pitoresca, pintada de um branco
ofuscante. Cuidadosamente restaurada, tinha um adorno florido enfeitando a entrada e,
venezianas verdes brilhantes de ambos os lados, com janelas altas e arqueadas. Um jardim
de cactos enquadrava a vila em um vivido verde, enquanto a lava negra na qual fora
plantado fornecia um dramático contraste. Além do jardim incomum, o oceano estava
lentamente se transformando de um cinzento sombrio em um azul cristalino.
- Eu saio aqui também?
- Não, você fica no carro - Diego ordenou enquanto abria a porta para sair. - A não
ser que você queira dividir o único quarto com o comandante.
- Não, obrigada. - Maxie firmou os lábios. Toda vez que ela pensava que estava
começando a entender o funcionamento de Diego, ele aparecia com mais uma provocação.
Maxie ficou no veículo, tamborilando os dedos na bolsa enquanto observava os dois
homens caminharem.
Diego já devia saber que Maxie não permaneceria no carro. Ele mal tinha atravessado
a porta da casa quando viu o rosto em formato de coração aparecer na janela. Fernando
logo se apressou para descer as escadas. Diego não podia culpá-lo. Era hora de alguém
informar a Srta. Parrish que, enquanto ela estivesse na ilha, ela faria o que lhe fosse
mandado. Ele lançou um olhar feroz quando ela sorriu.
- Aqui é bonito - ela disse quando passou pela porta, ignorando sua maneira hostil
enquanto olhava ao redor. - Importa-se? - E ergueu uma câmera.
- Você já está aqui.
Maxie já estava tirando fotos, enquanto ele tentava não ficar ciente do agradável
cheiro de chuva que ela trouxera para dentro da casa.
- Talvez alguns dos convidados do casamento possam ser hospedados aqui - ela
meditou em voz alta.
- Terei de ver se a casa está disponível.
- Tenho certeza de que você pode conseguir isso - ela disse, com um sorriso que
devia usar com todos os clientes. - Este lugar é lindo. Foi você que o projetou?
- O que acha?
- Acho que não.
- Está certa. - Ele passou os dedos pela barba por fazer enquanto a observava
trabalhar, amaldiçoando a perna ruim, que o obrigava a se apoiar na parede.
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14. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
- Tudo está tão bem organizado - ela observou enquanto tirava as fotos.
- Culpe minha irmã Lucia.
- Ah, ela é uma designer maravilhosa.
- Vou contar a ela que você disse isso.
- Adoro isto! - Maxie exclamou, tocando um dos vasos pintados a mão.
Ele encolheu os ombros, recusando-se a admitir que, vendo o que Lucia fizera
através dos olhos de Maxie, era uma surpresa para ele também. A última fotografia que
ela tirou foi uma de si mesma.
- Holly vai amar isso - ela assegurou confiante. Checando a imagem antes, levou a
câmera para mostrar a ele.
O cheiro, o calor, a presença física de Maxie, após ele ter passado tanto tempo
sozinho, quase o impressionou.
- Vamos acelerar as coisas - ele disse bruscamente, mal olhando a imagem. - Tenho
muito que fazer.
- Claro. - Maxie guardou a câmera. - Desculpe-me se o atrasei, mas estava apenas
pensando que podíamos usar este cômodo como fundo para algumas fotos do álbum.
- Sério? — ele disse, desejado terminar com aquilo.
Mas, apesar de sua impaciência, seus olhos acharam tempo para vaguear pelos lábios
dela.
- Cenários como este vão conferir muita personalidade e singularidade às fotografias.
E estas paredes de pedra são adoráveis. — Maxie as acariciou.
Diego estava mais interessado, em observar aquelas pequenas mãos traçarem as
antigas pedras até que sua perna escolheu enviar um aviso de que ele não estava pronto...
Para o pólo ou para mulheres.
- Desculpe — ela disse, confundindo a careta dele com um olhar de desaprovação. -
Estou prendendo você. - Alguns momentos se passaram. - Você está bem?
- Sim. - Mas sua perna machucada o denunciou e ele precisou arrastá-la.
A raiva irrompeu de dentro dele. O fato de a respiração de Maxie ter acelerado
quando ele encostou-se a ela enquanto saía apenas fez sua humilhação aumentar.
- Não se preocupe... Eu fecho a porta para você - ela ofereceu.
Alcançando a porta antes dela, ele a bateu atrás de si, confortando-se com o
pensamento de que ele tinha lidado com potros teimosos mais do que podia contar e,
quanto mais difícil fosse, mais eles o agradavam quando finalmente os domava.
Ele foi fervilhando por todo o caminho até o Jeep. Jogando sua bengala no banco de
trás, entrou, e Maxie foi logo depois. O corpo ágil e flexível dela era outro tapa
involuntário em seu rosto, mas quando ela se virou para fechar a porta, o cabelo dela, que
tinha secado e virado uma nuvem negra, roçou contra seu braço. Ele inalou
profundamente, absorvendo o cheiro de baunilha e lavanda... Uma delicada e ultra
feminina combinação que Diego nunca esperaria que uma mulher de negócios como
Maxie Parrish escolheria.
- Apresse-se — ele disse enquanto ela fechava o cinto de segurança. — Não tenho o
dia todo.
- Você realmente tem sido muito paciente - ela concordou. - Não posso agradecer o
suficiente por ter me mostrado a casa, e prometo não tomar muito do seu tempo no futuro.
Ele grunhiu com descrença em resposta. Ela era boa com desculpas bonitas. Diego
ainda queria ver como Maxie reagiria sob pressão. Muito embora quanto mais rápido
Maxie trabalhasse, mais cedo ela estaria longe dali... E ele poderia voltar a lamber suas
feridas com privacidade.
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15. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
CAPÍTULO TRÊS
Holly não tinha avisado Maxie a respeito do que esperar quando chegasse à ilha da
família Acosta, então, quando Diego dirigiu pelo cume da colina, ela arfou. O elegante
edifício de pedra mais parecia um palácio que o lar ocasional de alguém.
Buscando a câmera, ela perguntou:
- Pode parar aqui por um momento?
Diego Acosta continuou dirigindo.
Ele dissera que estava com pressa, Maxie lembrou quando a vista desapareceu por
detrás deles; tudo bem, ela sempre poderia voltar sozinha.
Não poderia ter ficado mais surpresa quando ele parou perto da beirada de um
penhasco e, com um aceno, indicou para ela sair do carro. Não muito simpático, mas ela
aceitaria o que conseguisse.
Ela precisou concordar que ele estava certo. Aquela era uma vista muito melhor,
Maxie percebeu quando descia do veículo. A suntuosa casa estabelecida no topo de um
penhasco de lava negra. Ao pé dela, um confuso oceano prateado se estendia no horizonte
iluminado. A chuva tinha parado e o vento diminuído. Ela esperou que o vento fresco
clareasse sua mente, e usou as lentes da câmera como tática para ganhar mais tempo longe
dele.
- Se você angular sua câmera desse jeito...
Ela se assustou com o som da voz de Diego. Não tinha sequer escutado sua
aproximação. Relâmpagos explodiram por sua coluna quando ele esticou a mão para
inclinar sua câmera.
- Você pode capturar a casa enquadrando-a com as montanhas de um lado, e o
oceano do outro - ele explicou. - É uma vista famosa.
Felizmente, ele se afastou enquanto ela trabalhava, rápida e eficientemente,
lembrando que ele dissera que tinha outros afazeres.
- Essa foi uma grande oportunidade. Obrigada por parar - ela disse quando se juntou
a ele no Jeep.
- Você está aqui para pesquisar, não é?
- Isso mesmo - ela concordou, guardando a câmera.
Eles dirigiram até a residência da família Acosta que era cercada por impressionantes
portões de ferro, e viraram em um pátio pavimentado, emoldurado por canteiros com
flores. As plantas tinham cores mais fortes do que Maxie estava acostumada, mas
funcionava ali. No centro do pátio havia uma fonte jorrando água no ar, enquanto
arbustos e árvores suavizavam as beiradas das pedras antigas da casa. E a casa, longe de
ser o covil sombrio que ela esperara que Diego habitasse, parecia uma peça
maravilhosamente restaurada da história que fora amada e apreciada ao longo dos anos.
Ele parou em frente a uma subida de degraus de pedra e, no topo desses degraus,
uma mulher mais velha esperava perto das portas duplas, abertas em boas-vindas e
flanqueadas por cintilantes janelas que davam a impressão de aconchego, tanto quanto o
sorriso da senhora.
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16. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
- Bem vinda ao Palácio Acosta - Diego disse. — Ou como alguns batizaram... -
acrescentou com um sorriso cínico nos lábios. -... Palácio Antiquado Demais para Palavras.
- Bom, eu acho adorável! — Maxie exclamou, perguntando-se quem poderia dizer
algo assim.
A idéia de que podia ter sido alguma das ex-namoradas de Diego fez o cabelo de sua
nuca se eriçar. Não que fosse de sua conta.
- Deixe-me apresentar nossa maravilhosa governanta, Maria - Diego disse
educadamente, ficando de pé no topo dos degraus.
- Fico feliz em conhecê-la... - As palavras mal tinham saído da boca de Maxie quando
Maria a puxou para um abraço de urso.
- Vou checar os cavalos. - E Diego se virou para se afastar. - Maria vai lhe mostrar
onde tudo fica.
- Obrigada. E obrigada por me buscar na doca. - Ela não esperava que ele ficasse por
perto, mas seria bom.
Bom? Seria desafiador, eletrizante, e todas as outras palavras associadas a esportes
extremos.
- Nós nos vemos depois.
Negócios vinham em primeiro lugar e, levando em consideração as palavras de aviso
de Diego a respeito dos perigos no terreno, seria mais sábio conseguir um horário com ele
para que eles pudessem discutir as questões relativas à segurança.
Virando-se, ele lançou um olhar para Maxie que a fez se perguntar se ela parecia
desesperada.
- Imagino que nossos caminhos se cruzarão novamente, já que estamos vivendo na
mesma casa - ele observou com frieza.
- Quando for melhor para você. - Maxie não precisava virar-se de costas para
esconder suas bochechas vermelhas, pois ele tinha ido embora. Inexplicavelmente, já
sentia a falta dele, Maxie percebeu enquanto Diego desaparecia.
No momento em que ele estava longe do alcance de outros ouvidos, ligou para o
irmão.
- Que diabos você está tentando fazer comigo, Ruiz? - Diego questionou
furiosamente, fazendo careta ao se inclinar contra uma cerca para tirar o peso de sua
perna.
- Se eu soubesse a respeito de que você está falando - Ruiz replicou - talvez pudesse
ajudar. Seu humor certamente não melhorou. Meu conselho é que você volte o mais
rápido possível para o circuito de pólo.
- Não acha que eu quero? Não acha que estou obcecado em voltar a jogar?
- Nunca o vi tão nervoso antes, Diego.
- Podemos ser irmãos, Ruiz, mas existem limites para o que estou preparado para
fazer por você. Vim aqui para me recuperar com privacidade... E não para bancar o
anfitrião de alguma viciada em confete. - Diego parou ao som de protestos abafados, e
depois suspirou quando sua futura cunhada, Holly Valiant, pegou o telefone das mãos de
seu irmão.
- Você não precisa fazer nada, Diego - Holly prometeu. - Maxie é a planejadora de
casamentos mais fantástica que existe. Ela fará tudo. Já esteve com Maxie? - perguntou
quando ele não disse nada. - Ela chegou, não é?
- Ela está aqui - ele confirmou.
- Brilhante! - Holly se entusiasmou. - Não há nenhum outro lugar na Terra onde eu
gostaria de me casar.
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17. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
- Terá de me desculpar, Holly - ele a interrompeu educadamente -, mas tenho coisas
a fazer. Podemos falar sobre o seu casamento uma, outra hora.
- Ah... Claro. Imagino que esteja ocupado com os cavalos.
- Sim, estou ocupado com os cavalos. - Então, a atenção dele mudou para os potros
no pasto, e para aquele em particular que tinha caído sobre ele durante a partida. Meses
tinham se passado desde então, e o cavalo parecia bem.
- Algo errado? - Holly quis saber, forçando-o a se concentrar na ligação.
- Na verdade não... Não há nada. O nome da sua planejadora...
- Maxie Parrish? - Holly disse com seu entusiasmo de sempre. - Ela é ótima, não é?
- Podia passar o telefone para meu irmão? - ele pediu, mantendo a voz
cuidadosamente natural.
- Claro...
Diego pôde ouvir os traços de ansiedade na voz de Holly, e depois ela cobriu o fone e
disse algo a Ruiz.
- Diego? - Ruiz falou lentamente, de um jeito que sugeria que havia diversas outras
coisas que ele preferia estar fazendo.
- Parrish? O nome da planejadora de casamento é Maxie Parrish.
- E daí? - Ruiz perguntou.
- Parrish - repetiu.
- Dream Events é o nome da companhia, não é? - Ruiz observou vagamente, mais
interessado em sua futura esposa do que em qualquer outra coisa. - As referências dela
falam por si. Até eu fiquei impressionado. Deve haver milhares de garotas com o
sobrenome Parrish, Diego. E, de qualquer jeito, você devia superar isso.
Talvez devesse, mas não superara.
- Não pode ser a mesma família - Ruiz disse confiante.
- Tem certeza?
Mas Holly tinha pegado o telefone novamente.
- Fiz algo errado, Diego? Por favor, diga se fiz algo de errado.
- Você não fez nada de errado - ele a tranqüilizou.
Por onde poderia começar? E por que varrer o passado e arruinar o momento
romântico de Holly? Ela não podia ser culpada pela tragédia que Diego passara anos
antes.
- Seria melhor se a gente ligasse para você em outra hora? - Holly estava
perguntando com preocupação.
- Não. - Ele se esforçava para manter o tom gentil. - Conte a respeito dos planos que
você tem para o casamento, Holly.
Ele se sentiu mal quando percebeu que todo o entusiasmo tinha deixado a voz dela,
mas ela logo o recuperou e, enquanto Holly começava a contar a respeito das excitantes
novidades, ele se deixou levar para um tempo em seu passado em que se arriscara demais.
Seu tempo de reclusão, agora, com sua lesão, podia apenas ser um alívio para seus
oponentes... Porque quando Diego jogava, ele se lembrava do que tinha feito, e quando se
lembrava não se importava mais com nada. O que fazia dele um perigo para si e para
todos ao seu redor.
- Você devia voltar a jogar - Holly lhe disse suavemente, como se ela pudesse ler
alguns de seus pensamentos. - Eles precisam de você, Diego. Seu irmão precisa. O time
não é o mesmo sem você.
- Estou tentando, Holly.
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18. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
- Sei que vem treinando todos os dias. As coisas vão ficar mais fáceis, Diego...
Acredite. E se é o meu casamento que o está incomodando...
- Há outros lugares onde você podia se casar — ele apontou enquanto se lembrava de
Maxie.
- Mas nenhum tão lindo quanto Isla dei Fuego - Holly argumentou.
Ele olhou em silêncio do pasto em direção ao oceano, observando a vista como se
através das lentes da câmera de Maxie. Era uma vista de grandeza quase teatral, teve de
admitir. O mar azul-acinzentado, em perfeita harmonia com seu humor, trovejava contra
as rochas de lava, jogando água no ar. E quando o sol brilha...
- Ainda está aí, Diego? - o irmão chamou, pegando o telefone de Holly.
- Estou - ele confirmou. No entanto, sua mente voltara ao passado.
- Quantas pessoas no mundo têm o sobrenome Parrish? - o irmão perguntou. - Sei
que é isso que o está preocupando. Deixe disso, Diego - Ruiz insistiu impaciente. - Você é
o cara que controla o dinheiro na família. Devia saber disso.
Verdade, e graças principalmente ao irmão mais velho deles, Nacho, cuja percepção e
amor tinham salvado Diego de uma vida de desespero. Em sua arrogante juventude,
Diego perdera uma grande quantia de dinheiro em um negócio que dera errado, e tinha
sido Nacho que lhe dissera que se Diego quisesse lidar com dinheiro devia aprender
como. Ele aprendeu e agora controlava todas as finanças da família.
- Ainda está aí, Diego? - Ruiz pressionou.
- Sim - confirmou.
- Você está muito tenso. E acho que nós dois sabemos a razão disso. De acordo com
Holly, Maxie Parrish é uma mulher bonita, e vocês estão na ilha juntos... Praticamente
sozinhos.
Ele encarou o telefone como se estivesse escutando novidades, e depois disse:
- Talvez eu não esteja interessado.
- E talvez você esteja se enganando!
- E talvez você esteja em perigo de usar as mesmas lentes cor-de-rosa de sua noiva.
- Deixe Holly fora disso - Ruiz avisou.
- Tudo o que preciso é de uma perna sadia, uma boa cavalgada e uma chance de
voltar para o jogo que amo!
- Nós conversaremos de novo quando você estiver melhor - Ruiz disse, deixando-o
frustrado ao telefone.
- Que casa maravilhosa! - Maxie exclamou, dando uma volta para absorver a
atmosfera na elegante e acolhedora entrada, enquanto Maria movimentava-se com
orgulho.
- Essa casa está na família Acosta por gerações - Maria explicou.
- Que herança incrível. - Maxie pensava em sua casa, que era muito diferente. O pai,
que tinha sido tão ruim para sua mãe quando ela era jovem, fora à falência por causa da
doença da esposa. Havia sido um esforço para ele pagar todos os extras que a mãe
precisara, então, compreensivelmente, os confortos do lar não tinha sido uma prioridade.
Quando um buraco aparecera no sofá, Maxie jogara uma manta sobre ele, assim
como muitas vezes remendara a escada com pedaços de pano.
- Minha mãe teria amado isso aqui - ela disse saudosamente. Mal percebera que
falara em voz alta até que sentiu o toque de Maria em seu braço.
- Venha. - Maria a levou em direção a uma magnífica escadaria de mogno.
Não havia remendos. Um impecável corredor seguia a lustrada escada com
corrimões em metal reluzente.
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19. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
Era tarde demais para ajudar sua mãe agora, ou desejar que a vida de seus pais
tivesse sido mais fácil, mas pelo menos seu trabalho lhe permitia ganhar o suficiente para
dar uma vida confortável ao pai.
- Por favor - Maria a encorajou, apontando para a câmera de Maxie.
A casa dos Acosta era muito mais do que uma soma das partes, Maxie percebeu
enquanto olhava tudo através de suas lentes. O tapete era um pouco gasto, e parecia fino
por conta da passagem de tantos pés, mas ele era ainda mais atraente por esse motivo.
Tudo parecia um pouco bruto, ela notou agora, mas aquilo apenas aumentava a idéia
de um lar. Era uma casa feliz e calorosa, e ela conseguiu sentir a influência de antigas
gerações a sua volta.
- Adoro esta casa! - exclamou impulsivamente. Ela adorava o grande piano disposto
discretamente por debaixo das escadas. Adorava as fotos da família agrupados em cima
dele, e o cheiro de cera no ar. - Não existe um lugar melhor para um casamento - ela disse
para Maria.
- Perfecto - Maria concordou, acenando e sorrindo.
- Vou ligar agora mesmo para Holly e confirmar o lugar que ela escolheu - Maxie se
entusiasmou, lembrando que antes precisava fazer outra ligação...
Sua primeira noite com Diego se aproximava. Ah, Deus, Maxie pensou, imaginando
como terminaria enquanto escovava o longo cabelo pela milésima vez. Negro e brilhoso,
ela lavara o sal dele, agora o deixando solto pelos ombros. Geralmente o amarrava para
ocasiões de negócios. Ela pretendera prendê-lo naquela noite, mas, por alguma razão,
queria que Diego a visse relaxada, para que ele soubesse que não a assustava.
Apesar de só Deus saber a respeito de que eles conversariam, Maxie meditou
enquanto observava seu reflexo perplexo no espelho. Ela não sabia quase nada sobre pólo,
ao passo que Diego dificilmente seria um fanático por bolos de casamento. Mas aquilo era
trabalho, e ela o faria.
Devia se manter focada no trabalho, Maxie refletiu, firmando o maxilar. Trabalho a
manteria com os pés no chão. Trabalho pagaria as contas. Trabalho manteria seu pai
seguro.
Atravessando o tapete desbotado até o belo armário, ela escolheu um de seus
vestidos “para todas as ocasiões”. Um vestido creme-pálido que era igualmente adequado
para uma reunião de negócios na cidade ou para um jantar com amigos. Era o vestido que
escolhia quando não queria parecer que estava tentando demais.
Difícil permanecer tensa em um lugar tão lindo, Maxie se deu conta ao atravessar o
cômodo. E a única certeza que tinha aquela noite era que jantaria com um homem
imprevisível. E ele provavelmente estaria contando os segundos para sua partida.
- Diego! - Levou um momento para ela se recompor do susto de tê-lo encontrado do
lado de fora de seu quarto. - Está esperando por mim?
Ele estava se recostando na parede.
- Estava a caminho do jantar - ele disse. - Presumo que você esteja indo para lá
também.
Ela estava queimando pelo olhar examinador que Diego lhe lançava, enquanto ele
mesmo estava maravilhoso. Podia sentir o cheiro do sabonete dele, e o cabelo negro ainda
estava um pouco molhado e se curvando sobre o rosto. Mas quando Diego se endireitou,
ela viu a bengala contra a parede, e logo soube que ele devia ter parado porque a perna
doía e, enquanto os dois caminhavam em direção às escadas, ela tentou medir os passos
junto com ele de uma maneira que não ficasse muito óbvia. A perna dele parecia mais
rígida do que nunca naquela noite, e ela imaginou se o tempo úmido teria afetado.
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20. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
Ficando um pouco para trás, ela pôde ver o peso que ele colocava sobre a bengala.
Diego ficou feliz por Maxie estar atrás dele, não podendo ver a surpresa em seu
rosto. Descobrir que a menina levada tinha se transformado em uma equilibrada e
confiante mulher fora uma revelação. Mas por que ele estava surpreso? Ela era uma
mulher bem-sucedida. Parecia impressionante naquele vestido simples, e ele conseguiu
imaginá-la entrando em uma reunião e conseguindo tudo o que quisesse de seus
fornecedores... Uma imagem que o deixou irritado quando pensou nos homens que ela
conheceria no curso do trabalho. Talvez Ruiz tivesse razão a respeito do caminho para a
reabilitação e o relaxamento.
- Adoro sua casa — ela comentou enquanto eles desciam as escadas.
- Não é apenas minha - ele disse. - A família a compartilha.
- Não acha que é por isso que é tão adorável? - ela disse, parando para examinar uma
velha pintura de algum de seus ancestrais.
Os homens Acosta não tinham mudado muito, ele refletiu apenas para depois se dar
conta de que Maxie o estava aguardando.
- Acho que é uma verdadeira casa de família - ela afirmou alheia ao seu humor, que
estava piorando.
- Sim, é - ele disse, esperando para que ela descesse primeiro as escadas.
- Você não ama esta entrada? - Ela trilhou os dedos pelo corrimão de mogno
enquanto alcançava o hall diante dele.
Diego se concentrou nos ombros nus de Maxie e na cascata de cabelo negro sedoso
que descia em abundantes ondas até a cintura. O cabelo o guiou até a elegante curva das
nádegas, claramente visível por debaixo do aderente tecido do vestido.
- Bom, eu acho perfeito! - ela disse, virando-se para olhá-lo.
- Não vejo nada de errado - ele concordou.
- Deve ter sido maravilhoso passar finais de semanas aqui quando você era criança.
Adoro visitar casas como esta.
A última mulher que ele levara até o palácio tinha perguntado pelo “toalete
feminino” para retocar a maquiagem. Depois lhe dissera que odiara a casa. Era muito
ultrapassada, ela disse. Felizmente, o mar estava calmo naquele dia. Ele a mandou embora
no primeiro barco.
Maria se encontrava na cozinha com uma disposição de pratos que poderia alimentar
um exército. Diego comeu em silêncio, enquanto Maxie e Maria conversavam como velhas
amigas. Maxie lhe entregou um cronograma de coisas que ela queria olhar, e ele talvez
tivesse ficado surpreso se não a houvesse visto vestida para negócios como estava naquela
noite. Diego aceitou o papel, olhou para ele, e continuou com a refeição, imaginando mais
uma vez como uma menina podia se transformar tão convincentemente em uma mulher
sofisticada de negócios. Ela teria um namorado... Um amante? Talvez tivesse filhos. Ele
não sabia nada a respeito dela. Esse pensamento o fez ficar tenso.
Quando eles terminaram a refeição e os pratos foram levados... Uma
responsabilidade que Maxie insistira em compartilhar com Maria, ela jogou um pano para
ele.
- Você poderia limpar a mesa - ela perguntou casualmente - enquanto coloco os
pratos na, máquina de lavar?
Ele olhou para o pano em suas mãos enquanto Maria, claramente em choque, correu
pelo cômodo para pegá-lo.
- Tire o resto da noite de descanso - ele disse a Maria. - Você merece. E obrigado pelo
jantar delicioso.
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21. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
- Gracias, senor... - E Maria fugiu da cozinha, como se quisesse esquecer que o vira
com um pano de limpeza nas mãos.
Maxie tinha as costas viradas para Diego enquanto continuava a limpar. Quando ela
ligou a máquina de lavar, endireitou-se e se voltou.
- Gostaria de ver as fotos que tirei até agora?
Lembrando-se de que quanto mais rápido Maxie conseguisse o que tinha ido buscar
mais rápido ele ficaria sozinho, disse:
- Por que não?
Ele tinha de admitir que Maxie mais uma vez o surpreendesse. Ela podia ser uma
excelente organizadora de casamentos, mas suas fotografias também eram extraordinárias.
Maxie mostrara a ilha de uma forma que ele nunca vira antes, destacando aspectos
que a transformavam de prisão em um tesouro de possibilidades. Ver a Isla dei Fuego
através dos olhos de Maxie foi uma revelação para ele.
- Algo errado? - ela perguntou quando ele fez uma careta.
- Não. Tudo bem. - Exceto sua perna. - Suas fotografias são muito boas.
- Obrigada. - Ela se virou para ir. - Vou me deitar cedo - avisou enquanto se
direcionava para a porta.
Instintos animais batalharam com seu bom senso, enquanto suas pernas gritavam em
protesto.
- Buenas noches, senorita - ele disse enquanto ela deixava o cômodo.
CAPÍTULO QUATRO
Ela tivera sua pior noite de sono. Era errado desejar que um homem com aparência
de pirata se comportasse como um? Era loucura imaginar o que aconteceria se ela deixasse
a porta tentadoramente entreaberta? Como se ela fosse tão estúpida. Maxie não teria a
menor idéia de como agir se tivesse feito algo tão ridículo e Diego houvesse entrado. Ela o
escutara subir as escadas e permaneceu absolutamente parada enquanto escutava a água
do chuveiro correr durante o banho dele. Imaginara-o debaixo do chuveiro, nu. Não era de
se espantar que não tivesse dormido.
Pulando da cama, abriu as cortinas para um novo dia. O sol brilhava, e era difícil
acreditar que tinha sido recepcionada por aquela tempestade na véspera. Abrindo a janela
e se inclinando para fora, ela absorveu o cheiro de flores e grama, intensificado pela
refrescante chuva e agora pelo calor do sol. Então, onde estava Diego? Ela olhou ao redor
dos jardins vazios, adivinhando que ele pudesse estar com os cavalos. Após tomar banho,
fez algumas ligações e depois checou o cronograma que dera a Diego.
Ele ficara acordado até um pouco antes do amanhecer, após uma noite sem descanso
passada revirando-se na cama, pensando na mulher que ele queria em sua cama dormindo
no quarto ao final do corredor.
Então, o que o tinha impedido?
Após jogar sua bengala contra a parede, tomou um banho e colocou uma calça jeans
limpa, botas e camisa. Abrindo a porta de seu quarto, ele a encontrou caminhando pelo
corredor em direção às escadas.
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22. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
- Bom dia, Diego - ela o cumprimentou, alheia a seu péssimo humor. - Espero que
tenha dormido bem.
- Maxie - ele disse brevemente.
- Está descendo para o café? Maria prometeu fazer panquecas hoje. - Maxie se
apressava para a cozinha.
Ela parecia tão jovial e inocente usando aquela blusa simples, calça jeans e tênis.
- Vou checar os cavalos - ele disse.
- Algum problema? — ela perguntou, parando com a mão na porta da cozinha.
Problemas? O quê? Mais problema do que ela podia enxergar ao vê-lo se mover pelas
escadas com sua perna ruim?
- Um dos potros escoiceou um dos meus melhores cavalos ontem.
- Ah, não! - ela exclamou com preocupação. - Sinto muito. Algum dano permanente?
- Não sei ainda. - Diego franziu o cenho.
Socializar era bom para cavalos em recuperação, mas sempre havia o risco de eles se
machucarem, e Diego se sentia responsável pelo que acontecera. Era mais uma marca ruim
para o dia.
- Talvez eu possa ver seus cavalos mais tarde - ela sugeriu.
Antes que ele tivesse a chance de negar esse pedido, Maxie desapareceu cozinha
adentro. Seu humor piorou quando ele a escutou rindo com Maria. Ela realmente estava
ficando à vontade.
Agradecendo à governanta pelo delicioso desjejum, Maxie refletiu a respeito das
diversas histórias que Maria lhe contara sobre a infância de Diego. Ela devia ter narrado
tais histórias porque Diego não estava presente, do contrário certamente não teria se
aberto daquele jeito. Maxie ficara de guarda alta, como sempre ficava. Ela nunca falava a
respeito da própria infância, preferia pensar no futuro e não gastar tempo com coisas que
não podiam ser mudadas. Passara noites demais trancadas no quarto com a mãe,
esperando o pai chegar bêbado após mais uma tentativa frustrada de negócios, para
querer pensar no passado. Seus relacionamentos com homens também não tinham sido
melhores. Ela parecia ter o dom para encontrar versões mais novas do pai. Não era de se
espantar que organizar eventos para os outros lhe agradasse tanto. Preferia ver o mundo a
uma distância segura.
Ela já tinha voltado ao quarto quando seu pai ligou para seu celular.
- Que ótima surpresa! - ela disse, sorrindo.
- Não me ligue agora - ele resmungou. - Não é conveniente!
- Mas foi você que me ligou - Maxie apontou toda a sua euforia evaporando.
- Você não consegue se lembrar das coisas mais simples, Maxine? - o pai berrou,
como se ela não tivesse falado. - Tenho uma reunião de diretoria às 9h. Não há tempo para
a sua tagarelice agora!
- Pai, desculpe...
Mas a linha já tinha sido desconectada. Ele estava mais confuso do que nunca, ela
percebeu. Seu pai nunca tivera uma reunião de diretoria na vida, e não era agora que
começaria a ter.
Ela levou um minuto para se recompor. Checando seu reflexo no espelho antes de
deixar o quarto, lembrou-se das enfermeiras de seu pai lhe dizendo para continuar com a
vida. Elas estavam provavelmente certas, mas já tinha se passado tanto tempo desde que
ela se divertira, sem colocar suas responsabilidades no topo da lista, que quase esquecera
como fazer isso.
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Ou talvez não, Maxie pensou. Um leve sorriso marcou seus lábios quando ela viu
algo interessante no pátio. Não machucaria olhar de perto.
Diego checara o cavalo e estava satisfeito por o machucado ser superficial. Tendo
retornado ao quarto para tomar um banho, ele estava secando o cabelo com a toalha
quando viu uma mensagem no telefone. Era de Holly, querendo saber o que ele achara de
Maxie. Seus sentimentos a respeito de Maxie deviam ter mudado desde que falara pela
última vez com Holly?
Ele respondeu de volta: Ela está aqui. Está bem. Fazendo o trabalho dela, até onde eu
sei.
Holly respondeu imediatamente de volta: Só isso?
Só isso, ele confirmou, guardando o aparelho. O que mais deveria haver?
Ele estava relaxando a perna quando escutou algo que o fez se apressar pelo quarto
até a janela. Xingando com violência, deixou o quarto com tanta pressa que esqueceu a
bengala. Arrastando a perna rígida, usou a força de seu corpo para descer as escadas até a
entrada da casa.
- Que diabos você pensa que está fazendo?!
- Ah, olá - Maxie respondeu, virando-se no assento de sua motocicleta. - Espero que
não se importe. Vi sua moto e não resisti!
Ela parecia muito sexy em sua moto...
- Espero que não esteja pensando em levar minha motocicleta para uma volta - ele
ridicularizou, fazendo movimentos lentos pelo caminho até ela.
- Já pilotei uma moto antes.
- Como essa não. - Ele se aproximava muito zangado.
- Não sou uma criança, Diego...
Isso ele podia ver. E não havia nenhum sinal de culpa nos olhos dela.
- Você costuma pegar coisas que não lhe pertencem?
- Não estava pegando. Estava apenas sentando - ela protestou.
Um flash do passado aumentou sua raiva. Ele começara a pilotar motos com um
amigo que já estava morto. E esse pensamento levou ao nome Parrish.
- Não se atreva - ele avisou quando os dedos de Maxie passaram perigosamente
perto da ignição.
Ela nunca fizera nada como àquilo antes. Nunca se rebelara ou pegara algo que não
lhe pertencesse sem pedir permissão, primeiro. Tinha sido completamente profissional e
moderada por tanto tempo que não conseguia imaginar o que estava fazendo.
- Desça - Diego comandou em um tom muito frio.
Ela podia aceitar que estivesse fazendo algo errado, mas era tão ruim assim?
- Certo então você não quer esse casamento aqui. Entendo isso. Você não me quer
aqui. Também entendo. Mas como seu irmão também é dono da ilha, e a noiva dele me
contratou para dar uma opinião, ficarei aqui até que eu esteja em posição de fazer isso.
- Então volte ao trabalho e dê o fora da minha moto!
- Eu fiz meu trabalho - Maxie se enfureceu. Descendo da moto, ela ficou de pé. - Para
sua informação, fiquei acordada metade da noite para terminar meu trabalho. Holly
receberá meu relatório assim que acordar. O que você fez além de sentir pena de si
mesmo?
Diego empalideceu.
- O que você disse?
- Isso tudo não é a respeito disso? - Maxie exigiu enquanto todos os seus sentimentos
reprimidos explodiam.
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- Então você não pode participar de um jogo de primeira linha de pólo? Ainda pode
montar um cavalo, não pode? Você ainda está respirando!
- Eu pararia aí se fosse você - Diego a avisou calmamente.
- Por quê? A verdade dói, Diego? Exatamente há quanto tempo você está na ilha?
Você nunca vai para casa? E se a dor é tão forte, por que não tomar analgésicos como
qualquer outra pessoa?
- Você está realmente exagerando, senhorita...
- Estou? - Ela permaneceu no lugar quando ele se aproximou. - Talvez seja hora de
alguém fazer isso. Talvez eu não devesse ter me sentado na sua moto. Dificilmente eu a
teria usado. Aonde eu iria? - Zangada, olhou ao redor. - Aqui era uma ilha na última vez
em que olhei!
- Terminou? - ele exigiu, parecendo mais feroz do que ela já tinha visto, com a cabeça
jogada para trás, o brinco brilhando, e os olhos negros ao vento.
Absolutamente, devastadoramente lindo...
Enquanto eles encaravam um ao outro, Maxie aos poucos começou a perceber que a
atração entre eles era mútua. Ela respirou profundamente quando Diego veio em sua
direção. Incredulidade misturada com excitação e terror em relação ao que ela podia ter
provocado queimou dentro dela. Ele a empurrou em direção à motocicleta. Ela podia
sentir o metal frio contra sua pele quente e o assento de couro pressionando suas costas. A
paixão fervia nos olhos de Diego... Nos seus também, ela não tinha dúvida.
- Da próxima vez, peça primeiro - ele rugiu.
Ela arfou quando ele agarrou seu braço.
- Largue-me!
O que era mais aterrorizante? A fúria nos olhos de Diego ou o cruel sorriso nos seus
lábios? Apenas o apertão dele em seu braço já era alarmante. Mas, enquanto eles se
encaravam, era como se eles estivessem unidos de algum jeito primitivo. Quase como se
estivessem destinados a ficar desse jeito.
- Eu disse para me soltar! - ela se enfureceu.
Diego simplesmente angulou o queixo para olhá-la, como se ela fosse alguma
criatura selvagem, de um tipo que ele nunca encontrara antes.
- Você não me escutou? - Ela tentou se soltar. - Não se atreva a me olhar desse jeito...
Não se atreva a sorrir!
A resposta de Diego foi simples. Ela respirou assustada quando ele a levantou do
chão e a colocou na garupa da moto. Montando na frente dela antes que ela tivesse tempo
de protestar, ele ligou o motor.
- Quer dar uma volta? Então sugiro que se segure.
Uma grande raiva nublou sua visão enquanto ele saía com a moto. Maxie tinha
acabado de violar sua privacidade. Ela o insultara. Ela...
Não. Ele se recusava a considerar, mesmo que por um segundo, que ela havia
segurado um espelho diante de seu rosto. Ele a desejava, mas também queria que ela fosse
embora. Ele não podia se impor sobre ninguém... Sua perna, seu humor, o perigo que
espreitava dentro dele, tudo era um veneno. Ela queria saber por que ele estava na ilha?
Para a segurança de todos. Ela não o tinha visto daquele jeito. Não o tinha visto com
o diabo nas costas.
Saíram do lugar tão rápido que ela quase caiu da moto. Maxie se agarrou a Diego
enquanto ele acelerava, levando a moto a tal velocidade que, na primeira curva, a calça
jeans dele roçou na estrada. Sim, ela pilotara motos antes, era o jeito mais fácil de passar
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pelo tráfego de Londres, mas havia um mundo de diferença entre a sua; 125 cilindradas e a
Harley de Diego.
A princípio, tudo o que ela podia pensar era em não cair, mas, gradualmente,
percebeu que Diego podia dirigir uma moto em alta velocidade muito bem. Ela ainda
estava grudada nele como um adesivo. Esquecendo-se da prudência, do bom
comportamento, aquele era um modo de se manter viva. Descansando a bochecha contra
as costas quentes e duras de Diego, ela sentiu os músculos dele se flexionando. E pelo
menos ela não precisava olhar aqueles olhos zombeteiros, Maxie se confortou... Apesar de
realmente precisar tomar cuidado com onde colocava as mãos, que estavam desesperadas
para explorar o corpo de Diego. Claro que ela não permitiria isso... Assim como não
reconheceria os efeitos da vibração sobre seu corpo, que estivera tempo demais sem sexo.
Quando ele finalmente parou, ela desceu trêmula, da moto.
- Então? - ele perguntou.
- Incrível! - exclamou, antes de perceber que Diego esperava que ela tivesse se
chocado com a experiência. Mas tinha sido maravilhoso, e se ele não gostasse... - Não
acredito que esperei tanto para fazer isso. Você é um excelente piloto.
Ele a encarou longa e duramente.
- Você deve ser viciada em velocidade.
- Talvez eu seja - ela concordou.
Mexendo no cabelo, ele se virou. Não podia fingir que ela não o surpreendera. Maxie
Parrish era corajosa. Ele ainda estava com pressa para se livrar dela agora? Talvez ter
companhia não fosse tão ruim. Pelo menos Maxie tinha algo de diferente. Atrás daquele
exterior calmo, existia uma garota aventureira, com temperamento feroz. O que o fez se
perguntar quais outras paixões se escondia debaixo daquele exterior produzido de Maxie.
Ele teria de estar inconsciente para não querer descobrir.
Eles realmente tinham algo em comum? Maxie se perguntou, alegre pela volta na
motocicleta. O mesmo choque de eletricidade os unira brevemente?
- E agora? - ela perguntou, sentindo como se pudesse lidar com qualquer coisa.
Seus lábios se pressionaram de desapontamento quando olhou ao redor e só viu
arbustos e pedras. Nada podia competir com a moto, e aquela era a área mais maçante que
ela vira da ilha até agora.
Somente agora ele percebia que o passeio de moto os tinha levado até uma parte
muito interessante da ilha.
- As cavernas verdes - ele informou a Maxie.
- Não vejo nada - ela disse, olhando ao redor para o terreno aparentemente vazio.
- Isso porque você não está olhando para o lugar certo.
Ele observou o rosto corado de Maxie, o cabelo solto ao vento. Ela estava ótima.
- Para onde devo olhar? - ela indagou. - Não há nada além de cerrado aqui. -
Gesticulou ao redor. - Isso definitivamente não estava no meu cronograma.
- Nem a minha moto - ele lembrou. - Você sempre joga de acordo com as regras,
Maxie?
- É o jeito mais seguro. - Deu de ombros.
Ela seguiu Diego por curiosidade. Não tinha certeza se aquilo era uma piada ou não.
Não havia nada de interessante para olhar... Além de Diego. Ele ainda mancava, mas
não tanto naquele dia. Maxie adivinhou que devia ser por causa da adrenalina.
- Bem vinda às cavernas verdes - ele disse, parando no meio do caminho.
Ela seguiu o olhar dele até alguns degraus de pedra talhados no chão.
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- Já que estamos aqui - ele disse -, melhor eu mostrar as cavernas subterrâneas para
que você possa reportar a Holly.
- Obrigada - ela disse brevemente, aliviada por Diego parecer ter se acostumado com
a idéia de o casamento do irmão ser realizado na ilha.
- Quando estivermos lá embaixo, você deve ficar perto de mim.
- Certo - ela concordou.
- Colocou excursão na sua lista para os convidados?
- Sim.
- Ei! - ele exclamou, salvando-a de uma queda quando ela tropeçou nos degraus. - Eu
que devia estar desse jeito.
Não havia humor na voz de Diego, ou no rosto dele enquanto a ajudava, mas era a
primeira vez que ele mencionara a lesão.
- Obrigada - ela disse casualmente quando eles continuaram a descer.
As escadas terminaram em uma passagem subterrânea, levemente iluminada.
- Estamos embaixo do mar - Diego explicou quando ela parou para escutar.
- E as luzes?
- Painéis solares. Uma aquisição recente.
Quando ele continuou, ela imaginou se Diego se sentia mais relaxado também. Mais
importante, imaginou se ele a via como mulher, ou se era meramente alguém a quem ele
se sentia obrigado a mostrar a ilha pelo bem do irmão? Ele nunca parecera tanto com um
pirata, com o rosto duro e bem definido. Mas também parecia muito sensual com aquela
boca firme. E agora, possibilidades eróticas começavam a inundar sua mente... O que era
ruim quando ela precisava se concentrar.
- A escavação destas cavernas é de séculos atrás - Diego explicava. – E a cada
geração, aprimoramentos são feitos.
- Isso parece impressionante. - E seu olhar seguiu a mão bronzeada e forte de Diego.
- Gosto de pensar que sim - ele disse, lançando um olhar afiado para ela.
- Depois de você - ela pediu. Não havia espaço suficiente no túnel para passar sem
tocá-lo.
Eles agora entravam em uma caverna do tamanho de um hangar. Estalactites
pendiam como lanças acima de suas cabeças. Ela avistou uma descida em um dos lados da
caverna, mas quando se aproximou para ver de perto Diego a segurou. Ele era de longe o
maior perigo, ela pensou, olhando para a mão dele em seu braço.
- Quão profundo é este abismo? — ela quis saber, com a garganta seca.
- Vamos descobrir? - ele sugeriu.
Buscando no bolso de trás da calça, ele puxou uma moeda. Com a moeda brilhando e
girando diante de si, Maxie se perguntou como seria ter Diego a seu lado como alguém
especial, em quem pudesse confiar, mas então a moeda pousou na água transparente a
alguns centímetros de seus pés, e a ilusão se quebrou em inúmeras ondulações.
- A superfície é tão clara que age como um espelho - Diego explicou.
Criando uma falsa impressão, assim como seus sonhos e suas esperanças absurdas,
Maxie pensou ironicamente. Mas era um ótimo lugar para levar os convidados do
casamento, e foi isso que ela disse a Diego.
- Apesar de que não contatei a ninguém a respeito da moeda - ela explicou. - Acho
melhor manter isso entre nós, para causar um maior impacto sobre os convidados quando
eles descobrirem os segredos da caverna.
- Você gosta de manter segredos, Maxie?
- Algumas vezes - ela admitiu.
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A caverna subitamente lhe pareceu opressiva.
- Tem mais uma coisa que acho que você devia ver.
O olhar dela se demorou nas costas dele enquanto Diego guiava o caminho. Ele era
um homem tão poderoso, com apenas a lesão para lembrá-la de que ele não estava
completamente perfeito. Se a perna pertencesse a qualquer outra pessoa, talvez fosse uma
boa hora de sugerir as técnicas de massagem que funcionaram tão bem com sua mãe.
A próxima caverna continha um lago subterrâneo. Uma chaminé natural permitia
que a luz entrasse, dando um brilho sobrenatural à água. Diego estava abaixado perto da
água, onde pequenos caranguejos brancos fugiam para as sombras.
- Eles são únicos e vulneráveis - ele explicou.
A dureza no rosto de Diego se suavizara. Aquele era um lado dele que ela não vira
antes. Isso fez com que ela tivesse ainda mais certeza de que não era a única a deixar a
natureza colorir sua vida. Observando a larga curvatura dos ombros dele e o pescoço
forte, ela queria perguntar tantas coisas, mas estava ali para trabalhar.
- Não imaginava que fosse amante da natureza.
- Ah, eu amo a natureza - Diego confirmou, ficando de pé para encará-la. - É com as
pessoas que tenho problemas.
Eles faziam concertos no teatro subterrâneo dali, Diego explicou enquanto guiava o
caminho até o incrível lugar cravado na terra.
- Nós convidamos moradores das ilhas vizinhas.
- Quantas pessoas o teatro acomoda? - Ela já tinha voltado ao modo profissional e
estava fazendo anotações.
- Mais ou menos trezentas... Até mais.
- Seria perfeito para uma festa após o casamento - ela meditou em voz alta, apesar da
decisão ser de Holly.
Estava perto demais de Diego, Maxie percebeu quando seu corpo lhe enviou um
aviso. Movendo-se, ela olhou pelo corredor inclinado que guiava para um palco de pedra.
Ela fez algumas anotações, tirou algumas fotos e depois se virou... Quase colidindo
com ele.
Enquanto ela o ultrapassava, pôde escutar a respiração firme dele sobre as batidas de
seu coração, e algo a fez perguntar impulsivamente:
- Você se importaria se eu assistisse quando você for treinar seus cavalos?
- Você acharia entediante.
- Não. Mas se eu for atrapalhar...
- Não vai atrapalhar.
Se seu coração estava acelerado antes, agora estava fora de controle.
- Tem certeza?
- Tenho.
Eles subiram os degraus de volta e emergiram na luz.
- Ainda acha que pode pilotar minha moto? - Diego perguntou.
Ela olhou para o monstro preto, sentindo que havia uma grande decisão a ser
tomada.
- Sim, acho - ela disse.
CAPÍTULO CINCO
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A moto parecia ter crescido, enquanto Maxie parecia ter encolhido. Respirando
fundo, ela tentou não registrar nada quando Diego montou atrás dela... E falhou
miseravelmente. Pelo menos ele não tinha como saber como Maxie se sentia... Pelo menos
ele não podia ver a tensão em seu rosto.
- Apenas aperte o botão da ignição, Maxie.
Houve outro momento, quando ele esticou a mão ao redor dela para guiar suas
mãos, e o torso dele pressionou suas costas. A tentação de apenas fechar os olhos e se
recostar contra ele...
- Entendeu Maxie?
O tom de Diego foi suficiente para fazê-la acordar de seu sonho.
- Entendi — ela confirmou.
- Bom. Você pode ter pilotado uma moto antes, mas garanto que nunca pilotou uma
como esta.
- Como tudo na ilha, tenho certeza de que é extraordinária - ela afirmou, sorrindo ao
ligar o motor.
A Harley ronronou como um gatinho.
- Pressione, não aperte com força os controles - Diego avisou. — Você precisa fazer
amor com eles.
- Eu vou - ela disse rapidamente, sem querer pensar a respeito de fazer amor.
- Se você fizer exatamente do jeito que eu falar — Diego acrescentou, - vai descobrir
que a moto responderá como um...
Como um amante?
- Como uma moto? - ela sugeriu.
- Como a mais receptiva das motocicletas - Diego emendou friamente.
Respirando fundo, ela soltou o freio e apertou o acelerador.
- Você está a noventa! - Diego gritou sobre o vento. - Diminua ou eu vou tomar o
controle!
Ela riu enquanto a euforia tomava conta dela, e apenas diminuiu na curva seguinte.
Entrou bem na curva e não acelerou mais. Ela tivera seu momento. Não estava
tentando provocar Diego. Apenas queria ultrapassar os limites pelo menos uma vez na
vida.
- Você pilota bem - Diego elogiou, agora que podia ser ouvido.
- Obrigada por me deixar pilotar! - ela gritou de volta.
Quando Diego começou a relaxar atrás dela, Maxie logo sentiu a falta dele.
- Você pilota todos os dias? - ele disse.
- Todos os dias para o trabalho... E algumas vezes quando estou em casa.
- Casa? Você vive sozinha?
- Agora, sim - ela disse.
- Sem namorado.
- É... - ela afirmou, como se não tivesse tempo para um, o que era verdade.
- Você não mora com seus pais, então?
- Não. Minha mãe faleceu.
- Sinto muito por sua perda. - Diego se inclinou à frente para falar em seu ouvido. -
Meus pais também... Os dois.
- Lamento.
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- Já faz algum tempo agora.
- Mas nunca fica mais fácil, não é? Penso na minha mãe todos os dias. Ainda sinto
saudade. Sempre sentirei. Imagino que só aprendemos algumas estratégias de como lidar
com isso.
- Acho que sim - Diego concordou. - E seu pai, Maxie?
Todas as partes dela entraram em alerta vermelho.
- Ele está aposentado. Vive sossegado agora. - Ela esperou tensa, e depois ficou
aliviada quando Diego deixou o assunto de lado.
- Entre na próxima à esquerda - ele instruiu.
Eles estavam quase de volta ao palácio, e entraram em um pasto cercado onde havia
um interminável campo, com incontáveis cavalos.
Ela parou a moto e Diego desceu. Com o imenso poder do corpo, ele mal usou a
perna ao se mover em direção ao portão. Um dos potros instantaneamente reconheceu seu
dono e foi até ele trotando.
- Você vai montá-lo?— Maxie perguntou quase ao mesmo tempo em que Diego
deslizou para as costas do cavalo.
A lesão dele não contava em nada agora. Cutucando o animal para dar um galope
relaxado, ele logo ficou em paz... Mas ela imaginou que quando se tratava de um jogo
profissional de pólo, a rigidez na perna de Diego atrapalharia. Pulando a cerca para
observar, ela descansou o queixo no braço.
- Venho aqui todos os dias para treinar - ele explicou.
Ela podia entender o por que. A batida firme dos cascos era muito tranqüilizante.
Pelo menos era até outro cavalo que queria se juntar à diversão correr até eles e fazer
o cavalo de Diego se assustar e empinar. Diego apenas se segurou, e o esforço torceu sua
perna. Desmontando, ele se curvou de dor. Maxie se sentiu mal.
A única coisa que ela sabia que não devia fazer era se afastar e deixá-lo pensando que
a desapontara.
- Posso ajudar? - ela gritou quando ele não se moveu.
Diego não olhou para ela quando acenou, mas ela viu a careta de sofrimento no rosto
dele. Ela não podia imaginar como era estar no topo e depois precisar encarar o fracasso,
dia após dia.
A primeira coisa que ele fez após a dor ter passado foi checar o cavalo e, depois, com
uma palavra gentil, dispensou-o. Quando Diego mancou em direção a Maxie, ela não disse
nada. Não havia necessidade de palavras. Os olhares deles se encontraram brevemente, e
apenas isso.
O sol quente descia lentamente atrás das montanhas enquanto Diego pilotava a moto
de volta para casa. Eles estiveram fora por horas e ela mal percebera o tempo passar.
Diego levou a moto a uma velocidade moderada, como se não quisesse convidar
mais nenhum outro desastre. Quando eles alcançaram a casa e ela desceu, ele saiu
pilotando sem dizer nada.
Aquele sentimento, como um pedaço de chumbo no estômago, era devido ao seu
envolvimento, Maxie concluiu ao caminhar pela entrada. Ela realmente pensou que podia
aliviar a dor de Diego? E se ela tentasse e não funcionasse?
E se, e se, e se...?
Ela não era uma sonhadora... Era? Como podia fazer as coisas melhorarem para
Diego?
De volta á seu quarto, Diego passou as mãos no cabelo, impaciente, como se isso
pudesse apagar o que acontecera. O que dera nele para fazê-lo montar um cavalo na frente
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de Maxie? Por que ele a deixara assistir? Por que a questionara a respeito do pai, e depois
simplesmente desistira? Ele estava com medo de ouvir a verdade? Ele temia ouvir a
verdade a respeito de sua perna, seu futuro, seu lugar na liga de pólo? Estava com medo
de ouvir a verdade a respeito de Maxie?
As chances de um Parrish estar conectado a outro, em um mundo cheio de
indivíduos com o sobrenome Parrish, era praticamente inexistente. E se ele perguntasse, e
houvesse uma conexão, duvidava que ela respondesse honestamente. Maxie apenas
endureceria as defesas, faria com que o ardiloso Peter Parrish ficasse ainda mais difícil de
ser encontrado. Pouparia muito do sofrimento se ele simplesmente contratasse um
investigador e esperasse até conseguir algumas respostas.
Diego olhou para fora da janela, para a casa da piscina. Ainda existia muita chance
de se recuperar completamente. Ele tinha de acreditar nisso. Uma coisa era certa... O
inimigo de seu progresso era a inércia. Tomaria um banho e nadaria. Se pudesse fazer
mais alguma coisa para ajudar na sua recuperação, ele faria.
De volta ao seu quarto, Maxie buscou seu celular para ligar para Holly para dar as
boas novas a respeito das cavernas.
- Sim, estou bem - ela confirmou quando Holly falou a respeito de suas preocupações
com Maxie. - Isso não é á meu respeito - Maxie lembrou Holly com bom humor, quando
enfim conseguiu falar. - É o seu casamento... Apesar de que, na próxima vez, você deve me
avisar a respeito do que esperar!
- Não haverá uma próxima vez. - Holly deu risada. - E duvido que alguém, pudesse
alertá-la a respeito dos irmãos Acosta. Eles são únicos!
- Certamente são - Maxie concordou, também rindo.
Ela continuou a explicar o que vira e como pensava que eles podiam usar as cavernas
como parte do entretenimento aos convidados. Elas conversam um pouco mais, e Holly
agradeceu pelas fotografias.
Maxie tinha ido até a janela, apenas para ver Diego cruzando o jardim. Caminhando
para ir ver os cavalos, ela presumiu. Ela se afastou exatamente na hora em que ele olhou
para cima, fazendo seu coração acelerar e seu corpo ansiar.
Aquilo era loucura, Maxie disse a si mesma firmemente.
- Ainda está aí, Maxie? - Holly perguntou.
- Estou. Fiquei apenas distraída por um momento.
- Por causa de Diego?
- Como sabe? - ela indagou, sorrindo.
- Maxie, por favor. Relacionamentos é o meu negócio, lembra? Coluna de conselhos?
Todo o meu trabalho gira em torno de farejar faíscas.
- Não há nenhuma faísca.
- Certo - Holly concordou sem convicção. - Então, o que você realmente pensa dele?
- Não sei do que está falando. Estou aqui para organizar o seu casamento. Nem notei
Diego, para ser honesta...
- Ah, ele teve uma impressão a seu respeito - Holly a interrompeu, divertida. -
Lembre-se, eu já o vi... Então, nada que você possa-me dizer vai me fazer acreditar que não
notou Diego.
- Podemos nos concentrar nos negócios e nos planos do seu casamento, por favor?
- Por ora - Holly concordou. - Bem, o que achou da ilha até agora?
- Fabulosa. Perfeita para o casamento - Maxie afirmou honestamente. - Assim, se
você tiver certeza de que está feliz em deixar tudo comigo...
- Foi para isso que a contratei.
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31. Paixão nº 293 Ilha de Encantos Susan Stephens
- Enviarei mais algumas anotações mais tarde.
- Coloque algumas partes interessantes dessa vez - Holly insistiu com uma risada.
- Sem chances! - Maxie exclamou, pressionando as costas contra a parede gelada na
esperança de resfriar seu corpo quente. - Desculpe desapontá-la, mas isso é estritamente
profissional, Holly.
- Agora você me deixou chateada - Holly protestou. - Estava planejando que nós
fôssemos cunhadas um dia, para eu ter sempre uma pessoa por perto para organizar a
minha vida.
- Bom como isso nunca vai acontecer...
- Tudo bem... Então se concentre no meu casamento. Pense nele como um ensaio para
o seu.
- Holly... - Maxie avisou em um tom sério forçado. - Pare com isso.
Rindo, Holly desligou.
Será que Holly conhecia Diego? Ela realmente achava que ele podia olhar para
alguém como Maxie? Diego estava certo a respeito de Holly... Ela realmente olhava para o
mundo através de lentes cor-de-rosa.
Apenas precisava controlar-se, Maxie disse a si mesma, desejando que não estivesse
se sentindo tão confusa. Após toda a excitação na motocicleta, o que ela precisara era se
acalmar, concluiu, procurando por seus trajes de banho. Ela não tinha mais o que fazer a
respeito do casamento de Holly, então era melhor relaxar... Como se isso fosse possível,
estando sob o mesmo teto que Diego.
Segurando suas coisas, ela estava prestes a sair do quarto quando decidiu fazer uma
rápida ligação.
- Pai?
- Maxie, é você?
O fato de seu pai parecer estar consciente agora, apesar da confusão de mais cedo,
era incrível.
- Como se sente? - ela perguntou feliz com o som da voz dele.
- Maravilhoso - ele respondeu.
- Essa é a melhor notícia que ouvi hoje. E não se preocupe. Voltarei assim que puder
para levá-lo para passear...
- Passear? Onde? Quem é? - seu pai disse em uma voz que a fez se arrepiar. - Por que
você quer me levar para sair? - exigiu saber. - O que eu fiz? Você não pode me culpar!
Então ele começou a gritar e a praguejar exatamente como fazia no passado; quase
pior, Maxie percebeu, porque agora ele não sabia o que estava dizendo. Ela sabia que
devia se sentir, aliviada quando uma enfermeira pegou o telefone, mas, em vez disso,
sentiu-se abatida.
- Está tudo em ordem - a enfermeira assegurou. - Você está bem?
- Estou - Maxie confirmou. Bem. Bem. Bem. Ela estava bem.
A emoção encheu o quarto, não deixando nenhum ar para ela respirar. Terminando a
ligação, ela se deu alguns momentos, como sempre fazia, apenas para recuperar suas
forças. Respirando fundo, checou se estava com tudo que precisaria para levar à piscina. A
idéia de um tempo sozinha e um pouco de exercício nunca parecera tão atraente.
Nadar era uma das coisas que Diego ainda podia fazer realmente bem. Após anos de
treinamento, ele ainda tinha muito poder muscular na parte de cima do corpo, e se uma
das pernas trabalhava menos, a outra fazia mais do trabalho, permitindo-lhe alcançar uma
grande velocidade. E nadar era um dos melhores exercícios para sua lesão, os
fisioterapeutas tinham dito. O gelado da água após o calor do passeio de moto era
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certamente bem-vindo. Sua braçada regular lhe permitia focar a mente e planejar seu
próximo movimento. Com Maxie por perto, o nome Parrish estava constantemente à sua
frente, então fazia sentido ele desejar desvendar o mistério de Peter Parrish de uma vez
por todas.
Tudo o que ele queria era a chance de confrontar o homem com o que ele fizera...
Com o que os dois tinham feito. Ele esperava, então, conseguir olhar adiante... Talvez um
dia até se perdoar. Após fazer uma volta impressionante usando apenas uma perna, ele
cruzou a piscina exatamente na hora em que viu Maxie atravessar a porta. Ele bufou uma
risada de humor, adivinhando que ela daria uma olhada em suas cicatrizes e
provavelmente desmaiaria. Até seus irmãos hesitaram quando viram pela primeira vez.
Como o analgésico que ele se recusava a tomar, nada podia mudar o passado, mas
ela ver suas cicatrizes e seus tropeços parecia algum tipo de penitência. Sua culpa para o
que fizera há tantos anos requeria constante abastecimento.
- Olá, Diego - Maxie pareceu surpresa ao vê-lo. - Você se importaria se eu nadasse?
- Quer esperar até eu sair?
- Posso esperar se é isso o que você prefere.
- Sem problemas para mim... Fique à vontade. - Ele saiu da piscina com a força dos
braços e depois, previsivelmente, após fáceis movimentos na água, tropeçou. Levou
alguns momentos para recuperar o equilíbrio e se endireitar.
- Sua perna está lhe causando problemas de novo? - ela perguntou, olhando
intensamente. - A adrenalina da corrida de motocicleta já deve ter desaparecido. - Riu. -
Ou talvez você tenha exagerado na piscina.
Passando por ela, ele esticou a mão para pegar a toalha. Ele a viu recuar quando
balançou, e no próximo momento, ela já estava com a toalha na mão.
- Posso pegar a toalha sem sua ajuda, obrigado.
- Ah, pelo amor de Deus, Diego! - Maxie jogou a toalha para ele.
Apanhá-la tirou seu equilíbrio novamente, e Diego precisou saltitar algumas vezes
antes de recuperá-lo.
- Então? - ele exigiu quando ela continuou a encará-lo.
Ela podia ver que Diego estava tentando manter a pressão longe da perna lesionada,
mas o que mais o perturbava? As cicatrizes, Maxie adivinhou. Eram grandes. E ela podia
imaginar que ele não queria que ninguém as visse. Bom, tarde demais. Ela já vira vários
problemas de cicatrizes que eram suavizadas com os emolientes corretos, o que sugeria
que Diego tinha realizado os exercícios adequados para recuperar a força do músculo, mas
que negligenciara o tratamento para cuidar da pele.
E ela não estava ali para oferecer um diagnóstico, Maxie se lembrou, e sim para
nadar.
Felizmente, seus trajes de banho eram extremamente respeitáveis. Ela queria nadar
para se exercitar, e não para exibir o corpo.
- Essa é uma piscina fabulosa - ela disse, dando-se uma desculpa para desviar o
olhar. - Os convidados teriam permissão para usá-la?
- Claro.
Detectando tensão na voz dele, ela resolver esclarecer:
- Fiz algo para aborrecê-lo? Peço desculpas se fiz. Ou são suas cicatrizes? - ela
preferiu ser direta. - Acha que eu não suportaria olhá-las? Acha que fico com nojo? Você
me acha tão superficial assim?
- Não penso sobre isso.
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- Sério? - ela disse em um tom desafiador. - Então, por favor, pare de me olhar desse
jeito. Se você não quer que eu use a piscina, vou embora.
Um sorriso cínico tocou os lábios de Diego.
- Papo corajoso, Maxie.
- Corajoso? Você saberia tudo a esse respeito, não é, Diego?
- O quer dizer com isso? - Ele não estava sorrindo agora.
- Você é corajoso. - Ela o encarou. - Todos sabem o quanto. Você não prova isso todos
os dias com os exercícios para fortalecer a perna? Quando todos sabem o quão monótono
isso deve ser para você, especialmente com tão pouco para mostrar, e apenas com a
esperança de um dia recuperar seu completo movimento. Não foi uma decisão corajosa
deixar seu cavalo viver quando todos falaram que o machucado dele era irreparável?
Holly me disse muito a seu respeito. Então, se você é tão corajoso, não vai se importar se
eu tocar suas cicatrizes. Não vai se importar se eu as massagear... Suavizá-las, ajudar
você...
Quando ele jogou a cabeça para trás e riu, ela acrescentou:
- Ou você é orgulhoso demais para aceitar a ajuda de alguém, Diego?
- Você é corajosa.
- Sim, sou - concordou no mesmo tom de voz calmo -, então você pode parar com
essa atuação de ameaça. Estou aqui. Estou sozinha. E não tenho medo de você. Do que
você tem medo, Diego? Do fracasso? Teme nunca mais jogar novamente? Se esse é o caso,
você vai me deixar tentar ajudá-lo. Se esse não é o caso, você é apenas o homem mais
desagradável que já conheci!
Diego a estava encarando como se não acreditasse no que ouvira. Mas alguém tinha
de dizer-lhe aquelas coisas. Maxie sabia o quanto devia ter sido horrível para ele ter
demonstrado dor, mas ela estava ali e não tinha como evitar isso. Melhor dizer a ele o que
pensava do que se esconder atrás de uma educação constrangedora pelo resto de sua
estada.
- Acredito que posso ajudá-lo - ela afirmou com convicção. - Aprendi algumas
técnicas de massagem com um fisioterapeuta no hospital, e elas ajudaram minha mãe.
- E você realmente acha que vou deixar que você as use em mim?
- Por que não? O que tem a perder, Diego?
- Então, onde meu fisioterapeuta falhou você acha que pode me ajudar?
- Posso tentar - ela disse calmamente.
Sim, ela estava sendo insistente, e sim, ela estava se arriscando ao oferecer, mas
sempre gostara de ajudar.
- Por favor, deixe-me tentar, Diego. Não posso causar nenhum mal, posso?
A expressão dele sugeria que era melhor, ela não fazer nada de errado.
CAPÍTULO SEIS
Maxie já estava se arrependendo de sua imprudente oferta... Talvez porque seu
impulso natural em ajudar nunca tivesse sido desafiado por tal homem. Diego estava
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