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1680.
A população da ilha de Targadin cercava o pequeno banco da ilha.
Passava-se das quatro e trinta quando o gerente do banco avisou ao capitão sobre
o saqueamento de toneladas de ouro e diamantes.
Os guardas com armas penduradas nos ombros ainda tentavam conter a
população alvoroçada por seus bens perdidos. Era de se esperar que uma pequena
multidão se formasse. Após alguns minutos o capitão chegou. Logo se pôs de pé
anunciando para todos que cercavam o centro da cidade. ―Se acalmem todos
vocês. Foram suas primeiras palavras. ―Todos nós sabemos o que aconteceu
hoje aqui. Deu uma pequena pausa para tossir e ajustar sua peruca branca. E
então continuou a falar passando a mão no uniforme com várias medalhas
penduradas. ―Nós já temos noticia de quem fez tal atrocidade com a nossa
população. Hoje, antes mesmo do pôr-do-sol eu e mais seis soldados iremos à
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que quem fez isso irá para a Bahia das almas. A população agora estava
boquiaberta com á ultima palavra que o capitão havia pronunciado.
Por anos a Bahia das almas era comentada por todos. Passado de geração
em geração. O lugar era conhecido apenas por histórias onde grandes piratas
guardavam seus ouros roubados para que ninguém jamais os encontrasse. Muitas
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encontrou. O som ecoou novamente por toda a praça. Ninguém gritou, ou ate
mesmo ousou a perguntar o que fosse. ―Em breve voltarei com os malfeitores
que ousaram atormentar a nossa cidade. Trarei todos os que fizeram isso, vivos.
Então queima remo-os todos vivos na fogueira da purificação. A população se
uniu gritando e concordando os as ultimas palavras de seu capitão. Alguns
homens pescadores e ate mesmo algumas mulheres mais corajosas se ofereceram
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a subir abordo do navio do capitão.
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um objeto de sorte. Os dois traçavam rotas, as melhores rotas de como chegar na
Bahia das almas. Um pequeno tremor podia ter sido sentido na pequena sala. O
copo que estava em cima da mesa moveu-se conforme a explosão. Balançou por
alguns minutos ate cair no chão de madeira. O capitão junto ao seu guarda fitou o
olhar em direção aos pedações que ainda restavam e tremiam no chão. A porta
do convés foi aberta por um dos guardas gritando. ―ESTAMOS SENDO
ATACADOS. Foram suas ultimas palavras ate uma explosão os atingirem em
cheio. Pedaços de madeiras voaram. Uma tocha de fogo subiu em volta das
madeiras e ao mesmo tempo a fumaça negra subiu em direção das estrelas.
Flashes de luz subiram ao céu. O navio não vai aguentar. Pensou o capitão sendo
jogado sobre a parede enquanto pedaços de vidros que talvez fossem do copo
rasgaram sua pele lisa, ate um pouco atrás, intacta.
O navio cargueiro desapareceu no mar. Já o que o capitão estava acabava
de afundar. Bolhas subiam freneticamente. Alguns pedaços de madeira boiavam
em chamas e quando menos se esperava alguém emergiu das profundezas. Era o
capitão e dessa vez estava sem peruca mostrando então seus longos cabelos lisos.
Com o rosto cortado jorrando agua da boca ele se prende a um pedaço de
madeira que o esperava.
2
Seus olhos se abriram de forma lenta e quase voltaram a se fechar ao
sentir os raios de sol os tocar. O vento da costa sul bateu em seu obro nu o que
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então abrir os olhos de vez. Estava na sua frente uma mulher morena. Bronzeada
do sol talvez. Seus longos cabelos castanhos claro balançavam junto com a
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seu quadril ela era cercada por mais dois homens eles que nada pareciam com
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Capitão busca piratas em Bahia das Almas

  • 1. 1680. A população da ilha de Targadin cercava o pequeno banco da ilha. Passava-se das quatro e trinta quando o gerente do banco avisou ao capitão sobre o saqueamento de toneladas de ouro e diamantes. Os guardas com armas penduradas nos ombros ainda tentavam conter a população alvoroçada por seus bens perdidos. Era de se esperar que uma pequena multidão se formasse. Após alguns minutos o capitão chegou. Logo se pôs de pé anunciando para todos que cercavam o centro da cidade. ―Se acalmem todos vocês. Foram suas primeiras palavras. ―Todos nós sabemos o que aconteceu hoje aqui. Deu uma pequena pausa para tossir e ajustar sua peruca branca. E então continuou a falar passando a mão no uniforme com várias medalhas penduradas. ―Nós já temos noticia de quem fez tal atrocidade com a nossa população. Hoje, antes mesmo do pôr-do-sol eu e mais seis soldados iremos à procura do cargueiro que roubou todas as nossas economias. Sabemos também que quem fez isso irá para a Bahia das almas. A população agora estava boquiaberta com á ultima palavra que o capitão havia pronunciado. Por anos a Bahia das almas era comentada por todos. Passado de geração em geração. O lugar era conhecido apenas por histórias onde grandes piratas guardavam seus ouros roubados para que ninguém jamais os encontrasse. Muitas pessoas morreram em alto mar a procura desse lugar. Ninguém jamais realmente encontrou. O som ecoou novamente por toda a praça. Ninguém gritou, ou ate mesmo ousou a perguntar o que fosse. ―Em breve voltarei com os malfeitores que ousaram atormentar a nossa cidade. Trarei todos os que fizeram isso, vivos. Então queima remo-os todos vivos na fogueira da purificação. A população se uniu gritando e concordando os as ultimas palavras de seu capitão. Alguns homens pescadores e ate mesmo algumas mulheres mais corajosas se ofereceram para ajudar o capitão na sua jornada surreal. Mas nenhum deles foram permitidos a subir abordo do navio do capitão. Seguiu então ele e mais seis guardas que foram escolhidos a dedo. Em alto mar. O pôr-do-sol era sua direção. O único mapa que os levava ao local desejado estava aberto no convés. Ao redor de um homem da sua confiança ele segurava uma moeda entre os dedos que dês da sua juventude ele á tinha como um objeto de sorte. Os dois traçavam rotas, as melhores rotas de como chegar na Bahia das almas. Um pequeno tremor podia ter sido sentido na pequena sala. O copo que estava em cima da mesa moveu-se conforme a explosão. Balançou por alguns minutos ate cair no chão de madeira. O capitão junto ao seu guarda fitou o olhar em direção aos pedações que ainda restavam e tremiam no chão. A porta do convés foi aberta por um dos guardas gritando. ―ESTAMOS SENDO
  • 2. ATACADOS. Foram suas ultimas palavras ate uma explosão os atingirem em cheio. Pedaços de madeiras voaram. Uma tocha de fogo subiu em volta das madeiras e ao mesmo tempo a fumaça negra subiu em direção das estrelas. Flashes de luz subiram ao céu. O navio não vai aguentar. Pensou o capitão sendo jogado sobre a parede enquanto pedaços de vidros que talvez fossem do copo rasgaram sua pele lisa, ate um pouco atrás, intacta. O navio cargueiro desapareceu no mar. Já o que o capitão estava acabava de afundar. Bolhas subiam freneticamente. Alguns pedaços de madeira boiavam em chamas e quando menos se esperava alguém emergiu das profundezas. Era o capitão e dessa vez estava sem peruca mostrando então seus longos cabelos lisos. Com o rosto cortado jorrando agua da boca ele se prende a um pedaço de madeira que o esperava. 2 Seus olhos se abriram de forma lenta e quase voltaram a se fechar ao sentir os raios de sol os tocar. O vento da costa sul bateu em seu obro nu o que gerou calafrios sobre sua espinha. O cheiro de peixe era insuportável. Decidiu ele então abrir os olhos de vez. Estava na sua frente uma mulher morena. Bronzeada do sol talvez. Seus longos cabelos castanhos claro balançavam junto com a bandeira do navio. Com uma pose firme e uma espada enfiada sobre um sinto no seu quadril ela era cercada por mais dois homens eles que nada pareciam com ela. Eram grotescos e sem beleza. Vestidos de forma vulgar e sujos da cabeça aos pés. ―O prendam ao mastro. Agora! Exigiu ela com um tom soberano.