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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA – UNIARA
             DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
              CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO




                             SARAH MASCARENHAS




               PRÁTICAS DO JORNALISMO COLABORATIVO:
Análise comparativa no processo de produção da notícia no Jornal do Brasil e no site
                                   Overmundo




                                 ARARAQUARA
                                       2011
SARAH MASCARENHAS




               PRÁTICAS DO JORNALISMO COLABORATIVO:
Análise comparativa no processo de produção da notícia no Jornal do Brasil e no site
                                   Overmundo




                                    Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
                                    Centro Universitário de Araraquara como requisito
                                    para obtenção do título de bacharel em Comunicação
                                    Social - Habilitação em Jornalismo sob orientação
                                    do Prof. Dr. Francisco Belda.




                                 ARARAQUARA
                                       2011
Sarah Mascarenhas

PRÁTICAS DO JORNALISMO COLABORATIVO:

ANÁLISE COMPARATIVA DO PROCESSO DE INTERAÇÃO NA PRODUÇÃO
DE NOTÍCIAS NO “JORNAL DO BRASIL” E NO SITE “OVERMUNDO”- como
ocorre o processo de produção da notícia no jornalismo colaborativo considerando o
conceito de web 2.0. /Sarah Mascarenhas, Araraquara, 2011, 117 p.

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Centro Universitário
de Araraquara/UNIARA. Área de Concentração: Comunicação Social – Habilitação
em Jornalismo

Orientador: Francisco Belda

   1. Jornalismo. 2. Colaboratividade. 3. Produção de notícia. 4. Ciberespaço.
TERMO DE APROVAÇÃO




                                          SARAH MASCARENHAS



                       PRÁTICAS DO JORNALISMO COLABORATIVO:
  ANÁLISE COMPARATIVA DO PROCESSO DE INTERAÇÂO NA PRODUÇÃO
       DE NOTÍCIAS NO “JORNAL DO BRASIL” E NO SITE “OVERMUNDO”



MONOGRAFIA PARA CONCLUSÃO DO CURSO DE JORNALISMO DA
UNIARA




Comissão Julgadora




Presidente e Orientador ......................................................

2º Examinador ....................................................................

3º Examinador ....................................................................




                                                                           Araraquara, ___ de ____ de 2011.
DEDICATÓRIA




Dedico este trabalho com imenso sentimento de gratidão primeiramente à minha avó Yvonne
Primerano Mascarenhas, que me proporcionou a oportunidade de realizar o sonho de estudar
                                        Jornalismo;
               À memória de meus pais Sylvio e Helena, que me deram a vida;
         À meus irmãos Caleb, Maria e Priscila, companheiros para todas as horas;
     E, finalmente dedico este trabalho à minha filha Letícia, que sempre me dá amor.
AGRADECIMENTOS




 Agradeço profundamente toda minha família, em especial à minha filha, seu pai Sidney, tia
Yvone, tia Mônica, tia Rosa, vó Marucha, Benê, Rute, Cris, Célia, Bete, Cida, Rosana, Laise,
  Karina, Sr. Sidney (vô) e todas as pessoas que ao longo destes quatro anos cuidaram da
               pequena Letícia para que eu concluísse este curso. Obrigada.
“Tudo indica que o êxito do processo de produção colaborativa de informações depende da
capacidade do projeto conquistar a adesão dos participantes mais do que de financiamentos
              e receitas, segundo Jeff Jarvis, o organizador do workshop em Nova Iorque.”
                                                                  (Carlos Castilho, 2011)
MASCARENHAS, S. Práticas do Jornalismo Colaborativo: Análise comparativa no processo
de produção da notícia no Jornal do Brasil e no site Overmundo. Trabalho de conclusão do
curso em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo do Centro Universitário de
Araraquara – UNIARA, 2011.


RESUMO: Esta monografia tem como meta estudar como acontece a participação de
internautas no processo de produção de notícias no jornalismo online, considerando o novo
modelo da web 2.0, que valoriza a interação com o usuário, privilegiando a colaboratividade
entre os emissores de notícia e seus receptores. Os veículos analisados foram o Jornal do
Brasil e o site Overmundo. Como funcionam estas colaborações, e a partir de quais critérios
ocorrem publicações de usuário/leitor? Qual é o papel do jornalista no contexto onde a
informação é levada de todos para todos e por todos? Quais relações se estabelecem entre
leitor e jornalistas? Essas são algumas das questões que o trabalho procurar esclarecer.



Palavras-chave: Jornalismo colaborativo; Jornal do Brasil; Overmundo.
MASCARENHAS, S. Collaborative Practice of Journalism: Comparative analysis in the
process of news production in the Jornal do Brazil and Overmundo site. Final Examination in
course of Social Communication - Journalism at the University Center of Araraquara -
UNIARA, 2011.




ABSTRACT: This monograph aims to study how the participation of Internet users happens
in the process of news production in on line journalism, considering the new model of Web
2.0, which values the interaction with the user, focusing on collaboratively between news
outlets and their receptors. Vehicles are analyzed Jornal do Brasil and Overmundo site. How
do these collaborations, the criteria which occur from the publications of user/reader? What is
the role of journalists in the context where information is taken from everyone for all and for
all? What relationships are established between reader and journalists? These are some of the
questions seek to clarify the work?



Keywords: Citizen journalism; Jornal do Brasil; Overmundo.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES


Ilustração 4.2.1. – Gráficos de Frequência de publicação colaborativa nos sites Jornal do
Brasil (Leitor Repórter) e Overmundo (seção Overblog – edição colaborativa). .................... 35
Ilustração 4.2.2. – Gráfico de acesso (pageviews e visitas) nos sites Jornal do Brasil e
Overmundo ............................................................................................................................... 35
Ilustração 4.2.3. – Gráficos de Respostas de enquetes realizadas em redes sociais com
colaboradores (baseado na enquete feita com internautas). ..................................................... 36
   Ilustração 4.2.3.1. – Gráficos de perguntas sobre arquivos. ................................................. 36
   Ilustração 4.2.3.2. – Gráficos de perguntas sobre frequência. .............................................. 36
   Ilustração 4.2.3.3. – Gráficos de perguntas sobre tipo de notícia. ........................................ 37
Ilustração 4.2.4. – Marcação de veículos pelos colaboradores ................................................. 37
Ilustração 4.2.5. – Perfil do usuário Overmundo nos textos selecionados ............................... 38
Ilustração 4.2.6. – Frequência de submissão ............................................................................ 38
SUMÁRIO



RESUMO: .................................................................................................................................. 8
ABSTRACT: .............................................................................................................................. 9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................... 10
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11
  1.1.Apresentação da Pesquisa............................................................................................... 11
  1.2.Problematização da pesquisa .......................................................................................... 13
  1.3.Justificativa do estudo .................................................................................................... 15
  1.4.Objetivos......................................................................................................................... 16
  1.5.Método de pesquisa ........................................................................................................ 17
    1.5.1. Corpus de pesquisa ................................................................................................ 20
       a) Overmundo ............................................................................................................. 20
       b) Jornal do Brasil ...................................................................................................... 22
    1.5.2. Seleção de período e textos de amostragem ........................................................... 23
    1.5.3. Forma de organização dos resultados..................................................................... 23
2. A COMPOSIÇÃO DA NOTÍCIA NO JORNALISMO COLABORATIVO DIGITAL . 26
  2.1.Conceitos e teorias de referência .................................................................................... 26
  2.2.Novas formas de interação e colaboração ...................................................................... 27
3. RELATO DA PESQUISA ............................................................................................... 31
  3.1.Detalhamento dos processos de coleta de dados ............................................................ 31
4. DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................... 34
  4.1.Mapeamento dos instrumentos de colaboração .............................................................. 34
  4.2.Gráficos estatísticos de prevalência das situações estudadas ......................................... 34
  4.3.Tabela comparativa conforme parâmetros de aferição ................................................... 38
  4.4.Análise crítica e comentários sobre exemplos significativos do corpus ........................ 40
    4.4.1. Seleção de período e textos de amostragem ........................................................... 40
    4.4.2. Overmundo – Seção Overblog ............................................................................... 44
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................ 62
6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 63
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 64
8. ANEXOS .......................................................................................................................... 67
  8.1. Relatórios de e-mails de contato .................................................................................... 67
  8.2.Transcrição das entrevistas realizadas ............................................................................ 72
  8.2.Fac simile de corpus de pesquisas .................................................................................. 95
  8.3 Apêndices ..................................................................................................................... 107
11



  1.   INTRODUÇÃO




   1.1. Apresentação da Pesquisa


       Este trabalho propõe um estudo sobre novas tendências do jornalismo na internet a
partir da análise comparativa do processo de produção de notícias em dois veículos: o Jornal
do Brasil e a plataforma Overmundo. Com isso, busca-se contribuir para a compreensão do
que hoje é conhecido por jornalismo colaborativo, identificando suas características
principais, o modo como o jornalista profissional interfere na elaboração da notícia e também
de que maneira o usuário pode contribuir nesse processo.

       A colaboração de leitores na produção de conteúdo noticioso tem se tornado uma
prática cada vez mais comum, principalmente quando se trata do envio de imagens, seja em
vídeo ou foto, para as redações, colaborando com a construção da reportagem que será
publicada. De alguns anos para cá, foi possível identificar em inúmeros portais de conteúdo a
preocupação em estabelecer uma conexão maior com o internauta, abrindo espaços para que
ele colabore com o conteúdo publicado. A maior parte destes espaços do leitor tem nomes
bem óbvios como Espaço do Leitor, Leitor Repórter e Eu repórter. Porém, o que acontece é
uma tentativa de manter o internauta navegando no portal.

       Para se entender a emergência do jornalismo colaborativo, é necessária uma
contextualização sobre como o surgimento e o desenvolvimento da internet influenciou a
forma de se produzir notícias, facilitando a busca por conteúdos, aproximando contatos e
fontes de informação até então distantes, agilizando a dinâmica do processo jornalístico
através de uma comunicação instantânea e global, diversificando os meios de interatividade
com o leitor, permitindo atualizações constantes de conteúdo, entre várias outras formas de
inovação.

       No Brasil, as primeiras experiências com a Internet foram feitas em 1991, sob
administração da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Como
nos EUA, a rede havia sido inserida a priori nas universidades, pareceu natural aos gestores da
época que sua expansão devesse acontecer através das redes de pesquisa já existentes. É
importante ressaltar que, desde seu surgimento, a internet já demonstrava potencial como um
12



espaço democrático de comunicação, sem que houvesse um proprietário. Ou seja, um meio de
comunicação que existisse para todos, que fosse ocupado por todos e cuja manutenção
também dependesse de todos, e não de uma empresa ou um governo.

        Em 1994 as atividades comerciais já começam a surgir na web e, a partir de 1995, suas
atividades passaram a ser gerenciadas pelo Comitê Gestor da Internet (CGI), criado pelos
Ministérios das Comunicações (MiniCom) e da Ciência e Tecnologia (MCT) para ser o
responsável por gerenciar a utilização dos domínios - endereços eletrônicos para alocação de
conteúdo na rede.

        Na medida em que a rede passou a ser mais acessível à população brasileira, ela
passou a ser também um elemento provocador de transformações sociais. A possibilidade de
constituir-se, em tese, como uma fonte infinita de informação faz da internet um meio de
comunicação diferenciado.

        Há pelo menos dez anos, alguns autores já alertavam para a necessidade de se cuidar
de efeitos indesejados de um possível crescimento descontrolado da rede. Segundo Faggion
(2001, p. 1), a internet “é uma fonte quase inesgotável de conhecimento e pesquisa, [que]
experimenta a expansão em alta velocidade, de maneira desordenada”.

        Ferrari (2003), Lemos (2003), Brambilla (2010) e outros pesquisadores concordam
que a forma de utilização desta nova ferramenta de conexão entre as pessoas estava sendo mal
aproveitada. Era preciso ir além de ser uma ferramenta agregadora de conteúdo, pois o
usuário passou a ter opção de criar um caminho de acesso direto à informação de seu
interesse. A potencialidade de alcance e abrangência levava a um cenário propício para
grandes transformações na forma de se produzir e difundir o conteúdo noticioso.

        O avanço tecnológico cada vez mais acelerado trouxe, no início do novo milênio, o
conceito de Web 2.0, um novo estágio de desenvolvimento da rede, no qual ferramentas de
autoração e edição passam a ser disponibilizadas e utilizadas online, tornando a participação
do internauta cada vez mais ativa e difundida. Conforme define Gustavo Freitas1, esse novo
movimento caracteriza-se por “desenvolver aplicativos que aproveitem a capacidade da


1
 Fonte: http://novonarede.com.br/blog/index.php/2010/03/o-que-web-2-0-vamos-descobrir-agora/. Acesso em:
18/05/2011.
13



Internet para se tornarem melhores conforme são utilizados pelas pessoas, usando para isso a
inteligência coletiva”.

       Algumas ferramentas surgidas em torno do conceito de Web 2.0 são blogs, Wikipedia,
Twitter, Facebook, entre outros. Todas elas proporcionam um ambiente em que usuários
podem tirar o máximo de proveito dos softwares disponíveis na rede.

       Com isso, iniciou-se um intenso processo de apropriação do espaço cibernético pelos
usuários, tendo por consequência o surgimento de uma “cibercultura”, conforme conceituada
pelo filósofo Pierre Levy (1999, p. 30). Para ele, um mundo novo passou a ser construído a
partir da esfera digital com sua própria linguagem, símbolos e códigos, o que caracteriza uma
nova cultura, com novas formas de relacionamento.

       Esses novos modos de intercâmbio comunicacional acabaram por influenciar,
diretamente a maneira de se produzir notícias e a própria função social dos jornais. Esta
transformação ocorre devido à facilidade de uso de sistemas colaborativos de produção e da
possibilidade de escolha, pelo usuário, das informações a serem consumidas. Nesse sentido, o
jornalismo digital tem como principais características permitir que o leitor trace seu próprio
caminho até a notícia, indique leituras a amigos, comente os fatos relatados pelos veículos de
massa e tenha acesso aos arquivos já publicados.

       A fase que o mercado jornalístico hoje vivencia pode ser considerada um degrau rumo
à promoção de espaços mais democráticos, onde o leitor torna-se produtor e ao mesmo tempo
consumidor de conteúdo, como classifica Penido (2010, p. 167). As formas dessa interação
entre jornalista e leitor constituem um dos pilares do assunto a ser tratado nesta pesquisa.




   1.2. Problematização da pesquisa

       O problema central que motivou este trabalho foi compreender como ocorre a
participação de leitores na produção de conteúdo em veículos de comunicação que destinam
algum espaço para ocorrência do que hoje é conhecido como jornalismo colaborativo. O
contexto da Web 2.0 considera a valorização da interação entre usuários nessa modalidade
emergente de comunicação. A pesquisa questiona, por exemplo, de que forma os veículos que
abrem espaço para essa colaboração, criam regras, fazem revisões, apuram informações e
difundem conteúdos.
14



       A abordagem deste problema de estudo foi feita por meio de uma revisão bibliográfica
sobre jornalismo digital e cibercultura, acrescida de uma análise comparativa entre espaços
existentes em dois veículos que propiciam esta troca com o leitor, levando em conta critérios
de noticiabilidade e valor noticioso, os filtros utilizados para seleção de conteúdos, aferições
estatísticas sobre a participação dos usuários, meios e canais disponíveis para esta nova
modalidade, através da submissão e uso de fotos, textos e vídeos, bem como uma análise
crítica do conteúdo a partir de contraste entre exemplos dos sites e contribuições recolhidas da
bibliografia e de entrevistas realizadas com jornalistas responsáveis pelas publicações.

       O corpus de estudo é composto por conteúdos publicados pelo espaço “Leitor
Repórter” do Jornal do Brasil, veículo de comunicação tradicional que atualmente só
disponibiliza versão digital de suas edições, e pelo espaço de edição colaborativa “Overblog”,
no site Overmundo, uma plataforma online de produção de conteúdo.

       A escolha destes sites como objeto de estudo se justifica pela adoção de um sistema
colaborativo de produção de notícias e dos procedimentos estabelecidos por esses veículos
para a publicação de textos jornalísticos. Outra razão para esta escolha foi o vínculo que o
leitor cadastrado é capaz de criar com ambos os veículos, favorecendo sua participação ativa e
permanente no processo de composição das publicações.

       No site Overmundo, os temas preferenciais de conteúdo são aqueles relacionados à
diversidade cultural brasileira. Já o Jornal do Brasil trata de questões mais cotidianas sobre
buracos, faróis quebrados, pontes, alagamentos e outros temas da rotina comum à vida do
cidadão carioca.

       Estabelecendo uma comparação entre estes dois veículos, foi possível analisar como
um veículo tradicional de massa, em sua nova plataforma, se relaciona com os leitores
repórteres, em oposição a um site especializado, com nicho de público mais específico.

       Para a análise, foi estabelecido um período delimitado de publicação dos textos pelos
veículos, além de uma pesquisa de campo para a observação in loco, com o objetivo de
conhecer a rotina das redações em ambos os casos. Também foram realizadas entrevistas com
jornalistas e enquete com internautas para um melhor conhecimento da visão de cada
participante do processo, o usuário produtor e o jornalista, que passa a atuar como “filtro”.
15



       A partir do reconhecimento das regras estabelecidas por ambos os veículos sobre
como o leitor pode atuar, buscou-se comparar o resultado qualitativo da publicação, a
frequência com que ele submete textos ou imagens para o veículo, de que maneira estas
publicações alteram a audiência de um veículo tradicional comparado ao acesso de um site
especializado em divulgar a diversidade cultural brasileira e, por fim, quais as semelhanças
que podem caracterizar os conteúdos publicados como produtos de um jornalismo
colaborativo.




   1.3. Justificativa do estudo


       Uma das justificativas para este estudo refere-se às implicações que a emergência e o
desenvolvimento do jornalismo colaborativo trazem no contexto do mercado jornalístico, que
sofre constantes transformações a partir da presença e avanço das novas tecnologias. O
usuário está cada vez mais seletivo em relação aos conteúdos acessados na grande rede de
computadores, levando veículos de comunicação a repensarem seu papel social e as formas
com que interagem com o leitor.

       “A terceira transformação na mídia de massa – que estamos presenciando agora –
envolve uma transição para a produção, armazenagem e distribuição de informação e
entretenimento estruturada em computadores” (DIZZARD JR., 2000, p. 54).

       Assim, muitos jornais, canais de televisão e emissoras de rádio que ocupam seu
domínio virtual têm proposto espaços específicos para a participação do leitor. No entanto,
estes espaços ainda são muito diferentes entre si e parece não haver uma proposta clara por
parte dos veículos sobre como exatamente atrair o leitor.

       A princípio, o jornalismo surge para fazer uma mediação crítica da informação a ser
difundida na sociedade. Se o avanço tecnológico vem alterando a forma como os cidadãos
buscam a informação e formam grupos para discutir problemas sociais, é preciso estar atento
em relação à maneira pela qual acontece esta ocupação do espaço digital. Questões éticas e a
ocorrência de crimes digitais ainda estão sendo discutidas por governantes, pesquisadores,
desenvolvedores, sociólogos entre outros cidadãos interessados na ocupação do ciberespaço.

       Como atuar no mercado em pleno processo de transformação? Como estabelecer
valores éticos para a produção colaborativa de conteúdo informacional? Como selecionar
16



conteúdos válidos diante da abundância de informações? Qual deve ser, enfim, o papel do
jornalista na sociedade da informação? Estas são questões importantes para orientar os novos
profissionais e para as quais esta pesquisa procura contribuir, identificando formas em que se
apresenta o jornalismo colaborativo e novas funções executadas pelo jornalista diante da
apropriação pelo usuário das novas tecnologias de informação e comunicação.

       De qualquer modo, é notável como as tecnologias de comunicação têm evoluído de
maneira intensa e, com isso, a forma de produzir notícias nas redações também vai se
transformando, se adaptando a estas novas possibilidades. Nesta mesma linha segue o avanço
nos estudos sobre o jornalismo produzido na internet e sobre a interferência do cidadão
comum nas publicações. Apesar de as referências teóricas serem ainda escassas, essa
discussão já tem sido bastante repercutida em sites e blogs com foco em comunicação e
tecnologia. Esta monografia poderá, portanto, contribuir como base para estudos futuros.



   1.4. Objetivos


       O objetivo central desta pesquisa foi realizar uma análise comparativa entre dois
veículos online e verificar como ocorre atualmente a produção de conteúdo no jornalismo
colaborativo através da observação de processos e ferramentas utilizadas para produção de
notícia por meio da participação de leitores.

       Busca-se reconhecer, com isso, de que forma o jornalista atua na filtragem, apuração e
intervenção sobre este conteúdo, seja através de correções ou da adequação da notícia à linha
editorial do veículo.

       Os aspectos teóricos deste estudo procuram refletir sobre novos tipos de jornalismo
que emergem atualmente. Na prática, a realização de uma análise comparativa entre dois
veículos com características diferentes procura criar condições para verificar até que ponto
essas manifestações colaborativas constituem-se. Estas iniciativas podem surgir como um
fenômeno de marketing, para atrair ou manter leitores, ou podem ser consideradas,
prioritariamente, como instrumentos de consolidação de uma comunicação mais democrática.

       Considerados esses objetivos gerais, a pesquisa empreendida lançou algumas questões
específicas respondidas nesse trabalho, a saber:

    Quais as características de uma produção jornalística colaborativa?
17



    Como ocorre a colaboração do leitor com os veículos analisados?
    Quais relações se estabelecem entre o jornalista e o leitor no espaço de notícias
       produzidas pelo usuário?
    Que critérios são utilizados por veículos de jornalismo colaborativo na seleção de
       conteúdo do leitor?

       Pelo fato de abordar um aspecto novo do jornalismo digital e que continua em
constante transformação, este estudo pode, a partir dessas questões, contribuir para
compreensão deste momento transitório em que os veículos mais consolidados que têm maior
abrangência, começam a propor neste espaço em contraposição a uma mídia especializada que
trata a produção da notícia como uma forma de contribuir para a democratização da
comunicação.




   1.5. Método de pesquisa


       O método de pesquisa utilizado neste trabalho envolveu estudos documentais,
bibliográficos, trabalho de campo, ações e observações participativas inspiradas em
netnografia, além de uma análise de conteúdo baseada na comparação entre textos
colaborativos publicados pelo Jornal do Brasil e pelo site Overmundo.

       Para fundamentar essa análise comparativa sobre os veículos que compõem o corpus
de estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica dirigida que garantiu o embasamento
teórico e atribuição de critérios e parâmetros adequados para o tratamento do assunto. Além
disso, foi realizada, ao longo do primeiro semestre de 2011, uma leitura sistemática do
conteúdo online dos veículos mencionados para seleção de textos que seriam analisados.

       Durante a pesquisa foram feitas duas visitas às redações dos veículos sediadas na
cidade do Rio de Janeiro para a realização de entrevistas e obtenção de informações mais
detalhadas sobre o funcionamento dos espaços colaborativos em ambos, além de organizar
enquete para que usuários de internet respondessem sobre a sua participação em veículos que
aceitam textos externos.

       Para que a pesquisa tivesse ainda um componente ativo e participante, também foram
submetidos para os veículos estudados, dois textos próprios da autora para publicação, como
forma de vivenciar a rotina e o fluxo de moderação em uma situação real exemplar.
18



       De modo geral, sempre que buscamos em algum livro para saber sobre determinado
assunto, estamos realizando uma pesquisa bibliográfica. Porém, como método de pesquisa, ela
deve ser executada de maneira sistematizada e planejada. Por definição, este tipo de
metodologia pode ser caracterizado como:

                        A busca por informações bibliográficas, seleção de documentos que se relacionam
                        com o problema de pesquisa (livros, verbetes de enciclopédia, artigos de revistas,
                        trabalhos de congressos, teses etc.) e o respectivo fichamento das referências para
                        que sejam posteriormente utilizadas (na identificação do material referenciado ou na
                        bibliografia final). (MACEDO, 1987, p. 89)

       Esta atividade metodológica pode ser também entendida como parte do planejamento
da pesquisa, vislumbrando a busca por documentos relevantes para o levantamento de uma
base de dados bibliográficos consistente.

       Como complemento à pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental é geralmente
realizada a partir da consulta e análise de documentos originais tais como: documentos
institucionais conservados em arquivos; documentos institucionais de uso restrito;
documentos pessoais, como cartas e e-mails; fotografias, vídeos, gravações; leis, projetos,
regulamentos, registros de cartório; catálogos, listas, convites, peças de comunicação;
instrumentos de comunicação institucionais (todas estas informações estão disponíveis no
arquivo digital do Jornal).

                        A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença
                        essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica
                        se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre
                        determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem
                        ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com
                        os objetos da pesquisa. (GIL, 1999, p. 57)

       Além desses métodos convencionais, o presente estudo utilizou-se de alguns
instrumentos de captação e análise de dados inspirados na netnografia. Este é um método
razoavelmente novo que surge da adequação ou adaptação do método conhecido como
etnografia. A etnografia estuda comportamentos, sob o aspecto da cultura em determinadas
comunidades. O pesquisador atua como observador participante, sempre buscando um limite
de distanciamento do objeto de estudo. Já na netnografia, tais práticas ocorrem em uma
plataforma digital, necessidade de fazer parte de fóruns, listas de discussões e comunidades
virtuais onde se discute o foco de estudo.
19



       A netnografia é utilizada para estudos da internet através de interpretação e
investigação do comportamento cultural em comunidades online. Para Hine (2000) apud
AMARAL (et al., 2008, p.37), ela é “a transposição dessa metodologia [a etnografia] para o
estudo das práticas comunicacionais mediadas por computador”. O autor argumenta que a
maior parte dos objetos de estudos nesta área está atualmente localizada no próprio
ciberespaço.

       Outro componente metodológico deste trabalho é a entrevista como método de
pesquisa, que é bastante conhecida e muito utilizada em diferentes situações. Para o
jornalismo - seja impresso, online, televisivo ou radiofônico - é a maneira mais comum de se
obter informações das fontes através da coleta verbal de informações. Para a realização de
uma entrevista é necessária a elaboração de perguntas que auxiliem na captação de dados que
o jornalista deseja saber a respeito de determinado assunto. Enquetes e questionários mais
abrangentes também podem ser entendidos como variações da modalidade metodológica da
entrevista.

       Esses métodos foram associados entre si na busca dos resultados do presente estudo.
Às pesquisas bibliográficas e documentais somaram-se relatórios enviados pelos veículos
referentes ao processo de submissão e publicação de textos, como forma de dar suporte para a
criação dos gráficos e tabelas. As entrevistas contribuíram para a compreensão sobre como
são selecionadas as ocorrências enviadas por usuários, para a coleta de informação sobre a
estrutura dos veículos e para ampliar a perspectiva sobre o perfil do leitor/produtor,
caracterizado como novo agente do processo comunicacional estudado.

       Os documentos e relatórios fornecidos pelas equipes dos veículos foram de suma
importância, pois garantiram a manutenção de dados quantitativos reais sobre a contribuição
do leitor e a utilização dos mecanismos propostos por cada um dos canais escolhidos. Com
este material reunido, foi possível organizar a forma de apresentação dos resultados finais.

       Os gráficos demonstraram, através de dados estatísticos, o volume de colaborações
dos leitores em períodos determinados de análise. Para cada parâmetro de comparação foi
gerado um gráfico para cada espaço colaborativo.

       As atividades inspiradas em netnografia envolveram o envio de textos diretamente
para os veículos, a observação dos comentários em textos publicados por internautas e
também auxiliaram a entender como se relacionam os autores dos textos, leitores e editores
20



em ambos os veículos. As redes sociais também foram analisadas como meios alternativos de
difusão de peças deste novo jornalismo. Por elas, é possível acessar e difundir conteúdos
produzidos colaborativamente, além de aproximar leitores e autores.

           Essas abordagens metodológicas envolveram aspectos quantitativos e qualitativos.
Foram observados, por exemplo, os critérios de noticiabilidade, negatividade, personalização,
composição, clareza, ambiguidade e estilo, que são critérios que correspondem ao aspecto
qualitativo da pesquisa.

           No quesito quantitativo, os critérios referem-se à frequência com que os leitores
colaboram com a publicação, que tipos de arquivos são enviados e quantos colaboradores
contribuem no período da análise. Para demonstração destes resultados foram criados gráficos
ilustrativos e uma tabela comparativa dos resultados verificados em cada veículo.




       1.5.1.      Corpus de pesquisa


           A seguir, são apresentados detalhes sobre os dois veículos que compõem o corpus de
estudo, como forma de justificar os critérios contrastivos que basearam a escolha para o
presente trabalho.




      a) Overmundo


           O Overmundo2 surgido em março de 2006, é um site colaborativo financiado pela
Petrobras através da lei de incentivo à Cultura, chancelado pelo Ministério da Cultura (MinC).
O site é pioneiro em ter suas publicações 100% enviadas por usuários que não
necessariamente tenham o jornalismo como profissão. O que estimulou seu surgimento foi a
possibilidade de divulgar a diversidade cultural do país, que, na maior parte das vezes, não
alcança espaço nos grandes veículos noticiosos.




2
    Fonte: http://www.overmundo.com.br/. Acesso em: 18/05/2011.
21



       O site é dividido em quatro seções: Overblog, Agenda, Banco de Cultura e Guia. Seu
foco é tratar da diversidade cultural e, para isso, foi dividido em editorias. A editoria Agenda
agrega conteúdos de programação cultural de qualquer lugar do país, identificadas como
manifestações folclóricas, exposições e shows musicais regionalizados. Na editoria Guia os
colaboradores podem dar dicas de espaços culturais, bares e similares. No Banco de Cultura
são encontrados produtos culturais, como músicas, remixes de composições, obras de arte
visual, entre outros. A seção comporta arquivos para download e streaming.

       Para colaborar com os conteúdos publicados, o usuário deve registrar-se no site.
Quando ele efetua seu cadastro pode começar a participar, escolhendo qual tipo de publicação
quer fazer.

       No caso do Overblog, o usuário tem a opção de publicar diretamente seu texto ou
submetê-lo à edição colaborativa. Quando ele opta por fazer uma publicação nestes moldes,
seu texto é automaticamente encaminhado à uma fila de edição por 48 horas. Nesta fila de
edição seu texto poderá receber comentários de outros usuários cadastrados na plataforma.
Passadas as 48 horas, será direcionado para a fila de votação, onde passará mais 48 horas para
ser votado e ocupar (ou não) um espaço de destaque na página inicial do site.

       Para garantir um mínimo de controle na publicação, foi criado o Observatório do
Overmundo, espaço em que a equipe do site pode exercer algum tipo de filtro sobre as
publicações e funcionalidades do sistema, mantendo os usuários sempre bem informados
quanto às mudanças que ocorrem.

       Considerando esses aspectos do fluxo colaborativo, é possível levantar algumas
questões sobre a maneira com que são produzidas as notícias no site:

    Usuários que optam por participar da edição colaborativa utilizam a plataforma da
       maneira como é proposta?
    Em que parte do processo ocorre a intervenção de um profissional responsável?
    Como funcionam as campanhas de votação para os textos?
    As filas de edição são realmente utilizadas?

       Vale destacar, ainda, que o Overmundo adota softwares livres em sua composição
técnica. Com isso, o sistema desenvolvido para o site pode ser reaproveitado e distribuído
dentro dos termos de autoria prescrito pelo Creative Commons (livre para uso não comercial)
e seu código está protegido pela licença FLOSS (Free Libre Open Source Software).
22




   b) Jornal do Brasil


       Em 2011, o Jornal do Brasil completou 120 anos de história, marcada sempre de
peculiaridades e pioneirismo desde sua fundação, em 1891. De acordo com informações
institucionais extraídas de seu site, logo nos primeiros anos o jornal lançou sua proposta
editorial focada nas reivindicações populares.

       Passou por interrupções e crises, mas até hoje preza pela qualidade em sua publicação.
Inovou pela sua estrutura empresarial, parque gráfico e pela distribuição, que no século XIX
era feita em carroças.

       Na década de 1950 passou por uma reforma gráfica que revolucionou o mercado. Em
1970 foi reconhecido como o primeiro jornal a fazer uma cobertura cotidiana do movimento
sindical, na greve dos metalúrgicos na região do ABC paulista. Para dar continuidade à
existência do jornal com mais uma ação pioneira de tentar resolver a perda do número de
assinantes do mercado de impressos, o Jornal do Brasil foi o primeiro que passou a ser e
manter só a publicação digital, encerrando a produção impressa em 2010.

       A edição online mantém a divisão em editorias e criou novas seções para o leitor
interagir mais com suas edições. As editorias são: Brasil, Internacional, Cidade, Economia,
Esportes, Caderno B, Programa, Domingo, JB Premium (seção de assinantes) e Leitor
Repórter.

       O Jornal do Brasil tem uma maneira bem simples de receber a publicação de seus
leitores. No site www.jb.com.br, existe o espaço Leitor Repórter, em que qualquer pessoa pode
enviar um texto comentando, opinando, criticando ou sugerindo temas relevantes para a linha
editorial do Jornal. O interessado acessa o espaço do Leitor Repórter, insere o texto sem criar
um vínculo de usuário e fica aguardando pela moderação. As regras são simples e claras: o
texto deve conter entre 2.700 e 3.300 caracteres e o assunto deve ser de interesse dos leitores
do Jornal do Brasil.

       O texto passa por um filtro jornalístico, que pode realizar apuração e uma revisão de
erros ortográficos e gramaticais antes da publicação, para não sofrerem repúdio dos leitores.
23



   1.5.2.     Seleção de período e textos de amostragem


       O período para análise foi determinado a partir do cronograma estabelecido pelo
regulamento da disciplina de Projetos Experimentais, conforme designação das datas de
bancas de qualificação. Sendo assim, a coleta de conteúdo foi realizada a partir da segunda
semana do mês de julho do ano 2011. O material de amostragem selecionado pela pesquisa
tem espaço bem determinado dentro de ambos os veículos.

       No Overmundo foram analisados os textos disponíveis na seção Overblog, que permite
ao usuário cadastrado encaminhar textos para os mecanismos específicos de edição e votação
colaborativa. Já no JB, foram selecionados para análise textos publicados no espaço Leitor
Repórter, seção destinada à contribuição dos leitores.




   1.5.3.     Forma de organização dos resultados


       Para apresentação dos resultados relativos aos instrumentos de colaboratividade
explorados pelos veículos, foi criada uma tabela que apresenta de forma ilustrativa como
ocorrem as colaborações feitas pelo usuário. Esta tabela não tem caráter qualitativo e sim
demonstrativo.

       Outra maneira de organizar e apresentar os resultados foi a criação de uma figura das
páginas analisadas, com seus textos originais, por meio da técnica “print screen”, como forma
de compará-los qualitativamente quanto ao seu conteúdo. O contraste entre as produções
publicadas em cada veículo foi feito desta maneira.




Tabela 1 – Tabela Comparativa de instrumentos

       Nesta tabela foi feita uma comparação mais ampliada em relação aos instrumentos
utilizados por ambos os veículos estudados. Esta tarefa auxilia na visualização da forma como
são conduzidas as publicações feitas por leitores, seja num veículo de mídia tradicional como
em veículos de caráter mais independente e alternativo.
24



Gráfico 1 – Frequência de publicação colaborativa no mês de Julho de 2011 nos sites Jornal
do Brasil (Leitor Repórter) e Overmundo (seção Overblog – edição colaborativa)

       A partir do relatório, que contêm a frequência de publicação de conteúdos enviados
por leitores durante o mês de julho, foi desenvolvido um gráfico simples de número de textos
submetidos por dias do mês. Este gráfico auxiliou a entender se esta é uma simples tendência
ou é fato que o leitor busca maior interação com os veículos de comunicação, contribuindo
assim para as ações em favor da democratização da comunicação.




Gráfico 2 – Gráfico de acesso (pageviews e visitas) no mês de Julho de 2011 nos sites Jornal
do Brasil e Overmundo

       A partir do relatório, que contém a frequência de publicação de conteúdos enviados
por leitores durante o mês de julho, será desenvolvido um gráfico simples de número de
textos submetidos por dias do mês. Este gráfico auxiliará a entender se esta é uma simples
tendência ou é fato que o leitor busca maior interação com os veículos de comunicação,
contribuindo assim para as ações em favor da democratização da comunicação.




Gráfico 3 – Respostas de enquetes realizadas em redes sociais com colaboradores.

       Com a proposta de entender o que motiva o usuário da internet a colaborar com um
jornal online. Foi criada uma enquete simples, de múltipla escolha para usuários que
costumam contribuir para algum site que disponibiliza espaço para o internauta publicar seus
textos, imagens ou vídeo. Os usuários que responderam a esta enquete foram estimulados a
respondê-la através das redes sociais, grupos de e-mail, fórum. Sendo assim são contatos da
autora. Alguns que interagem presencialmente (pessoas conhecidas da autora) e outras que
esta interação ocorre apenas no espaço virtual. Portanto com um perfil de agentes culturais,
músicos, artistas visuais, produtores de eventos. É importante ressaltar que para ter um corpus
de respostas mais expressivo foram convidados a responder, pessoas que não tem o menor
interesse em ser um colaborado com qualquer tipo de veículo de comunicação.




Gráfico 4 - Perfil do usuário Overmundo nos textos selecionados.
25



       Para conseguir compreender melhor a plataforma colaborativa de divulgação cultural,
a autora acessou o perfil dos usuários, autores dos textos selecionados. Na página de cada um
é possível obter informações fornecidas pelos mesmo, além de ter acesso a todos as
contribuições feitas desde de sua inscrição. Quando necessário foi utilizado também
mecanismos de busca como Google e a rede social Facebook. É importante observar que para
o Jornal do Brasil não foi possível adotar o mesmo procedimento, pois como não há qualquer
tipo de relação estabelecida entre o veículo com o leito. Quando o internauta quer enviar um
texto para o Leitor Repórter, é solicitado apenas o nome, e-mail e o relato. Para o leitor final
só é disponibilizado o nome do autor e seu conteúdo, ou seja, não há informações suficientes
para refinamento na pesquisa.




Análise – Trechos analisados

       Foram analisados de forma qualitativa, levando em conta as características de um texto
jornalístico e regras estabelecidas pelos veículos. Os trechos de publicações dos veículos
escolhidos foram copiados nesta publicação de monografia e seguem em anexo o texto
completo com sua respectiva figura capturada do site.
26



   2.   A COMPOSIÇÃO DA NOTÍCIA NO JORNALISMO COLABORATIVO
        DIGITAL


        O Jornalismo Digital tem como uma de suas características marcantes a atualização
constante da notícia. Comparado aos veículos impressos, a Internet trouxe maior agilidade nas
redações, pois o “deadline é pra já”.

        Por outro lado, trouxe uma independência nas relações com as gráficas e distribuidoras
por exemplo. (FERRARI, 2003, p.35) Outra consequência desta constante atualização é a
geração de uma memória. Na Internet é possível acessar artigos arquivados, o site torna-se um
grande banco de dados virtual. Assim também é possível traçar o caminho de acesso à
informação pelo próprio leitor.

                        A hipertextualidade é, sem dúvida, outro elemento valioso no jornalismo online e
                        pode ser garantida com a inserção de links que encaminham a novos artigos, vídeos,
                        entrevistas em áudio, até mesmo para um arquivo de textos já publicados. É notável
                        que todos os elementos descritos aqui tenham uma relação entre si para compor o
                        que hoje conhecemos como jornalismo online, jornalismo digital, ciberjornalismo,
                        jornalismo cidadão entre outros termos usados. FERRARI (2007, p.86)

        A interatividade hoje é encontrada em ferramentas que permitem o compartilhamento
do conteúdo, por exemplo, a possibilidade de enviar por e-mail ou publicar um link nas redes
sociais.




    2.1. Conceitos e teorias de referência


        Essa nova forma de jornalismo colaborativo pode ser contextualizada como um
movimento mais recente dentre as etapas históricas da evolução do jornalismo na internet,
conforme proposto por Mielniczuk (apud Jardim, 2004, p.13). O autor sugere três gerações
constituintes desta evolução: a primeira, caracterizada pela transposição de conteúdos do
impresso para o digital a partir de 1994; a segunda, pelo surgimento de portais de conteúdo e
novos veículos online que não existiam antes da internet em forma impressa, por volta de
1998; e a terceira a partir de 2001, com características de hipertextualidade, memória,
multimidiabilidade.
27



       Para uma caracterização mais precisa das formas desse novo modo interativo de
jornalismo, vale fazer uma revisão dos principais conceitos a ele relacionados, a partir das
ideias de colaboração, interação e participação.

                         O jornalismo online é uma nova modalidade jornalística, que surgiu através desta
                         nova mídia, a internet, há aproximadamente duas décadas e que tem como principais
                         elementos a interatividade, a memória, a multimidiabilidade, a atualização constante,
                         a hipertextualidade e a personalização. (FERRARI, 2003, p.81)

       Estudiosos já classificaram que, quando há intervenção do usuário na produção,
obtenção e difusão da notícia, pode ser chamado de jornalismo participativo, colaborativo,
jornalismo open source, jornalismo cidadão, webjornalismo participativo. Neste estudo adota-
se o termo jornalismo colaborativo e justifica-se o uso deste termo por entender que o leitor
passa a contribuir com o veículo espontaneamente e por haver um filtro antes da publicação,
seja por parte do veículo, seja através de uma equipe jornalística (um editor), ou a própria
rede de colaboradores.

       Lemos defende que a internet não pode ser considerada uma nova mídia, mas tem a
compreensão de que “as novas tecnologias digitais geram processos de comunicação que
conectam usuário a usuário, gerando um fluxo que, virtualmente coloca todos em contato com
todos”. (LEMOS, 2002, p.35).

        Além disso, outro fato de destaque na história do jornalismo na internet foi o
surgimento dos portais que, diferente dos sites, são um aglomerado de informações e serviços
que podem ser adquiridos online, segundo Barbosa (2004, apud Jardim, 2007). Desta maneira
entende-se colaboração e participação a possibilidade que qualquer cidadão tem de interagir
com veículos de comunicação, através da produção de textos que podem ou não ter
característica de notícia.




    2.2. Novas formas de interação e colaboração


       Muitos jornais, canais de televisão e emissoras de rádio que ocupam seu domínio
virtual, têm proposto espaços específicos para a colaboração do leitor. A princípio o
jornalismo surge para fazer uma mediação crítica da informação que é difundida pela
sociedade. Se o avanço tecnológico vem alterando a forma como os cidadãos buscam a
28



informação, e se formam grupos para discutir problemas sociais, é preciso estar atento na
maneira em que acontece esta ocupação do espaço digital.

       Heródoto Barbeiro no artigo “Protágoras volta com tudo” cita Protágoras, um
ateniense que defendia a ideia de que não havia sequer uma verdade absoluta, pois o que tinha
real valor era o pensamento único, o que cada indivíduo pensava a respeito das coisas do
mundo o que resultava numa verdade relativa a um homem ou grupos sociais.

                        A comunicação está sob novo paradigma, trocou o esquema de poucas redes
                        emissoras e milhões de receptores por um novo, em que milhões são emissores ao
                        mesmo tempo receptores, e todos falam uns com os outros por meio do trânsito de
                        tudo que pode ser digitalizado: sons, imagens, textos, arquivos, enfim, tudo que
                        pode carregar a informação e o conhecimento. (BARBEIRO, 2010, p. 10)

       Até agora são poucos os estudos formais que abordam explicitamente a questão da
colaboratividade no jornalismo digital. É nítida a presença de uma discussão sobre o
desenvolvimento do Jornalismo Online e pesquisadores como Brambilla (2010, p.126)
entendem esta interação entre redação e leitor como a quebra de um paradigma entre os
detentores da informação e o conteúdo produzido por um cidadão que não domina as técnicas
jornalísticas. E ainda defende que se tratando de um espaço jornalístico torna-se indispensável
a necessidade de haver o filtro da redação.

       Para a autora, o processo de apuração, checagem de fatos e adequamento da linguagem
para o bom entendimento do leitor, é o que diferencia o jornalismo colaborativo do conteúdo
produzido colaborativamente. Tal conteúdo pode ser encontrado em blogs, redes sociais,
plataformas de vídeo como youtube, vimeo, além das ferramentas que arquivam e publicam
imagens.

       Além disso, os textos encontrados em espaços destinados para o cidadão comum
publicar notícias, geralmente não dão grande lugar de destaque em seus veículos,
principalmente os de abrangência ampla. O conteúdo encontrado trata temas da localidade,
que muitas vezes não interessa como notícia para além de onde está. Esta afirmação foi
exposta por ambos os editores que são objetos desta pesquisa: Paulo Marcio Vaz, do Jornal do
Brasil e Viktor Chagas, do Overmundo.

       Ainda uma novidade sem delimitações precisas, as iniciativas encontradas na internet
para colaboração criam suas regras conforme a necessidade e a resposta do colaborador. Os
sites disponibilizam espécies de fóruns para dúvidas e sugestões.
29



       Viktor Chagas, coordenador do site Overmundo, contou em entrevista que a
plataforma já sofreu inúmeras mudanças conforme o comportamento dos usuários
cadastrados. Paulo Marcio Vaz, editor do Jornal do Brasil também destacou esta questão
quando relatava a mudança de coordenação do Brasil Wiki para o JB Wiki, nova plataforma
colaborativa lançada em agosto de 2011 pelo Jornal do Brasil, que tem o objetivo de ser um
jornal feito 100% por leitores. O editor contou que alguns colaboradores reclamavam por
mudanças em regras e funcionalidades e em outros casos, os mesmos puderam ajudar a trazer
melhorias no sistema da plataforma.

       Mesmo os profissionais entrevistados e os autores pesquisados apontam o crescimento
desta prática e sugerem a valorização deste espaço, considerando o leitor como um
termômetro para suas publicações.

       A internet propicia um espaço mais democrático segundo Lemos (2007). Através desta
perspectiva fica sugestionada a importância da abertura de espaços para o cidadão comum ter
voz. O jornalismo colaborativo passa a ser encarado como uma modalidade e não mais uma
tendência, adquirindo características próprias com seus conteúdos, referenciando o local, seja
denunciado situações precárias de ruas, acidentes, até divulgação de artistas e produtos
culturais e eventos.

       Para Paulo Marcio Vaz, o jornalismo colaborativo vai se fixar como modalidade e
abrirá espaço para criar novas relações entre os leitores e os veículos. Em entrevista realizada
no mês de julho de 2011 na redação do Jornal do Brasil, Paulo apresentou o espaço
colaborativo já existente no site, O Leitor Repórter, e indicou que seu futuro é tornar-se um
espaço de diálogo do leitor, correspondente às antigas seções “carta do leitor” comumente
encontradas em revistas e jornais.

       O Jornal do Brasil lançou em agosto do ano 2011 uma nova ferramenta baseada em
modelo de sites wiki, como a Wikipédia, onde já existem três mil cadastrados, com perfis
mais variados. Esta plataforma é chamada JB Wiki. Paulo contou que esta novidade surgiu a
partir da ideia “vamos dar um jornal à nossos leitores”. Baseada na interação dos leitores com
o site, lançaram este jornal feito 100% por usuários. Paulo ainda frisou que esta é mais uma
iniciativa pioneira do JB.

       Foi publicado por Carlos Castilho (2011) no site Observatório da Imprensa, um artigo
falando sobre a modalidade “Jornalismo Colaborativo”. O texto aborda o crescimento desta
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prática e os problemas que crescem progressivamente com ela. O texto elenca os principais
veículos que utilizam a colaboratividade como principal orientação de sua publicação e
aponta as preocupações com investimentos neste sentido. O mais interessante do texto foram
os comentários posteriores. Nestes, um leitor que se identificou como André João, questionou
que o jornalismo não existiria sem a colaboração do leitor, pois o jornalismo sempre contou
com esta contribuição para a produção de uma reportagem, e que na verdade esta nova
modalidade é redundante e argumenta que jornalismo feito somente por um autor é literatura,
ou ficção. Para uma reportagem, a apuração conta muito com a colaboração do leitor e por
isso sempre foi colaborativo.
31



   3.   RELATO DA PESQUISA


   3.1. Detalhamento dos processos de coleta de dados


        Foi realizada a pesquisa bibliográfica através de leitura de livros sobre o tema, artigos
acadêmicos, reportagens em sites especializados, revistas de comunicação e tecnologia. Sendo
assim, ficou nítida a preocupação dos profissionais da comunicação em relação ao
empoderamento por parte dos usuários, das ferramentas de produção de conteúdo. A leitura de
artigos sobre o assunto foi constante na pesquisa.

        Em contato com ambos os veículos, foram realizadas entrevistas e feitas solicitações
de relatórios, documentos que relatem os índices de colaboratividade por parte dos usuários.
No caso da plataforma Overmundo, foram analisados os critérios de utilização da fila de
edição e a maneira com que os usuários promovem seus textos para que alcancem o número
de pontos para ser destaque na página inicial do Overmundo. Outros dados levantados
abordaram as mudanças de regras que aconteceram ao longo de cinco anos de existência e
como o usuário pode sugerir modificações de uso. No Jornal do Brasil também houve
entrevista e solicitação de relatório, porém o critério de publicação no espaço Leitor Repórter
passa pelo crivo da redação e nitidamente o volume de textos publicados é menor. Neste
espaço não há só texto, mas algumas vezes a notícia é apenas uma foto com título e legenda.

        Foi enviado para os veículos o mesmo texto, como teste para verificar detalhes como a
demora de publicação, qual tipo de cadastro é solicitado ao usuário e relevância do assunto.
No Overmundo não foi realizada campanha de divulgação do texto, e em 48 horas não foi
atingida a pontuação necessária para o texto ser colocado em destaque. No Jornal do Brasil o
texto não chegou a ser publicado e, na oportunidade de diálogo com o editor, foi questionada
a razão pela qual ainda não havia ocorrido a publicação. A explicação foi que naquele dia
houve uma grande reunião da equipe de redação e não haviam realizado as atualizações no
espaço Leitor Repórter.

        O envio de texto para ambos os veículos também é uma estratégia que possibilita fazer
uma comparação mais prática entre os dois veículos, já que um é um jornal consolidado e
outro é uma plataforma colaborativa de produção de conteúdo, não especificamente noticioso,
o que permite uma atuação de observador participante em ambos os casos.
32



       Além disso, foi realizada uma visita à redação do JB e a sede do Overmundo no Rio de
Janeiro. Esta visita aconteceu durante o mês de julho de 2011, nos dias 14 e 15
respectivamente na sede do Instituto Overmundo e redação do Jornal do Brasil.

       As entrevistas também foram ferramentas muito utilizadas na coleta de dados, seja por
telefone, comentários, e-mail, redes sociais ou qualquer outra via disponível. Para levantar
informações como a periodicidade de checagem para moderação das publicações no Jornal do
Brasil, o editor online Paulo Márcio Vaz foi acionado por um telefonema, e contou
sucintamente sobre o funcionamento se prontificando a conversar mais para contribuir com a
pesquisa. Já num contato via e-mail, a diretora executiva da plataforma Overmundo, se
colocou a disposição para entrevistas e ainda encaminhou o contato do coordenador editorial
Viktor Chagas.

       Outra forma de entrevista apropriada para a pesquisa foi a realização de enquetes nas
redes sociais com usuários que costumam colaborar em portais de notícias, realizando
perguntas rápidas como: “Você costuma colaborar em portais de notícias?”, ou também como:
“Quando teve oportunidade de fotografar ou filmar um fato importante como uma enchente,
tomou a iniciativa de encaminhar para um jornal de grande circulação?”, para também ter uma
perspectiva do colaborador como produtor da notícia.

       No mês de julho de 2011, houve a visita à ambos os veículos para uma entrevista
presencial. Não foi estabelecido um roteiro fechado de perguntas para a ocasião. Os
questionamentos foram direcionados pelas questões que a autora buscou responder na
presente pesquisa. As entrevistas duraram de 30 a 50 minutos e podem ser conferidas na
íntegra nos anexos.

       O período estipulado para análise foi de uma semana durante o mês de julho do ano
2011. Nesta etapa foram analisados os conteúdos publicados no espaço colaborativo Leitor
Repórter do JB e na seção Overblog/Edição Colaborativa do site Overmundo.

       Segundo informação colhida por telefone no dia 16 de maio de 2011, com o editor do
Jornal do Brasil, Paulo Marcio Vaz, o espaço do leitor é verificado no mínimo quatro vezes ao
dia, sendo uma pela manhã, duas ao longo da tarde e a última checagem acontece no começo
da noite, para evitar o acúmulo de textos na fila de moderação.

       A moderação é realizada por todos os repórteres da equipe do jornal e eles são
instruídos a fazer uma leitura sob o aspecto da veracidade do fato e se segue os princípios
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éticos - afinal essa seção é responsabilidade do jornal e qualquer ofensa ou informação
publicada errada, o jornal é que prestará contas sobre a questão - porém erros ortográficos não
são levados em consideração. O editor Vaz contou: “Se o leitor escrever cachorro com x vai
ficar com x, mesmo sabendo que receberemos reclamações dos leitores pelos erros, pois não
nos responsabilizamos por estes”.

       Já no Overmundo, se o colaborador optar por colaborar através da fila de edição,
demora no mínimo quatro dias para seu texto estar na página inicial do blog, isso se o texto
alcançar a meta estabelecida pelo site - de atingir 80 pontos. Os pontos são como o botão
“curtir” do Facebook, em que cada clique vale um ponto e para votar o usuário deve ser
cadastrado no site. O colaborador tem a opção de realizar a publicação diretamente também
(neste caso a disponibilização do texto é automática). Na edição colaborativa hoje é incomum
encontrar textos divulgando atividades culturais por exemplo. No entanto, é bem comum
encontrar textos apresentando projetos contemplados em editais de financiamento, a vida e
obra de artistas regionais pouco conhecidos, textos que podem ser reconhecidos como
matérias que não são do cotidiano e não têm a pressa do conhecido hardnews.

       Ao entrar em contato com a equipe do JB, o editor online Paulo informou ainda que o
jornal está para lançar uma nova ferramenta de colaboratividade voltada para os leitores. É
chamado JB Wiki, que será uma publicação feita inteiramente por leitores, onde a moderação
continuará existindo, mas de uma maneira bem mais atenuada. A intervenção do jornalista
será no âmbito ético e editorial, não garantindo desta forma a isenção de erros de ortografia na
publicação. Nesta plataforma será designado ao leitor mais responsabilidade sobre o conteúdo
publicado, ou seja, o jornal não se responsabiliza por possíveis ou futuros problemas de
discriminação, calúnia, difamação. Diferente do que acontece no espaço Leitor Repórter que
exige, algumas vezes, a apuração do fato por parte da equipe do JB.

       Todo material levantado contribuiu para a pesquisa no sentido de compreender o que
os profissionais da área da comunicação estão discutindo sobre o novo papel do jornalista na
sociedade.
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   4.   DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS


   4.1. Mapeamento dos instrumentos de colaboração


Apuração – Ato de checar fatos e fontes relatados nos textos enviados pelos leitores.

Comentários – Espaço disponível para que outros leitores comentem o texto publicado.

Correção Gramatical – Ocorrência de revisão e correção de erros gramaticais.

Correção Ortográfica – Ocorrência de revisão e correção de erros ortográficos.

Envio de foto – Se é possível enviar arquivos de foto.

Envio de texto - Se é possível enviar arquivos de texto.

Envio de vídeo - Se é possível enviar arquivos de vídeo.

Fila de Edição – No site Overmundo, quando o usuário opta por publicar na edição
colaborativa, seu texto é submetido a uma fila de edição. Nesta fila outros usuários comentam
sobre o texto na pretensão de complementá-lo, corrigí-lo e, ainda, sugerir outras fontes ou
alterações.

Fila de Votação – A fila de votação também é uma ferramenta de publicação no site
Overmundo. Após o texto ficar disponível para outro usuário editá-lo, é automaticamente
encaminhado para a fila de votação. Lá deve atingir o mínimo de overpontos estabelecido
pelas regras da plataforma para ocupar espaço de destaque na página inicial.

Mínimo de caracteres – Alguns sistemas não aceitam textos com número de caracteres
ilimitados. O Jornal do Brasil exige que os textos tenham de 2.700 a 3.300 caracteres,
enquanto no Overmundo esta regra não existe.

Mínimo de pontos – Para alcançar espaço de destaque na página inicial é necessário atingir o
mínimo de 80 pontos.




   4.2. Gráficos estatísticos de prevalência das situações estudadas
35



      Ilustração 4.2.1. – Gráficos de Frequência de publicação colaborativa nos sites Jornal do Brasil
                 (Leitor Repórter) e Overmundo (seção Overblog – edição colaborativa).3




    Ilustração 4.2.2. – Gráfico de acesso (pageviews e visitas) nos sites Jornal do Brasil e Overmundo4




3
    Fonte: Elaboração da autora.
4
    Fonte: Elaboração da autora.
36



    Ilustração 4.2.3. – Gráficos de Respostas de enquetes realizadas em redes sociais com colaboradores
                                 (baseado na enquete feita com internautas).



                           Ilustração 4.2.3.1. – Gráficos de perguntas sobre arquivos. 5




                          Ilustração 4.2.3.2. – Gráficos de perguntas sobre frequência. 6




5
    Fonte: Elaboração da autora
6
    Fonte: Elaboração da autora
37



                         Ilustração 4.2.3.3. – Gráficos de perguntas sobre tipo de notícia. 7




                       Ilustração 4.2.4. – Marcação de veículos pelos colaboradores 8




7
    Fonte: Elaboração da autora.
8
    Fonte: Elaboração da autora.
38



                  Ilustração 4.2.5. – Perfil do usuário Overmundo nos textos selecionados 9




                                    Ilustração 4.2.6. – Frequência de submissão10




      4.3. Tabela comparativa conforme parâmetros de aferição


     Instrumento
                            Jornal do Brasil                         Overmundo
     colaborativo

                            SIM          Obs.: Ocorre quando o       SIM
                                                                               Obs.: Nunca ocorre
     Apuração                            texto demonstra falhas
                            NÃO                                                apuração.
                                         de relato graves.           NÃO


                            SIM                                      SIM
     Comentários                         São permitidos.                       São permitidos.
                            NÃO                                      NÃO



9
    Fonte: Elaboração da autora.
10
     Fonte: Elaboração da autora.
39



                  SIM                             SIM
Correção                Não ocorre.                     Não Ocorre.
Gramatical        NÃO                             NÃO

                  SIM                             SIM
Correção                Não Ocorre.                     Não Ocorre.
Ortográfica       NÃO                             NÃO

                  SIM   É permitido enviar foto   SIM
                                                        Podem ser inseridas nos
Envio de foto           apenas ou inseri-la nos
                  NÃO                             NÃO   textos, nunca sozinhas.
                        texto.

                  SIM                             SIM
Envio de texto          É permitido.                    É permitido.
                  NÃO                             NÃO

                  SIM                             SIM   É permitido, sempre
Envio de vídeo                                          junto aos textos.
                  NÃO                             NÃO

                  SIM   Arquivos ficam            SIM   O texto submetido fica
                        organizados por data            por 48 horas para receber
Fila de Edição          para aprovação e                sugestões e correções por
                  NÃO                             NÃO
                        publicação.                     meio de comentários.

                  SIM                             SIM   O texto submetido fica
                                                        por 48 horas para receber
                        Não existe este
Fila de Votação                                         votos dos leitores, para
                  NÃO   instrumento.              NÃO   votar é preciso ser
                                                        cadastrado.

                  SIM                             SIM   Não é exigido mínimo de
Mínimo de               2.700 a 3.300
caracteres        NÃO                                   caracteres.
                                                  NÃO

                  SIM                             SIM   É necessário atingir o

Mínimo de                                               mínimo de 80 pontos
                        Não existe.
pontos                                            NÃO   para obter destaque na
                  NÃO
                                                        pagina inicial.
40



   4.4. Análise crítica e comentários sobre exemplos significativos do corpus


       4.4.1. Seleção de período e textos de amostragem


Acidente com capotamento, em Santa Rosa, Niterói

Leitor Repórter - 11/07/2011 às 20h39 - Cesar Coelho Cunha




       Eram cerca de 19:10 do dia 11 de julho, quando dois carros colidiram no cruzamento
das ruas Gen. Pereira da Silva e Santos Dumont, entre Santa Rosa e Icaraí, Niterói.

       Um dos veículos ignorou o risco de cruzamento e bateu com o que entrava na Pereira
da Silva.

       A batida foi forte o suficiente para fazer um deles capotar. Ninguém ficou ferido, pois
os motoristas e passageiros usavam cintos e, por sorte, não houve também envolvimento de
transeuntes, já que o outro veículo subiu na calçada, havendo grande movimento de
estudantes na região. O atendimento dos bombeiros foi imediato, ficando o local sob vigília
policial, com cordão de isolamento para os serviços periciais.




Análise:

       O fato descrito no texto acima pode ser considerado notícia, porém devido às
circunstâncias não ganha muito destaque como fato. Não houve feridos, o atendimento foi
imediato, os motoristas e passageiros seguiam as regras de segurança quanto ao uso do cinto
de segurança. É claro que não é correto olhar para isso com banalidade.

       O texto não tem características como o lead. É bem direto, por isso não conta muitos
detalhes. É nítido o tom de indignação. Provavelmente trata-se de um morador do bairro
indignado com a imprudência dos motoristas.

       O Jornal do Brasil não tem regras para publicação, apenas que os textos tenham 3.300
caracteres. O leitor repórter também conseguiu fotografar o local do acidente. Este tipo de
situação é muito bem-vindo na redação do Jornal do Brasil, como disse Paulo Marcio Vaz seu
41



editor. Ele relatou que o que acontece muitas vezes é não haver repórter suficiente para cobrir
notícias factuais.




Clima de insegurança no Centro do Rio assusta pedestres

Leitor Repórter - 11/07/2011 às 14h37 - Dione David de Carvalho




       Meu nome é Dione, sou assessora do Desembargador Alexandre Câmara e, ao sair do
Tribunal, na última sexta-feira, às 19h, estava em frente à Igreja São José, no Centro, quando
apareceram mais de dez crianças e adolescentes, nitidamente com o propósito de cometer
furtos e roubos, já que passavam entre os grupos de pessoas de forma rápida e observadora.

       Uma amiga e eu avistamos o grupo, esperamos, mas um deles, muito pequeno, deu a
volta por trás de mim e arrancou meu cordão.

       Eu sei que isso acontece no Centro a todo momento, mas não poderia deixar de
registrar minha resignação, já que estamos em total abandono. Não é possível que nenhum
policial tenha visto aquele grupo de menores rondando pelo bairro! Simplesmente não temos a
quem recorrer.

       Não tinha policiamento por perto, e logo na hora que a maioria das pessoas está saindo
do trabalho. As pessoas simplesmente ficaram correndo, tentando se proteger da forma que
podiam, segurando seus pertences, e isso numa rua muito movimentada.

       Depois do assalto, indo para a estação das barcas, nos deparamos, nas escadarias da
Alerj, com um grupo de adultos, todos com garrafas na mão. Um deles avistou uma moça e já
se preparava para assaltá-la quando um homem que estava próximo gritou para que ela
tomasse cuidado e o sujeito retornou.

       Não tem para quem pedir socorro, além de o local estar muito mal iluminado. Não sei
se caberia ao Tribunal fazer a segurança do local, mas que se tentasse junto à policia maior
segurança.

       É o segundo assalto que sofro esse ano. O primeiro foi às 18h em frente ao antigo
prédio da PGE. Pelo amor de Deus! Não posso ter de andar por menos de dez minutos entre o
42



trabalho e as barcas, morrendo de medo de ser abordada e segurando minha bolsa do jeito que
posso, e quase correndo pela rua. É um apelo que faço. O policial que fica próximo às barcas
diz que trabalha sozinho por ali! É inconcebível ficarmos nesse abandono!




Análise:

       A questão abordada é muito relevante e, pelo relato, fica claro que é necessário trazer
este problema mais visível para o governo e autoridades responsáveis. A maneira como o
texto foi relatado, desde o início, nota-se que não é um texto jornalístico. Sim um texto de
uma cidadã comum reivindicando seu direito de ir e vir com segurança pelas vias públicas da
cidade do Rio de Janeiro.

       Quanto às regras, não extrapola os 3.300 caracteres e contém vários erros de
ortografia, que o Jornal não se responsabiliza, mantendo os erros ao publicá-los. Não contém
imagem.




Alunos de jornalismo lançam documentário 'Narradores do Açú'

Leitor Repórter - 15/07/2011 às 19h24 - Autor: Alunos da Faculdade de Filosofia de Campos

       Um documentário feito por alunos de jornalismo da Faculdade de Filosofia de Campos
mostra a vida dos moradores de São João da Barra que tiveram suas casas desapropriadas para
construção do Complexo Portuário do Açú, do empresário Eike Batista.

       O documentário é narrado pelos próprios moradores que foram forçados a deixar suas
casas e histórias para trás sem nenhuma garantia de vida melhor. O vídeo já foi comentado em
diversos sites e blogs da região e já teve mais de 240 visualizações em apenas 1 dia de
postagem no youtube.

"Narradores do Açú" http://www.youtube.com/watch?v=RA9h2AKGlSc

Confiram, pois muitos já se emocionaram com os depoimentos.

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•      Comentários: 1 comentário
43



Aline Machado, Campos dos Goytacazes 22/07/11 13:15

É um documentário realmente incrível e mostra com clareza a realidade daqueles moradores
do 5° Distrito de São João da Barra. Realmente vale a pena conferir o vídeo e se emocionar
com os depoimentos.




Análise:

       Sem dúvida é uma iniciativa interessante do ponto de vista social, histórico e até
mesmo jornalístico. Poderíamos pensar que é um release, um texto de assessoria de imprensa.
Vale mais como uma nota do trabalho realizado por um grupo de estudantes do que uma
notícia propriamente dita.

       Contém poucos erros de acentuação e ortografia, por outro lado também não excede o
limite de caracteres proposto pelo veículo. Utiliza elementos do jornalismo online,
disponibilizando link para assistir o vídeo. Ocorreu interação através de comentário. Outro
ponto valorizado pelos editores é o envio de fotos. Este texto assim como os outros contém
foto enviada pelo leitor.




Pavuna: Moradores intrigados com obra da prefeitura

Leitor Repórter - 17/07/2011 às 09h53 - Autor: Alberto Martins




       A comunidade do conjunto residencial Engenheiro Rubens Paiva no bairro da Pavuna,
Zona Norte do Rio, onde está localizada a penúltima estação do metrô da linha 2, está
assistindo com tristeza ao início das obras para construção de uma creche que acabará com o
seu maior espaço para a prática de futebol.

       O mais estranho é que a comunidade não entende por que construir uma creche a
menos de 180 metros de uma outra em funcionamento, e numa região onde existem pelo
menos outras três creches num raio de 500 metros.

       A área escolhida para a obra pertence aos proprietários das unidades habitacionais, e
não ao estado ou a prefeitura, e foi o que “sobrou” no entorno do conjunto após a implantação
44



do Pólo Industrial da Pavuna, empreendimento muito bem vindo à região, embora tenha
eliminado os últimos espaços livres para a prática de futebol em campos de dimensões como o
que ora vai desaparecer.

       Embora a comunidade tenha feito contato com as autoridades sobre a possibilidade de
manterem a área como está - e que existe há mais de 40 anos - e terem se colocado à
disposição para encontrar outras formas de ocupar o espaço com serviços públicos das quais a
região carece, não lograram serem ouvidos.




Análise:

       Como Paulo Marcio Vaz, do Jornal do Brasil havia alertado, e a autora desta pesquisa
já havia observado nas publicações da seção Leitor Repórter, este texto é mais um depoimento
sobre situações que são relevantes apenas à comunidade específica de um bairro ou região da
cidade. Uma denúncia importante, porém, sem dados oficiais que comprovem o descaso com
as reais necessidades da população. O texto é um pouco confuso, com orações muita extensas,
mas acaba cumprindo a função de alertar sobre um problema.

       O colaborador enviou texto com fotografia, porém não houve mais repercussão do
assunto nos dias seguintes no site.



       4.4.2. Overmundo – Seção Overblog – período de amostragem 12 a 19 de julho
            de 2011


Sobre a Semana Cultural BR x DE – SiebenGiebelHof

Tony Teófilo• Salvador, BA 14/7/2011 •1•0

       Em poucas linhas é impossível descrever por completo a participação na Semana
Cultural Brasil-Alemanha SiebenGiebelHof, em Drenkow, Parchim, na Alemanha
(www.semanacultural.de).

       A comitiva brasileira de dez representantes da Companhia Rheluz e do Núcleo Pensar
Filmes (BA) (www.pensarfilmes.com) foi muito bem recebida e auxiliada durante os vinte dias
da viagem, que teve uma programação mista, com tour em diferentes cidades, museus e
45



história política, além de aulas de introdução à língua alemã até a Semana Cultural
propriamente dita.

       SiebenGiebelHof é uma pequena fazenda localizada entre Berlim e Hamburgo que se
dedica à produção de derivados do leite, como queijos, iogurte e quarker e fazem pães
selecionados e salsichões. (www.siebengiebelhof.de)

       A Semana Cultural foi realizada ao fiel estilo woodstock, no meio da fazenda rodeada
de barracas de camping dos participantes que chegaram de toda parte da Alemanha. Cerca de
cinqüenta pessoas de todas as gerações, mas, com predominância de moças e rapazes entre 15
e 25 anos de idade. Nós, brasileiros, também ajudávamos em tudo. Na montagem das
instalações, na preparação das salas dos workshops, na montagem das barracas dos
participantes que chegavam, e ainda fizemos a preparação do palco a céu aberto. Nossas
refeições coletivas aconteciam no Café 7, no meio da fazenda, onde acontecem
concertos/shows esporadicamente e onde fazíamos o nosso happy hour. Houve as oficinas de
Teatro de Improvisação, com Chady Seubert (www.chadyseubert.de); de Forumtheater, com
Mirella Galbiatti e Aki Krishnamurthy (Buenos Aires x Berlim); da técnica de canto
Obertonesang,    com    Jan    Heinke    (www.overtone.cc/profile/janheinke);   de   Música
Experimental, com Andreas Delor (www.andreas-delor.com); de Dança Moderna, com
Simone Erbeck (Munique); de Grafite/Hip Hop, com Benson & Mardy (Berlim); e percussão
indiana de Tabla, com Debasish Bhattacharjee (Índia).

       A comunicação entre os participantes durante as oficinas não era tão simples. As
pessoas utilizavam a língua que melhor lhe servia alemão, português, espanhol, inglesa. Mas,
acabavam sempre se entendendo, e teve o esforço e exercício de cada um em aprender um
pouco da língua do outro, sobretudo, alemão x português, como haveria de ser.

       Eu participei do workshop Obertonesang, que é uma técnica impressionante de
(re)conhecimento de possibilidades de canto utilizando “apenas” a língua. E fiz ainda o
worksohop de Música Experimental onde tocamos instrumentos de grande efeito sonoro com
“madeira, pedras, Luri, rombos, flautas simples, gongos, barras de ferro forjado, simples
instrumentos de cordas, etc - instrumentos para a paisagem (ex: Steine, Luren,
Schwirrhölzer)”. É fundamentalmente música do tipo para meditação e exige muita imersão,
abstração e improvisação. Preparamos dois concertos: 1) apresentação para o final da Semana
Cultural iniciada com meditação e intercalada como o que chamaram de south america music;
e, 2) fizemos uma espécie de cerimônia dentro da floresta para as pessoas que morreram
46



naquele lugar, só com os músicos aprendizes. Fui o único brasileiro nesta oficina e o
professor-maestro Andreas Delor falava pouco inglês e não entendia nada em português, mas,
fui bem auxiliado pelo inglês de meus colegas.

         Além das oficinas e apresentação pública do resultado destas, houve alguns shows
durante a Semana de atrações como o grupo de rock Sherbet Kontrabass que toca as músicas
de cunho político da antiga banda alemã Ton Steine Scherben, o grupo de inglesas Oh My
Darling (www.ohmydarling.ca) que tocam country apenas com instrumentos de corda, e a
Banda Tropical de Hamburgo (www.tropis-hh.net) que fez show com músicas brasileiras do
forró ao samba. Nós, brasileiros, em homenagem ao período junino, apresentamos uma típica
quadrilha junina na abertura da Semana Cultural que envolveu pouco a pouco os alemães na
dança.

         O realizador do evento e intercâmbio, Jorge Grigat, que nos convidou e abrigou o
nosso grupo de brasileiros, dizia que, além da possibilidade de compartilhar culturas
diferentes que tem desafios sociais semelhantes, propõe uma reflexão sobre a dificuldade
ainda de envolver jovens em projetos culturais como esse.

         O Núcleo Pensar Filmes cobriu o intercâmbio e está preparando um documentário
sobre a participação brasileira. A nossa ida para a Semana Cultural SiebenGiebelHof contou
ainda com o apoio da Secretaria Estadual de Cultura da Bahia e do Instituto de Radiodifusão
do Estado da Bahia – IRDEB.




Análise:

         O texto lembra muito um relato de blogueiro, que conta uma experiência e às vezes
perde o foco com impressões pessoais e menos descrições sobre os fatos vividos durante a
Semana Cultural BR na Alemanha.

         A Companhia Rheluz e o Núcleo Pensar são agentes da Rede Pintadas, uma rede de
associações religiosas, sociais artísticas que fomentam o desenvolvimento sustentável de sua
cidade foram para Alemanha representar a cultura brasileira em um evento sobre o tema. A
primeira é um grupo de teatro, o segundo é um ponto de cultura, ligados a Rede Pintadas que
faz parte do Programa Pintadas. Nada disso consta no texto. A autora desta pesquisa realizou
47



um levantamento para checar a cobertura citada no texto e o que fazem estes representantes.
Também não foi encontrada nenhuma notícia que desse continuidade a referida cobertura.

       O assunto é relevante no sentido de poder se tornar uma notícia, mas da forma como
foi escrito não pode ser considerado jornalístico. Não há nenhuma característica adequada a
este tipo de texto.

       As filas de edição e votação não tiveram comentários. Vale lembrar que existe a
possibilidade de publicar conteúdo diretamente, ou seja, é uma opção do colaborador.

       Considerando a votação, não atingiu os pontos necessários para ter destaque na página
inicial do site Overmundo.




Audiência Pública sobre o AI-5 Digital

Pontão Ganesha • Florianópolis, SC - 13/7/2011

       As polêmicas que rondam o Projeto de Lei 84/99 – conhecido como AI-5 Digital, não
são recentes. Em 2008, quando ainda era senador por Minas Gerais, Eduardo Azeredo foi
relator e defensor do PL, que começava sua trajetória pela Câmara e Senado. Já naquela
época, o texto provocou agitação e desconfiança, ao propor maior controle e punições severas
– consideradas severas demais, na verdade – aos “crimes da internet”.

       E as polêmicas continuam. O mesmo Azeredo, hoje cumprindo mandato como
deputado, aproveitou as ações que em junho tiraram do ar algumas páginas do governo, e
reapresentou o projeto à Câmara.

       Não é segredo que o governo federal está empenhado em aprovar, rapidamente, uma
lei que permita punir os crimes na internet, e a nova proposta de Azeredo traz algumas
mudanças em relação ao texto original, mas não o suficiente para contentar os que se
posicionam de forma contrária à sua aprovação.

       Em entrevista concedida ao portal Rede Brasil Atual, João Carlos Caribé, reconhecido
oponente da proposta, foi enfático: “O projeto não melhorou a ponto de se tornar aceitável. A
essência da matéria continua a mesma e há questões problemáticas, que pouco ajudariam no
combate a crimes. A questão mais polêmica é a guarda dos logs (os dados de endereçamento
eletrônico da origem, hora, data e a referência GMT da conexão) por três anos. Isto é um
48



absurdo, acarreta um custo significativo e serve de alerta para o criminoso se prevenir,
dificultando uma eventual investigação”, explica Caribé.

       Em palestra no FISL12, o sociólogo Sérgio Amadeu lembrou que se a internet é uma
rede de comunicação, é, também, uma rede de controle, já que para acessar uma página pela
rede, a máquina de qualquer usuário precisa ser reconhecida na rede. “Entretanto, essa rede de
controle foi pensada para não ser uma rede de controle político-cultural e pessoal. Por isso ela
não exige que as pessoas se identifiquem. O anonimato é a garantia da liberdade, da não-
vigilância, da defesa da privacidade e dos direitos fundamentais do indivíduo”, explicou. E,
caso surja a pergunta: “Mas e os ilegais?”, a resposta de Amadeu está na ponta da língua:
“Ora, os ilegais devem ser perseguidos com ordem judicial, inclusive. Como acontece na vida
fora da internet”, acrescenta.




O FUTURO DO AI-5 DIGITAL

       A votação aconteceria no dia 29 de junho (primeiro dia do FISL12), mas a Comissão
de Ciência e Tecnologia propôs um adiamento até 10 de agosto, depois, portanto, do recesso
parlamentar que ocorre no meio do ano. O objetivo é aprofundar o debate através de uma
audiência pública, agendada para quarta-feira, dia 13 de julho, a partir das 9h30. É mais um
capítulo nessa confusa história, mas desta vez o público poderá acompanhar, em tempo real, e
participar da discussão por meio de chat ou Twitter, enviando sugestões, perguntas e críticas
aos deputados.

       Para participar, os interessados devem efetuar cadastro no site e-Democracia. As
discussões prometem ser polêmicas.

       O debate foi proposto pelos deputados Sandro Alex (PPS-PR), Emiliano José (PT-
BA), Fernando Francischini (PSDB-PR) e Manuela d’Ávila (PCdoB-RS), e tem como
convidados:

- Sérgio Amadeu da Silveira, sociólogo e professor o professor da Universidade Federal do
ABC;

- Guilherme Varella, advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec);
49



- Carlos Affonso Pereira Souza, professor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio
Vargas (FGV);

- Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da FGV;

- Marcos Vinícius Ferreira Mazoni , presidente do Serviço Federal de Processamento de
Dados (Serpro);

- Demétrius Gonzaga de Oliveira, chefe do Núcleo de Combate aos Cibercrimes;

- Vanessa Fusco Nogueira Simões, coordenadora da Promotoria de Combate aos Crimes
Cibernéticos do Ministério Público de Minas Gerais,;

- Carlos Eduardo Miguel Sobral, chefe da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da
Polícia Federal;

- Patrícia Peck Pinheiro, advogada;

- Marcelo Lau , diretor-executivo da Data Security;

- Fábio Furtado Ramos, diretor da Axur Information Security;

- Fernando Botelho, desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais;

- Demi Getschko, conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil;

- Raphael Mandarino Junior, chefe do Departamento de Segurança da Informação e
Comunicações do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

- Roberto Mayer, vice-presidente de Relações Públicas da Associação das Empresas
Brasileiras de Tecnologia da Informação;

- Antonio Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e
Tecnologia da Informação de São Paulo.




Análise:

       Texto publicado originalmente no site do Pontão de Cultura Digital Ganesha, no
endereço: http://www.ganesha.org.br/index.php?mod=pagina&id=12087
50



       Aqui neste exemplo encontramos uma notícia. O autor preocupou-se em realizar uma
pesquisa, conversar com pessoas envolvidas na questão de aprovação do projeto de lei, para
trazer um histórico deste projeto que já está em tramitação por no mínimo 12 anos.

       Segundo a proposta de estar na edição colaborativa, não houve manifestações via
comentários. Alcançou também um voto apenas e se mantém no banco de colaboração no
perfil do autor.




WILLIAM BLANCO DE ABRUNHOSA TRINDADE, GRANDE BILLY

Abílio Neto • Recife, PE 12/7/2011

       Aos 87 anos, o Billy Blanco disse adeus nesse 08/07 próximo passado. A música
brasileira fica mais pobre. Nascido em Belém/PA em 08/06/24 é mais um da década de 20 que
vai embora. Compositor, poeta e violonista, começou a vida artística fazendo parte do
conjunto "Os Gaviões do Samba" que se apresentava no Cassino Marajó em Belém.

       Mudou-se para São Paulo em 1946 para estudar arquitetura na Mackenzie, mas
diplomou-se como arquiteto em 1950 pela então Universidade do Rio de Janeiro.

       Sua ida para o Rio lhe proporcionou gravar as primeiras músicas, o que não tinha
conseguido em São Paulo. Daí por diante, freqüentando o meio musical, conheceu Dolores
Duran que o apresentou aos vários cartazes da década de 50, como Lúcio Alves, Dick Farney,
Silvio Caldas, Isaura Garcia, Elizete Cardoso, Radamés Gnattalli, João Gilberto e a dois
compositores famosos – Armando Cavalcanti e Klécius Caldas, oficiais do Exército, que
muito o ajudaram lançando Billy Blanco no mercado musical.

       Exerceu a profissão de arquiteto paralelamente à vida artística como compositor,
instrumentista e cantor. Estou teoria e harmonia musical com Aída Gnatalli e depois com
Célia Vaz. Foi amigo de todos os bambas da música brasileira, em especial de Radamés e
Tom.

       Na década de 50 já fez muito sucesso compondo Prece de um Sambista, Estatutos da
Gafieira, Teresa da Praia (com Tom),Esse Rio que Eu Amo,Mocinho Bonito,Lágrima
Flor,Viva Meu Samba, A Banca do Distinto,Pistom de Gafieira,Camelô e Samba Triste (com
51



Baden). Teve mais de 300 músicas gravadas.Sua grande influência foi Noel Rosa e Vadico. É
um nome que está acima de qualquer rótulo musical.

       Ao chegar no quarto ano de arquitetura da Universidade do Brasil,Billy ficou sabendo
que deveria estar ali como colega de turma, um rapaz que também era compositor chamado
Antonio Carlos Jobim, que havia trancado a matrícula ainda no primeiro ano.

       Naquele tempo Jobim pediu ao padrasto – Dr. Celso Frota Pessoa – que alugasse um
piano para ele, no que foi atendido, quando iniciou a carreira de um dos mais consagrados
músicos e compositores do Brasil. Billy perguntou onde encontraria o ex-colega (quase). Tom
tocava na noite no bar Posto Cinco que ficava na Av. Atlântica e foi lá conhecê-lo. Tom e
Billy tornaram-se parceiros em várias canções. Freqüentavam, com Radamés e Garoto, no
Morro da Viúva, a casa do Dr. Raul Marques de Azevedo que possuía o primeiro aparelho de
alta fidelidade da cidade e a quem Tom apelidou de “Seu Vitrola”.

       Billy era um cronista musical: falava de amor, desilusão ou exaltava as belas coisas da
vida ou das cidades onde viveu. Nada escapava ao que o rodeava ou tinha conhecimento
como por exemplo a construção de Brasília. Era um profeta musical porque a sua música
"Não Vou Pra Brasília" é um retrato fiel do que ocorre hoje na capital do Brasil: lugar de
"ganhar" grana!

       Esta música que foi gravada em 1957 pelo conjunto "Os Cariocas" chegou a ser
censurada no governo democrático de Juscelino Kubitscheck. Ela revela todo humor e
irreverência que Billy imprimia em algumas de suas composições.

       Em 1996, Billy gravou esta música ao vivo no Vinícius Bar, no Rio de Janeiro, com o
luxuoso acompanhamento do violão de Célia Vaz. Saiu no CD chamado "Billy Blanco
Informal". É uma raridade. Então, curtam Billy Blanco cantando, aos 72 anos, de sua autoria,
o samba NÃO VOU PRA BRASÍLIA. Espero que gostem.

       Boa audição!




Análise:

       Seguindo o critério “notícia” o texto tem o apelo da morte de um sambista que fez
parcerias com grandes nomes da música brasileira, como Tom Jobim e Dolores Duran. Como
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As redes sociais e os novos fluxos de agendamento: uma análise da cobertuda d...
 

Análise da participação do público na produção de notícias

  • 1. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA – UNIARA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO SARAH MASCARENHAS PRÁTICAS DO JORNALISMO COLABORATIVO: Análise comparativa no processo de produção da notícia no Jornal do Brasil e no site Overmundo ARARAQUARA 2011
  • 2. SARAH MASCARENHAS PRÁTICAS DO JORNALISMO COLABORATIVO: Análise comparativa no processo de produção da notícia no Jornal do Brasil e no site Overmundo Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário de Araraquara como requisito para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo sob orientação do Prof. Dr. Francisco Belda. ARARAQUARA 2011
  • 3. Sarah Mascarenhas PRÁTICAS DO JORNALISMO COLABORATIVO: ANÁLISE COMPARATIVA DO PROCESSO DE INTERAÇÃO NA PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS NO “JORNAL DO BRASIL” E NO SITE “OVERMUNDO”- como ocorre o processo de produção da notícia no jornalismo colaborativo considerando o conceito de web 2.0. /Sarah Mascarenhas, Araraquara, 2011, 117 p. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Centro Universitário de Araraquara/UNIARA. Área de Concentração: Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo Orientador: Francisco Belda 1. Jornalismo. 2. Colaboratividade. 3. Produção de notícia. 4. Ciberespaço.
  • 4. TERMO DE APROVAÇÃO SARAH MASCARENHAS PRÁTICAS DO JORNALISMO COLABORATIVO: ANÁLISE COMPARATIVA DO PROCESSO DE INTERAÇÂO NA PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS NO “JORNAL DO BRASIL” E NO SITE “OVERMUNDO” MONOGRAFIA PARA CONCLUSÃO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIARA Comissão Julgadora Presidente e Orientador ...................................................... 2º Examinador .................................................................... 3º Examinador .................................................................... Araraquara, ___ de ____ de 2011.
  • 5. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho com imenso sentimento de gratidão primeiramente à minha avó Yvonne Primerano Mascarenhas, que me proporcionou a oportunidade de realizar o sonho de estudar Jornalismo; À memória de meus pais Sylvio e Helena, que me deram a vida; À meus irmãos Caleb, Maria e Priscila, companheiros para todas as horas; E, finalmente dedico este trabalho à minha filha Letícia, que sempre me dá amor.
  • 6. AGRADECIMENTOS Agradeço profundamente toda minha família, em especial à minha filha, seu pai Sidney, tia Yvone, tia Mônica, tia Rosa, vó Marucha, Benê, Rute, Cris, Célia, Bete, Cida, Rosana, Laise, Karina, Sr. Sidney (vô) e todas as pessoas que ao longo destes quatro anos cuidaram da pequena Letícia para que eu concluísse este curso. Obrigada.
  • 7. “Tudo indica que o êxito do processo de produção colaborativa de informações depende da capacidade do projeto conquistar a adesão dos participantes mais do que de financiamentos e receitas, segundo Jeff Jarvis, o organizador do workshop em Nova Iorque.” (Carlos Castilho, 2011)
  • 8. MASCARENHAS, S. Práticas do Jornalismo Colaborativo: Análise comparativa no processo de produção da notícia no Jornal do Brasil e no site Overmundo. Trabalho de conclusão do curso em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo do Centro Universitário de Araraquara – UNIARA, 2011. RESUMO: Esta monografia tem como meta estudar como acontece a participação de internautas no processo de produção de notícias no jornalismo online, considerando o novo modelo da web 2.0, que valoriza a interação com o usuário, privilegiando a colaboratividade entre os emissores de notícia e seus receptores. Os veículos analisados foram o Jornal do Brasil e o site Overmundo. Como funcionam estas colaborações, e a partir de quais critérios ocorrem publicações de usuário/leitor? Qual é o papel do jornalista no contexto onde a informação é levada de todos para todos e por todos? Quais relações se estabelecem entre leitor e jornalistas? Essas são algumas das questões que o trabalho procurar esclarecer. Palavras-chave: Jornalismo colaborativo; Jornal do Brasil; Overmundo.
  • 9. MASCARENHAS, S. Collaborative Practice of Journalism: Comparative analysis in the process of news production in the Jornal do Brazil and Overmundo site. Final Examination in course of Social Communication - Journalism at the University Center of Araraquara - UNIARA, 2011. ABSTRACT: This monograph aims to study how the participation of Internet users happens in the process of news production in on line journalism, considering the new model of Web 2.0, which values the interaction with the user, focusing on collaboratively between news outlets and their receptors. Vehicles are analyzed Jornal do Brasil and Overmundo site. How do these collaborations, the criteria which occur from the publications of user/reader? What is the role of journalists in the context where information is taken from everyone for all and for all? What relationships are established between reader and journalists? These are some of the questions seek to clarify the work? Keywords: Citizen journalism; Jornal do Brasil; Overmundo.
  • 10. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 4.2.1. – Gráficos de Frequência de publicação colaborativa nos sites Jornal do Brasil (Leitor Repórter) e Overmundo (seção Overblog – edição colaborativa). .................... 35 Ilustração 4.2.2. – Gráfico de acesso (pageviews e visitas) nos sites Jornal do Brasil e Overmundo ............................................................................................................................... 35 Ilustração 4.2.3. – Gráficos de Respostas de enquetes realizadas em redes sociais com colaboradores (baseado na enquete feita com internautas). ..................................................... 36 Ilustração 4.2.3.1. – Gráficos de perguntas sobre arquivos. ................................................. 36 Ilustração 4.2.3.2. – Gráficos de perguntas sobre frequência. .............................................. 36 Ilustração 4.2.3.3. – Gráficos de perguntas sobre tipo de notícia. ........................................ 37 Ilustração 4.2.4. – Marcação de veículos pelos colaboradores ................................................. 37 Ilustração 4.2.5. – Perfil do usuário Overmundo nos textos selecionados ............................... 38 Ilustração 4.2.6. – Frequência de submissão ............................................................................ 38
  • 11. SUMÁRIO RESUMO: .................................................................................................................................. 8 ABSTRACT: .............................................................................................................................. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................... 10 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11 1.1.Apresentação da Pesquisa............................................................................................... 11 1.2.Problematização da pesquisa .......................................................................................... 13 1.3.Justificativa do estudo .................................................................................................... 15 1.4.Objetivos......................................................................................................................... 16 1.5.Método de pesquisa ........................................................................................................ 17 1.5.1. Corpus de pesquisa ................................................................................................ 20 a) Overmundo ............................................................................................................. 20 b) Jornal do Brasil ...................................................................................................... 22 1.5.2. Seleção de período e textos de amostragem ........................................................... 23 1.5.3. Forma de organização dos resultados..................................................................... 23 2. A COMPOSIÇÃO DA NOTÍCIA NO JORNALISMO COLABORATIVO DIGITAL . 26 2.1.Conceitos e teorias de referência .................................................................................... 26 2.2.Novas formas de interação e colaboração ...................................................................... 27 3. RELATO DA PESQUISA ............................................................................................... 31 3.1.Detalhamento dos processos de coleta de dados ............................................................ 31 4. DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................... 34 4.1.Mapeamento dos instrumentos de colaboração .............................................................. 34 4.2.Gráficos estatísticos de prevalência das situações estudadas ......................................... 34 4.3.Tabela comparativa conforme parâmetros de aferição ................................................... 38 4.4.Análise crítica e comentários sobre exemplos significativos do corpus ........................ 40 4.4.1. Seleção de período e textos de amostragem ........................................................... 40 4.4.2. Overmundo – Seção Overblog ............................................................................... 44 5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................ 62 6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 63 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 64 8. ANEXOS .......................................................................................................................... 67 8.1. Relatórios de e-mails de contato .................................................................................... 67 8.2.Transcrição das entrevistas realizadas ............................................................................ 72 8.2.Fac simile de corpus de pesquisas .................................................................................. 95 8.3 Apêndices ..................................................................................................................... 107
  • 12. 11 1. INTRODUÇÃO 1.1. Apresentação da Pesquisa Este trabalho propõe um estudo sobre novas tendências do jornalismo na internet a partir da análise comparativa do processo de produção de notícias em dois veículos: o Jornal do Brasil e a plataforma Overmundo. Com isso, busca-se contribuir para a compreensão do que hoje é conhecido por jornalismo colaborativo, identificando suas características principais, o modo como o jornalista profissional interfere na elaboração da notícia e também de que maneira o usuário pode contribuir nesse processo. A colaboração de leitores na produção de conteúdo noticioso tem se tornado uma prática cada vez mais comum, principalmente quando se trata do envio de imagens, seja em vídeo ou foto, para as redações, colaborando com a construção da reportagem que será publicada. De alguns anos para cá, foi possível identificar em inúmeros portais de conteúdo a preocupação em estabelecer uma conexão maior com o internauta, abrindo espaços para que ele colabore com o conteúdo publicado. A maior parte destes espaços do leitor tem nomes bem óbvios como Espaço do Leitor, Leitor Repórter e Eu repórter. Porém, o que acontece é uma tentativa de manter o internauta navegando no portal. Para se entender a emergência do jornalismo colaborativo, é necessária uma contextualização sobre como o surgimento e o desenvolvimento da internet influenciou a forma de se produzir notícias, facilitando a busca por conteúdos, aproximando contatos e fontes de informação até então distantes, agilizando a dinâmica do processo jornalístico através de uma comunicação instantânea e global, diversificando os meios de interatividade com o leitor, permitindo atualizações constantes de conteúdo, entre várias outras formas de inovação. No Brasil, as primeiras experiências com a Internet foram feitas em 1991, sob administração da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Como nos EUA, a rede havia sido inserida a priori nas universidades, pareceu natural aos gestores da época que sua expansão devesse acontecer através das redes de pesquisa já existentes. É importante ressaltar que, desde seu surgimento, a internet já demonstrava potencial como um
  • 13. 12 espaço democrático de comunicação, sem que houvesse um proprietário. Ou seja, um meio de comunicação que existisse para todos, que fosse ocupado por todos e cuja manutenção também dependesse de todos, e não de uma empresa ou um governo. Em 1994 as atividades comerciais já começam a surgir na web e, a partir de 1995, suas atividades passaram a ser gerenciadas pelo Comitê Gestor da Internet (CGI), criado pelos Ministérios das Comunicações (MiniCom) e da Ciência e Tecnologia (MCT) para ser o responsável por gerenciar a utilização dos domínios - endereços eletrônicos para alocação de conteúdo na rede. Na medida em que a rede passou a ser mais acessível à população brasileira, ela passou a ser também um elemento provocador de transformações sociais. A possibilidade de constituir-se, em tese, como uma fonte infinita de informação faz da internet um meio de comunicação diferenciado. Há pelo menos dez anos, alguns autores já alertavam para a necessidade de se cuidar de efeitos indesejados de um possível crescimento descontrolado da rede. Segundo Faggion (2001, p. 1), a internet “é uma fonte quase inesgotável de conhecimento e pesquisa, [que] experimenta a expansão em alta velocidade, de maneira desordenada”. Ferrari (2003), Lemos (2003), Brambilla (2010) e outros pesquisadores concordam que a forma de utilização desta nova ferramenta de conexão entre as pessoas estava sendo mal aproveitada. Era preciso ir além de ser uma ferramenta agregadora de conteúdo, pois o usuário passou a ter opção de criar um caminho de acesso direto à informação de seu interesse. A potencialidade de alcance e abrangência levava a um cenário propício para grandes transformações na forma de se produzir e difundir o conteúdo noticioso. O avanço tecnológico cada vez mais acelerado trouxe, no início do novo milênio, o conceito de Web 2.0, um novo estágio de desenvolvimento da rede, no qual ferramentas de autoração e edição passam a ser disponibilizadas e utilizadas online, tornando a participação do internauta cada vez mais ativa e difundida. Conforme define Gustavo Freitas1, esse novo movimento caracteriza-se por “desenvolver aplicativos que aproveitem a capacidade da 1 Fonte: http://novonarede.com.br/blog/index.php/2010/03/o-que-web-2-0-vamos-descobrir-agora/. Acesso em: 18/05/2011.
  • 14. 13 Internet para se tornarem melhores conforme são utilizados pelas pessoas, usando para isso a inteligência coletiva”. Algumas ferramentas surgidas em torno do conceito de Web 2.0 são blogs, Wikipedia, Twitter, Facebook, entre outros. Todas elas proporcionam um ambiente em que usuários podem tirar o máximo de proveito dos softwares disponíveis na rede. Com isso, iniciou-se um intenso processo de apropriação do espaço cibernético pelos usuários, tendo por consequência o surgimento de uma “cibercultura”, conforme conceituada pelo filósofo Pierre Levy (1999, p. 30). Para ele, um mundo novo passou a ser construído a partir da esfera digital com sua própria linguagem, símbolos e códigos, o que caracteriza uma nova cultura, com novas formas de relacionamento. Esses novos modos de intercâmbio comunicacional acabaram por influenciar, diretamente a maneira de se produzir notícias e a própria função social dos jornais. Esta transformação ocorre devido à facilidade de uso de sistemas colaborativos de produção e da possibilidade de escolha, pelo usuário, das informações a serem consumidas. Nesse sentido, o jornalismo digital tem como principais características permitir que o leitor trace seu próprio caminho até a notícia, indique leituras a amigos, comente os fatos relatados pelos veículos de massa e tenha acesso aos arquivos já publicados. A fase que o mercado jornalístico hoje vivencia pode ser considerada um degrau rumo à promoção de espaços mais democráticos, onde o leitor torna-se produtor e ao mesmo tempo consumidor de conteúdo, como classifica Penido (2010, p. 167). As formas dessa interação entre jornalista e leitor constituem um dos pilares do assunto a ser tratado nesta pesquisa. 1.2. Problematização da pesquisa O problema central que motivou este trabalho foi compreender como ocorre a participação de leitores na produção de conteúdo em veículos de comunicação que destinam algum espaço para ocorrência do que hoje é conhecido como jornalismo colaborativo. O contexto da Web 2.0 considera a valorização da interação entre usuários nessa modalidade emergente de comunicação. A pesquisa questiona, por exemplo, de que forma os veículos que abrem espaço para essa colaboração, criam regras, fazem revisões, apuram informações e difundem conteúdos.
  • 15. 14 A abordagem deste problema de estudo foi feita por meio de uma revisão bibliográfica sobre jornalismo digital e cibercultura, acrescida de uma análise comparativa entre espaços existentes em dois veículos que propiciam esta troca com o leitor, levando em conta critérios de noticiabilidade e valor noticioso, os filtros utilizados para seleção de conteúdos, aferições estatísticas sobre a participação dos usuários, meios e canais disponíveis para esta nova modalidade, através da submissão e uso de fotos, textos e vídeos, bem como uma análise crítica do conteúdo a partir de contraste entre exemplos dos sites e contribuições recolhidas da bibliografia e de entrevistas realizadas com jornalistas responsáveis pelas publicações. O corpus de estudo é composto por conteúdos publicados pelo espaço “Leitor Repórter” do Jornal do Brasil, veículo de comunicação tradicional que atualmente só disponibiliza versão digital de suas edições, e pelo espaço de edição colaborativa “Overblog”, no site Overmundo, uma plataforma online de produção de conteúdo. A escolha destes sites como objeto de estudo se justifica pela adoção de um sistema colaborativo de produção de notícias e dos procedimentos estabelecidos por esses veículos para a publicação de textos jornalísticos. Outra razão para esta escolha foi o vínculo que o leitor cadastrado é capaz de criar com ambos os veículos, favorecendo sua participação ativa e permanente no processo de composição das publicações. No site Overmundo, os temas preferenciais de conteúdo são aqueles relacionados à diversidade cultural brasileira. Já o Jornal do Brasil trata de questões mais cotidianas sobre buracos, faróis quebrados, pontes, alagamentos e outros temas da rotina comum à vida do cidadão carioca. Estabelecendo uma comparação entre estes dois veículos, foi possível analisar como um veículo tradicional de massa, em sua nova plataforma, se relaciona com os leitores repórteres, em oposição a um site especializado, com nicho de público mais específico. Para a análise, foi estabelecido um período delimitado de publicação dos textos pelos veículos, além de uma pesquisa de campo para a observação in loco, com o objetivo de conhecer a rotina das redações em ambos os casos. Também foram realizadas entrevistas com jornalistas e enquete com internautas para um melhor conhecimento da visão de cada participante do processo, o usuário produtor e o jornalista, que passa a atuar como “filtro”.
  • 16. 15 A partir do reconhecimento das regras estabelecidas por ambos os veículos sobre como o leitor pode atuar, buscou-se comparar o resultado qualitativo da publicação, a frequência com que ele submete textos ou imagens para o veículo, de que maneira estas publicações alteram a audiência de um veículo tradicional comparado ao acesso de um site especializado em divulgar a diversidade cultural brasileira e, por fim, quais as semelhanças que podem caracterizar os conteúdos publicados como produtos de um jornalismo colaborativo. 1.3. Justificativa do estudo Uma das justificativas para este estudo refere-se às implicações que a emergência e o desenvolvimento do jornalismo colaborativo trazem no contexto do mercado jornalístico, que sofre constantes transformações a partir da presença e avanço das novas tecnologias. O usuário está cada vez mais seletivo em relação aos conteúdos acessados na grande rede de computadores, levando veículos de comunicação a repensarem seu papel social e as formas com que interagem com o leitor. “A terceira transformação na mídia de massa – que estamos presenciando agora – envolve uma transição para a produção, armazenagem e distribuição de informação e entretenimento estruturada em computadores” (DIZZARD JR., 2000, p. 54). Assim, muitos jornais, canais de televisão e emissoras de rádio que ocupam seu domínio virtual têm proposto espaços específicos para a participação do leitor. No entanto, estes espaços ainda são muito diferentes entre si e parece não haver uma proposta clara por parte dos veículos sobre como exatamente atrair o leitor. A princípio, o jornalismo surge para fazer uma mediação crítica da informação a ser difundida na sociedade. Se o avanço tecnológico vem alterando a forma como os cidadãos buscam a informação e formam grupos para discutir problemas sociais, é preciso estar atento em relação à maneira pela qual acontece esta ocupação do espaço digital. Questões éticas e a ocorrência de crimes digitais ainda estão sendo discutidas por governantes, pesquisadores, desenvolvedores, sociólogos entre outros cidadãos interessados na ocupação do ciberespaço. Como atuar no mercado em pleno processo de transformação? Como estabelecer valores éticos para a produção colaborativa de conteúdo informacional? Como selecionar
  • 17. 16 conteúdos válidos diante da abundância de informações? Qual deve ser, enfim, o papel do jornalista na sociedade da informação? Estas são questões importantes para orientar os novos profissionais e para as quais esta pesquisa procura contribuir, identificando formas em que se apresenta o jornalismo colaborativo e novas funções executadas pelo jornalista diante da apropriação pelo usuário das novas tecnologias de informação e comunicação. De qualquer modo, é notável como as tecnologias de comunicação têm evoluído de maneira intensa e, com isso, a forma de produzir notícias nas redações também vai se transformando, se adaptando a estas novas possibilidades. Nesta mesma linha segue o avanço nos estudos sobre o jornalismo produzido na internet e sobre a interferência do cidadão comum nas publicações. Apesar de as referências teóricas serem ainda escassas, essa discussão já tem sido bastante repercutida em sites e blogs com foco em comunicação e tecnologia. Esta monografia poderá, portanto, contribuir como base para estudos futuros. 1.4. Objetivos O objetivo central desta pesquisa foi realizar uma análise comparativa entre dois veículos online e verificar como ocorre atualmente a produção de conteúdo no jornalismo colaborativo através da observação de processos e ferramentas utilizadas para produção de notícia por meio da participação de leitores. Busca-se reconhecer, com isso, de que forma o jornalista atua na filtragem, apuração e intervenção sobre este conteúdo, seja através de correções ou da adequação da notícia à linha editorial do veículo. Os aspectos teóricos deste estudo procuram refletir sobre novos tipos de jornalismo que emergem atualmente. Na prática, a realização de uma análise comparativa entre dois veículos com características diferentes procura criar condições para verificar até que ponto essas manifestações colaborativas constituem-se. Estas iniciativas podem surgir como um fenômeno de marketing, para atrair ou manter leitores, ou podem ser consideradas, prioritariamente, como instrumentos de consolidação de uma comunicação mais democrática. Considerados esses objetivos gerais, a pesquisa empreendida lançou algumas questões específicas respondidas nesse trabalho, a saber:  Quais as características de uma produção jornalística colaborativa?
  • 18. 17  Como ocorre a colaboração do leitor com os veículos analisados?  Quais relações se estabelecem entre o jornalista e o leitor no espaço de notícias produzidas pelo usuário?  Que critérios são utilizados por veículos de jornalismo colaborativo na seleção de conteúdo do leitor? Pelo fato de abordar um aspecto novo do jornalismo digital e que continua em constante transformação, este estudo pode, a partir dessas questões, contribuir para compreensão deste momento transitório em que os veículos mais consolidados que têm maior abrangência, começam a propor neste espaço em contraposição a uma mídia especializada que trata a produção da notícia como uma forma de contribuir para a democratização da comunicação. 1.5. Método de pesquisa O método de pesquisa utilizado neste trabalho envolveu estudos documentais, bibliográficos, trabalho de campo, ações e observações participativas inspiradas em netnografia, além de uma análise de conteúdo baseada na comparação entre textos colaborativos publicados pelo Jornal do Brasil e pelo site Overmundo. Para fundamentar essa análise comparativa sobre os veículos que compõem o corpus de estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica dirigida que garantiu o embasamento teórico e atribuição de critérios e parâmetros adequados para o tratamento do assunto. Além disso, foi realizada, ao longo do primeiro semestre de 2011, uma leitura sistemática do conteúdo online dos veículos mencionados para seleção de textos que seriam analisados. Durante a pesquisa foram feitas duas visitas às redações dos veículos sediadas na cidade do Rio de Janeiro para a realização de entrevistas e obtenção de informações mais detalhadas sobre o funcionamento dos espaços colaborativos em ambos, além de organizar enquete para que usuários de internet respondessem sobre a sua participação em veículos que aceitam textos externos. Para que a pesquisa tivesse ainda um componente ativo e participante, também foram submetidos para os veículos estudados, dois textos próprios da autora para publicação, como forma de vivenciar a rotina e o fluxo de moderação em uma situação real exemplar.
  • 19. 18 De modo geral, sempre que buscamos em algum livro para saber sobre determinado assunto, estamos realizando uma pesquisa bibliográfica. Porém, como método de pesquisa, ela deve ser executada de maneira sistematizada e planejada. Por definição, este tipo de metodologia pode ser caracterizado como: A busca por informações bibliográficas, seleção de documentos que se relacionam com o problema de pesquisa (livros, verbetes de enciclopédia, artigos de revistas, trabalhos de congressos, teses etc.) e o respectivo fichamento das referências para que sejam posteriormente utilizadas (na identificação do material referenciado ou na bibliografia final). (MACEDO, 1987, p. 89) Esta atividade metodológica pode ser também entendida como parte do planejamento da pesquisa, vislumbrando a busca por documentos relevantes para o levantamento de uma base de dados bibliográficos consistente. Como complemento à pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental é geralmente realizada a partir da consulta e análise de documentos originais tais como: documentos institucionais conservados em arquivos; documentos institucionais de uso restrito; documentos pessoais, como cartas e e-mails; fotografias, vídeos, gravações; leis, projetos, regulamentos, registros de cartório; catálogos, listas, convites, peças de comunicação; instrumentos de comunicação institucionais (todas estas informações estão disponíveis no arquivo digital do Jornal). A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. (GIL, 1999, p. 57) Além desses métodos convencionais, o presente estudo utilizou-se de alguns instrumentos de captação e análise de dados inspirados na netnografia. Este é um método razoavelmente novo que surge da adequação ou adaptação do método conhecido como etnografia. A etnografia estuda comportamentos, sob o aspecto da cultura em determinadas comunidades. O pesquisador atua como observador participante, sempre buscando um limite de distanciamento do objeto de estudo. Já na netnografia, tais práticas ocorrem em uma plataforma digital, necessidade de fazer parte de fóruns, listas de discussões e comunidades virtuais onde se discute o foco de estudo.
  • 20. 19 A netnografia é utilizada para estudos da internet através de interpretação e investigação do comportamento cultural em comunidades online. Para Hine (2000) apud AMARAL (et al., 2008, p.37), ela é “a transposição dessa metodologia [a etnografia] para o estudo das práticas comunicacionais mediadas por computador”. O autor argumenta que a maior parte dos objetos de estudos nesta área está atualmente localizada no próprio ciberespaço. Outro componente metodológico deste trabalho é a entrevista como método de pesquisa, que é bastante conhecida e muito utilizada em diferentes situações. Para o jornalismo - seja impresso, online, televisivo ou radiofônico - é a maneira mais comum de se obter informações das fontes através da coleta verbal de informações. Para a realização de uma entrevista é necessária a elaboração de perguntas que auxiliem na captação de dados que o jornalista deseja saber a respeito de determinado assunto. Enquetes e questionários mais abrangentes também podem ser entendidos como variações da modalidade metodológica da entrevista. Esses métodos foram associados entre si na busca dos resultados do presente estudo. Às pesquisas bibliográficas e documentais somaram-se relatórios enviados pelos veículos referentes ao processo de submissão e publicação de textos, como forma de dar suporte para a criação dos gráficos e tabelas. As entrevistas contribuíram para a compreensão sobre como são selecionadas as ocorrências enviadas por usuários, para a coleta de informação sobre a estrutura dos veículos e para ampliar a perspectiva sobre o perfil do leitor/produtor, caracterizado como novo agente do processo comunicacional estudado. Os documentos e relatórios fornecidos pelas equipes dos veículos foram de suma importância, pois garantiram a manutenção de dados quantitativos reais sobre a contribuição do leitor e a utilização dos mecanismos propostos por cada um dos canais escolhidos. Com este material reunido, foi possível organizar a forma de apresentação dos resultados finais. Os gráficos demonstraram, através de dados estatísticos, o volume de colaborações dos leitores em períodos determinados de análise. Para cada parâmetro de comparação foi gerado um gráfico para cada espaço colaborativo. As atividades inspiradas em netnografia envolveram o envio de textos diretamente para os veículos, a observação dos comentários em textos publicados por internautas e também auxiliaram a entender como se relacionam os autores dos textos, leitores e editores
  • 21. 20 em ambos os veículos. As redes sociais também foram analisadas como meios alternativos de difusão de peças deste novo jornalismo. Por elas, é possível acessar e difundir conteúdos produzidos colaborativamente, além de aproximar leitores e autores. Essas abordagens metodológicas envolveram aspectos quantitativos e qualitativos. Foram observados, por exemplo, os critérios de noticiabilidade, negatividade, personalização, composição, clareza, ambiguidade e estilo, que são critérios que correspondem ao aspecto qualitativo da pesquisa. No quesito quantitativo, os critérios referem-se à frequência com que os leitores colaboram com a publicação, que tipos de arquivos são enviados e quantos colaboradores contribuem no período da análise. Para demonstração destes resultados foram criados gráficos ilustrativos e uma tabela comparativa dos resultados verificados em cada veículo. 1.5.1. Corpus de pesquisa A seguir, são apresentados detalhes sobre os dois veículos que compõem o corpus de estudo, como forma de justificar os critérios contrastivos que basearam a escolha para o presente trabalho. a) Overmundo O Overmundo2 surgido em março de 2006, é um site colaborativo financiado pela Petrobras através da lei de incentivo à Cultura, chancelado pelo Ministério da Cultura (MinC). O site é pioneiro em ter suas publicações 100% enviadas por usuários que não necessariamente tenham o jornalismo como profissão. O que estimulou seu surgimento foi a possibilidade de divulgar a diversidade cultural do país, que, na maior parte das vezes, não alcança espaço nos grandes veículos noticiosos. 2 Fonte: http://www.overmundo.com.br/. Acesso em: 18/05/2011.
  • 22. 21 O site é dividido em quatro seções: Overblog, Agenda, Banco de Cultura e Guia. Seu foco é tratar da diversidade cultural e, para isso, foi dividido em editorias. A editoria Agenda agrega conteúdos de programação cultural de qualquer lugar do país, identificadas como manifestações folclóricas, exposições e shows musicais regionalizados. Na editoria Guia os colaboradores podem dar dicas de espaços culturais, bares e similares. No Banco de Cultura são encontrados produtos culturais, como músicas, remixes de composições, obras de arte visual, entre outros. A seção comporta arquivos para download e streaming. Para colaborar com os conteúdos publicados, o usuário deve registrar-se no site. Quando ele efetua seu cadastro pode começar a participar, escolhendo qual tipo de publicação quer fazer. No caso do Overblog, o usuário tem a opção de publicar diretamente seu texto ou submetê-lo à edição colaborativa. Quando ele opta por fazer uma publicação nestes moldes, seu texto é automaticamente encaminhado à uma fila de edição por 48 horas. Nesta fila de edição seu texto poderá receber comentários de outros usuários cadastrados na plataforma. Passadas as 48 horas, será direcionado para a fila de votação, onde passará mais 48 horas para ser votado e ocupar (ou não) um espaço de destaque na página inicial do site. Para garantir um mínimo de controle na publicação, foi criado o Observatório do Overmundo, espaço em que a equipe do site pode exercer algum tipo de filtro sobre as publicações e funcionalidades do sistema, mantendo os usuários sempre bem informados quanto às mudanças que ocorrem. Considerando esses aspectos do fluxo colaborativo, é possível levantar algumas questões sobre a maneira com que são produzidas as notícias no site:  Usuários que optam por participar da edição colaborativa utilizam a plataforma da maneira como é proposta?  Em que parte do processo ocorre a intervenção de um profissional responsável?  Como funcionam as campanhas de votação para os textos?  As filas de edição são realmente utilizadas? Vale destacar, ainda, que o Overmundo adota softwares livres em sua composição técnica. Com isso, o sistema desenvolvido para o site pode ser reaproveitado e distribuído dentro dos termos de autoria prescrito pelo Creative Commons (livre para uso não comercial) e seu código está protegido pela licença FLOSS (Free Libre Open Source Software).
  • 23. 22 b) Jornal do Brasil Em 2011, o Jornal do Brasil completou 120 anos de história, marcada sempre de peculiaridades e pioneirismo desde sua fundação, em 1891. De acordo com informações institucionais extraídas de seu site, logo nos primeiros anos o jornal lançou sua proposta editorial focada nas reivindicações populares. Passou por interrupções e crises, mas até hoje preza pela qualidade em sua publicação. Inovou pela sua estrutura empresarial, parque gráfico e pela distribuição, que no século XIX era feita em carroças. Na década de 1950 passou por uma reforma gráfica que revolucionou o mercado. Em 1970 foi reconhecido como o primeiro jornal a fazer uma cobertura cotidiana do movimento sindical, na greve dos metalúrgicos na região do ABC paulista. Para dar continuidade à existência do jornal com mais uma ação pioneira de tentar resolver a perda do número de assinantes do mercado de impressos, o Jornal do Brasil foi o primeiro que passou a ser e manter só a publicação digital, encerrando a produção impressa em 2010. A edição online mantém a divisão em editorias e criou novas seções para o leitor interagir mais com suas edições. As editorias são: Brasil, Internacional, Cidade, Economia, Esportes, Caderno B, Programa, Domingo, JB Premium (seção de assinantes) e Leitor Repórter. O Jornal do Brasil tem uma maneira bem simples de receber a publicação de seus leitores. No site www.jb.com.br, existe o espaço Leitor Repórter, em que qualquer pessoa pode enviar um texto comentando, opinando, criticando ou sugerindo temas relevantes para a linha editorial do Jornal. O interessado acessa o espaço do Leitor Repórter, insere o texto sem criar um vínculo de usuário e fica aguardando pela moderação. As regras são simples e claras: o texto deve conter entre 2.700 e 3.300 caracteres e o assunto deve ser de interesse dos leitores do Jornal do Brasil. O texto passa por um filtro jornalístico, que pode realizar apuração e uma revisão de erros ortográficos e gramaticais antes da publicação, para não sofrerem repúdio dos leitores.
  • 24. 23 1.5.2. Seleção de período e textos de amostragem O período para análise foi determinado a partir do cronograma estabelecido pelo regulamento da disciplina de Projetos Experimentais, conforme designação das datas de bancas de qualificação. Sendo assim, a coleta de conteúdo foi realizada a partir da segunda semana do mês de julho do ano 2011. O material de amostragem selecionado pela pesquisa tem espaço bem determinado dentro de ambos os veículos. No Overmundo foram analisados os textos disponíveis na seção Overblog, que permite ao usuário cadastrado encaminhar textos para os mecanismos específicos de edição e votação colaborativa. Já no JB, foram selecionados para análise textos publicados no espaço Leitor Repórter, seção destinada à contribuição dos leitores. 1.5.3. Forma de organização dos resultados Para apresentação dos resultados relativos aos instrumentos de colaboratividade explorados pelos veículos, foi criada uma tabela que apresenta de forma ilustrativa como ocorrem as colaborações feitas pelo usuário. Esta tabela não tem caráter qualitativo e sim demonstrativo. Outra maneira de organizar e apresentar os resultados foi a criação de uma figura das páginas analisadas, com seus textos originais, por meio da técnica “print screen”, como forma de compará-los qualitativamente quanto ao seu conteúdo. O contraste entre as produções publicadas em cada veículo foi feito desta maneira. Tabela 1 – Tabela Comparativa de instrumentos Nesta tabela foi feita uma comparação mais ampliada em relação aos instrumentos utilizados por ambos os veículos estudados. Esta tarefa auxilia na visualização da forma como são conduzidas as publicações feitas por leitores, seja num veículo de mídia tradicional como em veículos de caráter mais independente e alternativo.
  • 25. 24 Gráfico 1 – Frequência de publicação colaborativa no mês de Julho de 2011 nos sites Jornal do Brasil (Leitor Repórter) e Overmundo (seção Overblog – edição colaborativa) A partir do relatório, que contêm a frequência de publicação de conteúdos enviados por leitores durante o mês de julho, foi desenvolvido um gráfico simples de número de textos submetidos por dias do mês. Este gráfico auxiliou a entender se esta é uma simples tendência ou é fato que o leitor busca maior interação com os veículos de comunicação, contribuindo assim para as ações em favor da democratização da comunicação. Gráfico 2 – Gráfico de acesso (pageviews e visitas) no mês de Julho de 2011 nos sites Jornal do Brasil e Overmundo A partir do relatório, que contém a frequência de publicação de conteúdos enviados por leitores durante o mês de julho, será desenvolvido um gráfico simples de número de textos submetidos por dias do mês. Este gráfico auxiliará a entender se esta é uma simples tendência ou é fato que o leitor busca maior interação com os veículos de comunicação, contribuindo assim para as ações em favor da democratização da comunicação. Gráfico 3 – Respostas de enquetes realizadas em redes sociais com colaboradores. Com a proposta de entender o que motiva o usuário da internet a colaborar com um jornal online. Foi criada uma enquete simples, de múltipla escolha para usuários que costumam contribuir para algum site que disponibiliza espaço para o internauta publicar seus textos, imagens ou vídeo. Os usuários que responderam a esta enquete foram estimulados a respondê-la através das redes sociais, grupos de e-mail, fórum. Sendo assim são contatos da autora. Alguns que interagem presencialmente (pessoas conhecidas da autora) e outras que esta interação ocorre apenas no espaço virtual. Portanto com um perfil de agentes culturais, músicos, artistas visuais, produtores de eventos. É importante ressaltar que para ter um corpus de respostas mais expressivo foram convidados a responder, pessoas que não tem o menor interesse em ser um colaborado com qualquer tipo de veículo de comunicação. Gráfico 4 - Perfil do usuário Overmundo nos textos selecionados.
  • 26. 25 Para conseguir compreender melhor a plataforma colaborativa de divulgação cultural, a autora acessou o perfil dos usuários, autores dos textos selecionados. Na página de cada um é possível obter informações fornecidas pelos mesmo, além de ter acesso a todos as contribuições feitas desde de sua inscrição. Quando necessário foi utilizado também mecanismos de busca como Google e a rede social Facebook. É importante observar que para o Jornal do Brasil não foi possível adotar o mesmo procedimento, pois como não há qualquer tipo de relação estabelecida entre o veículo com o leito. Quando o internauta quer enviar um texto para o Leitor Repórter, é solicitado apenas o nome, e-mail e o relato. Para o leitor final só é disponibilizado o nome do autor e seu conteúdo, ou seja, não há informações suficientes para refinamento na pesquisa. Análise – Trechos analisados Foram analisados de forma qualitativa, levando em conta as características de um texto jornalístico e regras estabelecidas pelos veículos. Os trechos de publicações dos veículos escolhidos foram copiados nesta publicação de monografia e seguem em anexo o texto completo com sua respectiva figura capturada do site.
  • 27. 26 2. A COMPOSIÇÃO DA NOTÍCIA NO JORNALISMO COLABORATIVO DIGITAL O Jornalismo Digital tem como uma de suas características marcantes a atualização constante da notícia. Comparado aos veículos impressos, a Internet trouxe maior agilidade nas redações, pois o “deadline é pra já”. Por outro lado, trouxe uma independência nas relações com as gráficas e distribuidoras por exemplo. (FERRARI, 2003, p.35) Outra consequência desta constante atualização é a geração de uma memória. Na Internet é possível acessar artigos arquivados, o site torna-se um grande banco de dados virtual. Assim também é possível traçar o caminho de acesso à informação pelo próprio leitor. A hipertextualidade é, sem dúvida, outro elemento valioso no jornalismo online e pode ser garantida com a inserção de links que encaminham a novos artigos, vídeos, entrevistas em áudio, até mesmo para um arquivo de textos já publicados. É notável que todos os elementos descritos aqui tenham uma relação entre si para compor o que hoje conhecemos como jornalismo online, jornalismo digital, ciberjornalismo, jornalismo cidadão entre outros termos usados. FERRARI (2007, p.86) A interatividade hoje é encontrada em ferramentas que permitem o compartilhamento do conteúdo, por exemplo, a possibilidade de enviar por e-mail ou publicar um link nas redes sociais. 2.1. Conceitos e teorias de referência Essa nova forma de jornalismo colaborativo pode ser contextualizada como um movimento mais recente dentre as etapas históricas da evolução do jornalismo na internet, conforme proposto por Mielniczuk (apud Jardim, 2004, p.13). O autor sugere três gerações constituintes desta evolução: a primeira, caracterizada pela transposição de conteúdos do impresso para o digital a partir de 1994; a segunda, pelo surgimento de portais de conteúdo e novos veículos online que não existiam antes da internet em forma impressa, por volta de 1998; e a terceira a partir de 2001, com características de hipertextualidade, memória, multimidiabilidade.
  • 28. 27 Para uma caracterização mais precisa das formas desse novo modo interativo de jornalismo, vale fazer uma revisão dos principais conceitos a ele relacionados, a partir das ideias de colaboração, interação e participação. O jornalismo online é uma nova modalidade jornalística, que surgiu através desta nova mídia, a internet, há aproximadamente duas décadas e que tem como principais elementos a interatividade, a memória, a multimidiabilidade, a atualização constante, a hipertextualidade e a personalização. (FERRARI, 2003, p.81) Estudiosos já classificaram que, quando há intervenção do usuário na produção, obtenção e difusão da notícia, pode ser chamado de jornalismo participativo, colaborativo, jornalismo open source, jornalismo cidadão, webjornalismo participativo. Neste estudo adota- se o termo jornalismo colaborativo e justifica-se o uso deste termo por entender que o leitor passa a contribuir com o veículo espontaneamente e por haver um filtro antes da publicação, seja por parte do veículo, seja através de uma equipe jornalística (um editor), ou a própria rede de colaboradores. Lemos defende que a internet não pode ser considerada uma nova mídia, mas tem a compreensão de que “as novas tecnologias digitais geram processos de comunicação que conectam usuário a usuário, gerando um fluxo que, virtualmente coloca todos em contato com todos”. (LEMOS, 2002, p.35). Além disso, outro fato de destaque na história do jornalismo na internet foi o surgimento dos portais que, diferente dos sites, são um aglomerado de informações e serviços que podem ser adquiridos online, segundo Barbosa (2004, apud Jardim, 2007). Desta maneira entende-se colaboração e participação a possibilidade que qualquer cidadão tem de interagir com veículos de comunicação, através da produção de textos que podem ou não ter característica de notícia. 2.2. Novas formas de interação e colaboração Muitos jornais, canais de televisão e emissoras de rádio que ocupam seu domínio virtual, têm proposto espaços específicos para a colaboração do leitor. A princípio o jornalismo surge para fazer uma mediação crítica da informação que é difundida pela sociedade. Se o avanço tecnológico vem alterando a forma como os cidadãos buscam a
  • 29. 28 informação, e se formam grupos para discutir problemas sociais, é preciso estar atento na maneira em que acontece esta ocupação do espaço digital. Heródoto Barbeiro no artigo “Protágoras volta com tudo” cita Protágoras, um ateniense que defendia a ideia de que não havia sequer uma verdade absoluta, pois o que tinha real valor era o pensamento único, o que cada indivíduo pensava a respeito das coisas do mundo o que resultava numa verdade relativa a um homem ou grupos sociais. A comunicação está sob novo paradigma, trocou o esquema de poucas redes emissoras e milhões de receptores por um novo, em que milhões são emissores ao mesmo tempo receptores, e todos falam uns com os outros por meio do trânsito de tudo que pode ser digitalizado: sons, imagens, textos, arquivos, enfim, tudo que pode carregar a informação e o conhecimento. (BARBEIRO, 2010, p. 10) Até agora são poucos os estudos formais que abordam explicitamente a questão da colaboratividade no jornalismo digital. É nítida a presença de uma discussão sobre o desenvolvimento do Jornalismo Online e pesquisadores como Brambilla (2010, p.126) entendem esta interação entre redação e leitor como a quebra de um paradigma entre os detentores da informação e o conteúdo produzido por um cidadão que não domina as técnicas jornalísticas. E ainda defende que se tratando de um espaço jornalístico torna-se indispensável a necessidade de haver o filtro da redação. Para a autora, o processo de apuração, checagem de fatos e adequamento da linguagem para o bom entendimento do leitor, é o que diferencia o jornalismo colaborativo do conteúdo produzido colaborativamente. Tal conteúdo pode ser encontrado em blogs, redes sociais, plataformas de vídeo como youtube, vimeo, além das ferramentas que arquivam e publicam imagens. Além disso, os textos encontrados em espaços destinados para o cidadão comum publicar notícias, geralmente não dão grande lugar de destaque em seus veículos, principalmente os de abrangência ampla. O conteúdo encontrado trata temas da localidade, que muitas vezes não interessa como notícia para além de onde está. Esta afirmação foi exposta por ambos os editores que são objetos desta pesquisa: Paulo Marcio Vaz, do Jornal do Brasil e Viktor Chagas, do Overmundo. Ainda uma novidade sem delimitações precisas, as iniciativas encontradas na internet para colaboração criam suas regras conforme a necessidade e a resposta do colaborador. Os sites disponibilizam espécies de fóruns para dúvidas e sugestões.
  • 30. 29 Viktor Chagas, coordenador do site Overmundo, contou em entrevista que a plataforma já sofreu inúmeras mudanças conforme o comportamento dos usuários cadastrados. Paulo Marcio Vaz, editor do Jornal do Brasil também destacou esta questão quando relatava a mudança de coordenação do Brasil Wiki para o JB Wiki, nova plataforma colaborativa lançada em agosto de 2011 pelo Jornal do Brasil, que tem o objetivo de ser um jornal feito 100% por leitores. O editor contou que alguns colaboradores reclamavam por mudanças em regras e funcionalidades e em outros casos, os mesmos puderam ajudar a trazer melhorias no sistema da plataforma. Mesmo os profissionais entrevistados e os autores pesquisados apontam o crescimento desta prática e sugerem a valorização deste espaço, considerando o leitor como um termômetro para suas publicações. A internet propicia um espaço mais democrático segundo Lemos (2007). Através desta perspectiva fica sugestionada a importância da abertura de espaços para o cidadão comum ter voz. O jornalismo colaborativo passa a ser encarado como uma modalidade e não mais uma tendência, adquirindo características próprias com seus conteúdos, referenciando o local, seja denunciado situações precárias de ruas, acidentes, até divulgação de artistas e produtos culturais e eventos. Para Paulo Marcio Vaz, o jornalismo colaborativo vai se fixar como modalidade e abrirá espaço para criar novas relações entre os leitores e os veículos. Em entrevista realizada no mês de julho de 2011 na redação do Jornal do Brasil, Paulo apresentou o espaço colaborativo já existente no site, O Leitor Repórter, e indicou que seu futuro é tornar-se um espaço de diálogo do leitor, correspondente às antigas seções “carta do leitor” comumente encontradas em revistas e jornais. O Jornal do Brasil lançou em agosto do ano 2011 uma nova ferramenta baseada em modelo de sites wiki, como a Wikipédia, onde já existem três mil cadastrados, com perfis mais variados. Esta plataforma é chamada JB Wiki. Paulo contou que esta novidade surgiu a partir da ideia “vamos dar um jornal à nossos leitores”. Baseada na interação dos leitores com o site, lançaram este jornal feito 100% por usuários. Paulo ainda frisou que esta é mais uma iniciativa pioneira do JB. Foi publicado por Carlos Castilho (2011) no site Observatório da Imprensa, um artigo falando sobre a modalidade “Jornalismo Colaborativo”. O texto aborda o crescimento desta
  • 31. 30 prática e os problemas que crescem progressivamente com ela. O texto elenca os principais veículos que utilizam a colaboratividade como principal orientação de sua publicação e aponta as preocupações com investimentos neste sentido. O mais interessante do texto foram os comentários posteriores. Nestes, um leitor que se identificou como André João, questionou que o jornalismo não existiria sem a colaboração do leitor, pois o jornalismo sempre contou com esta contribuição para a produção de uma reportagem, e que na verdade esta nova modalidade é redundante e argumenta que jornalismo feito somente por um autor é literatura, ou ficção. Para uma reportagem, a apuração conta muito com a colaboração do leitor e por isso sempre foi colaborativo.
  • 32. 31 3. RELATO DA PESQUISA 3.1. Detalhamento dos processos de coleta de dados Foi realizada a pesquisa bibliográfica através de leitura de livros sobre o tema, artigos acadêmicos, reportagens em sites especializados, revistas de comunicação e tecnologia. Sendo assim, ficou nítida a preocupação dos profissionais da comunicação em relação ao empoderamento por parte dos usuários, das ferramentas de produção de conteúdo. A leitura de artigos sobre o assunto foi constante na pesquisa. Em contato com ambos os veículos, foram realizadas entrevistas e feitas solicitações de relatórios, documentos que relatem os índices de colaboratividade por parte dos usuários. No caso da plataforma Overmundo, foram analisados os critérios de utilização da fila de edição e a maneira com que os usuários promovem seus textos para que alcancem o número de pontos para ser destaque na página inicial do Overmundo. Outros dados levantados abordaram as mudanças de regras que aconteceram ao longo de cinco anos de existência e como o usuário pode sugerir modificações de uso. No Jornal do Brasil também houve entrevista e solicitação de relatório, porém o critério de publicação no espaço Leitor Repórter passa pelo crivo da redação e nitidamente o volume de textos publicados é menor. Neste espaço não há só texto, mas algumas vezes a notícia é apenas uma foto com título e legenda. Foi enviado para os veículos o mesmo texto, como teste para verificar detalhes como a demora de publicação, qual tipo de cadastro é solicitado ao usuário e relevância do assunto. No Overmundo não foi realizada campanha de divulgação do texto, e em 48 horas não foi atingida a pontuação necessária para o texto ser colocado em destaque. No Jornal do Brasil o texto não chegou a ser publicado e, na oportunidade de diálogo com o editor, foi questionada a razão pela qual ainda não havia ocorrido a publicação. A explicação foi que naquele dia houve uma grande reunião da equipe de redação e não haviam realizado as atualizações no espaço Leitor Repórter. O envio de texto para ambos os veículos também é uma estratégia que possibilita fazer uma comparação mais prática entre os dois veículos, já que um é um jornal consolidado e outro é uma plataforma colaborativa de produção de conteúdo, não especificamente noticioso, o que permite uma atuação de observador participante em ambos os casos.
  • 33. 32 Além disso, foi realizada uma visita à redação do JB e a sede do Overmundo no Rio de Janeiro. Esta visita aconteceu durante o mês de julho de 2011, nos dias 14 e 15 respectivamente na sede do Instituto Overmundo e redação do Jornal do Brasil. As entrevistas também foram ferramentas muito utilizadas na coleta de dados, seja por telefone, comentários, e-mail, redes sociais ou qualquer outra via disponível. Para levantar informações como a periodicidade de checagem para moderação das publicações no Jornal do Brasil, o editor online Paulo Márcio Vaz foi acionado por um telefonema, e contou sucintamente sobre o funcionamento se prontificando a conversar mais para contribuir com a pesquisa. Já num contato via e-mail, a diretora executiva da plataforma Overmundo, se colocou a disposição para entrevistas e ainda encaminhou o contato do coordenador editorial Viktor Chagas. Outra forma de entrevista apropriada para a pesquisa foi a realização de enquetes nas redes sociais com usuários que costumam colaborar em portais de notícias, realizando perguntas rápidas como: “Você costuma colaborar em portais de notícias?”, ou também como: “Quando teve oportunidade de fotografar ou filmar um fato importante como uma enchente, tomou a iniciativa de encaminhar para um jornal de grande circulação?”, para também ter uma perspectiva do colaborador como produtor da notícia. No mês de julho de 2011, houve a visita à ambos os veículos para uma entrevista presencial. Não foi estabelecido um roteiro fechado de perguntas para a ocasião. Os questionamentos foram direcionados pelas questões que a autora buscou responder na presente pesquisa. As entrevistas duraram de 30 a 50 minutos e podem ser conferidas na íntegra nos anexos. O período estipulado para análise foi de uma semana durante o mês de julho do ano 2011. Nesta etapa foram analisados os conteúdos publicados no espaço colaborativo Leitor Repórter do JB e na seção Overblog/Edição Colaborativa do site Overmundo. Segundo informação colhida por telefone no dia 16 de maio de 2011, com o editor do Jornal do Brasil, Paulo Marcio Vaz, o espaço do leitor é verificado no mínimo quatro vezes ao dia, sendo uma pela manhã, duas ao longo da tarde e a última checagem acontece no começo da noite, para evitar o acúmulo de textos na fila de moderação. A moderação é realizada por todos os repórteres da equipe do jornal e eles são instruídos a fazer uma leitura sob o aspecto da veracidade do fato e se segue os princípios
  • 34. 33 éticos - afinal essa seção é responsabilidade do jornal e qualquer ofensa ou informação publicada errada, o jornal é que prestará contas sobre a questão - porém erros ortográficos não são levados em consideração. O editor Vaz contou: “Se o leitor escrever cachorro com x vai ficar com x, mesmo sabendo que receberemos reclamações dos leitores pelos erros, pois não nos responsabilizamos por estes”. Já no Overmundo, se o colaborador optar por colaborar através da fila de edição, demora no mínimo quatro dias para seu texto estar na página inicial do blog, isso se o texto alcançar a meta estabelecida pelo site - de atingir 80 pontos. Os pontos são como o botão “curtir” do Facebook, em que cada clique vale um ponto e para votar o usuário deve ser cadastrado no site. O colaborador tem a opção de realizar a publicação diretamente também (neste caso a disponibilização do texto é automática). Na edição colaborativa hoje é incomum encontrar textos divulgando atividades culturais por exemplo. No entanto, é bem comum encontrar textos apresentando projetos contemplados em editais de financiamento, a vida e obra de artistas regionais pouco conhecidos, textos que podem ser reconhecidos como matérias que não são do cotidiano e não têm a pressa do conhecido hardnews. Ao entrar em contato com a equipe do JB, o editor online Paulo informou ainda que o jornal está para lançar uma nova ferramenta de colaboratividade voltada para os leitores. É chamado JB Wiki, que será uma publicação feita inteiramente por leitores, onde a moderação continuará existindo, mas de uma maneira bem mais atenuada. A intervenção do jornalista será no âmbito ético e editorial, não garantindo desta forma a isenção de erros de ortografia na publicação. Nesta plataforma será designado ao leitor mais responsabilidade sobre o conteúdo publicado, ou seja, o jornal não se responsabiliza por possíveis ou futuros problemas de discriminação, calúnia, difamação. Diferente do que acontece no espaço Leitor Repórter que exige, algumas vezes, a apuração do fato por parte da equipe do JB. Todo material levantado contribuiu para a pesquisa no sentido de compreender o que os profissionais da área da comunicação estão discutindo sobre o novo papel do jornalista na sociedade.
  • 35. 34 4. DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS 4.1. Mapeamento dos instrumentos de colaboração Apuração – Ato de checar fatos e fontes relatados nos textos enviados pelos leitores. Comentários – Espaço disponível para que outros leitores comentem o texto publicado. Correção Gramatical – Ocorrência de revisão e correção de erros gramaticais. Correção Ortográfica – Ocorrência de revisão e correção de erros ortográficos. Envio de foto – Se é possível enviar arquivos de foto. Envio de texto - Se é possível enviar arquivos de texto. Envio de vídeo - Se é possível enviar arquivos de vídeo. Fila de Edição – No site Overmundo, quando o usuário opta por publicar na edição colaborativa, seu texto é submetido a uma fila de edição. Nesta fila outros usuários comentam sobre o texto na pretensão de complementá-lo, corrigí-lo e, ainda, sugerir outras fontes ou alterações. Fila de Votação – A fila de votação também é uma ferramenta de publicação no site Overmundo. Após o texto ficar disponível para outro usuário editá-lo, é automaticamente encaminhado para a fila de votação. Lá deve atingir o mínimo de overpontos estabelecido pelas regras da plataforma para ocupar espaço de destaque na página inicial. Mínimo de caracteres – Alguns sistemas não aceitam textos com número de caracteres ilimitados. O Jornal do Brasil exige que os textos tenham de 2.700 a 3.300 caracteres, enquanto no Overmundo esta regra não existe. Mínimo de pontos – Para alcançar espaço de destaque na página inicial é necessário atingir o mínimo de 80 pontos. 4.2. Gráficos estatísticos de prevalência das situações estudadas
  • 36. 35 Ilustração 4.2.1. – Gráficos de Frequência de publicação colaborativa nos sites Jornal do Brasil (Leitor Repórter) e Overmundo (seção Overblog – edição colaborativa).3 Ilustração 4.2.2. – Gráfico de acesso (pageviews e visitas) nos sites Jornal do Brasil e Overmundo4 3 Fonte: Elaboração da autora. 4 Fonte: Elaboração da autora.
  • 37. 36 Ilustração 4.2.3. – Gráficos de Respostas de enquetes realizadas em redes sociais com colaboradores (baseado na enquete feita com internautas). Ilustração 4.2.3.1. – Gráficos de perguntas sobre arquivos. 5 Ilustração 4.2.3.2. – Gráficos de perguntas sobre frequência. 6 5 Fonte: Elaboração da autora 6 Fonte: Elaboração da autora
  • 38. 37 Ilustração 4.2.3.3. – Gráficos de perguntas sobre tipo de notícia. 7 Ilustração 4.2.4. – Marcação de veículos pelos colaboradores 8 7 Fonte: Elaboração da autora. 8 Fonte: Elaboração da autora.
  • 39. 38 Ilustração 4.2.5. – Perfil do usuário Overmundo nos textos selecionados 9 Ilustração 4.2.6. – Frequência de submissão10 4.3. Tabela comparativa conforme parâmetros de aferição Instrumento Jornal do Brasil Overmundo colaborativo SIM Obs.: Ocorre quando o SIM Obs.: Nunca ocorre Apuração texto demonstra falhas NÃO apuração. de relato graves. NÃO SIM SIM Comentários São permitidos. São permitidos. NÃO NÃO 9 Fonte: Elaboração da autora. 10 Fonte: Elaboração da autora.
  • 40. 39 SIM SIM Correção Não ocorre. Não Ocorre. Gramatical NÃO NÃO SIM SIM Correção Não Ocorre. Não Ocorre. Ortográfica NÃO NÃO SIM É permitido enviar foto SIM Podem ser inseridas nos Envio de foto apenas ou inseri-la nos NÃO NÃO textos, nunca sozinhas. texto. SIM SIM Envio de texto É permitido. É permitido. NÃO NÃO SIM SIM É permitido, sempre Envio de vídeo junto aos textos. NÃO NÃO SIM Arquivos ficam SIM O texto submetido fica organizados por data por 48 horas para receber Fila de Edição para aprovação e sugestões e correções por NÃO NÃO publicação. meio de comentários. SIM SIM O texto submetido fica por 48 horas para receber Não existe este Fila de Votação votos dos leitores, para NÃO instrumento. NÃO votar é preciso ser cadastrado. SIM SIM Não é exigido mínimo de Mínimo de 2.700 a 3.300 caracteres NÃO caracteres. NÃO SIM SIM É necessário atingir o Mínimo de mínimo de 80 pontos Não existe. pontos NÃO para obter destaque na NÃO pagina inicial.
  • 41. 40 4.4. Análise crítica e comentários sobre exemplos significativos do corpus 4.4.1. Seleção de período e textos de amostragem Acidente com capotamento, em Santa Rosa, Niterói Leitor Repórter - 11/07/2011 às 20h39 - Cesar Coelho Cunha Eram cerca de 19:10 do dia 11 de julho, quando dois carros colidiram no cruzamento das ruas Gen. Pereira da Silva e Santos Dumont, entre Santa Rosa e Icaraí, Niterói. Um dos veículos ignorou o risco de cruzamento e bateu com o que entrava na Pereira da Silva. A batida foi forte o suficiente para fazer um deles capotar. Ninguém ficou ferido, pois os motoristas e passageiros usavam cintos e, por sorte, não houve também envolvimento de transeuntes, já que o outro veículo subiu na calçada, havendo grande movimento de estudantes na região. O atendimento dos bombeiros foi imediato, ficando o local sob vigília policial, com cordão de isolamento para os serviços periciais. Análise: O fato descrito no texto acima pode ser considerado notícia, porém devido às circunstâncias não ganha muito destaque como fato. Não houve feridos, o atendimento foi imediato, os motoristas e passageiros seguiam as regras de segurança quanto ao uso do cinto de segurança. É claro que não é correto olhar para isso com banalidade. O texto não tem características como o lead. É bem direto, por isso não conta muitos detalhes. É nítido o tom de indignação. Provavelmente trata-se de um morador do bairro indignado com a imprudência dos motoristas. O Jornal do Brasil não tem regras para publicação, apenas que os textos tenham 3.300 caracteres. O leitor repórter também conseguiu fotografar o local do acidente. Este tipo de situação é muito bem-vindo na redação do Jornal do Brasil, como disse Paulo Marcio Vaz seu
  • 42. 41 editor. Ele relatou que o que acontece muitas vezes é não haver repórter suficiente para cobrir notícias factuais. Clima de insegurança no Centro do Rio assusta pedestres Leitor Repórter - 11/07/2011 às 14h37 - Dione David de Carvalho Meu nome é Dione, sou assessora do Desembargador Alexandre Câmara e, ao sair do Tribunal, na última sexta-feira, às 19h, estava em frente à Igreja São José, no Centro, quando apareceram mais de dez crianças e adolescentes, nitidamente com o propósito de cometer furtos e roubos, já que passavam entre os grupos de pessoas de forma rápida e observadora. Uma amiga e eu avistamos o grupo, esperamos, mas um deles, muito pequeno, deu a volta por trás de mim e arrancou meu cordão. Eu sei que isso acontece no Centro a todo momento, mas não poderia deixar de registrar minha resignação, já que estamos em total abandono. Não é possível que nenhum policial tenha visto aquele grupo de menores rondando pelo bairro! Simplesmente não temos a quem recorrer. Não tinha policiamento por perto, e logo na hora que a maioria das pessoas está saindo do trabalho. As pessoas simplesmente ficaram correndo, tentando se proteger da forma que podiam, segurando seus pertences, e isso numa rua muito movimentada. Depois do assalto, indo para a estação das barcas, nos deparamos, nas escadarias da Alerj, com um grupo de adultos, todos com garrafas na mão. Um deles avistou uma moça e já se preparava para assaltá-la quando um homem que estava próximo gritou para que ela tomasse cuidado e o sujeito retornou. Não tem para quem pedir socorro, além de o local estar muito mal iluminado. Não sei se caberia ao Tribunal fazer a segurança do local, mas que se tentasse junto à policia maior segurança. É o segundo assalto que sofro esse ano. O primeiro foi às 18h em frente ao antigo prédio da PGE. Pelo amor de Deus! Não posso ter de andar por menos de dez minutos entre o
  • 43. 42 trabalho e as barcas, morrendo de medo de ser abordada e segurando minha bolsa do jeito que posso, e quase correndo pela rua. É um apelo que faço. O policial que fica próximo às barcas diz que trabalha sozinho por ali! É inconcebível ficarmos nesse abandono! Análise: A questão abordada é muito relevante e, pelo relato, fica claro que é necessário trazer este problema mais visível para o governo e autoridades responsáveis. A maneira como o texto foi relatado, desde o início, nota-se que não é um texto jornalístico. Sim um texto de uma cidadã comum reivindicando seu direito de ir e vir com segurança pelas vias públicas da cidade do Rio de Janeiro. Quanto às regras, não extrapola os 3.300 caracteres e contém vários erros de ortografia, que o Jornal não se responsabiliza, mantendo os erros ao publicá-los. Não contém imagem. Alunos de jornalismo lançam documentário 'Narradores do Açú' Leitor Repórter - 15/07/2011 às 19h24 - Autor: Alunos da Faculdade de Filosofia de Campos Um documentário feito por alunos de jornalismo da Faculdade de Filosofia de Campos mostra a vida dos moradores de São João da Barra que tiveram suas casas desapropriadas para construção do Complexo Portuário do Açú, do empresário Eike Batista. O documentário é narrado pelos próprios moradores que foram forçados a deixar suas casas e histórias para trás sem nenhuma garantia de vida melhor. O vídeo já foi comentado em diversos sites e blogs da região e já teve mais de 240 visualizações em apenas 1 dia de postagem no youtube. "Narradores do Açú" http://www.youtube.com/watch?v=RA9h2AKGlSc Confiram, pois muitos já se emocionaram com os depoimentos. Compartilhe • Comentários: 1 comentário
  • 44. 43 Aline Machado, Campos dos Goytacazes 22/07/11 13:15 É um documentário realmente incrível e mostra com clareza a realidade daqueles moradores do 5° Distrito de São João da Barra. Realmente vale a pena conferir o vídeo e se emocionar com os depoimentos. Análise: Sem dúvida é uma iniciativa interessante do ponto de vista social, histórico e até mesmo jornalístico. Poderíamos pensar que é um release, um texto de assessoria de imprensa. Vale mais como uma nota do trabalho realizado por um grupo de estudantes do que uma notícia propriamente dita. Contém poucos erros de acentuação e ortografia, por outro lado também não excede o limite de caracteres proposto pelo veículo. Utiliza elementos do jornalismo online, disponibilizando link para assistir o vídeo. Ocorreu interação através de comentário. Outro ponto valorizado pelos editores é o envio de fotos. Este texto assim como os outros contém foto enviada pelo leitor. Pavuna: Moradores intrigados com obra da prefeitura Leitor Repórter - 17/07/2011 às 09h53 - Autor: Alberto Martins A comunidade do conjunto residencial Engenheiro Rubens Paiva no bairro da Pavuna, Zona Norte do Rio, onde está localizada a penúltima estação do metrô da linha 2, está assistindo com tristeza ao início das obras para construção de uma creche que acabará com o seu maior espaço para a prática de futebol. O mais estranho é que a comunidade não entende por que construir uma creche a menos de 180 metros de uma outra em funcionamento, e numa região onde existem pelo menos outras três creches num raio de 500 metros. A área escolhida para a obra pertence aos proprietários das unidades habitacionais, e não ao estado ou a prefeitura, e foi o que “sobrou” no entorno do conjunto após a implantação
  • 45. 44 do Pólo Industrial da Pavuna, empreendimento muito bem vindo à região, embora tenha eliminado os últimos espaços livres para a prática de futebol em campos de dimensões como o que ora vai desaparecer. Embora a comunidade tenha feito contato com as autoridades sobre a possibilidade de manterem a área como está - e que existe há mais de 40 anos - e terem se colocado à disposição para encontrar outras formas de ocupar o espaço com serviços públicos das quais a região carece, não lograram serem ouvidos. Análise: Como Paulo Marcio Vaz, do Jornal do Brasil havia alertado, e a autora desta pesquisa já havia observado nas publicações da seção Leitor Repórter, este texto é mais um depoimento sobre situações que são relevantes apenas à comunidade específica de um bairro ou região da cidade. Uma denúncia importante, porém, sem dados oficiais que comprovem o descaso com as reais necessidades da população. O texto é um pouco confuso, com orações muita extensas, mas acaba cumprindo a função de alertar sobre um problema. O colaborador enviou texto com fotografia, porém não houve mais repercussão do assunto nos dias seguintes no site. 4.4.2. Overmundo – Seção Overblog – período de amostragem 12 a 19 de julho de 2011 Sobre a Semana Cultural BR x DE – SiebenGiebelHof Tony Teófilo• Salvador, BA 14/7/2011 •1•0 Em poucas linhas é impossível descrever por completo a participação na Semana Cultural Brasil-Alemanha SiebenGiebelHof, em Drenkow, Parchim, na Alemanha (www.semanacultural.de). A comitiva brasileira de dez representantes da Companhia Rheluz e do Núcleo Pensar Filmes (BA) (www.pensarfilmes.com) foi muito bem recebida e auxiliada durante os vinte dias da viagem, que teve uma programação mista, com tour em diferentes cidades, museus e
  • 46. 45 história política, além de aulas de introdução à língua alemã até a Semana Cultural propriamente dita. SiebenGiebelHof é uma pequena fazenda localizada entre Berlim e Hamburgo que se dedica à produção de derivados do leite, como queijos, iogurte e quarker e fazem pães selecionados e salsichões. (www.siebengiebelhof.de) A Semana Cultural foi realizada ao fiel estilo woodstock, no meio da fazenda rodeada de barracas de camping dos participantes que chegaram de toda parte da Alemanha. Cerca de cinqüenta pessoas de todas as gerações, mas, com predominância de moças e rapazes entre 15 e 25 anos de idade. Nós, brasileiros, também ajudávamos em tudo. Na montagem das instalações, na preparação das salas dos workshops, na montagem das barracas dos participantes que chegavam, e ainda fizemos a preparação do palco a céu aberto. Nossas refeições coletivas aconteciam no Café 7, no meio da fazenda, onde acontecem concertos/shows esporadicamente e onde fazíamos o nosso happy hour. Houve as oficinas de Teatro de Improvisação, com Chady Seubert (www.chadyseubert.de); de Forumtheater, com Mirella Galbiatti e Aki Krishnamurthy (Buenos Aires x Berlim); da técnica de canto Obertonesang, com Jan Heinke (www.overtone.cc/profile/janheinke); de Música Experimental, com Andreas Delor (www.andreas-delor.com); de Dança Moderna, com Simone Erbeck (Munique); de Grafite/Hip Hop, com Benson & Mardy (Berlim); e percussão indiana de Tabla, com Debasish Bhattacharjee (Índia). A comunicação entre os participantes durante as oficinas não era tão simples. As pessoas utilizavam a língua que melhor lhe servia alemão, português, espanhol, inglesa. Mas, acabavam sempre se entendendo, e teve o esforço e exercício de cada um em aprender um pouco da língua do outro, sobretudo, alemão x português, como haveria de ser. Eu participei do workshop Obertonesang, que é uma técnica impressionante de (re)conhecimento de possibilidades de canto utilizando “apenas” a língua. E fiz ainda o worksohop de Música Experimental onde tocamos instrumentos de grande efeito sonoro com “madeira, pedras, Luri, rombos, flautas simples, gongos, barras de ferro forjado, simples instrumentos de cordas, etc - instrumentos para a paisagem (ex: Steine, Luren, Schwirrhölzer)”. É fundamentalmente música do tipo para meditação e exige muita imersão, abstração e improvisação. Preparamos dois concertos: 1) apresentação para o final da Semana Cultural iniciada com meditação e intercalada como o que chamaram de south america music; e, 2) fizemos uma espécie de cerimônia dentro da floresta para as pessoas que morreram
  • 47. 46 naquele lugar, só com os músicos aprendizes. Fui o único brasileiro nesta oficina e o professor-maestro Andreas Delor falava pouco inglês e não entendia nada em português, mas, fui bem auxiliado pelo inglês de meus colegas. Além das oficinas e apresentação pública do resultado destas, houve alguns shows durante a Semana de atrações como o grupo de rock Sherbet Kontrabass que toca as músicas de cunho político da antiga banda alemã Ton Steine Scherben, o grupo de inglesas Oh My Darling (www.ohmydarling.ca) que tocam country apenas com instrumentos de corda, e a Banda Tropical de Hamburgo (www.tropis-hh.net) que fez show com músicas brasileiras do forró ao samba. Nós, brasileiros, em homenagem ao período junino, apresentamos uma típica quadrilha junina na abertura da Semana Cultural que envolveu pouco a pouco os alemães na dança. O realizador do evento e intercâmbio, Jorge Grigat, que nos convidou e abrigou o nosso grupo de brasileiros, dizia que, além da possibilidade de compartilhar culturas diferentes que tem desafios sociais semelhantes, propõe uma reflexão sobre a dificuldade ainda de envolver jovens em projetos culturais como esse. O Núcleo Pensar Filmes cobriu o intercâmbio e está preparando um documentário sobre a participação brasileira. A nossa ida para a Semana Cultural SiebenGiebelHof contou ainda com o apoio da Secretaria Estadual de Cultura da Bahia e do Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia – IRDEB. Análise: O texto lembra muito um relato de blogueiro, que conta uma experiência e às vezes perde o foco com impressões pessoais e menos descrições sobre os fatos vividos durante a Semana Cultural BR na Alemanha. A Companhia Rheluz e o Núcleo Pensar são agentes da Rede Pintadas, uma rede de associações religiosas, sociais artísticas que fomentam o desenvolvimento sustentável de sua cidade foram para Alemanha representar a cultura brasileira em um evento sobre o tema. A primeira é um grupo de teatro, o segundo é um ponto de cultura, ligados a Rede Pintadas que faz parte do Programa Pintadas. Nada disso consta no texto. A autora desta pesquisa realizou
  • 48. 47 um levantamento para checar a cobertura citada no texto e o que fazem estes representantes. Também não foi encontrada nenhuma notícia que desse continuidade a referida cobertura. O assunto é relevante no sentido de poder se tornar uma notícia, mas da forma como foi escrito não pode ser considerado jornalístico. Não há nenhuma característica adequada a este tipo de texto. As filas de edição e votação não tiveram comentários. Vale lembrar que existe a possibilidade de publicar conteúdo diretamente, ou seja, é uma opção do colaborador. Considerando a votação, não atingiu os pontos necessários para ter destaque na página inicial do site Overmundo. Audiência Pública sobre o AI-5 Digital Pontão Ganesha • Florianópolis, SC - 13/7/2011 As polêmicas que rondam o Projeto de Lei 84/99 – conhecido como AI-5 Digital, não são recentes. Em 2008, quando ainda era senador por Minas Gerais, Eduardo Azeredo foi relator e defensor do PL, que começava sua trajetória pela Câmara e Senado. Já naquela época, o texto provocou agitação e desconfiança, ao propor maior controle e punições severas – consideradas severas demais, na verdade – aos “crimes da internet”. E as polêmicas continuam. O mesmo Azeredo, hoje cumprindo mandato como deputado, aproveitou as ações que em junho tiraram do ar algumas páginas do governo, e reapresentou o projeto à Câmara. Não é segredo que o governo federal está empenhado em aprovar, rapidamente, uma lei que permita punir os crimes na internet, e a nova proposta de Azeredo traz algumas mudanças em relação ao texto original, mas não o suficiente para contentar os que se posicionam de forma contrária à sua aprovação. Em entrevista concedida ao portal Rede Brasil Atual, João Carlos Caribé, reconhecido oponente da proposta, foi enfático: “O projeto não melhorou a ponto de se tornar aceitável. A essência da matéria continua a mesma e há questões problemáticas, que pouco ajudariam no combate a crimes. A questão mais polêmica é a guarda dos logs (os dados de endereçamento eletrônico da origem, hora, data e a referência GMT da conexão) por três anos. Isto é um
  • 49. 48 absurdo, acarreta um custo significativo e serve de alerta para o criminoso se prevenir, dificultando uma eventual investigação”, explica Caribé. Em palestra no FISL12, o sociólogo Sérgio Amadeu lembrou que se a internet é uma rede de comunicação, é, também, uma rede de controle, já que para acessar uma página pela rede, a máquina de qualquer usuário precisa ser reconhecida na rede. “Entretanto, essa rede de controle foi pensada para não ser uma rede de controle político-cultural e pessoal. Por isso ela não exige que as pessoas se identifiquem. O anonimato é a garantia da liberdade, da não- vigilância, da defesa da privacidade e dos direitos fundamentais do indivíduo”, explicou. E, caso surja a pergunta: “Mas e os ilegais?”, a resposta de Amadeu está na ponta da língua: “Ora, os ilegais devem ser perseguidos com ordem judicial, inclusive. Como acontece na vida fora da internet”, acrescenta. O FUTURO DO AI-5 DIGITAL A votação aconteceria no dia 29 de junho (primeiro dia do FISL12), mas a Comissão de Ciência e Tecnologia propôs um adiamento até 10 de agosto, depois, portanto, do recesso parlamentar que ocorre no meio do ano. O objetivo é aprofundar o debate através de uma audiência pública, agendada para quarta-feira, dia 13 de julho, a partir das 9h30. É mais um capítulo nessa confusa história, mas desta vez o público poderá acompanhar, em tempo real, e participar da discussão por meio de chat ou Twitter, enviando sugestões, perguntas e críticas aos deputados. Para participar, os interessados devem efetuar cadastro no site e-Democracia. As discussões prometem ser polêmicas. O debate foi proposto pelos deputados Sandro Alex (PPS-PR), Emiliano José (PT- BA), Fernando Francischini (PSDB-PR) e Manuela d’Ávila (PCdoB-RS), e tem como convidados: - Sérgio Amadeu da Silveira, sociólogo e professor o professor da Universidade Federal do ABC; - Guilherme Varella, advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec);
  • 50. 49 - Carlos Affonso Pereira Souza, professor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV); - Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da FGV; - Marcos Vinícius Ferreira Mazoni , presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro); - Demétrius Gonzaga de Oliveira, chefe do Núcleo de Combate aos Cibercrimes; - Vanessa Fusco Nogueira Simões, coordenadora da Promotoria de Combate aos Crimes Cibernéticos do Ministério Público de Minas Gerais,; - Carlos Eduardo Miguel Sobral, chefe da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal; - Patrícia Peck Pinheiro, advogada; - Marcelo Lau , diretor-executivo da Data Security; - Fábio Furtado Ramos, diretor da Axur Information Security; - Fernando Botelho, desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais; - Demi Getschko, conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil; - Raphael Mandarino Junior, chefe do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; - Roberto Mayer, vice-presidente de Relações Públicas da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação; - Antonio Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação de São Paulo. Análise: Texto publicado originalmente no site do Pontão de Cultura Digital Ganesha, no endereço: http://www.ganesha.org.br/index.php?mod=pagina&id=12087
  • 51. 50 Aqui neste exemplo encontramos uma notícia. O autor preocupou-se em realizar uma pesquisa, conversar com pessoas envolvidas na questão de aprovação do projeto de lei, para trazer um histórico deste projeto que já está em tramitação por no mínimo 12 anos. Segundo a proposta de estar na edição colaborativa, não houve manifestações via comentários. Alcançou também um voto apenas e se mantém no banco de colaboração no perfil do autor. WILLIAM BLANCO DE ABRUNHOSA TRINDADE, GRANDE BILLY Abílio Neto • Recife, PE 12/7/2011 Aos 87 anos, o Billy Blanco disse adeus nesse 08/07 próximo passado. A música brasileira fica mais pobre. Nascido em Belém/PA em 08/06/24 é mais um da década de 20 que vai embora. Compositor, poeta e violonista, começou a vida artística fazendo parte do conjunto "Os Gaviões do Samba" que se apresentava no Cassino Marajó em Belém. Mudou-se para São Paulo em 1946 para estudar arquitetura na Mackenzie, mas diplomou-se como arquiteto em 1950 pela então Universidade do Rio de Janeiro. Sua ida para o Rio lhe proporcionou gravar as primeiras músicas, o que não tinha conseguido em São Paulo. Daí por diante, freqüentando o meio musical, conheceu Dolores Duran que o apresentou aos vários cartazes da década de 50, como Lúcio Alves, Dick Farney, Silvio Caldas, Isaura Garcia, Elizete Cardoso, Radamés Gnattalli, João Gilberto e a dois compositores famosos – Armando Cavalcanti e Klécius Caldas, oficiais do Exército, que muito o ajudaram lançando Billy Blanco no mercado musical. Exerceu a profissão de arquiteto paralelamente à vida artística como compositor, instrumentista e cantor. Estou teoria e harmonia musical com Aída Gnatalli e depois com Célia Vaz. Foi amigo de todos os bambas da música brasileira, em especial de Radamés e Tom. Na década de 50 já fez muito sucesso compondo Prece de um Sambista, Estatutos da Gafieira, Teresa da Praia (com Tom),Esse Rio que Eu Amo,Mocinho Bonito,Lágrima Flor,Viva Meu Samba, A Banca do Distinto,Pistom de Gafieira,Camelô e Samba Triste (com
  • 52. 51 Baden). Teve mais de 300 músicas gravadas.Sua grande influência foi Noel Rosa e Vadico. É um nome que está acima de qualquer rótulo musical. Ao chegar no quarto ano de arquitetura da Universidade do Brasil,Billy ficou sabendo que deveria estar ali como colega de turma, um rapaz que também era compositor chamado Antonio Carlos Jobim, que havia trancado a matrícula ainda no primeiro ano. Naquele tempo Jobim pediu ao padrasto – Dr. Celso Frota Pessoa – que alugasse um piano para ele, no que foi atendido, quando iniciou a carreira de um dos mais consagrados músicos e compositores do Brasil. Billy perguntou onde encontraria o ex-colega (quase). Tom tocava na noite no bar Posto Cinco que ficava na Av. Atlântica e foi lá conhecê-lo. Tom e Billy tornaram-se parceiros em várias canções. Freqüentavam, com Radamés e Garoto, no Morro da Viúva, a casa do Dr. Raul Marques de Azevedo que possuía o primeiro aparelho de alta fidelidade da cidade e a quem Tom apelidou de “Seu Vitrola”. Billy era um cronista musical: falava de amor, desilusão ou exaltava as belas coisas da vida ou das cidades onde viveu. Nada escapava ao que o rodeava ou tinha conhecimento como por exemplo a construção de Brasília. Era um profeta musical porque a sua música "Não Vou Pra Brasília" é um retrato fiel do que ocorre hoje na capital do Brasil: lugar de "ganhar" grana! Esta música que foi gravada em 1957 pelo conjunto "Os Cariocas" chegou a ser censurada no governo democrático de Juscelino Kubitscheck. Ela revela todo humor e irreverência que Billy imprimia em algumas de suas composições. Em 1996, Billy gravou esta música ao vivo no Vinícius Bar, no Rio de Janeiro, com o luxuoso acompanhamento do violão de Célia Vaz. Saiu no CD chamado "Billy Blanco Informal". É uma raridade. Então, curtam Billy Blanco cantando, aos 72 anos, de sua autoria, o samba NÃO VOU PRA BRASÍLIA. Espero que gostem. Boa audição! Análise: Seguindo o critério “notícia” o texto tem o apelo da morte de um sambista que fez parcerias com grandes nomes da música brasileira, como Tom Jobim e Dolores Duran. Como