O documento discute a "linguagem do corpo" no casamento e como ela é essencial para expressar o amor, fidelidade e entrega mútua entre os cônjuges. Também aborda como a liturgia pode formar esta linguagem e como a oração de Tobias e Sara antes do casamento é um modelo para os esposos.
2. Eu, ..., te recebo, ...,como minha
esposa.
Eu, ..., te recebo, ..., como meu esposo.
E te prometo ser fiel,
na alegria e na
tristeza, na saúde e
na doença, amando-te
e respeitando-te
por todos os dias de
minha vida.
3. A Dimensão do Sinal
• As próprias palavras “Eu te recebo como minha esposa
– meu esposo” (...) só podem ser cumpridas através da
copula conjugale.
• Assim, pois, das palavras,
com que o homem e a mulher
expressam a sua prontidão
para se tornarem
“uma só carne”, (...) passamos
à realidade que corresponde a
estas palavras. Ambos os
elementos são importantes com
relação à estrutura do sinal
sacramental.
(TdC 103)
4. • As palavras “Eu te recebo como minha esposa – meu
esposo” contém em si precisamente aquela perene e
sempre única e irrepetível “linguagem do corpo” e, ao
mesmo tempo, colocam-na no contexto da comunhão
das pessoas. (...) A “linguagem do corpo” é não só o
“substrato” mas, em certo sentido, o conteúdo
constitutivo da comunhão das pessoas. (TdC 103)
• O ser humano foi constituído de tal modo já desde o
“princípio”, que as mais profundas palavras do espírito –
palavras de amor, de entrega, de fidelidade - exigem
uma adequada
“linguagem do corpo”.
E sem essa linguagem
não podem ser
plenamente
expressas.
(TdC 104)
5. • Os ministros do sacramento do matrimônio [marido e
mulher] realizam um ato de caráter profético. (TdC 105)
• O corpo, de fato, diz a verdade através do amor, da
fidelidade, da honestidade conjugais, assim como a
não-verdade, ou seja, a falsidade é expressa através de
tudo o que é negação do amor, da fidelidade, da
honestidade conjugais. (TdC 105)
• Através do matrimônio como sacramento da Igreja, o
homem e a mulher são de modo explícito chamados a
dar – servindo-se corretamente da “linguagem do
corpo” – testemunho do amor esponsal e procriativo,
um testemunho digno de “verdadeiros profetas”. (TdC
106)
6. • É necessário que a
linguagem do corpo seja
relida na verdade! (TdC 106)
• A tríplice concupiscência
(e, em particular, a
concupiscência da
carne) não destrói a
capacidade de reler a
“linguagem do corpo” na
verdade – e de reler
continuamente de modo
mais amadurecido e mais
total. (TdC 107)
7. • O Cântico dos Cânticos encontra-se, certamente, na esteira
daquele sacramento, em que, através da “linguagem do
corpo”, é constituído o sinal visível da participação do
homem e da mulher na aliança da graça e do amor,
oferecida por Deus ao homem. O Cântico dos Cânticos
demonstra a riqueza desta “linguagem”, cuja primeira
expressão está já no Gênesis. (TdC 108)
Que ele me beije com
os beijos de sua boca!
São melhores que o
vinho teus amores...
Leva-me atrás de ti.
Corramos! (Cânt 1, 2.4)
8. • As palavras, movimentos e gestos dos esposos
correspondem ao movimento interior dos seus
corações. Somente através do prisma de tal
movimento é que se pode compreender a
“linguagem do corpo”. (TdC 108)
• O amor desencadeia uma particular experiência do
belo, que se concentra naquilo que é visível, mas
que, não obstante,
envolve ao mesmo
tempo a pessoa
inteira. A experiência
do belo faz brotar o
prazer, que é
recíproco. (TdC 108)
9.
10. • “Feriste meu coração, ó minha irmã e esposa” (Cânt 4, 9)
• Quando o esposo, no Cântico dos Cânticos, se dirige à
esposa como “irmã”, essa expressão significa também
uma releitura específica da “linguagem do corpo”. (TdC
109)
• Ante Ele [o Criador], na plena verdade de sua
masculinidade e feminilidade, eles eram acima de tudo
“irmão” e “irmã” na união
da mesma humanidade.
Essa relação recíproca
de irmão e irmã está
neles constituída como o
primeiro fundamento
da comunhão
de pessoas. (TdC 110)
11. Um Jardim Fechado, uma Fonte Selada
• “És um jardim fechado, minha irmã e esposa, jardim
fechado e fonte selada” (Cânt 4, 12)
• A esposa fala ao esposo com aquilo que parece mais
profundamente escondido em toda a estrutura do seu “eu”
feminino. A esposa
se apresenta aos olhos
do homem como dona de
seu próprio mistério.
Ambas as metáforas
expressam a plena dignidade
pessoal do sexo. (...)
“A linguagem do corpo” relida
na verdade anda de mãos
dadas com a descoberta da
inviolabilidade interior da
pessoa. (TdC 110)
12. Tobias e Sara
• “Não é por luxúria que me caso com esta minha
irmã, mas com reta intenção. Ordena que tenhas
misericórdia, de mim e dela, e que possamos
chegar, os dois, a uma ditosa velhice” (Tobias 8, 7)
• Na história do casamento de Tobias e Sara
encontramos uma situação que parece confirmar
enfaticamente a verdade das palavras sobre o amor
“mais forte do que a morte”. (...) Sara já tinha sido dada
em casamento a sete homens (Tob 6, 14) Mas cada um
deles falecia antes de se unir com ela. (...) O jovem
Tobias tinha razões para temer uma morte similar. (...)
Portanto, desde o primeiro momento, o amor de Tobias
teve que enfrentar um teste de vida ou morte. (TdC 114)
13. Tobias e Sara
• Rafael dá ao jovem Tobias vários conselhos para
evitar a ação do mau espírito que causara a morte
dos sete homens com quem Sara havia se casado
antes.
• Recomenda acima de tudo, a oração: “Quando
estiveres para te unir a ela, antes levantai-vos
ambos e orai e suplicai ao Senhor do céu, para que
vos seja concedida misericórdia e saúde. Não
temas. Ela foi destinada para ti desde sempre e tu a
salvarás. Ela irá contigo e tenho certeza de que
terás filhos com ela, os quais serão para ti como
irmãos. Não fiques preocupado.” (Tob 6, 18) (TdC 114)
• Os esposos, unidos enquanto marido e mulher, se
encontram em uma situação na qual os poderes do bem
e do mal lutam entre si. (TdC 115)
14. Quando a Linguagem da Liturgia se torna a
“Linguagem do Corpo”
• A oração de Tobias e Sara se torna, de certo modo, o
modelo mais profundo de liturgia. (TdC 115)
• A “linguagem do corpo” se torna a linguagem da
liturgia, porque é com base e com fundamento nessa
linguagem que o sinal sacramental do matrimônio é
constituído.
• É através da “linguagem do corpo” relida na verdade –
na verdade do amor – que o sinal sacramental do
matrimônio é construído na linguagem da liturgia e no
ritual litúrgico como um todo.
• Na ótica do mesmo texto pode-se ver também o modo
como a linguagem e o ritual da liturgia formam (devem
formar!) a linguagem do corpo”. (TdC 117)
15. A linguagem litúrgica, ou
seja, a linguagem do
sacramento e do “mistério”,
se torna na vida dos esposos
a “linguagem do corpo”,
com uma profundidade,
simplicidade e beleza até
então desconhecidos.
Esse parece ser o significado
integral do sinal sacramental
do matrimônio.
Nesse sentido, a vida
conjugal se torna liturgia.
(TdC 117b)
16. Santa Gianna,
rogai por nós!
“Possa a nossa época descobrir de novo, através do
exemplo de Gianna Beretta Molla, a beleza pura, casta e
fecunda do amor conjugal, vivido como resposta ao
chamamento divino!” JPII, homilia da canonização