7. REFLEXÃO...
• Os cânones literários (boa literatura) são responsáveis por promover legitimação e
exclusão.
• Podem dar a ideia de que as escolhas das obras são valores absolutos e inquestionáveis,
ajudando na preservação de paradigmas que não necessariamente correspondem ao
que deve ser considerado.
• Analisando o papel da mulher e do homem na literatura, eles são o mesmo?
8. LER NAS ENTRELINHAS
Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um Lê com os olhos que tem.
E interpreta a partir de onde os pés pisam.
Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é
necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da
Leitura sempre uma releitura.
A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial
conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer, como alguém vive, com quem
convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como
assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da
compreensão sempre uma interpretação.
Leonardo Boff
10. MULHERES
DE ATENAS
• 1º PLANO
• Sociedade Patriarcal
• Mulheres em voz
• Mulheres sem direito
• Mulheres com desejos
anulados
• 2º PLANO
• Não há um destinatário
feminino. O destinatário é
TODOS.
• Período – 1976 – Ditadura
Militar
• Não havia liberdade de
expressão. Era necessário
usar metáforas para falar
sobre o que não se
concordava.
11. MULHERES DE ATENAS
(Chico Buarque)
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas; cadenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas
Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos
Os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não tem sonhos, só tem presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas, serenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas
“(...) Urgem-me os procos, e eu
maquino enganos. Um gênio me
inspirou tramar imensa larga teia
delgada, e assim lhes disse: -
Amantes meus, depois de morto
Ulisses, vós não me insteis, o meu
lavor perdendo, sem que do herói
Laertes a mortalha toda esteja
tecida, para quando no sono longo o
sopitar o fado: nenhuma argiva
expobre-me um funéreo manto rico
não ter quem teve nato. – A diurna
obra desfazia à noite, e os entretive
ilusos por três anos (...)” (Homero,
p. 335, 2002).
Em “Ilíada”, Helena, filha de Zeus
era considerada a mulher mais bela
do mundo e é usada pela deusa
Vênus para servir como prêmio para
o príncipe Páris.
Helena, esposa de Menelau, rei de
Esparta, foi seduzida e raptada por
Páris, filho do rei de Tróia. Ao
apaixonar-se por ele, ela é tida
como vulgar, por haver deixado de
amar seu verdadeiro marido. Esse
rapto deu origem à guerra de Tróia,
que os gregos promoveram para
resgatar Helena; fato narrado em
“Ilíada” de Homero.
12. MULHERES DE ATENAS
(Chico Buarque)
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas; cadenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas
Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos
Os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não tem sonhos, só tem presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas, serenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas
Submissão
Supremacia masculina
Atuação exclusivamente
doméstica
Procriam para alimentar a
guerra
Sofrem perdas causada pela
guerra
Servidão sexual
13. MULHERES DE ATENAS
(Chico Buarque)
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas; cadenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas
Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos
Os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não tem sonhos, só tem presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas, serenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas
14. MIRAR
• verbo
1 t.d. e pron. fixar (os olhos) em; fitar, olhar ‹m. as estrelas› ‹m. os filhos› ‹o
s rivais miravam-se silenciosamente›
2 t.d. dirigir (os olhos) para (alguém ou algo); olhar ‹mirou de relance a porta
›
3 t.d.; p.ext. olhar longamente à distância; observar, espreitar ‹o ladrão mirav
a os moradores da casa›
4 pron. olhar ou contemplar (a própria imagem refletida) ‹diante do espelho,
mirou-se embevecida›
5 pron. (prep.: em); fig. refletir-se, espelhar-se, reproduzir-
se ‹as árvores miram-se no lago› ‹o escritor mirava-se em sua obra›
• Dicionário Houaiss Online
15. “Eu disse: mirem-se no exemplo
daquelas mulheres que vocês vão ver
o que vai dar.” (Chico Buarque)