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Quem, vindo de outras terras, chegava ao País das pessoas tristes, não compreendia.
As pessoas eram boas e afectuosas e aparentemente só tinham motivos para
ser felizes. Mas quando lhes faziam perguntas, as pessoas afastavam-se e
não respondiam, ou mudavam delicadamente de assunto pedindo desculpa.
Às vezes, porém, os visitantes
demoravam-se mais tempo, e
depressa faziam amigos porque era
muito fácil fazer amigos naquele
país. E esses amigos levavam-nos
então a suas casas e, depois de
terem trancado bem as portas e
fechado todas as janelas,
revelavam-lhes o segredo da sua
tristeza.
Contavam-lhes que o povo daquele país tivera um dia um imenso e belo tesouro que alguém
lho roubara. E que era um tesouro tão grande e tão valioso que, sem ele, não podiam ser
felizes.
-Um tesouro? – perguntavam os visitantes muito surpreendidos.
-- Sim um tesouro… A liberdade.
-A liberdade? Um tesouro?
Os visitantes não queriam acreditar porque, nas suas terras, a liberdade era uma coisa comum,
quase sem importância. Toda a gente era livre de fazer o que quisesse desde que não fizesse
mal a ninguém, e isso era tão normal que as pessoas nem davam pela liberdade. Eram livres do
mesmo modo que respiravam e ninguém dá conta de que respira, respira e pronto.
Sim, a liberdade é como o ar que respiramos – diziam-lhe os seus novos amigos tristemente. –
Só quando nos falta, e sufocamos cheios de aflição, é que descobrimos que, sem ele, não
podemos viver…
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Então explicavam-lhes: naquele país as pessoas não podiam fazer o que queriam, nem podiam dizer o que
pensavam ou o que sentiam, nem, como eles, partir e visitar outros países e conhecer outros povos, viviam
fechadas no seu país como se ele fosse uma prisão. Nem sequer podiam contar esse segredo a ninguém,
porque seriam presas, ou até mortas.
-Mas isso devia ser uma grande infelicidade! – diziam os visitantes.
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a matar gente que não conheciam e que nunca lhes
tinha feito mal nenhum, e muitos deles morriam lá
ou regressavam loucos ou estropiados.
-Mas porque é que vocês não votam em
governantes que acabem com todas essas coisas
más e que vos restituam a vossa liberdade, o vosso
tesouro? – estranharam os visitantes.
-- Porque nós também não podemos votar!
Era espantoso;
- Não podem votar? Então como escolhem os
vossos governantes?
-Mas nós não escolhemos os nossos governantes…
-Então quem os escolhe?
- Ninguém sabe…
E, de regresso ao seu país, compreendia então como a sua
liberdade era afinal um tesouro muito valioso e, a partir daí,
passava a velar por ele como por um bem raro de que a
sua felicidade e a sua própria vida dependiam, lembrando-
se muitas vezes dos amigos que tinham deixado, sós e
infelizes, no País das Pessoas Tristes.
Até que um dia chegou em que, no País das Pessoas Tristes, as pessoas decidiram
reconquistar o seu tesouro. Os soldados reuniram-se nos quartéis e pegaram nas suas armas
para arrancar finalmente o tesouro das mãos dos ladrões. E toda a gente saiu
alvoroçadamente para a rua e acompanhou os soldados, cantando e gritando: “Viva a
liberdade! Viva a liberdade!”
Tudo isto aconteceu há muito tempo (ainda tu não tinhas nascido), num país
muito distante.
Esse país agora já não se chama País das Pessoas Tristes, chama-se Portugal
e é o teu país. E o tesouro pertence-te a ti, és tu que agora tens que cuidar
dele guardando-o muito bem no fundo do teu coração para que ninguém to
roube outra vez.
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aconteceu mesmo. Pergunta aos teus pais ou avós e aos teus professores e
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  • 2.
  • 3.
  • 4. Quem, vindo de outras terras, chegava ao País das pessoas tristes, não compreendia. As pessoas eram boas e afectuosas e aparentemente só tinham motivos para ser felizes. Mas quando lhes faziam perguntas, as pessoas afastavam-se e não respondiam, ou mudavam delicadamente de assunto pedindo desculpa.
  • 5. Às vezes, porém, os visitantes demoravam-se mais tempo, e depressa faziam amigos porque era muito fácil fazer amigos naquele país. E esses amigos levavam-nos então a suas casas e, depois de terem trancado bem as portas e fechado todas as janelas, revelavam-lhes o segredo da sua tristeza.
  • 6. Contavam-lhes que o povo daquele país tivera um dia um imenso e belo tesouro que alguém lho roubara. E que era um tesouro tão grande e tão valioso que, sem ele, não podiam ser felizes. -Um tesouro? – perguntavam os visitantes muito surpreendidos. -- Sim um tesouro… A liberdade. -A liberdade? Um tesouro?
  • 7. Os visitantes não queriam acreditar porque, nas suas terras, a liberdade era uma coisa comum, quase sem importância. Toda a gente era livre de fazer o que quisesse desde que não fizesse mal a ninguém, e isso era tão normal que as pessoas nem davam pela liberdade. Eram livres do mesmo modo que respiravam e ninguém dá conta de que respira, respira e pronto. Sim, a liberdade é como o ar que respiramos – diziam-lhe os seus novos amigos tristemente. – Só quando nos falta, e sufocamos cheios de aflição, é que descobrimos que, sem ele, não podemos viver… - E como pode alguém viver sem liberdade? Como é possível?
  • 8. Então explicavam-lhes: naquele país as pessoas não podiam fazer o que queriam, nem podiam dizer o que pensavam ou o que sentiam, nem, como eles, partir e visitar outros países e conhecer outros povos, viviam fechadas no seu país como se ele fosse uma prisão. Nem sequer podiam contar esse segredo a ninguém, porque seriam presas, ou até mortas. -Mas isso devia ser uma grande infelicidade! – diziam os visitantes. -- Não admira que vocês estejam sempre tão tristes!
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  • 12. a matar gente que não conheciam e que nunca lhes tinha feito mal nenhum, e muitos deles morriam lá ou regressavam loucos ou estropiados. -Mas porque é que vocês não votam em governantes que acabem com todas essas coisas más e que vos restituam a vossa liberdade, o vosso tesouro? – estranharam os visitantes. -- Porque nós também não podemos votar! Era espantoso; - Não podem votar? Então como escolhem os vossos governantes? -Mas nós não escolhemos os nossos governantes… -Então quem os escolhe? - Ninguém sabe…
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  • 14. E, de regresso ao seu país, compreendia então como a sua liberdade era afinal um tesouro muito valioso e, a partir daí, passava a velar por ele como por um bem raro de que a sua felicidade e a sua própria vida dependiam, lembrando- se muitas vezes dos amigos que tinham deixado, sós e infelizes, no País das Pessoas Tristes.
  • 15. Até que um dia chegou em que, no País das Pessoas Tristes, as pessoas decidiram reconquistar o seu tesouro. Os soldados reuniram-se nos quartéis e pegaram nas suas armas para arrancar finalmente o tesouro das mãos dos ladrões. E toda a gente saiu alvoroçadamente para a rua e acompanhou os soldados, cantando e gritando: “Viva a liberdade! Viva a liberdade!”
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  • 22. Tudo isto aconteceu há muito tempo (ainda tu não tinhas nascido), num país muito distante. Esse país agora já não se chama País das Pessoas Tristes, chama-se Portugal e é o teu país. E o tesouro pertence-te a ti, és tu que agora tens que cuidar dele guardando-o muito bem no fundo do teu coração para que ninguém to roube outra vez. Porque esta história não é uma história inventada. É uma história verdadeira, aconteceu mesmo. Pergunta aos teus pais ou avós e aos teus professores e eles contar-te-ão mais coisas sobre o País das Pessoas Tristes e sobre o Dia da Liberdade.