2. Da construção de Becos
“Foi o meu primeiro experimento em
construir um texto ficcional con(fundindo)
escrita e vida, ou, melhor dizendo, escrita
e vivência. Talvez na escrita de Becos,
mesmo que de modo quase que
incosciente, eu já buscasse construir uma
forma de escrevivência.” (EVARISTO, in Da
construção de Becos, 2017)
4. Dar voz aos invisíveis
Conceição Evaristo em Becos da Memória conduz
a narrativa refletindo durante toda a escrita do
romance sobre questões referentes aos afazeres
da memória.
5. Espaço e Identidade
O plano ficcional é utilizado como laboratório de experimentação
teórica, pois a autora, na dicção da narradora, ao mesmo tempo em
que elabora as nuances da narrativa, pensa e reflete acerca do
passado e as maneiras pelas quais ele insiste em se inscrever no
presente das suas personagens.
A literatura como espaço de leitura e pertencimento
identitário e geográfico sobre o tempo e suas camadas
temporais.
6. A Escrevivência
Conceição Evaristo, no romance Becos da Memória,
utiliza-se da linguagem literária e dos recursos
ficcionais para tratar do conceito de escrevivência...
... e os usos da memória, atentando para as
relações existentes entre o signo literário e os
vestígios das lembranças ligadas ao espaço e às
ficções da memória.
E, como a memória esquece, surge a
necessidade da invenção.
7. Maquinaria da Memória
Conforme Gagnebin (2009) é própria
da experiência do trauma e do choque
a impossibilidade do esquecimento, a
insistência na repetição.
8. A memória se constitui como espaço de
disputa política, ideológica e simbólica,
sendo assim construída e desconstruída,
num movimento constante e permanente,
a partir das tensões entre a esfera íntima,
pessoal e a esfera pública, coletiva.
9. Memórias Subterrâneas
Os estudos de Regina Dalcastagnè (2021, p. 163-165), na
obra O prego e o rinoceronte, possibilitam compreender a
íntima relação entre memória, espaço geográfico e
identidade. Para tanto, a autora utiliza-se do conceito de
“praticantes ordinários da cidade” os únicos capazes de
descrevê-la, com seus corpos, gestos e movimentos
“Praticantes ordinários da cidade”
10. A escrita de Evaristo não
é apenas ficcional
A autora, ao escrever o seu romance,
elabora, paralelamente, outra narrativa,
intrinsecamente ligada à primeira: a da
sua subjetividade enquanto sujeito que
estava lá, no olho íntimo do furacão da
opressão do Estado e de sua negligência.
Não há experiência
sem narração
11. Manifestações sociais e culturais
das minorias são ignoradas
“Repensar a dinâmica social da literatura de forma a preencher as lacunas entre os
escritos e o vivido, o pensado e o sentido, e abranger o leque de relações entre literatura
e sociedade, ideologia e realidade não é somente buscar a interpretação que destrua a
ilusão formalista de que a literatura existe num mundo à parte, desvinculada da
realidade, de como vivemos e queremos viver no mundo.” (schimidt 2016)
Considerações finais