SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 17
Baixar para ler offline
UFSC – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
IEJC – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO JOSUÉ DE CASTRO
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA
EDUCADORES: MAGALY MENDONÇA E NAZARENO JOSÉ CAMPOS




        O MEIO NATURAL DO MEIO OESTE
 CATARINENSE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO
          DINÂMICA SOCIAL E ESPACIAL




                                               EDSON DE LORENZI




                         JULHO DE 2011



                                                              1
O MEIO NATURAL DO MEIO OESTE CATARINENSE NO PROCESSO DE
                   FORMAÇÃO DINÂMICA SOCIAL E ESPACIAL


                                                                        EDSON DE LORENZI1
        1. INTRODUÇÃO


        Neste trabalho procurarei pesquisar, desenvolver e entender alguns elementos
que compõe a formação a questão territorial da Região Sul do Brasil, que influiu no
processo de ocupação deste lugar, desenvolvendo os aspectos do meio natural no
processo de formação dinâmica social e espacial relacionando com a questão fundiária
como entrave ou potencial para o desenvolvimento local e/ou regional. Diante disso,
primeiramente focarei estudo na Região Sul do Brasil, depois, delimitando esse espaço
para o meio-oeste catarinense e por fim, a exploração e ocupação do território local,
município onde resíduo que é Fraiburgo.
        Compreendemos que todo esse espaço territorial que estudaremos, já era
habitado e explorado por nativos da região. A terra era, para os milhares de indígenas e
caboclos que habitavam a região, “um bem comum” e para os primeiros latifundiários
era “terra de ninguém”.(TOMAZI, 2006)2.
        Até o século passado essa terra era caracterizada por extensas florestas de
madeira nobre, além de ervais ricos em erva-mate, a região centro-oeste do Sul do
Brasil, serviu de morada a caboclos, constituídos em pequenos proprietários, peões-
ervateiros e agregados, que não possuíam legalização de suas terras. (JUNIOR,2008)3
        Desde então, podemos compreender que a necessidade de exploração deste
espaço e a extração dos recursos naturais, necessitavam de um caminho coerente,
ligando o extremo sul até São Paulo e Rio de janeiro. Com o interesse econômico de
abastecer as regiões do sudeste brasileiro, surgem várias vilas e comunidades que


1
  Formado em Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina
(UNOESC). Pós-graduado pela Universidade da EDUCON - Paraná no Ensino de História e Geografia,
professor efetivo do estado de Santa Catarina na Escola de Educação Básica Vinte e Cinco de Maio
(Escola do Campo), no município de Fraiburgo. Atualmente esta cursando a Especialização do Ensino de
Ciências Humanas e Sociais em Escolas do Campo pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
2
 TOMAZI, Gilberto. A Mística do Contestado: A mensagem de João Maria na experiência religiosa do
Contestado e dos seus descendentes. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) São Paulo: 2005
3
 JUNIOR,José Aquino. A Região do contestado (PR-SC): Território e Poder, marcas do passado ao
presente. Artigo apresentado no curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Geografia da
UFPR. PR, 2008.


                                                                                                  2
serviram de passagem para as tropas de mula e gado. Muitos municípios da Regiao Sul
ficaram marcadas pela paragem dos tropeiros e deu o inicio da exploração destas terras
devolutas que eram habitadas por nativos da região. .(THOMÉ,2003 )4
          No entanto,o município de Fraiburgo, local onde produzo minha existência, fica
situado no meio-Oeste catarinense, onde o processo de formaçao social e cultural deu-se
dessa maneira, além disso, foi marcado por revolta ocorrida na região, conhecida como
Guerra do Contestado. A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na
região Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca
de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares dos poderes: federal e estadual.
Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de
disputa territorial entre os estados do Parará e Santa Catarina.(THOMÉ, 1993)5


2. O MEIO NATURAL, SUA EXPLORAÇÃO E CULTURA


          A    exploração de um determinado espaço não dá-se somente ao acaso. A
descoberta de um território vem acompanhado por interesses econômicos. No entanto,
quando há ocupação desse território, no modelo de uso da terra comum, que foi o caso
das terras devolutas do meio-oeste e o regime republicano, que troxe consigo a
legalidades dessas terras na forma da lei, garantindo a posse dessas terras a grupos
independentes. Isso é o começo de um novo tempo. A cultura se aculturando ao novo
modelo de produção socio-cultural.
          Desta forma, a construção deste espaço comum, aos poucos vai saindo de cena.
Com exceção da região litorânea do Sul do Brasil, o movimento de exploração que
aconteceu por volta do século XVI e XVII, o planalto de Santa Catarina e Rio Grande
do Sul vai sendo explorado de forma gradativa, devido as riquezas naturais existentes. A
miscigenação chega para construir a formação sócio-espacial do sul do Brasil


                       Muitos os traços culturais que distinguem os tipos e formas de utilização pública da
                       terra e bens naturais no Brasil. Dentre eles estão as chamadas “terra de uso
                       comum” ou “terras comunais”, áreas utilizadas comunalmente por diversos
                       proprietários individuais independentes. Não se trata de propriedade comum, mas


4
    THOMÉ, Nilson. PR e SC Disputam Território. Curitiba: Gazeta do Povo, Suplemento, 2003.

5
 THOMÉ, Nilson. Rio Branco e o Contestado – Questão de Limites Brasil-Argentina. Caçador: UnC,
1993.


                                                                                                         3
de uso comum; um certo “ager publicus” –terra comum- como entre os romanos,
                       ou os “common fields” dos tempos dos “enclusores” ingleses do século XVI. A
                       origem de tal forma de uso da terra remonta é época pré-feudal européia, cujo
                       constume foi repassado ao Brasil via Povoamento, principalmente em regiões lusas
                       e luso- açorianas do litoral. Em regiões interioranas também aparecem, tendo-se
                       como exemplo os conhecidos “faxinais” do Planalto Meridional, além de formas
                       típicas do Nordeste e Amazônia em zonas de cocais, babaçuais, castanhais, etc.
                       além dos tipos e formas anteriormente citados ocorre igualmente no Brasil o uso e
                       apropriação comunal por parte de não proprietários. São exemplos as “terras de
                       índios”, as “terras de negros”, as “terras de santo”, os quilombos, entre outras,
                       ocorrendo nestas a ocupação comunal e o usufruto, podendo, em determinadas
                       situações, gerar direito consuetudinário. As terras de uso comum foram sofrendo
                       profundas alterações no tempo e espaço, principalmente cm o aprofundamento, no
                       atual século, das relações capitalistas de produção, que fizeram avançar o processo
                       de apropriação privada da terra e bens da natureza. Hoje restam apenas resquícios.
                       Uns, poucos significativos, outros, merecendo mais estudos pelo ainda representam
                       para as populações usuárias. (CAMPOS, 2003)6


          Nesse caminhada de povos, a natureza vai se “humanizando”, vai ganhando
cores na base da exploração e da destruição do meio. O homem se apropria do espaço e
começa a produzir sua existência. Milton Santos relaciona esse momento:


                       "a natureza começa num processo de humanização cada vez maior, ganhando a
                       cada passo elementos que são resultado da cultura. Torna-se cada dia mais
                       culturalizada, mais artificializada, mais humanizada. O processo de culturalização
                       da natureza torna-se, cada vez mais, o processo de sua tecnificação. As técnicas,
                       mais e mais, vão incorporando-se à natureza e esta fica cada vez mais socializada,
                       pois é, a cada dia mais, o resultado do trabalho de um maior número de pessoas.
                       Partindo de trabalhos individualizados de grupos, hoje todos os indivíduos
                       trabalham conjuntamente, ainda que disso não se apercebam. No processo de
                       desenvolvimento humano, não há uma separação do homem e da natureza. A
                       natureza se socializa e o homem se naturaliza" (Santos, 1988:89).7


          Esta forma de uso pode ser vista como uma mistura de herança de diversos
elementos étnicos que compunham esse cenário, a saber: o português, o africano e o
indígena, que miscigenados formaram o conhecido “caboclo”. População constituída

6
 CAMPOS, Nazareno José de. Artigo:Terras Comunais: Ocorrências Na Formação Sócio- Espacial
Brasileira. Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC, 2003. Florianapólis BRASIL
7
    SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo : Hucitec, 1988.


                                                                                                        4
por agregados, posseiros e alguns proprietários com posse oficial, que a partir do final
do século XIX se instalaram na região (Machado, 2001, p. 20)8. Estes praticavam a
lavoura em suas terras, cujos excedentes eram vendidos a comerciantes locais; atividade
que se somava à utilização comunal de algumas áreas, como os pinheirais, onde eram
criados suínos soltos no meio do mato, que engordavam no inverno ingerindo pinhões,
sendo então, comercializados em cidades próximas, podendo criar também gado bovino
em áreas de campos limpos. E em áreas onde ocorriam os butiás, suas folhas eram
extraídas para serem vendidas a fabricantes de crina vegetal. É possível dizer que
naquelas paisagens, utilizadas coletivamente, existia entre aqueles habitantes um sentido
de apropriação coletiva onde se evidenciava o interesse e o usufruto comum. Usufruto
que de acordo com E. P Thompson (2002)9, se baseia na noção do costume passado
sucessivamente através de gerações. As terras onde ocorriam estas práticas eram
devolutas ou particulares, onde, apesar de saberem quem era o proprietário, este não se
importava com tal uso.


2.1 Formação Histórica da Região Sul (Final do Século XIX)


          Trabalharemos a produção deste texto relatando a formação histórica da Região
Sul, a partir do Brasil República. Nessa época muitos fazendeiros do sul do país
começaram a legalizar a posse de suas terras sem obedecer às de quem não havia
legalizado. Somam-se as políticas federais do período, que almejavam ligar o Rio
Grande do Sul, em grande desenvolvimento, ao resto do Brasil, principalmente a São
Paulo. Fora isso havia o impasse na divisão territorial entre os dois estados (Paraná e
Santa Catarina), que se tornavam o obstáculo de ligação entre o Rio Grande do Sul e
São Paulo.10
          Desde a época da Governadoria-Geral do Brasil, os portugueses aproveitaram
para se consolidar na costa brasileira e avançar para o Oeste, utilizando o sistema



8
  MACHADO, Paulo Pinheiro. Bugres, Tropeiros e Birivas: Aspectos do Povoamento do Planalto
Serrano. In: BRANCHER, Ana AREND, Silvia M.F. (orgs). História de Santa Catarina no século XIX.
Florianópolis: Ufsc, 2001.
9
    THOMPSON, Edward Palmer. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
10
   Solução encontrada para encerrar a disputa pela fronteira interestadual. Acordo assinado pelos
respectivos governadores em 16 de outubro de 1916 sob a chancela da Presidência da República,
homologado pelas assembléias legislativas e aprovado pelo Congresso Nacional em 3 de agosto de 1917.


                                                                                                  5
agrário das sesmarias11 uma herança do tempo das capitanias hereditárias. A atividade
pastoril, forma inicial do povoamento do sertão brasileiro, realizou-se por meio de
concessões de terras em sesmarias e sua distribuição foi motivada pela necessidade da
criação extensiva de gado. Eram “datas” de enormes proporções, geralmente muito
maiores que as sesmarias do litoral, o que se justificava diante da necessidade de amplas
áreas de pastagens. A pecuária representou uma das mais importantes atividades para a
ocupação e o desbravamento das diversas regiões do Brasil, pois


                      [...] foi ela que deu ao homem colonial a noção do valor econômico
                      das áreas que não tinham riquezas minerais e que não se prestavam à
                      agricultura. Foi, pois, nos sertões do centro, nordeste e sul que
                      ocorreram as primeiras concessões de sesmarias para a criação de
                      gado, visando à fixação do homem no interior (RITTER, 1980,
                      p.53)12.


        As sesmarias tinham a extensão de três léguas quadradas, medidas com três
léguas de comprimento por uma légua de largura13. Elas não deviam encostar umas nas
outras. Entre elas deveria ficar um amplo espaço de terras livres, que se conservariam
devolutas. Os sesmeiros não permitiam que outros moradores nelas se estabelecessem.
As pessoas de poucos recursos, que não podiam obtê-las junto ao governo, ocupavam
clandestinamente e cultivavam as áreas, e, só mais tarde, quando isto fosse possível,
tentavam solicitá-las como sesmarias. As primeiras ocupações por posses aconteciam
nas zonas livres entre uma sesmaria e outra, logo se estendendo às sesmarias que não
haviam sido desenvolvidas pelos seus titulares. Os pobres se estabeleciam nos terrenos
aparentemente sem dono, construíam pequenas casas e iniciavam o cultivo. Mas,
“subitamente surgia um homem rico portando o título que conseguira na véspera,
expulsando-os e ainda se utilizando do fruto de seu trabalho. Ou o pequeno lavrador



11
  As sesmarias caracterizavam a cessão gratuita do uso da terra, em áreas devolutas no litoral e no sertão,
para minas, lavoura e pecuária.
12
  RITTER, Marina da Lourdes. As Sesmarias do Paraná no Século XVIII. IHGEP, Estante Paranista 9.
Curitiba: IHGEP, 1980.
13
  A sesmaria de uma légua de frente por três léguas de fundo, no formato retangular, media seis
quilômetros de frente por dezoito quilômetros de fundo, totalizando 10.800 hectares, equivalente a 4.463
alqueires paulistas.


                                                                                                           6
arrendava essa parcela, plantando principalmente milho e feijão” (FERREIRA FILHO,
1978, p. 75) 14.
           Ao longo dos caminhos, em locais de terras devolutas previamente escolhidas e
geralmente em campo aberto, com pasto suculento e boa aguada, os tropeiros
levantavam choças, de pau-a-pique, sem paredes e cobertas de palha, para servirem de
“encosto”. Logo, surgiram aqueles que tomavam posse destes locais de paradas15,
cercavam-nos como campos fechados (potreiros), substituíam a palhoça por um rancho
rústico, para alugá-los aos tropeiros e, assim, transformavam os encostos em “pousos”.
(LORENZI, 2003)16
           Na medida em que os encostos se transformavam em pousos, o local atraia para
suas proximidades outro posseiro, concorrente, que também construía seu rancho e fazia
surgir novo pouso. “[...] fincado o pouso, logo surgia nas suas imediações um ou outro
morador, erguendo palhoça, acomodando criações, plantando milho e passando a
negociar com os homens das tropas que ali pernoitassem” (ARINOS, 1921, p. 111)17. A
abertura da venda, ou bodega, era o sinal de que aquele pouso prometia ser bom. E aí,
vinha um terceiro homem, e os ranchos cresciam, passando a ser chamados estalagens.
Encostos, pousos, hospedarias, bodegas, fazendolas, com potreiros ou currais, eram as
atrações aos tropeiros viajantes, alguns dos quais vieram a escolher nossa região para
nova moradia. Fixando-se, promoviam o aparecimento de núcleos populacionais e,
assim, no decorrer do tempo, fizeram surgir às primeiras povoações, mais tarde vilas, no
território do meio-oeste catarinense.


2.2 Formação Histórica do Meio-Oeste Catarinese


       Com base no parágrafo anterior, a formação meio-oeste de Santa Catarina não foi
diferente. Inserido na Floresta da Araucária, nas regiões de matas e de campos, o Meio-
oeste catarinense era território indígena dos Gê, representados pelos Kaingang e
Xokleng, tradicionais rivais dos Guarani que se localizavam mais a Ocidente, em terras
espanholas, e dos Carijó, habitantes do Litoral. Conheciam-nos apenas os bandeirantes
14
     FERREIRA FILHO, Arthur. História Geral do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1978.
15
  Um local que ficou conhecido a partir desta designação foi o “Pouso dos Curitibanos”, na Estrada Real,
que mais tarde emprestou o nome ao povoado, vila e cidade de Curitibanos.
16
     LORENZI, Sérgio de. Taquaruçu: A Pérola do Contestado. Fraiburgo: Joannei, 2003.
17
     ARINOS, Afonso. Histórias e Paisagens. Rio: [s.n.], 1921.


                                                                                                      7
paulistas que os encontravam nas suas expedições para o Sul. Gradativamente, primeiro
às centenas e, em seguida, em alguns milhares, estes paulistas penetradores, na maioria
mamelucos, passaram a habitar também o Território Contestado. Parte deles manteve
contato com o índio domesticado, o Kaigang. Simultaneamente, gaúchos dos pampas
também misturaram-se com os Guarani e com os Kaigang, vindo a conhecer, no Século
XIX, o Território Contestado. Então, foi desta forma que portugueses, paulistas-
mamelucos, espanhóis-castelhanos, gaúchos-mamelucos e índios, além de negros,
mulatos, cafuzos e alguns imigrantes europeus, constituíram a primeira grande
população do Planalto Central Catarinense, compondo um quadro étnico que só veio a
sofrer substancial modificação após a Guerra do Contestado, no advento da colonização
com novos imigrantes europeus e seus descendentes. (THOMÉ, 2007:127)
        A Guerra do Contestado, ocorrida entre 1912 e 1916, se constitui em um
episódio complexo da história do sul brasileiro, alimentado por múltiplos fatores que se
inter-relacionam, entre eles, a miséria social, o messianismo, a guerra convencional, as
táticas de guerrilhas, o puro banditismo, o coronelismo, o capitalismo em expansão.

                   O Oeste de Santa Catarina ficou conhecido, nas primeiras décadas do século XX,
            como “terra sem lei”, sem dono e “sertão bruto”, em razão do seu processo histórico de
            abandono, permeado por disputas e lutas internacionais e nacionais. Para caracterizarmos
            essa região e as razões de sua ocupação acelerada na primeira metade do século XX, é
            importante resgatarmos seu processo histórico e a forma como se deu a colonização dessa
            área, que pode ser denominada de última fronteira do estado a entrar no modelo
            colonizador.(NODARI, 2009)18


        A economia da região do planalto catarinense teve como primeiros centros
irradiadores os campos de Lages e os de Palmas. Até o final do século XIX, está se
assentava basicamente na pecuária extensiva de gado bovino e na atividade extrativista
da erva mate. Na criação de gado, as grandes fazendas não tinham fronteiras fixas,
apenas acidentes naturais impunham certos limites para a pecuária extensiva. A garantia
de propriedade dava-se mediante a posse da terra e a força.(Tomazi, 2006)19




18
  NODARI, Eunice Sueli,2009, p. 24, Etnicidades Renegociadas: Práticas socioculturais no Oeste de
Santa Catarina; Pag 24.
19
  TOMAZI, Gilberto. A Mística do Contestado: A mensagem de João Maria na experiência religiosa do
Contestado e dos seus descendentes. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) São Paulo: 2005


                                                                                                    8
3.         A QUESTÃO TERRITORIAL INFLUINDO NO PROCESSO DE
OCUPAÇÃO DO LUGAR


           Na década de 1930 a localidade do Campo da Dúvida20, que pertencia ao
município de Curitibanos, no planalto de Santa Catarina, recebeu a instalação da serraria
René Frey & Irmão, que passou a explorar as suas vastas florestas de araucárias. Antes
da serraria, o uso que se fazia daquelas terras era baseado no usufruto comum de seus
recursos naturais, realizada principalmente por pequenos e médios sitiantes, muitos
deles posseiros. Forma de uso da terra que entrou em decadência a partir da instalação
da serraria, que, ao longo das décadas de 1930 e 1960, devastou, cercou e iniciou a
urbanização de boa parte das terras da localidade, que deu origem, no ano de 1961, ao
município de Fraiburgo (BRANDT)21
           O processo de povoação da região do Campo da Dúvida partiu inicialmente dos
campos e rotas tropeiras, que cruzavam o planalto catarinense em Lages, Curitibanos e
Campos Novos, e pelos Campos de Palmas pelo lado paranaense. Essa região, que se
constituía nas palavras de Paulo Pinheiro Machado (2001, p. 19-20)22, em uma
“fronteira no sentido de ser a vanguarda de um processo específico de apropriação e
colonização de terras”, permitiu com que, a partir da segunda metade do século XIX,
pequenos e médios sitiantes, na maioria posseiros, alguns com posses legitimadas,
ocupassem as regiões de matas e campos do planalto médio e norte, em vales de rios,
como o Marombas, Taquaruçu, Correntes, do Peixe, entre outros. Muitos dos novos
ocupantes dessa fronteira agrícola eram fugitivos ou sobreviventes de conflitos como a
Revolução Farroupilha (1835-1845) e a Revolução Federalista (1893-1895). Ex-
agregados dos grandes latifúndios planaltinos, também compunham esse quadro. Existia
um costume de permitir a agregados manterem um rebanho formado das crias de reses
ganhas “de presente”. Se, com o passar dos anos, o número de cabeças do rebanho fosse
considerado excessivo, o fazendeiro mandava o agregado se mudar, buscando terra
própria, ou vender o excesso de animais. Se o agregado partisse em busca de novas

20
     Atualmente pertence ao município de Fraiburgo – SC
21
  BRANDT, Marlon. Campo da Dúvida: Uma Paisagem em Transformação – Do Uso Comum Da
Terra À Exploração Madeireira (1930 a1960) 2007. Mestre em Geografia – Universidade Federal de
Santa Catarina.
22
  MACHADO, Paulo Pinheiro.Bugres, Tropeiros e Birivas: Aspectos do Povoamento do Planalto
Serrano. In: BRANCHER, Ana AREND, Silvia M.F. (orgs). História de Santa Catarina no século XIX.
Florianópolis, Ufsc, 2001.


                                                                                                 9
terras, este se tornava independente, passando a viver “sobre si” (QUEIROZ, 1981, p.
30-31)23. Condição tentadora, porém arriscada, já que teria que conviver com a
existência de tensões e conflitos com a população indígena, em uma clara disputa de
espaço.


3.1 Origem do Município de Fraiburgo


           Naturais da Alemanha, os irmãos René e Arnoldo Frey instalaram-se no Vale do
Rio do Peixe em Perdizes, atual Videira, na década de 1930. Lá iniciaram uma pequena
fábrica de produtos derivados de carne suína e bovina. Consistia em uma pequena
produção mercantil, da mesma forma que várias outras que surgiram na região com o
processo de colonização (ESPINDOLA, 1999)24. Produção cuja mercadoria era
exportada via férrea, principalmente para o Sudeste. O crescimento de suas atividades
no ramo das carnes fez com que os irmãos buscassem novas áreas para investir,
encontrando tal oportunidade na indústria madeireira (FREY, 2005, p. 31-52)25.
           Pouco tempo depois tomaram conhecimento de uma área com mais de 5.000
hectares, ricas em pinheirais na localidade do Campo da Dúvida. As terras, situadas na
fazenda Bom futuro, de propriedade de Belizário Ramos e seu filho Aristiliano Ramos,
de Lages, passaram então a ser exploradas a partir de 1937, com base em um acordo
comum na região: o de “serrar as meias”, onde os proprietários da serraria e o das terras
ficam cada um com metade da produção (FREY, 2003, p. 14-15)26.
           No feriado de 7 de setembro de 1937, René leva Maria para conhecer Campo da
Dúvida, a 30 quilômetros de distância. Saem a cavalo às 4 horas da manhã, e através de
caminhos difíceis, atravessando rios, chegam a Marechal Hindemburg, atualmente Dez
de Novembro (próprias palavras de Maria Frey, conforme registradas em seu caderno de
memórias):
                        (...) Seguimos viagem, passando pelo vizinho Sr. Ernesto Scholl, subindo agora
                        numa ladeira, onde só mais tinha rastos do pés de cavalos, onde o primeiro pisava,
                        outros também eram obrigados a pisar, pelo chão liso devido à unidade do mato,


 QUEIROZ, Maurício Vinhas de. Messianismo e conflito social: a guerra sertaneja do
23

Contestado (1912-1916). 3. ed. São Paulo: Ática, 1981. Coleção Ensaios, n. 23.
24
     ESPÍNDOLA, Carlos José. As agroindústrias do Brasil: o caso Sadia. Chapecó: Grifos, 1999.
25
     FREY, Willy.Lá nos Frai. Curitiba: Sépia Editora, 2005, p. 31-36.
26
     FREY, Willy. Relorestar é a solução. Curitiba: Sépia Editora, 2003.


                                                                                                       10
onde os pinheiros altos e grossos se sobressaiam, com as suas copas lembrando um
                        guarda-chuva dobrado pelo vento. Tornamos a descer e chegamos a uma tapera,
                        tendo, como vestígio de uma antiga moradia, chorões de respeitável grossura,
                        árvores de maçãs, de marmelos, um forno despencando coberto de roseiras
                        trepadeiras (hoje os fundos do Hospital). Seguimos mais pouco, chegamos numa
                        clareira onde o mato afastou-se (...) Sentamos na sombra, recostando, para fazer a
                        nossa refeição, isto foi pão com salame e vinho (...) Pelo cansaço sobreveio uma
                        sonolência. Ainda ouvi René dizer aqui vai ser a serraria, lá o pátio das toras pela
                        inclinação facilita levar os troncos na serra, lá vai ter uma estrada com casas. (...)
                        (FREY, 2005).27


           Passado algum tempo, com a diminuição das matas devido à exploração da
madeira, os colonizadores começam a buscar alternativas econômicas. Além de plantar
uva para fabricar vinho, os Frey produzem mudas de frutíferas européias e dão início à
novo município com o nome de Fraiburgo a “Terra da Maçã”, fruta essa, que melhor se
adaptou à região e ao clima.



4. MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA ENQUANTO ELEMENTO DE
DESENVOLVIMENTO


4.1 Modelo de Exploração Territorial

           Ao longo das décadas de 1950 e 1960, os irmãos Frey adquiriram mais terras e
pinheiros de propriedades vizinhas. Terras que pertenciam, em alguns casos, a herdeiros de
grandes fazendeiros a quem a sucessiva divisão das terras acabou os empobrecendo, onde
ainda abundavam os pinheirais e que, a partir da devastação promovida pela serraria, seriam
então alvo de seus novos investimentos econômicos, baseados, sobretudo na fruticultura,
tornando aquele espaço produtivo racionalizado e homogeneizado com a constituição de
pomares de maçã (KLANOVICZ; NODARI, 2005, p. 95)28.
           A devastação das terras e a implementação dessas novas atividades econômicas
eram incompatíveis com as práticas de criação à solta dos porcos, ainda empreendida
por muitos dos seus confrontantes. Não era raro ocorrer invasões de animais,



27
     FREY, Willy, Lá nos Frey. Curitiba: Sépia Editora, 2005
28
  KLANOVICZ, Jó; NODARI, Eunice Sueli. Das araucárias às macieiras: transformações da
paisagem em Fraiburgo – Santa Catarina. Florianópolis: Insular, 2005.


                                                                                                          11
principalmente porcos, as terras dos Frey, que passaram a cercá-las, o que para José
Lindolfo Cordeiro Leite (2005)29 fez com que a criação entrasse em decadência:


                        [...] depois que os Frey vieram começou a arruinar. Daí eles fecharam tudo os
                       terrenos e não queriam criação nenhuma nos terrenos. Daí Deus o livre. Virou uma
                       breca que não tinha jeito. Daí eles fecharam os terrenos. Mas veja bem, fechavam
                       com arame, mas também o porco, cabrito, ovelha aquele passava, mas eles não
                       queriam.


          No final da década de 1950, a localidade já apresentava as feições de um
pequeno núcleo urbano. Em 1958, segundo Willy Frey (2005, p. 84), a empresa René
Frey & Irmão, Já contava com duas serrarias, fábrica de caixas, um grande moinho,
cantina vinífera, fábrica de crina vegetal, fábrica de pasta mecânica (celulose), açougue
com matadouro anexo, olaria, granja de suínos, e setor de produção agrícola. O núcleo
populacional compunha-se de uma pequena pensão; bomba de gasolina; dois armazéns
de fornecimento; moinho, além de 110 casas de operários, construídas de madeira e
cobertas de taboinhas. Tudo propriedade da empresa.(BRANDT, 2007)
          Transformações que seriam cada vez mais profundas, principalmente a partir da
década de 1960, quando os irmãos Frey buscam atrair sócios para investirem em seus
empreendimentos, o que culminaria com a introdução em larga escala do cultivo de
maçãs no final da década de 1960, fazendo com que o município, em pouco mais de
duas décadas se tornasse o principal produtor de maçãs do país (BURKE, 1994, p. 19,
89-94)30.


5. A HETEROGENEIDADE ECONÔMICA E SOCIAL NA ATUALIDADE



5.1 Formação sócio espacial


           A propriedade de fazendas sob o regime de condomínio, ao menos em
Curitibanos, chegou a possuir, ainda na primeira década do século XX, uma



29
  Entrevista cedida a Marlon Brandt na produção do artigo Campo da Dúvida: Uma Paisagem em
Transformação – Do Uso Comum Da Terra À Exploração Madeireira (1930 a1960) Mestre em
Geografia – Universidade Federal de Santa Catarina.
30
     BURKE, Thomas J. Fraiburgo: do machado ao computador. Curitiba: Gráfica Vicentina, 1994.


                                                                                                    12
regulamentação municipal expedida pelo então prefeito Coronel Francisco Ferreira de
Albuquerque, através da Lei nº 49 de 6 de janeiro de 1908:

                        O cidadão coronel Francisco Ferreira de Albuquerque, superintendente municipal
                        de Coritybanos.

                        Faço saber a todos os habitantes deste Municipio que o Conselho Municipal
                        decretou e eu sanciono a Lei seguinte:

                        Art. 1.º – Nos terrenos lavradios que se acham em commum entre muitos
                        condominos, cada um delles poderá cultivar sómente a extenção que em proporção
                        lhe couber, o que verificar-se-á por um arbitramento que se procederá a
                        requerimento da parte que se julgar prejudicada, perante o Superintendente terá
                        lugar a louvação em arbitradores, que avaliarão a extenção que possa pertencer aos
                        condominos.

                        [...]

                        Secretaria da Superintendencia Municipal de Coritybanos, 6 de janeiro de 1908. –
                        Francisco Ferreira de Albuquerque, Cornelio de Haro Varella, secretario31.


           Condomínios que além do uso das terras agricultáveis, conforme apresentado na
Lei Municipal de Curitibanos, possivelmente enquadravam-se também segundo Pontes
de Miranda em uma forma de compáscuo de pastos entre os proprietários32. Na
comunhão dos pastos, para Faria Motta

                        tanto poderá consistir esse direito em terem várias pessoas comunhão no uso do
                        pasto ou dos pastos do mesmo prédio ou de um só proprietário, quanto em terem
                        diversas pessoas comunhão no uso dos pastos de seus prédios33.


           É o caso das terras de uso comum junto ao caminho das tropas, que de acordo
com Nazareno José de Campos “conjuga o interesse de usufruto de comunidades
vizinhas, até mesmo distantes, com o de tropeiros com o seu gado em trânsito”. Seu
surgimento, segundo o autor é muitas vezes incerto, podendo nascer a partir de uma área
já usufruída em comum por uma ou mais comunidades, ou como no caso do planalto


31
 CURITIBANOS (Município) Lei nº 49, de 6 de janeiro de 1908. In: O Trabalho. Curitibanos, ano 1, n.
13, 18 de março de 1908, p. 3.
32
     PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Op. Cit., p. 431.
33
     MOTTA, J. A. Faria. Condomínio e vizinhança: direito e ações. São Paulo: Saraiva, 1942, p. 332.


                                                                                                         13
catarinense, pode ter surgido através dos primeiros caminhos de tropas que varavam os
sertões.
          Entre o final do século XIX e início do século XX tem-se um aumento da
ocupação territorial do planalto catarinense, principalmente das regiões ao norte e oeste
de Curitibanos. Terras que com freqüência eram alvo de apropriação por parte de
grandes fazendeiros. Se ao norte as principais áreas de interesse eram os ervais nativos,
mais ao sul, onde esta escasseava, eram alvos de açambarcamento as áreas de campo.
Inclusive as matas e faxinais, áreas de pouco interesse para o grande fazendeiro, mas de
grande importância para o pequeno e médio sitiante, pois era lá que criavam porcos,
colhiam pinhões e extraíam outros recursos naturais, geralmente em comum com os
confrontantes, pois no inverno a mata e principalmente os faxinais, se constituíam em
espaços para a pastagem do gado34.
          Na região de Fraiburgo, a colonização avançava para áreas mais distantes da
agora colônia Dez de Novembro, atingindo outras localidades, pertencentes ao imenso
imóvel Butiá Verde, principalmente a partir da década de 1940, como era o caso de
Taquaruçu35. Segundo Pedro Felisbino, as primeiras famílias de colonos, na maioria
ítalo-brasileiros, começaram a se instalar a partir da década de 1940 (FELISBINO
2002). A legalização das posses, que inicialmente foi tentada por meio de um acordo em
192636, só ocorreu na década de 1940. Muitos que não concordaram com este acordo,
permanecendo sob a posse, perderam suas terras, com a criação, mais tarde, do Núcleo
Tritícola, localizado atualmente em Frei Rogério.
           Para Brandt, a apropriação privada de terras ocorria no planalto desde o século
XVIII, com o estabelecimento das primeiras fazendas de criação, tanto pelo
apossamento, quanto por sesmarias. Mesmo que estas ocupassem uma imensa área de
campos naturais, pela baixa densidade demográfica, raramente um sesmeiro encontrava
algum posseiro ocupando suas terras.
Em Fraiburgo, projetos de diversificação econômica impostos pelos Frey, como a
fruticultura são também responsáveis pela devastação de novas áreas, destinadas a partir

34
     MACHADO, Paulo Pinheiro (2004). Op. Cit., p. 74-75.
35
  Consultando o Registro de Imóveis de Curitibanos é possível constatar, a partir da década de 1940 e
1950, a aquisição de terras, compondo o imóvel Butiá Verde, então pertencentes a Wenceslao Breves, as
famílias Bogo e De Lorenzi, dentre outras na região de Taquaruçu e em Frei Rogério.
36
  Escritura Pública de Contrato entre Artur Formighieri, Ernesto Formighieri, Ângelo Preto, Aníbal
Formighieri e moradores de Taquaruçu, Passa Três e Faxinal dos Carvalhos, no dia 22 de fevereiro de
1926.


                                                                                                      14
de então ao plantio de árvores frutíferas como a macieira, cuja invasão de animais,
sobretudo porcos, poderia causar danos as plantas e mudas das árvores. A própria
modernização da agricultura na região, da qual os investimentos em fruticultura dos
Frey faziam parte, influenciou no declínio desta forma de criação. As novas exigências
impostas pelas agroindústrias, com um porco com cada vez mais carne e menos banha e
a introdução de novas raças, menos rústicas e aptas a percorrer as florestas em busca de
alimentos, associadas a integração entre a empresa e o produtor, fizeram com que
muitos pequenos criadores ficassem alijados deste processo, enquanto outros não viram
outra alternativa senão se integrar ao modelo. (BRANDT, 2007).
     Não esquecendo interior, onde as mudanças na estrutura ocupacional indicam,
para para Fraiburgo, o decréscimo de pessoas ocupadas em atividades estritamente
agrícolas e o crescimento de ocupações em atividades não-agrícolas, principalmente
aquelas relacionadas com a indústria de transformação, da construção civil e a prestação
de serviços. Um olhar mais atento, contudo, revela que o município fraiburguense
apresenta uma grande diversidade social e econômica (agropecuária, industria e
comércio), as oportunidades de trabalho em atividades não-agrícolas no meio rural
ainda apresentam-se bastante limitadas. As políticas públicas para o desenvolvimento
rural proporcionou ações para exclusões de dezenas famílias do campo.              Faltou
unidades industriais familiares localizadas no meio rural, Faltou novas formas de acesso
à terra e políticas de reordenamento fundiário, visando oportunizar aos jovens de
construir seu futuro e de sua família sem necessitar abandonar o meio rural e a própria
região em busca de novas oportunidades de trabalho e de renda nas cidades.
     Claro que Fraiburgo não é o único município com esse problemas sociais, mas a
efetiva mobilização da sociedade em favor de padrões alternativos de organização e
regulação econômica será       determinante    para   a   definição   da   trajetória   de
desenvolvimento que cada região.




                                                                                        15
6. REFERÊNCIAS

1
    BRANDT, Marlon. Campo da Dúvida: Uma Paisagem em Transformação – Do
Uso Comum Da Terra À Exploração Madeireira (1930 a1960) 2007. Mestre em
Geografia – Universidade Federal de Santa Catarina
1
    NODARI, Eunice Sueli,2009, Etnicidades Renegociadas: Práticas socioculturais no
Oeste de Santa Catarina; Pag 24.
1
    TOMAZI, Gilberto. A Mística do Contestado: A mensagem de João Maria na
experiência religiosa do Contestado e dos seus descendentes. Dissertação (Mestrado
em Ciências da Religião) São Paulo: 2005
ARINOS, Afonso. Histórias e Paisagens. Rio: [s.n.], 1921.
BURKE, Thomas J. Fraiburgo: do machado ao computador. Curitiba: Gráfica
Vicentina, 1994.
CAMPOS, Nazareno José de. Artigo:Terras Comunais: Ocorrências Na Formação
Sócio- Espacial Brasileira. Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC, 2003.
Florianapólis BRASIL
CAMPOS, Nazareno José de. Terras de uso comum junto aos caminhos de tropas.
In: Bom Jesus na rota do tropeirismo no Cone Sul. Porto Alegre: Edições EST, 2004,
p. 299.
CURITIBANOS (Município) Lei nº 49, de 6 de janeiro de 1908. In: O Trabalho.
Curitibanos, ano 1, n. 13, 18 de março de 1908, p. 3.
ESPÍNDOLA, Carlos José. As agroindústrias do Brasil: O caso Sadia. Chapecó:
Grifos, 1999.
FERREIRA FILHO, Arthur. História Geral do Rio Grande do Sul. Porto Alegre:
Globo, 1978.
FREY, Willy, Lá nos Frey. Curitiba: Sépia Editora, 2005
FREY, Willy. Relorestar é a solução. Curitiba: Sépia Editora, 2003.
FREY, Willy.Lá nos Frai. Curitiba: Sépia Editora, 2005, p. 31-36.
JUNIOR,José Aquino. A Região do contestado (PR-SC): Território e Poder, marcas
do passado ao presente. Artigo apresentado no curso de mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Geografia da UFPR. PR, 2008.




                                                                                16
KLANOVICZ, Jó; NODARI, Eunice Sueli. Das araucárias às macieiras:
transformações da paisagem em Fraiburgo – Santa Catarina. Florianópolis: Insular,
2005.
LORENZI, Sérgio de. Taquaruçu: A Pérola do Contestado. Fraiburgo: Joannei, 2003.
MACHADO, Paulo Pinheiro. Bugres, Tropeiros e Birivas: Aspectos do Povoamento
do Planalto Serrano. In: BRANCHER, Ana AREND, Silvia M.F. (orgs). História de
Santa Catarina no século XIX. Florianópolis: Ufsc, 2001.
MACHADO, Paulo Pinheiro.Bugres, Tropeiros e Birivas: Aspectos do Povoamento
do Planalto Serrano. In: BRANCHER, Ana AREND, Silvia M.F. (orgs). História de
Santa Catarina no século XIX. Florianópolis, Ufsc, 2001.
MOTTA, J. A. Faria. Condomínio e vizinhança: direito e ações. São Paulo: Saraiva,
1942, p. 332.
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti.,. Tratado de direito privado. Tomo
XII. p. 431. 1955 Rio de Janeiro: Editor Borsoi.
QUEIROZ, Maurício Vinhas de. Messianismo e conflito social: a guerra sertaneja do
RITTER, Marina da Lourdes. As Sesmarias do Paraná no Século XVIII. IHGEP,
Estante Paranista 9. Curitiba: IHGEP, 1980.
SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo : Hucitec, 1988.
THOMÉ, Nilson. PR e SC Disputam Território. Curitiba: Gazeta do Povo,
Suplemento, 2003.
THOMÉ, Nilson. Rio Branco e o Contestado – Questão de Limites Brasil-
Argentina. Caçador: UnC, 1993.
THOMPSON, Edward Palmer. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das
Letras, 2002.
TOMAZI, Gilberto. A Mística do Contestado: A mensagem de João Maria na
experiência religiosa do Contestado e dos seus descendentes. Dissertação (Mestrado
em Ciências da Religião) São Paulo: 2005




                                                                                17

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Cap 1 da europa para o mundo
Cap 1 da europa para o mundoCap 1 da europa para o mundo
Cap 1 da europa para o mundoFernanda Lopes
 
Imagens dos índios do Brasil no século XVI - Trabalhando com documentos hist...
Imagens dos índios do Brasil no século XVI  - Trabalhando com documentos hist...Imagens dos índios do Brasil no século XVI  - Trabalhando com documentos hist...
Imagens dos índios do Brasil no século XVI - Trabalhando com documentos hist...Acrópole - História & Educação
 
7º a, b douglas-história
7º a, b douglas-história7º a, b douglas-história
7º a, b douglas-históriaFatima Moraes
 
Pré história da região centro-oeste do brasil
Pré história da região centro-oeste do brasilPré história da região centro-oeste do brasil
Pré história da região centro-oeste do brasilJosé Carlos da Silva
 
O Patrimônio Cultural de Garopaba (SC) na percepção dos professores da rede ...
O Patrimônio Cultural de Garopaba (SC) na percepção dos professores da rede  ...O Patrimônio Cultural de Garopaba (SC) na percepção dos professores da rede  ...
O Patrimônio Cultural de Garopaba (SC) na percepção dos professores da rede ...Viegas Fernandes da Costa
 
Cap 18 organização econômica
Cap 18 organização econômicaCap 18 organização econômica
Cap 18 organização econômicaJoao Balbi
 
Ensino de história e diversidade étnica cultural
Ensino de história e diversidade étnica culturalEnsino de história e diversidade étnica cultural
Ensino de história e diversidade étnica culturalmontorri
 
OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO E A PRESERVAÇÃO DO SABER LOCAL EM PORTO DA MAN...
OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO E A PRESERVAÇÃO DO SABER LOCAL EM PORTO DA MAN...OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO E A PRESERVAÇÃO DO SABER LOCAL EM PORTO DA MAN...
OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO E A PRESERVAÇÃO DO SABER LOCAL EM PORTO DA MAN...1sested
 
A educao escolar diferenciada do povo xucuru do ororub en
A educao escolar diferenciada do povo xucuru do ororub enA educao escolar diferenciada do povo xucuru do ororub en
A educao escolar diferenciada do povo xucuru do ororub enValquiria Azevedo
 
Apresentacao jagaurao outubro de 2013
Apresentacao jagaurao   outubro de 2013Apresentacao jagaurao   outubro de 2013
Apresentacao jagaurao outubro de 2013gisianevieiraanana
 
Entre trapiches, trilhas e vilas organização comunitária e práticas sustentáv...
Entre trapiches, trilhas e vilas organização comunitária e práticas sustentáv...Entre trapiches, trilhas e vilas organização comunitária e práticas sustentáv...
Entre trapiches, trilhas e vilas organização comunitária e práticas sustentáv...Daniel S Fernandes
 
Apostila -gestao_de_bens_culturais
Apostila  -gestao_de_bens_culturaisApostila  -gestao_de_bens_culturais
Apostila -gestao_de_bens_culturaisPaula Pauleira
 

Mais procurados (19)

Cap 1 da europa para o mundo
Cap 1 da europa para o mundoCap 1 da europa para o mundo
Cap 1 da europa para o mundo
 
Planos de ensino historia 7 ano 2014
Planos de ensino historia 7 ano 2014Planos de ensino historia 7 ano 2014
Planos de ensino historia 7 ano 2014
 
Plano de ensino 9º ano geografia1
Plano de ensino 9º ano geografia1Plano de ensino 9º ano geografia1
Plano de ensino 9º ano geografia1
 
Imagens dos índios do Brasil no século XVI - Trabalhando com documentos hist...
Imagens dos índios do Brasil no século XVI  - Trabalhando com documentos hist...Imagens dos índios do Brasil no século XVI  - Trabalhando com documentos hist...
Imagens dos índios do Brasil no século XVI - Trabalhando com documentos hist...
 
7º a, b douglas-história
7º a, b douglas-história7º a, b douglas-história
7º a, b douglas-história
 
Op e oque ensinar geografia ef
Op e oque ensinar geografia efOp e oque ensinar geografia ef
Op e oque ensinar geografia ef
 
Plano de curso 6 ano
Plano de curso 6 anoPlano de curso 6 ano
Plano de curso 6 ano
 
Pré história da região centro-oeste do brasil
Pré história da região centro-oeste do brasilPré história da região centro-oeste do brasil
Pré história da região centro-oeste do brasil
 
O Patrimônio Cultural de Garopaba (SC) na percepção dos professores da rede ...
O Patrimônio Cultural de Garopaba (SC) na percepção dos professores da rede  ...O Patrimônio Cultural de Garopaba (SC) na percepção dos professores da rede  ...
O Patrimônio Cultural de Garopaba (SC) na percepção dos professores da rede ...
 
Cap 18 organização econômica
Cap 18 organização econômicaCap 18 organização econômica
Cap 18 organização econômica
 
Ensino de história e diversidade étnica cultural
Ensino de história e diversidade étnica culturalEnsino de história e diversidade étnica cultural
Ensino de história e diversidade étnica cultural
 
OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO E A PRESERVAÇÃO DO SABER LOCAL EM PORTO DA MAN...
OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO E A PRESERVAÇÃO DO SABER LOCAL EM PORTO DA MAN...OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO E A PRESERVAÇÃO DO SABER LOCAL EM PORTO DA MAN...
OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO E A PRESERVAÇÃO DO SABER LOCAL EM PORTO DA MAN...
 
JT em Ação - Ed 11
JT em Ação - Ed 11JT em Ação - Ed 11
JT em Ação - Ed 11
 
A educao escolar diferenciada do povo xucuru do ororub en
A educao escolar diferenciada do povo xucuru do ororub enA educao escolar diferenciada do povo xucuru do ororub en
A educao escolar diferenciada do povo xucuru do ororub en
 
Planos de ensino historia 6 ano 2014
Planos de ensino historia 6 ano 2014Planos de ensino historia 6 ano 2014
Planos de ensino historia 6 ano 2014
 
Apresentacao jagaurao outubro de 2013
Apresentacao jagaurao   outubro de 2013Apresentacao jagaurao   outubro de 2013
Apresentacao jagaurao outubro de 2013
 
Entre trapiches, trilhas e vilas organização comunitária e práticas sustentáv...
Entre trapiches, trilhas e vilas organização comunitária e práticas sustentáv...Entre trapiches, trilhas e vilas organização comunitária e práticas sustentáv...
Entre trapiches, trilhas e vilas organização comunitária e práticas sustentáv...
 
Favelas
FavelasFavelas
Favelas
 
Apostila -gestao_de_bens_culturais
Apostila  -gestao_de_bens_culturaisApostila  -gestao_de_bens_culturais
Apostila -gestao_de_bens_culturais
 

Semelhante a Ocupação e exploração do Meio-Oeste Catarinense

A hegemonia do latifundio na regiao norte de mato grosso 1
A hegemonia do latifundio na regiao norte de mato grosso 1A hegemonia do latifundio na regiao norte de mato grosso 1
A hegemonia do latifundio na regiao norte de mato grosso 1Silvânio Barcelos
 
Formação territorial do brasil
Formação territorial do brasilFormação territorial do brasil
Formação territorial do brasilPedro Neves
 
Geografia 8º ano segundo bimestre
Geografia 8º ano segundo bimestreGeografia 8º ano segundo bimestre
Geografia 8º ano segundo bimestreEvaldo Pereira Merim
 
TCD GEOGRAFIA DO BRASIL
TCD GEOGRAFIA DO BRASILTCD GEOGRAFIA DO BRASIL
TCD GEOGRAFIA DO BRASILRodrigo Lopes
 
O latifúndio e a hegemonia do capital no contexto da história agrária da regi...
O latifúndio e a hegemonia do capital no contexto da história agrária da regi...O latifúndio e a hegemonia do capital no contexto da história agrária da regi...
O latifúndio e a hegemonia do capital no contexto da história agrária da regi...Silvânio Barcelos
 
Questões de vestibular povos nativos
Questões de vestibular   povos nativosQuestões de vestibular   povos nativos
Questões de vestibular povos nativosZé Knust
 
Livro breve painel etno hsiotirco de ms
Livro breve painel etno hsiotirco de msLivro breve painel etno hsiotirco de ms
Livro breve painel etno hsiotirco de msalinecerutticultura
 
Tl n7 a luta dos povos da floresta (chico mendes)
Tl n7   a luta dos povos da floresta (chico mendes)Tl n7   a luta dos povos da floresta (chico mendes)
Tl n7 a luta dos povos da floresta (chico mendes)eduardo carneiro
 
Fronteira. a degradação do outro nos confins do humano
Fronteira. a degradação do outro nos confins do humanoFronteira. a degradação do outro nos confins do humano
Fronteira. a degradação do outro nos confins do humanoSilvânio Barcelos
 

Semelhante a Ocupação e exploração do Meio-Oeste Catarinense (20)

Lei 11.645
Lei 11.645Lei 11.645
Lei 11.645
 
A hegemonia do latifundio na regiao norte de mato grosso 1
A hegemonia do latifundio na regiao norte de mato grosso 1A hegemonia do latifundio na regiao norte de mato grosso 1
A hegemonia do latifundio na regiao norte de mato grosso 1
 
295
295295
295
 
Gruta de Maquiné
Gruta de MaquinéGruta de Maquiné
Gruta de Maquiné
 
Geo21
Geo21Geo21
Geo21
 
Geo21
Geo21Geo21
Geo21
 
Formação territorial do brasil
Formação territorial do brasilFormação territorial do brasil
Formação territorial do brasil
 
Missoes
MissoesMissoes
Missoes
 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA
HISTÓRIA E GEOGRAFIAHISTÓRIA E GEOGRAFIA
HISTÓRIA E GEOGRAFIA
 
Slides-
Slides-Slides-
Slides-
 
O militar e o religioso sob a mesma cruz
O militar e o religioso sob a mesma cruzO militar e o religioso sob a mesma cruz
O militar e o religioso sob a mesma cruz
 
Geografia 8º ano segundo bimestre
Geografia 8º ano segundo bimestreGeografia 8º ano segundo bimestre
Geografia 8º ano segundo bimestre
 
TCD GEOGRAFIA DO BRASIL
TCD GEOGRAFIA DO BRASILTCD GEOGRAFIA DO BRASIL
TCD GEOGRAFIA DO BRASIL
 
Adm,+artigo+3
Adm,+artigo+3Adm,+artigo+3
Adm,+artigo+3
 
O latifúndio e a hegemonia do capital no contexto da história agrária da regi...
O latifúndio e a hegemonia do capital no contexto da história agrária da regi...O latifúndio e a hegemonia do capital no contexto da história agrária da regi...
O latifúndio e a hegemonia do capital no contexto da história agrária da regi...
 
Questões de vestibular povos nativos
Questões de vestibular   povos nativosQuestões de vestibular   povos nativos
Questões de vestibular povos nativos
 
Livro breve painel etno hsiotirco de ms
Livro breve painel etno hsiotirco de msLivro breve painel etno hsiotirco de ms
Livro breve painel etno hsiotirco de ms
 
Tl n7 a luta dos povos da floresta (chico mendes)
Tl n7   a luta dos povos da floresta (chico mendes)Tl n7   a luta dos povos da floresta (chico mendes)
Tl n7 a luta dos povos da floresta (chico mendes)
 
Fronteira. a degradação do outro nos confins do humano
Fronteira. a degradação do outro nos confins do humanoFronteira. a degradação do outro nos confins do humano
Fronteira. a degradação do outro nos confins do humano
 
T Geografia
T GeografiaT Geografia
T Geografia
 

Mais de taquarucu

TCC kátia Matoso
TCC kátia MatosoTCC kátia Matoso
TCC kátia Matosotaquarucu
 
TCC - Marta Fidelis Ribeiro
TCC -  Marta Fidelis RibeiroTCC -  Marta Fidelis Ribeiro
TCC - Marta Fidelis Ribeirotaquarucu
 
Jornal o taquaruçu 14
Jornal o taquaruçu 14Jornal o taquaruçu 14
Jornal o taquaruçu 14taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 13
Jornal o taquaruçu 13Jornal o taquaruçu 13
Jornal o taquaruçu 13taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 13
Jornal o taquaruçu 13Jornal o taquaruçu 13
Jornal o taquaruçu 13taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 12
Jornal o taquaruçu 12Jornal o taquaruçu 12
Jornal o taquaruçu 12taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 11
Jornal o taquaruçu 11Jornal o taquaruçu 11
Jornal o taquaruçu 11taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 11
Jornal o taquaruçu 11Jornal o taquaruçu 11
Jornal o taquaruçu 11taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 10
Jornal o taquaruçu 10Jornal o taquaruçu 10
Jornal o taquaruçu 10taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 9
Jornal o taquaruçu 9Jornal o taquaruçu 9
Jornal o taquaruçu 9taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 8
Jornal o taquaruçu 8Jornal o taquaruçu 8
Jornal o taquaruçu 8taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 7
Jornal o taquaruçu 7Jornal o taquaruçu 7
Jornal o taquaruçu 7taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 6
Jornal o taquaruçu 6 Jornal o taquaruçu 6
Jornal o taquaruçu 6 taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 5
Jornal o taquaruçu 5Jornal o taquaruçu 5
Jornal o taquaruçu 5taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 4
Jornal o taquaruçu 4Jornal o taquaruçu 4
Jornal o taquaruçu 4taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 4
Jornal o taquaruçu 4Jornal o taquaruçu 4
Jornal o taquaruçu 4taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 3
Jornal o taquaruçu 3Jornal o taquaruçu 3
Jornal o taquaruçu 3taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 2
Jornal o taquaruçu 2Jornal o taquaruçu 2
Jornal o taquaruçu 2taquarucu
 
Jornal o taquaruçu 1
Jornal o taquaruçu 1Jornal o taquaruçu 1
Jornal o taquaruçu 1taquarucu
 
O meio natural do meio oeste catarinense no processo de formação dinâmica so...
O meio natural do meio oeste catarinense no processo  de formação dinâmica so...O meio natural do meio oeste catarinense no processo  de formação dinâmica so...
O meio natural do meio oeste catarinense no processo de formação dinâmica so...taquarucu
 

Mais de taquarucu (20)

TCC kátia Matoso
TCC kátia MatosoTCC kátia Matoso
TCC kátia Matoso
 
TCC - Marta Fidelis Ribeiro
TCC -  Marta Fidelis RibeiroTCC -  Marta Fidelis Ribeiro
TCC - Marta Fidelis Ribeiro
 
Jornal o taquaruçu 14
Jornal o taquaruçu 14Jornal o taquaruçu 14
Jornal o taquaruçu 14
 
Jornal o taquaruçu 13
Jornal o taquaruçu 13Jornal o taquaruçu 13
Jornal o taquaruçu 13
 
Jornal o taquaruçu 13
Jornal o taquaruçu 13Jornal o taquaruçu 13
Jornal o taquaruçu 13
 
Jornal o taquaruçu 12
Jornal o taquaruçu 12Jornal o taquaruçu 12
Jornal o taquaruçu 12
 
Jornal o taquaruçu 11
Jornal o taquaruçu 11Jornal o taquaruçu 11
Jornal o taquaruçu 11
 
Jornal o taquaruçu 11
Jornal o taquaruçu 11Jornal o taquaruçu 11
Jornal o taquaruçu 11
 
Jornal o taquaruçu 10
Jornal o taquaruçu 10Jornal o taquaruçu 10
Jornal o taquaruçu 10
 
Jornal o taquaruçu 9
Jornal o taquaruçu 9Jornal o taquaruçu 9
Jornal o taquaruçu 9
 
Jornal o taquaruçu 8
Jornal o taquaruçu 8Jornal o taquaruçu 8
Jornal o taquaruçu 8
 
Jornal o taquaruçu 7
Jornal o taquaruçu 7Jornal o taquaruçu 7
Jornal o taquaruçu 7
 
Jornal o taquaruçu 6
Jornal o taquaruçu 6 Jornal o taquaruçu 6
Jornal o taquaruçu 6
 
Jornal o taquaruçu 5
Jornal o taquaruçu 5Jornal o taquaruçu 5
Jornal o taquaruçu 5
 
Jornal o taquaruçu 4
Jornal o taquaruçu 4Jornal o taquaruçu 4
Jornal o taquaruçu 4
 
Jornal o taquaruçu 4
Jornal o taquaruçu 4Jornal o taquaruçu 4
Jornal o taquaruçu 4
 
Jornal o taquaruçu 3
Jornal o taquaruçu 3Jornal o taquaruçu 3
Jornal o taquaruçu 3
 
Jornal o taquaruçu 2
Jornal o taquaruçu 2Jornal o taquaruçu 2
Jornal o taquaruçu 2
 
Jornal o taquaruçu 1
Jornal o taquaruçu 1Jornal o taquaruçu 1
Jornal o taquaruçu 1
 
O meio natural do meio oeste catarinense no processo de formação dinâmica so...
O meio natural do meio oeste catarinense no processo  de formação dinâmica so...O meio natural do meio oeste catarinense no processo  de formação dinâmica so...
O meio natural do meio oeste catarinense no processo de formação dinâmica so...
 

Ocupação e exploração do Meio-Oeste Catarinense

  • 1. UFSC – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA IEJC – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO JOSUÉ DE CASTRO DISCIPLINA: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA EDUCADORES: MAGALY MENDONÇA E NAZARENO JOSÉ CAMPOS O MEIO NATURAL DO MEIO OESTE CATARINENSE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DINÂMICA SOCIAL E ESPACIAL EDSON DE LORENZI JULHO DE 2011 1
  • 2. O MEIO NATURAL DO MEIO OESTE CATARINENSE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DINÂMICA SOCIAL E ESPACIAL EDSON DE LORENZI1 1. INTRODUÇÃO Neste trabalho procurarei pesquisar, desenvolver e entender alguns elementos que compõe a formação a questão territorial da Região Sul do Brasil, que influiu no processo de ocupação deste lugar, desenvolvendo os aspectos do meio natural no processo de formação dinâmica social e espacial relacionando com a questão fundiária como entrave ou potencial para o desenvolvimento local e/ou regional. Diante disso, primeiramente focarei estudo na Região Sul do Brasil, depois, delimitando esse espaço para o meio-oeste catarinense e por fim, a exploração e ocupação do território local, município onde resíduo que é Fraiburgo. Compreendemos que todo esse espaço territorial que estudaremos, já era habitado e explorado por nativos da região. A terra era, para os milhares de indígenas e caboclos que habitavam a região, “um bem comum” e para os primeiros latifundiários era “terra de ninguém”.(TOMAZI, 2006)2. Até o século passado essa terra era caracterizada por extensas florestas de madeira nobre, além de ervais ricos em erva-mate, a região centro-oeste do Sul do Brasil, serviu de morada a caboclos, constituídos em pequenos proprietários, peões- ervateiros e agregados, que não possuíam legalização de suas terras. (JUNIOR,2008)3 Desde então, podemos compreender que a necessidade de exploração deste espaço e a extração dos recursos naturais, necessitavam de um caminho coerente, ligando o extremo sul até São Paulo e Rio de janeiro. Com o interesse econômico de abastecer as regiões do sudeste brasileiro, surgem várias vilas e comunidades que 1 Formado em Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC). Pós-graduado pela Universidade da EDUCON - Paraná no Ensino de História e Geografia, professor efetivo do estado de Santa Catarina na Escola de Educação Básica Vinte e Cinco de Maio (Escola do Campo), no município de Fraiburgo. Atualmente esta cursando a Especialização do Ensino de Ciências Humanas e Sociais em Escolas do Campo pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC 2 TOMAZI, Gilberto. A Mística do Contestado: A mensagem de João Maria na experiência religiosa do Contestado e dos seus descendentes. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) São Paulo: 2005 3 JUNIOR,José Aquino. A Região do contestado (PR-SC): Território e Poder, marcas do passado ao presente. Artigo apresentado no curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPR. PR, 2008. 2
  • 3. serviram de passagem para as tropas de mula e gado. Muitos municípios da Regiao Sul ficaram marcadas pela paragem dos tropeiros e deu o inicio da exploração destas terras devolutas que eram habitadas por nativos da região. .(THOMÉ,2003 )4 No entanto,o município de Fraiburgo, local onde produzo minha existência, fica situado no meio-Oeste catarinense, onde o processo de formaçao social e cultural deu-se dessa maneira, além disso, foi marcado por revolta ocorrida na região, conhecida como Guerra do Contestado. A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares dos poderes: federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Parará e Santa Catarina.(THOMÉ, 1993)5 2. O MEIO NATURAL, SUA EXPLORAÇÃO E CULTURA A exploração de um determinado espaço não dá-se somente ao acaso. A descoberta de um território vem acompanhado por interesses econômicos. No entanto, quando há ocupação desse território, no modelo de uso da terra comum, que foi o caso das terras devolutas do meio-oeste e o regime republicano, que troxe consigo a legalidades dessas terras na forma da lei, garantindo a posse dessas terras a grupos independentes. Isso é o começo de um novo tempo. A cultura se aculturando ao novo modelo de produção socio-cultural. Desta forma, a construção deste espaço comum, aos poucos vai saindo de cena. Com exceção da região litorânea do Sul do Brasil, o movimento de exploração que aconteceu por volta do século XVI e XVII, o planalto de Santa Catarina e Rio Grande do Sul vai sendo explorado de forma gradativa, devido as riquezas naturais existentes. A miscigenação chega para construir a formação sócio-espacial do sul do Brasil Muitos os traços culturais que distinguem os tipos e formas de utilização pública da terra e bens naturais no Brasil. Dentre eles estão as chamadas “terra de uso comum” ou “terras comunais”, áreas utilizadas comunalmente por diversos proprietários individuais independentes. Não se trata de propriedade comum, mas 4 THOMÉ, Nilson. PR e SC Disputam Território. Curitiba: Gazeta do Povo, Suplemento, 2003. 5 THOMÉ, Nilson. Rio Branco e o Contestado – Questão de Limites Brasil-Argentina. Caçador: UnC, 1993. 3
  • 4. de uso comum; um certo “ager publicus” –terra comum- como entre os romanos, ou os “common fields” dos tempos dos “enclusores” ingleses do século XVI. A origem de tal forma de uso da terra remonta é época pré-feudal européia, cujo constume foi repassado ao Brasil via Povoamento, principalmente em regiões lusas e luso- açorianas do litoral. Em regiões interioranas também aparecem, tendo-se como exemplo os conhecidos “faxinais” do Planalto Meridional, além de formas típicas do Nordeste e Amazônia em zonas de cocais, babaçuais, castanhais, etc. além dos tipos e formas anteriormente citados ocorre igualmente no Brasil o uso e apropriação comunal por parte de não proprietários. São exemplos as “terras de índios”, as “terras de negros”, as “terras de santo”, os quilombos, entre outras, ocorrendo nestas a ocupação comunal e o usufruto, podendo, em determinadas situações, gerar direito consuetudinário. As terras de uso comum foram sofrendo profundas alterações no tempo e espaço, principalmente cm o aprofundamento, no atual século, das relações capitalistas de produção, que fizeram avançar o processo de apropriação privada da terra e bens da natureza. Hoje restam apenas resquícios. Uns, poucos significativos, outros, merecendo mais estudos pelo ainda representam para as populações usuárias. (CAMPOS, 2003)6 Nesse caminhada de povos, a natureza vai se “humanizando”, vai ganhando cores na base da exploração e da destruição do meio. O homem se apropria do espaço e começa a produzir sua existência. Milton Santos relaciona esse momento: "a natureza começa num processo de humanização cada vez maior, ganhando a cada passo elementos que são resultado da cultura. Torna-se cada dia mais culturalizada, mais artificializada, mais humanizada. O processo de culturalização da natureza torna-se, cada vez mais, o processo de sua tecnificação. As técnicas, mais e mais, vão incorporando-se à natureza e esta fica cada vez mais socializada, pois é, a cada dia mais, o resultado do trabalho de um maior número de pessoas. Partindo de trabalhos individualizados de grupos, hoje todos os indivíduos trabalham conjuntamente, ainda que disso não se apercebam. No processo de desenvolvimento humano, não há uma separação do homem e da natureza. A natureza se socializa e o homem se naturaliza" (Santos, 1988:89).7 Esta forma de uso pode ser vista como uma mistura de herança de diversos elementos étnicos que compunham esse cenário, a saber: o português, o africano e o indígena, que miscigenados formaram o conhecido “caboclo”. População constituída 6 CAMPOS, Nazareno José de. Artigo:Terras Comunais: Ocorrências Na Formação Sócio- Espacial Brasileira. Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC, 2003. Florianapólis BRASIL 7 SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo : Hucitec, 1988. 4
  • 5. por agregados, posseiros e alguns proprietários com posse oficial, que a partir do final do século XIX se instalaram na região (Machado, 2001, p. 20)8. Estes praticavam a lavoura em suas terras, cujos excedentes eram vendidos a comerciantes locais; atividade que se somava à utilização comunal de algumas áreas, como os pinheirais, onde eram criados suínos soltos no meio do mato, que engordavam no inverno ingerindo pinhões, sendo então, comercializados em cidades próximas, podendo criar também gado bovino em áreas de campos limpos. E em áreas onde ocorriam os butiás, suas folhas eram extraídas para serem vendidas a fabricantes de crina vegetal. É possível dizer que naquelas paisagens, utilizadas coletivamente, existia entre aqueles habitantes um sentido de apropriação coletiva onde se evidenciava o interesse e o usufruto comum. Usufruto que de acordo com E. P Thompson (2002)9, se baseia na noção do costume passado sucessivamente através de gerações. As terras onde ocorriam estas práticas eram devolutas ou particulares, onde, apesar de saberem quem era o proprietário, este não se importava com tal uso. 2.1 Formação Histórica da Região Sul (Final do Século XIX) Trabalharemos a produção deste texto relatando a formação histórica da Região Sul, a partir do Brasil República. Nessa época muitos fazendeiros do sul do país começaram a legalizar a posse de suas terras sem obedecer às de quem não havia legalizado. Somam-se as políticas federais do período, que almejavam ligar o Rio Grande do Sul, em grande desenvolvimento, ao resto do Brasil, principalmente a São Paulo. Fora isso havia o impasse na divisão territorial entre os dois estados (Paraná e Santa Catarina), que se tornavam o obstáculo de ligação entre o Rio Grande do Sul e São Paulo.10 Desde a época da Governadoria-Geral do Brasil, os portugueses aproveitaram para se consolidar na costa brasileira e avançar para o Oeste, utilizando o sistema 8 MACHADO, Paulo Pinheiro. Bugres, Tropeiros e Birivas: Aspectos do Povoamento do Planalto Serrano. In: BRANCHER, Ana AREND, Silvia M.F. (orgs). História de Santa Catarina no século XIX. Florianópolis: Ufsc, 2001. 9 THOMPSON, Edward Palmer. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 10 Solução encontrada para encerrar a disputa pela fronteira interestadual. Acordo assinado pelos respectivos governadores em 16 de outubro de 1916 sob a chancela da Presidência da República, homologado pelas assembléias legislativas e aprovado pelo Congresso Nacional em 3 de agosto de 1917. 5
  • 6. agrário das sesmarias11 uma herança do tempo das capitanias hereditárias. A atividade pastoril, forma inicial do povoamento do sertão brasileiro, realizou-se por meio de concessões de terras em sesmarias e sua distribuição foi motivada pela necessidade da criação extensiva de gado. Eram “datas” de enormes proporções, geralmente muito maiores que as sesmarias do litoral, o que se justificava diante da necessidade de amplas áreas de pastagens. A pecuária representou uma das mais importantes atividades para a ocupação e o desbravamento das diversas regiões do Brasil, pois [...] foi ela que deu ao homem colonial a noção do valor econômico das áreas que não tinham riquezas minerais e que não se prestavam à agricultura. Foi, pois, nos sertões do centro, nordeste e sul que ocorreram as primeiras concessões de sesmarias para a criação de gado, visando à fixação do homem no interior (RITTER, 1980, p.53)12. As sesmarias tinham a extensão de três léguas quadradas, medidas com três léguas de comprimento por uma légua de largura13. Elas não deviam encostar umas nas outras. Entre elas deveria ficar um amplo espaço de terras livres, que se conservariam devolutas. Os sesmeiros não permitiam que outros moradores nelas se estabelecessem. As pessoas de poucos recursos, que não podiam obtê-las junto ao governo, ocupavam clandestinamente e cultivavam as áreas, e, só mais tarde, quando isto fosse possível, tentavam solicitá-las como sesmarias. As primeiras ocupações por posses aconteciam nas zonas livres entre uma sesmaria e outra, logo se estendendo às sesmarias que não haviam sido desenvolvidas pelos seus titulares. Os pobres se estabeleciam nos terrenos aparentemente sem dono, construíam pequenas casas e iniciavam o cultivo. Mas, “subitamente surgia um homem rico portando o título que conseguira na véspera, expulsando-os e ainda se utilizando do fruto de seu trabalho. Ou o pequeno lavrador 11 As sesmarias caracterizavam a cessão gratuita do uso da terra, em áreas devolutas no litoral e no sertão, para minas, lavoura e pecuária. 12 RITTER, Marina da Lourdes. As Sesmarias do Paraná no Século XVIII. IHGEP, Estante Paranista 9. Curitiba: IHGEP, 1980. 13 A sesmaria de uma légua de frente por três léguas de fundo, no formato retangular, media seis quilômetros de frente por dezoito quilômetros de fundo, totalizando 10.800 hectares, equivalente a 4.463 alqueires paulistas. 6
  • 7. arrendava essa parcela, plantando principalmente milho e feijão” (FERREIRA FILHO, 1978, p. 75) 14. Ao longo dos caminhos, em locais de terras devolutas previamente escolhidas e geralmente em campo aberto, com pasto suculento e boa aguada, os tropeiros levantavam choças, de pau-a-pique, sem paredes e cobertas de palha, para servirem de “encosto”. Logo, surgiram aqueles que tomavam posse destes locais de paradas15, cercavam-nos como campos fechados (potreiros), substituíam a palhoça por um rancho rústico, para alugá-los aos tropeiros e, assim, transformavam os encostos em “pousos”. (LORENZI, 2003)16 Na medida em que os encostos se transformavam em pousos, o local atraia para suas proximidades outro posseiro, concorrente, que também construía seu rancho e fazia surgir novo pouso. “[...] fincado o pouso, logo surgia nas suas imediações um ou outro morador, erguendo palhoça, acomodando criações, plantando milho e passando a negociar com os homens das tropas que ali pernoitassem” (ARINOS, 1921, p. 111)17. A abertura da venda, ou bodega, era o sinal de que aquele pouso prometia ser bom. E aí, vinha um terceiro homem, e os ranchos cresciam, passando a ser chamados estalagens. Encostos, pousos, hospedarias, bodegas, fazendolas, com potreiros ou currais, eram as atrações aos tropeiros viajantes, alguns dos quais vieram a escolher nossa região para nova moradia. Fixando-se, promoviam o aparecimento de núcleos populacionais e, assim, no decorrer do tempo, fizeram surgir às primeiras povoações, mais tarde vilas, no território do meio-oeste catarinense. 2.2 Formação Histórica do Meio-Oeste Catarinese Com base no parágrafo anterior, a formação meio-oeste de Santa Catarina não foi diferente. Inserido na Floresta da Araucária, nas regiões de matas e de campos, o Meio- oeste catarinense era território indígena dos Gê, representados pelos Kaingang e Xokleng, tradicionais rivais dos Guarani que se localizavam mais a Ocidente, em terras espanholas, e dos Carijó, habitantes do Litoral. Conheciam-nos apenas os bandeirantes 14 FERREIRA FILHO, Arthur. História Geral do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1978. 15 Um local que ficou conhecido a partir desta designação foi o “Pouso dos Curitibanos”, na Estrada Real, que mais tarde emprestou o nome ao povoado, vila e cidade de Curitibanos. 16 LORENZI, Sérgio de. Taquaruçu: A Pérola do Contestado. Fraiburgo: Joannei, 2003. 17 ARINOS, Afonso. Histórias e Paisagens. Rio: [s.n.], 1921. 7
  • 8. paulistas que os encontravam nas suas expedições para o Sul. Gradativamente, primeiro às centenas e, em seguida, em alguns milhares, estes paulistas penetradores, na maioria mamelucos, passaram a habitar também o Território Contestado. Parte deles manteve contato com o índio domesticado, o Kaigang. Simultaneamente, gaúchos dos pampas também misturaram-se com os Guarani e com os Kaigang, vindo a conhecer, no Século XIX, o Território Contestado. Então, foi desta forma que portugueses, paulistas- mamelucos, espanhóis-castelhanos, gaúchos-mamelucos e índios, além de negros, mulatos, cafuzos e alguns imigrantes europeus, constituíram a primeira grande população do Planalto Central Catarinense, compondo um quadro étnico que só veio a sofrer substancial modificação após a Guerra do Contestado, no advento da colonização com novos imigrantes europeus e seus descendentes. (THOMÉ, 2007:127) A Guerra do Contestado, ocorrida entre 1912 e 1916, se constitui em um episódio complexo da história do sul brasileiro, alimentado por múltiplos fatores que se inter-relacionam, entre eles, a miséria social, o messianismo, a guerra convencional, as táticas de guerrilhas, o puro banditismo, o coronelismo, o capitalismo em expansão. O Oeste de Santa Catarina ficou conhecido, nas primeiras décadas do século XX, como “terra sem lei”, sem dono e “sertão bruto”, em razão do seu processo histórico de abandono, permeado por disputas e lutas internacionais e nacionais. Para caracterizarmos essa região e as razões de sua ocupação acelerada na primeira metade do século XX, é importante resgatarmos seu processo histórico e a forma como se deu a colonização dessa área, que pode ser denominada de última fronteira do estado a entrar no modelo colonizador.(NODARI, 2009)18 A economia da região do planalto catarinense teve como primeiros centros irradiadores os campos de Lages e os de Palmas. Até o final do século XIX, está se assentava basicamente na pecuária extensiva de gado bovino e na atividade extrativista da erva mate. Na criação de gado, as grandes fazendas não tinham fronteiras fixas, apenas acidentes naturais impunham certos limites para a pecuária extensiva. A garantia de propriedade dava-se mediante a posse da terra e a força.(Tomazi, 2006)19 18 NODARI, Eunice Sueli,2009, p. 24, Etnicidades Renegociadas: Práticas socioculturais no Oeste de Santa Catarina; Pag 24. 19 TOMAZI, Gilberto. A Mística do Contestado: A mensagem de João Maria na experiência religiosa do Contestado e dos seus descendentes. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) São Paulo: 2005 8
  • 9. 3. A QUESTÃO TERRITORIAL INFLUINDO NO PROCESSO DE OCUPAÇÃO DO LUGAR Na década de 1930 a localidade do Campo da Dúvida20, que pertencia ao município de Curitibanos, no planalto de Santa Catarina, recebeu a instalação da serraria René Frey & Irmão, que passou a explorar as suas vastas florestas de araucárias. Antes da serraria, o uso que se fazia daquelas terras era baseado no usufruto comum de seus recursos naturais, realizada principalmente por pequenos e médios sitiantes, muitos deles posseiros. Forma de uso da terra que entrou em decadência a partir da instalação da serraria, que, ao longo das décadas de 1930 e 1960, devastou, cercou e iniciou a urbanização de boa parte das terras da localidade, que deu origem, no ano de 1961, ao município de Fraiburgo (BRANDT)21 O processo de povoação da região do Campo da Dúvida partiu inicialmente dos campos e rotas tropeiras, que cruzavam o planalto catarinense em Lages, Curitibanos e Campos Novos, e pelos Campos de Palmas pelo lado paranaense. Essa região, que se constituía nas palavras de Paulo Pinheiro Machado (2001, p. 19-20)22, em uma “fronteira no sentido de ser a vanguarda de um processo específico de apropriação e colonização de terras”, permitiu com que, a partir da segunda metade do século XIX, pequenos e médios sitiantes, na maioria posseiros, alguns com posses legitimadas, ocupassem as regiões de matas e campos do planalto médio e norte, em vales de rios, como o Marombas, Taquaruçu, Correntes, do Peixe, entre outros. Muitos dos novos ocupantes dessa fronteira agrícola eram fugitivos ou sobreviventes de conflitos como a Revolução Farroupilha (1835-1845) e a Revolução Federalista (1893-1895). Ex- agregados dos grandes latifúndios planaltinos, também compunham esse quadro. Existia um costume de permitir a agregados manterem um rebanho formado das crias de reses ganhas “de presente”. Se, com o passar dos anos, o número de cabeças do rebanho fosse considerado excessivo, o fazendeiro mandava o agregado se mudar, buscando terra própria, ou vender o excesso de animais. Se o agregado partisse em busca de novas 20 Atualmente pertence ao município de Fraiburgo – SC 21 BRANDT, Marlon. Campo da Dúvida: Uma Paisagem em Transformação – Do Uso Comum Da Terra À Exploração Madeireira (1930 a1960) 2007. Mestre em Geografia – Universidade Federal de Santa Catarina. 22 MACHADO, Paulo Pinheiro.Bugres, Tropeiros e Birivas: Aspectos do Povoamento do Planalto Serrano. In: BRANCHER, Ana AREND, Silvia M.F. (orgs). História de Santa Catarina no século XIX. Florianópolis, Ufsc, 2001. 9
  • 10. terras, este se tornava independente, passando a viver “sobre si” (QUEIROZ, 1981, p. 30-31)23. Condição tentadora, porém arriscada, já que teria que conviver com a existência de tensões e conflitos com a população indígena, em uma clara disputa de espaço. 3.1 Origem do Município de Fraiburgo Naturais da Alemanha, os irmãos René e Arnoldo Frey instalaram-se no Vale do Rio do Peixe em Perdizes, atual Videira, na década de 1930. Lá iniciaram uma pequena fábrica de produtos derivados de carne suína e bovina. Consistia em uma pequena produção mercantil, da mesma forma que várias outras que surgiram na região com o processo de colonização (ESPINDOLA, 1999)24. Produção cuja mercadoria era exportada via férrea, principalmente para o Sudeste. O crescimento de suas atividades no ramo das carnes fez com que os irmãos buscassem novas áreas para investir, encontrando tal oportunidade na indústria madeireira (FREY, 2005, p. 31-52)25. Pouco tempo depois tomaram conhecimento de uma área com mais de 5.000 hectares, ricas em pinheirais na localidade do Campo da Dúvida. As terras, situadas na fazenda Bom futuro, de propriedade de Belizário Ramos e seu filho Aristiliano Ramos, de Lages, passaram então a ser exploradas a partir de 1937, com base em um acordo comum na região: o de “serrar as meias”, onde os proprietários da serraria e o das terras ficam cada um com metade da produção (FREY, 2003, p. 14-15)26. No feriado de 7 de setembro de 1937, René leva Maria para conhecer Campo da Dúvida, a 30 quilômetros de distância. Saem a cavalo às 4 horas da manhã, e através de caminhos difíceis, atravessando rios, chegam a Marechal Hindemburg, atualmente Dez de Novembro (próprias palavras de Maria Frey, conforme registradas em seu caderno de memórias): (...) Seguimos viagem, passando pelo vizinho Sr. Ernesto Scholl, subindo agora numa ladeira, onde só mais tinha rastos do pés de cavalos, onde o primeiro pisava, outros também eram obrigados a pisar, pelo chão liso devido à unidade do mato, QUEIROZ, Maurício Vinhas de. Messianismo e conflito social: a guerra sertaneja do 23 Contestado (1912-1916). 3. ed. São Paulo: Ática, 1981. Coleção Ensaios, n. 23. 24 ESPÍNDOLA, Carlos José. As agroindústrias do Brasil: o caso Sadia. Chapecó: Grifos, 1999. 25 FREY, Willy.Lá nos Frai. Curitiba: Sépia Editora, 2005, p. 31-36. 26 FREY, Willy. Relorestar é a solução. Curitiba: Sépia Editora, 2003. 10
  • 11. onde os pinheiros altos e grossos se sobressaiam, com as suas copas lembrando um guarda-chuva dobrado pelo vento. Tornamos a descer e chegamos a uma tapera, tendo, como vestígio de uma antiga moradia, chorões de respeitável grossura, árvores de maçãs, de marmelos, um forno despencando coberto de roseiras trepadeiras (hoje os fundos do Hospital). Seguimos mais pouco, chegamos numa clareira onde o mato afastou-se (...) Sentamos na sombra, recostando, para fazer a nossa refeição, isto foi pão com salame e vinho (...) Pelo cansaço sobreveio uma sonolência. Ainda ouvi René dizer aqui vai ser a serraria, lá o pátio das toras pela inclinação facilita levar os troncos na serra, lá vai ter uma estrada com casas. (...) (FREY, 2005).27 Passado algum tempo, com a diminuição das matas devido à exploração da madeira, os colonizadores começam a buscar alternativas econômicas. Além de plantar uva para fabricar vinho, os Frey produzem mudas de frutíferas européias e dão início à novo município com o nome de Fraiburgo a “Terra da Maçã”, fruta essa, que melhor se adaptou à região e ao clima. 4. MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA ENQUANTO ELEMENTO DE DESENVOLVIMENTO 4.1 Modelo de Exploração Territorial Ao longo das décadas de 1950 e 1960, os irmãos Frey adquiriram mais terras e pinheiros de propriedades vizinhas. Terras que pertenciam, em alguns casos, a herdeiros de grandes fazendeiros a quem a sucessiva divisão das terras acabou os empobrecendo, onde ainda abundavam os pinheirais e que, a partir da devastação promovida pela serraria, seriam então alvo de seus novos investimentos econômicos, baseados, sobretudo na fruticultura, tornando aquele espaço produtivo racionalizado e homogeneizado com a constituição de pomares de maçã (KLANOVICZ; NODARI, 2005, p. 95)28. A devastação das terras e a implementação dessas novas atividades econômicas eram incompatíveis com as práticas de criação à solta dos porcos, ainda empreendida por muitos dos seus confrontantes. Não era raro ocorrer invasões de animais, 27 FREY, Willy, Lá nos Frey. Curitiba: Sépia Editora, 2005 28 KLANOVICZ, Jó; NODARI, Eunice Sueli. Das araucárias às macieiras: transformações da paisagem em Fraiburgo – Santa Catarina. Florianópolis: Insular, 2005. 11
  • 12. principalmente porcos, as terras dos Frey, que passaram a cercá-las, o que para José Lindolfo Cordeiro Leite (2005)29 fez com que a criação entrasse em decadência: [...] depois que os Frey vieram começou a arruinar. Daí eles fecharam tudo os terrenos e não queriam criação nenhuma nos terrenos. Daí Deus o livre. Virou uma breca que não tinha jeito. Daí eles fecharam os terrenos. Mas veja bem, fechavam com arame, mas também o porco, cabrito, ovelha aquele passava, mas eles não queriam. No final da década de 1950, a localidade já apresentava as feições de um pequeno núcleo urbano. Em 1958, segundo Willy Frey (2005, p. 84), a empresa René Frey & Irmão, Já contava com duas serrarias, fábrica de caixas, um grande moinho, cantina vinífera, fábrica de crina vegetal, fábrica de pasta mecânica (celulose), açougue com matadouro anexo, olaria, granja de suínos, e setor de produção agrícola. O núcleo populacional compunha-se de uma pequena pensão; bomba de gasolina; dois armazéns de fornecimento; moinho, além de 110 casas de operários, construídas de madeira e cobertas de taboinhas. Tudo propriedade da empresa.(BRANDT, 2007) Transformações que seriam cada vez mais profundas, principalmente a partir da década de 1960, quando os irmãos Frey buscam atrair sócios para investirem em seus empreendimentos, o que culminaria com a introdução em larga escala do cultivo de maçãs no final da década de 1960, fazendo com que o município, em pouco mais de duas décadas se tornasse o principal produtor de maçãs do país (BURKE, 1994, p. 19, 89-94)30. 5. A HETEROGENEIDADE ECONÔMICA E SOCIAL NA ATUALIDADE 5.1 Formação sócio espacial A propriedade de fazendas sob o regime de condomínio, ao menos em Curitibanos, chegou a possuir, ainda na primeira década do século XX, uma 29 Entrevista cedida a Marlon Brandt na produção do artigo Campo da Dúvida: Uma Paisagem em Transformação – Do Uso Comum Da Terra À Exploração Madeireira (1930 a1960) Mestre em Geografia – Universidade Federal de Santa Catarina. 30 BURKE, Thomas J. Fraiburgo: do machado ao computador. Curitiba: Gráfica Vicentina, 1994. 12
  • 13. regulamentação municipal expedida pelo então prefeito Coronel Francisco Ferreira de Albuquerque, através da Lei nº 49 de 6 de janeiro de 1908: O cidadão coronel Francisco Ferreira de Albuquerque, superintendente municipal de Coritybanos. Faço saber a todos os habitantes deste Municipio que o Conselho Municipal decretou e eu sanciono a Lei seguinte: Art. 1.º – Nos terrenos lavradios que se acham em commum entre muitos condominos, cada um delles poderá cultivar sómente a extenção que em proporção lhe couber, o que verificar-se-á por um arbitramento que se procederá a requerimento da parte que se julgar prejudicada, perante o Superintendente terá lugar a louvação em arbitradores, que avaliarão a extenção que possa pertencer aos condominos. [...] Secretaria da Superintendencia Municipal de Coritybanos, 6 de janeiro de 1908. – Francisco Ferreira de Albuquerque, Cornelio de Haro Varella, secretario31. Condomínios que além do uso das terras agricultáveis, conforme apresentado na Lei Municipal de Curitibanos, possivelmente enquadravam-se também segundo Pontes de Miranda em uma forma de compáscuo de pastos entre os proprietários32. Na comunhão dos pastos, para Faria Motta tanto poderá consistir esse direito em terem várias pessoas comunhão no uso do pasto ou dos pastos do mesmo prédio ou de um só proprietário, quanto em terem diversas pessoas comunhão no uso dos pastos de seus prédios33. É o caso das terras de uso comum junto ao caminho das tropas, que de acordo com Nazareno José de Campos “conjuga o interesse de usufruto de comunidades vizinhas, até mesmo distantes, com o de tropeiros com o seu gado em trânsito”. Seu surgimento, segundo o autor é muitas vezes incerto, podendo nascer a partir de uma área já usufruída em comum por uma ou mais comunidades, ou como no caso do planalto 31 CURITIBANOS (Município) Lei nº 49, de 6 de janeiro de 1908. In: O Trabalho. Curitibanos, ano 1, n. 13, 18 de março de 1908, p. 3. 32 PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Op. Cit., p. 431. 33 MOTTA, J. A. Faria. Condomínio e vizinhança: direito e ações. São Paulo: Saraiva, 1942, p. 332. 13
  • 14. catarinense, pode ter surgido através dos primeiros caminhos de tropas que varavam os sertões. Entre o final do século XIX e início do século XX tem-se um aumento da ocupação territorial do planalto catarinense, principalmente das regiões ao norte e oeste de Curitibanos. Terras que com freqüência eram alvo de apropriação por parte de grandes fazendeiros. Se ao norte as principais áreas de interesse eram os ervais nativos, mais ao sul, onde esta escasseava, eram alvos de açambarcamento as áreas de campo. Inclusive as matas e faxinais, áreas de pouco interesse para o grande fazendeiro, mas de grande importância para o pequeno e médio sitiante, pois era lá que criavam porcos, colhiam pinhões e extraíam outros recursos naturais, geralmente em comum com os confrontantes, pois no inverno a mata e principalmente os faxinais, se constituíam em espaços para a pastagem do gado34. Na região de Fraiburgo, a colonização avançava para áreas mais distantes da agora colônia Dez de Novembro, atingindo outras localidades, pertencentes ao imenso imóvel Butiá Verde, principalmente a partir da década de 1940, como era o caso de Taquaruçu35. Segundo Pedro Felisbino, as primeiras famílias de colonos, na maioria ítalo-brasileiros, começaram a se instalar a partir da década de 1940 (FELISBINO 2002). A legalização das posses, que inicialmente foi tentada por meio de um acordo em 192636, só ocorreu na década de 1940. Muitos que não concordaram com este acordo, permanecendo sob a posse, perderam suas terras, com a criação, mais tarde, do Núcleo Tritícola, localizado atualmente em Frei Rogério. Para Brandt, a apropriação privada de terras ocorria no planalto desde o século XVIII, com o estabelecimento das primeiras fazendas de criação, tanto pelo apossamento, quanto por sesmarias. Mesmo que estas ocupassem uma imensa área de campos naturais, pela baixa densidade demográfica, raramente um sesmeiro encontrava algum posseiro ocupando suas terras. Em Fraiburgo, projetos de diversificação econômica impostos pelos Frey, como a fruticultura são também responsáveis pela devastação de novas áreas, destinadas a partir 34 MACHADO, Paulo Pinheiro (2004). Op. Cit., p. 74-75. 35 Consultando o Registro de Imóveis de Curitibanos é possível constatar, a partir da década de 1940 e 1950, a aquisição de terras, compondo o imóvel Butiá Verde, então pertencentes a Wenceslao Breves, as famílias Bogo e De Lorenzi, dentre outras na região de Taquaruçu e em Frei Rogério. 36 Escritura Pública de Contrato entre Artur Formighieri, Ernesto Formighieri, Ângelo Preto, Aníbal Formighieri e moradores de Taquaruçu, Passa Três e Faxinal dos Carvalhos, no dia 22 de fevereiro de 1926. 14
  • 15. de então ao plantio de árvores frutíferas como a macieira, cuja invasão de animais, sobretudo porcos, poderia causar danos as plantas e mudas das árvores. A própria modernização da agricultura na região, da qual os investimentos em fruticultura dos Frey faziam parte, influenciou no declínio desta forma de criação. As novas exigências impostas pelas agroindústrias, com um porco com cada vez mais carne e menos banha e a introdução de novas raças, menos rústicas e aptas a percorrer as florestas em busca de alimentos, associadas a integração entre a empresa e o produtor, fizeram com que muitos pequenos criadores ficassem alijados deste processo, enquanto outros não viram outra alternativa senão se integrar ao modelo. (BRANDT, 2007). Não esquecendo interior, onde as mudanças na estrutura ocupacional indicam, para para Fraiburgo, o decréscimo de pessoas ocupadas em atividades estritamente agrícolas e o crescimento de ocupações em atividades não-agrícolas, principalmente aquelas relacionadas com a indústria de transformação, da construção civil e a prestação de serviços. Um olhar mais atento, contudo, revela que o município fraiburguense apresenta uma grande diversidade social e econômica (agropecuária, industria e comércio), as oportunidades de trabalho em atividades não-agrícolas no meio rural ainda apresentam-se bastante limitadas. As políticas públicas para o desenvolvimento rural proporcionou ações para exclusões de dezenas famílias do campo. Faltou unidades industriais familiares localizadas no meio rural, Faltou novas formas de acesso à terra e políticas de reordenamento fundiário, visando oportunizar aos jovens de construir seu futuro e de sua família sem necessitar abandonar o meio rural e a própria região em busca de novas oportunidades de trabalho e de renda nas cidades. Claro que Fraiburgo não é o único município com esse problemas sociais, mas a efetiva mobilização da sociedade em favor de padrões alternativos de organização e regulação econômica será determinante para a definição da trajetória de desenvolvimento que cada região. 15
  • 16. 6. REFERÊNCIAS 1 BRANDT, Marlon. Campo da Dúvida: Uma Paisagem em Transformação – Do Uso Comum Da Terra À Exploração Madeireira (1930 a1960) 2007. Mestre em Geografia – Universidade Federal de Santa Catarina 1 NODARI, Eunice Sueli,2009, Etnicidades Renegociadas: Práticas socioculturais no Oeste de Santa Catarina; Pag 24. 1 TOMAZI, Gilberto. A Mística do Contestado: A mensagem de João Maria na experiência religiosa do Contestado e dos seus descendentes. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) São Paulo: 2005 ARINOS, Afonso. Histórias e Paisagens. Rio: [s.n.], 1921. BURKE, Thomas J. Fraiburgo: do machado ao computador. Curitiba: Gráfica Vicentina, 1994. CAMPOS, Nazareno José de. Artigo:Terras Comunais: Ocorrências Na Formação Sócio- Espacial Brasileira. Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC, 2003. Florianapólis BRASIL CAMPOS, Nazareno José de. Terras de uso comum junto aos caminhos de tropas. In: Bom Jesus na rota do tropeirismo no Cone Sul. Porto Alegre: Edições EST, 2004, p. 299. CURITIBANOS (Município) Lei nº 49, de 6 de janeiro de 1908. In: O Trabalho. Curitibanos, ano 1, n. 13, 18 de março de 1908, p. 3. ESPÍNDOLA, Carlos José. As agroindústrias do Brasil: O caso Sadia. Chapecó: Grifos, 1999. FERREIRA FILHO, Arthur. História Geral do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1978. FREY, Willy, Lá nos Frey. Curitiba: Sépia Editora, 2005 FREY, Willy. Relorestar é a solução. Curitiba: Sépia Editora, 2003. FREY, Willy.Lá nos Frai. Curitiba: Sépia Editora, 2005, p. 31-36. JUNIOR,José Aquino. A Região do contestado (PR-SC): Território e Poder, marcas do passado ao presente. Artigo apresentado no curso de mestrado do Programa de Pós- Graduação em Geografia da UFPR. PR, 2008. 16
  • 17. KLANOVICZ, Jó; NODARI, Eunice Sueli. Das araucárias às macieiras: transformações da paisagem em Fraiburgo – Santa Catarina. Florianópolis: Insular, 2005. LORENZI, Sérgio de. Taquaruçu: A Pérola do Contestado. Fraiburgo: Joannei, 2003. MACHADO, Paulo Pinheiro. Bugres, Tropeiros e Birivas: Aspectos do Povoamento do Planalto Serrano. In: BRANCHER, Ana AREND, Silvia M.F. (orgs). História de Santa Catarina no século XIX. Florianópolis: Ufsc, 2001. MACHADO, Paulo Pinheiro.Bugres, Tropeiros e Birivas: Aspectos do Povoamento do Planalto Serrano. In: BRANCHER, Ana AREND, Silvia M.F. (orgs). História de Santa Catarina no século XIX. Florianópolis, Ufsc, 2001. MOTTA, J. A. Faria. Condomínio e vizinhança: direito e ações. São Paulo: Saraiva, 1942, p. 332. PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti.,. Tratado de direito privado. Tomo XII. p. 431. 1955 Rio de Janeiro: Editor Borsoi. QUEIROZ, Maurício Vinhas de. Messianismo e conflito social: a guerra sertaneja do RITTER, Marina da Lourdes. As Sesmarias do Paraná no Século XVIII. IHGEP, Estante Paranista 9. Curitiba: IHGEP, 1980. SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo : Hucitec, 1988. THOMÉ, Nilson. PR e SC Disputam Território. Curitiba: Gazeta do Povo, Suplemento, 2003. THOMÉ, Nilson. Rio Branco e o Contestado – Questão de Limites Brasil- Argentina. Caçador: UnC, 1993. THOMPSON, Edward Palmer. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. TOMAZI, Gilberto. A Mística do Contestado: A mensagem de João Maria na experiência religiosa do Contestado e dos seus descendentes. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) São Paulo: 2005 17