SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 16
Alexandre Oliveira da Silveira
Bruno Sousa
Luís Gustavo Machado
Márcio Augusto Battilana
Design emocional: Fatores psicológicos
que influenciam o consumo.
Alexandre Oliveira da Silveira; Graduando em Design de Produto;
Centro Universitário La Salle.
aosgogo@hotmail.com
Bruno Sousa; Graduando em Design de Produto; Centro Universitário
La Salle.
brunofsousa@hotmail.com.br
Luis Gustavo Machado; Graduando em Design de Produto; Centro
Universitário La Salle.
lgm.rs@hotmail.com
Márcio Augusto Battilana; Graduando em Design de Produto; Centro
Universitário La Salle.
mrbattilana@gmail.com
Resumo
Este artigo visa compreender a ligação de fatores psicológicos que
influenciam o consumo por produtos e marcas. Fatores como se sentir
incluído em grupos sociais, e a sensação de status, que algumas
marcas carregam, interfere na decisão das pessoas em consumir
emocionalmente certos produtos.
Palavras Chave: design emocional, consumo, psicologia.
Hipótese: O consumo de novos produtos está ligado ao
reconhecimento ou status social
Brainstorming
Introdução
Buscamos entender um pouco mais dos fatores emocionais que
levam as pessoas a consumirem novos produtos por questões de inclusão
e aceitação de grupos sociais, tendo nesses produtos uma representação
de classe social ou estilo de vida, pois o consumo de novos produtos está
ligado ao reconhecimento ou status social.
Fundamentação Teórica
A entrada do novo século estabeleceu uma perspectiva do comportamento do
consumidor baseada em um “marketing experiencial”, ou seja, a sensação de que os
produtos e serviços proporcionam aos consumidores experiências sensoriais, afetivas,
cognitivas, físicas e sociais. Assim, estes passam a ser os novos determinantes de novos
estudos de comportamento do consumidor. Sheth, Gadner e Garret (1988).
No convívio social, as pessoas tendem a agruparem-se por semelhanças. Sejam elas,
na forma de pensar, se vestir, no seu nível intelectual, financeiro, como também no estilo
de vida que seguem. O consumo por sua vez faz parte dessa inclusão em certos grupos,
pois pessoas que possuem os objetos de uma marca X, ou Y fazem ou não parte de
grupos de convívios sociais. Conforme Marcondes (1985), consumir tem a ver com a
fantasia criada pela mídia.
Para Calligaris (2007), “a invisibilidade é mais intolerável do que a
prisão”.
As pessoas querem ser notadas e se sentirem inclusas. Percebendo essa forma
de agir do mercado consumidor, as empresa começaram a apostar em novos designs e
melhorias em seus produtos.
Segundo Facina (2013), o consumo assim é percebido como meio de integração,
atuando como instrumento eficaz de reversão de estigmas, ainda que essa reversão
seja situacional.
Norman (2008, p. 28), aponta a relação entre consumo e emoção. Ele diz que
usabilidade e utilidade são obviamente importantes, mas que nossas vidas seriam
incompletas sem prazer, diversão, alegria e entusiasmo, e até ansiedade e raiva, medo
e fúria. Emoção. Essa então é a diferença entre objetos que atendem as necessidades
e objetos que saciam vontades.
Verganti (2009) aponta que as escolhas que fazemos em nosso comportamento de
consumo tem muito de emocional:
[...] pessoas não compram produtos, mas sim significados. As pessoas usam coisas por profundas
razões emocionais, psicológicas e socioculturais, tanto quanto utilitárias” (VERGANTI, 2009, p.11).
Para Alleres (2000), os objetos passaram a ser signos (transmitem um sentido
implícito), e não mais mercadorias. São os signos e símbolos inseridos em um produto
que lhe conferem poder social.
Os fatores psicológicos incluem a motivação, a percepção, a
aprendizagem, as crenças e as atitudes.
Solomon (2002), Schiffman e Kanuk (2000) compreendem que o indivíduo, como
consumidor, sofre influências psicológicas, pessoais, sociais e culturais. Kotler (1998),
corroborando os princípios conceituais dos referidos autores, adaptou os conceitos
teóricos apresentando um modelo que demonstra os fatores psicodinâmicos internos e
externos que atuam sobre o consumidor.
segundo Kotler (1998, p.176), “crença é um pensamento descritivo que uma pessoa
sustenta sobre algo”.
Como afirma Solomon (2002, p. 165), “uma atitude é duradoura porque tende a
persistir ao longo do tempo”.
Para Kotler (1998, p.254), “diferenciação é o ato de desenhar um conjunto de
diferenças significativas para distinguir a oferta da empresa das ofertas dos
concorrentes”.
Sabendo disto, as empresas cada vez mais focam o “design emocional” de
seus produtos com o objetivo de satisfazer, não só as necessidades vitais dos
consumidores, mas sim, satisfazer emocionalmente as pessoas com produtos que
remetem emoções ligadas a infância, ao bem estar, a um estilo de vida que se
busca. Algo que simbolize a representação dos sentimentos.
Norman (2008) classifica o uso de referencias simbólicas como a função de
evocar emoções com o termo “reflexibilidade”. Isto quer dizer que, uma vez que o
individuo se cerca de objetos que simbolizam para ele algo importante, esses
mesmos objetos passam a comunicar também as mesmas mensagens às outras
pessoas, por se tratar de símbolos reconhecíveis socialmente, ou mesmo dentro de
uma determinada comunidade de interesses e referências semelhantes.
Lindstrom (2007) faz um comparativo de marcas comerciais, e as religiões. Ele fala
que as pessoas acabam por criar com as marcas, a mesma relação que possuem com as
religiões.
[....] Para uma grande parte das pessoas, a religião cumpre o papel de oferecer segurança e a
promessa de um futuro melhor em um mundo que está mudando num ritmo incompreensível. O
branding luta continuamente para adquirir autenticidade e formar uma relação com os consumidores
que perdure do berço ao túmulo. [...] A relação, aparentemente distante e incompatível, entre marcas
e religião está em sua ligação profunda com o que há de mais intangível na vida das pessoas,
principalmente no que diz respeito à fé e fidelidade (LINDSTROM, 2007, p.172-173).
As marcas, a partir desde momento passam a ter um simbolismo de identificação entre
as pessoas que as consomem. Demonstra de certa forma, o que elas pensam, qual o seu
estilo de vida, quais suas preferências, gerando um aspecto de reconhecimento social dos
grupos que compartilham dos mesmos pensamentos e estilos de vida.
Na influência expressiva de valor, o indivíduo acredita que a compra ou uso de uma
determinada marca ajudá-lo-á a promover a imagem que os outros têm dele (PARK e
LESSIG, 1977; SOLOMON, 2002).
Metodologia
Através de um brainstorming, onde listamos diversas palavras relacionadas à psicologia e
design, chegamos a varias características ligadas ao sentimento do ser humano. A partir
disto, agrupamos por semelhança, características psicológicas, e acabamos por chegar
ao termo “consumo”. Pesquisando alguns artigos encontramos importantes citações que
mostram que fatores psicológicos influenciam o consumidor e suas razões na hora da
compra de um novo produto. Tendo esta constatação embasada, partimos para estudar
artigos que fizessem a ligação do design emocional com o consumo, definindo então que
“O consumo de novos produtos está ligado ao reconhecimento ou status social”.
Considerações Finais
Após as pesquisas teóricas, foi percebido que fatores psicológicos interferem
diretamente na decisão das pessoas em consumir novos produtos. A carga de significados
que cada produto ou marca pode representar no convívio social, ou simplesmente por
remeter a boas lembranças, tem sido fatores determinantes para a escolha do consumidor
em adquirir este ou aquele produto. Algumas marcas já tratam isso como um dos fatores
principais na obtenção e fidelização de novos clientes. O designer, por sua vez, deve ter
conhecimento desses fatos, pois apenas propor soluções reais, mas sem fatores emocionais
embutidos, pode lhe custar a perda de mercado para um produto que vai além da
usabilidade, mas sim gera emoções e sentimentos positivos a quem o consome
Referências
ALLÉRES, Danielle, Paradoxo das Estratégias de Marketing – As Marcas de Luxo, Revista da ESPM, v.
6, n.4, São Paulo, p. 13-17, Jul-Ago 1999.
AQUINO, Ítalo de Souza. Como escrever artigos científicos: sem “rodeios” e sem medo da ABNT. São
Paulo: Saraiva, 2010.
BOURDIEU, Pierre. (1967),“Posfácio”. In: PANOFSKY, Erwin.Architecture gothique et pensée
scolastique, Paris, Éditions de Minuit, pp. 133-167.Tradução de Pierre Bourdieu.
CHRISTIAN, Pierre Kasper e Mitsuko Maristela Ono. Hábitos e Dimensões Culturais do
Design,Universidade Federal do Paraná.
FONTOURA, Antonio M. Pode- ser Educar crianças através do design, PUCPR, UFPR ,UTFPR,2008
GALEGO DE CARVALHO, Sueli. O Lugar dos Sentimentos na Ciência do Comportamento e na
Psicoterapia Comportamental,Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Referências
GOHN, Maria da Glória. Educação Não Formal, Participação da Sociedade Civil e Estruturas
Colegiadas nas Escolas Professora Titular da Uninove e Unicamp, Rio de Janeiro.Jan/Mar. 2006
LINDSTROM, Martin. A lógica do consumo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
NORMAN, Donald. Design emocional. Rio de Janeiro: Rocco, 2008
PINHEIRO, Roberto Meireles et al. Comportamento do consumidor e pesquisa de mercado. Rio de
Janeiro: Ed. FGV, 2004.
VERGANTI, Roberto. Design-driven innovation: changing the rules of competition by radically innovating
what things mean. Cambridge: Harvard Business Press, 2009.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Design emocional e consumo

A Geração Z e a percepção das marcas
A Geração Z e a percepção das marcasA Geração Z e a percepção das marcas
A Geração Z e a percepção das marcasPricilla Abrantes
 
Percepcao: o primeiro passo na construção da imagem de marca.
Percepcao: o primeiro passo na construção da imagem de marca.Percepcao: o primeiro passo na construção da imagem de marca.
Percepcao: o primeiro passo na construção da imagem de marca.Doisnovemeia Publicidade
 
Parte 2 - comportamento de consumo
Parte 2  - comportamento de consumoParte 2  - comportamento de consumo
Parte 2 - comportamento de consumoEmanuele Silveira
 
Comportamento do consumidor entendendo meu cliente
Comportamento do consumidor   entendendo meu clienteComportamento do consumidor   entendendo meu cliente
Comportamento do consumidor entendendo meu clienteMarketing May 31
 
atividade - ideologia e consumo.docx
atividade - ideologia e consumo.docxatividade - ideologia e consumo.docx
atividade - ideologia e consumo.docxAlynne Souto
 
A influência branding em projetos de comerciais.
A influência branding em projetos de comerciais.A influência branding em projetos de comerciais.
A influência branding em projetos de comerciais.Diane Oliveira
 
INTERTEXTUALIDADE EM EMBALAGENS DE FILME DO MESMO GÊNERO
INTERTEXTUALIDADE EM EMBALAGENS DE FILME DO MESMO GÊNEROINTERTEXTUALIDADE EM EMBALAGENS DE FILME DO MESMO GÊNERO
INTERTEXTUALIDADE EM EMBALAGENS DE FILME DO MESMO GÊNEROThaís Yamanari
 
Tecnicas de redação publicitária i
Tecnicas de redação publicitária  iTecnicas de redação publicitária  i
Tecnicas de redação publicitária iKatia Manangão
 
Os 4 Rs das Relações Publicas: Reconhecimento
Os 4 Rs das Relações Publicas: ReconhecimentoOs 4 Rs das Relações Publicas: Reconhecimento
Os 4 Rs das Relações Publicas: Reconhecimentomarcondes2013-1
 
Aula 9 Identidade Imagem e Reputação
Aula 9 Identidade Imagem e ReputaçãoAula 9 Identidade Imagem e Reputação
Aula 9 Identidade Imagem e ReputaçãoCarlos Alves
 
Sua empresa é o que posta - Conteúdo humanizado nas redes sociais
Sua empresa é o que posta - Conteúdo humanizado nas redes sociaisSua empresa é o que posta - Conteúdo humanizado nas redes sociais
Sua empresa é o que posta - Conteúdo humanizado nas redes sociaisMárcio Coutinho
 
A conquista de consumidores através da responsabilidade social
A conquista de consumidores através da responsabilidade socialA conquista de consumidores através da responsabilidade social
A conquista de consumidores através da responsabilidade socialexpand Marketing
 
Branding como estratégia de relacionamento das marcas: Case Estúdio Chico Rei
Branding como estratégia de relacionamento das marcas: Case Estúdio Chico ReiBranding como estratégia de relacionamento das marcas: Case Estúdio Chico Rei
Branding como estratégia de relacionamento das marcas: Case Estúdio Chico ReiLarissa Régia
 
Brand Persona - Arquétipos na Publicidade
Brand Persona - Arquétipos na PublicidadeBrand Persona - Arquétipos na Publicidade
Brand Persona - Arquétipos na PublicidadeThammy Burigo
 

Semelhante a Design emocional e consumo (20)

Thinkfolio1
Thinkfolio1Thinkfolio1
Thinkfolio1
 
A Geração Z e a percepção das marcas
A Geração Z e a percepção das marcasA Geração Z e a percepção das marcas
A Geração Z e a percepção das marcas
 
Design estratégico e marcas
Design estratégico e marcasDesign estratégico e marcas
Design estratégico e marcas
 
O mercado de embalagens
O mercado de embalagensO mercado de embalagens
O mercado de embalagens
 
Percepcao: o primeiro passo na construção da imagem de marca.
Percepcao: o primeiro passo na construção da imagem de marca.Percepcao: o primeiro passo na construção da imagem de marca.
Percepcao: o primeiro passo na construção da imagem de marca.
 
Parte 2 - comportamento de consumo
Parte 2  - comportamento de consumoParte 2  - comportamento de consumo
Parte 2 - comportamento de consumo
 
Comportamento do consumidor entendendo meu cliente
Comportamento do consumidor   entendendo meu clienteComportamento do consumidor   entendendo meu cliente
Comportamento do consumidor entendendo meu cliente
 
atividade - ideologia e consumo.docx
atividade - ideologia e consumo.docxatividade - ideologia e consumo.docx
atividade - ideologia e consumo.docx
 
A influência branding em projetos de comerciais.
A influência branding em projetos de comerciais.A influência branding em projetos de comerciais.
A influência branding em projetos de comerciais.
 
Brandsense
Brandsense Brandsense
Brandsense
 
INTERTEXTUALIDADE EM EMBALAGENS DE FILME DO MESMO GÊNERO
INTERTEXTUALIDADE EM EMBALAGENS DE FILME DO MESMO GÊNEROINTERTEXTUALIDADE EM EMBALAGENS DE FILME DO MESMO GÊNERO
INTERTEXTUALIDADE EM EMBALAGENS DE FILME DO MESMO GÊNERO
 
Tecnicas de redação publicitária i
Tecnicas de redação publicitária  iTecnicas de redação publicitária  i
Tecnicas de redação publicitária i
 
Neuroplasticidade
NeuroplasticidadeNeuroplasticidade
Neuroplasticidade
 
Os 4 Rs das Relações Publicas: Reconhecimento
Os 4 Rs das Relações Publicas: ReconhecimentoOs 4 Rs das Relações Publicas: Reconhecimento
Os 4 Rs das Relações Publicas: Reconhecimento
 
Aula 9 Identidade Imagem e Reputação
Aula 9 Identidade Imagem e ReputaçãoAula 9 Identidade Imagem e Reputação
Aula 9 Identidade Imagem e Reputação
 
Construção de Lovemarks
Construção de LovemarksConstrução de Lovemarks
Construção de Lovemarks
 
Sua empresa é o que posta - Conteúdo humanizado nas redes sociais
Sua empresa é o que posta - Conteúdo humanizado nas redes sociaisSua empresa é o que posta - Conteúdo humanizado nas redes sociais
Sua empresa é o que posta - Conteúdo humanizado nas redes sociais
 
A conquista de consumidores através da responsabilidade social
A conquista de consumidores através da responsabilidade socialA conquista de consumidores através da responsabilidade social
A conquista de consumidores através da responsabilidade social
 
Branding como estratégia de relacionamento das marcas: Case Estúdio Chico Rei
Branding como estratégia de relacionamento das marcas: Case Estúdio Chico ReiBranding como estratégia de relacionamento das marcas: Case Estúdio Chico Rei
Branding como estratégia de relacionamento das marcas: Case Estúdio Chico Rei
 
Brand Persona - Arquétipos na Publicidade
Brand Persona - Arquétipos na PublicidadeBrand Persona - Arquétipos na Publicidade
Brand Persona - Arquétipos na Publicidade
 

Design emocional e consumo

  • 1. Alexandre Oliveira da Silveira Bruno Sousa Luís Gustavo Machado Márcio Augusto Battilana
  • 2. Design emocional: Fatores psicológicos que influenciam o consumo. Alexandre Oliveira da Silveira; Graduando em Design de Produto; Centro Universitário La Salle. aosgogo@hotmail.com Bruno Sousa; Graduando em Design de Produto; Centro Universitário La Salle. brunofsousa@hotmail.com.br Luis Gustavo Machado; Graduando em Design de Produto; Centro Universitário La Salle. lgm.rs@hotmail.com Márcio Augusto Battilana; Graduando em Design de Produto; Centro Universitário La Salle. mrbattilana@gmail.com
  • 3. Resumo Este artigo visa compreender a ligação de fatores psicológicos que influenciam o consumo por produtos e marcas. Fatores como se sentir incluído em grupos sociais, e a sensação de status, que algumas marcas carregam, interfere na decisão das pessoas em consumir emocionalmente certos produtos. Palavras Chave: design emocional, consumo, psicologia. Hipótese: O consumo de novos produtos está ligado ao reconhecimento ou status social
  • 5. Introdução Buscamos entender um pouco mais dos fatores emocionais que levam as pessoas a consumirem novos produtos por questões de inclusão e aceitação de grupos sociais, tendo nesses produtos uma representação de classe social ou estilo de vida, pois o consumo de novos produtos está ligado ao reconhecimento ou status social.
  • 6. Fundamentação Teórica A entrada do novo século estabeleceu uma perspectiva do comportamento do consumidor baseada em um “marketing experiencial”, ou seja, a sensação de que os produtos e serviços proporcionam aos consumidores experiências sensoriais, afetivas, cognitivas, físicas e sociais. Assim, estes passam a ser os novos determinantes de novos estudos de comportamento do consumidor. Sheth, Gadner e Garret (1988). No convívio social, as pessoas tendem a agruparem-se por semelhanças. Sejam elas, na forma de pensar, se vestir, no seu nível intelectual, financeiro, como também no estilo de vida que seguem. O consumo por sua vez faz parte dessa inclusão em certos grupos, pois pessoas que possuem os objetos de uma marca X, ou Y fazem ou não parte de grupos de convívios sociais. Conforme Marcondes (1985), consumir tem a ver com a fantasia criada pela mídia.
  • 7. Para Calligaris (2007), “a invisibilidade é mais intolerável do que a prisão”. As pessoas querem ser notadas e se sentirem inclusas. Percebendo essa forma de agir do mercado consumidor, as empresa começaram a apostar em novos designs e melhorias em seus produtos. Segundo Facina (2013), o consumo assim é percebido como meio de integração, atuando como instrumento eficaz de reversão de estigmas, ainda que essa reversão seja situacional. Norman (2008, p. 28), aponta a relação entre consumo e emoção. Ele diz que usabilidade e utilidade são obviamente importantes, mas que nossas vidas seriam incompletas sem prazer, diversão, alegria e entusiasmo, e até ansiedade e raiva, medo e fúria. Emoção. Essa então é a diferença entre objetos que atendem as necessidades e objetos que saciam vontades.
  • 8. Verganti (2009) aponta que as escolhas que fazemos em nosso comportamento de consumo tem muito de emocional: [...] pessoas não compram produtos, mas sim significados. As pessoas usam coisas por profundas razões emocionais, psicológicas e socioculturais, tanto quanto utilitárias” (VERGANTI, 2009, p.11). Para Alleres (2000), os objetos passaram a ser signos (transmitem um sentido implícito), e não mais mercadorias. São os signos e símbolos inseridos em um produto que lhe conferem poder social.
  • 9. Os fatores psicológicos incluem a motivação, a percepção, a aprendizagem, as crenças e as atitudes. Solomon (2002), Schiffman e Kanuk (2000) compreendem que o indivíduo, como consumidor, sofre influências psicológicas, pessoais, sociais e culturais. Kotler (1998), corroborando os princípios conceituais dos referidos autores, adaptou os conceitos teóricos apresentando um modelo que demonstra os fatores psicodinâmicos internos e externos que atuam sobre o consumidor.
  • 10. segundo Kotler (1998, p.176), “crença é um pensamento descritivo que uma pessoa sustenta sobre algo”. Como afirma Solomon (2002, p. 165), “uma atitude é duradoura porque tende a persistir ao longo do tempo”. Para Kotler (1998, p.254), “diferenciação é o ato de desenhar um conjunto de diferenças significativas para distinguir a oferta da empresa das ofertas dos concorrentes”.
  • 11. Sabendo disto, as empresas cada vez mais focam o “design emocional” de seus produtos com o objetivo de satisfazer, não só as necessidades vitais dos consumidores, mas sim, satisfazer emocionalmente as pessoas com produtos que remetem emoções ligadas a infância, ao bem estar, a um estilo de vida que se busca. Algo que simbolize a representação dos sentimentos. Norman (2008) classifica o uso de referencias simbólicas como a função de evocar emoções com o termo “reflexibilidade”. Isto quer dizer que, uma vez que o individuo se cerca de objetos que simbolizam para ele algo importante, esses mesmos objetos passam a comunicar também as mesmas mensagens às outras pessoas, por se tratar de símbolos reconhecíveis socialmente, ou mesmo dentro de uma determinada comunidade de interesses e referências semelhantes.
  • 12. Lindstrom (2007) faz um comparativo de marcas comerciais, e as religiões. Ele fala que as pessoas acabam por criar com as marcas, a mesma relação que possuem com as religiões. [....] Para uma grande parte das pessoas, a religião cumpre o papel de oferecer segurança e a promessa de um futuro melhor em um mundo que está mudando num ritmo incompreensível. O branding luta continuamente para adquirir autenticidade e formar uma relação com os consumidores que perdure do berço ao túmulo. [...] A relação, aparentemente distante e incompatível, entre marcas e religião está em sua ligação profunda com o que há de mais intangível na vida das pessoas, principalmente no que diz respeito à fé e fidelidade (LINDSTROM, 2007, p.172-173). As marcas, a partir desde momento passam a ter um simbolismo de identificação entre as pessoas que as consomem. Demonstra de certa forma, o que elas pensam, qual o seu estilo de vida, quais suas preferências, gerando um aspecto de reconhecimento social dos grupos que compartilham dos mesmos pensamentos e estilos de vida. Na influência expressiva de valor, o indivíduo acredita que a compra ou uso de uma determinada marca ajudá-lo-á a promover a imagem que os outros têm dele (PARK e LESSIG, 1977; SOLOMON, 2002).
  • 13. Metodologia Através de um brainstorming, onde listamos diversas palavras relacionadas à psicologia e design, chegamos a varias características ligadas ao sentimento do ser humano. A partir disto, agrupamos por semelhança, características psicológicas, e acabamos por chegar ao termo “consumo”. Pesquisando alguns artigos encontramos importantes citações que mostram que fatores psicológicos influenciam o consumidor e suas razões na hora da compra de um novo produto. Tendo esta constatação embasada, partimos para estudar artigos que fizessem a ligação do design emocional com o consumo, definindo então que “O consumo de novos produtos está ligado ao reconhecimento ou status social”.
  • 14. Considerações Finais Após as pesquisas teóricas, foi percebido que fatores psicológicos interferem diretamente na decisão das pessoas em consumir novos produtos. A carga de significados que cada produto ou marca pode representar no convívio social, ou simplesmente por remeter a boas lembranças, tem sido fatores determinantes para a escolha do consumidor em adquirir este ou aquele produto. Algumas marcas já tratam isso como um dos fatores principais na obtenção e fidelização de novos clientes. O designer, por sua vez, deve ter conhecimento desses fatos, pois apenas propor soluções reais, mas sem fatores emocionais embutidos, pode lhe custar a perda de mercado para um produto que vai além da usabilidade, mas sim gera emoções e sentimentos positivos a quem o consome
  • 15. Referências ALLÉRES, Danielle, Paradoxo das Estratégias de Marketing – As Marcas de Luxo, Revista da ESPM, v. 6, n.4, São Paulo, p. 13-17, Jul-Ago 1999. AQUINO, Ítalo de Souza. Como escrever artigos científicos: sem “rodeios” e sem medo da ABNT. São Paulo: Saraiva, 2010. BOURDIEU, Pierre. (1967),“Posfácio”. In: PANOFSKY, Erwin.Architecture gothique et pensée scolastique, Paris, Éditions de Minuit, pp. 133-167.Tradução de Pierre Bourdieu. CHRISTIAN, Pierre Kasper e Mitsuko Maristela Ono. Hábitos e Dimensões Culturais do Design,Universidade Federal do Paraná. FONTOURA, Antonio M. Pode- ser Educar crianças através do design, PUCPR, UFPR ,UTFPR,2008 GALEGO DE CARVALHO, Sueli. O Lugar dos Sentimentos na Ciência do Comportamento e na Psicoterapia Comportamental,Universidade Presbiteriana Mackenzie.
  • 16. Referências GOHN, Maria da Glória. Educação Não Formal, Participação da Sociedade Civil e Estruturas Colegiadas nas Escolas Professora Titular da Uninove e Unicamp, Rio de Janeiro.Jan/Mar. 2006 LINDSTROM, Martin. A lógica do consumo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. NORMAN, Donald. Design emocional. Rio de Janeiro: Rocco, 2008 PINHEIRO, Roberto Meireles et al. Comportamento do consumidor e pesquisa de mercado. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2004. VERGANTI, Roberto. Design-driven innovation: changing the rules of competition by radically innovating what things mean. Cambridge: Harvard Business Press, 2009.