O documento descreve como as pessoas comuns não querem ser parte de uma massa uniforme ou seguir lideranças, mas sim construir seus próprios mundos de forma única e fractal através de pequenos atos diários de desobediência e interação, reconhecendo a diversidade de experiências humanas.
2. Nós somos as pessoas comuns
Nós não somos os anônimos. Somos aqueles que
têm muitos nomes.
E temos nossos próprios rostos.
Não somos mais um indivíduo numa massa
uniforme de mascarados com a mesma máscara.
Não queremos ser mais uma parte em qualquer
coletivo: queremos ser o todo naquela parte que
somos porque cada um de nós é unique.
3. Não queremos substituir o velho mundo por outro
que também seja único.
Sabemos que muitos mundos são possíveis, desde
que consigamos construí-los em nossa
convivência.
Nós somos as pessoas comuns
4. Somos muitos, sim, mas um-a-um: nada de
rebanho, nada de seguimento de lideranças, nada
de caminhos pré-traçados para um porvir radiante,
nada de revoluções épicas, nada de
transformações cósmicas capazes de produzir um
novo céu e uma nova terra.
O novo céu será a composição fractal de muitas
terras, de muitas redes tecidas por nós:
liricamente!
Nós somos as pessoas comuns
5. Nós somos os que desobedecem, no dia a dia, nos
pequenos gestos, salvando os mundos em que
interagimos um instante de cada vez e não em
formidáveis batalhas episódicas.
Nós não achamos que todo mal que nos assola
será redimido quando vencermos algum grande
inimigo.
Sabemos que o único inimigo que existe é aquele
que constrói inimigos para lutar contra eles.
Nós somos as pessoas comuns
6. Não somos nem queremos ser heróis ou santos,
que fugiram da humanidade porque não se
achavam bons o bastante.
Heroísmo ou santidade não convêm a seres
humanos.
Nós somos as pessoas comuns
7. Não temos mais raízes: temos antenas.
Não pertencemos a grupos e não erigimos
organizações, não construímos diques e não
lançamos âncoras para nos proteger da correnteza,
para escapar do fluxo caudaloso...
Não temos medo do abismo da interação.
Quando o abismo nos olha, pulamos nele.
Nós somos as pessoas comuns