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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS
COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO
YAGO MODESTO ALVES
DO IMPRESSO AO TABLET: ANÁLISE DO CONTEÚDO DA REVISTA
SUPERINTERESSANTE
PALMAS, TOCANTINS
2014
YAGO MODESTO ALVES
DO IMPRESSO AO TABLET: ANÁLISE DO CONTEÚDO DA REVISTA
SUPERINTERESSANTE
Monografia apresentada ao Curso de
Comunicação Social – Habilitação Jornalismo
da Universidade Federal do Tocantins, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel.
Profª. Drª. Liana Vidigal Rocha
Orientadora
PALMAS, TOCANTINS
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins
Campus Universitário de Palmas
A474i Alves, Yago Modesto
Do impresso ao tablet: análise do conteúdo da revista
Superinteressante / Yago Modesto Alves. – Palmas, 2014.
83f.
Monografia (TCC) – Universidade Federal do Tocantins, Curso de
Comunicação Social, 2014.
Orientador: Prof. Dra. Liana Vidigal Rocha.
1. Superinteressante. 2. Dispositivos móveis. 3. Tablet. 4.
Webjornalismo. I. Título.
CDD 070
Bibliotecária: Emanuele Santos
CRB-2 / 1309
Todos os Direitos Reservados – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por
qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos
do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do código penal.
YAGO MODESTO ALVES
DO IMPRESSO AO TABLET: ANÁLISE DO CONTEÚDO DA REVISTA
SUPERINTERESSANTE
Monografia apresentada ao Curso de
Comunicação Social – Habilitação Jornalismo
da Universidade Federal do Tocantins, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Profª. Drª. Liana Vidigal Rocha – UFT
Orientadora
____________________________________________________
Prof. MSc. Sérgio Ricardo Soares Farias Silva - UFT
Examinador
____________________________________________________
Prof. Dr. Francisco Gilson Rebouças Pôrto Junior- UFT
Examinador
Palmas, 26 de Setembro de 2014
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus pela sabedoria e conhecimento, além de estar sempre
ao meu lado. Em segundo lugar, minha família, em especial , meu pai Igor Conceição Alves
de Souza, e minha querida mãe Maria Inez Modesto Alves de Souza, pelo esforço e por terem
me dado oportunidade de estudar, sempre apoiando minhas escolhas e me guiando para um
caminho de sucesso. Agradeço também aos meus irmãos Igor Modesto Alves e Yuri Modesto
Alves.
Aos professores deste curso, em especial minha orientadora Drª Liana Vidigal Rocha,
que desde o início, quando esta monografia ainda era um projeto de pesquisa, sanou todas
minhas dúvidas, além de clarear minha mente durante o processo de construção deste
trabalho.
Agradeço também aos amigos e colegas de turma por estarem comigo nesses quatro
anos de curso.
“Quando você acha que já tem todas as respostas,
chega o universo e muda todas as perguntas.”
Albert Espinosa
ALVES, Yago Modesto. Do impresso ao tablet: análise do conteúdo da revista
Superinteressante. 2014. 83 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação
Social – Jornalismo) – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2014.
RESUMO
Busca comparar a forma em que o conteúdo da Superinteressante é apresentado nas versões
impressa e digital, com o intuito de descobrir se a versão para tablet é uma transposição da
revista impressa, ou explora as potencialidades que os dispositivos móveis oferecem, oriundas
do webjornalismo. Para tanto, analisa a reportagem de capa de três edições da revista,
comparando a versão impressa com a digital para tablet, além de analisar as características do
webjornalismo nesta última. Apresenta também um breve histórico das revistas, mostrando a
evolução do formato impresso para o digital. Através da análise, chega-se a conclusão de que
a revista Superinteressante não adapta por completo a edição impressa para versão digital,
pouco utilizando as potencialidades do webjornalismo.
Palavras-chave: Superinteressante, Dispositivos Móveis, Tablet, Webjornalismo.
ALVES, Yago Modesto. From printed to tablet: Content Analysis of the Superinteressante
magazine. 2014. 83f. Sênior Research Project (Graduation in Social Communication -
Jornalism) - Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2014.
ABSTRACT
Seeks to compare the way that the content of Superinteressante is presented in print and
digital versions, in order to find out if the version for tablet is a transposition of the print
magazine, or explores the potential that mobile devices offer, coming from the online
journalism. It analyzes the cover story of three editions of the magazine, comparing the
printed version with the digital for tablet, and analyze the characteristics of online journalism
in the digital version. Also presents a brief history of the magazine, showing the evolution
from print to digital. Through analysis, we arrive at the conclusion that the Superinteressante
magazine does not adapt completely to the print edition to a digital version, using few
potential of online journalism.
Keywords: Superinteressante, Mobile Devices, Tablet, Online Journalism.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01 - As primeiras edições da revista Superinteressante (edição zero à esquerda e a
primeira edição à direita)..........................................................................................................23
Figura 02 - Covermounts em formato de disquete (à esq) e o CD-ROM (à dir) ......................28
Figura 03 - Ipad Air (à esq) e Sansung Galaxy Tab 3 (à dir), principais concorrentes do
mercado de tablets atualmente..................................................................................................33
Figura 04 - Styalator, o primeiro protótipo de “mesa digitalizadora” em 1956 .......................34
Figura 05 - O Gridpad utilizava uma caneta ............................................................................34
Figura 06 - Possibilidades de toque na tela de tablets para navegação de conteúdo................38
Figura 07 - Visualização dupla das revistas no formato digital para tablets ............................38
Figura 08 - Capa das edições 334, 335 e 336 da Superinteressante (esq à dir)........................42
Figura 09 - Aplicativo da Superinteressante para tablet com android aberto...........................43
Figura 10 - Duas primeiras páginas da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa48
Figura 11 - Terceira e quarta página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa
..................................................................................................................................................48
Figura 12 - Quinta e sexta página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa ..49
Figura 13 - Sétima e oitava página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa 49
Figura 14 - Nona e décima página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa .50
Figura 15 - Cinco primeiras páginas da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet ..............51
Figura 16 - Páginas 6, 7, 8, 9 e 10 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet..................52
Figura 17 - Páginas 11 e 12 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet ............................53
Figura 18 - Páginas 13 e 14 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet ............................53
Figura 19 - Primeira e segunda página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão
impressa....................................................................................................................................54
Figura 20 - Terceira e quarta página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão
impressa....................................................................................................................................55
Figura 21 - Quinta e sexta página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão
impressa....................................................................................................................................55
Figura 22 - Sétima e oitava página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão
impressa....................................................................................................................................56
Figura 23 - Nona e décima página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão
impressa....................................................................................................................................56
Figura 24 - Primeira e segunda página da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet .57
Figura 25 - Páginas 3, 4, 5 e 6 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet...............58
Figura 26 - Páginas 7, 8 e 9 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet...................59
Figura 27 - Páginas 10 e 11 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet...................60
Figura 28 - Páginas 12 e 13 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet...................60
Figura 29 - Primeira e segunda página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre
astrologia” na versão impressa .................................................................................................61
Figura 30 - Terceira e quarta página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre
astrologia” na versão impressa .................................................................................................62
Figura 31 - Quinta e sexta página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia”
na versão impressa....................................................................................................................62
Figura 32 - Sétima e oitava página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia”
na versão impressa....................................................................................................................63
Figura 33 - Nona e décima página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia”
na versão impressa....................................................................................................................63
Figura 34 - Décima primeira e décima segunda página da reportagem “Verdades
inconvenientes sobre astrologia” na versão impressa...............................................................64
Figura 35 - Páginas 1 e 2 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no tablet
..................................................................................................................................................65
Figura 36 - Páginas 3 e 4 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no tablet
..................................................................................................................................................65
Figura 37 - Páginas 5, 6 e 7 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no
tablet .........................................................................................................................................66
Figura 38 - Páginas 8, 9 e 10 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no
tablet .........................................................................................................................................67
Figura 39 - Páginas 11 e 12 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no
tablet .........................................................................................................................................68
Figura 40 - Páginas 13 e 14 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no
tablet .........................................................................................................................................68
Figura 41 - Infográfico interativo da página 6, com a página no momento em que os quatro
hiperlinks são clicados..............................................................................................................70
Figura 42 - Box utilizando o scroll pata leitura interativa........................................................71
Figura 43 - Um exemplo da página 7 com dois hiperlinks disjuntivos internos quando clicados
..................................................................................................................................................72
Figura 44 - Box com scroll vertical na página 10.....................................................................73
Figura 45 - Duas janelas que são abertas ao clicar nos hiperlinks conjuntivos da página 12 ..74
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resumo dos tipos e características do webjornalismo encontradas nas edições
analisadas..................................................................................................................................75
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................12
2 UM POUCO DA HISTÓRIA DAS REVISTAS ............................................................15
2.1 O Veículo Revista ...........................................................................................................15
2.2 O Surgimento da Revista no Mundo...............................................................................17
2.3 A Chegada ao Brasil........................................................................................................18
2.4 Um Olhar sobre a Segmentação......................................................................................21
2.5 A Superinteressante.........................................................................................................22
3 JORNALISMO DE REVISTA NA ERA DIGITAL ......................................................26
3.1 O Webjornalismo e suas Características.........................................................................26
3.2 Evolução das Revistas nos Diferentes Suportes..............................................................28
3.3 O Que é o Tablet? ...........................................................................................................31
3.4 Revistas para Tablets e as Novas Possibilidades de Negócio.........................................35
3.5 As Potencialidades dos Tablets nas Publicações Jornalísticas........................................37
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................40
4.1 Operadores de Análise das Características do Webjornalismo nos Tablets ...................44
5 SUPERINTERESSANTE IMPRESSA VERSUS DIGITAL PARA TABLETS............47
5.1 Descrição da Estrutura das Reportagens nos Dois Suportes...........................................47
5.1.1 Comparação e interpretação dos dados...........................................................................69
5.2 Análise das Características do Webjornalismo na Versão Digital para Tablets .............69
5.3 Análise Geral das Características do Webjornalismo .....................................................74
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................77
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................80
12
1 INTRODUÇÃO
Na contemporaneidade, novas tecnologias são criadas para facilitar a vida humana, e,
junto a elas, a comunicação também evolui, possibilitando o surgimento de novas mídias. Foi
assim com o rádio, posteriormente a televisão, e atualmente a ascensão da internet. Nesta
última, novas plataformas de acesso e produção de notícias vêm sendo criadas, reaprimorando
o conceito de jornalismo móvel.
Assim como afirma Nunes (2013), a mobilidade anda junto com o jornalismo desde
seus primórdios, uma vez que o jornal impresso nada mais é do que um meio de comunicação
móvel, já que o público pode ler e levá-lo pra onde quiser. Porém, a cultura da convergência e
o surgimento das novas tecnologias fez com que o cenário de produção e consumo móvel de
informações se ampliasse.
Neste novo cenário, os dispositivos móveis passam a ter inúmeras funções, serviços que
antes eram oferecidos de forma isolada em diferentes aparelhos, passam a funcionar em um
só. Uma dessas tecnologias é o tablet, um tipo de computador, que se assemelha fisicamente a
uma prancheta, com tela sensível ao toque.
O tablet se popularizou mundialmente depois que a multinacional norte-americana
Apple lançou o Ipad. Umas de suas principais utilidades é acesso à internet, captura e
visualização de fotos, vídeos, leitura de livros, jornais e revistas, e para entretenimento com
jogos.
Várias empresas de tecnologia começaram a produzir sua marca de tablets, e ano após
ano as vendas destes dispositivos crescem no mundo. É por isso que os veículos de
comunicação viram nesta plataforma móvel e digital novas possibilidades de produção de
conteúdo.
É o caso das revistas, veículo de comunicação que surgiu no mundo no século XVII, e
atualmente, viu nos tablets uma nova possibilidade de negócio. Desta forma, começa-se a
fazer pesquisas para chegar a forma mais apropriada possível de se fazer jornalismo para
tablets. Por estar ligado à internet, já que para ter acesso a qualquer conteúdo jornalístico
neste dispositivo é preciso está conectado na web, algumas das características do
webjornalismo podem ser aplicadas aos jornais e revistas publicadas nos dispositivos móveis.
13
Uma das revistas que, além da versão impressa, também vende suas edições para
tablets é a Superinteressante. Publicada mensalmente pela Editora Abril desde 1987, seus
temas principais são comportamento, tendências, cultura, saúde, tecnologia e história.
Segundo a descrição da revista na loja de aplicativos da Apple, a Superinteressante é
“essencial para entender o mundo complicado em que vivemos, ajudando a separar a verdade
do mito, o importante do irrelevante, o novo do velho – tudo de forma surpreendente,
provocativa e ousada”1
.
A Superinteressante começou a ser vendida nos tablets em março de 2011, um ano
depois que o Ipad foi lançado. Além do conteúdo de sua versão impressa, a Superinteressante
digital promete também acesso a conteúdos adicionais multimídias, além de uma experiência
na leitura, favorecida pelas potencialidades do tablet.
Esta monografia parte do seguinte problema: O conteúdo da versão para tablet da
revista Superinteressante é uma transposição da revista impressa, ou explora as
potencialidades que os dispositivos móveis oferecem, oriundas do webjornalismo?
Com uma linguagem cada vez mais dinâmica, e uma sofisticação no uso de
infográficos, a revista passou por diversas transformações ao longo dos anos, com novas
formas de diagramação e reformulações no projeto gráfico da publicação. Por isso, a hipótese
é de que a revista Superinteressante está explorando as potencialidades que os dispositivos
móveis podem oferecer para publicações jornalísticas para tablets.
Para confirmar ou não esta hipótese, tem-se o objetivo geral desta pesquisa, que é
comparar a forma em que o conteúdo é apresentado nas duas versões, impressa e digital, em
uma mesma edição da Superinteressante. Além disso, a pesquisa busca também apresentar um
breve histórico das revistas, mostrando a evolução do formato impresso para o digital;
identificar e apresentar as possibilidades do jornalismo para dispositivos móveis; observar e
analisar as características do webjornalismo na revista Superinteressante para tablet.
Esta monografia está dividida em quatro capítulos. O primeiro capítulo traz uma
revisão bibliográfica com as características da revista e sua história no meio impresso,
1
APP STORE. Superinteressante: Editora Abril. Disponível em:
<https://itunes.apple.com/br/app/superinteressante/id426935325?l=en&mt=8>. Acesso em: 11 mar. 2014.
14
baseado principalmente nos estudos de Scalzo (2008), Vilas Boas (1996), Cunha (2011),
Nascimento (2002), Tavares (2011), Moraes, V. (2007) e Moraes, S., et al (2008).
O segundo capítulo traz primeiramente as características do webjornalismo, de acordo
com Canavilhas (2007), Palacios (2003), Mielniczuk (2003) e Moherdaui (2007). Logo
depois, é apresentada a evolução da revista no ambiente digital, até a chegada aos tablets,
fundamentado pelos estudos de Cunha (2011), Dourado (2012), Silva (2009) e Caperuto
(2011). Posteriormente, são expostas as características dos tablets e as possibilidades de
produção de conteúdo jornalístico nesta plataforma.
Em seguida são apresentados os Procedimentos Metodológicos utilizados para
realização da pesquisa. O quarto capítulo, por fim, traz a análise descritiva, comparativa e de
conteúdo das edições da revista Superinteressante selecionadas na amostra.
As pesquisas que envolvem o jornalismo para dispositivos móveis estão em ascensão no
Brasil. O crescimento do uso de dispositivos móveis, como os tablets, faz com que o
jornalismo procure novas formas de produção de conteúdo para se adaptar ao público da era
tecnológica.
Por isso, essa pesquisa é importante para o meio acadêmico, uma vez que, além de
trazer um estudo sobre características do webjornalismo no contexto dos tablets, faz uma
análise delas numa revista de grande circulação no Brasil, a Superinteressante. Desta forma, é
possível entender um pouco de como o mercado está se inserindo neste novo suporte de
comunicação.
15
2 UM POUCO DA HISTÓRIA DAS REVISTAS
Antes de tudo, faz-se necessário entender o veículo revista. Por isso, este capítulo traz
as características da revista, além daquelas que a difere dos outros veículos de comunicação.
Logo depois, será aprofundado seu surgimento no mundo e chegada ao Brasil, trazendo ainda
uma pequena abordagem sobre a segmentação. Por fim, será apresentada a revista
Superinteressante, objeto de estudo desta pesquisa.
2.1 O Veículo Revista
A revista é um veículo de comunicação que vem sofrendo mudanças em seu suporte
desde quando surgiu no meio impresso até os dias de hoje, com as publicações para o meio
online e principalmente os dispositivos móveis. Uma das autoras que estuda este veículo
como publicação jornalística é Marília Scalzo. Ela traz a concepção de revista como “um
veículo de comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de
serviços, uma mistura de jornalismo e entretenimento” (SCALZO, 2008, p.11). Porém, ela
afirma ainda que esses conceitos não abrangem totalmente o universo que a envolve com seus
leitores.
A tipologia da palavra revista vem do inglês review, que significa “revista”, “resenha” e
“crítica literária”. Porém, nos Estados Unidos e outros países de língua inglesa, a revista é
conhecida como magazine, que vem do árabe “al-mahazen”, que significa depósito de
mercadorias variadas (ALI, 2009, apud PLUVINAGE; TRAQUILIN, 2011).
Para muitos autores, o que vem a ser revista está muito ligado às características desse
veículo que o difere de outros, como o jornal impresso. É o caso de Kanza Mukhtar (2009
apud SOUZA, 2013), que vê as revistas como um tipo de publicação que preenche os vazios
deixados pelos jornais, livros e enciclopédias. Vilas Boas (1996) segue a mesma linha de
pensamento, afirmando que a revista traz uma apuração de um fato que antes já foi noticiado
no jornal, rádio ou televisão, mas preenchendo os espaços vazios deixados na cobertura
desses. Para ele, o texto da revista é outro fator que o diferencia do jornal. “Com mais tempo
para extrapolações analíticas do fato, as revistas podem produzir textos mais criativos,
16
utilizando recursos estilísticos geralmente incompatíveis com a velocidade do jornalismo
diário” (VILAS BOAS, 1996, p. 9).
Já Cunha (2011), em sua dissertação de mestrado, define revista como:
Uma publicação periódica dirigida a um público específico, mesmo quando
se inclina para a informação geral, que se destaca pelas estratégias visuais
potencialmente exploradas (design gráfico), por sua segmentação e pela
periodicidade fora da urgência do jornalismo diário (CUNHA, 2011, p.22).
Nascimento (2002) também distingue as revistas dos outros veículos por conta de seu
tratamento visual e textual. Em relação a este último, ela concorda com Vilas Boas (1996) e
Kanza Mukhtar (2009 apud SOUZA, 2013), afirmando que “sem o imediatismo imposto
pelos jornais diários as revistas lidariam com os fatos já publicados pelos jornais diários ou já
veiculados pela televisão de maneira mais analítica, fornecendo maior número de informações
sobre determinado assunto” (NASCIMENTO, 2002, p. 18). Scalzo (2008) defende que, por
conta de sua periodicidade (semanal, quinzenal ou mensal), a revista trabalha de forma mais
aprofundada do fato que já foi noticiado em outros veículos, “Elas cobrem funções culturais
mais complexas que a simples transmissão de notícias. Entretém, trazem análise, reflexão,
concentração e experiência de leitura” (SCALZO, 2008, p.13). Esta característica faz com que
a apuração e o tratamento jornalístico do fato ocorram de forma diferenciada nas revistas,
dando novos enfoques e explorando outros ângulos daqueles que geralmente são reportados
na televisão, rádio ou internet, que são capazes de veicular a informação em tempo real
(SCALZO, 2008).
Nas revistas quinzenais e mensais, esse problema é ainda mais evidente.
Além de se distanciar ainda mais do tempo real da notícia, a publicação de
periodicidade mais larga obriga-se a não perecer tão rapidamente, a durar
mais na mão do leitor. É por isso que a notícia ‘nua e crua’ nunca teve lugar
de destaque em revistas (SCALZO, 2008, p. 42).
A revista também tem um formato diferenciado em relação a outros veículos de
comunicação impressa. Scalzo (2008) afirma que:
Ela é fácil de carregar, de guardar, de colocar numa estante e colecionar.
Não suja as mãos como os jornais, cabe na mochila e disfarçada dentro de
um caderno, na hora da aula. Seu papel e impressão também garantem uma
qualidade de leitura - do texto e da imagem – invejável (SCALZO, 2008, p.
39).
Outro elemento essencial que a diferencia dos outros veículos de comunicação é a sua
relação com o leitor. Apesar de ser um meio de comunicação de massa, seu público é
17
específico, é selecionado. Scalzo (2008) explica este fato comparando-a com o jornal.
“Enquanto o jornal ocupa o espaço público, do cidadão, e o jornalista que escreve em jornal
fala sempre com uma plateia heterogênea, muitas vezes sem rosto, a revista entra no espaço
privado, na intimidade, na casa dos leitores” (SCALZO, 2008, p.14).
2.2 O Surgimento da Revista no Mundo
Em Jornalismo de Revista, Marília Scalzo (2008) traz aparato histórico da revista no
cenário mundial. A primeira a ser publicada surgiu na Alemanha, em 1663, titulada
Erbauliche Monaths Unterredungen (Edificantes discussões mensais). Segundo Scalzo
(2008), ela mais parecia um livro, mas só era considerada revista porque apanhava várias
características do veículo: tinha vários artigos sobre um mesmo assunto - a teologia -, era
voltada para um público específico, além de ser publicada periodicamente.
Todas essas publicações, mesmo não utilizando o termo “revista” no nome
(isso só aconteceria em 1704, na Inglaterra) e parecendo-se demais com os
livros, deixam clara a missão do novo tipo de publicação que surgia:
destinar-se a públicos mais específicos e aprofundar os assuntos – mais que
os jornais, menos que os livros (SCALZO, 2008, p. 19).
A primeira revista que mais se parece com as publicadas atualmente surgiu em 1731,
em Londres, titulada The Gentleman’s Magazine. É a partir de então que o termo magazine
passa a ser sinônimo de revista. Em 1741, são publicadas as primeiras revistas nos Estados
Unidos, a American Magazine e General Magazine. O crescimento das revistas nos EUA
andou junto com o desenvolvimento do país, diminuição do analfabetismo, e o aumento do
interesse da população por novas ideias. Neste cenário, a revista ganhou espaço no público,
pois “com o aumento dos índices de escolarização, havia uma população alfabetizada que
queria ler e se instruir, mas não se interessava pela profundidade dos livros, ainda vistos como
instrumento de elite e pouco acessíveis” (SCALZO, 2008, p. 20). Outro fator destacado por
Scalzo (2008) que favoreceram sua popularização e crescimento ao longo do século XIX está
relacionado ao avanço das técnicas de impressão.
Com o avanço técnico das gráficas, as revistas tornaram-se o meio ideal,
reunindo vários assuntos num só lugar e trazendo belas imagens para ilustrá-
los. Era uma forma de fazer circular, concentradas, diferentes informações
sobre os novos tempos, a nova ciência e as possibilidades que se abriam para
18
uma população que começava a ter acesso ao saber. A revista ocupou assim
um espaço entre o livro (objeto sacralizado) e o jornal (que só trazia o
noticiário ligeiro) (SCALZO, 2008, p. 20).
Em 1842, surge a primeira revista ilustrada, em Londres. A Illustrated London News
revolucionou a forma de idealizar e editar revistas. Seu conteúdo era composto por texto e
gravuras, reproduzindo os fatos em forma de desenho. Com o desenvolvimento da fotografia e
da impressão em meio-tom, no final do século XIX, tal fórmula foi aperfeiçoada. Ainda neste
século, surgem as primeiras revistas literárias e científicas. Neste período, começam a ganhar
força as publicações voltadas aos públicos específicos, dirigidas a um único campo de
conhecimento, trazendo últimas novidades e estudos na área. Dá-se origem, assim, às revistas
especializadas, que estão ligadas a grupos profissionais ou temas de interesse técnico
(SCALZO, 2008).
A primeira revista semanal surge em 1923, nos Estados Unidos. A Time é lançada,
segundo Scalzo (2008):
Para atender à necessidade de informar com concisão em um mundo já
questionado pela quantidade de informações impressas (...). A ideia era
trazer noticias da semana, do país e do mundo organizadas em seções,
sempre narradas de maneira concisa e sistemática, com todas as informações
cuidadosamente pesquisadas e checadas (SCALZO, 2008, p.22).
Daí então, as revistas semanais foram aperfeiçoando sua fórmula, ganhando mais
espaço e leitores no mundo todo.
2.3 A Chegada ao Brasil
A imprensa não existia no Brasil antes de 1808, porque Portugal proibia publicações do
tipo em suas colônias. Com a chegada da família Real no Brasil, que na época fugia da
invasão napoleônica na Europa, veio também a imprensa. Ali (2009 apud CUNHA, 2011,
p.24) considera o Correio Braziliense como a primeira revista brasileira. Apesar de ser escrita,
editada e publicada mensalmente na Inglaterra, ela circulava clandestinamente no Brasil,
sendo proibida pela coroa portuguesa “por divulgar ideias libertárias, exigindo reformas no
sistema político entre os dois países e o fim da escravidão” (CUNHA, 2011, p. 24).
19
A revista surgiu no Brasil no século XIX como publicações efêmeras, definidas na
época como ensaios ou folhetos. A primeira publicação considerada revista no país foi As
variedades ou ensaio de literatura, de 1812, tendo apenas duas edições. Outras revistas que
surgiram na época eram publicações institucionais e eruditas, muito diferente de como são
conhecidas hoje (NASCIMENTO, 2002). Neste ponto, Cunha (2011) defende que “A
princípio, as primeiras revistas tiveram pouca importância na vida social. Muitas nasceram
eruditas, pouco noticiosas, preocupadas apenas com amenidades e voltadas à elite” (CUNHA,
2011, p. 24).
Entretanto, é a partir do século XX que ela começa a ganhar espaço diferenciado,
passando a ser cada vez mais literária. O marco desse tipo de jornalismo se dá em 1928, com
a criação de O Cruzeiro, a revista pioneira no ramo da reportagem, que circulou até 1975. Em
1938, foi criada a revista Diretrizes, destacando-se na produção de textos investigativos e
críticos. Já em 1952 surge a revista Manchete, com amplo espaço destinado a fotos e se
destacando por alcançar popularidade com reportagens históricas. Logo, em 1966, tem-se a
Realidade, da editora Abril, considerada um exemplo de qualidade jornalística. Em 1968,
surge a revista Veja, que atualmente é uma das líderes do mercado de revistas semanais de
informação (NASCIMENTO, 2002).
Com o surgimento destas duas últimas, uma nova forma de cobertura política e
cotidiana do Brasil é redimensionada no mercado de revistas. Assim como afirma Tavares
(2011), elas ganharam um formato “mais moderno, com páginas amplas, entrevistas e muitas
fotografias, orientadas para um conteúdo de grandes reportagens históricas e investigativas e
análises mais contundentes da sociedade brasileira” (TAVARES, 2011, p.112). Com isso, a
revista semanal ganha um novo status no mercado editorial, passando a concorrer com o
jornal diário e a televisão. Segundo Scalzo (2008), o período que se inicia no final da década
de 1950 é marcado pelo crescimento da indústria da revista, devido ao reconhecimento deste
veículo como um produto da publicidade. É nesta época que surge o moderno conceito de
segmentação editorial.
Tavares (2011) afirma que nos anos de 1970 as revistas começam a assumir
características prodigiosas em relação às décadas anteriores, por conta de um aumento no
número de títulos publicados, quantidade de exemplares, públicos e linguagens. “O
crescimento das editorias e este novo universo de publicações de grande tiragem consolidam
uma nova ‘era’ no mercado editorial, contribuindo, inclusive, para a derrocada e o fechamento
20
completo, em 1975, de O Cruzeiro” (TAVARES, 2011, p.112). Outra característica que
marcou esta época foi a chegada de revistas estrangeiras com versões nacionais. Dentre elas, a
Nova, em 1973, versão brasileira da Cosmopolitan, e a Playboy em 1975. Mira (1997) afirma
que, nesta época:
Persiste, evidentemente, o desejo de se comunicar com o leitor brasileiro,
mas procurando encontrar o que ele tem em comum com outros leitores de
produtos similares no mundo. Compra-se material estrangeiro, não por falta
de condições de produzi-lo aqui – tradição que as “grandes revistas” já
estabeleceram – mas porque ele pode muito bem servir a certos segmentos
de leitores daqui como serve em outros países. (MIRA, 1997, p.153)
É também a partir da década de 1970 que as segmentadas e especializadas começam a
ganhar força no mercado, com o lançamento de revistas esportivas, musicais, masculinas,
além daquelas voltadas para o público jovem (TAVARES, 2011). De acordo com Scalzo
(2008), “publicações ligadas à cultura pop, que falam sobre música, comportamento, moda,
arte e consumo surgem em profusão nas décadas de 1960 e 1970, quando começa a ser
identificada na população uma faixa etária intermediária entre as crianças e os adultos: os
jovens” (SCALZO, 2008, p.36).
Ainda segundo Scalzo (2008), neste mercado segmentado crescem também as revistas
científicas, tanto as especializadas quanto para leigos. Com a década de 1980, marcada pela
preocupação com o corpo, surgem publicações como Saúde, Boa Forma, Corpo a Corpo,
Plástica e Dieta. Este fortalecimento das segmentadas favorece ainda mais a especificação de
públicos, como por exemplo, as revistas de arquitetura e decoração:
Existem aquelas dedicadas a quem quer cuidar do jardim, a quem quer
decorar o escritório, uma loja ou um quarto de bebê. E essa segmentação
pode alcançar públicos tão específicos como “mulheres que fazem enfeites
para festas infantis’ ou ‘marceneiros que trabalham com madeira certificada”
(SCALZO, 2008, p.36)
Com o crescimento das segmentadas, surge no país a partir da década de 1980 inúmeras
revistas, atendendo o mais variado tipo de público, assunto que será abordado no próximo
item.
21
2.4 Um Olhar sobre a Segmentação
Por causa da relação diferenciada que as revistas têm com seu público, uma grande
característica deste veículo é a segmentação. A ascensão do mercado segmentado no Brasil se
dá principalmente pela necessidade das editoras em ampliar seus títulos para diferentes
públicos, que já vinha acontecendo na Europa e Estados Unidos, como expõe Rocha (2013)
em sua dissertação de mestrado. “A diversificação de segmentos de mercado, de assuntos, de
interesses fez com que a segmentação surgisse para consolidar o papel da revista na vida de
homens, mulheres, adolescentes, da família, de executivos e de outros públicos a que se
destinam” (ROCHA, 2013, p.20).
A segmentação se dá principalmente pela diversidade de interesse dos públicos. Para ir
atrás da audiência, as editoras procuram segmentar uma determinada revista, fidelizando um
público específico para ela. Para Scalzo (2008), essa segmentação por assunto e tipo de
público faz parte da própria essência do veículo.
Para ilustrar, podemos lançar mão da seguinte imagem: na televisão, fala-se
para um imenso estádio de futebol, onde não se distinguem rostos na
multidão; no jornal, fala-se para um teatro, mas ainda não se consegue
distinguir quem é quem na plateia; já numa revista semanal de informação,
o teatro é menor, a plateia é selecionada, você tem uma ideia melhor do
grupo, ainda que não consiga identificar um por um. É na revista
segmentada, geralmente mensal, que de fato se conhece cada leitor, sabe-se
exatamente com quem se está falando (SCALZO, 2008, p.14).
A escritora e fundadora da revista Nova, Fatima Ali (2009 apud Pluvinage e Tranquilin,
2011) divide as revistas em três grupos principais, que por sua vez têm suas subdivisões: I.
Revistas de consumos, II. Revistas profissionais e III. Revistas de empresas e organizações.
As revistas de consumo são voltadas para um público mais amplo, sendo também as mais
populares no mercado. Elas se subdividem em: a) revistas de interesse geral, b) segmentadas
por públicos, c) segmentadas por interesse. Já as revistas profissionais são voltadas a um
público-alvo formado por profissionais ou membros de uma determinada atividade. Por
último, as revistas de empresas e organizações, que têm um caráter mais institucional, sendo
voltadas para clientes, funcionários ou associados de uma determinada empresa ou
organização.
Podem ser subdivididas em revistas sob medidas ou customizadas (são
revistas patrocinadas por empresas e, geralmente, distribuídas aos seus
22
clientes com o objetivo de promover a imagem da instituição), revistas
institucionais (ou “House Organs”, visam a comunicação de uma empresa
com seus próprios funcionários e associados) e as revistas de associações
(para a comunicação entre membros de uma comunidade, organização,
associação, como as revistas universitárias) (ALI, 2009, apud PLUVINAGE;
TRANQUILIN, 2011, p.3).
Já Scalzo (2008) é mais sucinta, afirmando que os tipos de segmentação mais comuns
são “por gênero (masculino e feminino), por idade (infantil, adulta, adolescente), geográfica
(cidade ou região) e por tema (cinema, esportes, ciência...)” (SCALZO, 2008, p.49). Ela ainda
destaca o fenômeno da “segmentação da segmentação”, no qual, a partir de um grupo de
segmentação é possível afunilar ainda mais o público da revista:
Por exemplo, partindo do público de pais de crianças, é possível fazer
revistas para pais, para mães, para mães de bebês, para mães de bebês
gêmeos, para mães de bebês gêmeos que moram em São Paulo... É possível
estender e afunilar a lista até chegarmos a grupos muito pequenos - e se
quisermos ir ao extremo, até chegar a cada indivíduo em particular.
(SCALZO, 2003, p. 49)
Esta é a tendência da personalização, cujas revistas procuram chegar cada vez mais ao
indivíduo de forma particular.
2.5 A Superinteressante
Dentre as revistas segmentadas que surgiram no Brasil na década de 1980, temos a
Superinteressante, pertencente ao grupo Abril, que começou a circular no país em 1987.
Primeiramente, a revista seria uma versão brasileira da espanhola Muy Interesante, fundada
em maio 1981, que fazia um grande sucesso pela sua riqueza visual e o uso de recursos
fotográficos e infográficos, trabalhando principalmente com tecnologia e ciência. (DINIZ;
CAMPANHA; DANIEL, 2013). Aqui, a revista seria publicada de forma integral, mas
traduzida, como se fazia na Alemanha, França e Itália. A tentativa não foi bem sucedida,
porque, como afirma Moraes, V. (2007) “os fotolitos (chapas usadas para carimbar a tinta)
estrangeiros eram maiores que os brasileiros, o que obrigou a Editora a mudar seus planos e a
fazer as próprias reportagens” (MORAES, V., 2007, p.58).
A revista Superinteressante, também conhecida apenas como Super, se define como:
23
A maior revista para jovens adultos do Brasil, conhecida por seu texto
inteligente, design inovador e infográficos premiados [...]. Seus temas
principais são comportamento, tendências, cultura, saúde, tecnologia e
história. Essencial para entender o mundo complicado em que vivemos,
ajudando a separar a verdade do mito, o importante do irrelevante, o novo do
velho – tudo de forma surpreendente, provocativa e ousada 2
.
Antes da 1ª edição, em setembro de 1987, a Abril lançou a “edição zero” da Super,
como uma espécie de especial de outras revistas da editora (ver Figura 1). Quinze dias depois
foi lançada a edição número um. Com uma tiragem inicial de 150 mil exemplares, ela logo se
esgotou, fazendo com que a editora reimprimisse mais 65 mil para venda. Logo, a Super foi
ganhando assinantes e com o passar dos anos passou a ser uma revista respeitada, recebendo
prêmios e quebrando recorde de vendas (MORAES, V., 2007; MORAES, S., et al., 2008).
Figura 01 - As primeiras edições da revista Superinteressante (edição zero à esquerda e a
primeira edição à direita)
Fonte: <http://goo.gl/0HJGAR> Acesso em: 15 jul 2014
Segundo Moraes, S. et al. (2008, p.7), a priori a Superinteressante “tinha como objetivo
divulgar curiosidades, e acontecimentos fantásticos de qualquer ramo do conhecimento,
porém também tinha a intenção de ganhar o reconhecimento da sociedade científica, por isso
dava mais ênfase a temas que envolviam as ciências naturais”. Na carta ao leitor da 1ª edição,
Victor Civita, fundador da editora Abril, fala sobre a proposta da revista:
2
Ibid
24
Não por acaso ela se chama SUPERINTERESSANTE, pois oferecerá aos
leitores uma visão ampla do que se fez, do que se faz e – por que não? – do
que se fará em termos de pesquisa e realização científica e tecnológica. Sua
pauta de assuntos não terá limites, cobrindo, por exemplo, da Física à Pré-
História, da Astronomia à Ecologia, da Informática à Psicologia ou à
Religião.De forma clara, direta, acessível ao mais leigo dos leitores,
SUPERINTERESSANTE mostrará o conhecimento científico não como um
tesouro a que só alguns privilegiados têm acesso, por sua cultura, mas como
algo que passa pelo cotidiano de todos nós, influenciando e modificando até
mesmo os momentos mais simples de nossa vida3
.
Com o passar dos anos, a Superinteressante foi dando espaço a outros temas e áreas de
conhecimento, como religião, filosofia e paranormalidade. Para Moraes, S. et al. (2008, p.7),
“alguns relacionam esse fato ao período em que ela estava no auge da sua consagração e bateu
recorde de vendagem”. Moraes, V. (2007) relata que a revista também deixou de publicar
matérias somente na área de ciências exatas e biológicas, dando espaço às reportagens nas
áreas humanas e sociais.
Em meados dos anos 1990, a Superinteressante passa por sua primeira reforma no
design gráfico. Esta mudança marca a consolidação da infografia como mais um recurso de
vinculação nas matérias, além de um projeto gráfico que incorporou outros recursos não
verbais nas publicações. A partir daí, por conta do constante uso em suas páginas, os
infográficos se tornam uma marca registrada da Superinteressante (DINIZ; CAMPANHA;
DANIEL, 2013).
Na virada do milênio, a revista passa por uma nova reforma gráfica e editorial, fazendo
com que seu perfil mude. Assuntos considerados sensacionalistas e especulativos começam a
ganhar espaço nas reportagens, além de dar um destaque maior aos temas religiosos
(MORAES, V., 2007). Este período é marcado ainda pelo que Diniz, Campanha e Daniel
(2013) chamam de “transição da funcionalidade do infográfico”. Os infográficos deixam de
ser um complemento da notícia, passando a ser matéria em si.
Em 2005, a revista passou por outra grande reforma, devido, principalmente, a
fidelização e crescimento do público. São criadas novas seções (editorias), formato mais
linear, além de matérias de curiosidades, que ganham mais espaço nas publicações. “Essas
complementações no seu projeto encadeiam em reconhecimentos através de premiações [...].
3
CIVITA, Victor. Leia a primeira carta ao leitor que saiu na edição 1 da SUPER. 2012. Superinteressante.
Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/superblog/leia-a-primeira-carta-ao-leitor-que-saiu-na-edicao-1-
da-super/>. Acesso em: 3 jul. 2014.
25
Neste ano a Super ganha medalha de ouro pela sofisticação no uso de infográficos, Prêmio
Malofiej de Infografia” (DINIZ; CAMPANHA; DANIEL, 2013, p.3).
Diniz, Campanha e Daniel (2013) destacam ainda a nova reformulação estrutural da
revista, também, no meio digital (blogs, vídeos, bastidores da redação, atualizações diárias
frequentes, conteúdo extra das matérias e promoções exclusivas). Como forma de interagir
com as novas mídias, ela incorpora uma linguagem mais dinâmica, que se adapta melhor à
forma com que o público a lê, garantindo mais visibilidade.
26
3 JORNALISMO DE REVISTA NA ERA DIGITAL
Neste segundo capítulo, será aprofundada a evolução das revistas no ambiente digital
até sua chegada ao tablet, suporte de reprodução de revista digital que será estudado nesta
pesquisa. Entretanto, primeiramente, se faz necessário explicar quais são as características do
meio online no que se refere ao Jornalismo. Em seguida, serão apresentadas as características
do tablet como dispositivo móvel, além das potencialidades do meio para reprodução do
conteúdo das revistas digitais.
3.1 O Webjornalismo e suas Características
Com a ascensão das publicações jornalísticas no meio online, foram identificadas várias
características que fazem parte, de forma parcial ou integral, na produção de conteúdo para
web. Canavilhas (2007) identifica sete características do webjornalismo: multimidialidade,
hipertextualidade, interatividade, personalização, capacidade de memória, instantaneidade e
ubiquidade. Palacios (2003) e Mielniczuk (2003) consentem com Canavilhas (2007), não
discutindo apenas a ubiquidade, e em relação à instantaneidade, utilizam o termo atualização
contínua. Luciana Moherdaui (2007) identifica mais outras duas características: imersão e
conteúdo dinâmico. Abaixo será apresentada uma breve descrição delas, fundamentadas pelos
autores anteriormente citados.
A multimidialidade diz respeito à incorporação ou convergência de vários elementos
como vídeos, áudio, imagens, texto e infografia numa mesma reportagem ou produção
jornalística (CANAVILHAS, 2007).
A hipertextualidade é baseada no que chamamos de hipertexto, termo criado por
Theodor H. Nelson nos anos 1960. Caracteriza-se por ser um texto não linear e interativo,
onde o leitor é quem decide o caminho a ser seguido na leitura (CANAVILHAS, 2007).
A interatividade é outra característica do webjornalismo. Ela está intrinsecamente
ligada ao usuário, permitindo que este guie a informação e administre a forma de acessar
conteúdo de acordo com suas expectativas (CANAVILHAS, 2007).
27
Com a utilização simultânea das três características citada acima (multimidialidade,
hipertextualidade e interatividade) em uma mesma notícia na web, o usuário tem a
oportunidade única de fazer uma leitura pessoal e particular da informação disponível. É o
que Canavilhas (2007) chama de personalização de conteúdo. Esta característica, também
denominada de individualização ou customização (MOHERDAUI, 2007) diz respeito também
a “opção oferecida ao usuário para configurar ou receber produtos jornalísticos de acordo com
seus interesses individuais” (MOHERDAUI, 2007, p.131).
A capacidade de memória está ligada ao fato das informações na web estarem
acumuladas para visualização. “Dessa forma, surge a possibilidade de acessar, com maior
facilidade, material antigo, o que introduz mudanças tanto na produção quanto na recepção do
material jornalístico” (MIELNICZUK , 2003, p.51).
A instantaneidade (CANAVILHAS, 2007) ou atualização continua (MIELNICZUK,
2003) é a característica que o jornalismo online tem de atualização contínua da informação,
que podem ser recebidas em tempo real ao usuário.
A notícia da web também está disponível em escala global, podendo ser visualizada em
diferentes lugares ao mesmo tempo. Esta característica é chamada de ubiquidade
(CANAVILHAS, 2007).
Moherdaui (2007) identifica ainda a imersão como outra característica do jornalismo
online. Diz respeito à experiência do usuário de ser transportado para um lugar simulado, no
caso, a web. Por fim, temos também o conteúdo dinâmico, que engloba as características
anteriormente descritas.
A atualização contínua das matérias, dos canais e da home Page, o
investimento em produtos interativos – enquetes, fóruns de discussão, blogs,
e-mail, narrativas multimídia, games, mapas, comentários em matérias,
descentralização do conteúdo e uso de fotos randômicas dão aos portais e
sites noticiosos o dinamismo, que faz parte da lógica do jornalismo digital
(MOHERDAUI, 2007, p.136).
É importante ressaltar que nem todas essas características podem ser aplicadas as
revistas digitais para tablets, por conta das características do veículo revista, discorridas no
capítulo anterior, e das peculiaridades do suporte tablet, que será abordado mais à frente.
28
3.2 Evolução das Revistas nos Diferentes Suportes
Em seu artigo As revistas mudam porque os suportes mudam: panorama do produto em
formatos digitais, Tatiana Maria Dourado traz um panorama histórico da digitalização das
revistas jornalísticas. Segundo a autora, no processo de digitalização do meio eletrônico para
o binário, as revistas passaram por quatro diferentes “artefatos”. Alguns destes ainda são
usados nos dias de hoje para sua reprodução. “Entre eles estão o CD-ROM, os desktops dos
computadores ou notebooks, telefonia móvel (através dos celulares) e tablets [..]”
(DOURADO, 2012, p.6).
Ainda de acordo com Dourado (2012), as primeiras publicações jornalísticas em CD-
ROM aconteceram no fim dos anos 1980. “Os CD-ROM (Compact Disc Read-Only Memory),
criado em 1985, permite, em um primeiro momento, que as revistas pudessem armazenar e
distribuir conteúdo – que não poderia ser alterado, somente lido – por meio do dispositivo”
(DOURADO, 2012, p.3). Outro suporte semelhante, surgindo em meados dos anos 90, foram
os covermounts (ver Figura 2), um suporte de armazenamento incluindo software e mídia
audiovisual que vinha como complemento das publicações impressas (CUNHA, 2011;
DOURADO, 2012).
Figura 02 - Covermounts em formato de disquete (à esq) e o CD-ROM (à dir)
Disponível em <http://goo.gl/8v4OXf> e <http://goo.gl/hw0ygx> Acesso em 31 jul. 2014
Com o crescimento e a popularização da internet, os veículos informativos viram a
possibilidade de se inserir como meios de comunicação nesta plataforma. Com as revistas não
foi diferente. Em sua dissertação de mestrado, Rodrigo do Espírito Santo da Cunha (2011)
afirma que:
As revistas, assim como quase todos os veículos informativos, migraram
para o ciberespaço, reconfigurando-se tanto na produção, quanto no
29
consumo, por meio da hipertextualidade e da interatividade, recursos
possibilitados pela internet e pelas diversas mídias digitais nas quais o
produto passa a circular (CUNHA, 2011, p.30).
Os primeiros sites de revistas impressas apareceram em 1995 (QUINN, 2007 apud
CUNHA, 2011). Neste mesmo ano, no Brasil, os jornais migram para a internet, e em
novembro, a revista Manchete disponibiliza no ambiente online o conteúdo da edição 2275.
Com o crescimento de grandes portais de conteúdo e provedores de internet na época, outras
revistas aproveitaram para se inserir na rede. Em abril de 1996, a IstoÉ lança sua revista
online, posteriormente inserida no portal Universo On-line (UOL), do grupo Folha (CUNHA,
2011). “Assim como na primeira fase do jornalismo on-line, a versão do site possuía uma
replica dos mesmos textos encontrados na edição impressa, além de serviços de chat e fóruns
de debate” (CUNHA, 2011, p.31).
Outro grande portal de internet que agregava sites de revistas era o Brasil Online
(BOL), este da editora Abril. Seu principal produto era a revista Veja, lançada quatro horas
depois da IstoÉ. Ainda em 1996, o UOL e BOL formam uma parceria onde todo conteúdo da
BOL (Exame, Vip, Placar, Exame Informática e Superinteressante) é agregado num único
site, o UOL, agora dos grupos Folha e Abril. Em 2001, então como principal agregador de
revistas na internet brasileira, ele passa a disponibilizar a edição em português da revista Time
(CUNHA, 2011).
Dourado (2012) ressalta que, apesar do crescimento dos sites de revistas, o formato CD-
ROM ainda continuou sendo usado por muitas editoras. “Próximo aos anos 2000, tais suportes
permaneciam lançando suplementos e agregando novidades em termos de linguagem, como a
inserção de áudio e vídeo em seus conteúdos” (QUINN, 2007, apud DOURADO, 2012, p.5).
Em relação ao meio online, como afirma Cunha (2011), as revistas começaram a adotar
algumas tecnologias e formatos para tornar seu conteúdo visualizável neste ambiente. Um
marco para leitura de revistas no meio on-line deu-se com o PDF (Portable Document
Format), criado pela Adobe Systems, em 1992. Um arquivo neste formato permite a
reprodução de documentos que contenham textos, gráficos e imagens de maneira
independente do aplicativo, hardware ou sistema operacional.
30
Outro formato que facilitou o modo de leitura de revistas em rede foi o Flash4
, lançado
pela Macromedia em 1996 (Hoje pertencente a Adobe Systems). O Flash permite a
reprodução de conteúdos multimídias, principalmente animações.
O Flash também permite rapidez na visualização das revistas, pois a
atualização do arquivo ocorre por “fluxo contínuo” (streaming): cada página,
com seus vídeos, imagens e sons, é carregada a partir do conteúdo já
visualizado, o que não acontece com o PDF, quando é necessário baixar o
arquivo por completo antes de começar a ler (NATANSOHN et all, 2010,
apud CUNHA, 2011, p.35).
Um dos recursos do formato Flash para visualização de revistas on-line é o efeito flip-
page, que possibilita ao leitor simular o folheto de uma revista impressa. Cunha (2011)
acentua que:
A partir da utilização do flip page como modo de visualização de revistas
on-line, as publicações começaram a complexificar a utilizações dos
recursos, incluindo animações dentro das páginas. Um dos exemplos mais
conhecidos no caso brasileiro é o da revista Meio Digital
(www.meiodigital.com.br), publicada pela editora Meio & Mensagem. Ao
abrir cada página é possível ver uma rápida animação de títulos, textos ou
imagens que são inseridas para dentro da diagramação. Trata-se de uma
experiência tímida, mas pioneira em nosso caso. Também existe o exemplo
do acervo digital da Veja (www.veja.com.br/acervodigital), no qual o
usuário visualiza por meio de flip page da primeira até a penúltima edição a
circular nas bancas, gratuitamente (CUNHA, 2011, p. 36).
Nos dispositivos móveis, as revistas começaram a ser usadas na primeira década do
século 21, como afirma Dourado (2012). Os telefones celulares foram os primeiros a serem
utilizados como objeto para consumo de informação e produtos jornalísticos. Um exemplo
disso são as revistas Time Out, OK!, Glamour e CQ, do Reino Unido, que em 2006 permitiam
aos usuários o download das publicações na plataforma conhecida como Mobizine (QUINN,
2007 apud DOURADO, 2012).
Segundo Silva (2009), um dos fatores que favoreceu ao crescimento da produção e
consumo nos meios móveis no Brasil foi o início da operação da tecnologia de terceira
geração (3G), no final de 2007. Para ele, esta tecnologia “vem sendo apropriada por
conglomerados de comunicação para a prática do que se denomina de jornalismo móvel, que
podemos entender como a potencialização da relação entre jornalismo e mobilidade” (SILVA,
4
Flash (SWF ou Shockwave Flash) é um software primariamente de gráfico vetorial - apesar de suportar
imagens bitmap e vídeos - utilizado geralmente para a criação de animações interativas que funcionam
embutidas num navegador web e também por meio de desktops, celulares, smartphones, tablets e televisores
(WIKIPÉDIA, 2014).
31
2009, p.75). Outra tecnologia que favoreceu a ascensão das tecnologias móveis foi o
surgimento do Wireless, ou rede sem fio.
As revistas passaram a explorar o mercado que se abriu com a popularização dos
aparelhos celulares, principalmente os smartphones, telefone celular inteligente com
tecnologias avançadas e programas executados por um sistema operacional, semelhante aos
computadores. Um dos principais smartphones é o Iphone, da Apple, que em 2009 iniciou o
mercado de aplicativos (apps). As revistas viram nos Apps a possibilidade de crescer no
mercado para telemóveis. Assim como destaca Dourado (2012), “no Brasil, as principais
revistas semanais de informação geral – Veja, Época e Isto É – possuem versões voltadas para
a plataforma (DOURADO, 2012, p.5)”.
Outro dispositivo que facilitou a inserção da revista no cenário móvel-digital foi os e-
readers (leitor de livros digitais). Ele se popularizou com a criação do Kindle, pela Amazon.
Caperuto (2011) acentua que, embora tenha sido desenvolvido primeiramente com a
finalidade de leitura de livros, os e-readers foram amplamente empregados pelas empresas
jornalísticas.
Em maio de 2009, jornais norte-americanos firmaram uma parceria com a
Amazon para distribuir seus conteúdos por meio do sistema Kindle
Newspapers, uma espécie de assinatura eletrônica do conteúdo do jornal
impresso; no Brasil, o jornal O Globo foi o primeiro periódico sul-americano
a lançar sua versão para o dispositivo (Meio & Mensagem online,
07/05/2009 e IDGNow!, 07/10/2009) (CAPERUTO, 2011).
Porém, mesmo com sua popularização, as revistas não conseguiram se adequar ao tipo
de tela dos e-readers, por ser limitado ao preto e branco, deixando de ser um atrativo para as
empresas jornalísticas, por conta das páginas coloridas das edições impressas (CUNHA,
2011). O problema dos e-readers na reprodução de revistas só veio a ser solucionado com o a
chegada dos tablets, em 2007.
3.3 O Que é o Tablet?
O tablet (em português, tablete) nada mais é do que um dispositivo móvel pessoal em
formato de prancheta. Seu diferencial está na presença da tela sensível ao toque, popularmente
32
conhecida pelo seu termo em inglês, touchscreen, sendo este seu dispositivo de entrada5
.
Umas das principais utilidades do tablet é o acesso à internet, captura e visualização de fotos,
vídeos, leitura de livros, jornais e revistas, e entretenimento com jogos. Essas funcionalidades
podem ser alcançadas pela interface da tela plana sensível ao toque, através da interação
gestual, característica primordial deste dispositivo. Dessa forma, “não é necessário o uso de
dispositivos como teclado e mouse. Isso facilita a portabilidade do dispositivo, que pode ser
carregado em uma bolsa, sacola, pasta, mochila ou maleta” (PLUVINAGE; TRANQUILIN,
2011, p.9).
O pioneiro no atual mercado de tablets foi o Ipad, da norte-americana Apple. Começou
a ser vendido nos Estados Unidos no dia 3 de abril de 2010, chegando ao Brasil em novembro
do mesmo ano. Desde então, a Apple lançou novas versões (ou gerações, como é chamado)
do Ipad, sendo a última titulada iPad Air, lançado nos Estados Unidos em 2013.
O iPad pode ser considerado um pioneiro, o primeiro de seu tipo. Não é nem
um smartphone nem um laptop, netbook ou computador pessoal, mas sim
inclui alguns elementos de todos eles. As características que destacam o iPad
entre outros dispositivos móveis incluem seu tamanho, que é similar ao de
um livro, a falta de conexão periférica (sem necessidade de uso de tomada),
a conectividade, a tela multitoque (touchscreen) e a variedade de aplicações
diferentes disponíveis para o consumidor (HENDERSON; YEOW, 2012
apud PAULINO, 2013, p.22).
Com o surgimento do Ipad, vieram muitas outras marcas de tablets, diferenciando-se
apenas pelos sistemas operacionais e os aplicativos desenvolvidos para cada tipo. “Entre os
tablets podemos citar, além do Ipad, os seus concorrentes: Microsoft Surface, Google Nexus7,
Kindle Fire, HP Touch Pad, Samsung Galaxy Tab, LG Optimus Tab, Motorola Xoom,
Blackberry Playbook, Toshiba Folio, Positivo Ipy, e Acer Iconia, entre outros” (AGNER et
all, 2012, p.2). O que diferencia um tablet do outro são seus sistemas operacionais. O Ipad, da
Apple, possui o iOS, enquanto a grande maioria dos outros tablets do mercado utilizam o
Android, da Google.
Os tablets iPad 2 e 3 trazem o iOS, sistema criado pela Apple inicialmente
para o iPhone que evoluiu para o iPad. Como pontos fortes, o iPad destaca-
se por ser mais fácil de usar, super leve e estável. Já no caso dos tablets, o
grande diferencial é a marca (Sony, Motorola Samsung etc.). Todos os
tablets citados utilizam o sistema operacional Android e têm como pontos
fortes uma oferta maior de aplicativos, não estando limitados àqueles
5
Na informática, entende-se como dispositivo de entrada, dispositivos cujo objetivo principal é conduzir a
informação do exterior através do homem para a máquina.
33
permitidos pelo próprio desenvolvedor do sistema, como no caso da Apple
(PAULINO, 2013, p.21).
Porém, o Ipad continua sendo o tablet mais vendido no mundo6
. Pluvinage e Tranquilin
(2011) defendem que, uma das razões para sua maior popularidade se dá porque os clientes da
Apple já tinham familiaridade com outros produtos da marca, como Iphone e o Ipod. “Como o
Ipad usa o mesmo sistema operacional, a mesma tela sensível ao toque e o mesmo sistema de
compra de aplicativos por meio de seu sistema de vendas on-line ‘App Store’, os seus clientes
e usuários de dispositivos Apple já sabiam como usar a nova tecnologia” (PLUVINAGE;
TRANQUILIN, 2011, p.9).
Figura 03 - Ipad Air (à esq) e Sansung Galaxy Tab 3 (à dir), principais concorrentes do mercado
de tablets atualmente
Disponível em < http://goo.gl/aJbZdm> Acesso em: 10 jul. 2014
Cunha (2011) afirma que, apesar da popularização dos tablets se dar pelo surgimento do
Ipad, a concepção desse tipo de dispositivo eletrônico existe desde os anos 1950. O Styalator
(ver Figura 4), criado por Tom Dimond em 1956 foi a primeira demonstração de um
dispositivo com sistema de reconhecimento de grafia. Ele era uma espécie de computador que
possuía uma caneta e um software que reconhecia o texto escrito em tempo real
(PLUVINAGE; TRANQUILIN, 2011; AMARAL, 2013). “Ou seja, o tablet, logo no começo,
6
Segundo o relatório publicado pela consultoria Gartner, em 2013, o iPad representou 36% dos tablets vendido
no mundo, vendendo 10 milhões a mais que em 2012 (GARTNER, 2014)
34
era visto como uma versão digital da caneta e de seu bloco de anotações” (PLUVINAGE;
TRANQUILIN, 2011, p.9). Porém, um dos primeiros a ter a aparência dos tablets vendidos
atualmente, e também o primeiro a ser comercializado foi o GRiDPad (ver Figura 5), lançado
em 1989 pela norte-americana GRiDSystems. Pesando aproximadamente dois quilogramas,
custava cerca de US$ 2370 (AMARAL, 2013).
Figura 04 - Styalator, o primeiro protótipo de “mesa digitalizadora” em 1956
Disponível em <http://goo.gl/rBR9C> Acesso em: 09 jul. 2014
Figura 05 - O Gridpad utilizava uma caneta
Disponível em <http://goo.gl/UZG3U> e Acesso em: 09 jul. 2014
Apesar destas e outras tentativas, o mercado não conseguiu se consolidar, passando por
sucessíveis fracassos. Cunha (2011) ressalta que:
A demora na aceitação dos tablets no mercado pode ser explicada pela regra
dos 30 anos, criado pelo pesquisador e professor Paul Saffo, ex-diretor do
Institute For The Future (IFTF), na Califórnia, Estados Unidos. Pela regra, o
desenvolvimento das novas mídias precisa de três etapas para atingir do
laboratório ao mercado: na primeira década, entusiasmo e perplexidade; na
segunda, movimento e penetração do mercado na sociedade; e na última e
35
definitiva, aceitação do produto no mercado e comercialização (CUNHA,
2011, p. 54).
Esta aceitação só veio acontecer no século XXI, quando a mobilidade e a facilidade de
acesso à internet fazem parte do cotidiano das pessoas.
3.4 Revistas para Tablets e as Novas Possibilidades de Negócio
Entre 2012 e 2013, o Brasil teve um aumento de mais de 200% na venda de tablets,
segundo uma pesquisa da Gfk (Growth from Knowledge)7
. Com a popularização dessa nova
plataforma digital, os veículos de comunicação viram a ascendência de um mercado
promissor para publicações de jornais e revistas.
Considerados como a “quarta tela”, os dispositivos móveis encontram-se em
estágio ascendente de adoção, seja por parte das organizações jornalísticas,
bem como de outros produtores de conteúdo, seja por parte do público, que,
a cada dia, consome mais informação, entretenimento e constrói suas
relações sociais por meio desses aparatos que já integram a paisagem urbana,
sobretudo das grandes cidades, dada à sua extensiva utilização. (BARBOSA;
SEIXAS, 2013, p.57)
A primeira revista brasileira a criar um aplicativo para Ipad foi a Época, antes mesmo
deste tipo de dispositivo chegar oficialmente ao mercado nacional. “De acordo com a Editora
Globo, o pioneirismo da Época serviu mais para atrair atenção do mercado publicitário e do
ponto de vista do marketing” (CUNHA, 2011, p. 55). Um dos fatores que favoreceu ao
crescimento do mercado de revistas para tablets é a possibilidade deste dispositivo em acessar
conteúdo por meio de aplicativos (apps). Assim, Cunha (2011) frisa que:
A tendência é de cada vez mais os usuários passem a instalar aplicativos e
evitem digitar endereços na barra do browser. Isso tem ocorrido com as
revistas que passaram a criar aplicativos para acessar tanto o conteúdo de sua
página na internet – de forma personalizada e adaptada para o dispositivo –
quanto para disponibilizar edições avulsas, que são vendidas nas bancas e, a
partir de agora, disponibilizadas para o formato digital (CUNHA, 2011,
p.55).
7
GFK. Número de tablets vendidos no Brasil cresce mais de 200% em 2013. 2013. Disponível em:
<http://www.gfk.com/br/news-and-events/press-room/press-releases/Paginas/NUMERO-DE-TABLETS-
VENDIDOS-NO-BRASIL-CRESCE-MAIS-DE-200-EM-2013.aspx>. Acesso em: 9 jul. 2014.
36
Esta difusão e o crescimento do uso de revistas em aplicativos irromperam um desafio
para as empresas jornalísticas em relação a um novo perfil nas redações de hoje, com
profissionais capazes não só de escrever notícias, mas também produzir códigos,
programando aplicativos para tablets (CUNHA, 2011). Segundo Giorno (2012), esta realidade
ainda é uma dificuldade a ser enfrentada nas redações do “mundo afora”. Para ele, elas
precisam “compreender que os tablets inauguraram mudanças fundamentais no mundo
editorial; foi criada uma nova indústria e uma nova redação dentro de grandes empresas de
comunicação” (GIORNO, 2012, p.74).
De acordo com Canavilhas (2012), a chegada desses novos dispositivos deu as empresas
de comunicação “a oportunidade de lançar novos formatos jornalísticos mais apelativos e
adaptados a utilizadores cada vez mais exigentes” (CANAVILHAS, 2012, p.7). Mas, por ser
uma plataforma nova, pesquisadores e jornalistas tentam descobrir a maneira de produzir
conteúdo jornalístico para tablets. Pedro Dória, editor executivo de Plataformas Digitais do
jornal O Globo, afirmou numa reportagem do canal Globo News que ainda é difícil saber com
exatidão como fazer jornalismo para tablet.
Segundo ele, o tablet é multimídia como a web e profundo como o papel.
“Mas não é tão trivial assim. Tem as vantagens do digital, mas se comporta
como papel. O próprio uso das pessoas está nos dizendo isso. mas tablet não
é papel. Demoramos dez, 15 anos para aprender a fazer jornalismo na web.
Daqui a dez anos, saberei como responder à pergunta sobre como fazer
jornalismo para tablets”. (BARBOSA; SEIXAS, 2013, p.63)
Com o surgimento da internet e das novas tecnologias de comunicação, as práticas de
leitura também vem sofrendo constantes modificações. Agner et all (2012) contata que, com
isso, as empresas de comunicação veem a necessidade de se inserir em um mercado marcado
pelo crescimento de pessoas que preferem consumir notícias pelo computador ao invés das
matérias impressas. “A internet e as mídias sociais estão mudando o conceito e processo de
coleta e disseminação de conteúdo, e colocando em risco o tradicional modelo de negócios do
jornalismo impresso” (AGNER et all, 2012, p.3).
37
3.5 As Potencialidades dos Tablets nas Publicações Jornalísticas
Apesar de estar num suporte diferente, Paulino (2013) aponta que as revistas digitais
para tablets mesclam características com a mídia impressa. Dentre elas a autora destaca:
periodicidade, segmentação, portabilidade e identidade gráfica. Em relação à periodicidade,
ela afirma que a revista digital não requer atualização contínua. Desta forma, assim como na
versão impressa, a publicação digital também pode ser bimestral, mensal, quinzenal ou
semanal. “O fato da revista digital não ter atualização dinâmica das notícias faz com que a
apuração e o aprofundamento de uma informação ou notícia sejam favorecidos” (PAULINO,
2013, p.20).
As revistas digitais também mantém a característica da portabilidade, porque o tablet,
assim como a revista impressa, é fácil de manusear e carregar. Além do mais, o aplicativo da
revista é capaz de simular o folhear da publicação impressa. Em relação à identidade gráfica,
Paulino (2013) salienta que:
Cada revista tem sua identidade gráfica, a qual é formada por logos, capas e
outros elementos gráficos e editoriais, tais como tipográfica, cores,
diagramação, fotos e ilustrações. Os tablets mantêm toda identidade gráfica
do meio impresso e ainda agregam outras mídias ao documento (PAULINO,
2013, p.20).
Souza (2013) traz duas potencialidades na composição do dispositivo que interferem na
leitura das publicações jornalísticas: a tactabilidade e o uso de sensores internos. Ele
considera que:
[...] o principal diferencial na utilização do iPad como dispositivos de leitura
é a presença da tela táctil e dos sensores, como acelerômetro e giroscópio.
Independente da interface dos aplicativos, esses dois elementos oferecem
uma alteração na relação com o usuário durante o consumo. Assim, quanto
maior e mais variado for o uso destas tecnologias mais adaptada a
publicação estará ao dispositivo (SOUZA, 2013, p.145).
A tactabilidade está ligada à interface de interação pertencente aos tablets, que é o
touchscreen. A figura a seguir apresenta os gestos tácteis mais comuns para se interagir com
um tablet.
38
Figura 06 - Possibilidades de toque na tela de tablets para navegação de conteúdo
Fonte: (DUALPIXEL, 2012 apud PAULINO, 2013, p.22)
Em relação ao manuseio, Paulino (2013) afirma que o toque na tela é umas das
características dos tablets que mais os aproximam à mídia impressa, já que o ato de folhear
uma revista é muito parecido em ambos os suportes. Ela afirma ainda que “com o toque na
tela, o leitor pode interagir com os recursos disponíveis para apresentar um elemento editorial,
fotos, gráficos e animações” (PAULINO, 2013, p.24).
O uso dos sensores internos se dá principalmente pelas ações relativas à movimentação
do aparelho, que, no caso da maioria das revistas digitais, é capaz de disponibilizar a
visualização de conteúdo tanto no formato horizontal quanto vertical (ver Figura 7).
Figura 07 - Visualização dupla das revistas no formato digital para tablets
Disponível em < http://goo.gl/z6yLgf> Acesso em: 11 jul. 2014
39
Todas essas potencialidades do dispositivo favorecem uma nova experiência na leitura
de publicações jornalísticas, porque a narrativa neste ambiente também é diferente. Para
Horie e Pluvinage, (2011 apud PAULINO, 2013), um dos maiores diferenciais que a revista
para tablets fornece ao leitor em contradição a revista tradicional é essa narrativa. “Diferente
por ter uma linguagem nova, que reúne o que há de melhor na mídia impressa com a mídia
digital: conteúdo segmentado, personalizado, portátil, com recursos multimídia, interativo e
hipertextuais” (HORIE; PLUVINAGE, 2011 apud PAULINO, 2013, p.18).
Com essa afirmação, pode-se perceber que este diferencial está em algumas
características já conhecidas do webjornalismo. Em sua Tese de doutorado, Souza (2013)
propõe uma definição de revistas digitais. Depois de estudar as características das publicações
para tablets, ele propôs que as revistas digitais são as publicações que mantém as propriedades
da revista, além de algumas das características do webjornalismo.
Uns dos principais pesquisadores da área, João Canavilhas e Santana (2011) afirmam
que essa tendência da revista digital para tablets se apropriar das mesmas potencialidades do
webjornalismo se dá pelo fato “dessa forma de jornalismo também ter como suporte a
internet, existindo, por isso, muitas semelhanças” (CANAVILHAS; SANTANA, 2011, p.55).
Souza (2013) reforça esta ideia, afirmando que as características do webjornalismo também
servem de parâmetro para as publicações jornalísticas em ambiente digital.
O acesso às informações em revistas digitais se dá através do ciberespaço -
seja em aplicativos projetados para consumo de conteúdo online ou offline.
Assim, o webjornalismo replica-se e reflete-se também na construção de
conteúdo informativo para tablets (SOUZA, 2013, p.106).
Porém, nem todas as características do webjornalismo (CANAVILHAS, 2007;
PALACIOS, 2003; MIELNICZUK, 2003 e MOHERDAUI, 2007) identificadas no início
deste capítulo podem ser aplicadas às revistas digitais. Paulino (2013) destaca apenas a
leitura multimídia (multimidialidade), interatividade e o hipertexto como as principais
características das revistas digitais para tablets. Souza (2013) atenta-se ainda para questão da
memória.
40
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Delimitar os procedimentos metodológicos utilizados para realização da pesquisa é de
suma importância para qualquer trabalho científico. Por isso, este capítulo explica o
andamento desta monografia para que os objetivos traçados fossem alcançados. Vale ressaltar
que o trabalho foi formatado a partir da NBR 14724 de 2005 e NBR 10520/6023 de 2002.
Em relação à escolha do tema, Marconi e Lakatos (2006) afirmam que se deve eleger
um assunto de interesse as inclinações, possibilidades, aptidões e tendências do pesquisador.
Neste caso, houve um interesse particular em estudar o jornalismo para tablets. A escolha do
tema deu-se também pela crescente utilização destes dispositivos como suportes de leitura e
produção de conteúdo jornalístico. O tablet é um dispositivo novo, lançado em 2010, por isso,
são poucos os estudos e publicações científicas que envolvam a temática.
Posteriormente, foi necessário escolher o veículo de comunicação a ser analisado.
Eleger a Superinteressante como objeto de estudo desta monografia deu-se pelo interesse
pessoal na temática da revista. A Superinteressante é uma revista que vem sendo premiada por
seu conteúdo, diagramação, projeto gráfico, além da utilização de ilustrações e infográficos
inovadores. Vendida nos tablets desde 25 de março de 2011, a editora Abril anunciou a
chegada da Super nesta plataforma, prometendo uma experiência nova aos leitores:
Com recursos nunca antes vistos, infográficos inéditos e muito mais
interatividade. (...) As páginas são adaptadas para o formato vertical e
horizontal, possibilitando uma melhor navegação por parte dos usuários. Um
índice multimídia indicará, na página, todos os recursos disponíveis: vídeos,
fotos, interatividade e os anúncios. Além disso, durante a leitura, por meio
de um menu inferior, será possível acessar qualquer página da edição8
.
A revista promete em sua versão digital, além de todo conteúdo da edição impressa,
acesso a extras como jogos e vídeos9
. A partir daí surgiu o seguinte problema: O conteúdo da
versão para tablet da revista Superinteressante é uma transposição da revista impressa, ou
explora as potencialidades que os dispositivos móveis oferecem, oriundas do webjornalismo?
Para Marconi e Lakatos (2006), a colocação clara do problema facilita a construção da
hipótese. Portanto, esta pesquisa parte da hipótese de que a Superinteressante, em sua versão
8
PUBLIABRIL. Novidade: SUPERINTERESSANTE chega ao iPad em março. 2011. Disponível em:
<http://www.publiabril.com.br/noticias/488>. Acesso em: 4 jul. 2014.
9
SUPERINTERESSANTE. SUPERINTERESSANTE digital. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/ipad/>. Acesso em: 10 ago. 2014.
41
digital para tablets, explora as potencialidades oferecidas pelo dispositivo, oriundas do
webjornalismo.
Com o problema e hipótese definidos, partiu-se então para a demarcação dos objetivos
da pesquisa. Como sua intenção é descobrir se a versão digital para tablets da
Superinteressante é ou não uma transposição da impressa, o objetivo geral é comparar a forma
em que o conteúdo é apresentado nas duas versões.
Em relação aos objetivos específicos, esta pesquisa buscou:
 Apresentar um breve histórico das revistas, mostrando a evolução do formato impresso
para o digital.
 Identificar e apresentar as possibilidades do jornalismo para dispositivos móveis.
 Observar e analisar as características do webjornalismo na revista Superinteressante
para tablet.
Cada um destes objetivos é executado em uma parte desta monografia. Os dois
primeiros estão desempenhados nos capítulos teóricos da pesquisa. O primeiro capítulo traz
uma revisão bibliográfica do histórico das revistas no meio impresso. Os principais autores
utilizados nesta fundamentação são: Scalzo (2008), Vilas Boas (1996), Cunha (2011),
Nascimento (2002), Tavares (2011), Moraes, V. (2007) e Moraes, S., et all. (2008).
No segundo capítulo buscou-se, primeiramente, apresentar as características do
webjornalismo segundo Canavilhas (2007), Palacios (2003), Mielniczuk (2003) e Moherdaui
(2007). Logo depois foi apresentado o contexto histórico das revistas no ambiente digital até
sua chegada aos tablets. Os principais autores estudados são: Cunha (2011), Dourado (2012),
Silva (2009) e Caperuto (2011). Posteriormente, foram expostas as características dos tablets
e as possibilidades de produção jornalística, em especial as revistas, nesta plataforma. Por ser
um assunto recente, nesta parte foram utilizados artigos científicos, teses e dissertações de
vários autores.
Na fundamentação teórica dos dois primeiros capítulos, utilizou-se a técnica da pesquisa
bibliográfica. Marconi e Lakatos (2006) afirmam que a pesquisa bibliográfica “abrange toda
bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas,
boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses material cartográfico [...]”
(MARCONI, LAKATOS, 2006, p.71).
42
O passo seguinte foi a escolha do corpus de estudo e seleção da amostra. Foram
escolhidas as edições 334, 335 e 336 da revista Superinteressante, equivalente aos meses de
junho, julho e agosto de 2014, respectivamente. Ao limitar o corpus de análise para três
edições seguidas, sendo estas também as últimas edições lançadas até o início da análise, é
possível descobrir uma tendência atual da revista em relação ao uso das características do
webjornalismo na versão digital para tablets.
Segundo Marconi e Lakatos (2006), às vezes é impossível pesquisar todos os elementos
do objeto que se deseja estudar, ou pela escassez de recursos ou por causa do tempo. “Nesse
caso, utiliza-se o método da amostragem, que consiste em obter um juízo sobre o total
(universo), mediante compilação e exame de apenas uma parte, a amostra, selecionada por
procedimentos científicos” (MARCONI; LAKATOS, 2006, p.30). Portanto, a amostragem
escolhida limitou-se a reportagem de capa de três edições da revista, por entender que esta
recebe atenção especial dos editores em sua formulação.
Figura 08 - Capa das edições 334, 335 e 336 da Superinteressante (esq à dir)
Fonte: Superinteressante Digital (Captura de tela)
A versão impressa da revista foi adquirida de forma física. A versão digital foi
comprada no aplicativo da Superinteressante para tablets com Android. O modelo do tablet
utilizado foi o Motorola Xoom 2, tela de 8.2 polegadas. Através do aplicativo é possível
adquirir todas as edições digitais já lançadas até então. Depois que é feito o download, a
revista fica sempre disponível para leitura.
43
Figura 09 - Aplicativo da Superinteressante para tablet com android aberto
Fonte: App da Superinteressante (Captura de tela)
Para a análise, primeiramente foi necessário descrever as reportagens de capa das três
edições escolhidas, nos dois suportes, impresso e digital. Para tanto, houve a necessidade de
escanear todas as páginas das reportagens nas versões impressas, e um print screen10
da tela
do tablet nas reportagens da versão digital. Na descrição, já foi possível identificar as
semelhanças e divergências no conteúdo das duas versões.
Para analisar as características do webjornalismo nas reportagens da versão digital da
revista Superinteressante foi necessário elencar as categorias de análise. Através de uma
pesquisa bibliográfica, foi possível identificar as características do webjornalismo que
também estão presentes nas revistas digitais para tablets, segundo Paulino (2013) e Souza
(2013). Destas, escolheu-se então as que são analisadas nesta pesquisa: hipertextualidade,
multimidialidade e interatividade.
Para formulação e adaptação das categorias de análise do webjornalismo, comumente
utilizadas em sites de notícias, para o contexto das revistas digitais para tablets, foram
utilizadas as classificações dos seguintes autores: Barbosa e Mielniczuk (2011), Paul (2007) e
Teixeira e Rinaldi (2009). As categorias de análise serão explicadas no próximo tópico deste
capítulo.
10
Consiste em obter a captura da tela do dispositivo, no momento em que a ação é selecionada, e salvar a
imagem no próprio.
44
Quanto ao tipo de pesquisa, este estudo se caracteriza como qualitativa. Neves (1996)
considera que a pesquisa qualitativa “compreende um conjunto de diferentes técnicas
interpretativas que visam a descrever e decodificar os componentes de um sistema complexo
de significados” (NEVES, 1996, p.1).
A técnica utilizada foi a análise de conteúdo. Gil (2002) afirma que “o grande volume
de material produzido pelos meios de comunicação e a necessidade de interpretá-lo
determinou o aparecimento da análise de conteúdo. Essa técnica possibilita a descrição do
conteúdo manifesto e latente das comunicações” (GIL, 2002, p.89). Seu desenvolvimento
seguiu os passos descritos por Bardin (s/d apud Gil, 2002):
A análise de conteúdo desenvolve-se em três fases. A primeira é a pré-
análise, onde se procede à escolha dos documentos, à formulação de
hipóteses e à preparação do material para análise. A segunda é a exploração
do material, que envolve a escolha das unidades, a enumeração e a
classificação. A terceira etapa, por fim, é constituída pelo tratamento,
inferência e interpretação dos dados (BARDIN, S/D apud GIL 2002, p.89).
A análise buscou identificar a presença ou não das características do webjornalismo nas
reportagens da versão digital da Superinteressante e, se presente, os tipos e classificações de
cada uma delas. Desta forma foi possível perceber uma tendência em relação ao tipo de
hiperlinks (hipertextualidade), elementos multimídias (multimidialidade) e de que forma a
interatividade é explorada na revista (interatividade).
4.1 Operadores de Análise das Características do Webjornalismo nos Tablets
Como foi comentado no capítulo dois, nem todas as características do webjornalismo
(CANAVILHAS, 2007; PALACIOS, 2003; MIELNICZUK, 2003 e MOHERDAUI, 2007)
podem ser aplicadas às revistas digitais para tablets. Para analisar a apropriação das
potencialidades do webjornalismo nos tablets, esta pesquisa leva em consideração apenas a
multimidialidade, hipertextualidade e interatividade, defendidas por Souza (2013) e Paulino
(2013).
45
Abaixo são detalhadas as categorias de análise de cada uma delas. Vale ressaltar que
ainda é difícil encontrar um material específico para análise de revistas digitais. Portanto,
muito do que é proposto são as utilizadas em páginas da web, aqui adaptadas ao contexto,
características e limitações das revistas digitais para tablets.
a) Hipertextualidade
Em relação à hipertextualidade, procurou-se identificar o tipo de link usado na narrativa.
Segundo Barbosa e Mielniczuk (2011), os links podem ser narrativos ou não narrativos. É
narrativo aquele que direciona a um conteúdo que diz respeito à matéria jornalística. Elas
classificam os links narrativos em outros dois tipos (aqui adaptados ao tablet):
Links disjuntivos: O conteúdo aparece na página do tablet. A página permanece, muda-se
apenas o conteúdo.
Links conjuntivos: O conteúdo abre em uma janela sobre a página, ao estilo pop up.
Outra classificação é proposta por Paul (2007), que considera o hiperlink como contexto
nos elementos da narrativa digital. O link pode ser interno, quando é direcionado para algum
conteúdo que está dentro da revista, ou externo, quando o conteúdo abre fora do aplicativo. Se
esse link traz um conteúdo diferente do que está exposto, ele é suplementar, se não, é
duplicativo.
b) Multimidialidade
Em relação à multimidialidade, procurou-se identificar a utilização dos recursos
multimídia, como áudios, vídeos, infográficos multimídias e outros, além de analisar a
utilidade destes elementos na reportagem.
No caso dos elementos comuns a mídia impressa (fotos e infográficos), pretende-se
identificar a maneira que este conteúdo é apresentado no ambiente digital. Neste caso, o
ambiente favorece que o conteúdo que seria estático apareça de forma dinâmica.
No caso especial aos infográficos, leva-se em conta como elemento desta característica
apenas os considerados multimídias. Segundo Teixeira e Rinaldi (2009), infográficos
46
multimídia são aqueles que efetivamente fazem uma integração conjunta de texto, imagem,
som e vídeo.
c) Interatividade
Em relação à interatividade, é observada a forma em que ela está inserida no contexto
da revista digital, direcionando as possibilidades de interação do usuário com o seu conteúdo.
Aplicado à web (aqui adaptado às revistas digitais), Paul (2007) propõe o elemento
relacionamento, que é definido pela versatilidade. “Os elementos de relacionamento são
aqueles que são conscientemente designados na produção da história pela pessoa que
desenvolveu o conteúdo para dar ao usuário um certo tipo de experiência com o conteúdo”
(PAUL, 2007, p.125). Desta forma o conteúdo pode ser aberto, quando é possível interagir
com ele sem ficar limitado a ler/assistir/ouvir, ou fechado, quando é o contrário.
Nos tablets, a interatividade está ligada também com a navegabilidade, onde as revistas
utilizam ícones de navegação, como por exemplo, indicar onde deve ser feita a movimentação
do dedo na tela, o uso do scroll11
(barra de rolagem), e indicadores de vídeos ou galerias
interativas.
No próximo capítulo é apresentada a análise da revista, com o fim de descobrir se a
versão digital para tablets da Superinteressante é ou não uma transposição da impressa, além
das características do webjornalismo na Superinteressante para tablet.
11
O scroll funciona quando há longos textos e, ao invés de dividir esse texto em páginas, opta-se por sua inserção
em uma janela que pode revelar seu conteúdo oculto. Para tal, basta o usuário tocar na janela e “puxar” o
conteúdo com o movimento dos dedos (GIORNO, 2012, p.119).
47
5 SUPERINTERESSANTE IMPRESSA VERSUS DIGITAL PARA TABLETS
Na primeira parte deste capítulo será feita a descrição do corpus de análise. São
descritas as reportagens de capa da versão impressa e digital das três edições da
Superinteressante que estão sendo analisadas. A partir da descrição, são identificadas as
diferenças e semelhanças das duas versões. Posteriormente, são apresentadas e analisadas as
características do webjornalismo na versão digital.
5.1 Descrição da Estrutura das Reportagens nos Dois Suportes
a) Edição 334 – Junho de 2014
Esta é uma edição especial da revista que traz todas as matérias e reportagens voltadas
ao futebol e a Copa do Mundo. A capa tem como título: Milagre em campo, e sua reportagem
principal “Milagre ou Truque?” aborda a história do neurocientista que inventou um
exoesqueleto mecânico com o intuito de fazer um paralítico se levantar e andar durante a festa
de abertura da Copa do Mundo de Futebol 2014.
Na edição impressa da revista a reportagem está disposta em 10 páginas, apresentando,
além do texto principal, 10 intertítulos, quatro ilustrações, dois olhos, dois quadros com boxes
e um infográfico. Todas as imagens são ilustrações, não contendo nenhuma fotografia.
As duas primeiras páginas da reportagem (ver Figura 10), quando abertas juntas,
apresentam uma ilustração com legenda, o título da reportagem, seu subtítulo e o início do
corpo do texto, além dos créditos, com o nome dos repórteres, ilustrador e design da
diagramação.
48
Figura 10 - Duas primeiras páginas da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa
Fonte: Superinteressante, edição 334
A terceira página apresenta apenas o corpo do texto e um olho. A segunda ilustração só
aparece na quarta página, cobrindo mais da metade vertical, além da legenda da imagem em
seu canto inferior esquerdo (ver Figura 11).
Figura 11 - Terceira e quarta página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa
Fonte: Superinteressante, edição 334
As duas páginas seguintes, quando abertas juntas apresentam um infográfico, que cobre
o meio delas e todo inferior (ver Figura 12).
49
Figura 12 - Quinta e sexta página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa
Fonte: Superinteressante, edição 334
Abertas juntas, a sétima e oitava página apresenta uma ilustração no meio. Um quadro
com quatro boxes cobre toda parte inferior da segunda (ver Figura 13).
Figura 13 - Sétima e oitava página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa
Fonte: Superinteressante, edição 334
A penúltima página traz a continuação do texto em seu lado esquerdo e um quadro com
três boxes e uma ilustração no lado direito. Já a última página apresenta apenas o final da
reportagem e um olho, como mostra a Figura 14.
50
Figura 14 - Nona e décima página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa
Fonte: Superinteressante, edição 334
Na versão digital desta edição a reportagem está disposta em 14 páginas, apresentando a
mesma quantidade de boxes, olhos, ilustrações e infográficos de sua versão impressa.
As duas primeiras páginas, apesar de ter uma ilustração que começa na primeira e
termina na segunda, não podem ser visualizadas juntas. A primeira página apresenta o título
da reportagem, a ilustração, além dos créditos, com o nome dos repórteres, ilustrador e design
da diagramação. Na segunda aparece a legenda da ilustração, subtítulo e início do corpo do
texto. A terceira página traz a continuação do texto e um olho. A segunda ilustração só
aparece na quinta página, cobrindo seu lado direito, com a continuação do texto na parte
esquerda (ver Figura 15).
51
Figura 15 - Cinco primeiras páginas da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet
Fonte: Superinteressante digital, edição 334
A sexta página apresenta um infográfico interativo. Enquanto que a sétima, oitava e
nona trazem apenas a continuação do texto, com um olho nesta última. A ilustração volta a
aparecer no lado esquerdo da décima página, acompanhada de um quadro com box interativo
(ver Figura 16).
52
Figura 16 - Páginas 6, 7, 8, 9 e 10 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet
Fonte: Superinteressante digital, edição 334
A décima primeira página traz a continuação do texto, e a décima segunda apresenta,
além também da continuação do texto localizada em seu lado esquerdo, uma ilustração no
canto inferior direito acompanhada de um quadro de box interativo (ver Figura 17).
53
Figura 17 - Páginas 11 e 12 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet
Fonte: Superinteressante digital, edição 334
A décima terceira página continua o texto, apresentando um olho. A última página traz
o final do texto e um hiperlink (ver Figura 18).
Figura 18 - Páginas 13 e 14 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet
Fonte: Superinteressante digital, edição 334
54
b) Edição 335 – Julho de 2014
Nesta edição, o título da reportagem de capa é: “A verdade sobre o glúten”. Na versão
impressa, ela está disposta em 10 páginas, apresentando quatro intertítulos. As duas primeiras
páginas, quando abertas juntas, apresentam uma ilustração, que mescla desenho gráfico e foto.
O título, subtítulo e créditos estão na primeira página, enquanto a foto e sua respectiva
legenda se dispõem na segunda página (ver Figura 19).
Figura 19 - Primeira e segunda página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão
impressa
Fonte: Superinteressante, edição 335
A partir das páginas seguintes a revista segue um padrão: sempre que aberta juntas, elas
apresentam uma ilustração, que cobre parcialmente a página que acompanha o texto, e outra
completamente. A página que destina a ilustração apresenta também boxes informativos, além
de legendas nas fotos, como mostram as Figuras 20, 21, 22 e 23.
55
Figura 20 - Terceira e quarta página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão
impressa
Fonte: Superinteressante, edição 335
Figura 21 - Quinta e sexta página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão impressa
Fonte: Superinteressante, edição 335
56
Figura 22 - Sétima e oitava página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão
impressa
Fonte: Superinteressante, edição 335
Figura 23 - Nona e décima página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão
impressa
Fonte: Superinteressante, edição 335
Na versão digital para tablets, a reportagem está disposta em 13 páginas. O texto,
quantidade de fotos e intertítulos são os mesmos da versão impressa. A primeira página
apresenta o título da reportagem, subtítulo e créditos, além de metade da ilustração. A outra
parte só aparece na segunda página, com uma foto e legenda (ver Figura 24).
57
Figura 24 - Primeira e segunda página da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet
Fonte: Superinteressante digital, edição 335
O texto da reportagem inicia-se na terceira página. Na quarta, temos uma ilustração com
legenda e boxes informativos na parte superior. O texto da reportagem continua na quinta e
sexta página (ver Figura 25).
58
Figura 25 - Páginas 3, 4, 5 e 6 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet
Fonte: Superinteressante digital, edição 335
Na sétima página temos mais uma ilustração com legenda, e um pequeno infográfico na
parte superior. A oitava e nona página apresenta a continuação do texto (ver Figura 26).
59
Figura 26 - Páginas 7, 8 e 9 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet
Fonte: Superinteressante digital, edição 335
Na décima página temos mais uma ilustração com legenda e um box na parte superior.
A décima primeira página apresenta a continuação do texto (ver Figura 27).
60
Figura 27 - Páginas 10 e 11 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet
Fonte: Superinteressante digital, edição 335
Na décima segunda página temos a última ilustração da reportagem, com legenda e um
quadro com box na parte superior. A décima terceira página apresenta o texto com final da
reportagem (ver Figura 28).
Figura 28 - Páginas 12 e 13 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet
Fonte: Superinteressante digital, edição 335
61
c) Edição 336 – Agosto de 2014
A reportagem de capa tem como título: “Verdades inconvenientes sobre astrologia”. Na
versão impressa da revista, ela está disposta em 12 páginas, apresentando quatro intertítulos e
quatro olhos. As duas primeiras páginas, quando abertas juntas, trazem uma ilustração que
cobre quase todas elas. Sobre a ilustração, praticamente na primeira página, estão o título, o
subtítulo e os créditos da reportagem. No canto direito da segunda página tem-se o início do
corpo do texto (ver Figura 29).
Figura 29 - Primeira e segunda página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre
astrologia” na versão impressa
Fonte: Superinteressante, edição 336
A partir de então, sempre que aberta juntas, as próximas páginas apresentam uma
infografia ou ilustração com box na página da esquerda, e a continuação do texto da
reportagem com um olho na página da direita. A terceira página apresenta um infográfico e na
quarta a continuação do texto com um olho (ver Figura 30).
62
Figura 30 - Terceira e quarta página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia”
na versão impressa
Fonte: Superinteressante, edição 336
A quinta página apresenta em seu lado direito uma ilustração, o título e subtítulo para os
boxes dispostos no lado esquerdo. Cada um deles equivale a um signo do zodíaco,
apresentando, além de texto, uma ilustração. Na sexta página temos a continuação do texto e
um olho (ver Figura 31).
Figura 31 - Quinta e sexta página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” na
versão impressa
Fonte: Superinteressante, edição 336
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Monografia yago modesto alves - do impresso ao tablet análise do conteúdo da revista

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO YAGO MODESTO ALVES DO IMPRESSO AO TABLET: ANÁLISE DO CONTEÚDO DA REVISTA SUPERINTERESSANTE PALMAS, TOCANTINS 2014
  • 2. YAGO MODESTO ALVES DO IMPRESSO AO TABLET: ANÁLISE DO CONTEÚDO DA REVISTA SUPERINTERESSANTE Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social – Habilitação Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel. Profª. Drª. Liana Vidigal Rocha Orientadora PALMAS, TOCANTINS 2014
  • 3. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins Campus Universitário de Palmas A474i Alves, Yago Modesto Do impresso ao tablet: análise do conteúdo da revista Superinteressante / Yago Modesto Alves. – Palmas, 2014. 83f. Monografia (TCC) – Universidade Federal do Tocantins, Curso de Comunicação Social, 2014. Orientador: Prof. Dra. Liana Vidigal Rocha. 1. Superinteressante. 2. Dispositivos móveis. 3. Tablet. 4. Webjornalismo. I. Título. CDD 070 Bibliotecária: Emanuele Santos CRB-2 / 1309 Todos os Direitos Reservados – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do código penal.
  • 4. YAGO MODESTO ALVES DO IMPRESSO AO TABLET: ANÁLISE DO CONTEÚDO DA REVISTA SUPERINTERESSANTE Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social – Habilitação Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel. BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ Profª. Drª. Liana Vidigal Rocha – UFT Orientadora ____________________________________________________ Prof. MSc. Sérgio Ricardo Soares Farias Silva - UFT Examinador ____________________________________________________ Prof. Dr. Francisco Gilson Rebouças Pôrto Junior- UFT Examinador Palmas, 26 de Setembro de 2014
  • 5. AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus pela sabedoria e conhecimento, além de estar sempre ao meu lado. Em segundo lugar, minha família, em especial , meu pai Igor Conceição Alves de Souza, e minha querida mãe Maria Inez Modesto Alves de Souza, pelo esforço e por terem me dado oportunidade de estudar, sempre apoiando minhas escolhas e me guiando para um caminho de sucesso. Agradeço também aos meus irmãos Igor Modesto Alves e Yuri Modesto Alves. Aos professores deste curso, em especial minha orientadora Drª Liana Vidigal Rocha, que desde o início, quando esta monografia ainda era um projeto de pesquisa, sanou todas minhas dúvidas, além de clarear minha mente durante o processo de construção deste trabalho. Agradeço também aos amigos e colegas de turma por estarem comigo nesses quatro anos de curso.
  • 6. “Quando você acha que já tem todas as respostas, chega o universo e muda todas as perguntas.” Albert Espinosa
  • 7. ALVES, Yago Modesto. Do impresso ao tablet: análise do conteúdo da revista Superinteressante. 2014. 83 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação Social – Jornalismo) – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2014. RESUMO Busca comparar a forma em que o conteúdo da Superinteressante é apresentado nas versões impressa e digital, com o intuito de descobrir se a versão para tablet é uma transposição da revista impressa, ou explora as potencialidades que os dispositivos móveis oferecem, oriundas do webjornalismo. Para tanto, analisa a reportagem de capa de três edições da revista, comparando a versão impressa com a digital para tablet, além de analisar as características do webjornalismo nesta última. Apresenta também um breve histórico das revistas, mostrando a evolução do formato impresso para o digital. Através da análise, chega-se a conclusão de que a revista Superinteressante não adapta por completo a edição impressa para versão digital, pouco utilizando as potencialidades do webjornalismo. Palavras-chave: Superinteressante, Dispositivos Móveis, Tablet, Webjornalismo.
  • 8. ALVES, Yago Modesto. From printed to tablet: Content Analysis of the Superinteressante magazine. 2014. 83f. Sênior Research Project (Graduation in Social Communication - Jornalism) - Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2014. ABSTRACT Seeks to compare the way that the content of Superinteressante is presented in print and digital versions, in order to find out if the version for tablet is a transposition of the print magazine, or explores the potential that mobile devices offer, coming from the online journalism. It analyzes the cover story of three editions of the magazine, comparing the printed version with the digital for tablet, and analyze the characteristics of online journalism in the digital version. Also presents a brief history of the magazine, showing the evolution from print to digital. Through analysis, we arrive at the conclusion that the Superinteressante magazine does not adapt completely to the print edition to a digital version, using few potential of online journalism. Keywords: Superinteressante, Mobile Devices, Tablet, Online Journalism.
  • 9. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 - As primeiras edições da revista Superinteressante (edição zero à esquerda e a primeira edição à direita)..........................................................................................................23 Figura 02 - Covermounts em formato de disquete (à esq) e o CD-ROM (à dir) ......................28 Figura 03 - Ipad Air (à esq) e Sansung Galaxy Tab 3 (à dir), principais concorrentes do mercado de tablets atualmente..................................................................................................33 Figura 04 - Styalator, o primeiro protótipo de “mesa digitalizadora” em 1956 .......................34 Figura 05 - O Gridpad utilizava uma caneta ............................................................................34 Figura 06 - Possibilidades de toque na tela de tablets para navegação de conteúdo................38 Figura 07 - Visualização dupla das revistas no formato digital para tablets ............................38 Figura 08 - Capa das edições 334, 335 e 336 da Superinteressante (esq à dir)........................42 Figura 09 - Aplicativo da Superinteressante para tablet com android aberto...........................43 Figura 10 - Duas primeiras páginas da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa48 Figura 11 - Terceira e quarta página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa ..................................................................................................................................................48 Figura 12 - Quinta e sexta página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa ..49 Figura 13 - Sétima e oitava página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa 49 Figura 14 - Nona e décima página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa .50 Figura 15 - Cinco primeiras páginas da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet ..............51 Figura 16 - Páginas 6, 7, 8, 9 e 10 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet..................52 Figura 17 - Páginas 11 e 12 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet ............................53 Figura 18 - Páginas 13 e 14 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet ............................53 Figura 19 - Primeira e segunda página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão impressa....................................................................................................................................54 Figura 20 - Terceira e quarta página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão impressa....................................................................................................................................55 Figura 21 - Quinta e sexta página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão impressa....................................................................................................................................55 Figura 22 - Sétima e oitava página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão impressa....................................................................................................................................56 Figura 23 - Nona e décima página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão impressa....................................................................................................................................56
  • 10. Figura 24 - Primeira e segunda página da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet .57 Figura 25 - Páginas 3, 4, 5 e 6 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet...............58 Figura 26 - Páginas 7, 8 e 9 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet...................59 Figura 27 - Páginas 10 e 11 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet...................60 Figura 28 - Páginas 12 e 13 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet...................60 Figura 29 - Primeira e segunda página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” na versão impressa .................................................................................................61 Figura 30 - Terceira e quarta página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” na versão impressa .................................................................................................62 Figura 31 - Quinta e sexta página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” na versão impressa....................................................................................................................62 Figura 32 - Sétima e oitava página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” na versão impressa....................................................................................................................63 Figura 33 - Nona e décima página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” na versão impressa....................................................................................................................63 Figura 34 - Décima primeira e décima segunda página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” na versão impressa...............................................................64 Figura 35 - Páginas 1 e 2 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no tablet ..................................................................................................................................................65 Figura 36 - Páginas 3 e 4 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no tablet ..................................................................................................................................................65 Figura 37 - Páginas 5, 6 e 7 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no tablet .........................................................................................................................................66 Figura 38 - Páginas 8, 9 e 10 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no tablet .........................................................................................................................................67 Figura 39 - Páginas 11 e 12 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no tablet .........................................................................................................................................68 Figura 40 - Páginas 13 e 14 da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” no tablet .........................................................................................................................................68 Figura 41 - Infográfico interativo da página 6, com a página no momento em que os quatro hiperlinks são clicados..............................................................................................................70 Figura 42 - Box utilizando o scroll pata leitura interativa........................................................71 Figura 43 - Um exemplo da página 7 com dois hiperlinks disjuntivos internos quando clicados ..................................................................................................................................................72
  • 11. Figura 44 - Box com scroll vertical na página 10.....................................................................73 Figura 45 - Duas janelas que são abertas ao clicar nos hiperlinks conjuntivos da página 12 ..74
  • 12. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Resumo dos tipos e características do webjornalismo encontradas nas edições analisadas..................................................................................................................................75
  • 13. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................12 2 UM POUCO DA HISTÓRIA DAS REVISTAS ............................................................15 2.1 O Veículo Revista ...........................................................................................................15 2.2 O Surgimento da Revista no Mundo...............................................................................17 2.3 A Chegada ao Brasil........................................................................................................18 2.4 Um Olhar sobre a Segmentação......................................................................................21 2.5 A Superinteressante.........................................................................................................22 3 JORNALISMO DE REVISTA NA ERA DIGITAL ......................................................26 3.1 O Webjornalismo e suas Características.........................................................................26 3.2 Evolução das Revistas nos Diferentes Suportes..............................................................28 3.3 O Que é o Tablet? ...........................................................................................................31 3.4 Revistas para Tablets e as Novas Possibilidades de Negócio.........................................35 3.5 As Potencialidades dos Tablets nas Publicações Jornalísticas........................................37 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................40 4.1 Operadores de Análise das Características do Webjornalismo nos Tablets ...................44 5 SUPERINTERESSANTE IMPRESSA VERSUS DIGITAL PARA TABLETS............47 5.1 Descrição da Estrutura das Reportagens nos Dois Suportes...........................................47 5.1.1 Comparação e interpretação dos dados...........................................................................69 5.2 Análise das Características do Webjornalismo na Versão Digital para Tablets .............69 5.3 Análise Geral das Características do Webjornalismo .....................................................74 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................77 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................80
  • 14. 12 1 INTRODUÇÃO Na contemporaneidade, novas tecnologias são criadas para facilitar a vida humana, e, junto a elas, a comunicação também evolui, possibilitando o surgimento de novas mídias. Foi assim com o rádio, posteriormente a televisão, e atualmente a ascensão da internet. Nesta última, novas plataformas de acesso e produção de notícias vêm sendo criadas, reaprimorando o conceito de jornalismo móvel. Assim como afirma Nunes (2013), a mobilidade anda junto com o jornalismo desde seus primórdios, uma vez que o jornal impresso nada mais é do que um meio de comunicação móvel, já que o público pode ler e levá-lo pra onde quiser. Porém, a cultura da convergência e o surgimento das novas tecnologias fez com que o cenário de produção e consumo móvel de informações se ampliasse. Neste novo cenário, os dispositivos móveis passam a ter inúmeras funções, serviços que antes eram oferecidos de forma isolada em diferentes aparelhos, passam a funcionar em um só. Uma dessas tecnologias é o tablet, um tipo de computador, que se assemelha fisicamente a uma prancheta, com tela sensível ao toque. O tablet se popularizou mundialmente depois que a multinacional norte-americana Apple lançou o Ipad. Umas de suas principais utilidades é acesso à internet, captura e visualização de fotos, vídeos, leitura de livros, jornais e revistas, e para entretenimento com jogos. Várias empresas de tecnologia começaram a produzir sua marca de tablets, e ano após ano as vendas destes dispositivos crescem no mundo. É por isso que os veículos de comunicação viram nesta plataforma móvel e digital novas possibilidades de produção de conteúdo. É o caso das revistas, veículo de comunicação que surgiu no mundo no século XVII, e atualmente, viu nos tablets uma nova possibilidade de negócio. Desta forma, começa-se a fazer pesquisas para chegar a forma mais apropriada possível de se fazer jornalismo para tablets. Por estar ligado à internet, já que para ter acesso a qualquer conteúdo jornalístico neste dispositivo é preciso está conectado na web, algumas das características do webjornalismo podem ser aplicadas aos jornais e revistas publicadas nos dispositivos móveis.
  • 15. 13 Uma das revistas que, além da versão impressa, também vende suas edições para tablets é a Superinteressante. Publicada mensalmente pela Editora Abril desde 1987, seus temas principais são comportamento, tendências, cultura, saúde, tecnologia e história. Segundo a descrição da revista na loja de aplicativos da Apple, a Superinteressante é “essencial para entender o mundo complicado em que vivemos, ajudando a separar a verdade do mito, o importante do irrelevante, o novo do velho – tudo de forma surpreendente, provocativa e ousada”1 . A Superinteressante começou a ser vendida nos tablets em março de 2011, um ano depois que o Ipad foi lançado. Além do conteúdo de sua versão impressa, a Superinteressante digital promete também acesso a conteúdos adicionais multimídias, além de uma experiência na leitura, favorecida pelas potencialidades do tablet. Esta monografia parte do seguinte problema: O conteúdo da versão para tablet da revista Superinteressante é uma transposição da revista impressa, ou explora as potencialidades que os dispositivos móveis oferecem, oriundas do webjornalismo? Com uma linguagem cada vez mais dinâmica, e uma sofisticação no uso de infográficos, a revista passou por diversas transformações ao longo dos anos, com novas formas de diagramação e reformulações no projeto gráfico da publicação. Por isso, a hipótese é de que a revista Superinteressante está explorando as potencialidades que os dispositivos móveis podem oferecer para publicações jornalísticas para tablets. Para confirmar ou não esta hipótese, tem-se o objetivo geral desta pesquisa, que é comparar a forma em que o conteúdo é apresentado nas duas versões, impressa e digital, em uma mesma edição da Superinteressante. Além disso, a pesquisa busca também apresentar um breve histórico das revistas, mostrando a evolução do formato impresso para o digital; identificar e apresentar as possibilidades do jornalismo para dispositivos móveis; observar e analisar as características do webjornalismo na revista Superinteressante para tablet. Esta monografia está dividida em quatro capítulos. O primeiro capítulo traz uma revisão bibliográfica com as características da revista e sua história no meio impresso, 1 APP STORE. Superinteressante: Editora Abril. Disponível em: <https://itunes.apple.com/br/app/superinteressante/id426935325?l=en&mt=8>. Acesso em: 11 mar. 2014.
  • 16. 14 baseado principalmente nos estudos de Scalzo (2008), Vilas Boas (1996), Cunha (2011), Nascimento (2002), Tavares (2011), Moraes, V. (2007) e Moraes, S., et al (2008). O segundo capítulo traz primeiramente as características do webjornalismo, de acordo com Canavilhas (2007), Palacios (2003), Mielniczuk (2003) e Moherdaui (2007). Logo depois, é apresentada a evolução da revista no ambiente digital, até a chegada aos tablets, fundamentado pelos estudos de Cunha (2011), Dourado (2012), Silva (2009) e Caperuto (2011). Posteriormente, são expostas as características dos tablets e as possibilidades de produção de conteúdo jornalístico nesta plataforma. Em seguida são apresentados os Procedimentos Metodológicos utilizados para realização da pesquisa. O quarto capítulo, por fim, traz a análise descritiva, comparativa e de conteúdo das edições da revista Superinteressante selecionadas na amostra. As pesquisas que envolvem o jornalismo para dispositivos móveis estão em ascensão no Brasil. O crescimento do uso de dispositivos móveis, como os tablets, faz com que o jornalismo procure novas formas de produção de conteúdo para se adaptar ao público da era tecnológica. Por isso, essa pesquisa é importante para o meio acadêmico, uma vez que, além de trazer um estudo sobre características do webjornalismo no contexto dos tablets, faz uma análise delas numa revista de grande circulação no Brasil, a Superinteressante. Desta forma, é possível entender um pouco de como o mercado está se inserindo neste novo suporte de comunicação.
  • 17. 15 2 UM POUCO DA HISTÓRIA DAS REVISTAS Antes de tudo, faz-se necessário entender o veículo revista. Por isso, este capítulo traz as características da revista, além daquelas que a difere dos outros veículos de comunicação. Logo depois, será aprofundado seu surgimento no mundo e chegada ao Brasil, trazendo ainda uma pequena abordagem sobre a segmentação. Por fim, será apresentada a revista Superinteressante, objeto de estudo desta pesquisa. 2.1 O Veículo Revista A revista é um veículo de comunicação que vem sofrendo mudanças em seu suporte desde quando surgiu no meio impresso até os dias de hoje, com as publicações para o meio online e principalmente os dispositivos móveis. Uma das autoras que estuda este veículo como publicação jornalística é Marília Scalzo. Ela traz a concepção de revista como “um veículo de comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma mistura de jornalismo e entretenimento” (SCALZO, 2008, p.11). Porém, ela afirma ainda que esses conceitos não abrangem totalmente o universo que a envolve com seus leitores. A tipologia da palavra revista vem do inglês review, que significa “revista”, “resenha” e “crítica literária”. Porém, nos Estados Unidos e outros países de língua inglesa, a revista é conhecida como magazine, que vem do árabe “al-mahazen”, que significa depósito de mercadorias variadas (ALI, 2009, apud PLUVINAGE; TRAQUILIN, 2011). Para muitos autores, o que vem a ser revista está muito ligado às características desse veículo que o difere de outros, como o jornal impresso. É o caso de Kanza Mukhtar (2009 apud SOUZA, 2013), que vê as revistas como um tipo de publicação que preenche os vazios deixados pelos jornais, livros e enciclopédias. Vilas Boas (1996) segue a mesma linha de pensamento, afirmando que a revista traz uma apuração de um fato que antes já foi noticiado no jornal, rádio ou televisão, mas preenchendo os espaços vazios deixados na cobertura desses. Para ele, o texto da revista é outro fator que o diferencia do jornal. “Com mais tempo para extrapolações analíticas do fato, as revistas podem produzir textos mais criativos,
  • 18. 16 utilizando recursos estilísticos geralmente incompatíveis com a velocidade do jornalismo diário” (VILAS BOAS, 1996, p. 9). Já Cunha (2011), em sua dissertação de mestrado, define revista como: Uma publicação periódica dirigida a um público específico, mesmo quando se inclina para a informação geral, que se destaca pelas estratégias visuais potencialmente exploradas (design gráfico), por sua segmentação e pela periodicidade fora da urgência do jornalismo diário (CUNHA, 2011, p.22). Nascimento (2002) também distingue as revistas dos outros veículos por conta de seu tratamento visual e textual. Em relação a este último, ela concorda com Vilas Boas (1996) e Kanza Mukhtar (2009 apud SOUZA, 2013), afirmando que “sem o imediatismo imposto pelos jornais diários as revistas lidariam com os fatos já publicados pelos jornais diários ou já veiculados pela televisão de maneira mais analítica, fornecendo maior número de informações sobre determinado assunto” (NASCIMENTO, 2002, p. 18). Scalzo (2008) defende que, por conta de sua periodicidade (semanal, quinzenal ou mensal), a revista trabalha de forma mais aprofundada do fato que já foi noticiado em outros veículos, “Elas cobrem funções culturais mais complexas que a simples transmissão de notícias. Entretém, trazem análise, reflexão, concentração e experiência de leitura” (SCALZO, 2008, p.13). Esta característica faz com que a apuração e o tratamento jornalístico do fato ocorram de forma diferenciada nas revistas, dando novos enfoques e explorando outros ângulos daqueles que geralmente são reportados na televisão, rádio ou internet, que são capazes de veicular a informação em tempo real (SCALZO, 2008). Nas revistas quinzenais e mensais, esse problema é ainda mais evidente. Além de se distanciar ainda mais do tempo real da notícia, a publicação de periodicidade mais larga obriga-se a não perecer tão rapidamente, a durar mais na mão do leitor. É por isso que a notícia ‘nua e crua’ nunca teve lugar de destaque em revistas (SCALZO, 2008, p. 42). A revista também tem um formato diferenciado em relação a outros veículos de comunicação impressa. Scalzo (2008) afirma que: Ela é fácil de carregar, de guardar, de colocar numa estante e colecionar. Não suja as mãos como os jornais, cabe na mochila e disfarçada dentro de um caderno, na hora da aula. Seu papel e impressão também garantem uma qualidade de leitura - do texto e da imagem – invejável (SCALZO, 2008, p. 39). Outro elemento essencial que a diferencia dos outros veículos de comunicação é a sua relação com o leitor. Apesar de ser um meio de comunicação de massa, seu público é
  • 19. 17 específico, é selecionado. Scalzo (2008) explica este fato comparando-a com o jornal. “Enquanto o jornal ocupa o espaço público, do cidadão, e o jornalista que escreve em jornal fala sempre com uma plateia heterogênea, muitas vezes sem rosto, a revista entra no espaço privado, na intimidade, na casa dos leitores” (SCALZO, 2008, p.14). 2.2 O Surgimento da Revista no Mundo Em Jornalismo de Revista, Marília Scalzo (2008) traz aparato histórico da revista no cenário mundial. A primeira a ser publicada surgiu na Alemanha, em 1663, titulada Erbauliche Monaths Unterredungen (Edificantes discussões mensais). Segundo Scalzo (2008), ela mais parecia um livro, mas só era considerada revista porque apanhava várias características do veículo: tinha vários artigos sobre um mesmo assunto - a teologia -, era voltada para um público específico, além de ser publicada periodicamente. Todas essas publicações, mesmo não utilizando o termo “revista” no nome (isso só aconteceria em 1704, na Inglaterra) e parecendo-se demais com os livros, deixam clara a missão do novo tipo de publicação que surgia: destinar-se a públicos mais específicos e aprofundar os assuntos – mais que os jornais, menos que os livros (SCALZO, 2008, p. 19). A primeira revista que mais se parece com as publicadas atualmente surgiu em 1731, em Londres, titulada The Gentleman’s Magazine. É a partir de então que o termo magazine passa a ser sinônimo de revista. Em 1741, são publicadas as primeiras revistas nos Estados Unidos, a American Magazine e General Magazine. O crescimento das revistas nos EUA andou junto com o desenvolvimento do país, diminuição do analfabetismo, e o aumento do interesse da população por novas ideias. Neste cenário, a revista ganhou espaço no público, pois “com o aumento dos índices de escolarização, havia uma população alfabetizada que queria ler e se instruir, mas não se interessava pela profundidade dos livros, ainda vistos como instrumento de elite e pouco acessíveis” (SCALZO, 2008, p. 20). Outro fator destacado por Scalzo (2008) que favoreceram sua popularização e crescimento ao longo do século XIX está relacionado ao avanço das técnicas de impressão. Com o avanço técnico das gráficas, as revistas tornaram-se o meio ideal, reunindo vários assuntos num só lugar e trazendo belas imagens para ilustrá- los. Era uma forma de fazer circular, concentradas, diferentes informações sobre os novos tempos, a nova ciência e as possibilidades que se abriam para
  • 20. 18 uma população que começava a ter acesso ao saber. A revista ocupou assim um espaço entre o livro (objeto sacralizado) e o jornal (que só trazia o noticiário ligeiro) (SCALZO, 2008, p. 20). Em 1842, surge a primeira revista ilustrada, em Londres. A Illustrated London News revolucionou a forma de idealizar e editar revistas. Seu conteúdo era composto por texto e gravuras, reproduzindo os fatos em forma de desenho. Com o desenvolvimento da fotografia e da impressão em meio-tom, no final do século XIX, tal fórmula foi aperfeiçoada. Ainda neste século, surgem as primeiras revistas literárias e científicas. Neste período, começam a ganhar força as publicações voltadas aos públicos específicos, dirigidas a um único campo de conhecimento, trazendo últimas novidades e estudos na área. Dá-se origem, assim, às revistas especializadas, que estão ligadas a grupos profissionais ou temas de interesse técnico (SCALZO, 2008). A primeira revista semanal surge em 1923, nos Estados Unidos. A Time é lançada, segundo Scalzo (2008): Para atender à necessidade de informar com concisão em um mundo já questionado pela quantidade de informações impressas (...). A ideia era trazer noticias da semana, do país e do mundo organizadas em seções, sempre narradas de maneira concisa e sistemática, com todas as informações cuidadosamente pesquisadas e checadas (SCALZO, 2008, p.22). Daí então, as revistas semanais foram aperfeiçoando sua fórmula, ganhando mais espaço e leitores no mundo todo. 2.3 A Chegada ao Brasil A imprensa não existia no Brasil antes de 1808, porque Portugal proibia publicações do tipo em suas colônias. Com a chegada da família Real no Brasil, que na época fugia da invasão napoleônica na Europa, veio também a imprensa. Ali (2009 apud CUNHA, 2011, p.24) considera o Correio Braziliense como a primeira revista brasileira. Apesar de ser escrita, editada e publicada mensalmente na Inglaterra, ela circulava clandestinamente no Brasil, sendo proibida pela coroa portuguesa “por divulgar ideias libertárias, exigindo reformas no sistema político entre os dois países e o fim da escravidão” (CUNHA, 2011, p. 24).
  • 21. 19 A revista surgiu no Brasil no século XIX como publicações efêmeras, definidas na época como ensaios ou folhetos. A primeira publicação considerada revista no país foi As variedades ou ensaio de literatura, de 1812, tendo apenas duas edições. Outras revistas que surgiram na época eram publicações institucionais e eruditas, muito diferente de como são conhecidas hoje (NASCIMENTO, 2002). Neste ponto, Cunha (2011) defende que “A princípio, as primeiras revistas tiveram pouca importância na vida social. Muitas nasceram eruditas, pouco noticiosas, preocupadas apenas com amenidades e voltadas à elite” (CUNHA, 2011, p. 24). Entretanto, é a partir do século XX que ela começa a ganhar espaço diferenciado, passando a ser cada vez mais literária. O marco desse tipo de jornalismo se dá em 1928, com a criação de O Cruzeiro, a revista pioneira no ramo da reportagem, que circulou até 1975. Em 1938, foi criada a revista Diretrizes, destacando-se na produção de textos investigativos e críticos. Já em 1952 surge a revista Manchete, com amplo espaço destinado a fotos e se destacando por alcançar popularidade com reportagens históricas. Logo, em 1966, tem-se a Realidade, da editora Abril, considerada um exemplo de qualidade jornalística. Em 1968, surge a revista Veja, que atualmente é uma das líderes do mercado de revistas semanais de informação (NASCIMENTO, 2002). Com o surgimento destas duas últimas, uma nova forma de cobertura política e cotidiana do Brasil é redimensionada no mercado de revistas. Assim como afirma Tavares (2011), elas ganharam um formato “mais moderno, com páginas amplas, entrevistas e muitas fotografias, orientadas para um conteúdo de grandes reportagens históricas e investigativas e análises mais contundentes da sociedade brasileira” (TAVARES, 2011, p.112). Com isso, a revista semanal ganha um novo status no mercado editorial, passando a concorrer com o jornal diário e a televisão. Segundo Scalzo (2008), o período que se inicia no final da década de 1950 é marcado pelo crescimento da indústria da revista, devido ao reconhecimento deste veículo como um produto da publicidade. É nesta época que surge o moderno conceito de segmentação editorial. Tavares (2011) afirma que nos anos de 1970 as revistas começam a assumir características prodigiosas em relação às décadas anteriores, por conta de um aumento no número de títulos publicados, quantidade de exemplares, públicos e linguagens. “O crescimento das editorias e este novo universo de publicações de grande tiragem consolidam uma nova ‘era’ no mercado editorial, contribuindo, inclusive, para a derrocada e o fechamento
  • 22. 20 completo, em 1975, de O Cruzeiro” (TAVARES, 2011, p.112). Outra característica que marcou esta época foi a chegada de revistas estrangeiras com versões nacionais. Dentre elas, a Nova, em 1973, versão brasileira da Cosmopolitan, e a Playboy em 1975. Mira (1997) afirma que, nesta época: Persiste, evidentemente, o desejo de se comunicar com o leitor brasileiro, mas procurando encontrar o que ele tem em comum com outros leitores de produtos similares no mundo. Compra-se material estrangeiro, não por falta de condições de produzi-lo aqui – tradição que as “grandes revistas” já estabeleceram – mas porque ele pode muito bem servir a certos segmentos de leitores daqui como serve em outros países. (MIRA, 1997, p.153) É também a partir da década de 1970 que as segmentadas e especializadas começam a ganhar força no mercado, com o lançamento de revistas esportivas, musicais, masculinas, além daquelas voltadas para o público jovem (TAVARES, 2011). De acordo com Scalzo (2008), “publicações ligadas à cultura pop, que falam sobre música, comportamento, moda, arte e consumo surgem em profusão nas décadas de 1960 e 1970, quando começa a ser identificada na população uma faixa etária intermediária entre as crianças e os adultos: os jovens” (SCALZO, 2008, p.36). Ainda segundo Scalzo (2008), neste mercado segmentado crescem também as revistas científicas, tanto as especializadas quanto para leigos. Com a década de 1980, marcada pela preocupação com o corpo, surgem publicações como Saúde, Boa Forma, Corpo a Corpo, Plástica e Dieta. Este fortalecimento das segmentadas favorece ainda mais a especificação de públicos, como por exemplo, as revistas de arquitetura e decoração: Existem aquelas dedicadas a quem quer cuidar do jardim, a quem quer decorar o escritório, uma loja ou um quarto de bebê. E essa segmentação pode alcançar públicos tão específicos como “mulheres que fazem enfeites para festas infantis’ ou ‘marceneiros que trabalham com madeira certificada” (SCALZO, 2008, p.36) Com o crescimento das segmentadas, surge no país a partir da década de 1980 inúmeras revistas, atendendo o mais variado tipo de público, assunto que será abordado no próximo item.
  • 23. 21 2.4 Um Olhar sobre a Segmentação Por causa da relação diferenciada que as revistas têm com seu público, uma grande característica deste veículo é a segmentação. A ascensão do mercado segmentado no Brasil se dá principalmente pela necessidade das editoras em ampliar seus títulos para diferentes públicos, que já vinha acontecendo na Europa e Estados Unidos, como expõe Rocha (2013) em sua dissertação de mestrado. “A diversificação de segmentos de mercado, de assuntos, de interesses fez com que a segmentação surgisse para consolidar o papel da revista na vida de homens, mulheres, adolescentes, da família, de executivos e de outros públicos a que se destinam” (ROCHA, 2013, p.20). A segmentação se dá principalmente pela diversidade de interesse dos públicos. Para ir atrás da audiência, as editoras procuram segmentar uma determinada revista, fidelizando um público específico para ela. Para Scalzo (2008), essa segmentação por assunto e tipo de público faz parte da própria essência do veículo. Para ilustrar, podemos lançar mão da seguinte imagem: na televisão, fala-se para um imenso estádio de futebol, onde não se distinguem rostos na multidão; no jornal, fala-se para um teatro, mas ainda não se consegue distinguir quem é quem na plateia; já numa revista semanal de informação, o teatro é menor, a plateia é selecionada, você tem uma ideia melhor do grupo, ainda que não consiga identificar um por um. É na revista segmentada, geralmente mensal, que de fato se conhece cada leitor, sabe-se exatamente com quem se está falando (SCALZO, 2008, p.14). A escritora e fundadora da revista Nova, Fatima Ali (2009 apud Pluvinage e Tranquilin, 2011) divide as revistas em três grupos principais, que por sua vez têm suas subdivisões: I. Revistas de consumos, II. Revistas profissionais e III. Revistas de empresas e organizações. As revistas de consumo são voltadas para um público mais amplo, sendo também as mais populares no mercado. Elas se subdividem em: a) revistas de interesse geral, b) segmentadas por públicos, c) segmentadas por interesse. Já as revistas profissionais são voltadas a um público-alvo formado por profissionais ou membros de uma determinada atividade. Por último, as revistas de empresas e organizações, que têm um caráter mais institucional, sendo voltadas para clientes, funcionários ou associados de uma determinada empresa ou organização. Podem ser subdivididas em revistas sob medidas ou customizadas (são revistas patrocinadas por empresas e, geralmente, distribuídas aos seus
  • 24. 22 clientes com o objetivo de promover a imagem da instituição), revistas institucionais (ou “House Organs”, visam a comunicação de uma empresa com seus próprios funcionários e associados) e as revistas de associações (para a comunicação entre membros de uma comunidade, organização, associação, como as revistas universitárias) (ALI, 2009, apud PLUVINAGE; TRANQUILIN, 2011, p.3). Já Scalzo (2008) é mais sucinta, afirmando que os tipos de segmentação mais comuns são “por gênero (masculino e feminino), por idade (infantil, adulta, adolescente), geográfica (cidade ou região) e por tema (cinema, esportes, ciência...)” (SCALZO, 2008, p.49). Ela ainda destaca o fenômeno da “segmentação da segmentação”, no qual, a partir de um grupo de segmentação é possível afunilar ainda mais o público da revista: Por exemplo, partindo do público de pais de crianças, é possível fazer revistas para pais, para mães, para mães de bebês, para mães de bebês gêmeos, para mães de bebês gêmeos que moram em São Paulo... É possível estender e afunilar a lista até chegarmos a grupos muito pequenos - e se quisermos ir ao extremo, até chegar a cada indivíduo em particular. (SCALZO, 2003, p. 49) Esta é a tendência da personalização, cujas revistas procuram chegar cada vez mais ao indivíduo de forma particular. 2.5 A Superinteressante Dentre as revistas segmentadas que surgiram no Brasil na década de 1980, temos a Superinteressante, pertencente ao grupo Abril, que começou a circular no país em 1987. Primeiramente, a revista seria uma versão brasileira da espanhola Muy Interesante, fundada em maio 1981, que fazia um grande sucesso pela sua riqueza visual e o uso de recursos fotográficos e infográficos, trabalhando principalmente com tecnologia e ciência. (DINIZ; CAMPANHA; DANIEL, 2013). Aqui, a revista seria publicada de forma integral, mas traduzida, como se fazia na Alemanha, França e Itália. A tentativa não foi bem sucedida, porque, como afirma Moraes, V. (2007) “os fotolitos (chapas usadas para carimbar a tinta) estrangeiros eram maiores que os brasileiros, o que obrigou a Editora a mudar seus planos e a fazer as próprias reportagens” (MORAES, V., 2007, p.58). A revista Superinteressante, também conhecida apenas como Super, se define como:
  • 25. 23 A maior revista para jovens adultos do Brasil, conhecida por seu texto inteligente, design inovador e infográficos premiados [...]. Seus temas principais são comportamento, tendências, cultura, saúde, tecnologia e história. Essencial para entender o mundo complicado em que vivemos, ajudando a separar a verdade do mito, o importante do irrelevante, o novo do velho – tudo de forma surpreendente, provocativa e ousada 2 . Antes da 1ª edição, em setembro de 1987, a Abril lançou a “edição zero” da Super, como uma espécie de especial de outras revistas da editora (ver Figura 1). Quinze dias depois foi lançada a edição número um. Com uma tiragem inicial de 150 mil exemplares, ela logo se esgotou, fazendo com que a editora reimprimisse mais 65 mil para venda. Logo, a Super foi ganhando assinantes e com o passar dos anos passou a ser uma revista respeitada, recebendo prêmios e quebrando recorde de vendas (MORAES, V., 2007; MORAES, S., et al., 2008). Figura 01 - As primeiras edições da revista Superinteressante (edição zero à esquerda e a primeira edição à direita) Fonte: <http://goo.gl/0HJGAR> Acesso em: 15 jul 2014 Segundo Moraes, S. et al. (2008, p.7), a priori a Superinteressante “tinha como objetivo divulgar curiosidades, e acontecimentos fantásticos de qualquer ramo do conhecimento, porém também tinha a intenção de ganhar o reconhecimento da sociedade científica, por isso dava mais ênfase a temas que envolviam as ciências naturais”. Na carta ao leitor da 1ª edição, Victor Civita, fundador da editora Abril, fala sobre a proposta da revista: 2 Ibid
  • 26. 24 Não por acaso ela se chama SUPERINTERESSANTE, pois oferecerá aos leitores uma visão ampla do que se fez, do que se faz e – por que não? – do que se fará em termos de pesquisa e realização científica e tecnológica. Sua pauta de assuntos não terá limites, cobrindo, por exemplo, da Física à Pré- História, da Astronomia à Ecologia, da Informática à Psicologia ou à Religião.De forma clara, direta, acessível ao mais leigo dos leitores, SUPERINTERESSANTE mostrará o conhecimento científico não como um tesouro a que só alguns privilegiados têm acesso, por sua cultura, mas como algo que passa pelo cotidiano de todos nós, influenciando e modificando até mesmo os momentos mais simples de nossa vida3 . Com o passar dos anos, a Superinteressante foi dando espaço a outros temas e áreas de conhecimento, como religião, filosofia e paranormalidade. Para Moraes, S. et al. (2008, p.7), “alguns relacionam esse fato ao período em que ela estava no auge da sua consagração e bateu recorde de vendagem”. Moraes, V. (2007) relata que a revista também deixou de publicar matérias somente na área de ciências exatas e biológicas, dando espaço às reportagens nas áreas humanas e sociais. Em meados dos anos 1990, a Superinteressante passa por sua primeira reforma no design gráfico. Esta mudança marca a consolidação da infografia como mais um recurso de vinculação nas matérias, além de um projeto gráfico que incorporou outros recursos não verbais nas publicações. A partir daí, por conta do constante uso em suas páginas, os infográficos se tornam uma marca registrada da Superinteressante (DINIZ; CAMPANHA; DANIEL, 2013). Na virada do milênio, a revista passa por uma nova reforma gráfica e editorial, fazendo com que seu perfil mude. Assuntos considerados sensacionalistas e especulativos começam a ganhar espaço nas reportagens, além de dar um destaque maior aos temas religiosos (MORAES, V., 2007). Este período é marcado ainda pelo que Diniz, Campanha e Daniel (2013) chamam de “transição da funcionalidade do infográfico”. Os infográficos deixam de ser um complemento da notícia, passando a ser matéria em si. Em 2005, a revista passou por outra grande reforma, devido, principalmente, a fidelização e crescimento do público. São criadas novas seções (editorias), formato mais linear, além de matérias de curiosidades, que ganham mais espaço nas publicações. “Essas complementações no seu projeto encadeiam em reconhecimentos através de premiações [...]. 3 CIVITA, Victor. Leia a primeira carta ao leitor que saiu na edição 1 da SUPER. 2012. Superinteressante. Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/superblog/leia-a-primeira-carta-ao-leitor-que-saiu-na-edicao-1- da-super/>. Acesso em: 3 jul. 2014.
  • 27. 25 Neste ano a Super ganha medalha de ouro pela sofisticação no uso de infográficos, Prêmio Malofiej de Infografia” (DINIZ; CAMPANHA; DANIEL, 2013, p.3). Diniz, Campanha e Daniel (2013) destacam ainda a nova reformulação estrutural da revista, também, no meio digital (blogs, vídeos, bastidores da redação, atualizações diárias frequentes, conteúdo extra das matérias e promoções exclusivas). Como forma de interagir com as novas mídias, ela incorpora uma linguagem mais dinâmica, que se adapta melhor à forma com que o público a lê, garantindo mais visibilidade.
  • 28. 26 3 JORNALISMO DE REVISTA NA ERA DIGITAL Neste segundo capítulo, será aprofundada a evolução das revistas no ambiente digital até sua chegada ao tablet, suporte de reprodução de revista digital que será estudado nesta pesquisa. Entretanto, primeiramente, se faz necessário explicar quais são as características do meio online no que se refere ao Jornalismo. Em seguida, serão apresentadas as características do tablet como dispositivo móvel, além das potencialidades do meio para reprodução do conteúdo das revistas digitais. 3.1 O Webjornalismo e suas Características Com a ascensão das publicações jornalísticas no meio online, foram identificadas várias características que fazem parte, de forma parcial ou integral, na produção de conteúdo para web. Canavilhas (2007) identifica sete características do webjornalismo: multimidialidade, hipertextualidade, interatividade, personalização, capacidade de memória, instantaneidade e ubiquidade. Palacios (2003) e Mielniczuk (2003) consentem com Canavilhas (2007), não discutindo apenas a ubiquidade, e em relação à instantaneidade, utilizam o termo atualização contínua. Luciana Moherdaui (2007) identifica mais outras duas características: imersão e conteúdo dinâmico. Abaixo será apresentada uma breve descrição delas, fundamentadas pelos autores anteriormente citados. A multimidialidade diz respeito à incorporação ou convergência de vários elementos como vídeos, áudio, imagens, texto e infografia numa mesma reportagem ou produção jornalística (CANAVILHAS, 2007). A hipertextualidade é baseada no que chamamos de hipertexto, termo criado por Theodor H. Nelson nos anos 1960. Caracteriza-se por ser um texto não linear e interativo, onde o leitor é quem decide o caminho a ser seguido na leitura (CANAVILHAS, 2007). A interatividade é outra característica do webjornalismo. Ela está intrinsecamente ligada ao usuário, permitindo que este guie a informação e administre a forma de acessar conteúdo de acordo com suas expectativas (CANAVILHAS, 2007).
  • 29. 27 Com a utilização simultânea das três características citada acima (multimidialidade, hipertextualidade e interatividade) em uma mesma notícia na web, o usuário tem a oportunidade única de fazer uma leitura pessoal e particular da informação disponível. É o que Canavilhas (2007) chama de personalização de conteúdo. Esta característica, também denominada de individualização ou customização (MOHERDAUI, 2007) diz respeito também a “opção oferecida ao usuário para configurar ou receber produtos jornalísticos de acordo com seus interesses individuais” (MOHERDAUI, 2007, p.131). A capacidade de memória está ligada ao fato das informações na web estarem acumuladas para visualização. “Dessa forma, surge a possibilidade de acessar, com maior facilidade, material antigo, o que introduz mudanças tanto na produção quanto na recepção do material jornalístico” (MIELNICZUK , 2003, p.51). A instantaneidade (CANAVILHAS, 2007) ou atualização continua (MIELNICZUK, 2003) é a característica que o jornalismo online tem de atualização contínua da informação, que podem ser recebidas em tempo real ao usuário. A notícia da web também está disponível em escala global, podendo ser visualizada em diferentes lugares ao mesmo tempo. Esta característica é chamada de ubiquidade (CANAVILHAS, 2007). Moherdaui (2007) identifica ainda a imersão como outra característica do jornalismo online. Diz respeito à experiência do usuário de ser transportado para um lugar simulado, no caso, a web. Por fim, temos também o conteúdo dinâmico, que engloba as características anteriormente descritas. A atualização contínua das matérias, dos canais e da home Page, o investimento em produtos interativos – enquetes, fóruns de discussão, blogs, e-mail, narrativas multimídia, games, mapas, comentários em matérias, descentralização do conteúdo e uso de fotos randômicas dão aos portais e sites noticiosos o dinamismo, que faz parte da lógica do jornalismo digital (MOHERDAUI, 2007, p.136). É importante ressaltar que nem todas essas características podem ser aplicadas as revistas digitais para tablets, por conta das características do veículo revista, discorridas no capítulo anterior, e das peculiaridades do suporte tablet, que será abordado mais à frente.
  • 30. 28 3.2 Evolução das Revistas nos Diferentes Suportes Em seu artigo As revistas mudam porque os suportes mudam: panorama do produto em formatos digitais, Tatiana Maria Dourado traz um panorama histórico da digitalização das revistas jornalísticas. Segundo a autora, no processo de digitalização do meio eletrônico para o binário, as revistas passaram por quatro diferentes “artefatos”. Alguns destes ainda são usados nos dias de hoje para sua reprodução. “Entre eles estão o CD-ROM, os desktops dos computadores ou notebooks, telefonia móvel (através dos celulares) e tablets [..]” (DOURADO, 2012, p.6). Ainda de acordo com Dourado (2012), as primeiras publicações jornalísticas em CD- ROM aconteceram no fim dos anos 1980. “Os CD-ROM (Compact Disc Read-Only Memory), criado em 1985, permite, em um primeiro momento, que as revistas pudessem armazenar e distribuir conteúdo – que não poderia ser alterado, somente lido – por meio do dispositivo” (DOURADO, 2012, p.3). Outro suporte semelhante, surgindo em meados dos anos 90, foram os covermounts (ver Figura 2), um suporte de armazenamento incluindo software e mídia audiovisual que vinha como complemento das publicações impressas (CUNHA, 2011; DOURADO, 2012). Figura 02 - Covermounts em formato de disquete (à esq) e o CD-ROM (à dir) Disponível em <http://goo.gl/8v4OXf> e <http://goo.gl/hw0ygx> Acesso em 31 jul. 2014 Com o crescimento e a popularização da internet, os veículos informativos viram a possibilidade de se inserir como meios de comunicação nesta plataforma. Com as revistas não foi diferente. Em sua dissertação de mestrado, Rodrigo do Espírito Santo da Cunha (2011) afirma que: As revistas, assim como quase todos os veículos informativos, migraram para o ciberespaço, reconfigurando-se tanto na produção, quanto no
  • 31. 29 consumo, por meio da hipertextualidade e da interatividade, recursos possibilitados pela internet e pelas diversas mídias digitais nas quais o produto passa a circular (CUNHA, 2011, p.30). Os primeiros sites de revistas impressas apareceram em 1995 (QUINN, 2007 apud CUNHA, 2011). Neste mesmo ano, no Brasil, os jornais migram para a internet, e em novembro, a revista Manchete disponibiliza no ambiente online o conteúdo da edição 2275. Com o crescimento de grandes portais de conteúdo e provedores de internet na época, outras revistas aproveitaram para se inserir na rede. Em abril de 1996, a IstoÉ lança sua revista online, posteriormente inserida no portal Universo On-line (UOL), do grupo Folha (CUNHA, 2011). “Assim como na primeira fase do jornalismo on-line, a versão do site possuía uma replica dos mesmos textos encontrados na edição impressa, além de serviços de chat e fóruns de debate” (CUNHA, 2011, p.31). Outro grande portal de internet que agregava sites de revistas era o Brasil Online (BOL), este da editora Abril. Seu principal produto era a revista Veja, lançada quatro horas depois da IstoÉ. Ainda em 1996, o UOL e BOL formam uma parceria onde todo conteúdo da BOL (Exame, Vip, Placar, Exame Informática e Superinteressante) é agregado num único site, o UOL, agora dos grupos Folha e Abril. Em 2001, então como principal agregador de revistas na internet brasileira, ele passa a disponibilizar a edição em português da revista Time (CUNHA, 2011). Dourado (2012) ressalta que, apesar do crescimento dos sites de revistas, o formato CD- ROM ainda continuou sendo usado por muitas editoras. “Próximo aos anos 2000, tais suportes permaneciam lançando suplementos e agregando novidades em termos de linguagem, como a inserção de áudio e vídeo em seus conteúdos” (QUINN, 2007, apud DOURADO, 2012, p.5). Em relação ao meio online, como afirma Cunha (2011), as revistas começaram a adotar algumas tecnologias e formatos para tornar seu conteúdo visualizável neste ambiente. Um marco para leitura de revistas no meio on-line deu-se com o PDF (Portable Document Format), criado pela Adobe Systems, em 1992. Um arquivo neste formato permite a reprodução de documentos que contenham textos, gráficos e imagens de maneira independente do aplicativo, hardware ou sistema operacional.
  • 32. 30 Outro formato que facilitou o modo de leitura de revistas em rede foi o Flash4 , lançado pela Macromedia em 1996 (Hoje pertencente a Adobe Systems). O Flash permite a reprodução de conteúdos multimídias, principalmente animações. O Flash também permite rapidez na visualização das revistas, pois a atualização do arquivo ocorre por “fluxo contínuo” (streaming): cada página, com seus vídeos, imagens e sons, é carregada a partir do conteúdo já visualizado, o que não acontece com o PDF, quando é necessário baixar o arquivo por completo antes de começar a ler (NATANSOHN et all, 2010, apud CUNHA, 2011, p.35). Um dos recursos do formato Flash para visualização de revistas on-line é o efeito flip- page, que possibilita ao leitor simular o folheto de uma revista impressa. Cunha (2011) acentua que: A partir da utilização do flip page como modo de visualização de revistas on-line, as publicações começaram a complexificar a utilizações dos recursos, incluindo animações dentro das páginas. Um dos exemplos mais conhecidos no caso brasileiro é o da revista Meio Digital (www.meiodigital.com.br), publicada pela editora Meio & Mensagem. Ao abrir cada página é possível ver uma rápida animação de títulos, textos ou imagens que são inseridas para dentro da diagramação. Trata-se de uma experiência tímida, mas pioneira em nosso caso. Também existe o exemplo do acervo digital da Veja (www.veja.com.br/acervodigital), no qual o usuário visualiza por meio de flip page da primeira até a penúltima edição a circular nas bancas, gratuitamente (CUNHA, 2011, p. 36). Nos dispositivos móveis, as revistas começaram a ser usadas na primeira década do século 21, como afirma Dourado (2012). Os telefones celulares foram os primeiros a serem utilizados como objeto para consumo de informação e produtos jornalísticos. Um exemplo disso são as revistas Time Out, OK!, Glamour e CQ, do Reino Unido, que em 2006 permitiam aos usuários o download das publicações na plataforma conhecida como Mobizine (QUINN, 2007 apud DOURADO, 2012). Segundo Silva (2009), um dos fatores que favoreceu ao crescimento da produção e consumo nos meios móveis no Brasil foi o início da operação da tecnologia de terceira geração (3G), no final de 2007. Para ele, esta tecnologia “vem sendo apropriada por conglomerados de comunicação para a prática do que se denomina de jornalismo móvel, que podemos entender como a potencialização da relação entre jornalismo e mobilidade” (SILVA, 4 Flash (SWF ou Shockwave Flash) é um software primariamente de gráfico vetorial - apesar de suportar imagens bitmap e vídeos - utilizado geralmente para a criação de animações interativas que funcionam embutidas num navegador web e também por meio de desktops, celulares, smartphones, tablets e televisores (WIKIPÉDIA, 2014).
  • 33. 31 2009, p.75). Outra tecnologia que favoreceu a ascensão das tecnologias móveis foi o surgimento do Wireless, ou rede sem fio. As revistas passaram a explorar o mercado que se abriu com a popularização dos aparelhos celulares, principalmente os smartphones, telefone celular inteligente com tecnologias avançadas e programas executados por um sistema operacional, semelhante aos computadores. Um dos principais smartphones é o Iphone, da Apple, que em 2009 iniciou o mercado de aplicativos (apps). As revistas viram nos Apps a possibilidade de crescer no mercado para telemóveis. Assim como destaca Dourado (2012), “no Brasil, as principais revistas semanais de informação geral – Veja, Época e Isto É – possuem versões voltadas para a plataforma (DOURADO, 2012, p.5)”. Outro dispositivo que facilitou a inserção da revista no cenário móvel-digital foi os e- readers (leitor de livros digitais). Ele se popularizou com a criação do Kindle, pela Amazon. Caperuto (2011) acentua que, embora tenha sido desenvolvido primeiramente com a finalidade de leitura de livros, os e-readers foram amplamente empregados pelas empresas jornalísticas. Em maio de 2009, jornais norte-americanos firmaram uma parceria com a Amazon para distribuir seus conteúdos por meio do sistema Kindle Newspapers, uma espécie de assinatura eletrônica do conteúdo do jornal impresso; no Brasil, o jornal O Globo foi o primeiro periódico sul-americano a lançar sua versão para o dispositivo (Meio & Mensagem online, 07/05/2009 e IDGNow!, 07/10/2009) (CAPERUTO, 2011). Porém, mesmo com sua popularização, as revistas não conseguiram se adequar ao tipo de tela dos e-readers, por ser limitado ao preto e branco, deixando de ser um atrativo para as empresas jornalísticas, por conta das páginas coloridas das edições impressas (CUNHA, 2011). O problema dos e-readers na reprodução de revistas só veio a ser solucionado com o a chegada dos tablets, em 2007. 3.3 O Que é o Tablet? O tablet (em português, tablete) nada mais é do que um dispositivo móvel pessoal em formato de prancheta. Seu diferencial está na presença da tela sensível ao toque, popularmente
  • 34. 32 conhecida pelo seu termo em inglês, touchscreen, sendo este seu dispositivo de entrada5 . Umas das principais utilidades do tablet é o acesso à internet, captura e visualização de fotos, vídeos, leitura de livros, jornais e revistas, e entretenimento com jogos. Essas funcionalidades podem ser alcançadas pela interface da tela plana sensível ao toque, através da interação gestual, característica primordial deste dispositivo. Dessa forma, “não é necessário o uso de dispositivos como teclado e mouse. Isso facilita a portabilidade do dispositivo, que pode ser carregado em uma bolsa, sacola, pasta, mochila ou maleta” (PLUVINAGE; TRANQUILIN, 2011, p.9). O pioneiro no atual mercado de tablets foi o Ipad, da norte-americana Apple. Começou a ser vendido nos Estados Unidos no dia 3 de abril de 2010, chegando ao Brasil em novembro do mesmo ano. Desde então, a Apple lançou novas versões (ou gerações, como é chamado) do Ipad, sendo a última titulada iPad Air, lançado nos Estados Unidos em 2013. O iPad pode ser considerado um pioneiro, o primeiro de seu tipo. Não é nem um smartphone nem um laptop, netbook ou computador pessoal, mas sim inclui alguns elementos de todos eles. As características que destacam o iPad entre outros dispositivos móveis incluem seu tamanho, que é similar ao de um livro, a falta de conexão periférica (sem necessidade de uso de tomada), a conectividade, a tela multitoque (touchscreen) e a variedade de aplicações diferentes disponíveis para o consumidor (HENDERSON; YEOW, 2012 apud PAULINO, 2013, p.22). Com o surgimento do Ipad, vieram muitas outras marcas de tablets, diferenciando-se apenas pelos sistemas operacionais e os aplicativos desenvolvidos para cada tipo. “Entre os tablets podemos citar, além do Ipad, os seus concorrentes: Microsoft Surface, Google Nexus7, Kindle Fire, HP Touch Pad, Samsung Galaxy Tab, LG Optimus Tab, Motorola Xoom, Blackberry Playbook, Toshiba Folio, Positivo Ipy, e Acer Iconia, entre outros” (AGNER et all, 2012, p.2). O que diferencia um tablet do outro são seus sistemas operacionais. O Ipad, da Apple, possui o iOS, enquanto a grande maioria dos outros tablets do mercado utilizam o Android, da Google. Os tablets iPad 2 e 3 trazem o iOS, sistema criado pela Apple inicialmente para o iPhone que evoluiu para o iPad. Como pontos fortes, o iPad destaca- se por ser mais fácil de usar, super leve e estável. Já no caso dos tablets, o grande diferencial é a marca (Sony, Motorola Samsung etc.). Todos os tablets citados utilizam o sistema operacional Android e têm como pontos fortes uma oferta maior de aplicativos, não estando limitados àqueles 5 Na informática, entende-se como dispositivo de entrada, dispositivos cujo objetivo principal é conduzir a informação do exterior através do homem para a máquina.
  • 35. 33 permitidos pelo próprio desenvolvedor do sistema, como no caso da Apple (PAULINO, 2013, p.21). Porém, o Ipad continua sendo o tablet mais vendido no mundo6 . Pluvinage e Tranquilin (2011) defendem que, uma das razões para sua maior popularidade se dá porque os clientes da Apple já tinham familiaridade com outros produtos da marca, como Iphone e o Ipod. “Como o Ipad usa o mesmo sistema operacional, a mesma tela sensível ao toque e o mesmo sistema de compra de aplicativos por meio de seu sistema de vendas on-line ‘App Store’, os seus clientes e usuários de dispositivos Apple já sabiam como usar a nova tecnologia” (PLUVINAGE; TRANQUILIN, 2011, p.9). Figura 03 - Ipad Air (à esq) e Sansung Galaxy Tab 3 (à dir), principais concorrentes do mercado de tablets atualmente Disponível em < http://goo.gl/aJbZdm> Acesso em: 10 jul. 2014 Cunha (2011) afirma que, apesar da popularização dos tablets se dar pelo surgimento do Ipad, a concepção desse tipo de dispositivo eletrônico existe desde os anos 1950. O Styalator (ver Figura 4), criado por Tom Dimond em 1956 foi a primeira demonstração de um dispositivo com sistema de reconhecimento de grafia. Ele era uma espécie de computador que possuía uma caneta e um software que reconhecia o texto escrito em tempo real (PLUVINAGE; TRANQUILIN, 2011; AMARAL, 2013). “Ou seja, o tablet, logo no começo, 6 Segundo o relatório publicado pela consultoria Gartner, em 2013, o iPad representou 36% dos tablets vendido no mundo, vendendo 10 milhões a mais que em 2012 (GARTNER, 2014)
  • 36. 34 era visto como uma versão digital da caneta e de seu bloco de anotações” (PLUVINAGE; TRANQUILIN, 2011, p.9). Porém, um dos primeiros a ter a aparência dos tablets vendidos atualmente, e também o primeiro a ser comercializado foi o GRiDPad (ver Figura 5), lançado em 1989 pela norte-americana GRiDSystems. Pesando aproximadamente dois quilogramas, custava cerca de US$ 2370 (AMARAL, 2013). Figura 04 - Styalator, o primeiro protótipo de “mesa digitalizadora” em 1956 Disponível em <http://goo.gl/rBR9C> Acesso em: 09 jul. 2014 Figura 05 - O Gridpad utilizava uma caneta Disponível em <http://goo.gl/UZG3U> e Acesso em: 09 jul. 2014 Apesar destas e outras tentativas, o mercado não conseguiu se consolidar, passando por sucessíveis fracassos. Cunha (2011) ressalta que: A demora na aceitação dos tablets no mercado pode ser explicada pela regra dos 30 anos, criado pelo pesquisador e professor Paul Saffo, ex-diretor do Institute For The Future (IFTF), na Califórnia, Estados Unidos. Pela regra, o desenvolvimento das novas mídias precisa de três etapas para atingir do laboratório ao mercado: na primeira década, entusiasmo e perplexidade; na segunda, movimento e penetração do mercado na sociedade; e na última e
  • 37. 35 definitiva, aceitação do produto no mercado e comercialização (CUNHA, 2011, p. 54). Esta aceitação só veio acontecer no século XXI, quando a mobilidade e a facilidade de acesso à internet fazem parte do cotidiano das pessoas. 3.4 Revistas para Tablets e as Novas Possibilidades de Negócio Entre 2012 e 2013, o Brasil teve um aumento de mais de 200% na venda de tablets, segundo uma pesquisa da Gfk (Growth from Knowledge)7 . Com a popularização dessa nova plataforma digital, os veículos de comunicação viram a ascendência de um mercado promissor para publicações de jornais e revistas. Considerados como a “quarta tela”, os dispositivos móveis encontram-se em estágio ascendente de adoção, seja por parte das organizações jornalísticas, bem como de outros produtores de conteúdo, seja por parte do público, que, a cada dia, consome mais informação, entretenimento e constrói suas relações sociais por meio desses aparatos que já integram a paisagem urbana, sobretudo das grandes cidades, dada à sua extensiva utilização. (BARBOSA; SEIXAS, 2013, p.57) A primeira revista brasileira a criar um aplicativo para Ipad foi a Época, antes mesmo deste tipo de dispositivo chegar oficialmente ao mercado nacional. “De acordo com a Editora Globo, o pioneirismo da Época serviu mais para atrair atenção do mercado publicitário e do ponto de vista do marketing” (CUNHA, 2011, p. 55). Um dos fatores que favoreceu ao crescimento do mercado de revistas para tablets é a possibilidade deste dispositivo em acessar conteúdo por meio de aplicativos (apps). Assim, Cunha (2011) frisa que: A tendência é de cada vez mais os usuários passem a instalar aplicativos e evitem digitar endereços na barra do browser. Isso tem ocorrido com as revistas que passaram a criar aplicativos para acessar tanto o conteúdo de sua página na internet – de forma personalizada e adaptada para o dispositivo – quanto para disponibilizar edições avulsas, que são vendidas nas bancas e, a partir de agora, disponibilizadas para o formato digital (CUNHA, 2011, p.55). 7 GFK. Número de tablets vendidos no Brasil cresce mais de 200% em 2013. 2013. Disponível em: <http://www.gfk.com/br/news-and-events/press-room/press-releases/Paginas/NUMERO-DE-TABLETS- VENDIDOS-NO-BRASIL-CRESCE-MAIS-DE-200-EM-2013.aspx>. Acesso em: 9 jul. 2014.
  • 38. 36 Esta difusão e o crescimento do uso de revistas em aplicativos irromperam um desafio para as empresas jornalísticas em relação a um novo perfil nas redações de hoje, com profissionais capazes não só de escrever notícias, mas também produzir códigos, programando aplicativos para tablets (CUNHA, 2011). Segundo Giorno (2012), esta realidade ainda é uma dificuldade a ser enfrentada nas redações do “mundo afora”. Para ele, elas precisam “compreender que os tablets inauguraram mudanças fundamentais no mundo editorial; foi criada uma nova indústria e uma nova redação dentro de grandes empresas de comunicação” (GIORNO, 2012, p.74). De acordo com Canavilhas (2012), a chegada desses novos dispositivos deu as empresas de comunicação “a oportunidade de lançar novos formatos jornalísticos mais apelativos e adaptados a utilizadores cada vez mais exigentes” (CANAVILHAS, 2012, p.7). Mas, por ser uma plataforma nova, pesquisadores e jornalistas tentam descobrir a maneira de produzir conteúdo jornalístico para tablets. Pedro Dória, editor executivo de Plataformas Digitais do jornal O Globo, afirmou numa reportagem do canal Globo News que ainda é difícil saber com exatidão como fazer jornalismo para tablet. Segundo ele, o tablet é multimídia como a web e profundo como o papel. “Mas não é tão trivial assim. Tem as vantagens do digital, mas se comporta como papel. O próprio uso das pessoas está nos dizendo isso. mas tablet não é papel. Demoramos dez, 15 anos para aprender a fazer jornalismo na web. Daqui a dez anos, saberei como responder à pergunta sobre como fazer jornalismo para tablets”. (BARBOSA; SEIXAS, 2013, p.63) Com o surgimento da internet e das novas tecnologias de comunicação, as práticas de leitura também vem sofrendo constantes modificações. Agner et all (2012) contata que, com isso, as empresas de comunicação veem a necessidade de se inserir em um mercado marcado pelo crescimento de pessoas que preferem consumir notícias pelo computador ao invés das matérias impressas. “A internet e as mídias sociais estão mudando o conceito e processo de coleta e disseminação de conteúdo, e colocando em risco o tradicional modelo de negócios do jornalismo impresso” (AGNER et all, 2012, p.3).
  • 39. 37 3.5 As Potencialidades dos Tablets nas Publicações Jornalísticas Apesar de estar num suporte diferente, Paulino (2013) aponta que as revistas digitais para tablets mesclam características com a mídia impressa. Dentre elas a autora destaca: periodicidade, segmentação, portabilidade e identidade gráfica. Em relação à periodicidade, ela afirma que a revista digital não requer atualização contínua. Desta forma, assim como na versão impressa, a publicação digital também pode ser bimestral, mensal, quinzenal ou semanal. “O fato da revista digital não ter atualização dinâmica das notícias faz com que a apuração e o aprofundamento de uma informação ou notícia sejam favorecidos” (PAULINO, 2013, p.20). As revistas digitais também mantém a característica da portabilidade, porque o tablet, assim como a revista impressa, é fácil de manusear e carregar. Além do mais, o aplicativo da revista é capaz de simular o folhear da publicação impressa. Em relação à identidade gráfica, Paulino (2013) salienta que: Cada revista tem sua identidade gráfica, a qual é formada por logos, capas e outros elementos gráficos e editoriais, tais como tipográfica, cores, diagramação, fotos e ilustrações. Os tablets mantêm toda identidade gráfica do meio impresso e ainda agregam outras mídias ao documento (PAULINO, 2013, p.20). Souza (2013) traz duas potencialidades na composição do dispositivo que interferem na leitura das publicações jornalísticas: a tactabilidade e o uso de sensores internos. Ele considera que: [...] o principal diferencial na utilização do iPad como dispositivos de leitura é a presença da tela táctil e dos sensores, como acelerômetro e giroscópio. Independente da interface dos aplicativos, esses dois elementos oferecem uma alteração na relação com o usuário durante o consumo. Assim, quanto maior e mais variado for o uso destas tecnologias mais adaptada a publicação estará ao dispositivo (SOUZA, 2013, p.145). A tactabilidade está ligada à interface de interação pertencente aos tablets, que é o touchscreen. A figura a seguir apresenta os gestos tácteis mais comuns para se interagir com um tablet.
  • 40. 38 Figura 06 - Possibilidades de toque na tela de tablets para navegação de conteúdo Fonte: (DUALPIXEL, 2012 apud PAULINO, 2013, p.22) Em relação ao manuseio, Paulino (2013) afirma que o toque na tela é umas das características dos tablets que mais os aproximam à mídia impressa, já que o ato de folhear uma revista é muito parecido em ambos os suportes. Ela afirma ainda que “com o toque na tela, o leitor pode interagir com os recursos disponíveis para apresentar um elemento editorial, fotos, gráficos e animações” (PAULINO, 2013, p.24). O uso dos sensores internos se dá principalmente pelas ações relativas à movimentação do aparelho, que, no caso da maioria das revistas digitais, é capaz de disponibilizar a visualização de conteúdo tanto no formato horizontal quanto vertical (ver Figura 7). Figura 07 - Visualização dupla das revistas no formato digital para tablets Disponível em < http://goo.gl/z6yLgf> Acesso em: 11 jul. 2014
  • 41. 39 Todas essas potencialidades do dispositivo favorecem uma nova experiência na leitura de publicações jornalísticas, porque a narrativa neste ambiente também é diferente. Para Horie e Pluvinage, (2011 apud PAULINO, 2013), um dos maiores diferenciais que a revista para tablets fornece ao leitor em contradição a revista tradicional é essa narrativa. “Diferente por ter uma linguagem nova, que reúne o que há de melhor na mídia impressa com a mídia digital: conteúdo segmentado, personalizado, portátil, com recursos multimídia, interativo e hipertextuais” (HORIE; PLUVINAGE, 2011 apud PAULINO, 2013, p.18). Com essa afirmação, pode-se perceber que este diferencial está em algumas características já conhecidas do webjornalismo. Em sua Tese de doutorado, Souza (2013) propõe uma definição de revistas digitais. Depois de estudar as características das publicações para tablets, ele propôs que as revistas digitais são as publicações que mantém as propriedades da revista, além de algumas das características do webjornalismo. Uns dos principais pesquisadores da área, João Canavilhas e Santana (2011) afirmam que essa tendência da revista digital para tablets se apropriar das mesmas potencialidades do webjornalismo se dá pelo fato “dessa forma de jornalismo também ter como suporte a internet, existindo, por isso, muitas semelhanças” (CANAVILHAS; SANTANA, 2011, p.55). Souza (2013) reforça esta ideia, afirmando que as características do webjornalismo também servem de parâmetro para as publicações jornalísticas em ambiente digital. O acesso às informações em revistas digitais se dá através do ciberespaço - seja em aplicativos projetados para consumo de conteúdo online ou offline. Assim, o webjornalismo replica-se e reflete-se também na construção de conteúdo informativo para tablets (SOUZA, 2013, p.106). Porém, nem todas as características do webjornalismo (CANAVILHAS, 2007; PALACIOS, 2003; MIELNICZUK, 2003 e MOHERDAUI, 2007) identificadas no início deste capítulo podem ser aplicadas às revistas digitais. Paulino (2013) destaca apenas a leitura multimídia (multimidialidade), interatividade e o hipertexto como as principais características das revistas digitais para tablets. Souza (2013) atenta-se ainda para questão da memória.
  • 42. 40 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Delimitar os procedimentos metodológicos utilizados para realização da pesquisa é de suma importância para qualquer trabalho científico. Por isso, este capítulo explica o andamento desta monografia para que os objetivos traçados fossem alcançados. Vale ressaltar que o trabalho foi formatado a partir da NBR 14724 de 2005 e NBR 10520/6023 de 2002. Em relação à escolha do tema, Marconi e Lakatos (2006) afirmam que se deve eleger um assunto de interesse as inclinações, possibilidades, aptidões e tendências do pesquisador. Neste caso, houve um interesse particular em estudar o jornalismo para tablets. A escolha do tema deu-se também pela crescente utilização destes dispositivos como suportes de leitura e produção de conteúdo jornalístico. O tablet é um dispositivo novo, lançado em 2010, por isso, são poucos os estudos e publicações científicas que envolvam a temática. Posteriormente, foi necessário escolher o veículo de comunicação a ser analisado. Eleger a Superinteressante como objeto de estudo desta monografia deu-se pelo interesse pessoal na temática da revista. A Superinteressante é uma revista que vem sendo premiada por seu conteúdo, diagramação, projeto gráfico, além da utilização de ilustrações e infográficos inovadores. Vendida nos tablets desde 25 de março de 2011, a editora Abril anunciou a chegada da Super nesta plataforma, prometendo uma experiência nova aos leitores: Com recursos nunca antes vistos, infográficos inéditos e muito mais interatividade. (...) As páginas são adaptadas para o formato vertical e horizontal, possibilitando uma melhor navegação por parte dos usuários. Um índice multimídia indicará, na página, todos os recursos disponíveis: vídeos, fotos, interatividade e os anúncios. Além disso, durante a leitura, por meio de um menu inferior, será possível acessar qualquer página da edição8 . A revista promete em sua versão digital, além de todo conteúdo da edição impressa, acesso a extras como jogos e vídeos9 . A partir daí surgiu o seguinte problema: O conteúdo da versão para tablet da revista Superinteressante é uma transposição da revista impressa, ou explora as potencialidades que os dispositivos móveis oferecem, oriundas do webjornalismo? Para Marconi e Lakatos (2006), a colocação clara do problema facilita a construção da hipótese. Portanto, esta pesquisa parte da hipótese de que a Superinteressante, em sua versão 8 PUBLIABRIL. Novidade: SUPERINTERESSANTE chega ao iPad em março. 2011. Disponível em: <http://www.publiabril.com.br/noticias/488>. Acesso em: 4 jul. 2014. 9 SUPERINTERESSANTE. SUPERINTERESSANTE digital. Disponível em: <http://super.abril.com.br/ipad/>. Acesso em: 10 ago. 2014.
  • 43. 41 digital para tablets, explora as potencialidades oferecidas pelo dispositivo, oriundas do webjornalismo. Com o problema e hipótese definidos, partiu-se então para a demarcação dos objetivos da pesquisa. Como sua intenção é descobrir se a versão digital para tablets da Superinteressante é ou não uma transposição da impressa, o objetivo geral é comparar a forma em que o conteúdo é apresentado nas duas versões. Em relação aos objetivos específicos, esta pesquisa buscou:  Apresentar um breve histórico das revistas, mostrando a evolução do formato impresso para o digital.  Identificar e apresentar as possibilidades do jornalismo para dispositivos móveis.  Observar e analisar as características do webjornalismo na revista Superinteressante para tablet. Cada um destes objetivos é executado em uma parte desta monografia. Os dois primeiros estão desempenhados nos capítulos teóricos da pesquisa. O primeiro capítulo traz uma revisão bibliográfica do histórico das revistas no meio impresso. Os principais autores utilizados nesta fundamentação são: Scalzo (2008), Vilas Boas (1996), Cunha (2011), Nascimento (2002), Tavares (2011), Moraes, V. (2007) e Moraes, S., et all. (2008). No segundo capítulo buscou-se, primeiramente, apresentar as características do webjornalismo segundo Canavilhas (2007), Palacios (2003), Mielniczuk (2003) e Moherdaui (2007). Logo depois foi apresentado o contexto histórico das revistas no ambiente digital até sua chegada aos tablets. Os principais autores estudados são: Cunha (2011), Dourado (2012), Silva (2009) e Caperuto (2011). Posteriormente, foram expostas as características dos tablets e as possibilidades de produção jornalística, em especial as revistas, nesta plataforma. Por ser um assunto recente, nesta parte foram utilizados artigos científicos, teses e dissertações de vários autores. Na fundamentação teórica dos dois primeiros capítulos, utilizou-se a técnica da pesquisa bibliográfica. Marconi e Lakatos (2006) afirmam que a pesquisa bibliográfica “abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses material cartográfico [...]” (MARCONI, LAKATOS, 2006, p.71).
  • 44. 42 O passo seguinte foi a escolha do corpus de estudo e seleção da amostra. Foram escolhidas as edições 334, 335 e 336 da revista Superinteressante, equivalente aos meses de junho, julho e agosto de 2014, respectivamente. Ao limitar o corpus de análise para três edições seguidas, sendo estas também as últimas edições lançadas até o início da análise, é possível descobrir uma tendência atual da revista em relação ao uso das características do webjornalismo na versão digital para tablets. Segundo Marconi e Lakatos (2006), às vezes é impossível pesquisar todos os elementos do objeto que se deseja estudar, ou pela escassez de recursos ou por causa do tempo. “Nesse caso, utiliza-se o método da amostragem, que consiste em obter um juízo sobre o total (universo), mediante compilação e exame de apenas uma parte, a amostra, selecionada por procedimentos científicos” (MARCONI; LAKATOS, 2006, p.30). Portanto, a amostragem escolhida limitou-se a reportagem de capa de três edições da revista, por entender que esta recebe atenção especial dos editores em sua formulação. Figura 08 - Capa das edições 334, 335 e 336 da Superinteressante (esq à dir) Fonte: Superinteressante Digital (Captura de tela) A versão impressa da revista foi adquirida de forma física. A versão digital foi comprada no aplicativo da Superinteressante para tablets com Android. O modelo do tablet utilizado foi o Motorola Xoom 2, tela de 8.2 polegadas. Através do aplicativo é possível adquirir todas as edições digitais já lançadas até então. Depois que é feito o download, a revista fica sempre disponível para leitura.
  • 45. 43 Figura 09 - Aplicativo da Superinteressante para tablet com android aberto Fonte: App da Superinteressante (Captura de tela) Para a análise, primeiramente foi necessário descrever as reportagens de capa das três edições escolhidas, nos dois suportes, impresso e digital. Para tanto, houve a necessidade de escanear todas as páginas das reportagens nas versões impressas, e um print screen10 da tela do tablet nas reportagens da versão digital. Na descrição, já foi possível identificar as semelhanças e divergências no conteúdo das duas versões. Para analisar as características do webjornalismo nas reportagens da versão digital da revista Superinteressante foi necessário elencar as categorias de análise. Através de uma pesquisa bibliográfica, foi possível identificar as características do webjornalismo que também estão presentes nas revistas digitais para tablets, segundo Paulino (2013) e Souza (2013). Destas, escolheu-se então as que são analisadas nesta pesquisa: hipertextualidade, multimidialidade e interatividade. Para formulação e adaptação das categorias de análise do webjornalismo, comumente utilizadas em sites de notícias, para o contexto das revistas digitais para tablets, foram utilizadas as classificações dos seguintes autores: Barbosa e Mielniczuk (2011), Paul (2007) e Teixeira e Rinaldi (2009). As categorias de análise serão explicadas no próximo tópico deste capítulo. 10 Consiste em obter a captura da tela do dispositivo, no momento em que a ação é selecionada, e salvar a imagem no próprio.
  • 46. 44 Quanto ao tipo de pesquisa, este estudo se caracteriza como qualitativa. Neves (1996) considera que a pesquisa qualitativa “compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e decodificar os componentes de um sistema complexo de significados” (NEVES, 1996, p.1). A técnica utilizada foi a análise de conteúdo. Gil (2002) afirma que “o grande volume de material produzido pelos meios de comunicação e a necessidade de interpretá-lo determinou o aparecimento da análise de conteúdo. Essa técnica possibilita a descrição do conteúdo manifesto e latente das comunicações” (GIL, 2002, p.89). Seu desenvolvimento seguiu os passos descritos por Bardin (s/d apud Gil, 2002): A análise de conteúdo desenvolve-se em três fases. A primeira é a pré- análise, onde se procede à escolha dos documentos, à formulação de hipóteses e à preparação do material para análise. A segunda é a exploração do material, que envolve a escolha das unidades, a enumeração e a classificação. A terceira etapa, por fim, é constituída pelo tratamento, inferência e interpretação dos dados (BARDIN, S/D apud GIL 2002, p.89). A análise buscou identificar a presença ou não das características do webjornalismo nas reportagens da versão digital da Superinteressante e, se presente, os tipos e classificações de cada uma delas. Desta forma foi possível perceber uma tendência em relação ao tipo de hiperlinks (hipertextualidade), elementos multimídias (multimidialidade) e de que forma a interatividade é explorada na revista (interatividade). 4.1 Operadores de Análise das Características do Webjornalismo nos Tablets Como foi comentado no capítulo dois, nem todas as características do webjornalismo (CANAVILHAS, 2007; PALACIOS, 2003; MIELNICZUK, 2003 e MOHERDAUI, 2007) podem ser aplicadas às revistas digitais para tablets. Para analisar a apropriação das potencialidades do webjornalismo nos tablets, esta pesquisa leva em consideração apenas a multimidialidade, hipertextualidade e interatividade, defendidas por Souza (2013) e Paulino (2013).
  • 47. 45 Abaixo são detalhadas as categorias de análise de cada uma delas. Vale ressaltar que ainda é difícil encontrar um material específico para análise de revistas digitais. Portanto, muito do que é proposto são as utilizadas em páginas da web, aqui adaptadas ao contexto, características e limitações das revistas digitais para tablets. a) Hipertextualidade Em relação à hipertextualidade, procurou-se identificar o tipo de link usado na narrativa. Segundo Barbosa e Mielniczuk (2011), os links podem ser narrativos ou não narrativos. É narrativo aquele que direciona a um conteúdo que diz respeito à matéria jornalística. Elas classificam os links narrativos em outros dois tipos (aqui adaptados ao tablet): Links disjuntivos: O conteúdo aparece na página do tablet. A página permanece, muda-se apenas o conteúdo. Links conjuntivos: O conteúdo abre em uma janela sobre a página, ao estilo pop up. Outra classificação é proposta por Paul (2007), que considera o hiperlink como contexto nos elementos da narrativa digital. O link pode ser interno, quando é direcionado para algum conteúdo que está dentro da revista, ou externo, quando o conteúdo abre fora do aplicativo. Se esse link traz um conteúdo diferente do que está exposto, ele é suplementar, se não, é duplicativo. b) Multimidialidade Em relação à multimidialidade, procurou-se identificar a utilização dos recursos multimídia, como áudios, vídeos, infográficos multimídias e outros, além de analisar a utilidade destes elementos na reportagem. No caso dos elementos comuns a mídia impressa (fotos e infográficos), pretende-se identificar a maneira que este conteúdo é apresentado no ambiente digital. Neste caso, o ambiente favorece que o conteúdo que seria estático apareça de forma dinâmica. No caso especial aos infográficos, leva-se em conta como elemento desta característica apenas os considerados multimídias. Segundo Teixeira e Rinaldi (2009), infográficos
  • 48. 46 multimídia são aqueles que efetivamente fazem uma integração conjunta de texto, imagem, som e vídeo. c) Interatividade Em relação à interatividade, é observada a forma em que ela está inserida no contexto da revista digital, direcionando as possibilidades de interação do usuário com o seu conteúdo. Aplicado à web (aqui adaptado às revistas digitais), Paul (2007) propõe o elemento relacionamento, que é definido pela versatilidade. “Os elementos de relacionamento são aqueles que são conscientemente designados na produção da história pela pessoa que desenvolveu o conteúdo para dar ao usuário um certo tipo de experiência com o conteúdo” (PAUL, 2007, p.125). Desta forma o conteúdo pode ser aberto, quando é possível interagir com ele sem ficar limitado a ler/assistir/ouvir, ou fechado, quando é o contrário. Nos tablets, a interatividade está ligada também com a navegabilidade, onde as revistas utilizam ícones de navegação, como por exemplo, indicar onde deve ser feita a movimentação do dedo na tela, o uso do scroll11 (barra de rolagem), e indicadores de vídeos ou galerias interativas. No próximo capítulo é apresentada a análise da revista, com o fim de descobrir se a versão digital para tablets da Superinteressante é ou não uma transposição da impressa, além das características do webjornalismo na Superinteressante para tablet. 11 O scroll funciona quando há longos textos e, ao invés de dividir esse texto em páginas, opta-se por sua inserção em uma janela que pode revelar seu conteúdo oculto. Para tal, basta o usuário tocar na janela e “puxar” o conteúdo com o movimento dos dedos (GIORNO, 2012, p.119).
  • 49. 47 5 SUPERINTERESSANTE IMPRESSA VERSUS DIGITAL PARA TABLETS Na primeira parte deste capítulo será feita a descrição do corpus de análise. São descritas as reportagens de capa da versão impressa e digital das três edições da Superinteressante que estão sendo analisadas. A partir da descrição, são identificadas as diferenças e semelhanças das duas versões. Posteriormente, são apresentadas e analisadas as características do webjornalismo na versão digital. 5.1 Descrição da Estrutura das Reportagens nos Dois Suportes a) Edição 334 – Junho de 2014 Esta é uma edição especial da revista que traz todas as matérias e reportagens voltadas ao futebol e a Copa do Mundo. A capa tem como título: Milagre em campo, e sua reportagem principal “Milagre ou Truque?” aborda a história do neurocientista que inventou um exoesqueleto mecânico com o intuito de fazer um paralítico se levantar e andar durante a festa de abertura da Copa do Mundo de Futebol 2014. Na edição impressa da revista a reportagem está disposta em 10 páginas, apresentando, além do texto principal, 10 intertítulos, quatro ilustrações, dois olhos, dois quadros com boxes e um infográfico. Todas as imagens são ilustrações, não contendo nenhuma fotografia. As duas primeiras páginas da reportagem (ver Figura 10), quando abertas juntas, apresentam uma ilustração com legenda, o título da reportagem, seu subtítulo e o início do corpo do texto, além dos créditos, com o nome dos repórteres, ilustrador e design da diagramação.
  • 50. 48 Figura 10 - Duas primeiras páginas da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 334 A terceira página apresenta apenas o corpo do texto e um olho. A segunda ilustração só aparece na quarta página, cobrindo mais da metade vertical, além da legenda da imagem em seu canto inferior esquerdo (ver Figura 11). Figura 11 - Terceira e quarta página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 334 As duas páginas seguintes, quando abertas juntas apresentam um infográfico, que cobre o meio delas e todo inferior (ver Figura 12).
  • 51. 49 Figura 12 - Quinta e sexta página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 334 Abertas juntas, a sétima e oitava página apresenta uma ilustração no meio. Um quadro com quatro boxes cobre toda parte inferior da segunda (ver Figura 13). Figura 13 - Sétima e oitava página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 334 A penúltima página traz a continuação do texto em seu lado esquerdo e um quadro com três boxes e uma ilustração no lado direito. Já a última página apresenta apenas o final da reportagem e um olho, como mostra a Figura 14.
  • 52. 50 Figura 14 - Nona e décima página da reportagem “Milagre ou truque?” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 334 Na versão digital desta edição a reportagem está disposta em 14 páginas, apresentando a mesma quantidade de boxes, olhos, ilustrações e infográficos de sua versão impressa. As duas primeiras páginas, apesar de ter uma ilustração que começa na primeira e termina na segunda, não podem ser visualizadas juntas. A primeira página apresenta o título da reportagem, a ilustração, além dos créditos, com o nome dos repórteres, ilustrador e design da diagramação. Na segunda aparece a legenda da ilustração, subtítulo e início do corpo do texto. A terceira página traz a continuação do texto e um olho. A segunda ilustração só aparece na quinta página, cobrindo seu lado direito, com a continuação do texto na parte esquerda (ver Figura 15).
  • 53. 51 Figura 15 - Cinco primeiras páginas da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet Fonte: Superinteressante digital, edição 334 A sexta página apresenta um infográfico interativo. Enquanto que a sétima, oitava e nona trazem apenas a continuação do texto, com um olho nesta última. A ilustração volta a aparecer no lado esquerdo da décima página, acompanhada de um quadro com box interativo (ver Figura 16).
  • 54. 52 Figura 16 - Páginas 6, 7, 8, 9 e 10 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet Fonte: Superinteressante digital, edição 334 A décima primeira página traz a continuação do texto, e a décima segunda apresenta, além também da continuação do texto localizada em seu lado esquerdo, uma ilustração no canto inferior direito acompanhada de um quadro de box interativo (ver Figura 17).
  • 55. 53 Figura 17 - Páginas 11 e 12 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet Fonte: Superinteressante digital, edição 334 A décima terceira página continua o texto, apresentando um olho. A última página traz o final do texto e um hiperlink (ver Figura 18). Figura 18 - Páginas 13 e 14 da reportagem “Milagre ou truque?” no tablet Fonte: Superinteressante digital, edição 334
  • 56. 54 b) Edição 335 – Julho de 2014 Nesta edição, o título da reportagem de capa é: “A verdade sobre o glúten”. Na versão impressa, ela está disposta em 10 páginas, apresentando quatro intertítulos. As duas primeiras páginas, quando abertas juntas, apresentam uma ilustração, que mescla desenho gráfico e foto. O título, subtítulo e créditos estão na primeira página, enquanto a foto e sua respectiva legenda se dispõem na segunda página (ver Figura 19). Figura 19 - Primeira e segunda página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 335 A partir das páginas seguintes a revista segue um padrão: sempre que aberta juntas, elas apresentam uma ilustração, que cobre parcialmente a página que acompanha o texto, e outra completamente. A página que destina a ilustração apresenta também boxes informativos, além de legendas nas fotos, como mostram as Figuras 20, 21, 22 e 23.
  • 57. 55 Figura 20 - Terceira e quarta página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 335 Figura 21 - Quinta e sexta página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 335
  • 58. 56 Figura 22 - Sétima e oitava página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 335 Figura 23 - Nona e décima página da reportagem “A verdade sobre o glúten” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 335 Na versão digital para tablets, a reportagem está disposta em 13 páginas. O texto, quantidade de fotos e intertítulos são os mesmos da versão impressa. A primeira página apresenta o título da reportagem, subtítulo e créditos, além de metade da ilustração. A outra parte só aparece na segunda página, com uma foto e legenda (ver Figura 24).
  • 59. 57 Figura 24 - Primeira e segunda página da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet Fonte: Superinteressante digital, edição 335 O texto da reportagem inicia-se na terceira página. Na quarta, temos uma ilustração com legenda e boxes informativos na parte superior. O texto da reportagem continua na quinta e sexta página (ver Figura 25).
  • 60. 58 Figura 25 - Páginas 3, 4, 5 e 6 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet Fonte: Superinteressante digital, edição 335 Na sétima página temos mais uma ilustração com legenda, e um pequeno infográfico na parte superior. A oitava e nona página apresenta a continuação do texto (ver Figura 26).
  • 61. 59 Figura 26 - Páginas 7, 8 e 9 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet Fonte: Superinteressante digital, edição 335 Na décima página temos mais uma ilustração com legenda e um box na parte superior. A décima primeira página apresenta a continuação do texto (ver Figura 27).
  • 62. 60 Figura 27 - Páginas 10 e 11 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet Fonte: Superinteressante digital, edição 335 Na décima segunda página temos a última ilustração da reportagem, com legenda e um quadro com box na parte superior. A décima terceira página apresenta o texto com final da reportagem (ver Figura 28). Figura 28 - Páginas 12 e 13 da reportagem “A verdade sobre o glúten” no tablet Fonte: Superinteressante digital, edição 335
  • 63. 61 c) Edição 336 – Agosto de 2014 A reportagem de capa tem como título: “Verdades inconvenientes sobre astrologia”. Na versão impressa da revista, ela está disposta em 12 páginas, apresentando quatro intertítulos e quatro olhos. As duas primeiras páginas, quando abertas juntas, trazem uma ilustração que cobre quase todas elas. Sobre a ilustração, praticamente na primeira página, estão o título, o subtítulo e os créditos da reportagem. No canto direito da segunda página tem-se o início do corpo do texto (ver Figura 29). Figura 29 - Primeira e segunda página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 336 A partir de então, sempre que aberta juntas, as próximas páginas apresentam uma infografia ou ilustração com box na página da esquerda, e a continuação do texto da reportagem com um olho na página da direita. A terceira página apresenta um infográfico e na quarta a continuação do texto com um olho (ver Figura 30).
  • 64. 62 Figura 30 - Terceira e quarta página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 336 A quinta página apresenta em seu lado direito uma ilustração, o título e subtítulo para os boxes dispostos no lado esquerdo. Cada um deles equivale a um signo do zodíaco, apresentando, além de texto, uma ilustração. Na sexta página temos a continuação do texto e um olho (ver Figura 31). Figura 31 - Quinta e sexta página da reportagem “Verdades inconvenientes sobre astrologia” na versão impressa Fonte: Superinteressante, edição 336