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Thomas Struth / Museums
A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU



CÓDIGO DEONTOLÓGICO DO ICOM PARA MUSEUS

Aprovado em 1986, modificado em 2001e revisto em Outubro de 2004.
Estabelece normas mínimas para a prática profissional e actuação dos museus e seu
pessoal.
Ao aderir à organização, os membros do ICOM adoptam as provisões deste Código.

“Os museus têm o dever de adquirir, preservar e valorizar seus acervos, a fim de
contribuir para a salvaguarda do património natural, cultural e científico. Seus
acervos constituem património público significativo, ocupam posição legal
especial e são protegidos pelo direito internacional. A noção de gestão é inerente
a este dever público e implica zelar pela legitimidade da propriedade desses
acervos, por sua permanência, documentação, acessibilidade e pela
responsabilidade em casos de sua alienação, quando permitida” (artigo 2º)



                                                                               2
A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU




                             Estrutura organizada, dotada de recursos mínimos
                              (pessoal; etc.);

                             Inscrita orgânicamente no Museu (mesmo que de
                              forma informal)

                             Desenvolve acções dirigidas ao público, com
SERVIÇO                       objectivos educativos
EDUCATIVO
                             Cumpre a função museológica de educação;
≠ acção educativa pontual


                                                                                 3
A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU



                                     • Além de transmitir, interage com o
                                       visitante e constrói pensamento
                                       estético
                                     • Implica um trabalho subjectivo, gerido
                                       caso a caso (não tem um livro de
   • Transmite Informação              receitas / discurso formatado)
                                     • Décalage entre planificação e acção
                                       (margem para o imprevisto e
   Monitor                             improviso)
                                     • O critério de sucesso é a satisfação do
                                       público

                                     Educador / Mediador
Evolução da terminologia…

Referencial Europeu das Profissões Museais, ICTOP, 2008
Esquema Funcional (p. 17 + p. 29 e 30)
                                                                                 4
A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU




O que é uma política educativa?




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A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU


Definição
É uma ferramenta de gestão que:

• define objectivos que podem ser apresentados à Administração,
  Direcção e potenciais utilizadores;
• proporciona um contexto para a tomada de decisões;
• identifica prioridades que orientam a tomada de decisões,
• identifica as actividades a realizar;
• deve ser precisa para permitir uma avaliação

                                                                  6
A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU


O documento final deve incluir:

      a missão educativa do museu, na qual se esclarece o
       conceito de educação e o papel que esta desempenha no
       museu;
      a política educativa que define as intenções e identifica
       prioridades;
      estratégias educativas
      plano de acção educativa


                                                                   7
A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU


Aspectos a considerar na elaboração da política educativa
1. Audiência
2. Recursos/orçamento
3. Tipos de serviços a disponibilizar
4. Papéis e funções do Serviço Educativo;
5. Redes e parcerias exteriores
6. Formação
7. Marketing
8. Avaliação
                                                            8
A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU

“… o acto de avaliação é um acto de leitura de uma realidade observável, que se realiza com uma grelha
    predeterminada, e leva a procurar, no seio dessa realidade, os sinais que dão testemunho da presença dos traços
    desejados.” (Hadji, 2004: 31).

Cuidado: Tendemos a avaliar apenas aquilo que somos capazes de ver….

Exercício / Exemplo de Grelha 1 2
Elaboração de uma grelha de avaliação da qualidade de materiais de comunicação de serviços educativos de Museus
(Critérios e Indicadores de análise; campos de informação abertos; escala de apreciação numérica: 1 a 5 com a seguinte
      correspondência em termos qualitativos: Nível 1 – Muito Insuficiente; Nível 2 – Insuficiente; Nível 3 – Suficiente; Nível 4 –
      Bom; Nível 5 – Muito Bom)


Este processo permitirá reunir um conjunto de pistas para a elaboração de um produto institucional.

OBJECTIVO COMUM AOS DIFERENTES MATERIAIS:
Divulgar actividades com valência educativa e captar novos públicos


                      Critério (referente)                                              Indicador (referido)
                                                                •O que é constatável ou apreensível através do referente
  •Conjunto de normas ou critérios que servem de grelha
  de leitura do objecto a avaliar                               •Que índices, que características observáveis são escolhidas para
                                                                verificar o grau de alcance do critério?
  •Desempenha um papel instrumental na produção de
  um juízo de valor                                             •Aquilo que do objecto é registado através de grelhas de leitura
                                                                                                                              9
A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU


Referências Bibliográficas

FIGARI, G. (1996). Avaliar: que referencial? Porto: Porto Editora.
HADJI, C. (1994). Avaliação, regras do jogo. Das intenções aos
  instrumentos. Porto: Porto Editora.
HOOPER-GREENHILL, E. (Ed.) . (1994/1999). The Educational
  Role of the Museum. Londres: Routledge.
Para um aprofundamento do tema, ver a pasta “Mediação: acção
  educativa em Museus (Google docs)

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  • 1. Thomas Struth / Museums
  • 2. A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU CÓDIGO DEONTOLÓGICO DO ICOM PARA MUSEUS Aprovado em 1986, modificado em 2001e revisto em Outubro de 2004. Estabelece normas mínimas para a prática profissional e actuação dos museus e seu pessoal. Ao aderir à organização, os membros do ICOM adoptam as provisões deste Código. “Os museus têm o dever de adquirir, preservar e valorizar seus acervos, a fim de contribuir para a salvaguarda do património natural, cultural e científico. Seus acervos constituem património público significativo, ocupam posição legal especial e são protegidos pelo direito internacional. A noção de gestão é inerente a este dever público e implica zelar pela legitimidade da propriedade desses acervos, por sua permanência, documentação, acessibilidade e pela responsabilidade em casos de sua alienação, quando permitida” (artigo 2º) 2
  • 3. A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU  Estrutura organizada, dotada de recursos mínimos (pessoal; etc.);  Inscrita orgânicamente no Museu (mesmo que de forma informal)  Desenvolve acções dirigidas ao público, com SERVIÇO objectivos educativos EDUCATIVO  Cumpre a função museológica de educação; ≠ acção educativa pontual 3
  • 4. A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU • Além de transmitir, interage com o visitante e constrói pensamento estético • Implica um trabalho subjectivo, gerido caso a caso (não tem um livro de • Transmite Informação receitas / discurso formatado) • Décalage entre planificação e acção (margem para o imprevisto e Monitor improviso) • O critério de sucesso é a satisfação do público Educador / Mediador Evolução da terminologia… Referencial Europeu das Profissões Museais, ICTOP, 2008 Esquema Funcional (p. 17 + p. 29 e 30) 4
  • 5. A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU O que é uma política educativa? 5
  • 6. A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU Definição É uma ferramenta de gestão que: • define objectivos que podem ser apresentados à Administração, Direcção e potenciais utilizadores; • proporciona um contexto para a tomada de decisões; • identifica prioridades que orientam a tomada de decisões, • identifica as actividades a realizar; • deve ser precisa para permitir uma avaliação 6
  • 7. A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU O documento final deve incluir:  a missão educativa do museu, na qual se esclarece o conceito de educação e o papel que esta desempenha no museu;  a política educativa que define as intenções e identifica prioridades;  estratégias educativas  plano de acção educativa 7
  • 8. A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU Aspectos a considerar na elaboração da política educativa 1. Audiência 2. Recursos/orçamento 3. Tipos de serviços a disponibilizar 4. Papéis e funções do Serviço Educativo; 5. Redes e parcerias exteriores 6. Formação 7. Marketing 8. Avaliação 8
  • 9. A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU “… o acto de avaliação é um acto de leitura de uma realidade observável, que se realiza com uma grelha predeterminada, e leva a procurar, no seio dessa realidade, os sinais que dão testemunho da presença dos traços desejados.” (Hadji, 2004: 31). Cuidado: Tendemos a avaliar apenas aquilo que somos capazes de ver…. Exercício / Exemplo de Grelha 1 2 Elaboração de uma grelha de avaliação da qualidade de materiais de comunicação de serviços educativos de Museus (Critérios e Indicadores de análise; campos de informação abertos; escala de apreciação numérica: 1 a 5 com a seguinte correspondência em termos qualitativos: Nível 1 – Muito Insuficiente; Nível 2 – Insuficiente; Nível 3 – Suficiente; Nível 4 – Bom; Nível 5 – Muito Bom) Este processo permitirá reunir um conjunto de pistas para a elaboração de um produto institucional. OBJECTIVO COMUM AOS DIFERENTES MATERIAIS: Divulgar actividades com valência educativa e captar novos públicos Critério (referente) Indicador (referido) •O que é constatável ou apreensível através do referente •Conjunto de normas ou critérios que servem de grelha de leitura do objecto a avaliar •Que índices, que características observáveis são escolhidas para verificar o grau de alcance do critério? •Desempenha um papel instrumental na produção de um juízo de valor •Aquilo que do objecto é registado através de grelhas de leitura 9
  • 10. A MISSÃO EDUCATIVA DO MUSEU Referências Bibliográficas FIGARI, G. (1996). Avaliar: que referencial? Porto: Porto Editora. HADJI, C. (1994). Avaliação, regras do jogo. Das intenções aos instrumentos. Porto: Porto Editora. HOOPER-GREENHILL, E. (Ed.) . (1994/1999). The Educational Role of the Museum. Londres: Routledge. Para um aprofundamento do tema, ver a pasta “Mediação: acção educativa em Museus (Google docs) 10