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Manejo Ecológico de Pragas 
Tatiane Araújo Mourão	 
Em sentido amplo, podemos conceituar a agricultura como um conjunto de operações que transformam o solo natural para a obtenção de vegetais úteis ao homem. O que, por ser uma interferência humana direta, traz conseqüências, sejam elas benéficas (que dizem respeito exclusivo ao consumo humano, direto ou indireto) ou maléficas (modificações na paisagem natural). Essas, ao longo dos anos, vêm trazendo um atributo negativo à agricultura, apesar da sua grande importância para o crescimento de uma civilização. 
O homem, em busca de uma produção bem sucedida, experimenta técnicas variadas, tais como: adubos, irrigação artificial, seleção e cruzamento de vegetais, combate a pragas por meio de agroquímicos, entre outras. Essa prática está diretamente vinculada ao crescimento populacional com suas respectivas demandas (alimento, vestuário, construção, etc.). Entretanto, essas inovações manejadas incorretamente podem causar impactos irreversíveis à paisagem natural. 
Um dos problemas comuns na agricultura é a presença de pragas. Ou seja, a presença de insetos que podem causar danos variados às culturas. A conseqüência imediata disso é a redução da produção. O que pode acarretar, dependendo da espécie e/ou da densidade populacional da praga, prejuízos econômicos elevados. 
Em proporções mundiais, os transtornos causados pelas pragas são bastante elevados. De acordo com ANDEF (1987), o ataque de pragas é responsável pela perda anual de 13% da cultura do milho. Já no Brasil, segundo Bento (1999), por apresentar áreas de cultivo muito extensas, os prejuízos chegam a até 2,2 bilhões de dólares para suas principais culturas (soja, milho, café, etc.). 
Um recurso para amenizar os danos causados por esses insetos seria o controle biológico. Esse tipo de controle é nada mais que um fenômeno natural que regulariza o número de plantas e animais pela ação de seus próprios inimigos naturais (parasitas, patógenos e/ou predadores). No entanto, a interferência de práticas agrícolas inadequadas nesse processo natural faz com que decresça 
 Adaptação do artigo publicado pela autora na Embrapa Milho e Sorgo, Rod. MG 424 KM 65, 35701- 970 – Sete Lagoas, MG / Julho de 2004. 
	 Graduanda do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade FUMEC, dezembro/2004.
consideravelmente o número desses inimigos naturais. O que gera, portanto, o desequilibro de uma micro-fauna local. 
O controle de pragas surgiu em cerca de 2.500 anos a.C., com o uso do enxofre. Desde então, o homem tem desenvolvido variadas técnicas para combater a disseminação desses insetos. Atualmente algumas delas têm demonstrado eficiência. Podemos citar : 
Métodos Culturais: baseiam-se na utilização dos conhecimentos ecológicos e biológicos das pragas empregando práticas culturais. Os mais comuns são: a rotação de culturas, a aração do solo, a época de plantio e colheita, a poda, a adubação e irrigação, o plantio direto e outros sistemas de cultivos. 
Métodos Legislativos: baseia-se em leis e portarias federais ou estaduais, distribuindo-se em inúmeras modalidades. 
Métodos Mecânicos: são utilizados em casos específicos, por exemplo, em cortes de lagartas em fumo e mandioca com besouros. 
Método de Resistência de Planta: a grosso modo, é o emprego de plantas resistentes a insetos-pragas sem causar prejuízos ao meio ambiente e sem ônus adicional ao agricultor. 
Método Químico: os agroquímicos são produtos químicos que agem diretamente sobre as culturas agrícolas. Os pesticidas mais comuns são os inseticidas (controle de insetos), os fungicidas (controle de fungos), e os herbicidas (controle de plantas daninhas). 
Método Biológico: é o controle de pragas através de inimigos naturais, que se dividem em: 
1- Entomopatógenos: são organismos causadores de doenças em seus hospedeiros. Esses organismos são vírus, fungos, bactérias, nematóides, protozoários, etc. O emprego dos patógenos no controle biológico de pragas é bastante eficiente; porém, é preciso que uma pesquisa preceda seu uso, uma vez que há a hipótese de adaptação de um inseto a uma doença, o que pode trazer sérias conseqüências ao meio ambiente. Alguns dos patógenos empregados no controle biológico são o granulovírus, o Bt e a beauveria; 
2- Parasitóides: são organismos que se desenvolvem no interior de outros corpos (hospedeiros). Seu uso em várias culturas é hoje uma realidade. Um exemplo é o Trichogramma, inseto que parasita os ovos da lagarta-do- cartucho, praga comum em plantações de milho; 
3- Predadores: são organismos que comem ou sugam sua presa. Possuem um tamanho relativamente grande se comparado ao seu hospedeiro (presa). A Chrysoperla é um exemplo de predador bastante eficaz para o manejo da cultura de milho.
O Manejo Integrado de Pragas busca soluções para combater os insetos-pragas reduzindo substancialmente o uso de pesticidas. Dessa maneira, podemos restabelecer a cultura com o mínimo de impactos à natureza. 
Já o Manejo Ecológico de Pragas é caracterizado pela ação pró ativa do homem em relação à espécie-praga, ou seja, é o manejo que previne a explosão populacional de espécies-chave no agroecossistema, aproveitando o máximo da biodiversidade (controle biológico) com a tecnologia, usando o manejo de pragas em sítio específico (agricultura de precisão). 
A principal estratégia é trabalhar a conscientização da cadeia produtiva, isto é, o produtor rural levando em consideração o consumidor sem se esquecer das empresas produtoras de agroquímicos. Hoje a tendência mundial é manejar qualquer praga minimizando a quantidade de componentes químicos sem agredir o meio ambiente.

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  • 1. Manejo Ecológico de Pragas Tatiane Araújo Mourão Em sentido amplo, podemos conceituar a agricultura como um conjunto de operações que transformam o solo natural para a obtenção de vegetais úteis ao homem. O que, por ser uma interferência humana direta, traz conseqüências, sejam elas benéficas (que dizem respeito exclusivo ao consumo humano, direto ou indireto) ou maléficas (modificações na paisagem natural). Essas, ao longo dos anos, vêm trazendo um atributo negativo à agricultura, apesar da sua grande importância para o crescimento de uma civilização. O homem, em busca de uma produção bem sucedida, experimenta técnicas variadas, tais como: adubos, irrigação artificial, seleção e cruzamento de vegetais, combate a pragas por meio de agroquímicos, entre outras. Essa prática está diretamente vinculada ao crescimento populacional com suas respectivas demandas (alimento, vestuário, construção, etc.). Entretanto, essas inovações manejadas incorretamente podem causar impactos irreversíveis à paisagem natural. Um dos problemas comuns na agricultura é a presença de pragas. Ou seja, a presença de insetos que podem causar danos variados às culturas. A conseqüência imediata disso é a redução da produção. O que pode acarretar, dependendo da espécie e/ou da densidade populacional da praga, prejuízos econômicos elevados. Em proporções mundiais, os transtornos causados pelas pragas são bastante elevados. De acordo com ANDEF (1987), o ataque de pragas é responsável pela perda anual de 13% da cultura do milho. Já no Brasil, segundo Bento (1999), por apresentar áreas de cultivo muito extensas, os prejuízos chegam a até 2,2 bilhões de dólares para suas principais culturas (soja, milho, café, etc.). Um recurso para amenizar os danos causados por esses insetos seria o controle biológico. Esse tipo de controle é nada mais que um fenômeno natural que regulariza o número de plantas e animais pela ação de seus próprios inimigos naturais (parasitas, patógenos e/ou predadores). No entanto, a interferência de práticas agrícolas inadequadas nesse processo natural faz com que decresça  Adaptação do artigo publicado pela autora na Embrapa Milho e Sorgo, Rod. MG 424 KM 65, 35701- 970 – Sete Lagoas, MG / Julho de 2004. Graduanda do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade FUMEC, dezembro/2004.
  • 2. consideravelmente o número desses inimigos naturais. O que gera, portanto, o desequilibro de uma micro-fauna local. O controle de pragas surgiu em cerca de 2.500 anos a.C., com o uso do enxofre. Desde então, o homem tem desenvolvido variadas técnicas para combater a disseminação desses insetos. Atualmente algumas delas têm demonstrado eficiência. Podemos citar : Métodos Culturais: baseiam-se na utilização dos conhecimentos ecológicos e biológicos das pragas empregando práticas culturais. Os mais comuns são: a rotação de culturas, a aração do solo, a época de plantio e colheita, a poda, a adubação e irrigação, o plantio direto e outros sistemas de cultivos. Métodos Legislativos: baseia-se em leis e portarias federais ou estaduais, distribuindo-se em inúmeras modalidades. Métodos Mecânicos: são utilizados em casos específicos, por exemplo, em cortes de lagartas em fumo e mandioca com besouros. Método de Resistência de Planta: a grosso modo, é o emprego de plantas resistentes a insetos-pragas sem causar prejuízos ao meio ambiente e sem ônus adicional ao agricultor. Método Químico: os agroquímicos são produtos químicos que agem diretamente sobre as culturas agrícolas. Os pesticidas mais comuns são os inseticidas (controle de insetos), os fungicidas (controle de fungos), e os herbicidas (controle de plantas daninhas). Método Biológico: é o controle de pragas através de inimigos naturais, que se dividem em: 1- Entomopatógenos: são organismos causadores de doenças em seus hospedeiros. Esses organismos são vírus, fungos, bactérias, nematóides, protozoários, etc. O emprego dos patógenos no controle biológico de pragas é bastante eficiente; porém, é preciso que uma pesquisa preceda seu uso, uma vez que há a hipótese de adaptação de um inseto a uma doença, o que pode trazer sérias conseqüências ao meio ambiente. Alguns dos patógenos empregados no controle biológico são o granulovírus, o Bt e a beauveria; 2- Parasitóides: são organismos que se desenvolvem no interior de outros corpos (hospedeiros). Seu uso em várias culturas é hoje uma realidade. Um exemplo é o Trichogramma, inseto que parasita os ovos da lagarta-do- cartucho, praga comum em plantações de milho; 3- Predadores: são organismos que comem ou sugam sua presa. Possuem um tamanho relativamente grande se comparado ao seu hospedeiro (presa). A Chrysoperla é um exemplo de predador bastante eficaz para o manejo da cultura de milho.
  • 3. O Manejo Integrado de Pragas busca soluções para combater os insetos-pragas reduzindo substancialmente o uso de pesticidas. Dessa maneira, podemos restabelecer a cultura com o mínimo de impactos à natureza. Já o Manejo Ecológico de Pragas é caracterizado pela ação pró ativa do homem em relação à espécie-praga, ou seja, é o manejo que previne a explosão populacional de espécies-chave no agroecossistema, aproveitando o máximo da biodiversidade (controle biológico) com a tecnologia, usando o manejo de pragas em sítio específico (agricultura de precisão). A principal estratégia é trabalhar a conscientização da cadeia produtiva, isto é, o produtor rural levando em consideração o consumidor sem se esquecer das empresas produtoras de agroquímicos. Hoje a tendência mundial é manejar qualquer praga minimizando a quantidade de componentes químicos sem agredir o meio ambiente.