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Transdução do som para
outros meios
Proposta pedagógica musical para surdos
A partir do trabalho de Christine Sun Kim
Por Lucca Totti e Matias Zibecchi
Christine Sun Kim é uma artista americana, radicada em Berlin. Nascida surda, seu trabalho investiga o uso do som na
sociedade através de diversas mídias, como desenho, vídeo e performance. Para isso, explora recorrentemente a
relação entre notação musical, língua escrita, e língua de sinais, assim como a transdução (transformação de um tipo de
energia para outro) do som para outros meios e sentidos.
É nessa última área de sua prática que a proposta pedagógica aqui apresentada vai se basear.
“Eu nasci surda, e fui ensinada a
acreditar que o som não era
parte da minha vida. Percebo
agora que isso não é verdade de
modo algum”.
“O som não precisa ser algo
experienciado apenas através dos
ouvidos – pode ser sentido através do
tato, da visão, ou até como uma ideia.
Não é algo exclusivo aos ouvintes.
Então decidi reivindicar o som, e o
inseri na minha prática artística”.
A artista
Desenhos de Sun Kim, explorando sua relação com o som
Tradução do inglês:
Estúdio para um compositor trabalhar
Tradução: âmbito audível do som
capital social
transmissão pelo ar
som torna-se imperceptível em 20 vibrações por segundo mas o ouvido pega ritmos
cérebro torna-se vegetal
frequências super graves disfarçadas de silêncio se mexendo
disparando objetos para emitirem som
fantasma
A proposta
A proposta é baseada no seguinte vídeo, que documenta a prática performática da artista:
https://www.youtube.com/watch?v=mqJA0SZm9zI
A proposta concerne em, a partir da experiência de Christine, oferecer uma prática artística interdisciplinar que
parta do som em direção à imagem. Se há a dificuldade ou incapacidade de escutar o som, porque não traduzir
ele para outros sentidos para que possamos "enxergar o som"? É uma atividade inclusiva, que pode reunir
tanto surdos como ouvintes, e pode ser realizada para quem se interessa tanto por música quanto por artes
visuais. Nós, como estudantes de música, sugerimos essa atividade dentro do contexto pedagógico na área de
artes.
O objeto é pensar atividades que permitam ao surdo um contato mais direto e concreto com o som, ao invés
de como um conceito abstrato. Assim, como fala Sun Kim, o surdo pode se apropriar do som e agir ativamente
sobre ele, ao invés de ser excluído totalmente desse âmbito. Essa proposta pode ainda permitir uma série de
atividades musicais como tocar instrumentos e compor, que são habituais para o ouvinte mas que não devem
ser limitadas a esses.
Além disso, essa proposta pode ser de interesse também às pessoas ouvintes, já que gera uma situação sonora
além da que estão acostumados, estimulando também outras relações com o som.
- Gravação de campo: a artista grava ambientes em que se encontra,
registrando sua paisagem sonora.
- Essa gravação é reproduzida em alto-falantes com objetos dispostos sobre
eles, reagindo aos sons gravados. Assim, a pessoa surda passa a poder se
relacionar com a sua paisagem sonora.
- Através de uma mesa de som, a artista pode modificar o som da gravação,
aumentando ou diminuindo sua intensidade, enfatizando ou atenuando
frequências em particular, ou distribuindo a gravação por alguns dos alto-
falantes. Assim, a pessoa surda pode experimentar diferentes efeitos
sonoros, explorando o resultado de enfatizar as frequências graves, aumentar
o volume, etc. Através desses efeitos, essa pessoa se coloca em posição de
criação com o som, e não apenas de tentar entende-lo através de alguma
abstração distante.
Pequeno diagrama desse sistema:
- Alto-falante com barbantes: os barbantes se movimentam de
acordo com o som, gerando outra forma de visualização do som.
- Além de reproduzir sons gravados, o uso de um microfone permite
a execução de sons ao vivo para serem transformados. Assim como
a mesa de som, a pessoa surda passa a poder se relacionar com o
som no âmbito da criação e da performance.
- Assim como no outro sistema, podem ser colocados objetos
sobre os alto-falantes, adicionando mais um elemento que
reage ao som.
Pequeno diagrama desse sistema:
- São colocados pincéis, lápis ou pequenas tachinhas com tinta sobre
telas posicionadas nos alto-falantes. As vibrações do som movimentam
esse objeto, o que gera um resultado visual na tela.
- Mais uma abordagem para o som a ser traduzido: o uso de
instrumentos. Novamente, esse aspecto abre novas relações para a
pessoa surda, que passa a entender os instrumentos através da
exploração sonoro-visual, e não apenas como um objeto com o qual
ela não pode interagir.
Pequeno diagrama desse sistema:
“Talvez as pessoas entendam que não é preciso ser surdo para aprender a
linguagem de sinais; e que não é preciso ser ouvinte para aprender música”.
“ARTE SONORA”

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Lucca Totti e Matias Zibecchi - Proposta Pedagógica Musical para Surdos

  • 1. Transdução do som para outros meios Proposta pedagógica musical para surdos A partir do trabalho de Christine Sun Kim Por Lucca Totti e Matias Zibecchi
  • 2. Christine Sun Kim é uma artista americana, radicada em Berlin. Nascida surda, seu trabalho investiga o uso do som na sociedade através de diversas mídias, como desenho, vídeo e performance. Para isso, explora recorrentemente a relação entre notação musical, língua escrita, e língua de sinais, assim como a transdução (transformação de um tipo de energia para outro) do som para outros meios e sentidos. É nessa última área de sua prática que a proposta pedagógica aqui apresentada vai se basear. “Eu nasci surda, e fui ensinada a acreditar que o som não era parte da minha vida. Percebo agora que isso não é verdade de modo algum”. “O som não precisa ser algo experienciado apenas através dos ouvidos – pode ser sentido através do tato, da visão, ou até como uma ideia. Não é algo exclusivo aos ouvintes. Então decidi reivindicar o som, e o inseri na minha prática artística”. A artista
  • 3. Desenhos de Sun Kim, explorando sua relação com o som Tradução do inglês: Estúdio para um compositor trabalhar Tradução: âmbito audível do som capital social transmissão pelo ar som torna-se imperceptível em 20 vibrações por segundo mas o ouvido pega ritmos cérebro torna-se vegetal frequências super graves disfarçadas de silêncio se mexendo disparando objetos para emitirem som fantasma
  • 4. A proposta A proposta é baseada no seguinte vídeo, que documenta a prática performática da artista: https://www.youtube.com/watch?v=mqJA0SZm9zI A proposta concerne em, a partir da experiência de Christine, oferecer uma prática artística interdisciplinar que parta do som em direção à imagem. Se há a dificuldade ou incapacidade de escutar o som, porque não traduzir ele para outros sentidos para que possamos "enxergar o som"? É uma atividade inclusiva, que pode reunir tanto surdos como ouvintes, e pode ser realizada para quem se interessa tanto por música quanto por artes visuais. Nós, como estudantes de música, sugerimos essa atividade dentro do contexto pedagógico na área de artes. O objeto é pensar atividades que permitam ao surdo um contato mais direto e concreto com o som, ao invés de como um conceito abstrato. Assim, como fala Sun Kim, o surdo pode se apropriar do som e agir ativamente sobre ele, ao invés de ser excluído totalmente desse âmbito. Essa proposta pode ainda permitir uma série de atividades musicais como tocar instrumentos e compor, que são habituais para o ouvinte mas que não devem ser limitadas a esses. Além disso, essa proposta pode ser de interesse também às pessoas ouvintes, já que gera uma situação sonora além da que estão acostumados, estimulando também outras relações com o som.
  • 5. - Gravação de campo: a artista grava ambientes em que se encontra, registrando sua paisagem sonora. - Essa gravação é reproduzida em alto-falantes com objetos dispostos sobre eles, reagindo aos sons gravados. Assim, a pessoa surda passa a poder se relacionar com a sua paisagem sonora. - Através de uma mesa de som, a artista pode modificar o som da gravação, aumentando ou diminuindo sua intensidade, enfatizando ou atenuando frequências em particular, ou distribuindo a gravação por alguns dos alto- falantes. Assim, a pessoa surda pode experimentar diferentes efeitos sonoros, explorando o resultado de enfatizar as frequências graves, aumentar o volume, etc. Através desses efeitos, essa pessoa se coloca em posição de criação com o som, e não apenas de tentar entende-lo através de alguma abstração distante.
  • 7. - Alto-falante com barbantes: os barbantes se movimentam de acordo com o som, gerando outra forma de visualização do som. - Além de reproduzir sons gravados, o uso de um microfone permite a execução de sons ao vivo para serem transformados. Assim como a mesa de som, a pessoa surda passa a poder se relacionar com o som no âmbito da criação e da performance. - Assim como no outro sistema, podem ser colocados objetos sobre os alto-falantes, adicionando mais um elemento que reage ao som.
  • 9. - São colocados pincéis, lápis ou pequenas tachinhas com tinta sobre telas posicionadas nos alto-falantes. As vibrações do som movimentam esse objeto, o que gera um resultado visual na tela. - Mais uma abordagem para o som a ser traduzido: o uso de instrumentos. Novamente, esse aspecto abre novas relações para a pessoa surda, que passa a entender os instrumentos através da exploração sonoro-visual, e não apenas como um objeto com o qual ela não pode interagir.
  • 11. “Talvez as pessoas entendam que não é preciso ser surdo para aprender a linguagem de sinais; e que não é preciso ser ouvinte para aprender música”. “ARTE SONORA”