O documento resume a lição 02 sobre o profeta Oseias. Apresenta informações sobre o profeta e seu ministério, o contexto de Israel na época, a mensagem de Deus através de Oseias usando seu casamento como metáfora, e a promessa de restauração de Israel apesar de seu pecado. A lição também destaca ensinamentos aplicáveis à Igreja de hoje.
Lição 02 oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
1. Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
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LIÇÃO 02 – OSEIAS – A FIDELIDADE NO RELACIONAMENTO COM DEUS
INTRODUÇÃO
O profeta Oseias é o primeiro dos doze profetas que estaremos estudando durante este trimestre. Nesta lição,
destacaremos importantes informações sobre o profeta, seu livro, o contexto em que foi levantado para profetizar, seus
contemporâneos. Veremos ainda que Deus utilizou-se de um fato real, o casamento e a traição sofrida pelo profeta Oseias
por parte de sua esposa Gomer, para ilustrar a aliança e a infidelidade de Israel para com Ele; e que, apesar do cativeiro
que sofreria como punição, seriam restaurados por causa do grande amor divino. Por fim, pontuaremos ensinamentos que
servem também para a Igreja de Cristo.
I – INFORMAÇÕES SOBRE O PROFETA OSEIAS
1.1 Nome. O nome Oseias, do hebraico Hoshea significa “salvação”. Seu nome revela o propósito de Deus em levantá-lo
como profeta, que é o de proporcionar salvação ou livramento a Israel (10 tribos do Norte), se ouvissem a voz divina e se
arrependessem de suas más obras (Os 6.1-3). Não se tem muitas informações acerca da genealogia deste profeta, a não
ser aquilo que o próprio livro nos revela que ele era filho de Beeri (Os 1.1).
1.2 Livro. Seu livro encabeça a lista dos profetas Menores. Ele contém 14 capítulos e está dividido em duas partes
principais. A primeira trata-se da biografia do profeta que retrata a história de seu povo, na sua geração (Os 1-3). A segunda
parte trata do mesmo assunto de maneira mais ampla e detalhada. Ele é considerado “o livro do amor de Jeová” e contém
profecias sobre a restauração de Israel, no fim dos tempos. Ele é citado por nome no Novo Testamento em (Rm 9.25,26) e o
livro em outras partes, como a profecia messiânica (Os 11.1; Mt 2.15) e também uma frase que tornou-se adágio popular
(Os 8.7).
1.3 Período que profetizou. Segundo alguns estudiosos seu ministério durou cerca de 40 anos. Isso parece ser confirmado
pelo próprio texto sagrado (Os 1.1), pois, a soma dos anos desses quatro reis de Judá citados nessa passagem bíblica são
de aproximadamente 113 anos, e Jeroboão II que reinou 40 anos, em Israel (II Rs 14.23) entre (793-753 a.C). Portanto, se
Oseias começou seu ministério no final do reinado de Uzias e alcançou os primeiros anos de Ezequias, fica claro que que
ele exerceu seu ministério por um tempo prolongado.
1.4 Contemporâneos. O profeta Oseias viveu na mesma época que os profetas Amós (Am 1.1), Miqueias (Mq 1.1) e Isaías
(Is 1.1). Eles formaram o quarteto do período áureo da profecia hebraica, entre (790 e 695 a.C). Oseias e Amós eram
profetas do Reino do Norte (Israel-Samaria), enquanto Miqueias e Isaías exerceram seu ministério no Reino do Sul (Judá-
Jerusalém).
II – A SITUAÇÃO DE ISRAEL NO PERÍODO DE OSÉIAS
Como já vimos, Oseias dirigira sua mensagem ao Reino do Norte (Israel-Samaria), e talvez ele fosse cidadão de
Israel e não de Judá, devido ao profundo sentimento e conhecimento concernente a Israel. Sua mensagem é repleta de
referências a lugares e eventos que somente alguém que pertencesse a Israel conheceria (Os 6.8), ou daria atenção a eles
(7.1; 8.5,6; 9.15; 10.5; 12.5,12; 14.1). Ele dirigiu-se quase que exclusivamente a Israel, a quem 37 vezes chama de Efraim
(2.1,2; 4.1,15; 5.1,8; 6.1,4; 9.1,5,7; 10.9,12; 11.8; 12.9; 13.4, 9-13; 14.1,8) e demonstrou relativamente pouca preocupação
para com o Reino do Sul (Judá-Jerusalém), exceto quando o advertiu a não imitar o exemplo de Israel (6.4,11). Mas, como
se encontrava o Reino do Norte na época em que Deus levantou o profeta Oseias para ser o seu porta-voz?
2.1 Situação política. Nessa época, estava reinando sobre Israel Jeroboão II (793-753 a.C), filho de Jeoás que foi o quarto
rei da dinastia de Jeú. Seu longo reinado sobre Israel (quarenta e um anos) recebeu uma atenção relativamente pequena
nos registros de (2 Re 14.23-29).
2.2 Situação social. Jeroboão II liderou Israel num período de muita prosperidade. A Assíria havia enfraquecido a Síria, que
dessa maneira não representava mais uma ameaça para Israel. Por isso, Jeroboão II teve liberdade para executar uma
agressiva expansão do seu território, conforme profetizado por Jonas (2 Rs 14.25). O Senhor usou esse governante para
salvar Israel de anos de dificuldades e problemas (II Rs 14.27).
2.3 Situação espiritual. Infelizmente, a prosperidade do reino de Jeroboão II levou a muitos males, pois este rei não
apresentava qualquer devoção a Deus. Do ponto de vista religioso ou espiritual, Israel descera ao degrau mais baixo. Eis
abaixo alguns pecados cometidos pela nação:
• Decadência do povo (Os 4.1);
• Total falta de misericórdia (Os 6.4-11);
• Depravação dos sacerdotes (Os 6.9);
• Afastamento do Senhor (Os 7.1);
• Indiferença e apatia espiritual (Os 7.8);
• Confiança em deuses falsos (Os 8.1).
III – A MENSAGEM DE DEUS ATRAVÉS DE OSEIAS
Já vimos na lição introdutória que a palavra profeta deriva-se do termo hebraico nabbi que significa “falar” ou “dizer”;
2. e do termo grego prophete, que significa “falar de antemão”. Portanto, o profeta é um mensageiro de Deus (Êx 7.1; Hb 1.1).
Quando aplicamos esta realidade a vida do profeta Oseias, o vemos com um ministério distinto, pois, antes de verbalizar
alguma mensagem por meio dele, usando a famosa frase: “Assim diz o Senhor”, o mesmo recebe a mensagem de Deus
para ele “Disse, pois, o SENHOR a Oseias” (Os 1.2-a), ordenando-lhe a transmitir, a princípio, a mensagem para Israel
com a sua própria vida (Os 1.2-b).
3.1 Oseias casa-se (Os 1.2,3). A Bíblia diz que Deus ordenou o profeta Oseias casar-se com uma mulher prostituta (Os
1.2). O profeta não questionou a Deus e casou-se com uma mulher chamada Gomer, filha de Diblaim (Os 2.3). Mas, após
unir-se a ela, ele testemunha sua infidelidade, quando a viu sair da sua casa para envolver-se com seus amantes (Os 3.1).
Oseias havia sido avisado de que a deslealdade da sua esposa seria um exemplo vivo para o adultério (idolatria) cometido
pelo Reino do Norte. Como podemos ver, uma das metáforas mais comuns para descrever o relacionamento de Deus com
Israel é o casamento (Ez 16.6-14), e a infidelidade matrimonial por sua vez exemplifica a idolatria (Jz 8.27; Jr 3.8; Ez 23.5;
Os 2.5). Com Gomer o profeta teve alguns filhos, cujos nomes e significados são proféticos, pois apontam para sentenças
que Deus faria contra o povo de Israel. Confira:
• O primeiro filho: Jezreel. Significa (Deus espalhará), chamou-se assim porque o juízo de Deus estava sobre a
dinastia de Jeú, pelo massacre em Jezreel (II Rs 10.1-14). Embora Deus tivesse mandado cortar a dinastia de
Acabe, Jeú extrapolou o limite (II Re 9.10,36; 10.6).
• O segundo filho: Lo Ruama. Quer dizer (desfavorecida), pois o Senhor não amaria mais a Israel, isto é, não
demonstraria mais o favor da aliança (Os 1.6);
• O terceiro filho: Lo Ami. Seu significado é (não-meu-povo), pois os pecados de Israel o tinham removido desse
relacionamento (Os 1.9).
3.2 Oseias é traído (Os 2.2-13). Uma tragédia aconteceu no casamento de Oseias. Sua esposa o deixou e voltou a
prostituir-se (Os 2.1-5). O tema central da mensagem deste profeta é a infidelidade de Israel à aliança, descrita como
adultério (Os 4.10; 9.1). A reação humana normal a tal infidelidade é o divórcio, uma medida sancionada pela própria Lei,
por ser uma transgressão tão séria (Dt 24.1-4; Mt 19.7-9). O rompimento da aliança no casamento do profeta com Gomer,
retrata a quebra da aliança de Israel com Jeová por causa da desobediência (Os 6.7), e o divórcio, por sua vez, representa o
exílio a que o povo estava sentenciado por haver transgredido o mandamento do Senhor (Os 11.1-7).
3.3 Oseias vai novamente em busca de Gomer (Os 2.14-23; 3.1-5). O profeta tinha razões de sobra para não chamar a
sua esposa de volta para si. No entanto, a voz divina o impele a convidá-la a regressar (Os 3.1) e ele a adquire por preço
(Os 3.2). Como podemos ver, a insistência por parte do profeta em amar Gomer, ilustra o amor persistente de Deus com o
povo de Israel, que, embora houvesse pecado, caso se arrependessem, Deus os tornaria a receber porque estava disposto
a renovar a aliança quebrada (Os 6.1-3). Aqueles que foram chamados Lo-Ruama (desfavorecida) agora seria Ruama
(favorecida) e Lo-Ami (não-meu-povo) seria Ami (meu povo) (Os 2.1,23).
IV – PROMESSA ESCATOLÓGICA DE RESTAURAÇÃO
O Reino do Norte havia resistido aos fortes apelos de Deus por intermédio do profeta a reconciliação, o que resultou
numa sentença amarga: o cativeiro pela Assíria em 722 a.C (Os 11.7). Tendo rejeitado a correção, estavam sendo
destruídos pela “falta de conhecimento” (Os 4.6) e por esquecer de Deus (Os 2.13). No entanto, a promessa divina aos
patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, de fazer uma aliança perpétua com eles e com seus descendentes, era a garantia de que
o castigo não duraria para sempre (Os 1.10; Gn 22.17). Deus havia pronunciado o julgamento através do profeta (Os
2.6-13), porém, também anunciou a sua restauração, e que o Senhor graciosamente perdoaria a nação perversa e com
paciência a atrairia para si (Os 2.14). Suas palavras finais ao povo são de esperança e não de julgamento (Os 14.4-8). O
apóstolo Paulo também fez referência a essa restauração (Rm 11.25-32).
V – A ATUALIDADE DA MENSAGEM DE OSEIAS PARA A IGREJA
A mensagem da graça redentora está no coração do livro de Oseias (Os 4 a 14). O Novo Testamento destaca esse
tema e cita os textos que esclarecem o significado do evangelho. Os apóstolos falam dos gentios como o “não povo” que se
torna o povo de Deus e encontra a misericórdia salvadora (I Pe 2.10; Rm 9.25,26). Embora originalmente a maioria das
profecias de Oseias tenham sido direcionadas ao povo de Israel, existem princípios nela contidos que servem de ensino
para a Igreja de Cristo ainda hoje, tais como: Deus reprova o orgulho (I Tm 3.6; Tg 4.6); a idolatria (Mt 10.37; Lc 16.13; I Co
10.14; Gl 5.20; Cl 3.5; I Jo 5.21); e a amizade com o mundo que é vista como adultério (Rm 12.2; I Jo 2.15; Tg 4.4), pois
requer que todos os seus servos O sirvam com fidelidade, obediência e santidade (Mt 7.21; I Tm 4.10; I Ts 4.3,4,7).
CONCLUSÃO
Como vimos, o relacionamento entre Oseias e Gomer descrito no livro deste profeta, serve de pano de fundo para
retratar a infidelidade de Israel na aliança com Deus. Ainda assim, Deus, apesar de punir a nação, não a rejeita, mas
mostra-se grandemente amoroso convidando-os ao arrependimento e prometendo-lhes restauração (Os 14.1-4). Ainda
aprendemos que o conteúdo do livro traz para a Igreja de Cristo, valiosos ensinamentos que permanecem como doutrina, a
fim de que permaneçamos vivendo em pureza e conservando a aliança com Cristo feita com seu próprio sangue (Mt 26.28;
Hb 7.22).
REFERÊNCIAS
• GARNER, Paul. Quem é quem na Bìblia Sagrada. VIDA
• ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
• SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD