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INATIVAÇÃO DO VÍRUS DA DOENÇA-DE-NEWCASTLE
PELA BETA-PROPIOLACTONA, ACETILENOIMINA E ETILENOIMINA BINÁRIA 1
MARIA CELESTE COMES C. DE SOUZA2, R.AYMUNDO O. CUNHA3 e ARNALDO SOARES LEAL4
RESUMO - Estudou-se a ação inativante da BPL da AEI e da EIB sobre a infecciosidade e
capacidade hemoaglutinarne do vírus da doença-de-newcastle (cepa macapá) contido em 1!-
quido alantóide virulento. O inativante era adicionado à suspensão de vírus, incubada à 37 0C
e uma amostra retirada a determinados intervalos para verificação da esterilidade e títulos
infeccioso e hemoaglutinante. A BPL, na concentração de 1:4000, demonstrou poder inati-
vante mais acentuado no período de duas horas de inativação, devendo a inativação ser com-
pleta às seis horas e ló minutos. A ALI empregada na concentração de 0,05% revelou maior
inativação por volta de seis horas de ação, indicando os dados experimentais tempo de onze
horas e 28 minutos para a eliminação da infecciosidade. O poder inativante da EIU a 2% foi
mais acentuado no período de quatro horas, devendo a inativação ter-se completado com
quatro horas e 18 minutos. As tLrôs substâncias químicas experimentais mostraram uma ação
inativante do tipo linear, completa, sobre a infecciosidade do vírus em estudo, sem afetar sua
capacidade hemoaglutinante.
Termos para indexação: pararnixovfrus, inativantes de primeira ordem, galinhas
THE INACTIVATION OF NEWCASTLE DISEASE VIRUS BY
I3ETA-PROPJOLACTONE, ACETIIYLENEIMINE AND BINARY ETITYLENEIMINE
ABSTRACT - The inactivating action of BPL, AEI and BEl upon the infectivity and
hemagglutinating activity of Newcastle Disease virus (Macapá strain), was studied. The
inactivant was addcd to infected allantoic fluid, incubated at 37 0C and samples collected at
appropriate intcrvals to determine infectivity, hemagglutination titer and sterility. BPL at a
fmal concentration of 1:4000 revealed higher inactivation at two hours incubation period and
complete inactivation by six hours and ló minutes. AEI, at a fmal concentration of 0,05%,
showed more accentuated inactivation around six hours incubation períod and complete
inactivation calculated to occur by 11 hours and 28 minutes. The 2% of BEl inactivating
action was higher at four hours incubation with complete inactivation taking placa at four
hours and 18 minutes. Ali three chemical substances showed ftrst order inactivating action,
with linear infectivity decrease and no residual active virus particle.
Index terms: paramyxoviruses, first order inactivants, hens.
Aceito para publicação em 16 de abril de 1990.
Trabalho realizado no Lab. da Disciplina Doenças Infec-
ciosas do Dep. de Patol. e Clínica Vet. da UFF-Faculdade
de Veterin,lria.
Extraído da tese apresentada pela autora para obtenção do
grau de M.Sc. em Medicina Veterinária na Faculdade de
Veterinária da Universidade Federal Fluminense.
2
Méd. - Vet., M.Sc., Prof. - Assist., Dep. de Microbiol. e
Parasit. da Universidade Federal Fluminense (UFF) - Fa-
cuIdada de Veterinária, Rua Vital Brasil Filho n2 64,
CEP 24800 Niterói, RJ.
M&I. - VeL, Prof. - Titular da UFF. Bolsista do CNPq.
Méd. - Vet., Pmf. - Adjunto da UFF.
INTRODUÇÃO
A inativação de suspensões virulentas por
substâncias químicas foi estudada por vários
pesquisadores. Fermi (1908) e Semple (1911)
fizeram uso do fenol para inativar o vfrus rá-
bico no preparo de vacinas a serem aplicadas
no tratamento preventivo da doença. Com
igual propósito, Cumming (1914) introduziu o
uso do formol, que passou a ser amplamente
utilizado, extendendo-se sua aplicação a dife-
Pesq. agropeo. bras., Brasília, 25(10); 1375-1381, out. 1990
1376 M.C.G.C. DE SOUZA et ai.
rentes vírus (ValIóe et ai. 1926, Bumet 1955,
Potash 1968). Entretanto, o registro do aci-
dente ocorrido com a vacina antipoliomielite,
inativada pelo formol, em 1955 (Gard 1957,
Nathanson & Langmuir 1963) determinou es-
tudos mais detalhados da cinética de sua inati-
vação e a busca de outro inativante mais efi-
caz. Foram experimentados mais de 600
agentes físicos e químicos. Destes, a betapro-
piolactona (BPL) se revelou um eficiente ina-
tivante, tendo sido empregada com diversos
vírus (Lo Grippo & Hartmann 1955, Polley &
Guerin 1957, Schaaf 1959, Stone & Delay
1961, Femelius et ai. 1972). Seu emprego na
inativação do vírus da doença-de-newcastle
foi descrito em diversos trabalhos (Mack &
Chotisen 1955, Winmill & Wedell 1961, Ap-
pleton et ai. 1963, Simmins & Baldwin 1963,
Stone & Boney Júnior 1972, Brugh & Siegel
1978).
Brown et ai. (1963) demonstraram que a
acetil-etileno-imina (AEI) exerce rápida ação
inativante sobre o vírus da Febre Aftosa, dan-
do ensejo e vacinas de qualidade antigênica
satisfatória.' Resultados similares foram des-
critos para o vfrus da raiva e da influenza
eqüina (Cunha & Silva 1971, Cunha et ai.
1982).
Bahnemann (1975) estudou a inativação do
vírus aftoso pela etilenoimina binária (013),
com resultados satisfatórios.
Não foi encontrada, na literatura, referência
à inativação do vírus da doença-de-newcastle
pelo AU ou £113. Em vista da importância
econômica desta doença para a avicultura na-
cional, julgou-se de interesse estudar o pro-
cesso de inativação de seu vírus, representado
por amostra autoctone, frente a BIt, ao AU e
EIB.
MATERIAL E MÉTODOS
Cepa de vírus
O vírus da doença-de-newcastle empregado re-
presentava uma cepa nacional, isolada de um surto
natural da doença em Macapí, AP (Cunha & Silva
1955). A amostra vem sendo mantida por passagens
em ovos embrionados de dez a onze dias de incuba-
Pesq. agropec. bras., Brasflia, 25(10):1375-138 1, out. 1990
ção, inoculados no saco alantóide, com coleta de no-
vo líquido virulento após incubação a 37 0C, por cer-
ca de 72 horas. Entre passagens, o líquido alantóide
virulento era mantido em congelação a -60 0C
(=60°C negativos).
Ovos em brionados
Ovos embrionados de dez a onze dias de incuba-
ç5.o, provenientes de galinhas Leghorn, de criação
própria ou de granja experimental, com estado sani-
tário conhecido, foram utilizados.
Prova de hemoaglutinação (HA) - A capacida-
de hemoaglutinante dos líquidos alantóides dos ovos
infectados com o vírus em estudo foi aferida pela
prova de HA com eritrócitos de galinha a 0,5%. De
uma maneira geral, a técnica preconizada pela Orga-
nização Mundial de Satide foi adotada (Lepine
1954). Diluições duplas do líquido em exame a partir
de 1:5 e sucessivamente até 1:5120 eram preparadas
em solução salina fosfatada (SSF) de pH 7,2-7,4
(Souza 1987) em volume de 0,5 ml. A cada tubo
agregava-se igual volume da suspensão de hemácias
a 0,5%. Após agitação, os tubos eram mantidos à
temperatura ambiente e a leitura final feita em tomo
de 60 minutos, na dependéncia dos tubos controles.
Titulação da infecciosidade - O título infec-
cioso das diferentes amostras de líquido alantóide
(LA) virulento, utilizado no processo de inativação
foi determinado pela inoculação do líquido ou de di-
luições dócuplas da amostra, preparadas em SSF,
contendo 10% de caldo simples e antibióticos (peni-
cilina e estreptomicinã), em faixa variável conforme
o tempo de inativação. Em ordem decrescente de
diluição, eram as mesmas inoculadas na cavidade
alantóide de ovos embrionados de dez a onze dias de
incubação, quatro ovos por diluição.
Os ovos inoculados eram colocados na estufa a
370C e revisados às 24 horas, desprezando-se os que
apresentavam embriões mortos. Os ovos com em-
briões vivos voltavam à incubação e reexaminados
cada 24 horas pelo período de cinco a sete dias, re-
tirando-se a cada exame os ovos mortos para gela-
deira. Ao fmal desse período, coletava-se o LA de
todos os ovos, vivos e mortos. Estes LA eram exa-
minados, individualmente, para sua capacidade he-
moaglutinante, indicadora final de positividade. O
título infeccioso da suspensão era calculado pelo
método de Real & Muench (1938) e assim encontra-
da a dose infectante média (DI 50). Nos períodos
mais longos de inativação, a suspensão original do
LA, sem diluir, foi inoculada.
INATIVAÇÃO DO VÍRUS DA DOENÇA-DE-NEWCASTLE 1377
Prova de esterilidade - As provas de esterilida-
de mencionadas eram levadas a efeito em meio de
tioglicolato (Difco 0256-8 1).
Inativantes
Como inativantes foram experimentadas três
substâncias qufrnicas: 1) Beta-propiolactona (Beta-
prone); 2) Acetiletiieno imina (n-Acetylazridine e 3)
Bromjdrato de 2-liromo-Etilamina (2-bromoetila-
mina hydrobromide).
Inativação
O material virulento utilizado era constituído de
LA da 58a. passagem em ovo embrionado do vírus
da DNC, amostra macapá, submetido previamente às
provas de esterilidade, FIA e infecciosidade e con-
servado em congelação a -20°C. Sete a 21 dias após
as titulaçôes preliminares, o LA era descongelado e
centrifugado a 2.000 rpm, por 15 minutos, O sobre-
nadante formava a suspensão virulenta para a prova
de inativação. Esta se processava em banho-maria a
370C, com agitação freqüente da mistura vírus-ma-
tivante. Os três inativantes antes mencionados, fo-
ram experimentados.
1) Beta propiotactona (BPL) - Duas experiên-
das foram efetuadas com este inativante. Uma solu-
ção de BPL a 1:2.000, preparada em bicarbonato de
sódio a 0,2 M, era misturada em partes iguais com
LA infectado. A seguir, a mistura era colocada na
temperatura de inativação, retirando-se uma amostra
para exame nos intervalos programados, após rea-
juste do p14 para 7,4 com fosfato monossódico. A
amostra retirada logo após adição da BPL era consi-
derada a O (zero) hora. Na primeira experiência, a
inativação foi acompanhada pela retirada de amos-
tras com 06, 12, 24 e 48 horas. Conhecidos seus re-
sultados, a segunda experiência foi efetuada por um
período de seis horas, retirando-se uma amostra a
cada hora. Para medir a ação do inativante, de cada
amostra era pesquisada a esterilidade, a capacidade
hemoaglutinante e o título dc infecciosidade.
2) Acetil-etiteno-imina (AEI) - O líquido
alantóide, previamente selecionado, era misturado
em partes iguais, com unia solução de AEI a 0,1%
em SSF. Retirada a amostra de zero hora, a mistura
era colocada em banho-maria a 37 0C. Em experiên-
cia preliminar foram examinados dois tempos de
inativação, nove e 16 horas. Conhecidos os resulta-
dos, o processo de inativação foi investigado por do-
ze horas, com retirada de amostra às duas, quatro,
seis e doze horas de ação do inativante. Cada amos-
tra, imediatamente à sua obtenção, era tratada com
tiossulfito de sódio a 5%, na proporção de 1 ml para
10 ml da suspensão em estudo, passando-se, em se-
guida, as provas de esterilidade, título infeccioso e
lIA.
3) Etilenoimiria binária (EIli) - Foi adotada
a técnica descrita por Bahnemann (1975). obtendo
EIB a partir do Bromidrato de 2 Bromo-Etilamina
(BEA) em NaOII 1 M. Como indicador de p11 foi
usado o bctanaftol violeta para acompanhar a trans-
formação de BEA para EIB. O inativante era adicio-
nado ao LA virulento já aquecido a 37 0C, na pro-
porção de 2%. Em experiência preliminar, foi exa-
minada a inativação ocorrida com oito e doze horas.
Conhecidos os resultados, foi efetuado novo experi-
mento, verificando-se os títulos infecciosos a zero
hora e com unia, duas, três, quatro, cinco e seis horas
de inativação. A cada intervalo era retirada a amos-
tra e, em seguida, efetuadas as provas de esterilida-
de, título infeccioso e lIA.
4) Análise estat(stica - O processo de inativação
da amostra, utilizando-se a BPL, AEI e EIB, foi
determinado por análise tabular com posterior re-
presentação gráfica dos resultados obtidos.
A influência do tempo para o período de inativa-
ção foi avaliada pela regressão linear e análise de
variância (Sounis 1972).
RESULTADOS
1) Inativação pela BPL
Na experiência preliminar, as amostras reti-
radas com 12, 24, 48 e 72 horas mostraram-se
inócuas para os ovos inoculados, mesmo nas
suspensões sem diluir. Na amostra de seis ho-
ras, dois de quatro ovos inoculados com a
suspensão sem diluir se apresentaram positi-
mostrando um resíduo de infecciosidade.
A verificação da inativação a 37 0C pelo pe-
ríodo de seis horas e exames de amostras com
intervalo de uma hora está representado na
Fig. 1. Nesta figura, fica claro que no período
de duas horas o poder inativante da BPL foi
mais acentuado. A análise de regressão linear
dos títulos infecciosos apresentou comporta-
mento decrescente por hora de inativação. Se-
gundo o modelo matemático (S = 7,46 -
1,19 X), a inativação total da amostra deverá
Pesq. agropec. bras., BrasIlia, 25(10):1375-1381,out. 1990
1378 M.C.G.C. DE SOUZA et aL
ocorrer em tomo de seis horas e 16 minutos
(1' < 0,01).
Durante o processo de inativação, o título
HA inicial de 1:1280 após uma hora era de
1:640 e persistiu até o fmal do período.
Os líquidos alantóides dos embriões mortos
após 24 horas de inoculação apresentaram re-
sultados de HA positivo.
2) Inativação pelo AEI
Na experiência preliminar com nove e 16
horas de inativação, os resultados indicaram
completa inativação nas duas amostras exami-
nadas. Os resultados obtidos na experiência
seguinte, quando se verificou a inativação com
duas, quatro, seis, oito, dez e doze horas de
inativação estão apresentados na Fig. 2.
O maior percentual de inativação obtido
neste experimento ocorreu por volta de seis
horas (Fig. 2).
Os títulos infecciosos analisados por re-
gressão linear demonstraram um processo de-
crescente por tempo de inativação. Segundo a
equação da reta (7 = 8,25-0,72 X), o tempo
necessário para que ocorra a inativação total
foi calculado ser em tomo de onze horas e 28
minutos (P <0,01).
O título HA da amostra (1:1280) após duas
horas de inativação foi alterado para 1:640 e
persistiu durante todo o processo de inativa-
ção.
Resultados de 1-lIA positivo foram constata-
dos em todos os líquidos alantóides coletados
dos ovos com embriões mortos após as primei-
ras 24 horas de observação.
Não se registraram resultados de HA posi-
tivos com os líquidos alantóides coletados dos
ovos com embriões sobreviventes.
3) Inativação pelo EIB
Na experiência preliminar, as amostras ob-
tidas com oito e doze horas de inativação
mostraram-se inócuas mesmo nas suspensões
sem diluir. Os resultados do experimento se-
guinte de amostras retiradas com uma, duas,
três, quatro, cinco e seis horas de inativação
são apresentados na Fig. 3.
O poder inativante do EIB foi mais acen-
tuado no período de quatro horas, conforme é
demonstrado na Fig. 3. A regressão linear, se-
guindo a equação da reta (9 = 7,80-1,48 X),
calculada pelos títulos de infecciosidade após
inativação pelo Effl a 370C, indica decrésci-
É
É
'5
O
05
O
(HORAS) (HORAS)
FIG. 1. Inativação do vírus da doença de New-
castie (VDNC), Macapá, pela Betapro-
piolactona a 370C.
Pesq. aglopec. bras., Brasilia, 25(10):1375-1381, out. 1990
FIG. 2. Inativação do vírus da doença de New-
castie (VDNC), Macapá, pelo Acetil -
etileno - imina a 370C.
INATIVAÇÃO DO VÍRUS DA DOENÇA-DE-NEWCASTLE 1379
mo do título infeccioso, de acordo com o tem-
po horário de observação. Segundo estes aU-
culos, a inativação completa deverá ocorrer às
4,33 horas ou seja às quatro horas e 18 minu-
tos, conforme se observa na Fig. 3 (P < 0,01).
A titulação de uma suspensão virulenta
controle, incubada a 370C mas sem inativante,
mostrou títulos infecciosos de 10 ° e
10766 , respecúvamente, para amostras de zero,
três e seis horas de incubação, para um volu-
mede 0,1 ml de inóculo.
O título HA inicial foi de 1:1280, assim
permanecendo com as amostras de duas, três,
quatro e cinco horas. Com a amostra de seis
horas, o título foi de 1:640.
Esterilidade - Os LA originais e as diversas
amostras retiradas nos experimentos de inati-
vação, semeadas no meio de tioglicolato,
mostraram-se livres de contaminantes bacte-
danos e féngicos.
DISCUSSÃO
Vários autores relatam a inativação de
amostras do vírus da DNC pela BPL, em dife-
rentes concentrações e temperaturas diversas
(Mack & Chotisen 1955, Winmiil & Wedell
1961, Appleton et ai. 1963, Stone & Boney
Júnior 1972, Brugh & Siegei 1978). Entre-
2
(006S)
FIG. 3. Inativação da amostra do vírus da
doença de Ncwcastle (VI)NC), Macapá,
pelo EIB a 370C.
tanto, estes trabalhos referem-se à inativação
final da suspensão de vírus, sem informar a
gradação ocorrida e conseqüente processo ci-
nético de inativação, aclarando sua natureza.
Os resultados dos experimentos por nós
realizados com o vírus da DNC, amostra ma-
capá, fazendo uso da BPL na concentração fi-
nal de 1:4000 a 37 0C, demonstraram que
após duas horas o percentual de inativação al-
cançou 50%, e com 12 horas, a inativação era
total, indicando uma linha reta de inativação,
sem deixar resíduo ativo de vírus.
Brown & Crick (1959) verificaram que uma
suspensão de vírus aftoso preparada a partir de
epitélio podal de cobaias tomava-se inócua
após incubaçáo com 0,05% de A131 a 370Ç
por quatro horas. Porém, experimentos com
suspensão de vírus procedente de bovinos ou
cultivo celular de rim porcino mostraram que a
infecciosidade podia ser revelada após oito
horas, mas não com doze horas de inativação.
(Brown et ai. 1963). Graves & Arlinghaus
(1967), estudando a cinética de inativação do
AEI sobre o vírus aftoso a 37 0C, encontraram
que a inativação deveria ser completa com seis
horas de ação do inativante, e concluíram tra-
tar-se de uma reação de primeira ordem sem
prejudicar as propriedades sorológicas e imu-
nizantes do antígeno. Cunha & Silva (1971)
registraram um decréscimo linear na inativa-
ção do vírus rábico pelo AEJ a 370C. Igual-
mente, inativação de primeira ordem foi en-
contrada por Bahnemann (1975) para o vírus
aftoso e por Schloer (1982) para o vírus da
Peste Suína Africana. Tanto Graves & Arlin-
ghaus (1967) como Bahnemann (1975) verifi-
caram que o aumento de proteínas na suspen-
são virulenta trabalhada não influencia a inati-
vação, sugerindo que a ação do inativante se
faz sobre o ácido ribonucléico do vírus.
Os resultados aqui obtidas, pelo uso de
AEI ou EH) na inativação do vírus da DNC,
descritos no presente trabalho, não divergem
dos revistos com vírus da Febre Aftosa, Raiva
e Peste Suína Africana, mostrando, também,
tratar-se de inativação de primeira ordem, li-
near, sem resíduo de partículas virais ativas.
Pesq. agropec. bras., Brasília, 25(1O):1375-1381, out. 1990
1380 M.C.G.C. DE SOUZA et ai.
CONCLUSÕES
1. A BPL, o AH, e a EIB mostraram uma
inativação rápida, de tipo linear, de primeira
ordem, sobre a infecciosidade do vírus da
DNC, presente em LA de ovos embrionados
infectados com a cepa macapá.
2. A capacidade hemoaglutinante do vírus
foi preservada no processo de inativação.
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  • 1. INATIVAÇÃO DO VÍRUS DA DOENÇA-DE-NEWCASTLE PELA BETA-PROPIOLACTONA, ACETILENOIMINA E ETILENOIMINA BINÁRIA 1 MARIA CELESTE COMES C. DE SOUZA2, R.AYMUNDO O. CUNHA3 e ARNALDO SOARES LEAL4 RESUMO - Estudou-se a ação inativante da BPL da AEI e da EIB sobre a infecciosidade e capacidade hemoaglutinarne do vírus da doença-de-newcastle (cepa macapá) contido em 1!- quido alantóide virulento. O inativante era adicionado à suspensão de vírus, incubada à 37 0C e uma amostra retirada a determinados intervalos para verificação da esterilidade e títulos infeccioso e hemoaglutinante. A BPL, na concentração de 1:4000, demonstrou poder inati- vante mais acentuado no período de duas horas de inativação, devendo a inativação ser com- pleta às seis horas e ló minutos. A ALI empregada na concentração de 0,05% revelou maior inativação por volta de seis horas de ação, indicando os dados experimentais tempo de onze horas e 28 minutos para a eliminação da infecciosidade. O poder inativante da EIU a 2% foi mais acentuado no período de quatro horas, devendo a inativação ter-se completado com quatro horas e 18 minutos. As tLrôs substâncias químicas experimentais mostraram uma ação inativante do tipo linear, completa, sobre a infecciosidade do vírus em estudo, sem afetar sua capacidade hemoaglutinante. Termos para indexação: pararnixovfrus, inativantes de primeira ordem, galinhas THE INACTIVATION OF NEWCASTLE DISEASE VIRUS BY I3ETA-PROPJOLACTONE, ACETIIYLENEIMINE AND BINARY ETITYLENEIMINE ABSTRACT - The inactivating action of BPL, AEI and BEl upon the infectivity and hemagglutinating activity of Newcastle Disease virus (Macapá strain), was studied. The inactivant was addcd to infected allantoic fluid, incubated at 37 0C and samples collected at appropriate intcrvals to determine infectivity, hemagglutination titer and sterility. BPL at a fmal concentration of 1:4000 revealed higher inactivation at two hours incubation period and complete inactivation by six hours and ló minutes. AEI, at a fmal concentration of 0,05%, showed more accentuated inactivation around six hours incubation períod and complete inactivation calculated to occur by 11 hours and 28 minutes. The 2% of BEl inactivating action was higher at four hours incubation with complete inactivation taking placa at four hours and 18 minutes. Ali three chemical substances showed ftrst order inactivating action, with linear infectivity decrease and no residual active virus particle. Index terms: paramyxoviruses, first order inactivants, hens. Aceito para publicação em 16 de abril de 1990. Trabalho realizado no Lab. da Disciplina Doenças Infec- ciosas do Dep. de Patol. e Clínica Vet. da UFF-Faculdade de Veterin,lria. Extraído da tese apresentada pela autora para obtenção do grau de M.Sc. em Medicina Veterinária na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense. 2 Méd. - Vet., M.Sc., Prof. - Assist., Dep. de Microbiol. e Parasit. da Universidade Federal Fluminense (UFF) - Fa- cuIdada de Veterinária, Rua Vital Brasil Filho n2 64, CEP 24800 Niterói, RJ. M&I. - VeL, Prof. - Titular da UFF. Bolsista do CNPq. Méd. - Vet., Pmf. - Adjunto da UFF. INTRODUÇÃO A inativação de suspensões virulentas por substâncias químicas foi estudada por vários pesquisadores. Fermi (1908) e Semple (1911) fizeram uso do fenol para inativar o vfrus rá- bico no preparo de vacinas a serem aplicadas no tratamento preventivo da doença. Com igual propósito, Cumming (1914) introduziu o uso do formol, que passou a ser amplamente utilizado, extendendo-se sua aplicação a dife- Pesq. agropeo. bras., Brasília, 25(10); 1375-1381, out. 1990
  • 2. 1376 M.C.G.C. DE SOUZA et ai. rentes vírus (ValIóe et ai. 1926, Bumet 1955, Potash 1968). Entretanto, o registro do aci- dente ocorrido com a vacina antipoliomielite, inativada pelo formol, em 1955 (Gard 1957, Nathanson & Langmuir 1963) determinou es- tudos mais detalhados da cinética de sua inati- vação e a busca de outro inativante mais efi- caz. Foram experimentados mais de 600 agentes físicos e químicos. Destes, a betapro- piolactona (BPL) se revelou um eficiente ina- tivante, tendo sido empregada com diversos vírus (Lo Grippo & Hartmann 1955, Polley & Guerin 1957, Schaaf 1959, Stone & Delay 1961, Femelius et ai. 1972). Seu emprego na inativação do vírus da doença-de-newcastle foi descrito em diversos trabalhos (Mack & Chotisen 1955, Winmill & Wedell 1961, Ap- pleton et ai. 1963, Simmins & Baldwin 1963, Stone & Boney Júnior 1972, Brugh & Siegel 1978). Brown et ai. (1963) demonstraram que a acetil-etileno-imina (AEI) exerce rápida ação inativante sobre o vírus da Febre Aftosa, dan- do ensejo e vacinas de qualidade antigênica satisfatória.' Resultados similares foram des- critos para o vfrus da raiva e da influenza eqüina (Cunha & Silva 1971, Cunha et ai. 1982). Bahnemann (1975) estudou a inativação do vírus aftoso pela etilenoimina binária (013), com resultados satisfatórios. Não foi encontrada, na literatura, referência à inativação do vírus da doença-de-newcastle pelo AU ou £113. Em vista da importância econômica desta doença para a avicultura na- cional, julgou-se de interesse estudar o pro- cesso de inativação de seu vírus, representado por amostra autoctone, frente a BIt, ao AU e EIB. MATERIAL E MÉTODOS Cepa de vírus O vírus da doença-de-newcastle empregado re- presentava uma cepa nacional, isolada de um surto natural da doença em Macapí, AP (Cunha & Silva 1955). A amostra vem sendo mantida por passagens em ovos embrionados de dez a onze dias de incuba- Pesq. agropec. bras., Brasflia, 25(10):1375-138 1, out. 1990 ção, inoculados no saco alantóide, com coleta de no- vo líquido virulento após incubação a 37 0C, por cer- ca de 72 horas. Entre passagens, o líquido alantóide virulento era mantido em congelação a -60 0C (=60°C negativos). Ovos em brionados Ovos embrionados de dez a onze dias de incuba- ç5.o, provenientes de galinhas Leghorn, de criação própria ou de granja experimental, com estado sani- tário conhecido, foram utilizados. Prova de hemoaglutinação (HA) - A capacida- de hemoaglutinante dos líquidos alantóides dos ovos infectados com o vírus em estudo foi aferida pela prova de HA com eritrócitos de galinha a 0,5%. De uma maneira geral, a técnica preconizada pela Orga- nização Mundial de Satide foi adotada (Lepine 1954). Diluições duplas do líquido em exame a partir de 1:5 e sucessivamente até 1:5120 eram preparadas em solução salina fosfatada (SSF) de pH 7,2-7,4 (Souza 1987) em volume de 0,5 ml. A cada tubo agregava-se igual volume da suspensão de hemácias a 0,5%. Após agitação, os tubos eram mantidos à temperatura ambiente e a leitura final feita em tomo de 60 minutos, na dependéncia dos tubos controles. Titulação da infecciosidade - O título infec- cioso das diferentes amostras de líquido alantóide (LA) virulento, utilizado no processo de inativação foi determinado pela inoculação do líquido ou de di- luições dócuplas da amostra, preparadas em SSF, contendo 10% de caldo simples e antibióticos (peni- cilina e estreptomicinã), em faixa variável conforme o tempo de inativação. Em ordem decrescente de diluição, eram as mesmas inoculadas na cavidade alantóide de ovos embrionados de dez a onze dias de incubação, quatro ovos por diluição. Os ovos inoculados eram colocados na estufa a 370C e revisados às 24 horas, desprezando-se os que apresentavam embriões mortos. Os ovos com em- briões vivos voltavam à incubação e reexaminados cada 24 horas pelo período de cinco a sete dias, re- tirando-se a cada exame os ovos mortos para gela- deira. Ao fmal desse período, coletava-se o LA de todos os ovos, vivos e mortos. Estes LA eram exa- minados, individualmente, para sua capacidade he- moaglutinante, indicadora final de positividade. O título infeccioso da suspensão era calculado pelo método de Real & Muench (1938) e assim encontra- da a dose infectante média (DI 50). Nos períodos mais longos de inativação, a suspensão original do LA, sem diluir, foi inoculada.
  • 3. INATIVAÇÃO DO VÍRUS DA DOENÇA-DE-NEWCASTLE 1377 Prova de esterilidade - As provas de esterilida- de mencionadas eram levadas a efeito em meio de tioglicolato (Difco 0256-8 1). Inativantes Como inativantes foram experimentadas três substâncias qufrnicas: 1) Beta-propiolactona (Beta- prone); 2) Acetiletiieno imina (n-Acetylazridine e 3) Bromjdrato de 2-liromo-Etilamina (2-bromoetila- mina hydrobromide). Inativação O material virulento utilizado era constituído de LA da 58a. passagem em ovo embrionado do vírus da DNC, amostra macapá, submetido previamente às provas de esterilidade, FIA e infecciosidade e con- servado em congelação a -20°C. Sete a 21 dias após as titulaçôes preliminares, o LA era descongelado e centrifugado a 2.000 rpm, por 15 minutos, O sobre- nadante formava a suspensão virulenta para a prova de inativação. Esta se processava em banho-maria a 370C, com agitação freqüente da mistura vírus-ma- tivante. Os três inativantes antes mencionados, fo- ram experimentados. 1) Beta propiotactona (BPL) - Duas experiên- das foram efetuadas com este inativante. Uma solu- ção de BPL a 1:2.000, preparada em bicarbonato de sódio a 0,2 M, era misturada em partes iguais com LA infectado. A seguir, a mistura era colocada na temperatura de inativação, retirando-se uma amostra para exame nos intervalos programados, após rea- juste do p14 para 7,4 com fosfato monossódico. A amostra retirada logo após adição da BPL era consi- derada a O (zero) hora. Na primeira experiência, a inativação foi acompanhada pela retirada de amos- tras com 06, 12, 24 e 48 horas. Conhecidos seus re- sultados, a segunda experiência foi efetuada por um período de seis horas, retirando-se uma amostra a cada hora. Para medir a ação do inativante, de cada amostra era pesquisada a esterilidade, a capacidade hemoaglutinante e o título dc infecciosidade. 2) Acetil-etiteno-imina (AEI) - O líquido alantóide, previamente selecionado, era misturado em partes iguais, com unia solução de AEI a 0,1% em SSF. Retirada a amostra de zero hora, a mistura era colocada em banho-maria a 37 0C. Em experiên- cia preliminar foram examinados dois tempos de inativação, nove e 16 horas. Conhecidos os resulta- dos, o processo de inativação foi investigado por do- ze horas, com retirada de amostra às duas, quatro, seis e doze horas de ação do inativante. Cada amos- tra, imediatamente à sua obtenção, era tratada com tiossulfito de sódio a 5%, na proporção de 1 ml para 10 ml da suspensão em estudo, passando-se, em se- guida, as provas de esterilidade, título infeccioso e lIA. 3) Etilenoimiria binária (EIli) - Foi adotada a técnica descrita por Bahnemann (1975). obtendo EIB a partir do Bromidrato de 2 Bromo-Etilamina (BEA) em NaOII 1 M. Como indicador de p11 foi usado o bctanaftol violeta para acompanhar a trans- formação de BEA para EIB. O inativante era adicio- nado ao LA virulento já aquecido a 37 0C, na pro- porção de 2%. Em experiência preliminar, foi exa- minada a inativação ocorrida com oito e doze horas. Conhecidos os resultados, foi efetuado novo experi- mento, verificando-se os títulos infecciosos a zero hora e com unia, duas, três, quatro, cinco e seis horas de inativação. A cada intervalo era retirada a amos- tra e, em seguida, efetuadas as provas de esterilida- de, título infeccioso e lIA. 4) Análise estat(stica - O processo de inativação da amostra, utilizando-se a BPL, AEI e EIB, foi determinado por análise tabular com posterior re- presentação gráfica dos resultados obtidos. A influência do tempo para o período de inativa- ção foi avaliada pela regressão linear e análise de variância (Sounis 1972). RESULTADOS 1) Inativação pela BPL Na experiência preliminar, as amostras reti- radas com 12, 24, 48 e 72 horas mostraram-se inócuas para os ovos inoculados, mesmo nas suspensões sem diluir. Na amostra de seis ho- ras, dois de quatro ovos inoculados com a suspensão sem diluir se apresentaram positi- mostrando um resíduo de infecciosidade. A verificação da inativação a 37 0C pelo pe- ríodo de seis horas e exames de amostras com intervalo de uma hora está representado na Fig. 1. Nesta figura, fica claro que no período de duas horas o poder inativante da BPL foi mais acentuado. A análise de regressão linear dos títulos infecciosos apresentou comporta- mento decrescente por hora de inativação. Se- gundo o modelo matemático (S = 7,46 - 1,19 X), a inativação total da amostra deverá Pesq. agropec. bras., BrasIlia, 25(10):1375-1381,out. 1990
  • 4. 1378 M.C.G.C. DE SOUZA et aL ocorrer em tomo de seis horas e 16 minutos (1' < 0,01). Durante o processo de inativação, o título HA inicial de 1:1280 após uma hora era de 1:640 e persistiu até o fmal do período. Os líquidos alantóides dos embriões mortos após 24 horas de inoculação apresentaram re- sultados de HA positivo. 2) Inativação pelo AEI Na experiência preliminar com nove e 16 horas de inativação, os resultados indicaram completa inativação nas duas amostras exami- nadas. Os resultados obtidos na experiência seguinte, quando se verificou a inativação com duas, quatro, seis, oito, dez e doze horas de inativação estão apresentados na Fig. 2. O maior percentual de inativação obtido neste experimento ocorreu por volta de seis horas (Fig. 2). Os títulos infecciosos analisados por re- gressão linear demonstraram um processo de- crescente por tempo de inativação. Segundo a equação da reta (7 = 8,25-0,72 X), o tempo necessário para que ocorra a inativação total foi calculado ser em tomo de onze horas e 28 minutos (P <0,01). O título HA da amostra (1:1280) após duas horas de inativação foi alterado para 1:640 e persistiu durante todo o processo de inativa- ção. Resultados de 1-lIA positivo foram constata- dos em todos os líquidos alantóides coletados dos ovos com embriões mortos após as primei- ras 24 horas de observação. Não se registraram resultados de HA posi- tivos com os líquidos alantóides coletados dos ovos com embriões sobreviventes. 3) Inativação pelo EIB Na experiência preliminar, as amostras ob- tidas com oito e doze horas de inativação mostraram-se inócuas mesmo nas suspensões sem diluir. Os resultados do experimento se- guinte de amostras retiradas com uma, duas, três, quatro, cinco e seis horas de inativação são apresentados na Fig. 3. O poder inativante do EIB foi mais acen- tuado no período de quatro horas, conforme é demonstrado na Fig. 3. A regressão linear, se- guindo a equação da reta (9 = 7,80-1,48 X), calculada pelos títulos de infecciosidade após inativação pelo Effl a 370C, indica decrésci- É É '5 O 05 O (HORAS) (HORAS) FIG. 1. Inativação do vírus da doença de New- castie (VDNC), Macapá, pela Betapro- piolactona a 370C. Pesq. aglopec. bras., Brasilia, 25(10):1375-1381, out. 1990 FIG. 2. Inativação do vírus da doença de New- castie (VDNC), Macapá, pelo Acetil - etileno - imina a 370C.
  • 5. INATIVAÇÃO DO VÍRUS DA DOENÇA-DE-NEWCASTLE 1379 mo do título infeccioso, de acordo com o tem- po horário de observação. Segundo estes aU- culos, a inativação completa deverá ocorrer às 4,33 horas ou seja às quatro horas e 18 minu- tos, conforme se observa na Fig. 3 (P < 0,01). A titulação de uma suspensão virulenta controle, incubada a 370C mas sem inativante, mostrou títulos infecciosos de 10 ° e 10766 , respecúvamente, para amostras de zero, três e seis horas de incubação, para um volu- mede 0,1 ml de inóculo. O título HA inicial foi de 1:1280, assim permanecendo com as amostras de duas, três, quatro e cinco horas. Com a amostra de seis horas, o título foi de 1:640. Esterilidade - Os LA originais e as diversas amostras retiradas nos experimentos de inati- vação, semeadas no meio de tioglicolato, mostraram-se livres de contaminantes bacte- danos e féngicos. DISCUSSÃO Vários autores relatam a inativação de amostras do vírus da DNC pela BPL, em dife- rentes concentrações e temperaturas diversas (Mack & Chotisen 1955, Winmiil & Wedell 1961, Appleton et ai. 1963, Stone & Boney Júnior 1972, Brugh & Siegei 1978). Entre- 2 (006S) FIG. 3. Inativação da amostra do vírus da doença de Ncwcastle (VI)NC), Macapá, pelo EIB a 370C. tanto, estes trabalhos referem-se à inativação final da suspensão de vírus, sem informar a gradação ocorrida e conseqüente processo ci- nético de inativação, aclarando sua natureza. Os resultados dos experimentos por nós realizados com o vírus da DNC, amostra ma- capá, fazendo uso da BPL na concentração fi- nal de 1:4000 a 37 0C, demonstraram que após duas horas o percentual de inativação al- cançou 50%, e com 12 horas, a inativação era total, indicando uma linha reta de inativação, sem deixar resíduo ativo de vírus. Brown & Crick (1959) verificaram que uma suspensão de vírus aftoso preparada a partir de epitélio podal de cobaias tomava-se inócua após incubaçáo com 0,05% de A131 a 370Ç por quatro horas. Porém, experimentos com suspensão de vírus procedente de bovinos ou cultivo celular de rim porcino mostraram que a infecciosidade podia ser revelada após oito horas, mas não com doze horas de inativação. (Brown et ai. 1963). Graves & Arlinghaus (1967), estudando a cinética de inativação do AEI sobre o vírus aftoso a 37 0C, encontraram que a inativação deveria ser completa com seis horas de ação do inativante, e concluíram tra- tar-se de uma reação de primeira ordem sem prejudicar as propriedades sorológicas e imu- nizantes do antígeno. Cunha & Silva (1971) registraram um decréscimo linear na inativa- ção do vírus rábico pelo AEJ a 370C. Igual- mente, inativação de primeira ordem foi en- contrada por Bahnemann (1975) para o vírus aftoso e por Schloer (1982) para o vírus da Peste Suína Africana. Tanto Graves & Arlin- ghaus (1967) como Bahnemann (1975) verifi- caram que o aumento de proteínas na suspen- são virulenta trabalhada não influencia a inati- vação, sugerindo que a ação do inativante se faz sobre o ácido ribonucléico do vírus. Os resultados aqui obtidas, pelo uso de AEI ou EH) na inativação do vírus da DNC, descritos no presente trabalho, não divergem dos revistos com vírus da Febre Aftosa, Raiva e Peste Suína Africana, mostrando, também, tratar-se de inativação de primeira ordem, li- near, sem resíduo de partículas virais ativas. Pesq. agropec. bras., Brasília, 25(1O):1375-1381, out. 1990
  • 6. 1380 M.C.G.C. DE SOUZA et ai. CONCLUSÕES 1. A BPL, o AH, e a EIB mostraram uma inativação rápida, de tipo linear, de primeira ordem, sobre a infecciosidade do vírus da DNC, presente em LA de ovos embrionados infectados com a cepa macapá. 2. A capacidade hemoaglutinante do vírus foi preservada no processo de inativação. REFERÊNCIAS APPLETON, as.; HITCHNER, S.B.; WINTER- FIELD, R.W. A comparison of the immune response of ehickens vaccinated with formaLin and betapropiolactone inactivated Newcastle Disease vaccines. Am. J. Vet. Res., 24: 827-31, 1963. BAHNEMANN, ILG. Binary ethyleriimine as an jnactivant for foot-and-mouth disease virus and lis application for vaccine production. Arch. Virol., 47:47-56, 1975. BROWN, F. & CRICK, J. Application of agar-gel diffusion analysis to a study of the antigenic stnicture of inactivated vaccines prepared from the vinis of foot-and-mouth disease. J. ImmunoL., 8:444-47, 1959. BROWN, E.; HYSLOP, N.; CRICK, J.; MORROW, A.W. The use of acetylethile- neimine in the production of inactivated foot- and-mouth disease vaccine. J. IIyg., London, 61:337-44, 1963. BRUGH, M. & SIEGEL, H.S. Inactivated Newcastle disease vaccines: Influence of virus concentration on lhe primary immune response. Poult. Sei., 57:892-6, 1978. BURNET, F.M. Principies of animal Virology. New York, Academic Press Inc., 1955. 486p. CUMMING, J.G. Rabies-Hydrophobia; a study of fixed virus, determination o! the M.L.D., vaccine treatment (Hogyes, Pasteur and dyalized vaccine) and immunity tests. J. Infect. Dis., 14:33-52, 1914. CUNHA, R.G. & SILVA, R.A. Antigenicidade de vacinas anti-rábicas inaüvadas pelo acetil- -etilenoimina, Betapropiolactona e fenol. R. bras. Biol., 31:435-40, 1971. Pesq. agropec. bras., Brasília, 25(lO):1375- 1381, out. 1990 CUNHA, R.G. & SILVA, R.A. Isolamento e identificação do vírus da Doença de Newcastle no Brasil. 8. Soc. Bras. Mcd. Vet., 23: 17-33, 1955. CUNHA, R.G.; PASSOS, W.S.; PAGANO, M.C.C.; ZAMBORLINI, L.C. Influenza eqüina - Comparação antignica de vacinas inativadas pelo Acetil etileno imina, Betapropiolactona e formol. Arq. Ese. Vet. UFMG., Belo Horizonte, 34:313-24, 1982. FERMI, C. Uber die Immunisierung gegen Wut- krankheiten. Z. IIyg. Infektionskr., 58:233-76, 1908. FERNELIUS, AL.; CLASSICK, L.G.; SMITH, R.L. Evaluation o! B-propiolactone-inac- tivated and chloroform treated-virus vaccines against Bovine Vira! Diarrhea - Mucosal disease. Am. J. Vet. Res., 33:1421,1972. GARD, S. Chemical inactivation o! viruses. In: WOLSTENHOLME, G.E.W. & MILLAR, E.C.P. eds. Thc nature of viruses. London, J. & A. Churchill, 1957. p.123-141. GARD, S. Inactivation o! Poiovirus by Formaldehyde. BuIL Org. Mond. Saut, 17:979-89, 1957. GRAVES, J.H. & ARLINGHAUS, R.B. Acetyleneirnine in lhe preparation of inactivated Foot-and-mouth Disease Vaccines. Proc. U.S. Livestock San. Assn., 71:396-403, 1967. LEPINE, P. Laboratory methods in the study of iniluenza vírus. In: INFLUENZA; a review of current research. Geneva, WHO, 1954. p.87-124. (Monograph Sedes, 20). LO GRIPPO, P.A. & HARTMANN, F.W.; Antige- nicity of B-propriolactona-inactivated virus vaccine. J. Immunol. 75:123-8, 1955. MACK, W.N. & CHOTISEN, A. Betapropiolactone as a virus altering agent for a Newcastle Disease vaccine. Poult. Sei., 34:1010-3, 1955. NATHANSON, N. & LANGMUIR, A.D. The Cutter Incident. Poliomyelitis following formaldehyde inactivated poliovirus vaccina- tion ia the United States during the spring of 1955. I-Background. II-Relationship of Polio- myelitis to Cutter vaccine. lil-Comparison of the dlinical character of vaccinated and contact
  • 7. INATIVAÇÂO DO VÍRUS DA DOENÇA-DE-NEWCASTLE 1381 cases occurring after use of high rate lots of Cutter vaccine. Am. J. IIyg., 78:16-81, 1963. POLLEY, J.R. & GUERIN, M.M. The use of Beta-propiolactone for the preparation of virus vaccines. 1-Antigenicity. Can. J. Microbiol., 3:871-7, 1957. POTASH, L. Methods in human virus vaccine preparation. In: MARANORDSCI-1, K. & KOPROWSKY, H. Methods iii Virology. New York, Acad. Press, 1968. v.4, p.371-464. REED, L.J. & MUENCH, H. A siniple method for estimating fifty percent end-points. Am. J. llyg., 27:493-7, 1938. SCHAAF, K. Avian encephalomyelitis immuniza- tion with inactiveted virus. Avian Dia., 3:245-56, 1959. SCHLOER, G.M. Kinetics of inactivation of African Swine Fever antigen ith Binary- ethylcimine. Proc. Ann. Meetung U.S. Anini. lIealth Assoe., Nashville, 86:253-60, 1982. SEMPLE, D. The preparation of a safe and efflcient antirabic vaccine. Calcutta, Scient. Memoirs by off. Mcd. San. Dept. Gov. of India, 1911. (New Series, 44). SIMMINS, G.B. & BALDWIN, B.A. Studies on betapropiolactone inactivated Newcastle Disease vaccines. Res. Vet. Sei., 4:286-93, 1963. SOUNIS, E. Bioestatísflca; princípios fundamen- tais, metodologia estatística. Sâo Paulo, McGraw 1-1111 do Brasil, 1972. 228p. SOUZA, M.C.G.C. Inativação do vírus da Doença de Newcastle e conservação de sua atividade bemoaglutinante. Niterói, RJ, UFF, 1987. 87p. Tese Mestrado. STONE, H.D. & BONEY JÚNIOR, W.A. Newcastie Disease vaccination with Beta-propiolactone inacüvated virus given intratracheally. Avian. Dia., 16:639-43, 1972. STONE, S.S. & DELAY, P.D. The inactivation of rinderpest virus by 8-propiolactone and its effects in homologous complement fixing and neutralizing antibodies. 1. Imnunol., 87:464-7, 1961. VALLÉE, M., CARRÉ, H.; RINJARD, P. Sur I'immunisation antiaphtheuse par le virus formul&. Rev. Ccii. Mcd. Vet., 35:129, 1926. WINMILL, A.J. & WEDELL, W. A Newcastle Disease vaccine inactivated by Beta-propiolac- tone. Res. Vet. Sei., 2:381-6, 1961. Pesq. aglopec. bras., Brasília, 25(10):1375- t381, out. 1990