SlideShare uma empresa Scribd logo
FIGURAS DE SINTAXE
OU DE CONSTRUÇÃO
Professora
Regilene Cutrim
FIGURAS DE SINTAXE
O texto nem sempre é organizado conforme as normas de sintaxe. Às
vezes, ocorrem alguns desvios sintáticos que alteram a estrutura
convencional de uma oração (SUJEITO+ VERBO + COMPLEMENTO),
promovendo uma sintaxe incomum. Observe a música:
Águas de março (Tom Jobim)
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
Nota-se a repetição do verbo “ser” em negrito.
Observe outro texto:
Os cavalinhos correndo, (estão correndo)
E nós, cavalões, comendo... (estamos comendo)
O Brasil politicando, (está politicando)
Nossa! A poesia morrendo... (está morrendo)
O sol tão claro lá fora, (está)
O sol tão claro, Esmeralda, (está)
E minh’alma — anoitecendo! (está anoitecendo)
Manuel Bandeira
Nota-se, no poema, a omissão do verbo “estar” que fica
subentendido.
Quando há uma inversão de termos, repetição ou até omissão deles,
para acrescentar mais vigor e expressividade à linguagem, temos as
chamadas figuras de sintaxe ou de construção.
Anacoluto
É a mudança da construção sintática no meio da frase, ficando alguns termos
desligados do resto do período.
EX:
• Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
• O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.
A expressão "esses alunos da escola" deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma interrupção da frase, e essa
expressão fica à parte, não exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é chamado de "frase quebrada", pois
corresponde a uma interrupção na sequência lógica do pensamento.
Obs.: o anacoluto deve ser usado com finalidade expressiva em casos muito especiais. Em geral, deve-se evitá-lo.
Hipérbato / Inversão
É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da ordem direta dos termos da
oração.
EX:
• Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor venceu ao ódio.)
• “De tudo, ao meu amor serei atento
Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto” (Vinícius de Moraes) (Na ordem direta seria: Serei
atento ao meu amor antes de tudo, e com tal zelo, e sempre, e tanto)
Anáfora
É a repetição de uma ou mais palavras no início de várias frases,
criando, assim, um efeito de reforço e de coerência. Pela repetição, a
palavra é colocada em destaque, permitindo ao escritor valorizar
determinado elemento textual.
EX:
"Se você gritasse
Se você gemesse,
Se você tocasse
a valsa vienense
Se você dormisse,
Se você cansasse,
Se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro José!" (Carlos Drummond de Andrade)
Polissíndeto
É uma figura caracterizada pela repetição dos conectivos ou síndetos.
EX:
• "Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e
ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac)
• Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem, e deu-lhe
inteligência, e fê-lo chefe da natureza.
Assíndeto
É uma figura caracterizada pela ausência das conjunções, ou conectivos.
EX:
• Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
• "Vim, vi, venci." (Júlio César)
Elipse
Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração que podem ser
facilmente identificados, tanto por elementos gramaticais presentes na
própria oração, quanto pelo contexto.
EX:
• A cada um o que é seu. (Deve se dar a cada um o que é seu.)
• Tenho duas filhas, um filho e amo todos da mesma maneira. (omissão do
pronome pessoal “eu”)
Zeugma
Ocorre quando é feita a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
EX:
• Ele gosta de geografia; eu, de português. (Zeugma: gosto)
• Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só móveis
modernos.(Zeugma: havia)
• Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (Zeugma: gosto)
• No céu há estrelas; na terra, você. (Zeugma: há)
Silepse
A silepse é a concordância que se faz com o termo que não está
expresso no texto, mas sim com a ideia que ele representa. É uma
concordância que se faz com um termo oculto, facilmente
subentendido. Há três tipos de silepse: de gênero, número e
pessoa.
Silepse de Gênero
Os gêneros são masculino e feminino. Ocorre a silepse de gênero
quando a concordância se faz com a ideia que o termo comporta.
EX:
• A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor intenso.
(Nesse caso, o adjetivo bonita não está concordando com o termo Porto Velho, que
gramaticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a
cidade de Porto Velho).
• Vossa Excelência está preocupado. (Nesse exemplo, o adjetivo preocupado
concorda com o sexo da pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa
Excelência).
Silepse de Número
Os números são singular e plural. A silepse de número
ocorre quando o verbo da oração não concorda
gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a
ideia que nele está contida.
EX:
• A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da
cidade de Salvador.
• O povo corria por todos os lados e gritavam muito
alto.
(Note que, nos exemplos acima, as formas verbais andaram e gritavam não concordam
gramaticalmente com os sujeitos das orações -que se encontram no singular: procissão e povo,
respectivamente. Eles concordam com a ideia de pluralidade que neles está contida. Procissão e
povo dão a ideia de muita gente, por isso que os verbos estão no plural.
Silepse de Pessoa
Três são as pessoas gramaticais: a primeira, a segunda e a
terceira. A silepse de pessoa ocorre quando o verbo não
concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que
está inscrita no sujeito.
EX:
• O que não compreendo é como os brasileiros persistimos em
aceitar essa situação.
• Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
• "Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins
públicos." (Machado de Assis)
Observe que as formas verbais persistimos, temos e somos concordam com a ideia
contida nos seus sujeitos brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira
pessoa, incluindo o enunciador, respectivamente, aos brasileiros, aos agricultores e
aos cariocas.
CURIOSIDADES
• ANACOLUTO vem do latim anacoluthon, que
tem origem no grego anakoluthos. A palavra
grega, por sua vez, deriva do termo também
grego koluthos, que significa “caminho”. Assim,
originalmente, anacoluto quer dizer “que não
segue o mesmo caminho”.
• HIPÉRBATO vem do grego “hyperbatón,oû”,
significando “inversão”.
• ANÁFORA vem do grego, sendo formada pela
união do prefixo ana, que quer dizer
“repetição”, e pelo verbo pheró, que significa
“transportar”, “suportar”, “manter”.
• POLISSÍNDETO vem do grego polysýndeton,
formado por polýs, que significa “muito”, e
pelo verbo syndéo, que quer dizer “unir”,
“ligar”. Assim, o significado original da palavra
é algo como “muitas ligações”.
• ASSÍNDETO vem do grego asýndetos, formado
pelo prefixo “a”, que indica negação, e pelo
verbosyndéo, que significa “unir”, “ligar”. O
significado original é a ausência de ligação, a
desunião.
• ELIPSE Vem do latim “ellípsis,is” e do grego
“élleipsis,eós”, significam “supressão”.
• ZEUGMA O termo zeugma vem do grego zeygma,
que quer dizer “ligação”, “vínculo”, “conexão.
• SILEPSE vem do grego sýllepsis, que significa “ato
de compreender” ou “abranger”, “tomar em
conjunto”.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a FIGURAS DE SINTAXE

Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
recursostec
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
William Ferraz
 
Claudia pre alfa 3
Claudia pre alfa 3Claudia pre alfa 3
Claudia pre alfa 3
Abner Silvio
 
Livros poliedro caderno 1 português
Livros poliedro   caderno 1 portuguêsLivros poliedro   caderno 1 português
Livros poliedro caderno 1 português
Claudinei Pereria
 
Novas figuras de linguagem i
Novas figuras de linguagem   iNovas figuras de linguagem   i
Novas figuras de linguagem i
Silvio Reinod Costa
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
Faty Lampert
 
A Comunicação Escrita Através da Abordagem Gramatical
A Comunicação Escrita Através da Abordagem GramaticalA Comunicação Escrita Através da Abordagem Gramatical
A Comunicação Escrita Através da Abordagem Gramatical
PROFIGESTÃO - Profissionais em Gestão de Empresas e Pessoas
 
Aula Semântica.pdf
Aula Semântica.pdfAula Semântica.pdf
Aula Semântica.pdf
Natália Moura
 
Acentuação Gráfica
Acentuação GráficaAcentuação Gráfica
Acentuação Gráfica
Lisdafne Junia
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
AnaMaiaBezerra
 
Aula 8 preposição e conjunção
Aula 8   preposição e conjunçãoAula 8   preposição e conjunção
Aula 8 preposição e conjunção
J M
 
As figuras de linguagem nos textos
As figuras de linguagem nos textosAs figuras de linguagem nos textos
As figuras de linguagem nos textos
Evandro Ribeiro
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
Marta Morais
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
bellaleite_
 
Figura de linguagem
Figura de linguagemFigura de linguagem
Figura de linguagem
BRANCA ROMEU
 
português oracões_coordenadas ppt.pdf
português oracões_coordenadas ppt.pdfportuguês oracões_coordenadas ppt.pdf
português oracões_coordenadas ppt.pdf
FABIOCARDOSOALVES
 
Orações coordenadas[1]
Orações coordenadas[1]Orações coordenadas[1]
Orações coordenadas[1]
Renato Oliveira
 
Blog
BlogBlog
Figuras de Linguagem
Figuras de LinguagemFiguras de Linguagem
Figuras de Linguagem
Daniele Silva
 
22195856 figuras-de-linguagem
22195856 figuras-de-linguagem22195856 figuras-de-linguagem
22195856 figuras-de-linguagem
caio_phb
 

Semelhante a FIGURAS DE SINTAXE (20)

Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
 
Claudia pre alfa 3
Claudia pre alfa 3Claudia pre alfa 3
Claudia pre alfa 3
 
Livros poliedro caderno 1 português
Livros poliedro   caderno 1 portuguêsLivros poliedro   caderno 1 português
Livros poliedro caderno 1 português
 
Novas figuras de linguagem i
Novas figuras de linguagem   iNovas figuras de linguagem   i
Novas figuras de linguagem i
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
 
A Comunicação Escrita Através da Abordagem Gramatical
A Comunicação Escrita Através da Abordagem GramaticalA Comunicação Escrita Através da Abordagem Gramatical
A Comunicação Escrita Através da Abordagem Gramatical
 
Aula Semântica.pdf
Aula Semântica.pdfAula Semântica.pdf
Aula Semântica.pdf
 
Acentuação Gráfica
Acentuação GráficaAcentuação Gráfica
Acentuação Gráfica
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
 
Aula 8 preposição e conjunção
Aula 8   preposição e conjunçãoAula 8   preposição e conjunção
Aula 8 preposição e conjunção
 
As figuras de linguagem nos textos
As figuras de linguagem nos textosAs figuras de linguagem nos textos
As figuras de linguagem nos textos
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
 
Figura de linguagem
Figura de linguagemFigura de linguagem
Figura de linguagem
 
português oracões_coordenadas ppt.pdf
português oracões_coordenadas ppt.pdfportuguês oracões_coordenadas ppt.pdf
português oracões_coordenadas ppt.pdf
 
Orações coordenadas[1]
Orações coordenadas[1]Orações coordenadas[1]
Orações coordenadas[1]
 
Blog
BlogBlog
Blog
 
Figuras de Linguagem
Figuras de LinguagemFiguras de Linguagem
Figuras de Linguagem
 
22195856 figuras-de-linguagem
22195856 figuras-de-linguagem22195856 figuras-de-linguagem
22195856 figuras-de-linguagem
 

Último

Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sonsAula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
Érika Rufo
 
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptxSlides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
Fernão Lopes. pptx
Fernão Lopes.                       pptxFernão Lopes.                       pptx
Fernão Lopes. pptx
TomasSousa7
 
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
ValdineyRodriguesBez1
 
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdfUFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
Manuais Formação
 
- TEMPLATE DA PRATICA - Psicomotricidade.pptx
- TEMPLATE DA PRATICA - Psicomotricidade.pptx- TEMPLATE DA PRATICA - Psicomotricidade.pptx
- TEMPLATE DA PRATICA - Psicomotricidade.pptx
LucianaCristina58
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
OS elementos de uma boa Redação para o ENEM.pdf
OS elementos de uma boa Redação para o ENEM.pdfOS elementos de uma boa Redação para o ENEM.pdf
OS elementos de uma boa Redação para o ENEM.pdf
AmiltonAparecido1
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...
Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...
Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...
Biblioteca UCS
 
PowerPoint Newton gostava de Ler - Saber em Gel.pdf
PowerPoint Newton gostava de Ler - Saber em Gel.pdfPowerPoint Newton gostava de Ler - Saber em Gel.pdf
PowerPoint Newton gostava de Ler - Saber em Gel.pdf
1000a
 
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdfCaderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
enpfilosofiaufu
 
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números RacionaisPotenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
wagnermorais28
 
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - AlfabetinhoAtividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
MateusTavares54
 
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptxTreinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
MarcosPaulo777883
 
Aula história , caracteristicas e esteriótipos em relação a DANÇA DE SALAO.pptx
Aula história , caracteristicas e esteriótipos em relação a DANÇA DE SALAO.pptxAula história , caracteristicas e esteriótipos em relação a DANÇA DE SALAO.pptx
Aula história , caracteristicas e esteriótipos em relação a DANÇA DE SALAO.pptx
edivirgesribeiro1
 
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de CarvalhoO sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
analuisasesso
 
Leonardo da Vinci .pptx
Leonardo da Vinci                  .pptxLeonardo da Vinci                  .pptx
Leonardo da Vinci .pptx
TomasSousa7
 
atividade 8º ano entrevista - com tirinha
atividade 8º ano entrevista - com tirinhaatividade 8º ano entrevista - com tirinha
atividade 8º ano entrevista - com tirinha
Suzy De Abreu Santana
 
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdfO que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
Pastor Robson Colaço
 
759-fortaleza-resultado-definitivo-prova-objetiva-2024-05-28.pdf
759-fortaleza-resultado-definitivo-prova-objetiva-2024-05-28.pdf759-fortaleza-resultado-definitivo-prova-objetiva-2024-05-28.pdf
759-fortaleza-resultado-definitivo-prova-objetiva-2024-05-28.pdf
MessiasMarianoG
 

Último (20)

Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sonsAula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
 
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptxSlides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
 
Fernão Lopes. pptx
Fernão Lopes.                       pptxFernão Lopes.                       pptx
Fernão Lopes. pptx
 
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
 
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdfUFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
 
- TEMPLATE DA PRATICA - Psicomotricidade.pptx
- TEMPLATE DA PRATICA - Psicomotricidade.pptx- TEMPLATE DA PRATICA - Psicomotricidade.pptx
- TEMPLATE DA PRATICA - Psicomotricidade.pptx
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
 
OS elementos de uma boa Redação para o ENEM.pdf
OS elementos de uma boa Redação para o ENEM.pdfOS elementos de uma boa Redação para o ENEM.pdf
OS elementos de uma boa Redação para o ENEM.pdf
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...
Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...
Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...
 
PowerPoint Newton gostava de Ler - Saber em Gel.pdf
PowerPoint Newton gostava de Ler - Saber em Gel.pdfPowerPoint Newton gostava de Ler - Saber em Gel.pdf
PowerPoint Newton gostava de Ler - Saber em Gel.pdf
 
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdfCaderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
 
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números RacionaisPotenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
 
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - AlfabetinhoAtividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
 
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptxTreinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
 
Aula história , caracteristicas e esteriótipos em relação a DANÇA DE SALAO.pptx
Aula história , caracteristicas e esteriótipos em relação a DANÇA DE SALAO.pptxAula história , caracteristicas e esteriótipos em relação a DANÇA DE SALAO.pptx
Aula história , caracteristicas e esteriótipos em relação a DANÇA DE SALAO.pptx
 
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de CarvalhoO sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
 
Leonardo da Vinci .pptx
Leonardo da Vinci                  .pptxLeonardo da Vinci                  .pptx
Leonardo da Vinci .pptx
 
atividade 8º ano entrevista - com tirinha
atividade 8º ano entrevista - com tirinhaatividade 8º ano entrevista - com tirinha
atividade 8º ano entrevista - com tirinha
 
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdfO que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
 
759-fortaleza-resultado-definitivo-prova-objetiva-2024-05-28.pdf
759-fortaleza-resultado-definitivo-prova-objetiva-2024-05-28.pdf759-fortaleza-resultado-definitivo-prova-objetiva-2024-05-28.pdf
759-fortaleza-resultado-definitivo-prova-objetiva-2024-05-28.pdf
 

FIGURAS DE SINTAXE

  • 1. FIGURAS DE SINTAXE OU DE CONSTRUÇÃO Professora Regilene Cutrim
  • 2. FIGURAS DE SINTAXE O texto nem sempre é organizado conforme as normas de sintaxe. Às vezes, ocorrem alguns desvios sintáticos que alteram a estrutura convencional de uma oração (SUJEITO+ VERBO + COMPLEMENTO), promovendo uma sintaxe incomum. Observe a música: Águas de março (Tom Jobim) É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É um caco de vidro, é a vida, é o sol É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol É peroba do campo, é o nó da madeira Caingá, candeia, é o Matita Pereira É madeira de vento, tombo da ribanceira É o mistério profundo, é o queira ou não queira Nota-se a repetição do verbo “ser” em negrito.
  • 3. Observe outro texto: Os cavalinhos correndo, (estão correndo) E nós, cavalões, comendo... (estamos comendo) O Brasil politicando, (está politicando) Nossa! A poesia morrendo... (está morrendo) O sol tão claro lá fora, (está) O sol tão claro, Esmeralda, (está) E minh’alma — anoitecendo! (está anoitecendo) Manuel Bandeira Nota-se, no poema, a omissão do verbo “estar” que fica subentendido. Quando há uma inversão de termos, repetição ou até omissão deles, para acrescentar mais vigor e expressividade à linguagem, temos as chamadas figuras de sintaxe ou de construção.
  • 4. Anacoluto É a mudança da construção sintática no meio da frase, ficando alguns termos desligados do resto do período. EX: • Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles. • O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem. A expressão "esses alunos da escola" deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma interrupção da frase, e essa expressão fica à parte, não exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é chamado de "frase quebrada", pois corresponde a uma interrupção na sequência lógica do pensamento. Obs.: o anacoluto deve ser usado com finalidade expressiva em casos muito especiais. Em geral, deve-se evitá-lo. Hipérbato / Inversão É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da ordem direta dos termos da oração. EX: • Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor venceu ao ódio.) • “De tudo, ao meu amor serei atento Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto” (Vinícius de Moraes) (Na ordem direta seria: Serei atento ao meu amor antes de tudo, e com tal zelo, e sempre, e tanto)
  • 5. Anáfora É a repetição de uma ou mais palavras no início de várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coerência. Pela repetição, a palavra é colocada em destaque, permitindo ao escritor valorizar determinado elemento textual. EX: "Se você gritasse Se você gemesse, Se você tocasse a valsa vienense Se você dormisse, Se você cansasse, Se você morresse... Mas você não morre, Você é duro José!" (Carlos Drummond de Andrade)
  • 6. Polissíndeto É uma figura caracterizada pela repetição dos conectivos ou síndetos. EX: • "Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac) • Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem, e deu-lhe inteligência, e fê-lo chefe da natureza. Assíndeto É uma figura caracterizada pela ausência das conjunções, ou conectivos. EX: • Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. • "Vim, vi, venci." (Júlio César)
  • 7. Elipse Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração que podem ser facilmente identificados, tanto por elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto pelo contexto. EX: • A cada um o que é seu. (Deve se dar a cada um o que é seu.) • Tenho duas filhas, um filho e amo todos da mesma maneira. (omissão do pronome pessoal “eu”) Zeugma Ocorre quando é feita a omissão de um termo já mencionado anteriormente. EX: • Ele gosta de geografia; eu, de português. (Zeugma: gosto) • Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só móveis modernos.(Zeugma: havia) • Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (Zeugma: gosto) • No céu há estrelas; na terra, você. (Zeugma: há)
  • 8. Silepse A silepse é a concordância que se faz com o termo que não está expresso no texto, mas sim com a ideia que ele representa. É uma concordância que se faz com um termo oculto, facilmente subentendido. Há três tipos de silepse: de gênero, número e pessoa. Silepse de Gênero Os gêneros são masculino e feminino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se faz com a ideia que o termo comporta. EX: • A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor intenso. (Nesse caso, o adjetivo bonita não está concordando com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de Porto Velho). • Vossa Excelência está preocupado. (Nesse exemplo, o adjetivo preocupado concorda com o sexo da pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa Excelência).
  • 9. Silepse de Número Os números são singular e plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está contida. EX: • A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade de Salvador. • O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto. (Note que, nos exemplos acima, as formas verbais andaram e gritavam não concordam gramaticalmente com os sujeitos das orações -que se encontram no singular: procissão e povo, respectivamente. Eles concordam com a ideia de pluralidade que neles está contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por isso que os verbos estão no plural.
  • 10. Silepse de Pessoa Três são as pessoas gramaticais: a primeira, a segunda e a terceira. A silepse de pessoa ocorre quando o verbo não concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que está inscrita no sujeito. EX: • O que não compreendo é como os brasileiros persistimos em aceitar essa situação. • Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. • "Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos." (Machado de Assis) Observe que as formas verbais persistimos, temos e somos concordam com a ideia contida nos seus sujeitos brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa, incluindo o enunciador, respectivamente, aos brasileiros, aos agricultores e aos cariocas.
  • 11. CURIOSIDADES • ANACOLUTO vem do latim anacoluthon, que tem origem no grego anakoluthos. A palavra grega, por sua vez, deriva do termo também grego koluthos, que significa “caminho”. Assim, originalmente, anacoluto quer dizer “que não segue o mesmo caminho”. • HIPÉRBATO vem do grego “hyperbatón,oû”, significando “inversão”.
  • 12. • ANÁFORA vem do grego, sendo formada pela união do prefixo ana, que quer dizer “repetição”, e pelo verbo pheró, que significa “transportar”, “suportar”, “manter”. • POLISSÍNDETO vem do grego polysýndeton, formado por polýs, que significa “muito”, e pelo verbo syndéo, que quer dizer “unir”, “ligar”. Assim, o significado original da palavra é algo como “muitas ligações”.
  • 13. • ASSÍNDETO vem do grego asýndetos, formado pelo prefixo “a”, que indica negação, e pelo verbosyndéo, que significa “unir”, “ligar”. O significado original é a ausência de ligação, a desunião. • ELIPSE Vem do latim “ellípsis,is” e do grego “élleipsis,eós”, significam “supressão”. • ZEUGMA O termo zeugma vem do grego zeygma, que quer dizer “ligação”, “vínculo”, “conexão. • SILEPSE vem do grego sýllepsis, que significa “ato de compreender” ou “abranger”, “tomar em conjunto”.