Este documento discute princípios básicos de interpretação de perfis de densidade e fator fotoelétrico obtidos por ferramentas de perfis de poços. Apresenta conceitos sobre efeito Compton, efeito fotoelétrico, densidade bulk, porosidade, influência de fluidos, minerais e fraturas nos perfis. Explica como determinar porosidade a partir das leituras de densidade, considerando densidade da matriz e dos fluidos de forma qualitativa e quantitativa.
1. EGG10086 – Tópicos Especiais
Interpretação Geológica de Perfis de Poços
SEMESTRE: 2020-1
AULA 7:
DENSIDADE E FATOR FOTOELÉTRICO
Prof. Dr. Fernando Freire
fernando_freire@id.uff.br
4. Princípios Básicos O Efeito Compton
https://oilfieldnuclear.com/
Princípio: Uma fonte radioativa, aplicada na parede do poço, emite
raios gama de média energia. Esses raios gamas desalojam elétrons
e são defletidos em relação às suas trajetórias de colisão, havendo
um efeito de espalhamento (Efeito Compton). A ferramenta mede os
raios gama espalhados. Quanto mais densa a formação mais elétrons
ela possui, e menos raios gama de espalhamento são detectados.
Fonte
Detector Próximo
Detector Longe
Soeiro, 2004
DEN
NEU
GR
5. Princípios Básicos O Efeito Fotoelétrico
Princípio: Registro contínuo do índice de absorção
fotoelétrica da formação (Pe). Este índice Pe é fortemente
influenciado pelo número atômico (z) dos elementos que
compõem os minerais formadores da rocha analisada.
Quanto mais complexo for o átomo, maior será o Pe.
• Trata-se das baixas energias que não causam o Efeito
Compton. É geralmente adimensional ou expresso em
barns/elétron.
• Fluidos não são possuem Z complexos (H e C,
basicamente), exercendo baixíssima influência no Pe.
https://oilfieldnuclear.com/
7. Princípios Básicos Medidas
• Quando a energia da Radiação X aumenta, o espalhamento Compton torna-se mais frequente que o efeito
fotoelétrico.
• O efeito Compton é a interação de um raio X com um elétron orbital onde parte da energia do raio X incidente é
transferida como energia cinética para o elétron e o restante é cedida para o fóton espalhado, levando-se em
consideração também a energia de ligação do elétron.
• O fóton espalhado terá uma energia menor e uma direção diferente da incidente.
Utiliza fonte de Cs137 vinculado ao nível de energia (662 KeV) para o qual as
ferramentas de densidade foram desenvolvidas. Com este nível de energia
de emissão, associada à proteção de outra fonte (para absolver os raios
gama menores que 120 keV e eliminar o efeito fotoelétrico), as interações
ficam limitadas ao espectro do efeito Compton.
8. Princípios Básicos Características
Utilização: Porosidade, Litologia, Definição de Zonas de Gás (em confronto com o CNL).
Curvas Registradas: RHOB / RHOZ, DRHO (correção de RHOB), CAL.
Apresentação:
RHOB: Pista 04, escala linear.
DRHO: Pista 03, escala linear.
CAL: Pista 01, escala linear.
Atenção: Lama, arrombamento e reboco, hidrocarbonetos e argilosidade.
Outros Perfis:
LDL (Litho Density Log) - além de RHOB, mede o índice de absorção fotoelétrica (PEF).
TLD (Three Detector Litho Density) - acrescentado um 3º detector mais próximo da fonte (alta resolução).
FDC (Formation Density Log)
Soeiro, 2004
13. Princípios Básicos Conceitos
Soeiro, 2004
Conceito de Porosidade
Matriz
Poros
−1
Água, Gás e Óleo
Arcabouço
Avaliação Convencional de Perfis: Modelo
14. Princípios Básicos O Fator Fotoelétrico (PEF)
Ryder & Kennedy, 2011
Resposta da Matriz >>> Resposta do Fluido
A porosidade e os fluidos têm pouca influência
15. Princípios Básicos O Fator Fotoelétrico (PEF)
Ryder & Kennedy, 2011
Resposta da Matriz
16. Princípios Básicos
Ryder & Kennedy, 2011
Densidades Efetivamente Lidas
Densidade Bulk das Rochas e dos Fluidos
17. Princípios Básicos
Ryder & Kennedy, 2011
Densidades Efetivamente Lidas
Densidade Bulk das Rochas e dos Fluidos
18. Princípios Básicos Densidade Bulk das Rochas e dos Fluidos
Ryder & Kennedy, 2011
Densidade do Quartzo (2,59 – 2,65 g/cm3)
Densidade da Calcita (2,60 – 2,80 g/cm3)
Densidade da Dolomita (2,86 – 3,10 g/cm3)
(2,65 g/cm3)
(2,71 g/cm3)
(2,87 g/cm3)
Uma variação de 10% de porosidade
pode significar cerca de 0,16 g/cm3 na
leitura em arenitos!!!
0,16 g/cm3 = 10%
0,05 g/cm3 = X%
0,05 g/cm3 = 3% de porosidade
0,10 g/cm3 = 6% de porosidade
A = 0,05 g/cm3 = 3,125%
C = 0,05 g/cm3 = 2,941%
D = 0,05 g/cm3 = 2,632%
0,16 g/cm3
0,17 g/cm3
0,19 g/cm3
Densidades Efetivamente Lidas
26. Interpretação do Perfil Densidade Influência do Gás
Interpretação Qualitativa
O gás superestima a
porosidade lida, pois
ocasiona uma diminuição da
densidade!!!
Ryder & Kennedy, 2011
O gás exerce uma maior
pressão estática contra a
parede do poço,
promovendo uma maior
mistura com o filtrado.
27. Interpretação do Perfil Densidade Influência da Compactação
Interpretação Qualitativa
Ryder & Kennedy, 2011
Aumento da Compactação dos Folhelhos
Aumento da Densidade
28. Interpretação do Perfil Densidade
Interpretação Qualitativa
Ryder & Kennedy, 2011
Intercalações
Dolomíticas
Níveis de
Cimentação
Influência da Mineralogia
29. Interpretação do Perfil Densidade
Interpretação Qualitativa
Ryder & Kennedy, 2011
Influência dos Sais
Halita
Gesso
Anidrita
Carnalita
Silvita
Ploihalita
Halita
30. Interpretação do Perfil Densidade
Interpretação Qualitativa
Ryder & Kennedy, 2011
Influência do Fraturas
Arrombamento
Fraturas Abertas? Ou está lendo lama?
Maior DT
31. Interpretação do Perfil Densidade
Interpretação Qualitativa
Ryder & Kennedy, 2011
Influência da Sobrepressão
32. Interpretação do Perfil Densidade
Interpretação Qualitativa
Ryder & Kennedy, 2011
Influência do Carvão
33. Interpretação do Perfil Densidade
Interpretação Qualitativa
Ryder & Kennedy, 2011
Influência da Matéria Orgânica
Aumento de TOCDiminuição da Densidade
infolupki.pgi.gov.pl
FLH não orgânico
FLH orgânico
D_FLH não orgânico – D_FLH orgânico = D_TOC
34. Interpretação do Perfil Densidade
Interpretação Quantitativa
Ryder & Kennedy, 2011
Inferência do TOC
D_FLH não orgânico – D_FLH orgânico = D_TOC
Problemas: arrombamentos, minerais metálicos,
diferentes argilominerais, carbonatos, falhas etc.
% em peso de carbono no querogênio
35. Interpretação do Perfil Densidade
Interpretação Quantitativa
Ryder & Kennedy, 2011
Influência da Matéria Orgânica
https://www.researchgate.net/figure/BSEM-image-of-framboidal-pyrite-in-the-
natural-pore-structure-of-bone-from-the-Vale-of_fig4_235788502
36. Interpretação do Perfil Densidade Densidade Bulk
Interpretação Quantitativa
Soeiro, 2004
Bulk Density
> Ø = menor densidade
37. Ƥma = Densidade da Matriz
ƤB = Densidade Lida no Perfil
Ƥf = Densidade do Filtrado da Lama
Ryder & Kennedy, 2011
Densidades Efetivamente Lidas
Interpretação do Perfil Densidade Determinação da Porosidade pela Densidade
fma
bma
−
−
=
( ) mafb −+= .1.
−+= .. mamafb
bmafma −=− ..
bmafma −= )_.(
2,65
2,71
2,85
ARENITO
CALCÁRIO
DOLOMITO
38. Interpretação do Perfil Densidade
fma
bma
−
−
=
Interpretação Quantitativa
Ƥma = Densidade da Matriz
ƤB = Densidade Lida no Perfil
Ƥf = Densidade do Filtrado da Lama
Soeiro, 2004
± 1,0 (água doce) – Raramente utilizada nas zonas de interesse
para HC (ZIHC)
± 1,1 (água salgada)
± 0,9 (óleo)
Determinação da Porosidade pela Densidade
39. Interpretação do Perfil Densidade
Interpretação Quantitativa
Determinação da Porosidade pela Densidade
https://www.engineeringtoolbox.com/api-gravity-d_1212.html
n-parafinas
Diesel
FWBM OBM
FWBM
OBM
40. Interpretação do Perfil Densidade
Interpretação Quantitativa
Determinação da Porosidade pela Densidade
Freire, acervo pessoal.
FWBM OBM
FWBM
SWBM
41. Interpretação do Perfil Densidade Determinação da Porosidade pela Densidade
Interpretação Quantitativa
Soeiro, 2004
1-SSS-1-AA
RHOB2 3
GR0 150
CAL4 14
BS= 6 1/8”
MR=
2925
2900
DRHO .25-.25
2,65
21 %
3 %
6 %
9 %
12 %
18 %
15 %
23,5 %
Quartzo
Calcita
)3/( cmgb
2,65
2,71
Leitura de Porosidade Direta
no Perfil sem Correção
Passos
1-Identificar a Densidade da Matriz
2-A partir desta, cada linha á esquerda
vale 3% de unidade de porosidade.
2,71
42. Interpretação do Perfil Densidade Determinação da Porosidade da Densidade
Interpretação Quantitativa
Calonio, 2020
2,65
3 %
9 %
21 %
15 %
33 %
27 %
33 %
51. Efeito do Reboco (Barita)Interpretação do Perfil de Fator Fotoelétrico
Leituras Erradas
Ryder & Kennedy, 2011
Interpretação Qualitativa
52. Determinação da Porosidade
Interpretação Quantitativa
Interpretação do Perfil de Fator Fotoelétrico
Ryder & Kennedy, 2011
Fator Fotoelétrico x Densidade Bulk
Schlumberger, 2009
2,65
2,71
2,86
1,81 3,14 5,08
U = Pe x Den
53. Determinação da Porosidade
Interpretação Quantitativa
Interpretação do Perfil de Fator Fotoelétrico
Ryder & Kennedy, 2011
Fator Fotoelétrico x Densidade Bulk
Schlumberger, 2009
2,65
2,71
2,86
4,79 9,00 13,77
U = Pe x Den
80% CAL
20% DOL
80% QTZ
20% CAL
40% QTZ
40% DOL
20% CAL
56. Bibliografia
Boggs Jr., S. Principles of Sedimentology and Stratigraphy. 4th Ed. Pearson, New Jersey, 2006. 655 pp.
Campassi Reis, A.F. (2005) Perfilagem: Perfis de Ressonância Nuclear Magnética. Apostila Interna Petrobras.
Campinho, V.S. (2005) Perfilagem: Interpretação Geológica de Perfis. Apostila Interna Petrobras.
Campinho, V.S.; Flores, A.C.C.; Forbrig, L.C.; Dupuy, I.S.S. (2003) Perfilagem: Conceitos e Aplicações. Apostila Interna Petrobras.
Catuneanu, O. Principles of Sequence Stratigraphy. Amsterdam, Elsevier. 2007. 375 pp.
Darling, T. (2005) Well Logging and Formation Evaluation. Elsevier, 326 pp.
Emery, D. and Myers, K. J. (1996) Sequence Stratigraphy: Blackwell, 297 p.
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Holz, M. Estratigrafia de Sequências: Histórico, Princípios e Aplicações. Interciência, 2012.
James, N.P.; Dalrymple, R.W. (Eds.) Facies Models 4. Newfoundland, Geological Association of Canada, 2010. 586 pp.
James, N.P.; Jones, B. Origin of Carbonate Sedimentary Rocks. Oxford, Wiley/AGU, 2016. 446 pp.
Miall, A.D. Principles of Sedimentary Basin Analysis. 2ª Ed., New York, Springer-Verlaq, 1990. 668 pp.
Posamentier, H.W., Walker, R.G. Facies Models Revisited. SEPM, Special Publication 84, 2006. 521 pp.
Rider, M.; Kennedy, M. (2011) The Geological Interpretation of Well Logs. 3rd Ed.; Rider-French, 432 pp.
Schlumberger (1972) Interpretacion de Perfiles, vols. I e II.
Selley, R.C.; Sonnemberg, S.A. (2015) Elements of Petroleum Geology. 3rd Ed. Academic Press, 507 pp.
Soeiro, P.A.S. (2004) Perfilagem de Poços. Apostila Interna Petrobras.
Van Wagoner, J.C.; Mitchum, R.M.; Campion, K.M.; Rahmanian, V.D. (2014) Siliciclastic Sequence Stratigraphy in Well Logs, Cores, and Outcrops. AAPG
Methods in Exploration N.7 (CD-ROM)
Várias páginas visitadas na internet para consulta foram referenciadas nas próprias figuras.