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Um roteiro
bucólico e
boêmio pelo
estado
A tradição que destaca os sabores típicos de
cada região para a ceia natalina
Entrevista com
o bom velinho
direto de sua
residência oficial
em Gramado
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P A P A I N O E L
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P A P A I N O E L
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Divulgação
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Em Gramado,
crianças e adultos
podem visitar a
aldeia do Papai Noel
e sentir a magia do
Natal durante
todo o ano
por Diego Palmieri
5 6 7 8 9 @ A B @ C 8 D E D F 8 G E H E I E H I E
P Q
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Há ainda
quem chegue discretamente, pedindo
coisas estranhas como tubarões, zebras e
cavalos de verdade. Mas a maioria deseja
mesmo uma bicicleta, uma boneca ou um
carrinho. Há 13 anos, durante os 365 dias
de cada um deles, a rotina do Papai Noel
Armando não muda. “É muito gostoso
tudo isso porque o carinho que recebo é
enorme”, justifica num bate-papo exclusivo
com a Revista DIA.
No bairro em que mora com a família,
em Gramado (interior do Rio Grande do
Sul), todos o conhecem por ser “o bom
velhinho”. No entanto, quem pensa que
isso o aborrece está enganado. Aos 75
anos, o filho de descendente de alemães
Armando Procksch já trabalhou na agricul-
tura, em fábrica de calçados e até em usina
de leite. Mas foi como jardineiro do Parque
Knorr, criado em 1940 pelo imigrante
alemão Oscar Knorr na serra gaúcha, que
ele descobriu sua vocação para vestir a
fantasia natalina. “Trabalhando aqui, um dia
surgiu a oportunidade de ocupar essa vaga,
e eu aceitei imediatamente.”
No local está instalada a Aldeia do Papai
Noel, considerada pelos seus fundadores
a morada oficial do Papai Noel na América
do Sul. São 90.000 m2 abertos à
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Em Gramado,
crianças e adultos
podem visitar a
aldeia do Papai Noel
e sentir a magia do
Natal durante
todo o ano
por Diego Palmieri
V $ %  ' ( ) 0 1 2 3
P A P A I N O E L
visitação o ano todo, em
horário comercial. Anualmente,
muitos dos pinheiros centenários
do jardim, que dividem a atenção dos
turistas com renas de verdade e uma
decoração típica de Natal, são iluminados por
500 mil lâmpadas. E é nesse cenário que, desde
2001, Armando recebe os visitantes e lê cartas
de crianças de todo o país.
Algumas delas, coletadas pelo Parque
numa campanha junto às escolas munici-
pais de Gramado, estão reproduzidas nesta
reportagem. Cedidos gentilmente pela insti-
tuição, os textos mostram a curiosidade dos
pequenos em relação a essa figura lendária que,
em muitas culturas ocidentais, leva presentes às
casas de crianças bem-comportadas na noite
da véspera de Natal, no dia 24 de dezembro, ou
no Dia de São Nicolau (6 de dezembro). Reza
a lenda que esse santo, quando ainda era arce-
bispo de Mira, colocava presentes dentro das
chaminés das crianças à noite, para que fossem
encontrados na manhã seguinte.
REVISTA DIA – Armando, como começou
essa história de se vestir de Papai Noel e
contribuir para a magia do Natal?
ARMANDO PROCKSCH – Comecei
trabalhando como jardineiro no Parque Knorr,
que é bem grande, lindo e cheio de pinheiros
alemães. Depois de um mês de trabalho no
local, que também é a Aldeia do Papai Noel, me
convidaram a assumir esse posto.
RD – E como descobriu que tinha jeito para
ser um bom velhinho?
AP – Descobri essa vocação durante o
trabalho e fui gostando, cada vez mais. Há anos
tenho a barba do Papai Noel e mantenho o
carinho pelas crianças. Todas as pessoas estão
no meu coração, e acho que esse é mesmo o
espírito do Natal.
O Papai Noel de
Gramado tem a
companhia da
Mamãe Noel na
missão de encantar
as crianças
$ %  ' ( ) 0 1 2 3  W
RD – O que te dá mais prazer: ser jar-
dineiro ou Papai Noel?
AP – Ser Papai Noel por causa desse
contato com as pessoas e por ver a
carinha feliz das crianças. E, de certo
modo, o jardim sempre estará comigo,
pois aqui temos muita natureza.
RD – Quando o senhor era pequeno,
teve contato com essa figura lendária?
AP – Antigamente era muito raro o
contato das crianças com Papai Noel,
então não tive esse privilégio. Acho que,
por isso, tenho ainda mais forte esse
sentimento.
RD – Durante mais de uma década, teve
alguma história que mais lhe surpreen-
deu?
AP – Um dia, uma criança de quatro
anos me perguntou: “Papai Noel, você
dorme com a Mamãe Noel? Você a
ama?”. Outras já me pediram: “Papai Noel,
você me dá um irmãozinho?”. As crianças
sempre nos surpreendem!
RD –Tirando esse pedido inusitado,
quais outros já ouviu das crianças?
AP – Já me pediram tubarão, zebra e
cavalo de verdade!
RD – Alguém já tentou puxar sua
barba?
AP – Sim. Todos os dias tem, tanto
criança quanto adulto querendo puxar
minha barba para ver se realmente é
verdadeira (risos).
RD – Por trabalhar num país tropical, o
senhor acha que a roupa do Papai Noel
tinha de ser mais leve?
AP – Acho que não. Pelo menos não
aqui no Sul, pois temos um clima muito
agradável – faz mais frio do que calor. E
não mudaria a roupa porque a vestimenta
tem uma tradição de muitos anos. As pes-
soas querem ver o Papai Noel assim e eu
acho lindo!
RD – No dia a dia, o que o senhor faz
com as crianças que se assustam e
começam a chorar?
AP – Primeiro, peço o nome dela.
Daí ofereço bala e começo a conversar,
lentamente, para ela ver que o Papai Noel
é uma pessoa amigável. Depois tiro as
luvas porque isso, às vezes, dá medo. Em
seguida pergunto qual o presente que ela
gostaria de ganhar no Natal. É quando
ganho totalmente a confiança, e elas não
querem mais sair do meu lado.
RD – Se o senhor pudesse, qual presente
daria pras crianças do Brasil?
AP – Saúde e paz e desejaria
que nenhuma criança passasse por
necessidade. Além disso ofereceria um
presente-surpresa para ver a alegria no
rosto de cada criança ao abrir o pacote.
Fotos:Divulgação
X $ %  ' ( ) 0 1 2 3
P A P A I N O E L
“Qual é a sua idade? Existe Mamãe
Noel?” – KEILA, do ensino fundamental
PAPAI NOEL – Não tenho idade certa,
Keila. Todos os Papais Noéis remetem ao
bispo São Nicolau, que nasceu no ano 350
depois de Cristo, na cidade de Patara, um
porto movimentado da Ásia. Ele viajou por
diversos lugares e a igreja católica lhe atribui
milagres, sempre relacionados à doação de
presentes. E sim, minha querida, a Mamãe
Noel existe e me ajuda muito!
“Papai Noel, você gostaria de ser
magro?” – AUGUSTO, do ensino fundamental
PN – Ah, não, meu querido Augusto!
Eu não poderia deixar de comer os deli-
ciosos biscoitos caseiros que ganho das
crianças e de suas mamães.
“Papai Noel, você sabe quando nós
estamos dormindo?” – GABRIEL, do ensino
fundamental
PN – Sim, querido Gabriel, pois os anjos
me mandam recadinhos de que vocês
estão sonhando. Por isso que, na época do
Natal, eu entro pela chaminé enquanto
vocês dormem e sonham.
“Eu queria saber por que as pessoas men-
tem para as crianças de que o Papai Noel
existe?” – VINÍCIUS, do ensino fundamental
PN – Meu querido amiguinho Vinícius,
no fundo do coração, todas as pessoas
acreditam no Papai Noel. Por isso elas não
mentem.
 X $ %  ' ( ) 0 1 2 3
*Perguntas recebidas durante campanha recente
realizada pela Aldeia do Papai Noel, no Parque Knorr,
junto às escolas municipais de Gramado (Rio Grande
do Sul). O material foi cedido gentilmente para
reprodução na Revista DIA.
Na aldeia do Papai
Noel também é possível
ver renas de verdade
passeando pelo jardim
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Edição43 Entrevista Papai Noel

  • 1.   ¡ ¢ £ ¤ ¥ ¦ § ¨ © ¨ ¨ § ! Um roteiro bucólico e boêmio pelo estado A tradição que destaca os sabores típicos de cada região para a ceia natalina Entrevista com o bom velinho direto de sua residência oficial em Gramado
  • 2. # $ % ' ( ) 0 1 2 3 P A P A I N O E L # $ % ' ( ) 0 1 2 3 P A P A I N O E L # $ % ' ( ) 0 1 2 3 Divulgação
  • 3. $ % ' ( ) 0 1 2 3 4 Em Gramado, crianças e adultos podem visitar a aldeia do Papai Noel e sentir a magia do Natal durante todo o ano por Diego Palmieri 5 6 7 8 9 @ A B @ C 8 D E D F 8 G E H E I E H I E P Q H R E R Q S H B @ T Q 9 U 8 E 9 C B B 8 C H B @ U 8 Q H Q D @ Q E F H B G S D E H E F Q 9 E @ Há ainda quem chegue discretamente, pedindo coisas estranhas como tubarões, zebras e cavalos de verdade. Mas a maioria deseja mesmo uma bicicleta, uma boneca ou um carrinho. Há 13 anos, durante os 365 dias de cada um deles, a rotina do Papai Noel Armando não muda. “É muito gostoso tudo isso porque o carinho que recebo é enorme”, justifica num bate-papo exclusivo com a Revista DIA. No bairro em que mora com a família, em Gramado (interior do Rio Grande do Sul), todos o conhecem por ser “o bom velhinho”. No entanto, quem pensa que isso o aborrece está enganado. Aos 75 anos, o filho de descendente de alemães Armando Procksch já trabalhou na agricul- tura, em fábrica de calçados e até em usina de leite. Mas foi como jardineiro do Parque Knorr, criado em 1940 pelo imigrante alemão Oscar Knorr na serra gaúcha, que ele descobriu sua vocação para vestir a fantasia natalina. “Trabalhando aqui, um dia surgiu a oportunidade de ocupar essa vaga, e eu aceitei imediatamente.” No local está instalada a Aldeia do Papai Noel, considerada pelos seus fundadores a morada oficial do Papai Noel na América do Sul. São 90.000 m2 abertos à $ % ' ( ) 0 1 2 3 4 Em Gramado, crianças e adultos podem visitar a aldeia do Papai Noel e sentir a magia do Natal durante todo o ano por Diego Palmieri
  • 4. V $ % ' ( ) 0 1 2 3 P A P A I N O E L visitação o ano todo, em horário comercial. Anualmente, muitos dos pinheiros centenários do jardim, que dividem a atenção dos turistas com renas de verdade e uma decoração típica de Natal, são iluminados por 500 mil lâmpadas. E é nesse cenário que, desde 2001, Armando recebe os visitantes e lê cartas de crianças de todo o país. Algumas delas, coletadas pelo Parque numa campanha junto às escolas munici- pais de Gramado, estão reproduzidas nesta reportagem. Cedidos gentilmente pela insti- tuição, os textos mostram a curiosidade dos pequenos em relação a essa figura lendária que, em muitas culturas ocidentais, leva presentes às casas de crianças bem-comportadas na noite da véspera de Natal, no dia 24 de dezembro, ou no Dia de São Nicolau (6 de dezembro). Reza a lenda que esse santo, quando ainda era arce- bispo de Mira, colocava presentes dentro das chaminés das crianças à noite, para que fossem encontrados na manhã seguinte. REVISTA DIA – Armando, como começou essa história de se vestir de Papai Noel e contribuir para a magia do Natal? ARMANDO PROCKSCH – Comecei trabalhando como jardineiro no Parque Knorr, que é bem grande, lindo e cheio de pinheiros alemães. Depois de um mês de trabalho no local, que também é a Aldeia do Papai Noel, me convidaram a assumir esse posto. RD – E como descobriu que tinha jeito para ser um bom velhinho? AP – Descobri essa vocação durante o trabalho e fui gostando, cada vez mais. Há anos tenho a barba do Papai Noel e mantenho o carinho pelas crianças. Todas as pessoas estão no meu coração, e acho que esse é mesmo o espírito do Natal. O Papai Noel de Gramado tem a companhia da Mamãe Noel na missão de encantar as crianças
  • 5. $ % ' ( ) 0 1 2 3 W RD – O que te dá mais prazer: ser jar- dineiro ou Papai Noel? AP – Ser Papai Noel por causa desse contato com as pessoas e por ver a carinha feliz das crianças. E, de certo modo, o jardim sempre estará comigo, pois aqui temos muita natureza. RD – Quando o senhor era pequeno, teve contato com essa figura lendária? AP – Antigamente era muito raro o contato das crianças com Papai Noel, então não tive esse privilégio. Acho que, por isso, tenho ainda mais forte esse sentimento. RD – Durante mais de uma década, teve alguma história que mais lhe surpreen- deu? AP – Um dia, uma criança de quatro anos me perguntou: “Papai Noel, você dorme com a Mamãe Noel? Você a ama?”. Outras já me pediram: “Papai Noel, você me dá um irmãozinho?”. As crianças sempre nos surpreendem! RD –Tirando esse pedido inusitado, quais outros já ouviu das crianças? AP – Já me pediram tubarão, zebra e cavalo de verdade! RD – Alguém já tentou puxar sua barba? AP – Sim. Todos os dias tem, tanto criança quanto adulto querendo puxar minha barba para ver se realmente é verdadeira (risos). RD – Por trabalhar num país tropical, o senhor acha que a roupa do Papai Noel tinha de ser mais leve? AP – Acho que não. Pelo menos não aqui no Sul, pois temos um clima muito agradável – faz mais frio do que calor. E não mudaria a roupa porque a vestimenta tem uma tradição de muitos anos. As pes- soas querem ver o Papai Noel assim e eu acho lindo! RD – No dia a dia, o que o senhor faz com as crianças que se assustam e começam a chorar? AP – Primeiro, peço o nome dela. Daí ofereço bala e começo a conversar, lentamente, para ela ver que o Papai Noel é uma pessoa amigável. Depois tiro as luvas porque isso, às vezes, dá medo. Em seguida pergunto qual o presente que ela gostaria de ganhar no Natal. É quando ganho totalmente a confiança, e elas não querem mais sair do meu lado. RD – Se o senhor pudesse, qual presente daria pras crianças do Brasil? AP – Saúde e paz e desejaria que nenhuma criança passasse por necessidade. Além disso ofereceria um presente-surpresa para ver a alegria no rosto de cada criança ao abrir o pacote. Fotos:Divulgação
  • 6. X $ % ' ( ) 0 1 2 3 P A P A I N O E L “Qual é a sua idade? Existe Mamãe Noel?” – KEILA, do ensino fundamental PAPAI NOEL – Não tenho idade certa, Keila. Todos os Papais Noéis remetem ao bispo São Nicolau, que nasceu no ano 350 depois de Cristo, na cidade de Patara, um porto movimentado da Ásia. Ele viajou por diversos lugares e a igreja católica lhe atribui milagres, sempre relacionados à doação de presentes. E sim, minha querida, a Mamãe Noel existe e me ajuda muito! “Papai Noel, você gostaria de ser magro?” – AUGUSTO, do ensino fundamental PN – Ah, não, meu querido Augusto! Eu não poderia deixar de comer os deli- ciosos biscoitos caseiros que ganho das crianças e de suas mamães. “Papai Noel, você sabe quando nós estamos dormindo?” – GABRIEL, do ensino fundamental PN – Sim, querido Gabriel, pois os anjos me mandam recadinhos de que vocês estão sonhando. Por isso que, na época do Natal, eu entro pela chaminé enquanto vocês dormem e sonham. “Eu queria saber por que as pessoas men- tem para as crianças de que o Papai Noel existe?” – VINÍCIUS, do ensino fundamental PN – Meu querido amiguinho Vinícius, no fundo do coração, todas as pessoas acreditam no Papai Noel. Por isso elas não mentem. X $ % ' ( ) 0 1 2 3 *Perguntas recebidas durante campanha recente realizada pela Aldeia do Papai Noel, no Parque Knorr, junto às escolas municipais de Gramado (Rio Grande do Sul). O material foi cedido gentilmente para reprodução na Revista DIA. Na aldeia do Papai Noel também é possível ver renas de verdade passeando pelo jardim Fotos:Divulgação