SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
Baixar para ler offline
Dislipidemias na infância e na adolescência
           Dyslipidemia in childhood and adolescence

           Dislipidemia en la infancia y adolescencia
           I REVISÕES E ENSAIOS                                                                                                    275
                                                                                             DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA




           Isabela de Carlos Back Giuliano1, Bruno Caramelli2
           Unidade de Medicina Interdisciplinar do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina
           da Universidade de São Paulo (InCor-FMUSP)
             Doutora em Ciências. Responsável pelo ambulatório de Cardiologia Pediátrica
Pediatria artigo6.qxd   05/03/08    10:52    Page 275




           Resumo
             Preventiva do Hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis, SC
             Professor-associado do Departamento de Cardiopneumologia da FMUSP
             e Diretor da UMIC – InCor, São Paulo, SP




               Objetivo: avaliar a epidemiologia, importância




                                                                        Abstract
                                                                        Descritores: Dislipidemias. Lípideos. Ateroscle-

           Fontes pesquisadas: foram selecionados artigos
           1



           2




                                                                           Objective: to evaluate the epidemiology, clinical

           criança (child) ou adolescente (adolescent). Sín-            of dyslipidemia in childhood and adolescence. Data
           tese dos dados: foram definidos, para crianças e             sources: original papers and guidelines were select-




                                                                        words: lipids and child or adolescent. Data synthe-
                                                                        sis: desirable values for total cholesterol (< 150




           timiba e fibratos. Conclusão: a dislipidemia deve
                                                                        tos dependem da intensidade dessas alterações e
                                                                        de fatores clínicos do paciente.

           clínica, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento




                                                                        ezetimibe and fibrates. Conclusion: in every child,
           das dislipidemias na infância e na adolescência.             rose. Fatores de risco. Adolescente. Criança.

           originais e diretrizes nas bases de dados MEDLI-
           NE, SciELO e LILACS entre os anos de 1996 e
           2007, bem como artigos relevantes de anos ante-
           riores, com as palavras-chave: lípides (lipids) e            relevance, physiopathology, diagnosis and treatment


           adolescentes, valores ideais de colesterol total             ed from MEDLINE, SciELO and LILACS databases
           (CT <150 mg/dL), LDL-colesterol (< 100 mg/dL),               between 1996 and 2007, as well as other ones rele-
           triglicérides (< 100 mg/dL) e HDL-colesterol (>              vant articles published previously, with the key-
           45 mg/dL). A dislipidemia teve aumento de inci-
           dência nos últimos anos e constitui o maior fator
           de risco para a progressão da aterosclerose desde            mg/dL), LDL-cholesterol (< 100 mg/dL), triglyceri-
           a infância. A obesidade é a principal causa deter-           des (< 100 mg/dL), and HDL-cholesterol (> 45
           minante, porém outras doenças e medicamentos                 mg/dL) were established. Dyslipidemia prevalence
           podem causar hiperlipidemia. O tratamento é ba-              has increased in the last years and is recognized as
           seado em adequação da dieta, atividade física e              the bigger risk factor on atherosclerosis progression
           controle do peso; eventualmente, podem ser utili-            and cardiovascular disease, beginning since child-
           zados medicamentos como estatinas, resinas, eze-             hood. Obesity, other diseases and drugs may disturb
                                                                        the lipid metabolism at this age bracket, determining
           ser avaliada aos dez anos de idade, ou antes quan-           a pro-atherogenic state. The treatment includes diet
           do houver histórico familiar ou pessoal de risco             adaptation, physical activity and weight control, and
           de hiperlipidemia. O CT superior a 150 mg/dL                 in some cases drugs prescription – statins, resins,
           e/ou o LDL acima de 100 mg/dL, em duas amos-
           tras, determinam a necessidade de seguimento.                dyslipidemia should be evaluated at ten years age
           O tipo de dieta e o eventual uso de medicamen-               and sooner when a personal or familial history risk
                                                                        for hiperlipidemia is present. The CT above 150
276
     PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2008;29(4):275-285




               Keywords: Dyslipidemias. Lipids. Atherosclerosis.


               Resumen

                   Objetivo: evaluar la epidemiología, importancia


               Fuentes pesquisadas: fueron seleccionados artícu-


               lípidos y niño o adolescente. Síntesis de los datos:
Pediatria artigo6.qxd      05/03/08     10:52   Page 276




               mg/dL and/or the LDL-C above 100 mg/dL, in two           perior a 200 mg/dL1. No Brasil, a prevalência si-
               samples, determine treatment beginning. The diet         tua-se entre 28 e 40% das crianças e adolescentes,
               specificity and the medication are prescribed upon       quando o critério adotado é o CT sérico superior
               the hyperlipidemia severity and the patients’ clinical   a 170 mg/dL2-4. Essa prevalência, porém, está su-
               profile.                                                 bestimada, uma vez que a III Diretriz Brasileira de
                                                                        Prevenção da Aterosclerose estabelece que o va-
                                                                        lor máximo da normalidade é 150 mg/dL5.
               Risk factors. Adolescent. Child                              A importância da dislipidemia em adultos está




               resinas, ezetimiba y fibratos. Conclusión: la disli-
                                                                        bem estabelecida pela associação causal com a
                                                                        aterogênese; reconhecida a aterosclerose como
                                                                        doença vascular inflamatória crônica que determi-
                                                                        na a ocorrência das doenças cardiovasculares. Na
               clínica, fisiopatología, diagnostico y tratamiento de    última década, a importância da dislipidemia es-
               las dislipidemias en la infancia y adolescencia.         tendeu-se à faixa pediátrica, quando o início da
                                                                        seqüência fisiopatogênica descrita anteriormente
               los originales y directrices en las bases de datos       passou a ser verificado desde tenra idade. Adicio-
               MEDLINE, SciELO y LILACS, con los descriptores:          nalmente, também na criança, a intensidade, a ex-
                                                                        tensão e a prevalência da aterosclerose parecem




               Palabras clave: Dislipidemias. Lípidos. Ateroscle-
               fueran establecidos los valores ideales de colesterol    estar relacionadas à ocorrência e à gravidade dos




               Introdução
               total (< 150 mg/dL), LDL-colesterol (< 100               fatores de risco cardiovasculares descritos tradi-
               mg/dL), triglicéridos (< 100 mg/dL) y HDL-coles-         cionalmente em adultos. O fator de maior influên-
               terol (> 45 mg/dL). La prevalencia de la dislipide-      cia na aceleração da progressão da aterosclerose é
               mia se ha aumentado en los últimos años asi como         a dislipidemia, especialmente quando os níveis de
               su importancia, con lo reconocimiento de que es lo       colesterol total (CT), LDL-colesterol (LDL-C) e
               mayor factor de riesgo para la progresión de ateros-     triglicérides (TG) estão elevados e a concentração
               clerose, desde la infancia. La obesidad, otras enfer-    de HDL-colesterol (HDL-C) está reduzida6,7.
               medades y medicamentos pueden cambiar el meta-               Há várias evidências da importância da hiper-
               bolismo de los lípidos en esta faja de edad,             lipidemia para a ocorrência de aterogênese na
               determinando la hiperlipidemia y un estado pro-          criança e no adolescente. Estudos experimentais
               aterogênico. La terapéutica incluye la dieta, activi-    mostram, inicialmente, a infiltração de lípides e
               dad física y control del peso corporal, eventualmen-     de proteoglicanos na camada íntima dos vasos e,
               te se puede utilizar medicamentos como estatinas,        posteriormente, infiltração de macrófagos e for-
                                                                        mação de células espumosas8. Na gestante, a hi-
               pidemia debe ser evaluada a los diez años de edad,       perlipemia pode determinar a formação de es-
               o antes, cuando hay factores de riesgo de hiperlipi-     trias gordurosas vasculares nos fetos. A presença
               demia familiar o personal en el histórico. El CT su-     de placas ateromatosas na segunda década de
               perior a 150 mg/dL y/o el LDL arriba de 100              vida é freqüente em algumas populações com hi-
               mg/dL, en dos amostras, determina la necesidad de        perlipidemia, sendo verificadas em necrópsias.
               seguimiento del caso. La dieta y eventualmente lo        Outras evidências podem ser observadas em pa-
               uso de medicamentos depende de la gravedad de la         cientes hiperlipêmicos, tanto pelo aumento da
               hyperlipidemia y de aspectos clínicos del paciente.      espessura médio-intimal arterial à ultra-sonogra-
                                                                        fia, quanto pela verificação de disfunção endote-
                                                                        lial, especialmente em crianças com elevado ní-
               rosis. Factores de riesgo. Adolescente. Niño.            vel de LDL-colesterol. Nesses pacientes, a
                                                                        disfunção endotelial é caracterizada por maiores
                                                                        níveis de marcadores séricos, como as moléculas
                                                                        de adesão intercelular (ICAM) e da célula vascu-
                  A prevalência de dislipidemia em crianças e           lar (VCAM). Além disso, também estão aumen-
               adolescentes varia no mundo todo entre 2,9 e             tadas as concentrações de mediadores inflamató-
               33%, adotado o nível de colesterol total (CT) su-        rios, como a interleucina 18 e a proteína C
A dislipidemia e a associação com outras
                                                                        doenças
                                                                                                                                    277
                                                                                              DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA
Pediatria artigo6.qxd   05/03/08   10:52    Page 277




           reativa de alta sensibilidade, verificando-se, por-




           Tabela 1. Principais doenças que cursam com dislipidemia na criança14-17
           tanto, um perfil sugestivo de estado inflamatório
           subclínico, característico do processo da ateros-
           clerose. Essas alterações parecem ser potenciali-               A dislipidemia pode ser um evento primário,




           Doenças hepáticas       Atresia biliar congênita, colestases crônicas
           zadas pela obesidade, em decorrência do siner-               mas, freqüentemente, é secundária à obesidade




           Doenças endócrinas      Deficiência de hormônio do crescimento, diabetes melito, hipopituitarismo, hipotireoidismo
           gismo do efeito inflamatório da dislipidemia e do            infantil. Nesse caso, ocorrem geralmente níveis




           Doenças renais          Insuficiência renal crônica, síndrome nefrótica
           aumento da relação entre leptina e adiponectina.             elevados de CT, TGC e LDL-C, sendo mais preva-




           Doenças hereditárias    Obesidade, doenças metabólicas de depósito, síndrome dos ovários policísticos, síndrome
           Todos esses achados sugerem que haja uma ace-                lentes as subclasses de colesterol com menor ta-




                                   de Prader-Willi
           leração da aterosclerose na adolescência, tanto              manho molecular, mais aterogênicas, e níveis re-




           Doenças graves          Leucemia aguda, lúpus eritematoso sistêmico, infecções graves, Aids, transplantes de
           mais grave quanto mais desfavorável o perfil li-             duzidos de HDL-C12.




           sistêmicas              órgãos sólidos
           pídico e maior o número de outros fatores de ris-               Nas crianças com diabetes melito, não são en-
           co cardiovasculares associados9.                             contradas alterações significativas em relação ao




           Tabela 2. Drogas e nutrientes que mais comumente alteram o perfil lipídico18-23
               A dislipidemia pode se iniciar na infância e             CT ou às lipoproteínas LDL-C, HDL-C e TGC.




           Classe de drogas        Substâncias
           manter a característica durante o crescimento e              Contudo, são constatadas elevações dos níveis de
           desenvolvimento – comportamento denominado                   LpA-I e de HDL-C glicado e diminuição da relação
           fenômeno de trilha, mais freqüente em famílias               LpA-I:LpA-II, o que confere a essas crianças um
           com história de aterosclerose precoce ou de dis-             perfil metabólico mais aterogênico, em relação às




           Anticonvulsivantes      Ácido valpróico, carbamazepina
           lipidemia10. Esses pacientes apresentam, na vida             que portam distúrbios do CT13. Na Tabela 1, são




           Anti-hipertensivos      Betabloqueadores, clortalidona, espironolactona, tiazidas
                                                                        descritas as doenças associadas aos distúrbios do




           Drogas lícitas          Álcool, tabagismo primário ou passivo
           adulta, maiores espessuras da camada média e
                                                                        metabolismo dos lípides e, na Tabela 2, estão con-




           Esteróides sexuais      Contraceptivos orais, estrógenos, progestágenos
           íntima das artérias e mostram que a dislipidemia
                                                                        tidos produtos e drogas que podem determinar al-




           Imunossupressores       Ciclosporina, prednisona, prednisolona
           isolada na infância pode influir na velocidade de
                                                                        teração no perfil lipídico.




           Dieta                   Dieta cetogênica, nutrição parenteral
           instalação da aterosclerose11.




           Outros                  Ácido acetilsalicílico, ácido ascórbico, alopurinol, amiodarona, asparaginase, inibidores de
                                   protease, hemodiálise
Diagnóstico de dislipidemia                                   Conduta na dislipidemia durante
                                                                             a infância e a adolescência
     278
     PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2008;29(4):275-285
Pediatria artigo6.qxd      05/03/08     10:52   Page 278




                  Segundo a I Diretriz Brasileira para a Preven-
               ção da Aterosclerose na Infância e na Adolescên-                  Desde a década de 1950, especula-se sobre a
               cia24, deve-se solicitar perfil lipídico para crian-          exeqüibilidade e a segurança do tratamento da
               das de 2 a 10 anos de idade quando houver:                    dislipidemia na criança, especialmente em nível
                                                                             populacional. A situação é complexa e difere dos
               G   pais ou avós com história de aterosclerose                adultos, pois a utilização de dietas restritivas
                   precoce;                                                  pode interferir no crescimento, no desenvolvi-
               G   parentes de primeiro grau com valores de                  mento e na qualidade de vida da criança. Sendo
                   colesterol total 240 mg/dL e de triglicérides             assim, o tratamento é restrito às crianças consi-
                   400 mg/dL;                                                deradas de alto risco, para as quais sugere-se o
               G   outros fatores de risco, como diabetes melito,            acompanhamento por equipe interdisciplinar
                   infecção pelo HIV, síndrome nefrótico e lúpus             habilitada27-31. Isso é importante em qualquer lu-
                   eritematoso sistêmico;                                    gar, mas especialmente em países em desenvolvi-
               G   história positiva de pancreatite aguda, xantomas          mento, como o Brasil, em que convivem crianças
                   eruptivos, arco corneano palpebral, xantomas              com sobrepeso e desnutridas, muitas vezes com
                   em tornozelos, face dorsal das mãos e joelhos;            deficiência de ferro, cálcio e vitaminas lipossolú-




                Tabela 3. Valores de referência para lípides em crianças e adolescentes24
               G   história familiar desconhecida.                           veis. Os estudos têm mostrado segurança no tra-




                Lípides            Desejável (mg/dL)              Limítrofe (mg/dL)                 Aumentado (mg/dL)
                                                                             tamento, desde que a monitoração seja feita de
                   Além das situações anteriormente descritas,               forma adequada, respeitando as necessidades
               todas as crianças devem ter determinados seus                 inerentes ao crescimento e o desenvolvimento
               níveis de colesterol total em jejum aos 10 anos               das crianças dislipidêmicas.




                CT                          < 150                      150 a 169                            ≥ 170
               de idade. A triagem na faixa pediátrica é impor-                  Inicialmente, uma vez verificada a ocorrência




                LDL-C                       < 100                      100 a 129                            ≥ 130
               tante, pois a monitoração em saúde é feita prefe-             de hipercolesterolemia, deve-se avaliar a possibi-




                HDL-C                       ≥ 45                           –                                  –
               rencialmente na criança e é, ainda, reduzida a                lidade de a mesma ser secundária. A principal




                TG                          < 100                      100 a 129                            ≥ 130
               triagem nos adultos quanto ao seu perfil lipídico.            causa associada é a obesidade, seguida de outras
               Além disso, é mais fácil obter os dados de hiper-




               CT = colesterol total; HDL-C = HDL-colesterol; LDL-C = LDL-colesterol; TG = triglicérides;
                                                                             menos freqüentes, como diabetes melito, infec-




               VLDL-C = VLDL-colesterol.
               lipidemia familiar na presença de pais e avós24.              ção pelo HIV, síndrome nefrótica e lúpus erite-
                   Para a avaliação dos resultados do perfil lipídi-         matoso sistêmico. Quando há tendência à hiper-
               co, são considerados os valores de referência des-
                                                                             lipidemia hereditária, torna-se recomendável a
               critos na Tabela 3. Usualmente, utiliza-se a fór-
                                                                             triagem lipídica dos familiares de 1º grau.
               mula de Friedewald para o cálculo de LDL-C25.
                                                                                 A triagem das crianças para hiperlipidemia
               Em crianças ou adolescentes com diabetes melito
                                                                             está sumarizada na Figura 1, bem como a se-
               ou hipertrigliceridemia (acima de 400 mg/dL), o
                                                                             qüência das condutas possíveis, que abrangem
               LDL-C deve ser determinado diretamente26.
                                                                             desde a recomendação de hábitos adequados e
                                                                             de exercícios, até dietas especiais e o uso de dro-
                             Fórmula de Friedewald
                                                                             gas. Essas medidas são detalhadas na seqüência e
                           LDL-C = CT – (HDL + TG/5)
                                                                             têm sido sistematizadas em consensos.
279
                                                                                                           DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA
Pediatria artigo6.qxd      05/03/08      10:52    Page 279




                                                             Criança < 10 anos com CT
               Na Figura 1, observa-se os principais parâ-                         rapia para a dislipidemia na criança, há a neces-




                                                                  acima de 240 ou
           metros para a tomada de decisões frente à hiper-                        sidade de estimar o risco cardiovascular global




                                                                 criança > 10 anos
           lipidemia. A idade e as condições de saúde do                           do paciente, determinando o número de fatores
           paciente, bem como o histórico familiar de hi-                          de risco associados. Deve-se aferir dieta, ativida-
           percolesterolemia e doença cardiovascular, de-                          de física, pressão arterial, índice de massa corpo-




                                           CT < 150                   CT 150-170                    CT > 170
           terminam a idade da triagem inicial do colesterol                       ral, perímetro abdominal, tolerância à glicose e
           total. A criança é triada antes dos 10 anos de ida-                     tabagismo primário ou passivo32-37. Frente a es-
           de quando há doença hiperlipemiante no pacien-                          ses parâmetros, há casos em que apenas se obser-




                                                                     Repetir CT
                                                                                   va a evolução, apesar do CT aumentado, desde




                                                                                                               Criança com HF+ para
           te ou hipercolesterolemia e/ou doença cardiovas-




                                                                                                               doença cardiovascular
           cular precoce nos familiares. Exceto nesses                             que o LDL-C seja inferior a 100 mg/dL e não es-




                                                                                                                    prematura
           casos, a triagem é realizada rotineiramente so-                         tejam presentes fatores de risco; outras vezes são
           mente aos 10 anos de idade. Sempre que os valo-                         preconizadas dietas de tipo I ou II (posterior-




                                                          CT < 150                CT 150-170
           res forem superiores a 150 mg/dL de CT, deve-se                         mente descritas) ou mesmo o uso de hipolipe-
           repetir a dosagem e obter a média de duas dosa-                         miantes. A recomendação dietética é sempre rea-
           gens diferentes do LDL-colesterol. Como obser-                          lizada, pois constitui profilaxia e tratamento da




                                                                                  Medida de 2
                                                       EV saudável
           vado na Figura 1, o nível de LDL-C e os fatores                         hiperlipidemia e, em conjunto com as atividades




                                                                                 perfis lipídicos
           de risco familiares para a tomada de decisões de                        físicas, recebe a denominação de estilo de vida
           conduta são decisivos37. Antes de programar a te-                       saudável na Figura 1.




                  LDL-C                       LDL-C                     LDL-C                                              LDL-C
                  < 100                      100-129                    < 130                                              > 190
                                                                                                 LDL-C > 160




               EV saudável                 Dieta tipo I              Dieta tipo II
                                                                                                  Dieta tipo II e hipolipemiantes
                                                                                                e ICO precoce




               dosar em 5a                dosar em 1a                dosar em 2a
                                                                                                    ou FR




           Figura 1. Algoritmo de diagnóstico e conduta na dislipidemia na criança e no adolescente.
            CT = colesterol total; LDL-C = LDL-colesterol; FR = fator de risco; HF+ = história familiar.
280       Dieta
     PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2008;29(4):275-285
Pediatria artigo6.qxd      05/03/08     10:52   Page 280




                                                                     Atividade física
                                                                     A I Diretriz Brasileira de Prevenção da Ateroscle-
                                                                     rose na Infância e na Adolescência preconizou,
                   A profilaxia da hiperlipidemia deve ter início    diferentemente de outras diretrizes internacio-
               desde o nascimento, com a recomendação da             nais, que essa dieta deve ser avaliada quanto à
               amamentação do lactente. O leite materno é rico       viabilidade mesmo quando preenchidos esses cri-
               em gorduras saturadas, porém o perfil lipídico        térios, pois em regiões carentes os lacticínios ain-
               dos adolescentes que foram amamentados ao             da são a única fonte de vitaminas lipossolúveis.
               seio é melhor que o dos adolescentes alimenta-            A dieta tipo II é mais restritiva, fornece até 20%
               dos com leite de vaca. Aparentemente, os níveis       das calorias na forma de gorduras, contém até 7%
               mais elevados de colesterol nos amamentados           de gorduras saturadas e colesterol até 60 mg/1.000
               pode induzir à regulação endógena do metabo-          calorias (máximo 200 mg/dia), sendo indicada
               lismo dos lípides ao longo da vida38. As crianças     quando o CT estiver acima de 150 mg/dL e o LDL-
               amamentadas têm menor possibilidade de inge-          C acima de 130 mg/dL.
               rir dietas hipercalóricas, reduzindo o risco de           Em crianças, alguns estudos têm mostrado
               obesidade e de hiperlipidemia. Deve haver orien-      que a alimentação com grande quantidade de
               tação aos lactentes obesos e/ou hiperlipêmicos,       açúcar e de ácidos graxos saturados e poliinsatu-
               porém, não é realizada restrição dietética nos        rados pode resultar em baixos níveis plasmáticos
               dois primeiros anos de vida, pois a ingestão de       de HDL-colesterol. Todavia, não está bem deter-
               gorduras nessa fase é fundamental para a mieli-       minado se a diminuição da ingestão desses ali-
               nização do sistema nervoso central37.                 mentos por crianças com reduzido nível desse
                   A partir dos 2 anos de idade, os hiperlipêmi-     colesterol, protetor vascular, poderia elevar o ní-
               cos devem receber orientação alimentar qualita-       vel plasmático de HDL-colesterol42,43.
               tivamente adequada e com restrição moderada
               de gorduras, o que pode determinar a diminui-
               ção dos níveis de colesterol sérico, sem prejuízo
                                                                        Não há consenso sobre a diminuição dos ní-
               do crescimento e do desenvolvimento da crian-
                                                                     veis de CT e LDL-C com a prática esportiva, mas
               ça. A quantidade diária de gordura total na dieta
                                                                     a semelhança das recomendações para adultos é
               das crianças deve estar entre 25 e 35% do total
                                                                     indicada tanto na prevenção quanto no trata-
               calórico consumido, sendo até 10% do tipo satu-
                                                                     mento coadjuvante das dislipidemias na criança
               rada, até 10% poliinsaturada e até 20% monoin-
                                                                     e no adolescente44. A atividade física regular
               saturada. O consumo dos ácidos graxos trans
                                                                     pode propiciar a melhora da obesidade infantil e,
               deve ser inferior a 1% do total energético diário.
                                                                     secundariamente, o controle da dislipidemia. Os
               Em relação ao colesterol, a ingestão alimentar        estudos populacionais mostram que o sedenta-
               não deve ultrapassar 100 mg por 1.000 calorias        rismo infantil é a causa mais importante da epi-
               ao dia, com ingestão máxima de 300 mg por             demia mundial de obesidade nessa faixa etária,
               dia39;40. Para o cálculo da quantidade de fibras na   que determinou o aumento da prevalência de
               infância, deve ser utilizada a seguinte fórmula41:    dislipidemia em todo o mundo45.
                                                                        Os pacientes pediátricos dislipidêmicos que
                            Quantidade de fibras (g) =               têm maior benefício com a atividade física são
                             idade (em gramas) + 5                   aqueles com síndrome metabólica. Nesses, há di-
                                                                     minuição significante dos níveis de CT, LDL, TG
                   Nos casos de hipercolesterolemia com CT su-       e da relação CT/HDL após curto período de ati-
               perior a 150 mg/dL e LDL-C superior a 100             vidade supervisionada – duas semanas, mesmo
               mg/dL, são recomendadas dietas mais restritivas.      antes de haver diminuição do índice de massa
               Existem duas opções de dieta utilizáveis segundo      corporal. Adicionalmente, há melhora da tole-
               a situação clínica, denominadas dieta tipo I e II.    rância à glicose e a diminuição dos níveis tensio-
                   A dieta tipo I deve fornecer diariamente até      nais46. Atualmente, recomenda-se uma hora por
               30% das calorias na forma de gorduras, até 10%        dia de atividade física moderada a intensa para a
               de gorduras saturadas e colesterol até 100            criança hiperlipêmica. Simultaneamente, deve
               mg/1.000 calorias (máximo 300 mg/dia). É reco-        haver redução para, no máximo, duas horas/dia
               mendada quando o colesterol total estiver acima       de atividades sedentárias, como televisão, jogos
               de 150 mg/dL e o LDL-C entre 100 e 130 mg/dL.         eletrônicos e computador37.
Tratamento farmacológico
           nas dislipidemias na infância
                                                                                                                                 281
                                                                                           DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA




                                                                     Conclusão
Pediatria artigo6.qxd   05/03/08   10:52   Page 281




                                                                        As estatinas são utilizadas, quando possível,
                                                                     para pacientes com idade superior a 10 anos e
                                                                     após a menarca. A utilização dessas drogas deve
               Como observado na Figura 1, o uso de drogas           ser cautelosa, em baixa dose, com atenção para
           hipolipemiantes é preconizado para casos com              efeitos adversos musculares e hepáticos e terato-
           LDL-C acima de 190 mg, com níveis superiores a            gênese nas adolescentes60. A dosagem é ajustada
           160 mg/dL e fatores de risco presentes. Na I Dire-        individualmente, de acordo com os efeitos ad-
           triz Brasileira de Prevenção da Aterosclerose na          versos e a eficácia na redução do LDL-C. A utili-




           Tabela 4. Drogas utilizadas na infância para tratamento de dislipidemia47-55
           Infância e na Adolescência, é recomendado o tra-          zação das estatinas é detalhada na Figura 2.




           Tipo de droga       Mecanismo                 Efeitos     Drogas (dose diária)          Toxicidade
           tamento medicamentoso com níveis de LDL-C                    Para os pacientes em uso de anti-retrovirais,
           acima de 130 mg/dL, quando há diabetes melito,            dá-se preferência à pravastatina, por apresentar
           infecção pelo HIV síndrome nefrótica e lúpus eri-
                             ,                                       menor interação medicamentosa com as outras




            Inibidores da      Inibem a síntese          ↓ LDL-C     Atorvastatina (10 a 20 mg),   Hepática, muscular
           tematoso sistêmico. A presença de outros fatores          drogas.




            HMG-CoA            do colesterol             e TG,       fluvastatina (10 a 80 mg),
           de risco tem sido considerada na terapêutica – ní-           A Tabela 3 descreve os efeitos favoráveis e




            redutase                                     ↑ HDL-C     lovastatina (10 a 40 mg),
           veis elevados de lipoproteína A, homocisteína e           adversos das principais drogas hipolipemian-




            (estatinas)                                              pravastatina (5 a 40 mg),
                                                                     tes que podem ser utilizadas para crianças e




                                                                     rosuvastatina (5 a 40 mg),
           proteína C reativa. Nessas circunstâncias e frente




                                                                     sinvastatina (10 a 40 mg)
           a níveis de LDL-colesterol acima de 160 mg/dL,            adolescentes.




            Resinas de troca   Ligam-se aos ácidos       ↓ LDL-C     Colestiramina (4 a 16 g),     Gastrintestinal,
           segundo alguns autores24, podem ser utilizados




                               biliares, interrompendo   e TG        colestipol (2 a 12 g)         deficiência de
           hipolipemiantes em crianças.




                               recirculação                                                        vitaminas lipossolúveis
               As drogas disponíveis para utilização na disli-




                               entero-hepática
           pidemia da criança e do adolescente estão conti-             A dislipidemia deve ser avaliada aos 10 anos




            Fibratos           Inibem a síntese          ↓ TG e      Fenofibrato, bezafibrato      Gastrintestinal,
                               de VLDL-C                 HDL-C       (200 a 600 mg)                hematológica, muscular
           das na Tabela 4.                                          de idade ou antes, quando houver histórico pes-




            Inibidor da        ↓ absorção intestinal     ↑ LDL-C     Ezetimiba (10 mg)             Gastrintestinal,
               Quando são preenchidos os critérios para uso          soal de doença hiperlipemiante ou histórico fa-




            absorção de        de colesterol                                                       muscular
           de hipolipemiante (ver Figura 1), há preferência          miliar de doença cardiovascular e dislipidemia.




            colesterol         e fitoesteróis
           pelo uso de estatinas devido a facilidade e efi-          O CT superior a 150 mg/dL e o LDL acima de




            Nutracêuticos      Melhoram a função         ↓ Discreta Ômega 3 (2 a 4 g)              Piora da
           ciência. Os fibratos são indicados quando há ní-          100 mg/dL, em duas amostras, determinam a ne-




                               endotelial                dos TG                                    sitosterolemia
           veis persistentemente elevados acima de 350               cessidade de seguimento. O tipo de dieta e o




            Antioxidantes      Melhoram a função         ↓ PCRas    Vit C (40 a 120 mg)            Alergia
                               endotelial                e LDLox    e E (4 a 19 mg)
           mg/dL ou valores isolados acima de 700 mg/dL.             eventual uso de medicamentos dependem da in-
           O ezetimiba pode ser utilizado como co-adju-              tensidade dessas alterações e de fatores clínicos




           HDL-C = HDL-colesterol; HMG-CoA = 3-hidroxi-3-metil-glutaril-coenzima-A; LDL-C = LDL-colesterol;
           LDLox = LDL-colesterol oxidado; TG = triglicérides; VLDL-C = VLDL-colesterol; Vit = vitamina
           vante das estatinas e das resinas de troca56-59.          do paciente.
282
     PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2008;29(4):275-285




                                                             Critério de uso dos hipolipemiantes




                                                                Idade de início depende do                    Idealmente acima de 10
                                                             número e da magnitude de outros                   anos e após a menarca
                                                                     FR ou xantomas

                      Observar a interação com
                    ciclosporina, fibratos, niacina,            Início com < dose, 1x/dia;                    Orientação sobre o risco
                    eritromicina, antifúngicos, in-            dosagem de CK, TGO e TGP                           de teratogênese
                         ibidores de protease

                                                                        Mialgia? CK?
Pediatria artigo6.qxd       05/03/08     10:52    Page 282




                                                        Cessar uso                  Reutilizar após resolução

                                                                        4 semanas

                               Risco
                           CK > 10x/basal
                         TGO/TGP > 3x/basal
                                                                                                                Mínimo LDL-C < 130
                                                                      Lípides, TGO, TGP
                                                                                                                    Ideal < 100



                               Alteração de enzimas                     Alvo atingido                        Alvo não atingido



                             Cessar uso e monitoração                 Monitoração em                       Dobrar a dose e
                             em 2 sem (pré-requisito)                8 sem e 3/3 meses                    exames em 4 sem




               Figura 2. Algoritmo de utilização de estatinas na infância.



               Referências
                CK = creatina-fosfoquinase; LDL-C = LDL-colesterol; FR = fator de risco; TGO = transaminase oxalacética; TGP = transaminase
                glutâmico-pirúvica; sem = semanas.




                                                                                          rose do Departamento de Aterosclerose da So-
                                                                                          ciedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardi-
               1.     Al-Shehri SN, Saleh ZA, Salama MM, Hassan YM.                       ol 2001;77(Suppl 3):1-48.
                      Prevalence of hyperlipidemia among Saudi school
                      children in Riyadh. Ann Saudi Med 2004;24:6-8.              6.      Malcom GT, Oalmann MC, Strong JP. Risk factors
                                                                                          for atherosclerosis in young subjects: the PDAY
               2.     Gerber ZR, Zielinsky P. Fatores de risco para ate-                  Study. Pathobiological Determinants of Atheroscle-
                      rosclerose na infância: um estudo epidemiológico.                   rosis in Youth. Ann N Y Acad Sci 1997;817:179-88.
                      Arq Bras Cardiol 1997;69:231-6.
                                                                                  7.      Berenson GS, Srinivasan SR, Bao W, Newman WP
               3.     Giuliano IC, Coutinho MS, Freitas SF, Pires MM,                     3rd, Tracy RE, Wattigney WA. Association between
                      Zunino JN, Ribeiro RQ. Lípides séricos em crian-                    multiple cardiovascular risk factors and atheroscle-
                      ças e adolescentes da rede escolar de Florianópo-                   rosis in children and young adults. The Bogalusa
                      lis - Estudo Floripa Saudável 2040. Arq Bras Car-                   Heart Study. N Engl J Med 1998;338:1650-6.
                      diol 2005;85:85-91.
                                                                                  8.      Nakashima Y, Fujii H, Sumiyoshi S, Wight TN,
                                                                                          Sueishi K. Early human atherosclerosis: accumu-
               4.     Moura EC, de Castro CM, Mellin AS, de Figueiredo
                                                                                          lation of lipid and proteoglycans in intimal thick-
                      DB. Perfil lipídico entre escolares de Campinas,
                                                                                          enings followed by macrophage infiltration. Arte-
                      Brasil. Rev Saúde Pública 2000;34:499-505.                          rioscler Thromb Vasc Biol 2007;27:1159-65.
               5.     Santos RD. III Diretriz Brasileira sobre Dislipi-           9.      Pilz S, Horejsi R, Moller R, Almer G, Scharnagl H,
                      demias e Diretriz sobre Prevenção de Ateroscle-                     Stojakovic T, et al. Early atherosclerosis in obese ju-
veniles is associated with low serum levels of adipo-          daemia in HIV-infected children in Europe. AIDS         283
                 nectin. J Clin Endocrinol Metab 2005;90:4792-6.                2004;18:1443-51.
                                                                                                 DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA




           10.   Forti N, Salazar LA, Diament J, Giannini SD, Hira-       21.   Parsons SK, Skapek SX, Neufeld EJ, Kuhlman C,
                 ta MH, Hirata RD. Alterações genéticas e dislipi-              Young ML, Donnelly M, et al. Asparaginase-asso-
                 demia: novos estudos brasileiros. Arq Bras Car-                ciated lipid abnormalities in children with acute
                 diol 2003;80:565-71.                                           lymphoblastic leukemia. Blood 1997;89:1886-95.

           11.   Li S, Chen W, Srinivasan SR, Bond MG, Tang R,            22.   Demircioglu S, Soylu A, Dirik E. Carbamazepine and
                 Urbina EM, et al. Childhood cardiovascular risk                valproic acid: effects on the serum lipids and liver
                 factors and carotid vascular changes in adulthood:             functions in children. Pediatr Neurol 2000; 23:142-6.
                 the Bogalusa Heart Study. JAMA 2003;290:2271-6.
                                                                          23.   Neufeld EJ, Mietus-Snyder M, Beiser AS, Baker AL,
           12.   Ballesteros MN, Cabrera RM, Saucedo Mdel S, Ag-                Newburger JW. Passive cigarette smoking and re-
                 garwal D, Shachter NS, Fernandez ML. High in-                  duced HDL cholesterol levels in children with high-
                 take of saturated fat and early occurrence of spe-             risk lipid profiles. Circulation 1997;96:1403-7.
                 cific biomarkers may explain the prevalence of
                 chronic disease in northern Mexico. J Nutr               24.   Back GI, Caramelli B, Pellanda L, Duncan B, Mat-
                 2005;135:70-3.                                                 tos S, Fonseca FH. I diretriz brasileira para a pre-
Pediatria artigo6.qxd     05/03/08     10:52    Page 283




                                                                                venção da aterosclerose na infância e na ado-
           13.   Bustos P, Radojkovic C, Ulloa N, Munoz M, Martinez             lescência. Arq Bras Cardiol 2005;85(Suppl 6):4-36.
                 A, Calvo C, et al. Lipoprotein composition in children
                 and adolescents with type 1 diabetes mellitus. J Pe-     25.   Friedewald WT, Levy RI, Fredrickson DS. Estima-
                 diatr Endocrinol Metab 2005;18:257-64.                         tion of the concentration of low-density lipoprotein
                                                                                cholesterol in plasma, without use of the prepara-
                                                                                tive ultracentrifuge. Clin Chem 1972;18:499-502.
           14.   Pereira AM, Schmid EM, Schutte PJ, Voormolen
                 JH, Biermasz NR, van Thiel SW, et al. High preva-
                                                                          26.   Ticho BS, Neufeld EJ, Newburger JW, Harris N,
                 lence of long-term cardiovascular, neurological
                                                                                Baker A, Rifai N. Utility of direct measurement of
                 and psychosocial morbidity after treatment for
                                                                                low-density lipoprotein cholesterol in dyslipidem-
                 craniopharyngioma. Clin Endocrinol (Oxf) 2005;
                                                                                ic pediatric patients. Arch Pediatr Adolesc Med
                 62:197-204.
                                                                                1998;152:787-91.
           15.   Nagasaka H, Yorifuji T, Egawa H, Yanai H, Fujisawa       27.   Holmes KW, Kwiterovich PO Jr. Treatment of dys-
                 T, Kosugiyama K, et al. Evaluation of risk for ath-            lipidemia in children and adolescents. Curr Cardiol
                 erosclerosis in Alagille syndrome and progressive              Rep 2005;7:445-56.
                 familial intrahepatic cholestasis: two congenital
                 cholestatic diseases with different lipoprotein me-      28.   Wiegman A, Hutten BA, de Groot E, Rodenburg J,
                 tabolisms. J Pediatr 2005;146:329-35.                          Bakker HD, Buller HR, et al. Efficacy and safety of
                                                                                statin therapy in children with familial hypercho-
           16.   Liuba P, Persson J, Luoma J, Yla-Herttuala S,                  lesterolemia: a randomized controlled trial. JAMA
                 Pesonen E. Acute infections in children are ac-                2004;292:331-7.
                 companied by oxidative modification of LDL and
                 decrease of HDL cholesterol, and are followed by         29.   Tammi A, Ronnemaa T, Gylling H, Rask-Nissila L,
                 thickening of carotid intima-media. Eur Heart J                Viikari J, Tuominen J, et al. Plant stanol ester
                 2003;24:515-21.                                                margarine lowers serum total and low-density
                                                                                lipoprotein cholesterol concentrations of healthy
           17.   Szczepaniska KJ, Tolwinska J, Urban M,                         children: the STRIP project. Special Turku Coro-
                 Gardziejczyk M, Glowinska B. Cardiac mass and                  nary Risk Factors Intervention Project. J Pediatr
                 function, carotid artery intima media thickness,               2000;136:503-10.
                 homocysteine and lipoprotein levels in children
                 and adolescents with growth hormone deficiency.          30.   Olson RE. Is it wise to restrict fat in the diets of
                 J Pediatr Endocrinol Metab 2004;17:1405-13.                    children? J Am Diet Assoc 2000;100:28-32.

           18.   Perez-Navero JL, Dorao Martinez-Romillo P,               31.   Jacobson MS, Lillienfeld DE. The pediatrician’s
                 Lopez-Herce CJ, Ibarra de lR, I, Pujol JM, Her-                role in atherosclerosis prevention. J Pediatr
                 mana Tezanos MT. Nutrición artificial en unidades              1988;112:836-41.
                 de terapia intensiva pediátrica. An Pediatr (Barc)
                 2005;62:105-12.                                          32.   The fourth report on the diagnosis, evaluation, and
                                                                                treatment of high blood pressure in children and
           19.   Cofan F, Vela E, Cleries M. Analysis of dyslipi-               adolescents. Pediatrics 2004;114(2 Suppl 4):555-76.
                 demia in patients on chronic hemodialysis in Cat-
                 alonia. Atherosclerosis 2006;184:94-102.                 33.   CDC growth charts. National Center for Health
                                                                                Statistics 2006. Available: URL: http://www.cdc.
           20.   European Paediatric Lipodystrophy Group. Anti-                 gov/nchs/about/major/nhanes/growthcharts/clin-
                 retroviral therapy, fat redistribution and hyperlipi-          ical_charts.htm (acesso 6 jun 2006).
284       34.   Fernandez JR, Redden DT, Pietrobelli A, Allison       47.   Kwiterovich PO Jr. Safety and efficacy of treatment
                     DB. Waist circumference percentiles in nationally           of children and adolescents with elevated low den-
     PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2008;29(4):275-285




                     representative samples of African-American, Eu-             sity lipoprotein levels with a step two diet or with
                     ropean-American, and Mexican-American chil-                 lovastatin. Nutr Metab Cardiovasc Dis 2001;11
                     dren and adolescents. J Pediatr 2004;145:439-44.            (Suppl 5):30-4.

               35.   Cutfield WS, Hofman PL. Simple fasting methods        48.   Wiegman A, Hutten BA, de GE, Rodenburg J, Bak-
                     to assess insulin sensitivity in childhood. Horm            ker HD, Buller HR, et al. Efficacy and safety of sta-
                     Res 2005;64( Suppl 3):25-31.                                tin therapy in children with familial hypercholeste-
                                                                                 rolemia: a randomized controlled trial. JAMA 2004
               36.   Active and passive tobacco exposure: a serious              21;292:331-7.
                     pediatric health problem. A statement from the
                     Committee on Atherosclerosis and Hypertension         49.   van der GA, Nierman MC, Firth JC, Wolmarans KH,
                     in Children, Council on Cardiovascular Disease in           Marais AD, de Groot E. Efficacy and safety of flu-
                     the Young, American Heart Association. Circula-             vastatin in children and adolescents with het-
                     tion 1994;90:2581-90.                                       erozygous familial hypercholesterolaemia. Acta
                                                                                 Paediatr 2006;95:1461-6.
               37.   Kash IJ. American Heart Association guidelines
                     for prevention of pediatric cardiovascular disease.   50.   Shepherd J, Hunninghake DB, Stein EA, Kastelein
Pediatria artigo6.qxd      05/03/08     10:52   Page 284




                     J Pediatr 2004;144:552.                                     JJ, Harris S, Pears J, et al. Safety of rosuvastatin.
                                                                                 Am J Cardiol 2004;94:882-8.
               38.   Das UN. A perinatal strategy to prevent coronary
                     heart disease. Nutrition 2003;19:1022-7.              51.   McCrindle BW, O’Neill MB, Cullen-Dean G, Helden
                                                                                 E. Acceptability and compliance with two forms of
               39.   Kersting M, Alexy U, Clausen K. Using the concept           cholestyramine in the treatment of hypercholes-
                     of Food Based Dietary Guidelines to Develop an              terolemia in children: a randomized, crossover trial.
                     Optimized Mixed Diet (OMD) for German children              J Pediatr 1997;130:266-73.
                     and adolescents. J Pediatr Gastroenterol Nutr
                     2005;40:301-8.                                        52.   Wiegman A, Hutten BA, de Groot E, Rodenburg J,
                                                                                 Bakker HD, Buller HR, et al. Efficacy and safety of
               40.   Shamir R, Fisher EA. Dietary therapy for children           statin therapy in children with familial hypercho-
                     with hypercholesterolemia. Am Fam Physician                 lesterolemia: a randomized controlled trial. JAMA
                     2000;61:675-6.                                              2004;292:331-7.

               41.   Trumbo P, Schlicker S, Yates AA, Poos M. Dietary      53.   Engler MM, Engler MB, Malloy MJ, Chiu EY,
                     reference intakes for energy, carbohydrate, fiber,          Schloetter MC, Paul SM, et al. Antioxidant vita-
                     fat, fatty acids, cholesterol, protein and amino            mins C and E improve endothelial function in chil-
                     acids. J Am Diet Assoc 2002;102:1621-30.                    dren with hyperlipidemia: Endothelial Assessment
                                                                                 of Risk from Lipids in Youth (EARLY) Trial. Circula-
               42.   Slyper A, Jurva J, Pleuss J, Hoffmann R, Gutter-            tion 2003;108:1059-63.
                     man D. Influence of glycemic load on HDL choles-
                     terol in youth. Am J Clin Nutr 2005;81:376-9.         54.   Engler MM, Engler MB, Malloy MJ, Paul SM,
                                                                                 Kulkarni KR, Mietus-Snyder ML. Effect of docosa-
               43.   Cowin IS, Emmett PM. Associations between di-               hexaenoic acid on lipoprotein subclasses in hyper-
                     etary intakes and blood cholesterol concentra-              lipidemic children (the EARLY study). Am J Cardiol
                     tions at 31 months. Eur J Clin Nutr 2001;55:39-49.          2005;95:869-71.

               44.   Raitakari OT, Taimela S, Porkka KV, Telama R, Val-    55.   Vanstone CA, Jones PJ. Limitations of plasma
                     imaki I, Akerblom HK, et al. Associations between           plant sterols as indicators of cholesterol absorp-
                     physical activity and risk factors for coronary             tion. Am J Clin Nutr 2004;79:340-1.
                     heart disease: the Cardiovascular Risk in Young
                     Finns Study. Med Sci Sports Exerc 1997;29:1055-       56.   Hedman M, Matikainen T, Fohr A, Lappi M, Piippo
                     61.                                                         S, Nuutinen M, et al. Efficacy and safety of pravas-
                                                                                 tatin in children and adolescents with heterozy-
               45.   Hancox RJ, Milne BJ, Poulton R. Association be-             gous familial hypercholesterolemia: a prospective
                     tween child and adolescent television viewing and           clinical follow-up study. J Clin Endocrinol Metab
                     adult health: a longitudinal birth cohort study.            2005;90:1942-52.
                     Lancet 2004;364(9430):257-62.
                                                                           57.   Salen G, von Bergmann K, Lutjohann D,
               46.   Chen AK, Roberts CK, Barnard RJ. Effect of a                Kwiterovich P, Kane J, Patel SB, et al. Ezetimibe
                     short-term diet and exercise intervention on                effectively reduces plasma plant sterols in pa-
                     metabolic syndrome in overweight children. Me-              tients with sitosterolemia. Circulation 2004;109:
                     tabolism 2006;55:871-8.                                     966-71.
58.   Gagne C, Gaudet D, Bruckert E. Efficacy and safe-   60.   McCrindle BW, Urbina EM, Dennison BA, Jacob-           285
                 ty of ezetimibe coadministered with atorvastatin          son MS, Steinberger J, Rocchini AP, et al. Drug
                                                                                           DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA




                 or simvastatin in patients with homozygous famil-         therapy of high-risk lipid abnormalities in children
                 ial hypercholesterolemia. Circulation 2002;105:           and adolescents: a scientific statement from the
                 2469-75.                                                  American Heart Association Atherosclerosis, Hy-
                                                                           pertension, and Obesity in Youth Committee,
           59.   Salen G, von BK, Lutjohann D, Kwiterovich P, Kane         Council of Cardiovascular Disease in the Young,
                 J, Patel SB, et al. Ezetimibe effectively reduces         with the Council on Cardiovascular Nursing. Cir-
                 plasma plant sterols in patients with sitos-              culation 2007;115:1948-67.
                 terolemia. Circulation 2004;109:966-71.
Pediatria artigo6.qxd    05/03/08    10:52   Page 285




           Endereço para correspondência:
           Dr. Bruno Caramelli
           Instituto do Coração
           Avenida Dr. Enéas C. de Aguiar, 441
           São Paulo - SP
           Cep: 05403-900                                            Enviado para publicação: 18/8/2007
           E-mail: bcaramel@usp.br                                   Aceito para publicação: 28/11/2007

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Dislipidemias na infância e adolescência 2008

Fatores de risco aterosclerose em criança e adolescentes
Fatores de risco aterosclerose em criança e adolescentesFatores de risco aterosclerose em criança e adolescentes
Fatores de risco aterosclerose em criança e adolescentesPaulo Albuquerque
 
obesidade na adolescência- fator de riscos clínico-metabólicas
 obesidade na adolescência- fator de riscos clínico-metabólicas obesidade na adolescência- fator de riscos clínico-metabólicas
obesidade na adolescência- fator de riscos clínico-metabólicasoldmarjunior
 
Risco cardiovascular em crianças e adolescentes
Risco cardiovascular em crianças e adolescentesRisco cardiovascular em crianças e adolescentes
Risco cardiovascular em crianças e adolescentesgisa_legal
 
2328-Texto do artigo-9227-1-10-20170303.pdf
2328-Texto do artigo-9227-1-10-20170303.pdf2328-Texto do artigo-9227-1-10-20170303.pdf
2328-Texto do artigo-9227-1-10-20170303.pdfProfessorCETDanielle
 
Principais fatores de risco relacionados as doenças cardiovasculares
Principais fatores de risco relacionados as doenças cardiovascularesPrincipais fatores de risco relacionados as doenças cardiovasculares
Principais fatores de risco relacionados as doenças cardiovascularesProf William Alves Lima
 
Doenças desencadeadas ou agravadas pela obesidade
Doenças desencadeadas ou agravadas pela obesidade Doenças desencadeadas ou agravadas pela obesidade
Doenças desencadeadas ou agravadas pela obesidade clitorrj
 
Has na infância jped 2003
Has na infância jped 2003Has na infância jped 2003
Has na infância jped 2003gisa_legal
 
Sobrepeso, obesidade infanto juvenil, adolescente já se observa desde os 8 an...
Sobrepeso, obesidade infanto juvenil, adolescente já se observa desde os 8 an...Sobrepeso, obesidade infanto juvenil, adolescente já se observa desde os 8 an...
Sobrepeso, obesidade infanto juvenil, adolescente já se observa desde os 8 an...Van Der Häägen Brazil
 
Anais cbep sm na infancia
Anais cbep   sm na infanciaAnais cbep   sm na infancia
Anais cbep sm na infanciagisa_legal
 
Obesidade periférica e intra abdominal o paradoxo do risco em pacientes com e...
Obesidade periférica e intra abdominal o paradoxo do risco em pacientes com e...Obesidade periférica e intra abdominal o paradoxo do risco em pacientes com e...
Obesidade periférica e intra abdominal o paradoxo do risco em pacientes com e...Van Der Häägen Brazil
 
Obesidade infantil e aterosclerose
Obesidade infantil e ateroscleroseObesidade infantil e aterosclerose
Obesidade infantil e aterosclerosegisa_legal
 
RELATO_DE_CASO_CLINICO_E_REVISAO_DE_LITERATURA_DE_PACIENTE_PEDIATRICO_COM_CET...
RELATO_DE_CASO_CLINICO_E_REVISAO_DE_LITERATURA_DE_PACIENTE_PEDIATRICO_COM_CET...RELATO_DE_CASO_CLINICO_E_REVISAO_DE_LITERATURA_DE_PACIENTE_PEDIATRICO_COM_CET...
RELATO_DE_CASO_CLINICO_E_REVISAO_DE_LITERATURA_DE_PACIENTE_PEDIATRICO_COM_CET...Dalila677702
 
Aula Dislipidemia [Salvo Automaticamente].pptx
Aula Dislipidemia [Salvo Automaticamente].pptxAula Dislipidemia [Salvo Automaticamente].pptx
Aula Dislipidemia [Salvo Automaticamente].pptxRenataPretti1
 

Semelhante a Dislipidemias na infância e adolescência 2008 (20)

Fatores de risco aterosclerose em criança e adolescentes
Fatores de risco aterosclerose em criança e adolescentesFatores de risco aterosclerose em criança e adolescentes
Fatores de risco aterosclerose em criança e adolescentes
 
obesidade na adolescência- fator de riscos clínico-metabólicas
 obesidade na adolescência- fator de riscos clínico-metabólicas obesidade na adolescência- fator de riscos clínico-metabólicas
obesidade na adolescência- fator de riscos clínico-metabólicas
 
Risco cardiovascular em crianças e adolescentes
Risco cardiovascular em crianças e adolescentesRisco cardiovascular em crianças e adolescentes
Risco cardiovascular em crianças e adolescentes
 
2328-Texto do artigo-9227-1-10-20170303.pdf
2328-Texto do artigo-9227-1-10-20170303.pdf2328-Texto do artigo-9227-1-10-20170303.pdf
2328-Texto do artigo-9227-1-10-20170303.pdf
 
Cbep hf
Cbep   hfCbep   hf
Cbep hf
 
Principais fatores de risco relacionados as doenças cardiovasculares
Principais fatores de risco relacionados as doenças cardiovascularesPrincipais fatores de risco relacionados as doenças cardiovasculares
Principais fatores de risco relacionados as doenças cardiovasculares
 
Doenças desencadeadas ou agravadas pela obesidade
Doenças desencadeadas ou agravadas pela obesidade Doenças desencadeadas ou agravadas pela obesidade
Doenças desencadeadas ou agravadas pela obesidade
 
Síndrome Metabólica na Infância
Síndrome Metabólica na InfânciaSíndrome Metabólica na Infância
Síndrome Metabólica na Infância
 
Has na infância jped 2003
Has na infância jped 2003Has na infância jped 2003
Has na infância jped 2003
 
Sobrepeso, obesidade infanto juvenil, adolescente já se observa desde os 8 an...
Sobrepeso, obesidade infanto juvenil, adolescente já se observa desde os 8 an...Sobrepeso, obesidade infanto juvenil, adolescente já se observa desde os 8 an...
Sobrepeso, obesidade infanto juvenil, adolescente já se observa desde os 8 an...
 
HAS e DM- Saúde do idoso.pdf
HAS e DM- Saúde do idoso.pdfHAS e DM- Saúde do idoso.pdf
HAS e DM- Saúde do idoso.pdf
 
Anais cbep sm na infancia
Anais cbep   sm na infanciaAnais cbep   sm na infancia
Anais cbep sm na infancia
 
Obesidade periférica e intra abdominal o paradoxo do risco em pacientes com e...
Obesidade periférica e intra abdominal o paradoxo do risco em pacientes com e...Obesidade periférica e intra abdominal o paradoxo do risco em pacientes com e...
Obesidade periférica e intra abdominal o paradoxo do risco em pacientes com e...
 
Caso dia e has
 Caso dia e has Caso dia e has
Caso dia e has
 
Doenças Coronarianas
Doenças CoronarianasDoenças Coronarianas
Doenças Coronarianas
 
Obesidade infantil e aterosclerose
Obesidade infantil e ateroscleroseObesidade infantil e aterosclerose
Obesidade infantil e aterosclerose
 
RELATO_DE_CASO_CLINICO_E_REVISAO_DE_LITERATURA_DE_PACIENTE_PEDIATRICO_COM_CET...
RELATO_DE_CASO_CLINICO_E_REVISAO_DE_LITERATURA_DE_PACIENTE_PEDIATRICO_COM_CET...RELATO_DE_CASO_CLINICO_E_REVISAO_DE_LITERATURA_DE_PACIENTE_PEDIATRICO_COM_CET...
RELATO_DE_CASO_CLINICO_E_REVISAO_DE_LITERATURA_DE_PACIENTE_PEDIATRICO_COM_CET...
 
Dm2
Dm2Dm2
Dm2
 
Palestra sv2
Palestra sv2Palestra sv2
Palestra sv2
 
Aula Dislipidemia [Salvo Automaticamente].pptx
Aula Dislipidemia [Salvo Automaticamente].pptxAula Dislipidemia [Salvo Automaticamente].pptx
Aula Dislipidemia [Salvo Automaticamente].pptx
 

Dislipidemias na infância e adolescência 2008

  • 1. Dislipidemias na infância e na adolescência Dyslipidemia in childhood and adolescence Dislipidemia en la infancia y adolescencia I REVISÕES E ENSAIOS 275 DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA Isabela de Carlos Back Giuliano1, Bruno Caramelli2 Unidade de Medicina Interdisciplinar do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-FMUSP) Doutora em Ciências. Responsável pelo ambulatório de Cardiologia Pediátrica Pediatria artigo6.qxd 05/03/08 10:52 Page 275 Resumo Preventiva do Hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis, SC Professor-associado do Departamento de Cardiopneumologia da FMUSP e Diretor da UMIC – InCor, São Paulo, SP Objetivo: avaliar a epidemiologia, importância Abstract Descritores: Dislipidemias. Lípideos. Ateroscle- Fontes pesquisadas: foram selecionados artigos 1 2 Objective: to evaluate the epidemiology, clinical criança (child) ou adolescente (adolescent). Sín- of dyslipidemia in childhood and adolescence. Data tese dos dados: foram definidos, para crianças e sources: original papers and guidelines were select- words: lipids and child or adolescent. Data synthe- sis: desirable values for total cholesterol (< 150 timiba e fibratos. Conclusão: a dislipidemia deve tos dependem da intensidade dessas alterações e de fatores clínicos do paciente. clínica, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento ezetimibe and fibrates. Conclusion: in every child, das dislipidemias na infância e na adolescência. rose. Fatores de risco. Adolescente. Criança. originais e diretrizes nas bases de dados MEDLI- NE, SciELO e LILACS entre os anos de 1996 e 2007, bem como artigos relevantes de anos ante- riores, com as palavras-chave: lípides (lipids) e relevance, physiopathology, diagnosis and treatment adolescentes, valores ideais de colesterol total ed from MEDLINE, SciELO and LILACS databases (CT <150 mg/dL), LDL-colesterol (< 100 mg/dL), between 1996 and 2007, as well as other ones rele- triglicérides (< 100 mg/dL) e HDL-colesterol (> vant articles published previously, with the key- 45 mg/dL). A dislipidemia teve aumento de inci- dência nos últimos anos e constitui o maior fator de risco para a progressão da aterosclerose desde mg/dL), LDL-cholesterol (< 100 mg/dL), triglyceri- a infância. A obesidade é a principal causa deter- des (< 100 mg/dL), and HDL-cholesterol (> 45 minante, porém outras doenças e medicamentos mg/dL) were established. Dyslipidemia prevalence podem causar hiperlipidemia. O tratamento é ba- has increased in the last years and is recognized as seado em adequação da dieta, atividade física e the bigger risk factor on atherosclerosis progression controle do peso; eventualmente, podem ser utili- and cardiovascular disease, beginning since child- zados medicamentos como estatinas, resinas, eze- hood. Obesity, other diseases and drugs may disturb the lipid metabolism at this age bracket, determining ser avaliada aos dez anos de idade, ou antes quan- a pro-atherogenic state. The treatment includes diet do houver histórico familiar ou pessoal de risco adaptation, physical activity and weight control, and de hiperlipidemia. O CT superior a 150 mg/dL in some cases drugs prescription – statins, resins, e/ou o LDL acima de 100 mg/dL, em duas amos- tras, determinam a necessidade de seguimento. dyslipidemia should be evaluated at ten years age O tipo de dieta e o eventual uso de medicamen- and sooner when a personal or familial history risk for hiperlipidemia is present. The CT above 150
  • 2. 276 PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2008;29(4):275-285 Keywords: Dyslipidemias. Lipids. Atherosclerosis. Resumen Objetivo: evaluar la epidemiología, importancia Fuentes pesquisadas: fueron seleccionados artícu- lípidos y niño o adolescente. Síntesis de los datos: Pediatria artigo6.qxd 05/03/08 10:52 Page 276 mg/dL and/or the LDL-C above 100 mg/dL, in two perior a 200 mg/dL1. No Brasil, a prevalência si- samples, determine treatment beginning. The diet tua-se entre 28 e 40% das crianças e adolescentes, specificity and the medication are prescribed upon quando o critério adotado é o CT sérico superior the hyperlipidemia severity and the patients’ clinical a 170 mg/dL2-4. Essa prevalência, porém, está su- profile. bestimada, uma vez que a III Diretriz Brasileira de Prevenção da Aterosclerose estabelece que o va- lor máximo da normalidade é 150 mg/dL5. Risk factors. Adolescent. Child A importância da dislipidemia em adultos está resinas, ezetimiba y fibratos. Conclusión: la disli- bem estabelecida pela associação causal com a aterogênese; reconhecida a aterosclerose como doença vascular inflamatória crônica que determi- na a ocorrência das doenças cardiovasculares. Na clínica, fisiopatología, diagnostico y tratamiento de última década, a importância da dislipidemia es- las dislipidemias en la infancia y adolescencia. tendeu-se à faixa pediátrica, quando o início da seqüência fisiopatogênica descrita anteriormente los originales y directrices en las bases de datos passou a ser verificado desde tenra idade. Adicio- MEDLINE, SciELO y LILACS, con los descriptores: nalmente, também na criança, a intensidade, a ex- tensão e a prevalência da aterosclerose parecem Palabras clave: Dislipidemias. Lípidos. Ateroscle- fueran establecidos los valores ideales de colesterol estar relacionadas à ocorrência e à gravidade dos Introdução total (< 150 mg/dL), LDL-colesterol (< 100 fatores de risco cardiovasculares descritos tradi- mg/dL), triglicéridos (< 100 mg/dL) y HDL-coles- cionalmente em adultos. O fator de maior influên- terol (> 45 mg/dL). La prevalencia de la dislipide- cia na aceleração da progressão da aterosclerose é mia se ha aumentado en los últimos años asi como a dislipidemia, especialmente quando os níveis de su importancia, con lo reconocimiento de que es lo colesterol total (CT), LDL-colesterol (LDL-C) e mayor factor de riesgo para la progresión de ateros- triglicérides (TG) estão elevados e a concentração clerose, desde la infancia. La obesidad, otras enfer- de HDL-colesterol (HDL-C) está reduzida6,7. medades y medicamentos pueden cambiar el meta- Há várias evidências da importância da hiper- bolismo de los lípidos en esta faja de edad, lipidemia para a ocorrência de aterogênese na determinando la hiperlipidemia y un estado pro- criança e no adolescente. Estudos experimentais aterogênico. La terapéutica incluye la dieta, activi- mostram, inicialmente, a infiltração de lípides e dad física y control del peso corporal, eventualmen- de proteoglicanos na camada íntima dos vasos e, te se puede utilizar medicamentos como estatinas, posteriormente, infiltração de macrófagos e for- mação de células espumosas8. Na gestante, a hi- pidemia debe ser evaluada a los diez años de edad, perlipemia pode determinar a formação de es- o antes, cuando hay factores de riesgo de hiperlipi- trias gordurosas vasculares nos fetos. A presença demia familiar o personal en el histórico. El CT su- de placas ateromatosas na segunda década de perior a 150 mg/dL y/o el LDL arriba de 100 vida é freqüente em algumas populações com hi- mg/dL, en dos amostras, determina la necesidad de perlipidemia, sendo verificadas em necrópsias. seguimiento del caso. La dieta y eventualmente lo Outras evidências podem ser observadas em pa- uso de medicamentos depende de la gravedad de la cientes hiperlipêmicos, tanto pelo aumento da hyperlipidemia y de aspectos clínicos del paciente. espessura médio-intimal arterial à ultra-sonogra- fia, quanto pela verificação de disfunção endote- lial, especialmente em crianças com elevado ní- rosis. Factores de riesgo. Adolescente. Niño. vel de LDL-colesterol. Nesses pacientes, a disfunção endotelial é caracterizada por maiores níveis de marcadores séricos, como as moléculas de adesão intercelular (ICAM) e da célula vascu- A prevalência de dislipidemia em crianças e lar (VCAM). Além disso, também estão aumen- adolescentes varia no mundo todo entre 2,9 e tadas as concentrações de mediadores inflamató- 33%, adotado o nível de colesterol total (CT) su- rios, como a interleucina 18 e a proteína C
  • 3. A dislipidemia e a associação com outras doenças 277 DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA Pediatria artigo6.qxd 05/03/08 10:52 Page 277 reativa de alta sensibilidade, verificando-se, por- Tabela 1. Principais doenças que cursam com dislipidemia na criança14-17 tanto, um perfil sugestivo de estado inflamatório subclínico, característico do processo da ateros- clerose. Essas alterações parecem ser potenciali- A dislipidemia pode ser um evento primário, Doenças hepáticas Atresia biliar congênita, colestases crônicas zadas pela obesidade, em decorrência do siner- mas, freqüentemente, é secundária à obesidade Doenças endócrinas Deficiência de hormônio do crescimento, diabetes melito, hipopituitarismo, hipotireoidismo gismo do efeito inflamatório da dislipidemia e do infantil. Nesse caso, ocorrem geralmente níveis Doenças renais Insuficiência renal crônica, síndrome nefrótica aumento da relação entre leptina e adiponectina. elevados de CT, TGC e LDL-C, sendo mais preva- Doenças hereditárias Obesidade, doenças metabólicas de depósito, síndrome dos ovários policísticos, síndrome Todos esses achados sugerem que haja uma ace- lentes as subclasses de colesterol com menor ta- de Prader-Willi leração da aterosclerose na adolescência, tanto manho molecular, mais aterogênicas, e níveis re- Doenças graves Leucemia aguda, lúpus eritematoso sistêmico, infecções graves, Aids, transplantes de mais grave quanto mais desfavorável o perfil li- duzidos de HDL-C12. sistêmicas órgãos sólidos pídico e maior o número de outros fatores de ris- Nas crianças com diabetes melito, não são en- co cardiovasculares associados9. contradas alterações significativas em relação ao Tabela 2. Drogas e nutrientes que mais comumente alteram o perfil lipídico18-23 A dislipidemia pode se iniciar na infância e CT ou às lipoproteínas LDL-C, HDL-C e TGC. Classe de drogas Substâncias manter a característica durante o crescimento e Contudo, são constatadas elevações dos níveis de desenvolvimento – comportamento denominado LpA-I e de HDL-C glicado e diminuição da relação fenômeno de trilha, mais freqüente em famílias LpA-I:LpA-II, o que confere a essas crianças um com história de aterosclerose precoce ou de dis- perfil metabólico mais aterogênico, em relação às Anticonvulsivantes Ácido valpróico, carbamazepina lipidemia10. Esses pacientes apresentam, na vida que portam distúrbios do CT13. Na Tabela 1, são Anti-hipertensivos Betabloqueadores, clortalidona, espironolactona, tiazidas descritas as doenças associadas aos distúrbios do Drogas lícitas Álcool, tabagismo primário ou passivo adulta, maiores espessuras da camada média e metabolismo dos lípides e, na Tabela 2, estão con- Esteróides sexuais Contraceptivos orais, estrógenos, progestágenos íntima das artérias e mostram que a dislipidemia tidos produtos e drogas que podem determinar al- Imunossupressores Ciclosporina, prednisona, prednisolona isolada na infância pode influir na velocidade de teração no perfil lipídico. Dieta Dieta cetogênica, nutrição parenteral instalação da aterosclerose11. Outros Ácido acetilsalicílico, ácido ascórbico, alopurinol, amiodarona, asparaginase, inibidores de protease, hemodiálise
  • 4. Diagnóstico de dislipidemia Conduta na dislipidemia durante a infância e a adolescência 278 PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2008;29(4):275-285 Pediatria artigo6.qxd 05/03/08 10:52 Page 278 Segundo a I Diretriz Brasileira para a Preven- ção da Aterosclerose na Infância e na Adolescên- Desde a década de 1950, especula-se sobre a cia24, deve-se solicitar perfil lipídico para crian- exeqüibilidade e a segurança do tratamento da das de 2 a 10 anos de idade quando houver: dislipidemia na criança, especialmente em nível populacional. A situação é complexa e difere dos G pais ou avós com história de aterosclerose adultos, pois a utilização de dietas restritivas precoce; pode interferir no crescimento, no desenvolvi- G parentes de primeiro grau com valores de mento e na qualidade de vida da criança. Sendo colesterol total 240 mg/dL e de triglicérides assim, o tratamento é restrito às crianças consi- 400 mg/dL; deradas de alto risco, para as quais sugere-se o G outros fatores de risco, como diabetes melito, acompanhamento por equipe interdisciplinar infecção pelo HIV, síndrome nefrótico e lúpus habilitada27-31. Isso é importante em qualquer lu- eritematoso sistêmico; gar, mas especialmente em países em desenvolvi- G história positiva de pancreatite aguda, xantomas mento, como o Brasil, em que convivem crianças eruptivos, arco corneano palpebral, xantomas com sobrepeso e desnutridas, muitas vezes com em tornozelos, face dorsal das mãos e joelhos; deficiência de ferro, cálcio e vitaminas lipossolú- Tabela 3. Valores de referência para lípides em crianças e adolescentes24 G história familiar desconhecida. veis. Os estudos têm mostrado segurança no tra- Lípides Desejável (mg/dL) Limítrofe (mg/dL) Aumentado (mg/dL) tamento, desde que a monitoração seja feita de Além das situações anteriormente descritas, forma adequada, respeitando as necessidades todas as crianças devem ter determinados seus inerentes ao crescimento e o desenvolvimento níveis de colesterol total em jejum aos 10 anos das crianças dislipidêmicas. CT < 150 150 a 169 ≥ 170 de idade. A triagem na faixa pediátrica é impor- Inicialmente, uma vez verificada a ocorrência LDL-C < 100 100 a 129 ≥ 130 tante, pois a monitoração em saúde é feita prefe- de hipercolesterolemia, deve-se avaliar a possibi- HDL-C ≥ 45 – – rencialmente na criança e é, ainda, reduzida a lidade de a mesma ser secundária. A principal TG < 100 100 a 129 ≥ 130 triagem nos adultos quanto ao seu perfil lipídico. causa associada é a obesidade, seguida de outras Além disso, é mais fácil obter os dados de hiper- CT = colesterol total; HDL-C = HDL-colesterol; LDL-C = LDL-colesterol; TG = triglicérides; menos freqüentes, como diabetes melito, infec- VLDL-C = VLDL-colesterol. lipidemia familiar na presença de pais e avós24. ção pelo HIV, síndrome nefrótica e lúpus erite- Para a avaliação dos resultados do perfil lipídi- matoso sistêmico. Quando há tendência à hiper- co, são considerados os valores de referência des- lipidemia hereditária, torna-se recomendável a critos na Tabela 3. Usualmente, utiliza-se a fór- triagem lipídica dos familiares de 1º grau. mula de Friedewald para o cálculo de LDL-C25. A triagem das crianças para hiperlipidemia Em crianças ou adolescentes com diabetes melito está sumarizada na Figura 1, bem como a se- ou hipertrigliceridemia (acima de 400 mg/dL), o qüência das condutas possíveis, que abrangem LDL-C deve ser determinado diretamente26. desde a recomendação de hábitos adequados e de exercícios, até dietas especiais e o uso de dro- Fórmula de Friedewald gas. Essas medidas são detalhadas na seqüência e LDL-C = CT – (HDL + TG/5) têm sido sistematizadas em consensos.
  • 5. 279 DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA Pediatria artigo6.qxd 05/03/08 10:52 Page 279 Criança < 10 anos com CT Na Figura 1, observa-se os principais parâ- rapia para a dislipidemia na criança, há a neces- acima de 240 ou metros para a tomada de decisões frente à hiper- sidade de estimar o risco cardiovascular global criança > 10 anos lipidemia. A idade e as condições de saúde do do paciente, determinando o número de fatores paciente, bem como o histórico familiar de hi- de risco associados. Deve-se aferir dieta, ativida- percolesterolemia e doença cardiovascular, de- de física, pressão arterial, índice de massa corpo- CT < 150 CT 150-170 CT > 170 terminam a idade da triagem inicial do colesterol ral, perímetro abdominal, tolerância à glicose e total. A criança é triada antes dos 10 anos de ida- tabagismo primário ou passivo32-37. Frente a es- de quando há doença hiperlipemiante no pacien- ses parâmetros, há casos em que apenas se obser- Repetir CT va a evolução, apesar do CT aumentado, desde Criança com HF+ para te ou hipercolesterolemia e/ou doença cardiovas- doença cardiovascular cular precoce nos familiares. Exceto nesses que o LDL-C seja inferior a 100 mg/dL e não es- prematura casos, a triagem é realizada rotineiramente so- tejam presentes fatores de risco; outras vezes são mente aos 10 anos de idade. Sempre que os valo- preconizadas dietas de tipo I ou II (posterior- CT < 150 CT 150-170 res forem superiores a 150 mg/dL de CT, deve-se mente descritas) ou mesmo o uso de hipolipe- repetir a dosagem e obter a média de duas dosa- miantes. A recomendação dietética é sempre rea- gens diferentes do LDL-colesterol. Como obser- lizada, pois constitui profilaxia e tratamento da Medida de 2 EV saudável vado na Figura 1, o nível de LDL-C e os fatores hiperlipidemia e, em conjunto com as atividades perfis lipídicos de risco familiares para a tomada de decisões de físicas, recebe a denominação de estilo de vida conduta são decisivos37. Antes de programar a te- saudável na Figura 1. LDL-C LDL-C LDL-C LDL-C < 100 100-129 < 130 > 190 LDL-C > 160 EV saudável Dieta tipo I Dieta tipo II Dieta tipo II e hipolipemiantes e ICO precoce dosar em 5a dosar em 1a dosar em 2a ou FR Figura 1. Algoritmo de diagnóstico e conduta na dislipidemia na criança e no adolescente. CT = colesterol total; LDL-C = LDL-colesterol; FR = fator de risco; HF+ = história familiar.
  • 6. 280 Dieta PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2008;29(4):275-285 Pediatria artigo6.qxd 05/03/08 10:52 Page 280 Atividade física A I Diretriz Brasileira de Prevenção da Ateroscle- rose na Infância e na Adolescência preconizou, A profilaxia da hiperlipidemia deve ter início diferentemente de outras diretrizes internacio- desde o nascimento, com a recomendação da nais, que essa dieta deve ser avaliada quanto à amamentação do lactente. O leite materno é rico viabilidade mesmo quando preenchidos esses cri- em gorduras saturadas, porém o perfil lipídico térios, pois em regiões carentes os lacticínios ain- dos adolescentes que foram amamentados ao da são a única fonte de vitaminas lipossolúveis. seio é melhor que o dos adolescentes alimenta- A dieta tipo II é mais restritiva, fornece até 20% dos com leite de vaca. Aparentemente, os níveis das calorias na forma de gorduras, contém até 7% mais elevados de colesterol nos amamentados de gorduras saturadas e colesterol até 60 mg/1.000 pode induzir à regulação endógena do metabo- calorias (máximo 200 mg/dia), sendo indicada lismo dos lípides ao longo da vida38. As crianças quando o CT estiver acima de 150 mg/dL e o LDL- amamentadas têm menor possibilidade de inge- C acima de 130 mg/dL. rir dietas hipercalóricas, reduzindo o risco de Em crianças, alguns estudos têm mostrado obesidade e de hiperlipidemia. Deve haver orien- que a alimentação com grande quantidade de tação aos lactentes obesos e/ou hiperlipêmicos, açúcar e de ácidos graxos saturados e poliinsatu- porém, não é realizada restrição dietética nos rados pode resultar em baixos níveis plasmáticos dois primeiros anos de vida, pois a ingestão de de HDL-colesterol. Todavia, não está bem deter- gorduras nessa fase é fundamental para a mieli- minado se a diminuição da ingestão desses ali- nização do sistema nervoso central37. mentos por crianças com reduzido nível desse A partir dos 2 anos de idade, os hiperlipêmi- colesterol, protetor vascular, poderia elevar o ní- cos devem receber orientação alimentar qualita- vel plasmático de HDL-colesterol42,43. tivamente adequada e com restrição moderada de gorduras, o que pode determinar a diminui- ção dos níveis de colesterol sérico, sem prejuízo Não há consenso sobre a diminuição dos ní- do crescimento e do desenvolvimento da crian- veis de CT e LDL-C com a prática esportiva, mas ça. A quantidade diária de gordura total na dieta a semelhança das recomendações para adultos é das crianças deve estar entre 25 e 35% do total indicada tanto na prevenção quanto no trata- calórico consumido, sendo até 10% do tipo satu- mento coadjuvante das dislipidemias na criança rada, até 10% poliinsaturada e até 20% monoin- e no adolescente44. A atividade física regular saturada. O consumo dos ácidos graxos trans pode propiciar a melhora da obesidade infantil e, deve ser inferior a 1% do total energético diário. secundariamente, o controle da dislipidemia. Os Em relação ao colesterol, a ingestão alimentar estudos populacionais mostram que o sedenta- não deve ultrapassar 100 mg por 1.000 calorias rismo infantil é a causa mais importante da epi- ao dia, com ingestão máxima de 300 mg por demia mundial de obesidade nessa faixa etária, dia39;40. Para o cálculo da quantidade de fibras na que determinou o aumento da prevalência de infância, deve ser utilizada a seguinte fórmula41: dislipidemia em todo o mundo45. Os pacientes pediátricos dislipidêmicos que Quantidade de fibras (g) = têm maior benefício com a atividade física são idade (em gramas) + 5 aqueles com síndrome metabólica. Nesses, há di- minuição significante dos níveis de CT, LDL, TG Nos casos de hipercolesterolemia com CT su- e da relação CT/HDL após curto período de ati- perior a 150 mg/dL e LDL-C superior a 100 vidade supervisionada – duas semanas, mesmo mg/dL, são recomendadas dietas mais restritivas. antes de haver diminuição do índice de massa Existem duas opções de dieta utilizáveis segundo corporal. Adicionalmente, há melhora da tole- a situação clínica, denominadas dieta tipo I e II. rância à glicose e a diminuição dos níveis tensio- A dieta tipo I deve fornecer diariamente até nais46. Atualmente, recomenda-se uma hora por 30% das calorias na forma de gorduras, até 10% dia de atividade física moderada a intensa para a de gorduras saturadas e colesterol até 100 criança hiperlipêmica. Simultaneamente, deve mg/1.000 calorias (máximo 300 mg/dia). É reco- haver redução para, no máximo, duas horas/dia mendada quando o colesterol total estiver acima de atividades sedentárias, como televisão, jogos de 150 mg/dL e o LDL-C entre 100 e 130 mg/dL. eletrônicos e computador37.
  • 7. Tratamento farmacológico nas dislipidemias na infância 281 DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA Conclusão Pediatria artigo6.qxd 05/03/08 10:52 Page 281 As estatinas são utilizadas, quando possível, para pacientes com idade superior a 10 anos e após a menarca. A utilização dessas drogas deve Como observado na Figura 1, o uso de drogas ser cautelosa, em baixa dose, com atenção para hipolipemiantes é preconizado para casos com efeitos adversos musculares e hepáticos e terato- LDL-C acima de 190 mg, com níveis superiores a gênese nas adolescentes60. A dosagem é ajustada 160 mg/dL e fatores de risco presentes. Na I Dire- individualmente, de acordo com os efeitos ad- triz Brasileira de Prevenção da Aterosclerose na versos e a eficácia na redução do LDL-C. A utili- Tabela 4. Drogas utilizadas na infância para tratamento de dislipidemia47-55 Infância e na Adolescência, é recomendado o tra- zação das estatinas é detalhada na Figura 2. Tipo de droga Mecanismo Efeitos Drogas (dose diária) Toxicidade tamento medicamentoso com níveis de LDL-C Para os pacientes em uso de anti-retrovirais, acima de 130 mg/dL, quando há diabetes melito, dá-se preferência à pravastatina, por apresentar infecção pelo HIV síndrome nefrótica e lúpus eri- , menor interação medicamentosa com as outras Inibidores da Inibem a síntese ↓ LDL-C Atorvastatina (10 a 20 mg), Hepática, muscular tematoso sistêmico. A presença de outros fatores drogas. HMG-CoA do colesterol e TG, fluvastatina (10 a 80 mg), de risco tem sido considerada na terapêutica – ní- A Tabela 3 descreve os efeitos favoráveis e redutase ↑ HDL-C lovastatina (10 a 40 mg), veis elevados de lipoproteína A, homocisteína e adversos das principais drogas hipolipemian- (estatinas) pravastatina (5 a 40 mg), tes que podem ser utilizadas para crianças e rosuvastatina (5 a 40 mg), proteína C reativa. Nessas circunstâncias e frente sinvastatina (10 a 40 mg) a níveis de LDL-colesterol acima de 160 mg/dL, adolescentes. Resinas de troca Ligam-se aos ácidos ↓ LDL-C Colestiramina (4 a 16 g), Gastrintestinal, segundo alguns autores24, podem ser utilizados biliares, interrompendo e TG colestipol (2 a 12 g) deficiência de hipolipemiantes em crianças. recirculação vitaminas lipossolúveis As drogas disponíveis para utilização na disli- entero-hepática pidemia da criança e do adolescente estão conti- A dislipidemia deve ser avaliada aos 10 anos Fibratos Inibem a síntese ↓ TG e Fenofibrato, bezafibrato Gastrintestinal, de VLDL-C HDL-C (200 a 600 mg) hematológica, muscular das na Tabela 4. de idade ou antes, quando houver histórico pes- Inibidor da ↓ absorção intestinal ↑ LDL-C Ezetimiba (10 mg) Gastrintestinal, Quando são preenchidos os critérios para uso soal de doença hiperlipemiante ou histórico fa- absorção de de colesterol muscular de hipolipemiante (ver Figura 1), há preferência miliar de doença cardiovascular e dislipidemia. colesterol e fitoesteróis pelo uso de estatinas devido a facilidade e efi- O CT superior a 150 mg/dL e o LDL acima de Nutracêuticos Melhoram a função ↓ Discreta Ômega 3 (2 a 4 g) Piora da ciência. Os fibratos são indicados quando há ní- 100 mg/dL, em duas amostras, determinam a ne- endotelial dos TG sitosterolemia veis persistentemente elevados acima de 350 cessidade de seguimento. O tipo de dieta e o Antioxidantes Melhoram a função ↓ PCRas Vit C (40 a 120 mg) Alergia endotelial e LDLox e E (4 a 19 mg) mg/dL ou valores isolados acima de 700 mg/dL. eventual uso de medicamentos dependem da in- O ezetimiba pode ser utilizado como co-adju- tensidade dessas alterações e de fatores clínicos HDL-C = HDL-colesterol; HMG-CoA = 3-hidroxi-3-metil-glutaril-coenzima-A; LDL-C = LDL-colesterol; LDLox = LDL-colesterol oxidado; TG = triglicérides; VLDL-C = VLDL-colesterol; Vit = vitamina vante das estatinas e das resinas de troca56-59. do paciente.
  • 8. 282 PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2008;29(4):275-285 Critério de uso dos hipolipemiantes Idade de início depende do Idealmente acima de 10 número e da magnitude de outros anos e após a menarca FR ou xantomas Observar a interação com ciclosporina, fibratos, niacina, Início com < dose, 1x/dia; Orientação sobre o risco eritromicina, antifúngicos, in- dosagem de CK, TGO e TGP de teratogênese ibidores de protease Mialgia? CK? Pediatria artigo6.qxd 05/03/08 10:52 Page 282 Cessar uso Reutilizar após resolução 4 semanas Risco CK > 10x/basal TGO/TGP > 3x/basal Mínimo LDL-C < 130 Lípides, TGO, TGP Ideal < 100 Alteração de enzimas Alvo atingido Alvo não atingido Cessar uso e monitoração Monitoração em Dobrar a dose e em 2 sem (pré-requisito) 8 sem e 3/3 meses exames em 4 sem Figura 2. Algoritmo de utilização de estatinas na infância. Referências CK = creatina-fosfoquinase; LDL-C = LDL-colesterol; FR = fator de risco; TGO = transaminase oxalacética; TGP = transaminase glutâmico-pirúvica; sem = semanas. rose do Departamento de Aterosclerose da So- ciedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardi- 1. Al-Shehri SN, Saleh ZA, Salama MM, Hassan YM. ol 2001;77(Suppl 3):1-48. Prevalence of hyperlipidemia among Saudi school children in Riyadh. Ann Saudi Med 2004;24:6-8. 6. Malcom GT, Oalmann MC, Strong JP. Risk factors for atherosclerosis in young subjects: the PDAY 2. Gerber ZR, Zielinsky P. Fatores de risco para ate- Study. Pathobiological Determinants of Atheroscle- rosclerose na infância: um estudo epidemiológico. rosis in Youth. Ann N Y Acad Sci 1997;817:179-88. Arq Bras Cardiol 1997;69:231-6. 7. Berenson GS, Srinivasan SR, Bao W, Newman WP 3. Giuliano IC, Coutinho MS, Freitas SF, Pires MM, 3rd, Tracy RE, Wattigney WA. Association between Zunino JN, Ribeiro RQ. Lípides séricos em crian- multiple cardiovascular risk factors and atheroscle- ças e adolescentes da rede escolar de Florianópo- rosis in children and young adults. The Bogalusa lis - Estudo Floripa Saudável 2040. Arq Bras Car- Heart Study. N Engl J Med 1998;338:1650-6. diol 2005;85:85-91. 8. Nakashima Y, Fujii H, Sumiyoshi S, Wight TN, Sueishi K. Early human atherosclerosis: accumu- 4. Moura EC, de Castro CM, Mellin AS, de Figueiredo lation of lipid and proteoglycans in intimal thick- DB. Perfil lipídico entre escolares de Campinas, enings followed by macrophage infiltration. Arte- Brasil. Rev Saúde Pública 2000;34:499-505. rioscler Thromb Vasc Biol 2007;27:1159-65. 5. Santos RD. III Diretriz Brasileira sobre Dislipi- 9. Pilz S, Horejsi R, Moller R, Almer G, Scharnagl H, demias e Diretriz sobre Prevenção de Ateroscle- Stojakovic T, et al. Early atherosclerosis in obese ju-
  • 9. veniles is associated with low serum levels of adipo- daemia in HIV-infected children in Europe. AIDS 283 nectin. J Clin Endocrinol Metab 2005;90:4792-6. 2004;18:1443-51. DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA 10. Forti N, Salazar LA, Diament J, Giannini SD, Hira- 21. Parsons SK, Skapek SX, Neufeld EJ, Kuhlman C, ta MH, Hirata RD. Alterações genéticas e dislipi- Young ML, Donnelly M, et al. Asparaginase-asso- demia: novos estudos brasileiros. Arq Bras Car- ciated lipid abnormalities in children with acute diol 2003;80:565-71. lymphoblastic leukemia. Blood 1997;89:1886-95. 11. Li S, Chen W, Srinivasan SR, Bond MG, Tang R, 22. Demircioglu S, Soylu A, Dirik E. Carbamazepine and Urbina EM, et al. Childhood cardiovascular risk valproic acid: effects on the serum lipids and liver factors and carotid vascular changes in adulthood: functions in children. Pediatr Neurol 2000; 23:142-6. the Bogalusa Heart Study. JAMA 2003;290:2271-6. 23. Neufeld EJ, Mietus-Snyder M, Beiser AS, Baker AL, 12. Ballesteros MN, Cabrera RM, Saucedo Mdel S, Ag- Newburger JW. Passive cigarette smoking and re- garwal D, Shachter NS, Fernandez ML. High in- duced HDL cholesterol levels in children with high- take of saturated fat and early occurrence of spe- risk lipid profiles. Circulation 1997;96:1403-7. cific biomarkers may explain the prevalence of chronic disease in northern Mexico. J Nutr 24. Back GI, Caramelli B, Pellanda L, Duncan B, Mat- 2005;135:70-3. tos S, Fonseca FH. I diretriz brasileira para a pre- Pediatria artigo6.qxd 05/03/08 10:52 Page 283 venção da aterosclerose na infância e na ado- 13. Bustos P, Radojkovic C, Ulloa N, Munoz M, Martinez lescência. Arq Bras Cardiol 2005;85(Suppl 6):4-36. A, Calvo C, et al. Lipoprotein composition in children and adolescents with type 1 diabetes mellitus. J Pe- 25. Friedewald WT, Levy RI, Fredrickson DS. Estima- diatr Endocrinol Metab 2005;18:257-64. tion of the concentration of low-density lipoprotein cholesterol in plasma, without use of the prepara- tive ultracentrifuge. Clin Chem 1972;18:499-502. 14. Pereira AM, Schmid EM, Schutte PJ, Voormolen JH, Biermasz NR, van Thiel SW, et al. High preva- 26. Ticho BS, Neufeld EJ, Newburger JW, Harris N, lence of long-term cardiovascular, neurological Baker A, Rifai N. Utility of direct measurement of and psychosocial morbidity after treatment for low-density lipoprotein cholesterol in dyslipidem- craniopharyngioma. Clin Endocrinol (Oxf) 2005; ic pediatric patients. Arch Pediatr Adolesc Med 62:197-204. 1998;152:787-91. 15. Nagasaka H, Yorifuji T, Egawa H, Yanai H, Fujisawa 27. Holmes KW, Kwiterovich PO Jr. Treatment of dys- T, Kosugiyama K, et al. Evaluation of risk for ath- lipidemia in children and adolescents. Curr Cardiol erosclerosis in Alagille syndrome and progressive Rep 2005;7:445-56. familial intrahepatic cholestasis: two congenital cholestatic diseases with different lipoprotein me- 28. Wiegman A, Hutten BA, de Groot E, Rodenburg J, tabolisms. J Pediatr 2005;146:329-35. Bakker HD, Buller HR, et al. Efficacy and safety of statin therapy in children with familial hypercho- 16. Liuba P, Persson J, Luoma J, Yla-Herttuala S, lesterolemia: a randomized controlled trial. JAMA Pesonen E. Acute infections in children are ac- 2004;292:331-7. companied by oxidative modification of LDL and decrease of HDL cholesterol, and are followed by 29. Tammi A, Ronnemaa T, Gylling H, Rask-Nissila L, thickening of carotid intima-media. Eur Heart J Viikari J, Tuominen J, et al. Plant stanol ester 2003;24:515-21. margarine lowers serum total and low-density lipoprotein cholesterol concentrations of healthy 17. Szczepaniska KJ, Tolwinska J, Urban M, children: the STRIP project. Special Turku Coro- Gardziejczyk M, Glowinska B. Cardiac mass and nary Risk Factors Intervention Project. J Pediatr function, carotid artery intima media thickness, 2000;136:503-10. homocysteine and lipoprotein levels in children and adolescents with growth hormone deficiency. 30. Olson RE. Is it wise to restrict fat in the diets of J Pediatr Endocrinol Metab 2004;17:1405-13. children? J Am Diet Assoc 2000;100:28-32. 18. Perez-Navero JL, Dorao Martinez-Romillo P, 31. Jacobson MS, Lillienfeld DE. The pediatrician’s Lopez-Herce CJ, Ibarra de lR, I, Pujol JM, Her- role in atherosclerosis prevention. J Pediatr mana Tezanos MT. Nutrición artificial en unidades 1988;112:836-41. de terapia intensiva pediátrica. An Pediatr (Barc) 2005;62:105-12. 32. The fourth report on the diagnosis, evaluation, and treatment of high blood pressure in children and 19. Cofan F, Vela E, Cleries M. Analysis of dyslipi- adolescents. Pediatrics 2004;114(2 Suppl 4):555-76. demia in patients on chronic hemodialysis in Cat- alonia. Atherosclerosis 2006;184:94-102. 33. CDC growth charts. National Center for Health Statistics 2006. Available: URL: http://www.cdc. 20. European Paediatric Lipodystrophy Group. Anti- gov/nchs/about/major/nhanes/growthcharts/clin- retroviral therapy, fat redistribution and hyperlipi- ical_charts.htm (acesso 6 jun 2006).
  • 10. 284 34. Fernandez JR, Redden DT, Pietrobelli A, Allison 47. Kwiterovich PO Jr. Safety and efficacy of treatment DB. Waist circumference percentiles in nationally of children and adolescents with elevated low den- PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2008;29(4):275-285 representative samples of African-American, Eu- sity lipoprotein levels with a step two diet or with ropean-American, and Mexican-American chil- lovastatin. Nutr Metab Cardiovasc Dis 2001;11 dren and adolescents. J Pediatr 2004;145:439-44. (Suppl 5):30-4. 35. Cutfield WS, Hofman PL. Simple fasting methods 48. Wiegman A, Hutten BA, de GE, Rodenburg J, Bak- to assess insulin sensitivity in childhood. Horm ker HD, Buller HR, et al. Efficacy and safety of sta- Res 2005;64( Suppl 3):25-31. tin therapy in children with familial hypercholeste- rolemia: a randomized controlled trial. JAMA 2004 36. Active and passive tobacco exposure: a serious 21;292:331-7. pediatric health problem. A statement from the Committee on Atherosclerosis and Hypertension 49. van der GA, Nierman MC, Firth JC, Wolmarans KH, in Children, Council on Cardiovascular Disease in Marais AD, de Groot E. Efficacy and safety of flu- the Young, American Heart Association. Circula- vastatin in children and adolescents with het- tion 1994;90:2581-90. erozygous familial hypercholesterolaemia. Acta Paediatr 2006;95:1461-6. 37. Kash IJ. American Heart Association guidelines for prevention of pediatric cardiovascular disease. 50. Shepherd J, Hunninghake DB, Stein EA, Kastelein Pediatria artigo6.qxd 05/03/08 10:52 Page 284 J Pediatr 2004;144:552. JJ, Harris S, Pears J, et al. Safety of rosuvastatin. Am J Cardiol 2004;94:882-8. 38. Das UN. A perinatal strategy to prevent coronary heart disease. Nutrition 2003;19:1022-7. 51. McCrindle BW, O’Neill MB, Cullen-Dean G, Helden E. Acceptability and compliance with two forms of 39. Kersting M, Alexy U, Clausen K. Using the concept cholestyramine in the treatment of hypercholes- of Food Based Dietary Guidelines to Develop an terolemia in children: a randomized, crossover trial. Optimized Mixed Diet (OMD) for German children J Pediatr 1997;130:266-73. and adolescents. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2005;40:301-8. 52. Wiegman A, Hutten BA, de Groot E, Rodenburg J, Bakker HD, Buller HR, et al. Efficacy and safety of 40. Shamir R, Fisher EA. Dietary therapy for children statin therapy in children with familial hypercho- with hypercholesterolemia. Am Fam Physician lesterolemia: a randomized controlled trial. JAMA 2000;61:675-6. 2004;292:331-7. 41. Trumbo P, Schlicker S, Yates AA, Poos M. Dietary 53. Engler MM, Engler MB, Malloy MJ, Chiu EY, reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, Schloetter MC, Paul SM, et al. Antioxidant vita- fat, fatty acids, cholesterol, protein and amino mins C and E improve endothelial function in chil- acids. J Am Diet Assoc 2002;102:1621-30. dren with hyperlipidemia: Endothelial Assessment of Risk from Lipids in Youth (EARLY) Trial. Circula- 42. Slyper A, Jurva J, Pleuss J, Hoffmann R, Gutter- tion 2003;108:1059-63. man D. Influence of glycemic load on HDL choles- terol in youth. Am J Clin Nutr 2005;81:376-9. 54. Engler MM, Engler MB, Malloy MJ, Paul SM, Kulkarni KR, Mietus-Snyder ML. Effect of docosa- 43. Cowin IS, Emmett PM. Associations between di- hexaenoic acid on lipoprotein subclasses in hyper- etary intakes and blood cholesterol concentra- lipidemic children (the EARLY study). Am J Cardiol tions at 31 months. Eur J Clin Nutr 2001;55:39-49. 2005;95:869-71. 44. Raitakari OT, Taimela S, Porkka KV, Telama R, Val- 55. Vanstone CA, Jones PJ. Limitations of plasma imaki I, Akerblom HK, et al. Associations between plant sterols as indicators of cholesterol absorp- physical activity and risk factors for coronary tion. Am J Clin Nutr 2004;79:340-1. heart disease: the Cardiovascular Risk in Young Finns Study. Med Sci Sports Exerc 1997;29:1055- 56. Hedman M, Matikainen T, Fohr A, Lappi M, Piippo 61. S, Nuutinen M, et al. Efficacy and safety of pravas- tatin in children and adolescents with heterozy- 45. Hancox RJ, Milne BJ, Poulton R. Association be- gous familial hypercholesterolemia: a prospective tween child and adolescent television viewing and clinical follow-up study. J Clin Endocrinol Metab adult health: a longitudinal birth cohort study. 2005;90:1942-52. Lancet 2004;364(9430):257-62. 57. Salen G, von Bergmann K, Lutjohann D, 46. Chen AK, Roberts CK, Barnard RJ. Effect of a Kwiterovich P, Kane J, Patel SB, et al. Ezetimibe short-term diet and exercise intervention on effectively reduces plasma plant sterols in pa- metabolic syndrome in overweight children. Me- tients with sitosterolemia. Circulation 2004;109: tabolism 2006;55:871-8. 966-71.
  • 11. 58. Gagne C, Gaudet D, Bruckert E. Efficacy and safe- 60. McCrindle BW, Urbina EM, Dennison BA, Jacob- 285 ty of ezetimibe coadministered with atorvastatin son MS, Steinberger J, Rocchini AP, et al. Drug DISLIPIDEMIAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA or simvastatin in patients with homozygous famil- therapy of high-risk lipid abnormalities in children ial hypercholesterolemia. Circulation 2002;105: and adolescents: a scientific statement from the 2469-75. American Heart Association Atherosclerosis, Hy- pertension, and Obesity in Youth Committee, 59. Salen G, von BK, Lutjohann D, Kwiterovich P, Kane Council of Cardiovascular Disease in the Young, J, Patel SB, et al. Ezetimibe effectively reduces with the Council on Cardiovascular Nursing. Cir- plasma plant sterols in patients with sitos- culation 2007;115:1948-67. terolemia. Circulation 2004;109:966-71. Pediatria artigo6.qxd 05/03/08 10:52 Page 285 Endereço para correspondência: Dr. Bruno Caramelli Instituto do Coração Avenida Dr. Enéas C. de Aguiar, 441 São Paulo - SP Cep: 05403-900 Enviado para publicação: 18/8/2007 E-mail: bcaramel@usp.br Aceito para publicação: 28/11/2007