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Dicas sobre "Feliz Ano Novo", de Rubem Fonseca

Professor Sergius Gonzaga destaca características dos contos que compõem obra da lista de
leituras obrigatórias



Rubem Fonseca registra brutalmente a moderna vida urbana brasileira naquilo
que ela tem de inesperado, pungente e assustador. Como nenhum outro escritor
contemporâneo, soube captar a violência que impera nas ruas do país, em uma
espécie de guerra civil não declarada. Às vezes, essa violência brota das
circunstâncias sociais; outras vezes, emerge de pulsões subterrâneas dos
indivíduos que experimentam o fascínio do mal, independentemente da classe a
que pertençam. Embora tenha escrito bons romances, é no conto que se destaca.
Além do pleno domínio da técnica, apresenta um estilo despojado, por vezes
elíptico, tendo como base diálogos convincentes. Prefere as narrativas em
primeira pessoa e apresenta uma esplêndida capacidade de dar a cada narrador
uma voz específica. Adequada a sua classe e a sua geração.


O que observar
1) Repare no núcleo de contos centrados na exposição da violência direta: a dos
marginais (Feliz Ano Novo); a dos executivos (Passeio Noturno I e II); a das
mulheres (74 Degraus); a da velha aristocracia luso-brasileira (Nau Catrineta).
2) Não esqueça que, em seus relatos, a violência não é o único tema. Rubem
Fonseca debruça-se sobre a solidão dos indivíduos na grande cidade,
invariavelmente presos a paixões e vínculos efêmeros, restando-lhes apenas a
obsessão pelo sexo como única alternativa ao vazio da existência. Repare
também nos contos melancólicos em que os protagonistas aparecem derrotados
por causa do fracasso de seus sonhos (Abril no Rio, em 1970, Botando pra
Quebrar, Corações Solitários, O Pedido)


3) Lembre também da tendência do autor em criar situações de humor negro
(Agruras de um Jovem Escritor, Nau Catrineta) e em estabelecer uma reflexão
indireta sobre a sua própria concepção de literatura (Intestino Grosso).
Não esqueça
Por sua ampla experiência profissional (de inspetor de polícia a gerente de
multinacional) e por sua fina capacidade de observação da sociedade brasileira,
Rubem Fonseca foi capaz de escrever, com a mesma verossimilhança, sobre
gente do povo e executivos, marginais e empresários, jornalistas, detetives e
assassinos profissionais, garotas de programa e pobres-diabos que vagam sem
destino pelas ruas do Rio de Janeiro. Tem, pois, como matéria-prima os dois
extremos da nação: os que vivem à margem e os que constituem o núcleo
privilegiado do sistema.

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