1) O documento apresenta traduções e explicações de versos do Oráculo Sagrado de Ifá. Os versos falam sobre sacrifícios e oferendas que podem trazer boa sorte, filhos e prosperidade.
2) O segundo oráculo fala sobre o Odù Oyekumeji, que significa escuridão e infelicidade, mas também traz soluções. Aconselha a ouvir os mais velhos e honrar os ancestrais.
3) O documento fornece contexto cultural e espiritual sobre a importância dos sacrifíci
1. O Oráculo Sagrado
de
Ifá
Tr adução par a o po rt ug uê s: Ò s unlé k è
1
2. Or ác ulo 1
Èjìogbè-8
O O dù Èjì o g be fala de ilumina ção , be m e st ar g er al, v it ór ia so br e o s inimigo s,
de spe rt ar e spir it ual, vida lo ng a e paz me nt al.
O bse rv ação o cide nt al: Nov o s neg ó cio s ou int e nsi ficaçõ e s no s ne gó cio s
ex ist e nt e s, no vo s re lacio name nt o s, ou e x per iê ncia s e spir it uais po de m se r
e spe r adas. Ex ist e uma po ssi bilidade de co mpor t ame nto supe r ze lo so que r e quer
bo m se nso par a se r supe r ado .
Ejio g be é o Odù mais impor t ant e . Ele si mbo liza o pr in cí pio mascu lino e , po r t ant o é
co nsi der ado o pai do s o dùs. Na o r de m fix ada por Òr únmì là, Ejiog be o cupa a pr ime ir a
po sição .
Em Ejio g be , o s do is lado s do Odù são idê nt ico s: O g be e st á e m ambo s o s lado s dir e ito e
e sque r do . O Odù de v er ia ser chamado “Og be me j i”, mas e le é univ er salme nt e
co nhe c ido co mo Ejiog be por que e ji tam bé m sig nifica “do is”. Há um e quilí br io de
fo r ças e m Ejiog be , que é se mpr e uma bo a pr o fe cia.
D ur ant e uma se ssão div inató r ia, o clie nt e par a que m Ejio g be é div inado e st á b usca ndo
por paz e pr o spe r idade . O clie nt e co n sult o u I fá por que e le o u e la que r filho s o u de se ja
se e ng ajar e m um nov o pr o je to . I fá diz que se o clie nt e fize r uma o fe r e nda, to das as
s uas e x ig ê ncias ser ão sat isfe it as e to do s os se u s e mpr e e ndime nt o s se r ão be m
s uce dido s. É ne ce ssár io o sacr ifí cio par a o bt e r v it ó r ia so br e o s inimig o s que po de r iam
e st ar blo que ando o s caminho s do clie nt e . Se e le o u e la te m tr abalhado se m pr og r e sso
o u fe ito neg ó cio s se m lucr o , I fá pr ev ê pr o spe r idade o u r ique za se a pe sso a fizer o s
sa cr ifí cio s ne ce ssár io s. Em Ej iog be , I fá pr ev ê v ida lo ng a de sde que o clie nt e cuide
muit o be m de sua sa úde .
Pe sso as e ncar nadas pe lo O dù Ejio g be de v e m se mpr e co nsu lt ar o or áculo de I fá ant e s
de t o mar qualque r de ci são impor t ant e na vida.
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3. 1 – 1 (t r adução do ve r so )
A s mão s per t e nce m ao co r po ,
o s pé s per t e nce m ao co r po ,
O tar at ar a co nsu lto u o o rácu lo de I fá par a Ele r e mo ju,
a mãe de A g bo nnir eg un.
F o i pe dido par a e la sacr ifi car
D uas g alinhas, duas po m bas, e t r int a e do is mil búzio s,
a se r e m u sadas par a sat isfaze r o I fá de sua cr iança.
Di sse r am que sua v ida se r ia pr ó spe r a.
Ela o be de ce u e fe z o sacr ifí cio .
O wo t’ ar a, Ese t ’ar a, e Ot ar at ar a são o s no me s do s t rê s div inado re s que co ns ult ar am o
o rác ulo de I fá par a Eler e mo ju, a mãe de A g bo nnir e g un (um do s tí t ulo s de lo uv ação de
Ò r únmì là). Eler e mo ju e st av a e nfr e nt ando pro ble ma s. Ela co ncor do u e m faze r o
sa cr ifí cio e sat isfaze r o I fá de sua cr iança ( ikin I f á - dezesse is f r uto s de palm eir a ).
Ela se to r no u pr ó spe r a po r que sacr ifi co u as co isas que I fá pr e s cr ev e u.
O sa cr ifí cio de se mpe nha um pape l e sse ncia l no sist e ma Yo r ùbá de cr e nça s e t radição
r e lig io sa. De mo do a v iv e r lo ng a e paci ficame nt e na te rr a, e spe r a-se que o s se r e s
hu mano s façam o s sacr ifí cio s ne ce ssár io s que atr air ão bo a so r te e afa st ar ão as
de sg r aças.
1 – 2 (t r adução do ve r so )
O t it o o mifi-nt e le -isa co nsult o u I fá par a Ele re mo j u,
a mãe de A g bo nnir eg un.
I fá dis se que o ik in de sua cr iança ir ia ajudá -la.
Po rt ant o fo i pe dido a e la que sacr ifi casse
um rat o awo sin , uma galinha o u cabr a,
e fo lhas de I fá (fo lhas eg be e , e m núme ro de de ze s se is,
de v e m se r e smag adas na ág ua e u sadas
par a lav ar a cabe ça do clie nt e ).
Ela o be de ce u e fe z o sacr ifí cio .
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4. O utr o div inador , chamado Ot ito l o mifi- nt e le -isa t ambé m co nsult o u I fá par a
Ele r e mo ju, a mãe de Ag bo nnir eg un. I fá co nfir mo u que o ik in de sua cr ian ça (fr ut o de
palma sagr ado ) a aju dar ia se e la co nt inuas se a faze r se us sacr ifí cio s.
O s div inado r e s de I fá são t ambé m e spe cial ist as e m er v as. S upõ e -se que e le s e ste ja m
be m fu ndame nt ado s na me di cina tr adicio nal. A cr e dit a- se que t odas as plant as, e rv as, e
fo lhas do mundo per t e nce m a I fá. O s co nhe cime nt o s so br e se u s v alo r e s e spir it uais e
me di cinais po de m se r e nco ntr ado s no s e nsiname nt o s de I fá. A ssim, e m muit as
o casiõ e s, o s div inado r e s de I fá pr e scr ev e m er vas e plant as par a a cur a o u pr e v e nção
de do e nças e e nfe r midade s. Em se u v er so O dù, fo lhas eg be e são re co me ndadas par a
lav ar a ca be ça do clie nt e ( Or í ), a q ual se acr e dit a co nt ro lar o de st ino da pe s so a.
1 – 3 (t r adução do ve r so )
O to to ot o
O ro ro or o
Se par adame nt e nó s co me mo s fr uto s da te rr a.
Se par adame nt e nó s co me mo s imum u (fr ut o e spe cial).
Nó s e st amo s co m a cabe ça acima do s calcanhar e s e m amor co m Oba ‘ M ak in.
To do s e le s div inar am par a Ag bo nnir eg un.
F o i dit o que se e le fize sse sa cr ifí cio , e le se r ia
abe n ço ado co m filho s; e le ne m sabe r ia
o núme r o de se us filho s
dur ant e e apó s sua vida.
F o i pe dido a e le que sacr ifica sse
uma cabr a e fo lhas de I fá .
Se e le o fe r e ce s se o sacr ifí cio , e le de ve r ia co zinhar fo lhas de I fá par a sua s e spo sa s
co me r e m.
Ele o be de ce u e fe z o sacr ifí cio .
F o lhas de I fá : F olhas mo í das y e nmey e nme (ag bo ny in),
ir ug ba, o u o gir i (co ndime nt o s) co m cr av o s e o utr o s co ndime nto s.
C o zinhe -o s j unt ame nt e co m o s t ro mpas de faló pio da ca br a.
C o lo que o po te de so pa e m fre nt e ao tr o no de I fá
e de ix e que sua s e spo sa s a co mam ali.
Q uando e las t er minar am de to mar a so pa, e las t iv e r am
muit o s filho s.
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5. A s e spo sas de Ag bo nnir eg un e st av am te ndo dif iculda de e m e ngr av idar e dar a luz. O s
cin co A wo que div inar am par a A g bo nnir e g un e nfat izar am a impo rt ância do sacr ifí cio .
Ele s dis se r am que se e le co n cor das se e m faze r o sa cr ifí cio , e le te r ia muito s filho s
dur ant e sua vida e apó s a s ua mor t e . A dicio nalme nt e , o s sace r dot e s tiv er am que faze r
u so de se u co nhe c ime nt o so br e me di cina t radic io nal par a co zinhar fo lhas de ag bo ny in
co m as tr o mpas de faló pio da cabr a sa cr ificada. Est e re mé dio fo i co ns umido pe las
e spo sa s de A g bo nnir e g un ant e s que e le pude sse te r o s filho s pr e dito s po r I fá .
1 – 4 (t r adução do ve r so )
O k unk un-bir imu bir imu co nsult o u I fá par a Eniunk ok un ju.
Di sse r am que não hav ia ning ué m que lhe t iv e sse fe ito uma ge nt ile za
que e le não r et r ibuiu co m mal.
Nó s pe dimo s a e le par a sa cr ificar
uma alfanje e uma e s cada.
Ele se re cu so u à sa cr ificar ,
Eniu nko k unj u - o no me co m o qual cha mamo s o faze nde iro .
To das as bo as co isa s que Og e de (a banana) for ne ce u
par a o faze nde ir o não for am apr e ciadas.
O faze nde iro po r fim de capit o u O ge de .
I fá muit as ve ze s fala por par ábo las. Est a e st ór ia apr e se nt a um re lacio name nt o e ntr e a
banana (Og e de ) e , per so nifi cada co mo alg ué m que fo i ge nt il co m o faze nde iro (ag be ),
um ing r at o que r et r ibuiu a ge nt ile za co m o mal. Não impo r t a o quão gr ande se ja o
r e lacio name nt o , a banana é de st r uí da ao fina l.
No s te mpo s ant igo s, qualque r um e ncar nado por e st e O dù po de r ia se r de capit ado ao
fim de sua v ida na t er r a. Em te mpo s mo de r no s, ist o se r e fer e mais à “per de r -se a
ca be ça” e pag ar u m alto c ust o .
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6. Or ác ulo 2
Oyekumeji-2
O O dù Oy e k u Me ji sig nifi ca e sc ur idão e infe li cidade , e adv er t e so br e mor t e ,
do e nças, pr e o cupa çõ e s e um mau pr e ssag io , mas t ambé m carr e g a co m t udo isso
a so lu ção de to do s e sse s pro ble ma s.
O bse r v ação o cide nt al: O clie nt e co m má sor t e e nco ntr a blo que io ; o clie nt e co m
bo a so rt e po ss ui fo rt e supo r te an ce str al.
O ye k ume ji é o se g undo Odù (o lo du) pr in cipal. Ele si mbo liza o pr in cí pio fe mini no . O s
o dùs Ejiog be e Oy ek ume ji de r am nas cime nt o ao s quato r ze odùs pr incipais re st ant e s.
No O dù Oy e k ume ji, há um Oy e k u no lado dire it o , que é a for ça mas culina, e o ut ro
O ye k u no lado e sque r do , que é a for ça fe minina.
A s pe sso as par a que m e st e Odù é div inado dev e r iam fo r mar um hábit o de o fer e ce r
sa cr ifí cio s e sat is fazer s uas cabe ça s (o r i) de te mpo s e m te mpo s de mo do à e v it ar
e st ado s de de pr e ssão . A dicio nalme nt e , de v er iam o uv ir e re spe it ar as o piniõ e s de se u s
mai s v e lho s. Elas ne ce ssit am ho nr ar se us an ce str ais re g ular me nt e .
No O dù Oy e k ume ji, I fá adv er t e co ntr a o per ig o de mant er re lacio name nt o s co m
muit as m ulhe r e s. A s mul her e s se t or nar ão ciume nt as, e o s pro ble ma s ge r ado s
impe dir ão o pr og r e sso do clie nt e . De st e O dù, nó s apr e nde mo s que é me lhor te r um
mar ido , uma e spo sa.
2 – 1 (t r adução do ve r so )
O ye dud u awo o ri Bije co nsult o u I fá par a O lo fin.
Nó s pe dimo s par a e le o fe r e cer
um te cido pr e to , uma cabr a, e fo lhas e se me nt e s de bije .
Nó s dis se mo s a e le que e st a mo r te imi ne nt e
não ir ia mat á-lo , não ir ia mat ar se u s fil ho s
se e le fize sse a o fe r e nda.
Ele o be de ce u e fe z sacr ifí c io .
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7. Se e st e Odù é lan çado , a famí lia do clie nt e dev e aplicar bi je ( uma er v a afr icana ) so br e
s uas face s e co br ir o I fá do s me smo s co m te cido pr e to e fo lhas de bije . Ele s e st ão
as se g ur ado s de que mo rt e , do e nça s, e t odo s o s o utr o s male s não se r ão capaze s de
r e co nhe cê - lo s, uma v e z que a mor t e não re co nhe ce Onibi je (alg ué m que faz uso do
r e mé dio bije pr e scr ito pe lo div inador ).
2 – 2 (t r adução do ve r so )
Ee sin g bo na l’ e we t ut u l’ e g bo
co ns ulto u I fá par a 165 árv or e s.
A palme ir a e a ár vo r e Ay inr e
sa cr ificar am uma galinha e ntr e as árv o re s.
Ent ão , se um to rnado e st iv e sse de v ast ando ,
a jo v e m fo lhag e m de palma afir mar ia:
e u fiz sacr ifí cio par a e scapar do pe r ig o .
A fo lhag e m de palme ir a nu nca é afe t ada por v e nto s o u to rnado s po r que e la re alizo u o
sa cr ifí cio re que r ido ne st e Odù. To do s o s per igo s são de sv iado s da palme ir a.
2 – 3 (t r adução do ve r so )
Vo cê é o ye
Eu so u o ye
Do is oy e co nsult ar am I fá par a Olo fin.
Ele s disse r am
do is de se us filho s ir iam fr at ur ar [o s o sso s] das co x as,
mas e le não dev e r ia ficar pre o cupado
por que e le s se r iam be m suce di do s na v ida.
F o i pe dido à e le que sacr ifica sse te cido k e lek u,
par a se r usado co mo uma pr ot e ção par a as cr iança s.
Ele o be de ce u e fe z o sacr ifí cio .
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8. I fá pr e disse que o acide nt e que o s filho s de Olo fin ir iam so fr e r não impe dir ia o
s uce s so de st e s na vida. Tudo o que e le ne ce s sit av a faze r e r a r ealizar um sacr ifí cio e
fo r ne ce r o t e cido e spe ci ficado co mo co be rt ur a pro t et o r a.
2 – 4 (t r adução do ve r so )
Q uando e u aco r de i de manhã,
e u vi uma gr ande quant idade de cr iança s.
Eu per g unt e i pe lo re ino da te rr a.
Eu e nco ntr e i o s ant ig o s e m gr ande e sple ndo r .
Eu per g unt e i pe lo re ino do cé u.
O risa -nla e st av a indo visit ar Òr únmì là
Ele pe rg unt o u: C o mo e st ão se u s fil ho s
que e st o u le v ando co migo par a o mu ndo ?
C aso haja re sfr iado ,
C aso haja do r de cabe ça,
C aso haja malár ia e o ut r as e nfe r midade s,
O que e u po de r ia fazer po r e le s ?
Ò r únmì là or de no u a e le que mar cas se O dù O ye k ume ji
so br e pó de iy e - ir o sun.
A panhe alg uma s fo lhas fr e s cas de per e g un e as t r it ur e .
M ist ur e -as j unt ame nt e co m banha de Òr í
e use isso par a e sfr e g ar e m se u s co r po s.
Pe r e g un de rr amar á ág ua so br e
a mo rt e de v ast ado r a.
Pe r e g un de rr amar á ág ua so br e
as do e nça s de v ast ado r as.
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9. Or ác ulo 3
Iworimeji-12
Est e O dù fala das pe s so as pr e se nt e adas co m a habil idade de v er co isas co m sua s
pró pr ias per spe ct iv as. Ela s muit as ve ze s so nha m, t ê m visõ e s clar as, cr e sce m e
t or nam- se "adiv inho s" o u e spir it uali st as. C lie nte s co m e sse O dù dev e m se r
aco nse l hado s a cult uar I fá. I sso ir á lhe s tr azer bo as pe r spe ct iv as, v ida lo ng a (ir e
aik u), pr o spe r idade (ir e aje ), uma e spo sa (ir e ay a) e filho s (ir e omo ).
O bse r v ação o cide nt al: O clie nt e e st á cui dado same nt e ex amina ndo e re av aliando
t anto o s cami nho s t e mpor ais co mo e spir it uai s/ e mo cio nai s.
O dù I wor ime ji o cupa o t er ce ir o lug ar na o r de m do s odù s. C o mo um o lo du, I wo r ime ji
co nsi st e de I wor i no lado dir e it o (o pr in cí pio mas culino ) e I wo r i no lado e sque r do (o
pr incí pio fe mini no ).
I fá diz que se alg uma co isa fo i per dida, o clie nt e se r á asse g ur ado de que a co isa se r á
v ist a o u re cu per ada. A s chance s par a uma pr o mo ção no t rabalho são bo as, mas o
clie nt e ne ce s sit a o fe r e cer sacr ifí cio par a e v it ar que calun iador e s cau se m sua de mis são .
Se o clie nt e de se ja v iajar par a fo r a da cidade o nde r e side ou ir par a o utr o s paí se s, e le
de v e faze r sa cr ifí cio de mo do que se us o lho s não ve ja m qualque r mal. Q uando o
sa cr ifí cio cor r et o é re alizado , uma pe sso a e nfe r ma se g ur ame nt e ir á fi car be m de nov o .
I fá co nfir ma no O dù I wor ime ji que o s de ze s se is fr ut o s da palma sagr ada (ik in I fá ) são
a re pr e se nt ação de Òr únmì là e se u obje t o de ador ação na t er r a. Eis o po r que do
sa ce r do t e de I fá (Babalawo ) as ut iliza par a r ev e lar o s mi st ér io s da v ida.
3 – 1 (t r adução do ve r so )
M ujim uwa, Babalawo de O pak e r e , co nsult o u par a e le .
Par a e v it ar que e le ado e ce sse ,
fo i o rie nt ado a e le que sacr ifi cas se
v int e anzó is de pe sca e vint e po m bas.
Ele o be de ce u e fe z o sacr ifí cio .
F o lhas de I fá fo r am pr e par adas par a e le
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10. par a se r e m usada s par a lav ar sua cabe ça (or i),
par a se r e m usada s par a lav ar se u I fá .
O pake r e nunca ficar ia do e nt e .
Par a afast ar uma do e nça imine nt e , M uji muwa aco nse l ho u Opak er e a faze r um
sa cr ifí cio . A dicio nalme nt e , fo lhas de I fá dev er iam se r pr e par adas par a e le par a lav ar
s ua cabe ça e se u I fá .
3 – 2 (t r adução do ve r so )
Gbe g i je be t e fo i aque le que co ns ulto u par a O de
quando A wa sa e ra se u inimig o .
F o i pe dido a e le (O de ) par a o fer e ce r
um bor dão e uma car g a de inhame .
O de at e nde u ao co n se lho e fe z sacr ifí cio .
O inhame fo i pilado .
To do o inha me pilado fo i co mido à no it e .
Ele s for am do r mir .
Q uando v e io a e sc ur idão , A wa sa v e io .
O de uso u se u bo r dão par a mat ar A wasa.
No dia se g uint e , pe la manhã,
o cadáv er de A wasa fo i e nco ntr ado do lado de fo r a.
O de co ns ult o u I fá a re spe it o do que e le po de r ia fazer par a se liv r ar de se u inimigo
A wasa. Ele se g uiu o co nse lho do div inador e o fe re ce u alg uns inhame s e um bo r dão ,
que fo i usado par a mat ar se u inimigo .
3 – 3 (t r adução do ve r so )
Ò g ún-r ibit i co nsult o u par a I wor ime ji
quando I wo r ime ji e st av a par a se casar co m a filha de O pe Olo fin.
F o i pe dido a e le que fize sse um sa cr ifí cio .
S ua e spo sa jamais se r ia e sté r il.
U ma g alinha fo i o sacr ifí cio .
F o i dit o que amba s as palme ir as macho e fê me a
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11. jama is se r iam e sté r e is.
Po r que I wor ime ji re alizo u o sacr ifí c io ne ce ssár io , as pe s so as nas cidas por e st e O dù
jama is se r iam infé rt e is o u e st é r e is. Elas se r iam se mpr e abe nço ada s co m filho s.
3 – 4 (t r adução do ve r so )
Ti jot ayo fo i aque le que co nsult o u par a O de .
F o i dit o que e le de ve r ia v ir e sacr ifi car
uma pe dr a de mo inho e uma e st e ir a,
par a faze r co m que t odo s que tiv e sse m vindo r eg o zijar co m e le
se mpr e fi cas se m co m e le .
O de re c uso u e ne g lig e ncio u o sacr ifí cio .
Ele falo u que e st av a sat is fe ito
se e le pude sse ape nas se liv r ar de A wasa.
As pe s so as v ir iam se mpr e re go zijar ou ce le br ar co m O de . Mas po r que O de
ne g lig e ncio u o sacr ifí cio ne ce ssár io , ning ué m jama is fi car ia co m e le .
C o nse que nt e me nt e , as pe s so as que são e ncar nadas por e st e O dù t e m ape nas suce sso
t e mpor ár io . Nada par e ce dur ar muit o . Suas rique za s e pr azer e s t e m se mpr e cur t a
dur ação .
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12. Or ác ulo 4
Idimeji
Est e Odù fala do s que te m inimig o s se cr et o s t e nt ando lan çar e ncant ame nto s
so br e e le s o u o s que tê m so nho s ruin s a maio r part e do te mpo . Ele s pr e ci sam
apazig uar I fá par a po der e m v e nce r e ssas o bstr u çõ e s mundana s.
O bse rv ação o cide nt al: O clie nt e e st á se nt indo aume nto de pr e ssõ e s t anto nas
que st õ e s te mpo r ais co mo e mo cio nais.
I dime ji é o quar to O dù na o r de m fix ada por Ò rúnmì là. Est e Odù é fundame nt al po r que
e le co mple t a o s quatr o po nto s car de ais do univ e r so : Ejiog be (Le st e ), O ye k ume ji
(O e st e ), I wo r ime ji (No rt e ), e I dime ji (Su l). O dù I dime ji simbo liza a mat e r nidade . A
int e r ação de um I di mas culi no no lado dir e ito co m um I di fe minino no lado e sq uer do
r e sult a e m r e pr o dução — o nasci me nto de u ma cr iança.
Se uma pe s so a e st iv er e nco nt r and o difi culdade e m se e st abe le ce r na v ida e e st iv er se
muda ndo de casa e m casa se m r e sidê ncia per mane nt e , I dime ji diz que a pe sso a de v e
r et or nar à cidade o u paí s de se u nasc ime nt o . C o m o sa cr ifí cio apr o pr iado ao or i
( cabe ça ) o u e le da (cr iador ) da pe sso a, a v ida po der á faci lme nt e re to r nar ao nor ma l.
Em Odù Odime j i, I fá v ê bo a so rt e e v ida lo ng a par a um ho me m o u uma mul her . M as o
clie nt e ne ce s sit a c ult uar I fá par a e v it ar mo rt e súbit a. O clie nt e po de r á se e le v ar à uma
bo a po si ção na v ida mas de v er á se r cui dado so co m calun iador e s. É po s sív e l tr abalhar
dur o no co me ço da vida e pe r der t udo no final. Par a pr o spe r ar , dev e m se r fe it as
co nst ant e s o fer e ndas ao s ance st r ais do clie nt e . Se alg ué m plane ja viajar , dev e se r fe ito
sa cr ifí cio a Ò g ún par a as se g ur ar uma jor nada se g ur a e fe liz. Q uando uma mulhe r
e st iv er de se spe r ada par a te r um filho , e la é aco nse lhada a sat isfaze r Ò r únmì là. I fá diz
que e la te r á uma cr iança e que e st a cr iança se r á uma me nina.
Par a se r e m be m suce di das na vida, as pe sso as e ncar nadas por O dù I dime ji de v er ão se r
co nfiáv e is, ho ne st as, e fr ancas e m se u s ne gó cio s co m o s o utr o s. Elas dev e r ão t er o s pé s
no chão e se r e m pr át ica s e m s ua at it ude co m re lação à v ida.
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13. 4 – 1 (t r adução do ve r so )
A t e le wo -abinut e lu co nsult o u I fá par a It er e .
F o i dit o que sua s idé ias ir iam se mpr e se mat er ializar ;
por t anto e le de v e sacr ificar
pr eg o s, t rê s bo de s, e t rê s g alo s.
I te r e o be de ce u e fe z o sacr ifí cio .
F or am pr e par adas fo lhas de I fá par a e le be be r .
Ent r e o s mat e r iais pr e scr ito s par a o sacr ifí c io e st av am o s pr eg o s. Pr e go s, que t e m
ca be ças, capa cit ar iam o s so nho s de I te r e a se r e alizare m o u suas idé ias a se
co ncr e t izar e m.
4 – 2 (t r adução do ve r so )
O pa-aro abidi je g e leg e co ns ulto u I fá par a as pe sso as e m I fe .
F o i dit o que uma ve z que a mo rt e e st av a mat ando as pe sso as ali,
e las dev e r iam sacr ifi car
uma cor r e nte e um car ne iro .
Ele s o uv ir am e sacr ifi car am.
O Babalawo dis se : U m úni co e lo nu nca que br a.
A ssi m, as mão s da mor t e não po de m mai s t o cá-lo s.
A mor t e per so nif icada e st av a mat ando a to do s e m I le -I fe . I fá fo i co ns ult ado . O
Babala wo aco nse l ho u o s re side nt e s a faze r um sa cr ifí cio que incl uí a u ma simple s
co rr e nt e que nun ca po de se r que br ada. Eis co mo a mão malé vo la da mo r te po de se r
de t ida.
4 – 3 (t r adução do ve r so )
O didi- afidit i co nsult o u I fá par a O didimade .
F o i pe dido a e le que fize sse um sa cr ifí cio :
do is ag bo n o lo du (gr ande s co co s), do is car acó is, e t rê s mil e duze nto s búzio s.
Ele se re cu so u à o fe re ce r o sacr ifí cio .
13
14. O Babalawo dis se : I fá diz, “Se u filho nu nca
falar á ao lo ng o de sua vida.”
I dime ji div ino u par a Odidimade , ma s e le se re cu so u a o fe r e cer o sacr ifí cio r equi sit ado .
Po rt ant o , co nfor me o I fá , se u filho per mane ce r ia mudo ao lo ng o de sua v ida.
4 – 4 (t r adução do ve r so )
Eu so u e ni- odi
Vo cê é e ni- o di
Do is e ni-o di div inar am par a o o di (for t ale za)
dur ant e ho st ilidade s po lít ica s.
F o i dit o : O o di cir cu ndar á a cidade .
Po rt ant o e le dev e o fer e ce r do is t e cido s de e mbalar .
E as sim e le fe z.
D ur ant e ho st ilidade s po lí t icas e ntr e duas cidade s, é de incum bê ncia do s re side nt e s
co nst r uir uma fo rt ale za, que o s pr ot e g er á de se us ini migo s. I sso també m de v er ia se
aplicar à u m indiv í duo o u uma famí lia que e st e ja se ndo ame aça da de alg uma fo r ma.
14
15. Or ác ulo 5
Irosumeji
Es se Odù fala do s que são se mpr e po pular e s e que são tido s e m gr ande
e st ima pê lo s amigo s. Ele s pr e cisam t o mar cuidado co m s ua saúde , t ant o
aplaca ndo sua s cabe ça s ( Or í ), co mo o casio nalme nt e apazig uando Ès ù, o u o
co r po de as sist e nt e s de I fá. Se e le s se se nt e m de sanimado s e co me çam a pe r der
int e re s se e m qualq ue r co isa que façam, I fá dev e se r co nsu lt ado e apazig uado
par a e le s. Es se O dù de not a difi culdade s e mo cio nais e finance ir o s. M as não
impo rt a o quant o difí cil a v ida po ssa par e cer , o clie nt e po de tr iunfar pe lo
o fe r e cime nt o do s sacr ifí cio s co rr e to s e pe la r e cusa e m g uar dar o mal no cor ação
e m pe n same nt o s e idé ias.
O bse r v ação o cide nt al: A s co isas não e st ão fluindo fa cilme nt e — is so re que r mais
t rabalho que o no r mal par a se re alizar qualque r co isa.
I ro su me ji é o quint o Odù na or de m inalt er áv e l de Òr únmì là. Ele pe de po r uma
c uidado sa r e fle x ão so br e no sso fut ur o . Nó s não po de mo s falhar e m per ce be r que “O
ho me m pr o põ e , De u s dispõ e .”
Em Odù Ir o sume ji , I fá pe de que um rit ual famil iar se ja r e alizado anualme nt e . O
clie nt e dev e r ia co nt inuar a pr át ica e tam bé m ho nr ar e re spe it ar o s ance st r ais,
part ic ular me nt e o pai, e st e ja vivo o u mo rt o .
A que le s nas cido s por Ir o sume ji de v er iam faze r [a s co isas urg e nt e s] de v ag ar , apr e nder
[a t er ] paciê n cia, e a ag uar dar que o s mo me nt o s difí ce is se diss ipe m. Ele s dev e r iam
se mpr e se le mbr ar que ne nhuma co ndição é per mane nt e .
O sa cr ifí cio apr o pr iado de v er á se r e x e cut ado por uma mulhe r que e st e ja ansio sa par a
t er um be bê . I ro su me ji diz que e la e ng r av idar á e te r á um be bê . A cr iança se r á um
me nino , que dev e r ia se t or nar um Babalawo .
5 – 1 (t r adução do ve r so )
O liy e be co nsult o u I fá par a I na (fo go ).
15
16. O liy e be co nsult o u I fá par a Ey in (fr uto da palme ir a).
O liy e be co nsult o u I fá par a Ik o (r áfia).
A cada um de le s fo i pe dido par a sacr ifi car
uma e st e ir a (e ni -ifi) e um t e cido amar e lo .
A pe nas Ik o fe z o sa cr ifí cio .
Q uando o pai de le s (u m che fe ) mo rr e u,
I ná fo i inst alado co mo che fe .
Ve io a ch uv a e de st r uiu I na.
Ey in fo i e nt ão in st alado co mo che fe .
Ve io a ch uv a par a de st r uir Ey in t ambé m.
I ko fo i final me nt e inst alado co mo c he fe .
Q uando cho v e u, Ik o se co br iu co m sua e st e ir a.
Q uando a chuv a ce sso u, Ik o r e mov e u a e st e ir a
e , co mo r e sult ado , não mo rr e u.
A chuv a não po de r ia de st r uir I ko (r áfia) po r que e le e r a o úni co e ntr e o s t rê s ir mão s
que ofe r e ce u a e st e ir a co mo sacr ifí cio . I ko usav a a e st e ir a co mo pr ot e ção co nt r a a
ch uv a. Ik o fo i po rt ant o capaz de mant e r o t ít ulo de se u pai por um lo ng o te mpo .
5 – 2 (t r adução do ve r so )
O kak ar ak a-afo wo t ik u, I dase g ber e g be r e w’ ak o
co ns ulto u par a I ro su
quando I ro su e st av a par a dar a luz.
F o i dit o que a v ida da cr iança se r ia dur a
e que se r ia difí cil g anhar dinhe iro
par a a manut e nção da cr iança.
M as se Ir o su de se ja sse re ve r te r a sit uação ,
I ro su dev e r ia sacr ifi car do is car acó is.
I ro su se r e cuso u a fazer o sacr ifí cio .
F ilho s de I ro su me ji se mpr e achar ão a v ida difí ci l po r que I ro su ne st e ve r so de O dù se
r e cuso u a faze r o sacr ifí cio re quis it ado .
16
17. 5 – 3 (t r adução do ve r so )
I se se r e fo g be se ’y e co ns ult o u I fá par a A k uko adiy e (g alo ).
F o i pe dido à e le par a o fer e ce r se u go rr o v er me lho ( cr ist a de galo )
e do is mil e duze nto s búzio s co mo sa cr ifí cio .
Ele se re cu so u à o fe re ce r se u go rr o ve r me lho .
O Babalawo dis se que o g alo se r ia mo rt o .
O galo dis se , “Q ue assi m se ja.”
O g alo se re c uso u à sa cr ificar se u go rr o v er me lho po r que e le t inha ace it ado a mor t e
co mo uma o br ig ação da vida
5 – 4 (t r adução do ve r so )
A de isi co nsult o u I fá par a At apar i (cabe ça).
A t apar i ia r e ce be r um g or ro do Or isa.
F o i dit o que ning ué m po de r ia ar r ancar o go rr o de le
se m sang r ame nt o ;
é impo s sív e l t er do is g or ro s.
Eis o po r que as pe s so as nas cidas po r Ir o sume ji
se mpr e achar ão a v ida difí cil.
17
18. Or ác ulo 6
Owonrinmeji
Na o r de m e st abe le cida de Ò r unmì lá, e st e é o se x t o Odù. Esse O dù pe de pe la
mo de r ação e m to das as co isas. Est e Odù pr e diz dua s g rande s bê nção s par a
qualq uer u m que se e nco nt r a na misé r ia, pr ov e ndo e le o u e la o s cor r et o s
sa cr ifí cio s. A pe sso a se r á be ne f iciada co m dinhe iro e uma e spo sa ao me smo
t e mpo . I fá ne st e Odù e nfat iza a impor t ância do sa cr ifí cio . Q uando um sacr ifí cio
é o fer e cido , e le não de v e se r so me nt e de st inado ao s Òr ì sà ou par a o s ance st r ais,
mas t ambé m u sado par a alime nt ar a bo ca de div er sa s pe sso as. Essa é uma
mane ir a de faze r sacr ifí cio s ace it áv e is.
O bse r v ação o cide nt al: Pe n same nt o s clar o s são ne ce ssár io s par a o bt e nção de
s uce s so .
O c ult iv o da t er r a é a o po rt unida de mai s gr at ifi cant e par a o s filho s de O wo nr inme ji.
C ult ivo s be m s uce dido s e co lhe it as co m g anho s e m dinhe ir o aux iliar ão à pro mov e r
s uas fi nança s. Par a su ce sso na vida, o s filho s de O wo nr inme ji dev e m apr e nde r a
pro pi ciar sua s cabe ça s (or i) de te mpo s e m te mpo s, o uv ir se us pais, r e spe it ar o s mais
v e lho s, e re v er e nciar se u s ance str ais (e g ung un).
Se uma pe s so a plane ja v iajar , I fá diz que sa cr ifí cio dev e se r r e alizado par a g ar ant ir
se g ur ança e uma viaje m pr azer o sa. Par a lo ng a v ida, é ne ce ssár io o fe r e ce r sa cr ifí cio a
I fá e t ambé m sat isfaze r o e le da ( cr iado r ).
6 – 1 (t r adução do ve r so )
(...)
A div inação de I fá fo i re alizada po r Olo g bo O jig o lo (o g ato ),
que ia visit ar a cidade das br ux as (A je ).
F o i dit o a e le que e le re t or nar ia co m se g ur ança se e le pude sse sacr ifi car
uma ov e lha, duas po mbas, e fo lha s de I fá
(t r it ur e alg uns file t e s de me t al bro nze e ch umbo co m se me nt e s de we r e je je ,
18
19. e e sfr e g ue ist o so br e uma inci são fe it a so b as pálpe br as).
Ele at e nde u ao co nse lho e fe z o sacr ifí c io .
O re mé dio de I fá fo i aplicado co mo indi cado acima,
de po is de e le t er sa cr ificado .
6 – 2 (t r adução do ve r so )
Go or o maafiy un Goo ro maafi bo
co ns ulto u I fá par a 165 animai s
quando e le s e st av am e m uma jo r nada.
F o i pe dido a e le s que sacr ifi cas se m um te cido pr e to .
O log bo (o g at o ) fo i o único
que re alizo u o sacr ifí cio .
C he g ando ao se u de st ino ,
e le s se e nco ntr ar am co m as br ux as (aje ),
que dev or ar am to do s o s animai s
que se re c usar am à sa cr ificar o te cido pr et o .
O gat o fo i vist o à dist ância
se co br indo co m o t e cido pr e t o .
Ele t inha quat ro o lho s co mo as br ux as,
que de cidir am não mat á-lo po r que e le er a uma de las.
O gat o vo lt o u par a casa cant ando :
Go or o maafiy un, Goo ro maafi bo ...
Do s 165 animais que for am na viaje m, o gato fo i o úni co que v olt o u par a ca sa sadio e
be m dispo st o . I sso po r que e le r ealizo u to do s o s sacr ifí cio s pr e s cr it o s por I fá .
6 – 3 (t r adução do ve r so )
O lo ir e ko ir e Olo or unk oo r un,
co ns ulto u I fá par a O pak et e
quando e la e st av a se dir ig indo à sala de part o .
Ela fo i aco n se lhada à sa cr ificar
duze nt o s I ko t i, duze nt as ag ulhas, duze nt o s r at o s,
e duze nt o s pe ix e s.
19
20. O pake t e o be de ce u e fe z o sa cr ifí cio .
Ela se to r no u fér t il co mo I fá pr e dis se .
O pake t e fo i co nsult ar I fá dev ido à falt a de filho s. Fo i dit o à e la que r e alizasse
sa cr ifí cio . Ela o fer e ce u o sacr ifí cio e t ev e muit o s filho s co mo pr e dit o po r I fá .
20
21. Or ác ulo 7
Obarameji
Est e Odù de no t a [que a pe sso a e st á e m] um e st ado de ince rt e za o u su spe nse ,
inca paz de t omar de cisõ e s. O s filho s de st e O dù t ê m uma te ndê nc ia e m co mpr ar
por impul so e muit as ve ze s t or nam- se v ít imas de ilusõ e s. Ele s lame nt am a
maio r ia de suas de ci sõ e s po r t o ma-las ne rv o same nt e e às pre s sas. Par a
pro spe r ar na v ida, o s filho s de st e O dù ir ão pr e cisar aplacar s uas cabe ça s ( Or í )
de t e mpo s e m t e mpo s.
O bse r v ação o cide nt al: Blo que io s ou dif iculda de s te mpo r ais ou
e spir it uais/ e mo cio nais dev e m ser dis cur sada s.
O dù O bar ame ji o cupa o sé t imo lug ar na or de m fix ada por Ò r únmì là. Par a um clie nt e
que e st e ja lidando co m ne gó cio s, I fá diz que par a t er uma casa che ia de clie nt e s e
amig o s, e le o u e la t er á que o fe r e cer sa cr ifí cio s e t ambé m se g uir Ò r únmì là.
Se o O dù O bar ame ji fo r apar e ce r no jo go par a alg ué m, e le diz que à part e das
difi culdade s finan ce ir as, o clie nt e e st á ro de ado de inimig o s que que r e m faze r uma
t o caia co nt r a e le o u faze r um at aque de sur pr e sa e m sua vida o u na sua ca sa. A
difi culdade fina nce ir a se ame nizar á e o s inimigo s se r ão de rr ot ado s quando o clie nt e
co nco r dar e m re alizar to do s o s sacr ifí c io s pr e scr ito s po r I fá. Por fim, a pe sso a
de s co br ir á que m são se u s inimig o s e se r á capaz de ide nt ificar o que g er o u se us
pro ble mas.
7 – 1 (t r adução do ve r so )
O t unwe sin (“a mão dir e it a lav a a e sque r da”).
O sinwe t un (“a mão e sque r da lav a a dire it a”).
Eis o que limpa as mão s.
Elas for am as que r e alizar am div inaçõ e s de I fá
par a a ár vo r e A wun
quando A wu n ia lav ar a ca be ça (o r i) de O nder o .
21
22. F o i dit o que e le pro spe r ar ia.
Ele de v er ia po rt anto o fe r e ce r
uma ov e lha, uma po mba, e co nt as de co r al.
Ele o be de ce u e fe z o sacr ifí cio .
F o i pe dido à e le que amar r asse as co nt as
na e spo n ja que e le usar ia par a se lav ar .
7 – 2 (t r adução do ve r so )
O t unwe sin, O sinwe t un, e is o que limpa as mão s.
F or am e las que re alizar am a div inação de I fá par a
O nde ro
quando a árv o re A wu n ia lav ar s ua cabe ça (o r i).
F o i pe dido à e le que sacr ifica sse
de fo r ma à te r uma bo a pe s so a que lav asse s ua cabe ça.
O nde ro dis se , “Q ual é o sacr ifí cio ?“
O Babalawo dis se que e le de v er ia o fe r e ce r te cido br anco e uma
po mba.
Ele r e alizo u o sa cr ifí cio .
Po rt ant o , qualque r um que re ce be r e st e O dù se r á or ie nt ado a u sar ro upas br anca s.
7 – 3 (t r adução do ve r so )
O jik ut uk ut u Bar ag e nde ng e nde n- bi-ig bá- e le po
fo i que m re alizo u div inação de I fá par a Eji- O bar a,
que e st av a v indo par a I fe .
F o i or ie nt ado a e le que sa cr ificas se
uma ov e lha par a ev it ar do e nça.
Ele se re cu so u a o fe re ce r o sacr ifí cio .
Q uando Eji- O bar a che g o u e m I fe ,
e le e st av a e nt r et ido co m a car ne de uma ov e lha.
22
23. Ele a co me u e fico u tão te rr iv e lme nt e do e nt e que se u tó rax
por fi m e st av a gr ande de uma fo r ma anor mal.
De sde e nt ão , aque le s que são nas cido s par a e st e I fá se mpr e te r ão
o tó r ax e xt r ao r dinar iame nt e gr ande .
T abu : A que le s que são nasc ido s por O dù O bar ame ji não de ve m co mer car ne de o ve lha.
7 – 4 (t r adução do ve r so )
O g ig if’ o ju- ir an-wo ’ le co nsult o u I fá par a At ape r e ,
a filha de O wa-O lo fin.
F o i pe dido à e la par a faze r um sa cr ifí cio de
o g i-or i (ban ha de ò rí pur a), o jo -o wu (m uit a lã de algo dão ), e uma
o ve lha.
Ela o be de ce u e sacr ifi co u.
F o i e nt ão asse g ur ado à e la que e la te r ia muit o s filho s.
Ela e st av a te ndo se i sce nt as cr ian ças to do s o s dias
apó s e la t er co mido o re mé dio de I fá co zinhado par a e la.
F o lhas de I fá: C o zinhe og i- or i co m fo lhas biye nme , cr av o s, e ir ug ba;
t rit ur e junt o co m o utr o s ingr e die nt e s par a faze r uma so pa
par a se r co mida por e la.
Do me s mo mo do , e st e r e mé dio po de se r co zinhado par a clie nt e s par a que m e st e I fá
se ja lançado e que já te nha m r ealizado o sacr ifí cio pr e scr it o po r I fá .
23
24. Or ác ulo 8
Okanranmeji
Est e Odù sig nif ica pro ble ma s, caso s tr ibuna is, so fr ime nto s e más vibr açõ e s.
F ilho s de s se O dù, ir ão se mpr e ace r t ar e m che io po r fazer e m ou dize r e m o que é
e x at ame nt e ce r to . A s pe s so as pe nsa m fr e qüe nt e me nt e que o s filho s de s se O dù
são agr e s sivo s e mando nas de v ido a e le s te nt ar e m pr e v ale ce r ape sar de to do s as
pro ba bilidade s. Em muit as sit ua çõ e s e le s ir ão se r e be lar co ntr a as co nve n çõ e s
da so cie dade e co nse q ue nt e me nt e cr iam pr o ble mas par a e le s me s mo s. Pro pe nso s
a infe c çõ e s, o s filho s de s se O dù dev e m t o mar cuidado co m s ua saúde de fo r ma a
não se t or nar e m doe n ças cr ô nica s.
O bse r v ação o cide nt al: É ho r a de co mpro me t er - se a aliv iar pro ble mas.
O kanr anme ji é o oit avo Odù na or de m inalte r áv e l de Ò r únmì là. Se O kanr anme ji é
lança do par a um clie nt e , I fá diz que o cl ie nt e e st á so fr e ndo po r falt a de filho s,
dinhe ir o , e o ut r as co isa s bo as da vida. M as se o clie nt e cr e r e m Òr únmì là e c ult uar I fá ,
t o do s o s se us pro ble ma s se r ão re so lv ido s. Par a ve nce r o s inimig o s e t er co ntr o le so br e
t o das as difi culdade s, o clie nt e t er á que o fe r e cer sa cr ifí cio s à Sà ngó e Ès ù.
8 – 1 (t r adução do ve r so )
O sun sun -ig bó -y i-ko s’ o je , O bur ok o s’ e je
fo r am aque le s que co nsult ar am I fá
par a o po vo na cida de de O wá.
F o i dit o a e le s que fize sse m sacr ifí cio de mane ir a que
um e str anho fo sse fe ito r e i.
Q ualque r co isa que o Babala wo quise sse se r ia o sacr ifí cio .
Ele s at e nde r am o co nse lho e o fer e ce r am o sacr ifí cio .
24
25. 8 – 2 (t r adução do ve r so )
O sun sun -ig bó -y i-ko s’ o je , O bur ok o s’ e je fo r am aque le s que div inar am I fá par a Sak ot o
quando e le ia par a a cidade de O wa.
F o i or ie nt ado a e le que sa cr ificas se uma po m ba, uma ov e lha e tr ê s bo lo s de fe ijão .
Ele at e nde u ao co n se lho e fe z o sacr ifí cio . O s Babala wo o aco nse lhar am ainda a co mer
o s bo lo s de fe ijão e não dá- lo s par a Ès ù. Enquant o e le par t ia e m sua jo r nada, e le
le v av a o s bo lo s de fe i jão co nsigo . Ele e nco nt ro u o pr ime iro Èsù e disse , “Se e u de s se a
v o cê e st e bo lo de fe ijão , vo cê far ia a chuv a me at ing ir at é que e u che g as se à cidade de
O wa.” Ent ão e le me smo co me u o bo lo de fe ijão e pro sse g ui u.
Ele pas so u pe lo se g undo Ès ù, e st ico u sua mão co m u m bo lo de fe ijão par a Èsù , e
r e pet iu o que hav ia dit o par a o pr ime iro . Ent ão e le co me u o bo lo de fe ijão . Ele fe z a
me s ma co isa co m o t er ce ir o Èsù .
Enf ur e cido , o t er ce ir o Ès ù fe z co m que a chuv a at ing is se Sako t o at é que e le che g as se à
cidade de O wa.
O s Babala wo hav iam pr e dit o que e pr ó x ima pe sso a a se r inst alada co mo r e i da cidade
de O wa che g ar ia bast ant e mo lhada pe la ch uv a. O s habit ante s de O wa fize r am de st e
e st r anho e nchar cado [pe la ch uv a] se u re i.
8 – 3 (t r adução do ve r so )
M o daa per e o se per e co ns ulto u I fá par a O lu- ig bo (r e i da flo r e st a).
M o daa per e o se per e co ns ulto u I fá par a O lu- odan
quando e le s iam se duzir Ew u, a e spo sa de I ná (fog o ).
F o i or ie nt ado à e le s que sacr ifica sse m um fe ix e de g ie st a e fo lhas de I fá (e smag ar
fo lhas re nr e n na ág ua), u ma g alinha e um te cido pr et o .
O lu- odan se re cu so u a faze r o sacr ifí cio .
Ele disse : não na pr e se nça de se u Esu su o ni’ g ba- o fo n, War iwa o ni’ g ba, e Iy or e oni- g ba-
it er e (ba st ão mág ico ).
O lu- ig bo fo i o único que re alizo u o sacr ifí cio .
U m dia, Ew u, e spo sa de I ná, de ix o u a casa de se u e spo so par a ir na casa de Olu -o dan.
I ná se pr e paro u e fo i par a a casa de Olu -o dan par a re sg at ar sua e spo sa.
Q uando che g o u lá, e le g rito u alt o o no me de s ua e spo sa: Ewu, Ew u, Ew u.
25
26. I ná que imo u Esus u o ni’g ba -o fo n, War iwa oni’ g ba- ida, e Iy or e o ni’ g ba- it e r e .
Ew u e nt ão co rr e u par a O lu- ig bo , que t inha r e alizado o sa cr ifí cio .
I ná fo i at é lá e gr it o u: Ew u, Ewu, Ewu.
O lu- ig bo e nt ão aspe r g iu o re mé dio de I fá so br e I ná tal co mo in str uí do pe lo Babalawo .
Ele r e cito u tr ê s v e ze s: Mo daa pe r e o se per e .
O fog o (I ná) se ex t ing uiu, de fo r ma que Ew u e st av a dispo nív e l par a O lu-ig bo .
O lu- ig bo , a flo r e st a de nsa, ainda ho je re t é m a e scur idão que e le sa cr ifico u.
8 – 4 (t r adução do ve r so )
O k it ibir ik it i fo i que m co nsu lto u I fá par a O lu
quando e le t inha ape nas um filho .
F o i or ie nt ado a e le par a sacr ificar
uma ov e lha br anca se m qualque r po nto ne gr o ,
uma cabr a nov a, e um bo de .
F o i asse g ur ado a e le que se u filho ún ico se t or nar ia do is.
Ele at e nde u ao co nse lho e r e alizo u e sacr ifí cio .
Em br e v e , se us filho s se to r nar am do is.
De sde e nt ão , e st e O dù t e m sido chamado Ok anr anme ji.
Q ualque r um par a que m e st e I fá fo r lançado se mpr e
t er á um filho a mais.
26
27. Or ác ulo 9
Ogundameji
Est e O dù adv e rt e co ntr a br ig as, disput as e ho st ilidade s imine nt e s. Dur ant e uma
se ssão de div inação , se e sse O dù apar e ce par a uma pe sso a e la de v e se r av isada
par a te r c uidado co m t raido re s o u amigo s e ng anador e s. I fá diz que a pe s so a
dev e te r co nfiado e m alg ué m indig no de co nfian ça. Se o clie nt e e st á e m bat alha
co m pr o ble mas finan ce iro s e opo sição de inimigo s, e st e Odù diz que a pe sso a
dev e o fer e ce r o sa cr ifí cio ce r to a Ò g ún e t ambé m aplacar a sua cabe ça ( Or í ) par a
que t e nha êx it o e pr o spe r idade .
O bse rv ação o cide nt al: O clie nt e e st á so br e car r eg ado co m t rabalho e pr o ble mas
pe sso ais de o ut r as pe sso as.
Na or de m de Ò r únmì là, o O dù Og undame ji o cupa o no no lug ar . Ele é o O dù que
e ncar na Òg ún, o de us do fe r ro e da g ue rr a. A maio r part e do s filho s de Og undame ji
são ador ado r e s de Òg ún, que sã o re co nhe cido s po r se u po de r , cor ag e m e t ale nt o s
cr iat iv o s. C o m sua s habi lidade s imag inat iv as in co muns e le s abr e m por t as e cr iam
o por t unidade s de e mpr e g o par a o s o ut ro s. Pe s so as e ncar nadas por O g undame ji são
se mpr e abe n ço adas co m muito s filho s.
9 – 1 (t r adução do ve r so )
A lag bar a ni nso k un A de fo i que m co ns ulto u I fá par a Ò g ún.
F o i or ie nt ado a e le sacr ifi car um alfan je , um galo e um inhame assa do .
I fá dis se que o alfan je se r ia a chav e par a a pr o spe r idade de Òg ún.
Ele de v er á se mpr e ca minhar co m e le ju nto .
F o i pe dido à e le que co me sse o inhame .
Ele o co me u.
Q uando e le fico u co m se de , e le fo i be be r ág ua do rio .
A pó s be be r a ág ua, e le v iu duas pe sso as
27
28. br ig ando po r causa de um pe ix e que e las hav iam pe scado .
Ò g ún o s aco nse lho u a se r e m pac ie nt e s e disse
que e le s dev e r iam ir par a ca sa e div idir o pe ix e .
Ele s se r e cusar am.
O pr ime ir o ho me m dis se que e le v e io do le st e
e o se g undo ho me m dis se que e le v e io do oe st e .
A pó s o uv ir as sua s de scul pas, Ò g ún pe go u o alfan je o qual lhe fo i or ie nt ado par a
se mpr e po rt ar co nsigo e par t iu o pe ix e e m do is par a e le s.
O pr ime iro ho me m o ag r ade ce u e pe diu a e le que abr isse uma t rilha de lá at é a cidade
o nde r e sidia.
O ho me m pro me t e u e nr ique ce r a v ida de Òg ún se e le at e nde s se o se u de se jo .
O ho me m g ar ant iu a Ò g ún que e le t ambé m r e ce be r ia co isas valio sas que ir iam e lev ar
s ua co nfian ça.
O se g undo ho me m ig ualme nt e agr ade ce u a Òg ún e fe z u m pe dido similar .
Ò g ún co ncor do u e m fazer t al co mo e le s pe dir am.
Ò g ún te m sido se mpr e chamado de Og undame ji de sde o dia e m que e le div idi u um
pe ix e par a dua s pe s so as que e st av am br ig ando .
9 – 2 (t r adução do ve r so )
A go go - o wo - ko se if’ apo ko si co nsult o u I fá par a Olo fin
quando O lo fin A jalo r un e st av a pr o po ndo e nv iar se u filho ,
Ò g ún, ao mu ndo par a abr ir o ca minho da v ida.
Ò g ún fo i av isado de que e le ser ia incapaz de c umpr ir
a t ar e fa dev ido à po sição infle x ív e l do mundo .
M as e le de v er ia r e alizar sa cr ifí cio co ntr a a saúde pr e cár ia
e a mo rt e sú bit a: um car ne ir o e u m úni co e lo de co rr e nt e .
Ele fe z o sa cr ifí cio .
Ele s disse r am: U m ún ico e lo nunca que br a.
9 – 3 (t r adução do ve r so )
O ke le g bo ng bo -as’ o fun- kilo co ns ulto u I fá par a Ò g ún.
À e le fo i g ar ant ido que se e le pude s se r e alizar
28
29. sa cr ifí cio , e le jamais mor r er ia.
O mundo int e iro se mpr e ir ia pe dir
à e le par a ajudá- lo s à r e par ar se us mo do s de vida.
M as ne nh um de le s ficar ia a se u lado par a r e so lv e r
o s se u s pr ó pr io s pro ble ma s.
Q uatr o car ne ir o s, quat ro bo de s, e quatr o cabaça s co be r t as de ve m
se r o fer e cido s e m sacr ifí cio .
Ele r e alizo u o sa cr ifí cio e m cada um do s quat ro cant o s
do mundo .
9 – 4 (t r adução do ve r so )
I ko ko - I di-s’ ak un- ber e co ns ult o u I fá par a Ò r únmì là.
F o i pr e dito que sua e spo sa dar ia
a luz à tant o s filho s que e le não
o s co nhe ce r ia a t o do s.
Ele fo i po rt anto o r ie nt ado a sacr ifi car uma
Galin ha d’ A ng o la e duas mil búz io s.
Ò r únmì là fe z o sacr ifí cio .
A lar e é o no me pe lo qual chama mo s o pr imo g ê nito de Ò r únmì là.
A inda ho je , nó s o uv imo s as pe sso as dizer e m: o mo A lar e (o filho de
A lar e — pr o pr ie t ár io ).
Q ualque r um par a que m e st e I fá se ja div inado dev e r á te r muit o s filho s.
29
30. Or ác ulo 10
Osameji
Est e é um O dù que sig nifica falt a de co r ag e m e f ug a de br ig as o u o po siçõ e s.
F ilho s de sse O dù r e alizam uma gr ande quant idade de viag e ns, o u a ne gó cio s o u
por pr aze r . Ele s cr e s ce m e t or nam- se bo ns admi nist r ado r e s se e le s g e st am o s
ne g ó cio s do s o utr o s. C o mo e le s são facilme nt e ame dr o nt ado s, e le s não ir ão
co rr e r ris co s.
O bse r v ação o cide nt al: O clie nt e e ncar a mudança ine spe r adame nte em
t ranst o r no s tant o no se r v iço quant o no s re lacio name nt o s .
O same ji é o dé ci mo Odù na or de m fix a de Ò r únmì là.
O dù O same ji re it er a a ne ce ssidade por aux í lio e spir it ual co nt r a mau s so nho s e
fe it ice ir as que int er fir am co m o so no da pe sso a. De v e r ão se r r ealizado s sacr ifí cio s
apro pr iado s par a sat isfaze r o s fe it ice ir as (a je ) e par a asse g ur ar a pr ot e ção ne ce ssár ia.
A dicio nalme nt e , se O same ji é lançado par a um clie nt e , I fá diz que o clie nt e t e m
inimig o s que e st ão plane ja ndo pr e j udicá- lo . Se o clie nt e re alizar sacr ifí cio a Sàng ó , e le
g anhar á for ça aume nt ada e ev e nt ualme nt e v e nce r á o s inimigo s.
A que le s e ncar nado s por e st e O dù te nde m a se de s co nt ro lar o u lhe s falt am limit e s.
M uito e s for ço é e x ig ido par a capacit á- lo s a se co nce nt r ar no que e st ão faze ndo o u par a
que e le s se aplique m dilig e nte me nt e e m se u t rabalho .
10 – 1 (t r adução do ve r so )
K asa k aja- kat et e sa co nsult o u I fá par a Eji- O sa.
Eji -O sa e st av a indo à I fe par a um pro je t o .
F o i dit o à e le s que e st e s se r iam ame dro nt ado s por
alg o que po de r ia e v it ar sua r e alização do pr o je to .
Po r e st e mo t ivo e le s dev er iam sacr ifi car
um car ne ir o e uma pe dr a de r aio .
30
31. Ele s se r e cusar am a faze r o sacr ifí cio .
Q uando e le s che g ar am a I fe , uma lut a aco nt e ce u.
Ele s te nt ar am re si st ir mas não pude r am e tiv er am que fug ir .
De sde aque le dia, as duas pe sso as que
fug ir am t e m sido cha madas de O same ji.
10 – 2 (t r adução do ve r so )
I g bin k o y a palak a e sse co ns ulto u I fá par a uma O sa
quando e la e st av a per amb ulando pe lo mundo so zinha.
F o i dit o à e la que e la e nco ntr ar ia um par se e la fize sse sacr ifí cio :
dua s po mbas, do is car acó is, e r e mé dio de I fá
(mo e r fo lhas de biy e nme e co zinhá-las co m o vo s de g alinha) par a e la
co me r .
Ela o be de ce u e fe z o sacr ifí cio .
Q ualque r um par a que m e st e I fá é div inado t er á muit o s filho s.
10 – 3 (t r adução do ve r so )
O kan- ate g un- ko se - ir o de ’ le
co ns ulto u I fá par a
Ò r únmì là quando e le e st av a pr o po ndo se ca sar co m O luy e mi,
a filha de O lo fin.
F o i dit o que se e le ca sas se ape nas co m Oluy e mi, sua ho nr a se r ia
g rande .
O sacr ifí cio : dua s g alinhas, duas cabr as e t rê s mil e duze nt o s búzio s.
É aco nse l háv e l a qualque r um par a que m e st e I fá se ja div inado se casar co m uma e
ape nas uma m ulhe r .
10 – 4 (t r adução do ve r so )
O liy e nmey e nme co nsult o u I fá par a A ja.
F o i or ie nt ado a e le sacr ifi car
do is car acó is e fo lhas de I fá (t r it ur ar fo lhas de t et e r eg un
31
32. na ág ua, e nt ão que br ar a po nt a da co ncha do car aco l e de ix ar o lí quido fluir de ntr o do
pr e par ado ).
Ele de v er ia se banhar co m o re mé dio par a se acalmar .
A ja se re cu so u a sa cr ificar .
Ele dis se que sua saliv a e r a sufi cie nt e par a saciar sua se de .
I fá dis se : O clie nt e par a que m e st e I fá é lançado não e st á go zando de bo a saúde .
32
33. Or ác ulo 11
Ikameji
Est e Odù sig nif ica muit as pr eo cu paçõ e s e por t anto pe de po r mo der ação . Co m o
co rr e to sa cr ifí cio é po ssí v e l ex e r cer co nt ro le . F ilho s de sse O dù e st ão se m pre
ce r cado s por pe sso as que são pr e dispo st as a impor do r ao s o ut ro s o u que t e m
pr azer no so fr ime nto do s out ro s. Ele s t ê m que e st ar co n st ant e me nt e pr ev e nido s
de v ido a e le s não po de r e m co nt ar co m fa mí lia o u amigo s par a aj udar .
O bse r v ação o cide nt al: Es se é um bo m mo me nto par a co nce pção .
O dù Ik ame ji o cupa o dé ci mo pr ime iro lug ar na o rde m fix a de Ò r únmì là. U ma pe sso a
ir á se m pre co lhe r o que planto u. O s filho s de I k ame ji ne ce s sit am pr o piciar s uas
ca be ças (or i) fr e qüe nt e me nt e de fo r ma a faze r as e sco lhas cor r et as.
Se I k ame ji é lançado par a um clie nt e , I fá diz que e st e e nfr e nt a difi culdade s. O clie nt e
t e m inimigo s ci ume nt o s que e st ão t e nt ando blo que ar sua s opo rt unidade s. Ele o u e la
e st á so fr e ndo co m a falt a de filho s co nfiáv e is e co m ne ce ssidade s finan ce ir as. M as se o
clie nt e re alizar os sacr ifí c io s apr o pr iado s par a I fá e Òg ún, e le ou e la t er á
o por t unidade s ilimit adas par a se t or nar pr o dut iv o (a) e be m su ce dido (a).
11 – 1 (t r adução do ve r so )
O dan-g e je awo A t a-nde co ns ulto u I fá par a Ey in (fr ut o da palme ir a).
Ele fo i o r ie nt ado a faze r sacr ifí cio por ca usa de abo rr e ci me nto s:
um galo e qualque r co isa
que o Babala wo e sco lhe s se t er co mo sacr ifí cio .
Ey in dis se que , co m a mag ní fi ca co ro a e m s ua cabe ça,
e le jamai s admit ir ia ir à qualque r Babalawo par a faze r sacr ifí cio .
Ele se re cu so u abr upt ame nt e a faze r sacr ifí cio .
I fá diz: Q ualque r um par a que m e st e
I fá fo r div inado e st ar á co m pro ble ma s.
33
34. 11 – 2 (t r adução do ve r so )
Et use se fi’ nu- ig bo se ’ le , Oniwak awak afi’ n u-isa se ‘ budo
quando aque le s que co ns ult ar am I fá par a Bar a Ag bo nnir e g un,
que e st av a indo a I fe par a co me çar u m part o .
F o i dit o a e le par a sa cr ificar do is g rão s de milho e dua s g alinhas.
Ele r e alizo u o sa cr ifí cio .
Ele plant o u o milho , o qual
e le co lhe u quando fico u maduro par a pro piciar s ua cabe ça (o r i).
Ele s disse r am: A que le que cor to u duas fo lha s (palha s) de milho par a
de ifi car sua ca be ça dev er ia ser cha mado Ik ame ji .
Q ualque r um par a que m e st e Odù é div inado t er á muit o s filho s.
o u se to rnar á be m s uce dido no mundo .
11 – 3 (t r adução do ve r so )
O jo jo se - idibe re co n sult o u I fá par a Òr únmì là
quando s ua e spo sa e st av a pr e ste s a co me t er adult é r io .
F o i pe dido a e le par a sacr ifi car
dua s cabe ças de co br a e uma cor da de e scalar
par a ev it ar que as pe sso as se duzi sse m sua e spo sa.
Ele se g ui u o co nse lho e re alizo u o sacr ifí cio .
O ye e O wor e e r am r iv ais de Òr únmì là.
Ele s er am in capaze s de se duzir a e spo sa de Ò r únmì là por que
Ò r únmì là t inha re alizado o sacr ifí cio .
A e spo sa de Ò r únmì là se c hama O pe .
11 – 4 (t r adução do ve r so )
O mipe nse n -ako dun -k or o co nsult o u I fá par a Òg ún
quando e le ia at acar a cidade de se u inimig o .
F o i or ie nt ado a e le sacr ifi car
um pe que no barr il de v inho de palme ir a, um inha me assado , e aze it e -de - de ndê .
34
35. Ò g ún se r e cuso u a fazer o sacr ifí cio .
O s Babala wo s dis se r am: I fá diz que e le se r á
e nv e ne nado lá ante s de vo lt ar par a casa po r que
e le se re cu so u a r ealizar o sacr ifí cio pr e scr ito .
Ele fo i lá, lut o u, e v e nce u a bat alha.
Em se u cam inho de vo lt a par a ca sa,
um de se us ho me ns lhe o fe r e ce u um pe daço de
inhame assado , que e le co me u.
O inhame g r udo u e m
s ua g ar g ant a e e le fi co u incapa cit ado de e ng o li-lo .
Po r fim, e le não co nse g uia falar .
Se vo cê falar co m e le ,
e le usar á s ua cabe ça e sua s mão s par a
art ic ular suas re spo st as at é ho je .
35
36. Or ác ulo 12
Oturuponmeji (Ologbonmeji)
A car act e r í st ica mais impor t ant e das pe sso as na scida s ne st e O dù é a
pe r sist ê ncia. Ele s são v igo ro so s e re so lut o s e ir ão mo str ar det e r minação ape sar
de t rat ame nto r ude .
O bse r v ação o cide nt al: Q ue st õ e s r e lacio nadas ao s fil ho s e st ão na me sa .
O t ur upo nme ji, també m chamado de O lo g bo nme ji, é o dé cimo seg un do O dù pr inci pal
na or de m inalt er áv e l de Òr únmì là. Est e O dù simbo liza a cr iação de filho s. Par a t er
filho s saudáv e is e be m co mpo rt ado s, O t ur upo nme ji diz que é ne ce ssár io o fer e ce r
sa cr ifí cio s ao s e g ung un (ant e pas sado s) e a Or isa- nla. O s filho s de Ot ur upo nme ji
t e nde m a se to rnar e m co mplace nt e s. Par a to mar de cisõ e s sábias, e le s de v e m o uv ir e
r e spe it ar as opiniõ e s de se us pais e o s po nto s de vist a do s mai s v e lho s e m ge r al.
O s filho s de O t ur upo nme ji tê m for ça par a s upor t ar as ne ce s sidade s o u a dor .
C o nse que nt e me nt e , e le s se to r nam de masiado impr ude nt e s, te imo so s, e fa cilme nt e
co nf uso s. Se for par a e le s per mane cer e m co nce nt r ado s e não pe r der e m suas po si çõ e s
na v ida, de v er ão se r fe it o s e sfo r ço s per sist e nt e s par a pro piciar sua s cabe ça s (or i) e
sa cr ifí cio s a I fá r eg ular me nt e .
12 – 1 (t r adução do ve r so )
O kar ag ba co nsult o u I fá par a Eji- Og e
quando e le s e st av am pr e st e s a de s ce r par a I fe .
F o i pr e dito que ambo s
ir iam se so br e s sair e m I fe .
F o i pe dido a e le s par a sa cr ificar de ze sse i s car acó is, de ze sse is tart ar ug as,
de ze s se is pe dr a de r aio s (do is de cada é sufi cie nt e ),
e fo lhas de I fá (fo lhas de ok unpale e abo - ig bo o u ag bo sawa e
o utr o s co ndime nt o s, par a se r e m mo í do s e co zinhado s co mo so pa e
dado s ao clie nt e par a co mer ; qualq ue r um que de se jas se usar
36
37. o re mé dio par a pr o spe r idade t ambé m po de r ia co mê -lo ).
A pó s co me r o r e mé dio ,
o clie nt e de ve r á de po sit ar o s
e dun -aar a (pe dr a de raio s) so br e se u I fá .
12 – 2 (t r adução do ve r so )
Elul use ’ dibe r e co ns ulto u I fá par a O lo fi n,
Q ue ia se casar co m Pupay e mi,
uma jov e m garo t a do le st e .
F o i or ie nt ado a e le sacr ifi car duas cabr as.
Ele r e alizo u o sa cr ifí cio .
F o i dit o a e le que e le te r ia ape nas do is filho s
do casa me nto mas que o s do is de v er iam ser be m tr at ado s
por que e le s se r iam g rande s na v ida.
Tam bé m fo i de clar ado que o s do is fil ho s que fo r am be m t r at ado s e m I fe
de v er iam ser cha mado s de O ge - me ji.
12 – 3 (t r adução do ve r so )
A g ba-ig bin- f’ idije lu co nsult o u I fá par a O do .
F o i dit o a e le que e st e se mpr e e nco ntr ar ia um as se nt o (lug ar )
o nde que r que e le fo sse mas que sua impr udê n cia o mat ar ia.
O sacr ifí cio : u m car aco l, uma se me nt e de pime nt a-da- co st a,
Do is mil e duze nt o s búzio s, e fo lhas de I fá
(mo e r fo lhas de g be g i co m a pime nt a- da-co st a,
fe r ve r o car aco l, e co zinhá -lo s j unto s;
e st e r e mé dio de v e se r dado ao clie nt e par a co mer o u par a
qualq uer o utr o que que ir a usá -lo ).
O do seg ui u o co nse lho e fe z o sacr ifí cio .
O re mé dio de I fá fo i co zinhado par a e le tal co mo de s cr it o acima,
de fo r ma que e le pude s se e st ar se g ur ame nt e as se nt ado .
37
38. C o mo o g be g i é pr o fundame nt e e nr aizado , O do se mpr e
e st ar á fir me me nt e asse nt ado e m qualque r lug ar .
12 – 4 (t r adução do ve r so )
K asak aja K at e t e sa co ns ulto u I fá par a O ge .
F o i pe dido à e le faze r sacr ifí c io de mo do a
se r cui dado so .
Banha de òr í e aze it e -de - de ndê
de v er iam ser o fe r e cido s co mo sacr ifí c io .
Ele se re cu so u a faze r sacr ifí cio .
Se e le tiv e sse fe it o o sacr ifí cio , o re mé dio de I fá
(mi st ur a de banha de ò rí e aze it e -de -de ndê )
t er ia sido pr e par ado par a e le e sfr eg ar e m
se u cor po por que : “A o me io dia o aze it e -de - de ndê e st á aler t a.
Est a é a r azão de s ua v ida lo ng a.
A o me io dia a banha de ò rí e st á v ig ilant e .
Est a é a r azão da s ua habili dade de v iv e r at é a v e lhice .”
O ge é o no me de Odo (pilão ).
38
39. O rác ulo 13
Oturameji
Est e O dù s ug er e paz me nt al e libe r dade de to das as inquie t açõ e s (ansie dade s ).
F ilho s de st e O dù são me ig o s e mo der ado s e m car át er .
O bse r v ação o cide nt al: Est e é o mo me nto par a nov o s su ce s so s e m ne gó cio s e
r e lacio name nt o s.
O t ur ame ji é o dé ci mo te r ce iro O dù na o rde m fix a de Òr únmì là.
A s pe s so as nas cidas so b Ot ur ame ji se r ão be m su ce didas no s ne gó cio s, par t icular me nt e
na ar te de co mpr ar e ve nde r . É impor t ant e sat isfaze r Ès ù fr e qüe nt e me nt e po r cau sa
daque le s que t rair ão sua co nfia nça o u plane jar ão e ng anar s ua famí lia. O s filho s de
O t ur ame ji pr e ci sam apr e nde r a re se rv ar um t e mpo par a de s cansar e não dis sipar suas
e ne rg ias at é o ex t re mo de so fr e r um co lapso fí si co o u ner vo so .
Se Odù O t ur ame ji é lançado par a um clie nt e , I fá diz que o clie nt e te m inimig o s que o
t or nar am uma pe s so a impr ude nt e . Da me s ma mane ir a que e le é po bre , e le não t e m
e spo sa ne m r e lacio name nto s familiar e s. Ele de v er ia t ão rápido quant o po s sív e l
o fe r e cer sa cr ifí cio . O t ur ame ji diz que e le de v er ia faze r sacr ifí cio à Ò g ún, Ye mo nja, e
I fá. Ele de v er ia e nt ão ser capaz de ve nce r se us ini migo s, ganhar alg um dinhe ir o , e
final me nt e te r uma e spo sa e filho s.
13 – 1 (t r adução do ve r so )
A r ug bo - nla niise or i fe g unfe g un co n sult o u I fá par a Ot u
quando e le ia par a I fe faze r t rabalho de div inação .
F o i dit o a e le par a sa cr ificar
dua s be ng alas [de camin hada] e dua s o ve lhas.
F o i dit o a e le que e le não re to r nar ia lo go .
O t u re alizo u o sacr ifí cio
e pe r mane ce u po r um lo ngo t e mpo .
39
40. 13 – 2 (t r adução do ve r so )
(...)
co ns ulto u I fá par a Ò r únmì là
quando e le ia de s co br ir e e st abe le ce r uma cidade .
F o i dit o a e le par a sa cr ificar
um gr upo de for mig as -so ldado (o wo ijamja ), sa bão neg ro ,
quar e nt a búzio s já pre par ado s e m um cor dão no e scur o ,
um pe daço de pano br anco , e uma árv or e o dan.
Ò r únmì là ate nde u ao co nse lho e fe z o sacr ifí cio .
O s Babala wo s aco nse lhar am Òr únmì là a plant ar a ár vo r e Odan
nu m mat ag al e amar r ar as búzio s ne la.
Ele de v er ia lav ar se u co r po co m o sabão ne g ro pr e par ado co m fo lhas de Odan e
car r e ir as de for mig as.
Ele de v er ia u sar o pano br anco par a se co br ir .
Se e st e I fá e ncar na alg ué m, dev e se r dito à e st e alg ué m par a faze r da me sma for ma.
O s Babala wo s dir iam a e le co m se g ur ança que o lug ar
o nde e le planto u a ár vo r e odan tal co mo de scr it o acima
e v e nt ual me nt e se to r nar ia um me r cado .
13 – 3 (t r adução do ve r so )
O k it i- og an-af’ idij’ ag o co nsult o u I fá par a Ot u.
F o i dit o a e le par a o fe r e cer
dua s t ar t ar ug as de mo do a se t or nar rico .
O t u o uv iu e fe z o sa cr ifí cio .
O s Babala wo s adv er t ir am Ot u par a não mat ar as t ar t ar ug as
mas par a ve ndê -las. Por me io de um sor t e io , e le de v er ia
de cidir o nde ir par a v e ndê -las.
Q uando e le che g o u na cidade , fo i o fer e cido à e le o it e nt a bo lsas
de dinhe ir o pe las t ar t ar ug as.
Ès ù aco nse l ho u Ot u à não ace it ar o pr e ço .
Ès ù e st á se mpr e a fav or de qualque r pe s so a que r ealize sacr ifí cio s.
Q uando o pr e ço fo i e le v ado par a vár ias ce nt e nas de bo lsas
40
41. de dinhe ir o , Èsù o aco nse l ho u a ace it ar a ofe rt a.
Eis co mo Ot u se to rno u r ico .
O s Babala wo s dis se r am: O dia que Ot u co mpr o u duas t ar t ar ug as
de v er ia se r chama do Ot ur ame ji.
13 – 4 (t r adução do ve r so )
(...)
co ns ulto u I fá par a Ò r únmì là.
F o i dit o a e le par a r e alizar sa cr ifí cio de mo do
que e le pude sse go ve r nar s ua cidade ade quadame nt e .
Ò r únmì là disse : “Q ual é o sa cr ifí cio ?”
O s Babala wo s dis se r am: Se is e st e ir as, se is pe na s de papag aio , se i s ca br as,
e mil e duze nto s búzio s.
F o i dit o a e le que pe sso as de to da part e do mundo v ir iam
par a ho nr á- lo so br e a e st e ir a.
Ò r únmì là re alizo u o sacr ifí c io tão rápido quant o po s sí ve l,
e pe s so as de t oda part e do mundo v ier am par a ho nr á-lo so bre a
e st e ir a tal co mo pr e dit o .
De sde aque le dia, o s Babala wo s t e m se se nt ado so br e a e st e ir a par a
r e alizar div inação de I fá .
41
42. Or ác ulo 14
Iretemeji
Est e Odù diz que pag a par a se inclinar par a co nquist ar . Hu mildade é uma
v ir t ude muit o impo rt ant e . Est e O dù av isa co ntr a int r ig as e inimig o s que e st ão
t e nt ando de spa char pro nt ame nt e no s sas chance s de su ce s so na vida.
O bse r v ação o cide nt al: Est a pe sso a mar cha pe lo se u pró pr io t ambor e t e m
pro ble ma e m su bme t er - se .
Na o r de m fix a de Òr únmì là, O dù I re t e me ji o cupa a dé cima -quar t a po si ção . Est e O dù
pe de por t ot al de dica ção a I fá. To do s o s filho s de Ir et e me j i de v e m se r dev ot o s de
Ò r únmì là. A s cr iança s do se xo masc ulino dev e m se r inicia das par a se to r nar e m
Babala wo s. Se as cr iança s cr er e m e m I fá , Òr únmì là co nce de r á a e las bo a sor t e par a
dinhe ir o , e spo sas, filho s, v ida lo ng a, e fe li cidade .
De t e mpo s e m t e mpo s e le s de v er ão pro pi ciar sua s cabe ça s (or i) de mo do a e v it ar
e st r e sse e mo cio nal o u humilha ção po r fo r ças malé fica s. Se Ir et e me j i for lançado par a
um clie nt e que e st iv e r do e nte , I fá diz que par a uma r ápida r e cupe r ação o clie nt e
de v er á r e alizar o s sa cr ifí cio s co rr e to s a O baluwaiy e (Sa npo nna) e ao s fe it ice ir o s (a je ).
O s filho s de I re t e me ji de v er iam apr e nder a r e lax ar , por que é fácil par a e le s ficar am
fat ig ado s, abor r e cido s, e impa cie nt e s quando e st ão so b pr e ssão .
14 – 1 (t r adução do ve r so )
O kan awo Oluig bo co ns ulto u I fá par a Ò r únmì là
quando e le e st av a indo par a I fe .
F o i dit o a e le que qualque r pe s so a que e le inicia sse não mor r er ia jo v e m.
F o lhas de t et e e duas po mbas dev e m se r sacr ifi cadas.
Ele o uv iu e r e alizo u o sa cr ifí cio .
O te t e fo i amassa do na ág ua par a se r usado par a lav ar sua
42
43. ca be ça.
14 – 2 (t r adução do ve r so )
A da-ile - o -muk ank an co nsult o u I fá par a Ir e n
quando e le ia ini ciar do is filho s de Olo fin.
F o i dit o a e le par a faze r sacr ifí cio .
Ele se g ui u o co nse lho e fe z sacr ifí cio .
F o i asse g ur ado a e le que qualque r pe sso a que e le ini ciasse não mo rr e r ia
jo v e m.
O dia que I re n inicio u dua s pe sso as que não mor r er am de v e se r
cha mado Ir e -t e -me ji.
14 – 3 (t r adução do ve r so )
O dan-ab’ o r ipeg unpe g un co nsult o u I fá par a Ak o n (o car ang ue jo ).
F o i dit o a e le que e le nun ca ir ia se aco st umar co m as pe sso as
no me r cado mas se e le quise s se co rr ig ir e st a falha e m si me smo , e le
de v er ia sa cr ificar um po t e de aze it e (at a- e po ) e um x ale .
A ko n se re cu so u a faze r o sacr ifí cio num dia de me r cado .
A ko n e quili bro u se u po te de aze it e -de - de ndê na sua cabe ça.
Q uando e le te nt o u se e mbr ul har co m se u x ale ,
o pot e caiu de sua cabe ça e
o aze it e man cho u s uas r o upas.
O aze it e - de -de ndê que man cho u o cor po
de A ko n naque le dia per mane ce u na s sua s co st as at é ho je .
Se qualque r um na sce r por e st e I fá,
e st e de v er ia se r adve r t ido a nun ca u sar um x ale
par a co br ir se u cor po .
43
44. 14 – 4 (t r adução do ve r so )
A dilu- abidis umu sum u co ns ulto u I fá par a O luwe r i,
que e st av a indo co mpr ar A ko n (o car ang ue jo ) co mo um e scr avo .
F o i dit o a e le que se e le co mpr asse o e s cr av o e le jamais
pr e cisar ia das pe sso as.
U ma ba cia nov a, uma cabr a, e e fun dev e r iam se r usado s
co mo sacr ifí cio .
O luwe r i o be de ce u e re alizo u o sacr ifí cio .
A ko n t ev e muit o s filho s.
O luwe r i co mpr o u inicial me nt e e scr av o s hu mano s.
Ele s o de st r at ar am e o abando nar am.
A pe nas o car ang ue jo (A ko n) per mane ce u co m e le .
C o lo que o e fu n na bac ia nov a e o fe re ça a cabr a à e la.
44
46. Or ác ulo 15
Osemeji
Est e O dù impli ca e m v itó r ia so br e inimigo s e co nt r o le so br e difi culdade s.
O bse r v ação o cide nt al: Est e é o mo me nto de ince r t e za o u de mudan ça de
co ndi çõ e s e m ne gó cio s e re lacio name nt o s. É um bo m mo me nt o par a amo r e
dinhe ir o .
O se me ji é o dé ci mo -quint o Odù na or de m inalt e r áv e l de Ò rúnmì là. Se o s sacr ifí cio s
co rr e to s fo r e m e x e cut ado s, o s filho s de O se me ji viv er ão at é uma idade lo ng a, de sde
que e le s cuide m de sua saúde . Ele s t ambé m de v e m for t ale ce r sua cr e nça e m I fá e sua s
pró pr ias capacidade s de mo do a pr o spe r ar na v ida. Par a amor , um casame nt o fe liz, e
pro spe r idade finance ir a, sa cr ifí cio s ade quado s dev e m se r r e alizado s à O sun.
Se O se me ji é lançado par a um clie nt e , I fá diz que o clie nt e te m muit o s inimigo s e ,
par a v e nce r o s inimig o s, dev e o fe r e ce r sacr ifí c io s a Sàng ó e Ò r únmì là. A cr e dit a-se que
Ò r únmì là te m e no r me s po de r e s par a ve nce r to do s o s inimig o s t anto na te rr a co mo no
cé u.
Em O se me ji , I fá no s e nsina que ape nas sacr ifí c io s po de m salv ar o s se r e s huma no s. A
v ida é de sagr adáv e l se m sacr ifí cio . F alt a de fé o u aut o -co nfia nça é se mpr e uma
t rag é dia.
15 – 1 (t r adução do ve r so )
Tit o ni-nk un’ le t i-nm uk’ awo t o co nsult o u I fá par a Ar ug bo (o s ido so s).
F o i pe dido a e le s par a sa cr ificar e m
uma galinha, uma gaio la che ia de alg o dão , e de ze s se is pe daço s de g iz (e fun )
de mo do que e le s pude sse m alcançar uma idade av ançada e ntr e o s o dùs.
Ele s se g uir am o co n se lho e sacr ificar am.
Ele s viv er am at é e nv e lhe ce re m co m cabe lo s gr isalho s.
Q ualque r um que e nv e lhe ça co m cabe lo s gr isalho s
e ntr e o s o dùs dev e se r chamado Ag bame ji (o s do is anc iõ e s).
46
47. 15 – 2 (t r adução do ve r so )
O se k e se k e (aleg r ia) co ns ult o u I fá par a A je (r ique za ).
F o i dit o a e la que o mundo int e ir o e st ar ia se mpr e e m sua bus ca.
Ela pe r g unto u, “Q ual é o sacr ifí c io ?”
F o i dit o a e la par a sa cr ificar t oda co isa co me st ív e l.
A je se g ui u o co nse lho e sacr ifi co u.
O mundo int e iro e st á fe liz po r e st ar e m bu sca de A je .
15 – 3 (t r adução do ve r so )
A k uko fi Og be o ri r e se ina co n sult o u I fá par a A je (r ique za ).
F o i dit o a e la par a sa cr ificar
qualq uer anima l mor t o se m [u so de ] uma faca (e k ir i apadafa)
de mo do a co nduzir uma vida t ranquila.
A je se re cu so u a sa cr ificar .
Po r causa de sua re cu sa, at é o dia de ho je
A je nu nca se fix a e m um lug ar .
15 – 4 (t r adução do ve r so )
O luwe we g be ’ nu-ig bo -t e fa co ns ulto u I fá par a Eji -o se quando
e le e st av a indo par a a t er r a de I fe .
F o i pe dido a e le que sacr ifica sse
160 r olo s de lã de alg o dão e de ze s se is be ng alas [de ca minhada].
Ele sa cr ifico u ape nas do is de cada it e m.
Enqua nto e le pro s se g uia, e m se u caminho , as duas be ng alas que e le sa cr ifico u
se que br ar am, ma s e le não mor r e u.
O Babalawo dis se : De to do s o s odù s, qualque r um que que br o u dua s
be ng alas e não mo rr e u dev er ia ser cha mado de O se me ji.
Po rt ant o , qualque r um na scido por e st e I fá car e ce de fé .
I sso é , e le v ai se mpr e que st io nar o s Babala wo s.
Est a pe s so a acha difí cil acr e dit ar na v er dade .
47
48. Or ác ulo 16
Ofunmeji (Orangunmeji)
Est e Odù sig nif ica bo a fo rt una. Ele pe de po r paciê n cia e t ransig ê n cia — uma
v ida de dar e r e ce be r . Co m ce rt o s sacr ifí cio s, su ce s so é gar ant ido .
O bse r v ação o cide nt al: A s co isas e st ão flui ndo .
O funme ji, també m co nhe cido po r O rang unme ji, é o dé cimo - se xt o O dù na or de m
r e co nhe cida de Òr únmì là. Par a mulhe r e s jov e ns, O funme ji impli ca na po ss ibilida de de
e ngr av idar e dar a luz.
O s filho s de O funme ji são g e ner o so s. Ele s po de m não ser r ico s [de dinhe iro ] mas e le s
são se mpr e r ico s e m sabe dor ia. Ele s não po de m viv er o nde o ar é abafado por que e le s
po de m su fo car facilme nt e . A maio r ia de le s t e m dific uldade e m re spir ar .
Par a bo a pro spe r idade fina nce ir a, o s filho s de O funme ji te r ão que re alizar sacr ifí cio s
par a a A je o u par a O lok un.
É impo rt ant e par a e le s de mo nst r ar g e nt ile za t anto par a e str anho s quanto par a
me m bro s de sua famí lia, e e spe cialme nt e par a o s ne ce s sit ado s e o s po br e s. Se O funme ji
fo r lançado par a um clie nt e , o clie nt e po de e st ar as se g ur ado de que t udo dar á ce r to na
v iag e m se e le o u e la re alizar o s sacr ifí cio s pr e s cr it o s po r I fá .
16 – 1 (t r adução do ve r so )
O g bar ag ada co nsult o u I fá par a O dù
quando e le ia cr iar to do s o s dife r e nt e s t ipo s no mundo .
F o i or ie nt ado a e le sacr ifi car
quat ro pilar e s e uma gr ande caba ça co nt e ndo uma t ampa e uma cor r e nt e .
Ele se g ui u o co nse lho e sacr ifi co u.
F o i gar ant ido a e le que ning ué m que st io nar ia s ua aut or idade .
A ssi m e le de v er ia ar mar o s quat ro pilar e s no so lo
unido s, co lo car a cabaça so bre e le s, e usar a cor r e nt e par a
48
49. at ar o s pilar e s às sua s mão s.
Ele o be de ce u e re alizo u o sacr ifí cio t al co mo inst r uí do .
O dia e m que O dù cr io u t o do s o s tipo s no mundo
t e m sido cha mado de sde e nt ão O dudua
(O dù cr io u tudo o que ex ist e , O o dua, O lo dumar e ).
Ele cr io u t udo o que ex ist ia na cabaça.
Nó s ( se re s humano s ) e st amo s t o do s viv e ndo de nt ro da ca baça.
16 – 2 (t r adução do ve r so )
A r ug bo - ile -fi- ir e - sa-k e je k e je co ns ulto u I fá par a O lo fi n
quando e le ia faze r nas ce r o s de ze sse is Ir únmale
(o dù s pr incipais ).
F o i pr e dito que o s filho s se r iam po br e s.
Se e le quise s se que e le s co nse g uis se m dinhe ir o , e le te r ia que
sa cr ificar de ze sse i s caba ças de far inha de milho , de ze sse i s ca baças
de e k ur u, de ze sse i s o le le (fe it o de fe ijõ e s v er me lho s), e de ze sse is ov e lhas.
O lo fin se r e cu so u à re alizar o sacr ifí cio .
Ele dis se que e st av a sat isfe it o ape nas po r fazer na sce r as cr iança s.
Ele sa cr ifico u ape nas par a si me s mo e ig nor o u as cr ianças.
Po rt ant o , o s Babalawo nun ca de v e m ficar ans io so s por
j unt ar dinhe ir o ao inv é s de adquir ir sabe do r ia e po der ao lo ng o de
s uas v idas.
16 – 3 (...)
co ns ulto u I fá par a Ejio g be e o s r e st ant e s de ze sse is o dùs
pr incipai s.
F o i pe dido a e le s par a pag ar e m o dé bit o de sacr ifí cio de v ido po r sua
mãe .
Ele s se r e cusar am a r e alizar o sacr ifí cio .
Eis o po r que o s Babalawo nun ca fo r am r ico s,
e mbo r a e le s se ja m r ico s e m sa be dor ia.
16 - 4
49
50. A g bag ba-ilu f’ idiko di co nsult o u par a Or ang unme ji, à que m fo i pe dido sacr ifi car uma
o ve lha, de ze s se is po mba s, e t rê s mil duze nt o s búzio s. Ele se g uiu o co nse l ho e
sa cr ifico u. O Babala wo div idiu o s mat e r iais de sa cr ifí cio e m duas par t e s, r e se rv ando
me t ade par a si pró pr io e dando a o utr a me t ade par a Or ang unme ji par a u sar par a
pro pi ciar sua ca be ça (o r i) quando e le r et or na sse par a casa.
A o che g ar e m ca sa, fo i dit o a Or ang un me ji que sua mãe go st ar ia de v ê -lo e a se us
ir mão s mais ve lho s na faze nda. A ssi m, e le e st av a in capacit ado de re alizar o sacr ifí cio
de pr o piciar se u or i e m casa. C arr e g ando o s mate r iais co m e le , e le se j unt o u à se us
ir mão s mais ve lho s de fo r ma que t o do s pude sse m v isit ar sua mãe co mo dito . Q uando
e le s che g ar am na fr o nt e ir a, o f uncio nár io da alfânde g a pe diu a e le s par a pag ar e m uma
t ax a de alfâ nde g a. Ejiog be , o lí de r do s odù s, não tinha o s duze nto s búzio s ex ig ido s, e
ne nh um o utr o do s quato r ze o dùs t inha dinhe ir o par a pag ar . Ape nas Or ang unme ji, o
dé ci mo -se xt o Odù, t inha o dinhe iro , que e le pago u por to do s e le s ant e s que e le s
pude sse m atr av e ssar [a fr o nte ir a] par a ir à faze nda. A ssim, quando e le s c he g ar am à
faze nda, o s quato r ze odù s r e st ant e s de cidir am t or nar a ambo s Ejio g be e Or ang unme ji
o s che fe s da famí lia. De sde aque le dia, nó s se m pre chama mo s Or ang un me ji de
“O funme ji”. De sde aque le dia, fala mo s, “Ne nhum I fá é maio r do que Ejio g be , e
ne nh um I fá é maio r do que O funme ji .”
Po r e st a razão , ao lan çar a sor t e (ibo ) na div inação de I fá , se Ejiog be o u O funme ji
fo r e m lançado s, nó s se mpr e de cidimo s a sor t e e m favo r de le s.
50
51. Or ác ulo 17
Ogbe‘Yeku
Ne s se Odù so mo s aco nse lhado s a usar a int e lig ê ncia ao co nt r ár io da for ça o u
co nfr o nt ação par a su per ar o bst ác ulo s ou inimig o s. Não impo rt a quanto
impo rt ant e alg ué m se ja, e st a pe sso a ne ce s sit a o bt er e se g uir o co n se lho s de um
Babala wo . Cr e nça inabaláv e l e m I fá ir á se mpr e re co mpe nsar o "clie nt e ".
O bse r v ação o cide nt al: O clie nt e e st á g er alme nt e de dicando m uit a e ner g ia a
que st õ e s t e mpor ais e pr e ci sa se "abr ir " e spir it ualme nt e e e mo cio nalme nt e .
No O dù O g be’ Y ek u, O g be e st á na dir e it a, r e pr e se nt ando o pr incí pio masc ulino , e
O ye k u e st á na e sque r da, re pre se nt ando o pr incí pio fe min ino . Q uando Og be vai visit ar
co m O ye k u, as t r ansfo r maçõ e s re sult ant e s de st e mo v ime nto são si mbo lizadas por O dù
O g be’ Y ek u. (C o mo ant e r io r me nt e discut ido , e x ist e m 256 o dùs no si st e ma I fá de
div inação : de ze sse is o dùs pr incipai s e 240 ramifi caçõ e s o u co mbinaçõ e s de Odù. O dù
O g be’ Y ek u é o pr ime iro das co mbina çõ e s de o dùs e e le o cupa o dé cimo - sé t imo lug ar na
o rde m fix a de Òr únmì là.)
17 – 1 (t r adução do ve r so )
Ek umini, Ek umini co n sult o u I fá par a Oluk ot un A jamlo lo ,
o pai de O it o lu. F o i pr e v isto que e le
se r ia g rande me nt e fav or e cido por I fá e st e ano .
Po u co de po is, Olo fin pr o cur o u por O luko t un
par a que v ie sse e co ns ult asse I fá par a e le . O luko t un pe diu
que disse s se m a O lo fin que e le e st av a incapa cit ado de v ir
ime diat ame nt e por que e le e st av a cult uando se u I fá naque le
mo me nt o . Olo fin c hamo u por O luk ot un pe la
se g unda ve z.
O luko t un re spo nde u re pe t indo o que e le hav ia dito
51
52. ant e s. Ele ainda e st av a cu lt uando se u I fá .
O lo fin r e spo nde u e dis se , “Q ual I fá O luko t un
A jamlo lo e st á cult uando ? O I fá fav or e ce u a e le ?”
M ais t ar de , O luk ot un A jamlo lo c he go u par a r ealizar
div inação de I fá par a Olo fin. I fá disse que não hav ia nada de
e rr ado co m O lo fin; e le ape nas e st av a se nt indo dific uldade par a dor mir à no it e .
Po rt ant o , co mo par t e do sa cr ifí cio , e le dev e r ia
co nce de r à O luko t un: sua filha mais ve lha ado r nada co m
co nt as e m se us pulso s e to rno ze lo s, uma cabr a gr ande ,
e quat ro mil e quat r o ce nto s búzio s.
O lo fin r e alizo u o sa cr ifí cio .
A ssi m que O luk ot un e st av a indo par a casa co m o s mate r iais do sa cr ifí cio ,
as pe sso as co me çar am a ridi cular izá-lo e a O lo fin, per g unt ando ,
“C o mo po de O lo fin co nce de r sua filha à e st e
po br e Oluk ot un ?”. Ele s ar r ancar am a be la garo t a de
O luko t un e a de r am par a um o ba (r e i).
Ela se to r no u a e spo sa do re i.
O o ba també m não po dia do r mir be m e fo i fo r çado
a pro c ur ar por O luk ot un A jamlo lo par a v ir e co nsult ar
I fá par a e le . Oluk o t un v e io e dis se ao oba que
e le e st av a incapacit ado de dor mir pro fu ndame nt e à no it e . Po rt ant o ,
se e le quise s se afast ar a mor t e súbit a, e le t er ia que co nce de r
ao Babalawo que co nsult o u I fá par a e le : sua
jo v e m rainha, duas cabr as g rande s, e quatr o mil e quat ro ce nt o s b úzio s.
O o ba re alizo u o sacr ifí cio . O luk ot un A jamlo lo
car r eg o u o s mat er iais do sacr ifí cio par a casa e canto u a
se g uint e can ção : Ek umini, Ek umin i, e is co mo I fá
po de se r favo r áv e l, e ass im por diant e .
C o m e st e O dù nó s apr e nde mo s co mo Oluk o t un A jamlo lo fo i be lame nt e re co mpe n sado e
fav or e cido de v ido à sua inabaláv e l cr e nça e m I fá .
17 – 2 (t r adução do ve r so )
(...)
52
53. (...) co nsult o u I fá par a A lag e mo (ca male ão ) quando e le ia ce le br ar as fe st iv idade s
anuai s co m Olok un.
F o i pe dido a e le par a sacr ifi car vint e mil búz io s,
duze nt o s po mbo s, e uma v ar ie dade de t e cido s. Ele se g ui u o
co nse l ho . O s div inado r e s pr e par ar am re mé dio de I fá par a e le .
A lag e mo e nt ão e nv io u uma me nsag e m par a O lo k un dize ndo que
e le ia part ic ipar das fe st iv idade s.
Ele g o st ar ia de co mpe t ir co m Olo k un ao usar
r o upas idê nt icas. O lo k un r e spo nde u, “Tudo be m! Co mo v o cê
se at r ev e , A lag e mo ?” Ele disse que ag uar dar ia a che g ada
de A lag e mo . A lag e mo che go u no dia pr o po st o . O lo k un
ini cio u a co mpe t ição . Q ualque r ro upa que O lok un
u sasse , A lag e mo usar ia a me s ma e as ig ualar ia.
A pó s um cur to t e mpo , Olok un fico u zang ado e de cidiu
que e le t e nt ar ia blo que ar o caminho de fo r ma que A lag e mo
achar ia impo s sí ve l re to r nar par a casa. Ele fo i
bu scar o aux í lio do s fe it ice ir o s e br ux as par a co lo car
o bst ácu lo s no caminho de A lag e mo . Alag e mo po r sua ve z fo i
co ns ult ar o s Babala wo s so br e o que e le dev e r ia fazer par a e v it ar
qualq uer impe di me nto e m se u cam inho par a casa. Ele fo i o r ie nt ado a
sa cr ificar e ni- ag bafi (uma e st e ir a de r áfia), ig ba- e wo (uma cabaça [co m]
inhame s as sado s amas sado s), e alg uma s o utr as co isas.
Ele se g ui u o co nse lho . O re mé dio de I fá fo i pr e par ado par a
e le . F oi e ns inado a e le a se g uint e canção :
O so ibe e jo wo mi. A je ibe e jo wo mi. Bi I g un ba j’ e bo
a jo o eg ba. (Po ssa m as fe it ice ir as aqui me de ix ar e m paz
Po s sam as br ux as aqui me de ix ar e m e m paz
Se um abut r e co me o sacr ifí cio , e le de ix a a caba ça aqui).
F o i ainda pe dido a e le que e st icas se a e st e ir a
no r io e se se nt as se so br e e la. A lag e mo fe z co mo fo i dit o
por se us Babalawo e e le fo i capaz de vo lt ar par a ca sa.
A lag e mo re alizo u o s sa cr ifí cio s pre s cr it o s por se us Babala wo e fo i por t anto capaz de
s upe r ar o s o bst áculo s que O lo k un ame aço u co lo car e m se u cam inho .
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54. O rác ulo 18
Oyekulogbe
Est e Odù s ug er e que o clie nt e ir á e nco ntr ar um co nf lito . Ao inv é s de e nv o lv e r -
se , o clie nt e de v e se r um me diado r . E assim faze ndo , e le o u e la ir á t er v ant ag e m.
Est e O dù t ambé m no s pr e v ine par a ser mo s cuidado so s co m amigo s que po ssam
ca usar de st r uição da ca sa/ famí lia. Um ca minho de t rabalho ou car r e ir a
apar e ce m blo que ado s o u dificu lto so s.
Na filo so fia Yo r ùbá , não há ida se m vo lt a. Odù O ye k ulo g be , o dé ci mo -o it avo O dù na
o rde m fix a de Òr únmì là, r e pr e se nt a a v isit a de re t or no de Oy ek u, no lado dir e ito do
O dù, à Og be , ago r a na e sque r da. Po rt ant o e st e Odù co mplet a o cic lo de mo v ime nt o s de
O g be a Oy ek u e de Oy ek u de vo lt a a O g be .
18 – 1 (t r adução do ve r so )
A g ila A wo , Ag ila A wo , Opa g ilag ila A wo co nsult o u I fá par a alade
me r indilo g un (de ze s se is re is) e Òr únmì là.
I fá pr ev iu a che g ada de alg uns e st r anho s que ir iam
lut ar um co nt r a o o utr o . Fo i por t anto o rie nt ado a e le s par a ofe r e ce r sacr ifí cio s
de fo r ma a te r paz apó s a part ida do s e st r anho s.
O sacr ifí cio : de ze s se is car acó is, duas cabr as, e t r int a e do is
mil búzio s.
Ò r únmì là fo i o único que r e alizo u o sa cr ifí cio .
Q uando o s e str anho s che g ar am, e le s e ntr ar am na casa de A lar a
e co me çar am a bat e r um no o utr o . A lar a o s co lo co u par a for a. O s
e st r anho s t ambé m v ier am par a a ca sa de A je ro e par a as [ca sas ] do s quat or ze
r e is r e st ant e s. To do s e le s puse r am o s e st r anho s par a for a. M as quando o s
e st r anho s che g ar am à casa de Òr únmì là e co me çar am a bate r um
no o utr o , Òr únmì là t e nto u pac ificá -lo s. Din he iro e co nt as
e st av am caindo de st e s e str anho s e m lut a. Òr únmì là e st av a
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55. o cupado r e co lhe ndo to do o dinhe ir o e co nt as e jó ias pr e cio sas.
A lut a e ntr e o s e st r anho s co nt inuo u por dias, at é que
a ca sa de Ò r únmì là e st av a r e plet a de dinhe ir o e to das as co isas bo as.
O ye k ulo g be ! Edu se t ranqu ilizo u. O s no me s do s de ze s se is
r e is pr incipai s são : O lo w u, O libini, Alar a, A jer o , O rang un,
Ewi, A laafin- Oy o, O wor e , Ele pe , O ba- A dada, Alaajo g un, Olu-
O y inbo , Olu- Sabe , Olo wo , O lu-Tapa, e Olok o o u O sinle .
O s r e is po ss ue m r ique zas e t o das as bo as co isas, mas não t e m paz.
Ò r únmì là, o único a r e alizar o sacr ifí cio , t ev e paz
co mple t a.
Est a é a r azão po r que to do s o s r e is dev e m mant er Babala wo co mo
co nse l he iro s, e spe cialme nt e quando e le s se co nfr o nt am co m pro ble ma s o u
pr eo c upaçõ e s.
18 – 2 (t r adução do ve r so )
A r un-po se - ir e k e co nsult o u I fá par a O mo - nle (lag ar t ix a)
quando e le ia mo r ar co m Or o (par e de de barr o ).
O mo -nle fo i o rie nt ado a sacr ificar
quat ro po mbas de mo do a as se g ur ar um lug ar co nfo rt áv e l par a mo r ar .
Ele fe z o sa cr ifí cio .
O ro fo i aco nse lhada a sacr ifi car
de mo do a não ace it ar amizade co m qualque r um
que a e scav asse .
U m g alo fo i pe dido par a e st e sacr ifí cio .
O ro se r e cuso u a sacr ifi car .
Po r que Or o se re cu so u a r ealizar o sacr ifí cio pr e s cr it o po r I fá, e la t ev e que fo r ne ce r
alo jame nt o par a O mo -nle . Em o ut r as palavr as, as lag ar t ix as ago r a viv e m e m par e de s
de bar ro .
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56. O rác ulo 19
Ogbewehin
Est e O dù fala de co nfusão e mo cio nal. També m asse g ur a co nclu sõ e s be m
s uce dida s. Ele no s fala par a co nfiar e m ex pe r iê ncias ant e r io r e s.
O bse r v ação o cide nt al: O clie nt e e st á fr e qüe nt e me nt e co me çando o u te r minando
um re lacio name nt o .
19 – 1 (t r adução do ve r so )
(...)
r e alizo u div ina ção de I fá par a O g be
quando e le ia v isit ar co m I wor i.
F o i pe dido a e le par a sacr ifi car
t rê s bo de s, t rê s g alo s, a r o upa que e le e st av a v e st indo ,
e um rato do mat o (o r ato de v e ser mant ido e m pé atr ás de Èsù ).
Po r que e le re t or nar ia co m r ique zas, e le de v er ia se asse g ur ar que
a r ique za não e scapar ia de le .
Ele fe z o sa cr ifí cio .
Q ualque r pe sso a par a que m e st e O dù é lançado dev e se mpr e o fer e ce r sacr ifí cio par a
g ar ant ir um final fe liz o u be m suce d ido .
19 – 2 (t r adução do ve r so )
O g be ho faa faa co ns ulto u I fá par a A luk unr in (o co rv o ).
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57. F o i dito a e le par a sacr ifi car as duas única s ro upas que e le po ss uí a ( uma pr e t a, u ma
br anca ), um bo de , e u m car ne ir o de mo do à não e nlo uque ce r , e se e le de se jas se se r
t rat ado pe lo s Babalawo .
O re mé dio de I fá (se e le fize sse o sa cr ifí cio ) :
De r r amar o sang ue do bo de de nt ro de um po t e g rande ante s de co lo car masin win
(o g bo e fo lhas de e su su) de ntr o do po t e . Adic io ne ág ua par a e le se lav ar .
A luk unr in se re cu so u a faze r o sa cr ifí cio .
A que le s nascido s por e st e O dù ge r alme nt e e nlo uque ce m.
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58. Or ác ulo 20
Iworibogbe
Est e Odù fala pr ime ir ame nte de fil ho s e e nco r aja uma at mo sfe r a so cial po sit iv a
par a mant er o be m e st ar da famí lia.
O bse r v ação o cide nt al: O clie nt e é muit o sé r io e pr e cisa de "r e cr e io " — Te r
alg uma div e r são simple s e pue r il par a r e st aur ar o e quilí br io .
20 – 1 (t r adução do ve r so )
(...)
Ele dis se que alg o dev e r ia se r o fe r e cido à
cr iança de for ma que a cr iança não v ie sse a mo rr e r :
inhame amassa do , uma g alinha, e t rê s mil e duze nt o s búzio s.
I fá dis se que e le s dev e r iam co zinhar a co mida e a g alinha
pr e scr ito s, re unir t o das as cr iança s,
e pe r mit ir que o s co mpan he iro s de re cr e ação da cr iança do e nt e co mam
da co mida o fer e cida. I fá disse que a cr iança do e nt e ir ia
fi car be m se u ma fe st a fo s se fe it a par a se us co mpanhe iro de r e cr e ação .
20 – 2 (t r adução do ve r so )
(...)
co ns ulto u I fá par a Er uk uk u-ile (po mbo ) e Er uk uk u -o ko
(po mba ).
A mbo s e st av am so fr e ndo por falt a de filho t e s.
F o i pe dido a e le s par a sacr ifi car quiabo , bast ant e inha me , u m fe ix e de v ar e t as, um pot e
g rande , e t rê s mil e duze nt o s búz io s.
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59. O po mbo re alizo u o sacr ifí cio
mas a po mba se re cu so u.
A po mba t ev e do is fil hot e s e o po mbo te v e do is filho t e s.
A po mba dis se que e la não sa cr ifico u e ainda assim te v e do is filho t e s.
Ela fo i co n str uir se u ninho na árv or e e g ung un.
Ve io uma te mpe st ade , a árv o re e g ung un fo i ar r ancada co m r aí ze s, e o s filho t e s da
po mba mo rr e r am.
Ela g r it o u, “O pr ime ir o e o se g undo e u não v i.”
O po mbo gr it o u, “Eu fique i de co st as par a o pot e e não
mo rr i.”
O pot e e ra u m do s mat er iais que o po m bo tinha sacr ificado . Ele fo i capaz de pro t eg e r
se u s fil hot e s co m o po t e . Ele s so br ev iv er am.
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60. Or ác ulo 21
Ogbedi
Est e O dù fala da ne ce ssidade de ex e cut ar o sacr ifí cio cor r et o par a que se ev it e
co nfu sõ e s o u zo m bar ia.
O bse rv ação o cide nt al: O clie nt e e st á se nt indo o u e st á co m me do de pr e ssõ e s
e mo cio nais. Po ssi bilidade s pr at ica s não po de m ser re alizadas at é que e st a
pr e s são se ja aliv iada. A pr e ssão ve m muit as v e ze s de que st õ e s de
re lacio name nt o s.
21 – 1 (t r adução do ve r so )
K uk ut e -ag bo n Ko ro jiji co nsult o u I fá par a Og be
Q uando O g be fo i ca çar e m uma ex pe dição .
F o i pe dido a e le que sacr ifica sse
De mane ir a que e le não e nco nt r asse obst ác ulo s ali;
Tr ê s ca br it o s, t rê s fr ang o s e 6 000 búzio s.
Ele se re cu so u a sa cr ificar .
Q uando e le che g o u à flor e st a, a ch uv a caiu
Enqua nto e le co rr ia, v iu um bur aco lar g o
que pe nso u e le e st ar e m uma árv or e o u e m um for mig ue ir o
Ele e nt ro u no bur aco e não so ube que er a
um e le fant e que t inha abe rt o se u â nus.
O e le fant e fe cho u se u ânu s co m e le de nt ro .
Ele não pô de de sco br ir uma saí da.
Se us co mpan he iro s co me çar am a pro cur a- lo .
De po is de um t e mpo , quando e le s não o pude r am achar , e le s de cidir am
e x e cut ar o sacr ifí cio que e le t inha ne g lig e nciado .
Ele fo i e x cr et ado e nt ão pe lo e le fant e .
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