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                                                              Paris, 11 de Julho de 1879

Meu amor, desde que aqui estou, não escrevo sem chorar a minha partida repentina e
apressada para este lugar, onde sem ti, esta cidade a que chamam “cité de l’amour”, não
passa de um terrível pesadelo, horror e desespero!
 Trago com esta carta a notícia que receava escrever um dia, mas eu sabia que ela viria e
que eu teria de te escrever, com o coração partido de tanto desgosto, do amor que vai
acabar juntamente comigo, porque hoje mesmo eu morri. Vou ter de me exilar, pelos
motivos que conheces, para um lugar mais longe e escondido de todos, onde não te
poderei escrever mais, nunca mais, amor!
Terei de te esquecer, esquecer para sempre… Fizeram de mim um mártir no mesmo dia
que me tiraram de ao pé de ti, do teu cheiro, da tua pele, desse teu cabelo ruivo que te
batia nas costas quando andavas a cavalo pelos campos de teu pai… Sempre tão
elegante, tão formosa, tão perfeita!
Tenho saudades de ti, de mim, de nós… Tenho saudades de todos os momentos que
passámos juntos, dos bons e dos maus, do teu sorriso maravilhoso e da tua cara
chateada, quando sem querer eu te irritava. Tenho saudades dos teus lábios, dos teus
braços nos meus, e dos meus procurando os teus, dos nossos beijos, do primeiro até ao
último… E das nossas conversas... Ah, essas que eram… Purificavam-me da alma ao
coração. Tenho saudades de me fazeres chorar e eu fazendo-te sofrer, da nossa vida,
vida que não foi nada simples. Tenho saudades do que foi dito e do que ficou por dizer,
dos filhos que não tivemos, da cama que nunca mais partilhámos e do casamento que
nunca aconteceu. Tenho saudades das tuas visitas quando ficava a trabalhar até tarde a
trabalhar nos meus livros, das cartas infinitas que trocámos…Oh como as leio todos os
dias, com este aperto que não me larga. Tenho saudades de nós, meu amor! É difícil
estar longe de quem amamos, mas mais difícil é esquecer que não queremos esquecer.
Esquece-me! Esquece-me a mim e tudo que nos pertence! Acabou para mim, para ti,
para nós…Não sei como vou suportar, és a minha vida, és tudo para mim. Vi a vida tão
bela, tinha tudo, era feliz… E agora? Sou ninguém! Adeus, meu amor, não sou teu, não
serei de mais ninguém. PROMETO! Mas também te prometo abandonar todas as
memórias e afogar todos os nossos momentos no mesmo rio onde te beijei a primeira
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  • 1. Carta de amor Débora Pequito -11º I Paris, 11 de Julho de 1879 Meu amor, desde que aqui estou, não escrevo sem chorar a minha partida repentina e apressada para este lugar, onde sem ti, esta cidade a que chamam “cité de l’amour”, não passa de um terrível pesadelo, horror e desespero! Trago com esta carta a notícia que receava escrever um dia, mas eu sabia que ela viria e que eu teria de te escrever, com o coração partido de tanto desgosto, do amor que vai acabar juntamente comigo, porque hoje mesmo eu morri. Vou ter de me exilar, pelos motivos que conheces, para um lugar mais longe e escondido de todos, onde não te poderei escrever mais, nunca mais, amor! Terei de te esquecer, esquecer para sempre… Fizeram de mim um mártir no mesmo dia que me tiraram de ao pé de ti, do teu cheiro, da tua pele, desse teu cabelo ruivo que te batia nas costas quando andavas a cavalo pelos campos de teu pai… Sempre tão elegante, tão formosa, tão perfeita! Tenho saudades de ti, de mim, de nós… Tenho saudades de todos os momentos que passámos juntos, dos bons e dos maus, do teu sorriso maravilhoso e da tua cara chateada, quando sem querer eu te irritava. Tenho saudades dos teus lábios, dos teus braços nos meus, e dos meus procurando os teus, dos nossos beijos, do primeiro até ao último… E das nossas conversas... Ah, essas que eram… Purificavam-me da alma ao coração. Tenho saudades de me fazeres chorar e eu fazendo-te sofrer, da nossa vida, vida que não foi nada simples. Tenho saudades do que foi dito e do que ficou por dizer, dos filhos que não tivemos, da cama que nunca mais partilhámos e do casamento que nunca aconteceu. Tenho saudades das tuas visitas quando ficava a trabalhar até tarde a trabalhar nos meus livros, das cartas infinitas que trocámos…Oh como as leio todos os dias, com este aperto que não me larga. Tenho saudades de nós, meu amor! É difícil estar longe de quem amamos, mas mais difícil é esquecer que não queremos esquecer. Esquece-me! Esquece-me a mim e tudo que nos pertence! Acabou para mim, para ti, para nós…Não sei como vou suportar, és a minha vida, és tudo para mim. Vi a vida tão bela, tinha tudo, era feliz… E agora? Sou ninguém! Adeus, meu amor, não sou teu, não serei de mais ninguém. PROMETO! Mas também te prometo abandonar todas as memórias e afogar todos os nossos momentos no mesmo rio onde te beijei a primeira vez e me entreguei a ti, como só se faz uma vez na vida. Amo-te eternamente Jack Rosvelt.