O documento discute o papel fundamental da biomassa, especialmente da cana-de-açúcar, na produção de energia no Brasil. O Instituto Agronômico de Campinas lançou novas variedades de cana resistentes à seca que podem aumentar a produtividade e compensar a dificuldade de expansão de áreas de plantio. Essas novas variedades, junto com melhorias genéticas, podem elevar a produção de etanol por hectare e reverter índices instáveis de colheita causados por eventos climáticos.
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Canaprodutividade e pesquisas do IAC visam ampliar oferta de etanol
1. A biomassa ocupa papel
fundamental no projeto
paulista que visa reforçar o
volume de gás natural
disponibilizado na rede.
Quanto maior o rendimento
nas lavouras de
cana-de-açúcar, melhores os
resultados na exploração do
insumo. O biometano é obtido
a partir dos resíduos deixados
pela produção de derivados
como o açúcar e o etanol,
biocombustível considerado
estratégico na composição da
matriz energética brasileira
para os transportes.
Em relação à capacidade de
geração de energia, a cana é
matéria-prima fundamental
no cenário nacional. O bagaço
responde por 11,7% do
consumo final de energia no
País e somente o uso da
biomassa representou 31%
dos insumos usados nas
usinas termelétricas brasileiras
no ano passado. Além da
bioeletricidade, a cana origina
o etanol, que alcançou uma
fatia de 16,8% no mercado de
combustível para os
transportes em 2016.
Os dados do Ministério de
Minas e Energia evidenciam a
importância econômica da
cana-de-açúcar e endossam a
necessidade de pesquisas
voltadas para o setor
sucroenergético, rumo
seguido pelo Instituto
Agronômico de Campinas
(IAC). A instituição tem
estudado o melhoramento das
espécies cultivadas no País.
“Vou mostrar o potencial que
o novo tipo de cana tem para
atender demandas bem
maiores, principalmente em
relação ao etanol”, adiantou o
pesquisador do IAC Marcos
Landell, antes da palestra para
o público presente no segundo
capítulo do Fórum RAC.
No mês passado, o IAC
lançou duas novas variedades
de cana. Uma das espécies foi
criada para cultivo em solos de
pequena capacidade de
armazenamento de água e
com baixa fertilidade natural,
condições encontradas em
áreas de São Paulo, Goiás,
Minas Gerais, Tocantins, Mato
Grosso do Sul, Paraná e Mato
Grosso. O outro tipo de
cana-de-açúcar produzido em
laboratório vai atender regiões
com melhor distribuição de
chuvas.
O anúncio das novas
espécies coincide com a
divulgação da previsão de
queda para a safra 2017/2018.
De acordo com a Companhia
Nacional de Abastecimento
(Conab), as estimativas
apontam para a colheita de
647 milhões de toneladas, o
pior resultado entre as últimas
três safras.
As novas espécies
começaram a ser pesquisadas
em 2001 e têm a missão de
reverter os índices instáveis na
lavoura, principalmente
causados por eventos
climáticos, como a falta de
chuvas. Ambas as variedades
produzidas pelo IAC podem
ser exploradas por um período
mais prolongado e a previsão
é que os ganhos
agroindustriais girem em
torno de 15%. Os técnicos
também avaliam que o
rendimento em açúcar pode
variar entre 1% e 1,5%
anualmente. Metade do
resultado é atribuído ainda ao
melhoramento genético.
A melhor produtividade nos
campos é fundamental para
compensar a dificuldade de
expansão da área plantada no
estado paulista em função do
alto custo da terra. Esse é o
diagnóstico de Landell. "Não é
essa a percepção, mas o Brasil
possui uma área pequena para
o cultivo da cana-de-açúcar.
Hoje, são 10 milhões de
hectares em um total de 200
milhões. A grande maioria é
para pastagem" , atesta o
diretor do Centro de
Cana-de-Açúcar do IAC.
Independente do espaço
geográfico ocupado pelas
lavouras, os parâmetros dos
pesquisadores estão focados
no rendimento por área
plantada, principalmente em
relação à obtenção do etanol a
partir da cana. Atualmente, o
Brasil produz 6.700 litros do
biocombustível por hectare,
mas os técnicos trabalham
com o objetivo de alcançar de
oito a 15 mil litros por hectare
em 2027. Para Marcos Landell,
o financiamento das pesquisas
é imprescindível. "Nós
devemos dar saltos
produtivos, o que nos dará
ainda mais vantagem sobre os
outros países que utilizam a
cana-de-açúcar com a
finalidade de produção de
alimento ou energia.
Avançamos muito e
precisamos avançar mais
ainda" , conclui o
representante do IAC, órgão
atrelado ao governo estadual e
que completou 130 anos de
atividades no mês passado.
A biomassa é fundamental no projeto paulista que visa reforçar o volume de gás natural disponibilizado
SAIBA MAIS Sustentabilidade
Editoria de Arte/AAN
Óleo diesel 18,1% ¹Óleo diesel 18,1% ¹
Eletricidade 17,5%
Gasolina 9,5% ²Gasolina 9,5% ² Gás Natural 7,4%
Lenha 6,3%
Etanol 5,6%
GLP 3,2%
Lixívia 2,4%
Querosene 1,3%
Óleo Combustível 1,2%
Outras fontes 15,8% ³Outras fontes 15,8% ³
Bagaço de cana 11,7%
fonte: Empresa de Pesquisa Energética – Ministério das Minas e Energia
1 inclui biodiesel
2 apenas gasolina A (automotiva)
3 inclui gás de refinaria, coque de carvão mineral e carvão vegetal,
dentre outros
1
2
3
Consumo Final de Energia Por Fonte
DominiqueTorquato/AAN
DominiqueTorquato/AAN
Cana tem papel estratégico no setor
SAIBA MAIS
combustível conteúdo energético (kWh)
1 Nm³ de biometano 9,97
1 Nm³ de gás natural 11,00
1 litro de petróleo 9,06
1 litro de diesel 9,80
fonte: Associação Brasileira de Biogás e Biometano
1 Nm³ de biometano 9,97
1 Nm³ de gás natural 11,00
1 litro de petróleo 9,06
1 litro de diesel 9,80
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