O documento discute três tópicos principais: 1) Um estudo da Petrobras concluiu que aumentar a mistura de etanol na gasolina para 27,5% não prejudicaria os motores. 2) Pesquisadores do IAC encontraram variedades de café com sabores exóticos como alecrim através de cruzamentos. 3) A estatal chinesa Cofco completou a aquisição de 51% da trading holandesa Nidera e da Noble Agri para expandir sua atuação global.
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
IAC revela novas variedades de café com sabores exóticos
1. Enxerto
B12 | Quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Agronegócios
Combustíveis Trabalho da Petrobras
corrobora o aumento da mistura
Gasolinacom
27,5%deetanol
éaprovadaem
estudotécnico
Cristiano Zaia
De Brasília
O governo se prepara para dar
uma boa notícia ao segmento su-croalcooleiro,
de quem enfrentou
forte oposição nas eleições. Em mea-dos
de novembro, o Palácio do Pla-nalto
deverá divulgar que um estu-do
técnico conduzido pela Petro-bras
comprovou ser possível elevar a
proporçãodeetanolanidronagaso-lina
vendida para 27,5%, medida
considerada fundamental para
amenizar a crise que afeta as usinas.
O Valor apurou que o estudo,
realizado pelo Centro de Pesquisas
e Desenvolvimento da Petrobras
(Cenpes), já foi concluído e que os
testes realizados mostraram que os
motores dos automóveis e motoci-cletas
movidos exclusivamente a
gasolina suportariam perfeitamen-te
a nova composição sem perda de
eficiência. Atualmente, o percen-tual
de mistura está fixado em 25%.
“Já sabemos que o aumento da
mistura não é maléfico aos motores
do ponto de vista de carburação e
não aumenta a emissão de gases po-luentes”,
afirma uma fonte que par-ticipa
há três meses do grupo de tra-balho
criado pelo governo para tra-tar
do tema. “Os resultados do estu-do
foram positivos”, garante.
O aumento da mistura para
27,5% do teto do percentual já é
permitido por lei sancionada pela
presidente Dilma Rousseff no fim
de setembro. Mas, como diz a lei,
para que seja adotado de fato de-pende
do resultado de testes como
os que foram feitos pelo Cenpes.
Apesar de agradar aos usineiros, a
medida enfrenta resistência da in-dústria
automobilística. As monta-dorasalegamque,
com27,5%deeta-nolanidro,
agasolinapodecompro-meter
o desempenho dos automó-veis
movidos apenas com o combus-tível
fóssil, afetando a combustão e
gerando maior emissão de gases po-luentes
como monóxido de enxofre.
Procurada, a Anfavea, entidade
que representa fabricantes de veícu-los,
preferiu não se posicionar até
queoestudosejaoficialmentedivul-gado.
A associação chegou a anun-ciar
um estudo próprio, em junho
deste ano, que reprovou um acrésci-mo
maior de anidro na gasolina.
“O estudo do Cenpes incorpora
critérios como resistência e durabili-dade
dos motores à adaptação”, afir-ma
Roberto Rodrigues, presidente
do conselho da União da Indústria
de Cana de Açúcar (Unica). Ele não
conhece os resultados finais do tra-balho,
mas diz que as informações
que tem até agora são “positivas”.
Para que o aumento da mistura
de etanol na gasolina comece a valer
de fato também é necessária a apro-vação
do Conselho Nacional de Polí-tica
Energética (CNPE), que assesso-ra
a Presidência da República. Have-rá
reunião do órgão em dezembro, a
segunda do ano, quando o baixo ní-vel
dos reservatórios das hidrelétri-cas
também será discutido.
“Esse percentual maior de etanol
na gasolina deverá entrar em vigor
apenas em meados do primeiro se-mestre
de 2015”, diz o deputado fe-deral
reeleito Arnado Jardim (PPS-SP),
presidente da Frente Parlamen-tar
do Setor Sucroenergético. “Mas,
de qualquer forma, o aumento já
significaria um cenário melhor para
osetorepoderiacomeçaraserpreci-ficado,
uma vez que as distribuido-ras
já estão fechando contratos de
compra de combustível para 2015”.
O relatório técnico da Petrobras é
guardado “a sete chaves” pela Casa
Civil, que vem sendo responsável,
nos últimos meses, por coordenar as
conversas sobre o tema entre os mi-nistérios
da Agricultura e de Minas e
Energia, o Fórum Nacional Sucroe-nergético,
o Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(Inmetro) e entidades empresariais.
Paralelamente, o governo avalia
outras medidas reivindicadas pelo
segmento sucroalcooleiro. No mês
passado, foi aprovada a inclusão do
açúcar entre os itens financiáveis
pelo programa de crédito para ar-mazenagem,
e o ministro da Fazen-da,
Guido Mantega, tem sinalizado
que haverá reajuste nos preços do-mésticos
da gasolina. Estima-se que
o aumento da mistura de anidro na
gasolina de 25% para 27,5% será ca-paz
de ampliar em 10% o consumo
anual do biocombustível, que hoje
é de cerca de 13 bilhões de litros.
RUY BARON/VALOR
Arnaldo Jardim: aumento da mistura, mesmo só em 2015, melhoraria o cenário
LUIS USHIROBIRA/VALOR
O pesquisador Gerson Giomo, do IAC: cruzamentos levaram a grãos com sabores como alecrim, menta e hortelã
IACrevelanovasvariedades
decafécomsaboresexóticos
Pesquisas
Carine Ferreira
De São Paulo
Você já pensou em beber um café
com sabores raros como os de euca-lipto
ou alecrim, mas sem a adição
dessas substâncias? Pois grãos com
essas características naturais foram
encontradas por pesquisadores do
Instituto Agronômico de Campinas
(IAC), órgão ligado à Secretaria de
Agricultura de São Paulo responsá-vel
pelo desenvolvimento da maior
parte das cultivares de café disponí-veis
no mercado brasileiro.
Até pouco tempo atrás, quando
se falava em café exótico a associa-ção
imediata era com algum animal.
Afinal, alguns dos grãos mais valori-zados
do mundo são o que são de-poisdeingeridoseexpelidosporum
mamífero, a civeta — base para a
produção do conhecido Kopi Luwak
—, ou por uma ave popularmente
conhecida no Brasil como jacu.
Para surpresa dos pesquisado-res,
nos trabalhos do IAC voltados
à caracterização do perfil sensorial
da bebida foram encontrados ca-fés
naturalmente exóticos. Além
dos sabores de alecrim e eucalipto,
menta e hortelã também foram
identificados, como explica Ger-son
Giomo, pesquisador do IAC.
Os grãos com esses sabores úni-cos
foram obtidos a partir de cru-zamento
de variedades comerciais
com outras selvagens que fazem
parte banco de germoplasma
mantido pelo IAC, que conta com
materiais de vários países. Foram
encontrados cinco ou seis sabores
diferentes desde o ano passado.
Segundo Giomo, a propagação
do material dependerá do interes-se
do mercado e de empresas que
queiram patrocinar o andamento
da pesquisa para que as plantas se
tornem variedades comerciais.
Até agora, apenas uma ínfima
parte desses “indivíduos” está sen-do
multiplicada, etapa necessária
para se verificar se os “filhos” des-ses
materiais identificados man-têm
as mesmas características. Es-se
processo, que ainda não tem
fins comerciais, consiste em testes
complementares para que seja ve-rificada
a qualidade do material.
A torrefação desses grãos já foi
apresentada algumas vezes a degus-tadores
e baristas — que, segundo
Giomo, gostaram do resultado.
Além da variedade, o processamen-to
adequado do café permitirá a
aplicação desses grãos nos “blends”
de cafés exóticos em edições limita-das,
acredita o pesquisador do IAC.
José Renato Figueiredo, barista e
empresário da área de café, já expe-rimentou
alguns desses cafés com
sabores raros em duas edições da Se-mana
Internacional do Café. Para
ele, os produtos são muito “exóti-cos”
para o mercado brasileiro, mas
que, “temperados a alguns blends”,
poderão ter boa aceitação nas lojas
de cafés especiais em outros países.
“Seria um toque diferente”.
commaiorprodutividadeeresistên-ciaapragasedoenças,
atéentãoofo-co
do melhoramento genético.
Agora, entretanto, a demanda
internacional por cafés especiais já
valoriza bastante grãos que conte-nham
diferenciais de aroma e sa-bor.
E, em um futuro não muito
distante, o IAC poderá também re-comendar
qual a melhor combi-nação
de cultivares para cada am-biente
— o que é “difícil e caro de se
fazer”, de acordo com Giomo.
Para facilitar o longo processo de
pesquisa, uma das linhas do progra-ma
de cafés especiais do IAC utiliza
híbridos já existentes resultantes do
cruzamento de variedades usadas
no país com outras importadas. O
amplo banco de germoplasma do
órgão,consideradoomaiscompleto
do país, foi formado por meio da
aquisição de sementes de cafeeiros
originais de várias partes do mundo.
Outra linha da pesquisa, mais de-morada,
passa pela identificação de
variedades candidatas a uma nova
hibridização (cruzamento de varie-dades).
Giomo diz que, usando hí-bridos
já conhecidos, é possível en-curtar
os trabalhos em sete anos. “É
um rearranjo, um redirecionamen-to
da linha de pesquisa”, afirma.
Depois da multiplicação das cul-tivares,
é preciso testá-las em campo
para depois propagá-las para o uso
comercial. Tudo isso demanda tem-po.
Ascultivaresdapesquisadecafés
especiais começaram a ser multipli-cadas
entre o fim de 2013 e o início
deste ano para verificar quais pode-rão
apresentar características dife-renciadas
de sabor e aroma.
São necessários cerca de dois
anos para se fazer a muda da varie-dade.
Depois disso, mais dois a três
anos para que a muda cultivada
comece a produzir. Então, é preci-so
ter mais de uma colheita para
verificar se a variedade apresenta-rá
as mesmas características.
Sem parcerias, o processo de-mora
mais até que seja obtido fi-nanciamento
de governo ou de
uma agência de fomento. Giomo
observa que é difícil mensurar os
recursos necessários para toda a
pesquisa — mas são, seguramente,
mais de R$ 1 milhão por ano.
Cofco passa
a controlar
Nidera e
Noble Agri
Tradings
Fabiana Batista
De São Paulo
Em mais um caso de consolida-ção
entre as tradings globais de
agronegócio, a estatal chinesa Cof-co
anunciou ontem que concluiu
as duas negociações que já havia
anunciado neste ano: a aquisição
de 51% Nidera, a maior trading de
agronegócio da Holanda com vo-lume
de operações de US$ 17 bi-lhões,
e de 51% do braço de agrone-gócio
da asiática Noble Group, a
Noble Agri, que no Brasil tem tam-bém
usinas de cana-de-açúcar.
Com isso, a estatal estabelece ca-nais
de originação de commodi-ties
agrícolas na América do Sul e
em outros importantes mercados
produtores de grãos e fibras. Con-forme
comunicado da Cofco, as
duas transações são as maiores
aquisições internacionais da histó-ria
da estatal e do mercado chinês
de grãos e óleos vegetais. O investi-mento
foi feito pela estatal chinesa
e por um consórcio de investidores
formado por Hopu Investment, Te-masek,
Standard Chartered Private
Equity e IFC, braço de desenvolvi-mento
do Banco Mundial. A chine-sa
contribuiu com 60% do investi-mento
e o consórcio, com 40%.
A Nidera tem como carro-chefe a
originação, processamento, comér-cio,
estocagem e embarque de com-modities
agrícolas e produtos de
bioenergia. Também distribui se-mentes,
fertilizantes e defensivos.
Já a Noble Agri opera principal-mente
como trading agrícola com
originação na América do Sul, Aus-trália,
Índia, Leste Europeu e África
do Sul. Em 2013, a Noble Agri mo-vimentou
quase 45 milhões de to-neladas
de produtos e gerou ven-das
superiores a US$ 15 bilhões. No
Brasil, tem quatro usinas de cana-de-
açúcar no Estado de São Paulo,
que somam capacidade para pro-cessar
17 milhões de toneladas.
Com as transações, os ativos da
Cofco vão superar US$ 57 bilhões.
A capacidade de armazenagem
será de 15 milhões de toneladas, a
de processamento, de 84 milhões,
e a de embarque em portos, de 44
milhões de toneladas. A receita
agregada da nova Cofco vai alcan-çar
US$ 63,3 bilhões, conforme
comunicado da estatal.
Ao todo, a chinesa terá condi-ções
de movimentar 150 milhões
de toneladas de produtos agrícolas
por ano. A nova Cofco vai também
deter sua própria plataforma de
originação e rede de comercializa-ção,
envolvendo cultivo, compra,
estocagem, logística e terminais
portuários ao redor do mundo.
Com a operação, a Cofco espera
estabelecerumcanaldeconexãoen-tre
grandes áreas de produção de
grãos, incluindo a América do Sul e
as regiões do mar Negro, e grandes
áreas de consumo na Ásia, onde está
o maior mercado e onde a demanda
por alimentos tende a continuar
crescendo, afirma a empresa. “Essas
aquisições vão permitir à Cofco pe-netrar
em plataformas de origina-ção
em áreas-chave do planeta e de-finirasbasesparatornaraempresaa
maior líder global no setor”, disse o
executivo da estatal, Frank Ning.
Busca por diferenciais
costuma levar muito
tempo e demanda
financiamento do
governo ou parcerias
Como parte de seu programa de
cafés especiais, o IAC está multipli-cando
dez variedades de café que
podem apresentar características
sensoriais distintas, com ênfase
em aroma e sabor, incomuns nos
cafés tradicionais brasileiros. Pelo
menos três dessas variedades pro-duzem
cafés raros, afirma Giomo.
O pesquisador do IAC explica que
a espécie arábica tem algumas ca-racterísticas
inerentes. Se o grão for
bem produzido e processado, emer-gem
os sabores básicos frutado,
achocolatado e caramelo. Com o in-cremento
do processamento e o uso
de determinadas cultivares, é possí-vel
obter nuances de sabores, como
floral, cítrico, especiarias, frutas se-cas,
nozes e castanhas. Mas o princi-pal
elemento para que essa diferen-ciação
seja obtida é a variedade.
Desde a década de 1930 — quan-do
começou o pioneiro programa
de melhoramento genético de café
do IAC —, foram registradas no Mi-nistério
da Agricultura 65 cultivares
do grão desenvolvidas pelo instituto
valor.com.br
Agroenergia
Receita da Albioma no Brasil vai a € 6,9 milhões
A francesa Albioma, que no Brasil
obtido no mesmo trimestre de
controla uma unidade de cogeração
2013. O recuo se deve, em grande
de energia a partir do bagaço de
parte, ao negócio de biomassa na
cana em São Paulo, informou
França. Do total faturado no
ontem que teve no trimestre
trimestre, o negócio brasileiro
encerrado em 30 de setembro uma
contribuiu com 6,9 milhões.
receita de 90,2 milhões. O
montante é 6% menor do que o
valor.com.br/u/3754020
Trabalho
MPT-PR pede interdição de planta da JBS
O Ministério Público do Trabalho do
danos morais e coletivos. A JBS
Paraná (MPT-PR) informou que
esclareceu que a Justiça
ingressou com uma ação civil
paranaense concedeu prazo de
pública contra a JBS por
cinco dias para adequações na sua
vazamento de amônia na unidade
unidade, que “seguirá
do grupo em Santo Inácio (PR). O
normalmente suas atividades”.
MPT pede interdição da planta e
indenização de R$ 16,8 milhões por
valor.com.br/u/3754326