Vitória e Sofia são duas amigas. Têm uma situação ligeiramente diferente aos outros meninas e meninos...A Vitória só tem a mãe. Sofia tem dois pais, mas não tem mãe.
Que diferença tem as suas aventuras? Espreita e vê!
Um baloiço especial - As Aventuras da Sofia e Vitória
Aventuras de Sofia e Vitoria - Em busca da cabeça!
1.
2. Eram quatro da tarde e desde o
almoço Sofia ensaiava, no seu
quarto, a peça que ia apresentar nas
festas da cidade, no dia do Santo
António.
O sol, lá fora, resplandecia de calor
atravessando a janela e aumentando
o tom amarelo no quarto. Sobre a
cama branca descansavam alguns
papéis escritos, outros amachucados. O fato cor-de-
rosa do bruncotárcio estava pendurado nos pés da
cama.
3. A tarde soalheira e quente não alterava o furor de
Sofia.
De cabeça erguida, com a máscara da cabeça do brun-
cotárcio enfiada, Sofia citava as ultimas linhas do
texto da peça.
- Quem vem lá? És tu?
O silêncio da resposta foi interrompido pelo soar dos
sinos da bicicleta dos gelados do senhor Anacleto.
4. Se o tilintar dos sinos do carrinho de gelados tinham inter-
rompido a sua representação. A voz da Vitória que acabava
de entrar no seu quarto a despertou-a para o momento.
Desenfiou a mascara e abrindo o mealheiro afirmou à
amiga:
- Vamos aos gelados!
5. A rapidez das palavras foi tão rápida como a acção
de Sofia. Vitória atordoada, viu-se a correr pelas
escadas seguindo Sofia e saíram as duas de casa
em direcção à bicicleta dos gelados do senhor
Anacleto.
6. - Olá Sofia! Boa tarde Vitória! Cumprimentou o
senhor Anacleto sorridente.
A rua estava quase vazia, afastavam-se da bici-
cleta algumas pessoas, grandes e pequenas, já com o
seu gelado na mão.
- Então que sabor vão querer hoje? Perguntou o
senhor Anacleto procurando fechar a caixa onde
estavam os gelados guardados.
-Eu quero aquele que cheira a arroz doce! -
respondeu avidamente Sofia.
-E tu Vitória? - perguntou o senhor Anacleto
enquanto entregava o gelado de limão com canela a
Sofia.
-Eu? – questionou Vitória ainda indecisa,
resolvendo-se numa pergunta – O de morango
com pedacinhos de chocolate ainda há?
O senhor Anacleto acenou afirmativamente e
entregou o pedido a Vitória. As meninas
regressaram a casa deleitando-se
com os respectivos gelados
.
7. A conversa estava animada e o calor
parecia que tinha aumentado.
Sofia respondia a Vitória com um ar de
entendida sobre o mundo que elas tinham
inventado para a peça. – Sabes Vitória o
bruncotárcio tem que falar com a mãe
terra. Vitória parecia discordar de tal
opinião. Sentadas sob a guarida do
grande carvalho do jardim procuravam
assim a brisa fresca que fresca que
mansamente suspirava naquele dia
quente.
De voz resolvida Vitória decide encerrar
a discussão lembrando. – Ok está bem!
Mas temos que ensaiar!
Sofia cala-se e fica lívida com a afirmação
da amiga. Procura na memória onde tinha
deixado a cabeça do bruncotárcio.
Não foram necessárias palavras da
Sofia para a Vitória entender. – Foi
quando compramos os gelados – afir-
maram as duas alarmadas, rompendo numa
corrida que terminou no espaço onde
haviam comprado os gelados.
8. - Foi aqui! – queixava-se Sofia, olhando para todos os lados na expectativa de ver um
rasto, um sinal da cabeça do seu bruncotárcio.
- E agora?! Como vamos fazer a peça? – Exclamou Vitória ainda aturdida com a recente
noticia. Sofia olhou para a amiga com ar preocupado, recriminando-se do seu esquecimento.
– Que tola que eu sou?! Porque trouxe para a rua a cabeça do bruncotárcio?
Vitória agarrou na mão da amiga e confrontou-a. - Calma Sofia! Estávamos entusiasmadas
com o gelado, acontece! – e continuou -hoje o dia tem sido quente e não passaram muitas
pessoas. Não deve ter ido longe.
-Achas? - perguntou Sofia timidamente.
Cheia de confiança Vitória disse -começamos pela direita, batemos à porta de todos os
vizinhos, se necessário - e continuou com firmeza na voz – só temos que
acreditar que a vamos encontrar! – afirmou Vitória olhando nos
olhos de Sofia. Sofia sentiu a convicção da
amiga e acenou confirmando a
confiança.•
9. E partiram, na sua demanda, acreditando com esperança, de achar a cabeça
perdida.
Procuram a cabeça junto aos arbustos dos arredores, entre os carros, junto
ao lixo, nada!
Bateram na porta do vizinho da frente, do lado, e novamente nada. Ninguém
sequer sabia como era uma cabeça de um bruncotárcio.
O dia já estava a ficar com as cores do inicio da noite. As sombras que o
início da noite produz, despertavam medos nas duas meninas.
Mas mesmo assim, elas não se podiam deixar intimidar, ou não haveria peça
de teatro, e continuaram a sua busca.
A rua da casa de Sofia, terminava naquela casa, não podiam ir mais longe
.Os pais de Sofia e a mãe de Vitória, deviam de estar a dar pela ausência
delas. Mas tinham que tentar mais esta casa. Quando à porta tocaram, só o
barulho da campainha soara.
10. O olhar de esperança nas suas caras, esmorecia à medida que os minu-
tos passavam e nenhuma resposta tinham. Era uma casa de dois andares
com a porta de entrada centrada entre as janelas fechadas. No lado
direito do fim da rua da casa de Sofia, abria-se um arco que desaguava
num pátio de chão branco e uma casa, com portas e gelosias de madeira,
ladeadas por janelas emolduradas com flores. Ao centro um pequeno
jardim refrescava o espaço, coroado com uma árvore de ar imponente.
Rente ao chão diversos arbustos formavam um ramalhete, que encer-
rava o jardim, no pátio. Sofia e Vitória entraram a medo no espaço, as
sombras da noite aumentava num brusco corte de claridade emanado
pelos candeeiros de rua
11. Um arbusto no fundo do jardim estremecia, envolvido em sons estranhos. E qual
não foi o espanto quando um olho do broncutárcio, por entre as folhagem emergiu.
Os olhos das duas meninas arregalavam-se procurando a claridade, em busca de
uma explicação. Acoitadas no lado oposto do jardim, Vitória segredou a Sofia –
Ganhou vida!
- Estás doida! - Retorquiu Sofia – foi o pai João que o fez e ele não é o Gepeto!
Mas Vitória continuava a sua argumentação – Mas mexe…
Sofia explica - Se tivesse o corpo, concordava contigo, mas é só a cabeça – con-
cluiu elaborando um plano – vamos por trás e apanhamos o ladrão!
Vitória concordou com o plano de acção.
12. Executaram-no com cuidado para não serem vistas e a explicação para a aparente vida era um cão!
Furiosa, Vitória saltou do seu esconderijo em direcção ao bicho, afastando do focinho a cabeça do bruncotárcio e ralhando
com o cão, por ter feito tal acção.
O barulho da dissertação chamou a atenção de alguém. Uma das portas da casa do pátio abriu-se. Era a dona do cão.
-Box O que fizeste?
Box olhou para a dona, percebendo que tinha mexido onde não era chamado ,procurou desculpar-se encostando o seu dorso à
perna da dona.
A Dona percebeu a atitude do Box e pediu-lhe: - Vá, vai pedir desculpa às meninas.
Box calmamente aproximou-se de Sofia e Vitória e pedindo-lhes desculpas caninas, pregando uma lambidela na face de cada
um e termina tão caloroso arrependimento deitando-se em cima do pé de Vitória.
A dona do cão riu, e informou – Olha acho que ele gostou de ti.
Sofia olhou para a cabeça, rasgada do bruncotárcio preocupada - e agora?
13. Querido Diário:
Foi ontem o dia que fizemos o teatro. Pai Nuno e João estiveram lá desde o inicio até ao
fim. A vitória fez de mãe natureza e eu de Bruncotárcio. A mãe da Vitória também apareceu,
massó na parte da tarde. De manhã foi trabalhar.
Devido a eu ter perdido a cabeça do bruncotárcio, toda a vizinhança, quis saber o resultado
das nossas investigações daquele dia. Em resumo todos vieram ver a nossa peça de teatro.
Muitos perguntaram Um broncutárcio, o que é? Eu e a Vitória, passamos o dia a explicar
– é um animal que inventamos que destrói tudo que a natureza tem.
O box, o cão que encontrou a cabeça do bruncotárcio quando me esqueci dela, na rua, acabou
por participar na peça: foi o polícia. É que depois daquele dia ficamos amigos e como ele pas-
sava as tardes a ensaiar connosco, aqui em casa, a Vitória e eu achamos que ele devia par-
ticipar. E participou. Foi também por causa do Box que o broncutárcio passou a ter cabelo.
O pai João arranjou os estragos que o Box fez e colocou cabelo no boneco. Ficou bem , não
achas?